Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 3 – Ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa no Brasil. O CURRÍCULO DA DISCIPLINA DE LÍNGUA PORTUGUESA NA ESCOLA: A QUESTÃO DA GRAMÁTICA Márcia DRESCH1 RESUMO A organização curricular da disciplina de Língua Portuguesa na escola tem-se desenhado em grande parte pautada no modelo que predomina nos livros didáticos destinados à área, que, por sua vez, tomam a distribuição das categorias propostas pelas obras de gramática de língua portuguesa. Tal disposição é coerente com uma concepção de ensino de língua portuguesa identificada como tradicional, centrada na conceituação e na classificação de categorias lingüísticas, em detrimento do trabalho com a língua. A gramática tradicional, cujos propósitos são a descrição e a determinação de um padrão de correção da linguagem, não tem compromisso direto com o ensino; disso decorre um formato que dá tratamento isolado às áreas de fonética/fonologia, morfologia e sintaxe. Essa divisão, reproduzida no livro didático e, por conseguinte, nos programas de ensino das escolas, tem por efeito o ensino fragmentado da língua e desvinculado do trabalho com o texto e com o discurso. Tal concepção vem sendo alvo de crítica já há algumas décadas, todavia pouco se tem avançado no que se refere a mudanças efetivas nas práticas pedagógicas. Os planos de curso da disciplina evidenciam problemas já mencionados por lingüistas: a inadequação, a fragmentação, a repetição e, o mais grave, a inocuidade de grande parte do que é abordado na aula de Português. Na perspectiva de quebrar o ciclo gramáticalivro didáticoplano e tomar o texto como objeto de estudo, este trabalho parte da análise de algumas práticas de estudo gramatical encontradas em obras didáticas destinadas ao ensino de língua portuguesa e propõe, tomando como aporte teórico a Análise do Discurso e utilizando como o exemplo a categoria do adjetivo, outras possibilidades de formatação do currículo da disciplina de língua portuguesa na escola. PALAVRAS-CHAVE Gramática; ensino. Introdução – nota sobre o currículo escolar A organização curricular da disciplina de língua portuguesa na escola tem se desenhado em grande parte pautada no modelo que predomina nos livros didáticos 1 Universidade Federal do Pampa, Curso de Letras. Endereço de correspondência: Av. Plínio Brasil Milano, nº 1310/804A – 90520-000 – Porto Alegre – RS – BRASIL, [email protected]. 111 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 3 – Ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa no Brasil. destinados à área, que, por sua vez, tomam a distribuição das categorias propostas pelas obras de gramática de língua portuguesa. Tal disposição é coerente com uma concepção de ensino de língua portuguesa identificada como tradicional, centrada na conceituação e na classificação de categorias linguísticas, em detrimento do trabalho com a língua. A gramática tradicional, cujo objetivo é a descrição e a determinação de um padrão de correção da linguagem, adota um formato que dá tratamento isolado às áreas de fonética/fonologia, morfologia e sintaxe2. Essa divisão, reproduzida no livro didático e, por conseguinte, nos programas de ensino das escolas, acaba por produzir um ensino de língua fragmentado e desvinculado do trabalho com o texto e com o discurso, o que vem sendo alvo de crítica já há algumas décadas. Todavia, pouco se tem avançado no que se refere a mudanças efetivas nas práticas pedagógicas. Trabalhar a gramática ligada ao texto, proposta que já virou lugar-comum, é o óbvio difícil de realizar3, dificuldade que resulta, em muito, da falta de conhecimento, de condições para estudo e discussão entre os professores que trabalham na área. É consenso entre linguistas, e mesmo entre professores, que a aproximação do objeto linguagem proposta pela escola é limitada e que, ao final do período de escolarização, pequena é a contribuição da disciplina na formação dos alunos. Os planos de curso evidenciam problemas como inadequação, fragmentação, repetição e, o mais 2 Algumas gramáticas, como Bechara (2002), incluem capítulos que abordam o aspecto semântico da língua; outras incluem aspectos estilísticos, muitas vezes como apêndice. Entretanto, o núcleo do conteúdo desenvolvido limita-se às três áreas citadas acima. 3 Em estudos sobre a compreensão de texto que trazem um levantamento acerca do tipo de questões formuladas em livros didáticos, Marcuschi (2002, p. 57) aponta o descolamento entre o estudo do texto e a gramática. 112 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 3 – Ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa no Brasil. grave, a inocuidade de grande parte do que é abordado na aula de português. Daí não podermos prescindir de buscar novos paradigmas, e uma forma bastante produtiva para repensar o ensino na área é rever essa lógica de composição curricular. Com efeito, essa reordenação na condução do processo de ensino implica uma nova escolha do que ensinar, baseada não mais no modelo gramatical com as suas categorias definidas, mas na produção discursiva que circula na sociedade. O modo como o texto diz o que diz passa a ser o ponto de partida para sua compreensão e para a reflexão sobre os sentidos ali expressos, o que torna o estudo da gramática, antes, uma questão de leitura. Na perspectiva de quebrar o ciclo gramáticalivro didáticoplano de ensino e tomar o texto como objeto de estudo, faz-se necessário passar pela compreensão de que os textos materializam os diferentes discursos, não se constituindo, portanto, em objetos autônomos que surgem espontaneamente ou, mesmo, que dependem exclusivamente da habilidade dos falantes nas diferentes situações comunicativas. O texto tem origem no discurso, que determina sua materialidade, ou seja, suas estruturas linguísticas, suas pausas, seus limites, seu início e seu término, etc. Isso está colocado para os sujeitos antes mesmo das situações em que se vêem expostos a usar a língua, seja ocupando o lugar de falante, seja o de ouvinte. Assim, contornar o texto, pensando também nos aspectos sociais que o compõem, é uma prática que tem de ser adotada na escola a fim de produzir um ensino de língua menos artificial e mais próximo da compreensão da linguagem. 113 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 3 – Ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa no Brasil. O estudo das questões ditas gramaticais, se vistas discursivamente no texto, perde o seu caráter formal estrutural e passa a responder como o linguístico constitui o discurso e é por ele constituído e que efeitos de sentido resultam desse funcionamento. Dessa forma, no trabalho em sala de aula, olhar para o texto aponta para a compreensão de funcionamentos que se propõem para além do componente linguístico e que passam despercebidos para a maioria dos alunos, como o funcionamento discursivo da repetição, da apassivação, da nominalização, da performatividade, da implicatura, da indeterminação, das formas de negação, da temporalidade, da adjetivação, entre outras tantas questões instigantes, que oferecem uma outra forma de compreensão do fenômeno linguístico e fornecem uma nova chave de leitura do texto e do mundo. Adjetivação, designação: da escola ao discurso Apresentamos a seguir um breve estudo sobre o adjetivo, categoria que faz parte dos programas escolares desde a quinta série, quando não a partir das séries iniciais, e, na sequência, sobre a designação, buscando com isso contribuir para repensar o trabalho escolar com a linguagem. A abordagem escolar do adjetivo Em levantamento feito em obras didáticas4 destinadas ao ensino fundamental e médio, apesar, muitas vezes, de um consistente trabalho de interpretação de texto, 4 Foram pesquisadas as obras Toda a linguagem, de Hermínio Sargentim e Maria Délia Fernandez Sargentim (2006); Novo diálogo, de Eliana Santos Beltrão (2004); Entre palavras, de Mauro Ferreira (2006); Novas palavras, de Emília Amaral e outros (2003); Dialogando com textos, de Beatriz Marcondes e outros (2007). 114 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 3 – Ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa no Brasil. verifica-se que poucos são os exercícios de leitura que consideram a relação entre a estrutura formal do texto e a produção de sentidos. As questões mais atiladas nessa direção estão circunscritas ao estudo do vocabulário do texto, com predomínio de perguntas sobre as possibilidades de sentido de determinada palavra e sobre o sentido que se faz presente no texto. Em outra sessão, destinada ao estudo gramatical, as obras costumam apresentar textos ou frases para introduzir uma categoria morfológica ou sintática, a partir do que formulam o conceito seguido das classificações, devidamente exemplificadas, e dos exercícios de identificação da categoria em estudo. Boa parte das obras consultadas utiliza-se de textos para ilustrar o conteúdo gramatical e, embora não se possa negar a função desses textos no conjunto de explicações que são apresentadas, pouco valor tem essa prática no estudo do texto propriamente, até porque o foco não é o texto, que, não raras vezes, pode mesmo ser substituído por frases, sem prejuízo algum à coerência da explicação gramatical. Nesse tipo de abordagem, a exposição inicia com a apresentação de um texto, no qual a classe de palavra ou a função sintática em estudo esteja presente repetidas vezes. Vejamos um exemplo bastante corrente, retirado de obra destinada à quinta série, de autoria de Ferreira (2006, p. 123, grifos nossos), cujo propósito é introduzir o conceito de adjetivo: Texto 1 Saci Pererê5 O Saci-Pererê tem uma perna só. Fuma cachimbo e usa uma carapuça. Perturba a vida doméstica, apagando o fogo, escondendo objetos, trançando o rabo e a crina dos cavalos. O Saci faz parte principalmente do folclore do Sul do Brasil. 5 Não se encontra na obra nenhuma referência sobre os textos 1 e 2, de modo que se supõe sejam de autoria do próprio autor do livro didático. 115 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 3 – Ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa no Brasil. Texto 2 Saci Pererê O Saci-Pererê é negrinho e tem uma perna só; é ágil, esperto e atrevido. Fuma um enorme cachimbo e usa uma carapuça vermelha. Perturba a vida doméstica, apagando o fogo, escondendo objetos, trançando o rabo e a crina dos cavalos. Como toda criança, ele é alegre, brincalhão e divertido. O Saci faz parte principalmente do folclore do Sul do Brasil. As questões que se seguem ao texto, conforme a transcrição abaixo, têm por objetivo construir o conceito de adjetivo, e a exposição é concluída com a proposta de que o aluno responda à questão sobre o que é adjetivo. 1. A palavra-título desses dois textos é um substantivo? Justifique. 2. Qual dos dois textos descreve melhor o Saci, isto é, permite que você crie uma “imagem” mais detalhada, mais completa de como ele é? 3. Reveja o texto que você indicou na questão anterior e copie dele: a) as palavras que indicam as características do Saci. b) a palavra que caracteriza o substantivo cachimbo. c) a palavra que caracteriza o substantivo carapuça. Todas as palavras que você identificou na questão 3 são adjetivos. Agora, responda em seu caderno: O que é adjetivo? (FERREIRA, 2006, p. 123) Em trabalho sobre o tratamento dado às classes de palavras nos livros didáticos, Dias (2002) chama a atenção para o reducionismo conceitual presente nas obras de caráter conservador6. Esse efeito pode ser observado na simplificação que ocorre na apresentação do conceito da classe gramatical, na medida em que a obra, no caso do 6 Nas obras por ele chamadas de “inovadoras” o problema é o efeito de apagamento do conceito. O autor adverte que essa classificação não envolve juízo de qualidade das obras. 116 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 3 – Ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa no Brasil. adjetivo, trabalha somente com ocorrências de adjetivos que caracterizam os seres. No exemplo acima, a obra não chega a formular o conceito7, mas, pelo tipo de exercício elaborado – indicam características, a palavra que caracteriza o substantivo –, deixa claro que trabalha com a ideia de adjetivo como expressão que caracteriza os seres8. Os exemplos explicativos, sejam na forma de textos, sejam de frases, ratificam esse efeito de que fala Dias, uma vez que são escolhidos de modo a se encaixar perfeitamente na definição. Na obra didática citada, os textos, que parecem ter sido formulados especificamente com o propósito de ilustrar o adjetivo, são apresentados para que, pelo processo de comparação, o leitor reconheça a função de caracterizar, facultada aos adjetivos. No entanto, a condução do raciocínio não evita que, por exemplo, um aluno de quinta série venha a identificar as expressões tem uma perna só, usa uma carapuça, perturba a vida doméstica e o verbo fuma como características do Saci e, portanto, adjetivos. Tais hipóteses revelariam um aluno que compreende a função semântica dessas expressões no texto, o que exigiria uma intervenção mais qualificada do professor. Em outra obra, destinada ao ensino médio, o capítulo adjetivo inicia com uma foto de um quadro de Monet e um texto sobre o pintor. A partir disso, conjuntos de 7 Na edição do professor, a obra traz o conceito de adjetivo, como resposta à questão formulada ao aluno, da seguinte forma: “Adjetivo é a palavra que serve para exprimir as características dos seres, isto é, para informar como eles são.” (FERREIRA, 2006, p. 123) 8 Dias (2002, p. 131) traz exemplos como um pênalti inexistente e o provável campeão para mostrar ocorrências em que a adjetivação não se opera sobre um ser passível de referenciação antes da ocorrência da expressão, como faz crer o conceito de adjetivo escolhido pela gramática, pelo livro didático e pela escola. 117 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 3 – Ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa no Brasil. expressões – substantivos e seus adjetivos – são destacadas e, num primeiro momento, apenas os substantivos são identificados nos exemplos: principal pintor substantivo impressionista (AMARAL, 2003, p. 376) O mesmo ocorre com os grupos obra importante, pequena dimensão, paisagem moderna, lição moral, estilo moderno e fiel representação. A obra traz ainda a seguinte síntese: Todas as palavras em destaque – principal, impressionista, importante, etc. – são adjetivos. ADJETIVO – palavra que se associa ao substantivo para exprimir características, qualidades (ou defeitos) ou estado dos seres. (AMARAL, 2003, p. 377) Como dissemos acima, esta obra é destinada ao ensino médio. Afora a utilização de um texto sobre Monet, de Robbert Cumming (Para entender a arte), a explicação e o nível de complexidade é o mesmo de obras destinadas à quinta série do ensino fundamental. O formato da explicação se distingue um pouco do anterior, mas o princípio é o mesmo, e, como no exemplo do texto O Saci, o critério morfossintático é suficiente à proposta de ensino9. 9 Na parte destinada aos exercícios encontra-se uma atividade que discute a ordem em que aparecem os adjetivos – antes ou depois do substantivo –, chamando a atenção do leitor para o efeito semântico instituído pela ordenação. 118 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 3 – Ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa no Brasil. Buscamos em Ferreira (2006) um capítulo no qual são trabalhadas as flexões do substantivo, em especial a flexão de grau, pelo caráter designativo que ali se identifica, o que aproxima esse tipo de flexão do adjetivo. Após mostrar que o substantivo pode adquirir outras formas, variando em gênero, número e grau, a obra apresenta três questões, dentre elas a seguinte: 3. castelo castelinho castelão Nesse caso, o substantivo flexionou-se em grau. Para que serve a flexão de grau do substantivo? (FERREIRA, 2006, p. 20-21) Ao que a edição do professor responde: O grau exprime variação de tamanho do ser, de sua forma normal para o diminutivo ou para o aumentativo. (FERREIRA, 2006, p. 21) Veja-se que não há nenhuma observação quanto ao uso da flexão de grau, tão importante para produzir efeitos de sentido que expressem carinho, zombaria, ironia, etc. A resposta da obra é da ordem do já-sabido pelos falantes da língua portuguesa e serve apenas a um projeto de sintetização das formas gramaticais. As obras didáticas, de modo geral, seja nos capítulos/itens destinados à gramática, seja naqueles destinados à interpretação do texto, muito pouco dizem sobre a relação entre os sentidos dos enunciados e a forma como os sujeitos se manifestam linguisticamente. No tratamento gramatical, o apego à forma, padrão do livro didático, 119 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 3 – Ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa no Brasil. resulta em explicações e exemplos voltados sobretudo às relações mórficas e sintáticas, não fornecendo elementos para o aluno nem para o professor refletirem sobre a língua. E, quanto à prática de utilização de textos na apresentação dos conteúdos gramaticais, observa-se a tentativa de aproximação dos fenômenos linguísticos, mas o trabalho está sempre aquém da integração efetiva entre texto e gramática. Uma outra abordagem teórica – a adjetivação e a designação Tradicionalmente, nos estudos gramaticais, o adjetivo tem sua existência vinculada ao substantivo. No capítulo II da Gramática de Port Royal (LANCELOT; ARNAUD, [1660], 2001), os autores procedem, primeiramente, à distinção entre substância (substantivo) e acidente (adjetivo). As substâncias, afirmam, existem por si mesmas, ao passo que os acidentes dependem das substâncias para existir. Ambos, nesta gramática, fazem parte da categoria dos nomes, separados em nomes substantivos e nomes adjetivos. O que rege essa divisão não é uma classificação a priori, mas a capacidade de subsistir ou não independentemente de outro termo. Mencionam também o fato de um adjetivo poder vir a designar, funcionando como substantivo. Conforme Lancelot e Arnaud (2001, p. 34), essa capacidade atributiva de alguns substantivos aparece em expressões como rei, filósofo, pintor, soldado, etc., que passam por substantivos porque respaldados na capacidade de subsistirem sozinhos, embora sejam de fato adjetivos. Semelhante divisão ocorre nas gramáticas tradicionais (nãofilosóficas) e, em especial, na forma como as gramáticas e os livros escolares tratam do adjetivo, sem, 120 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 3 – Ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa no Brasil. contudo, atenderem à capacidade atributiva do substantivo. Vejamos alguns conceitos de adjetivo: 1. Adjetivo é toda palavra que modifica a compreensão do substantivo (ALMEIDA, 1999, p. 137); 2. O adjetivo é essencialmente um modificador do substantivo (CUNHA e CYNTRA, 1985, p. 238); 3. Adjetivo é a palavra que modifica substantivos ou pronomes, expressando característica, qualidade, aparência, estado. (FARACO e MOURA, 2006, p. 112). Nas conceituações acima fica clara a separação entre as duas categorias. No entanto, no trabalho escolar, pela superficialidade como o assunto é tratado, instaura-se o pressuposto de haver uma classificação a priori. Veja-se que o processo de adjetivar é maior do que a gramática prevê para a categoria adjetivo – o emprego de uma palavra modificando o substantivo – e está além do limite morfossintático e mesmo semântico por ela abarcados, forçando-nos a buscar no discurso a compreensão de sua forma de funcionamento. Na linguística diz-se que as classes de palavras podem ser definidas por critérios sintáticos, morfológicos e semânticos (ver Macambira, 1999 e Perini, 1999). Perini (1999, 2001), por exemplo, aponta para o fato de a distinção entre adjetivo e substantivo ser pouco clara, deixando mesmo margem para dúvidas sobre a existência dessas duas classes. Contudo, não abandona a distinção, compreendendo que se trata de uma palavra cujo potencial funcional inclui tanto a possibilidade de ser núcleo de um sintagma nominal quanto a de ser modificador. Contudo, interessa aqui, mais do que a definição por critérios formais, o funcionamento do adjetivo, ou seja, vamos estender o 121 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 3 – Ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa no Brasil. conceito de adjetivo à compreensão de um processo que eleva o adjetivo ao status de categoria discursiva de determinação. O trabalho de adjetivar10 na linguagem pode ser exercido, na verdade, por diferentes formas linguísticas – advérbios, substantivos, verbos, estruturas comparativas, etc. – e depende, essencialmente, da organização disposta na língua por um sujeito que põe em movimento os sentidos do texto. Esse funcionamento não pode ser perdido na escola, ainda que o trabalho esteja centrado nos tradicionais conteúdos que vão da morfologia à sintaxe. Um exemplo que poderia ilustrar a problematização que propomos acima seria o conhecido bordão, vinculado ao meio político, “rouba, mas faz”. A expressão popular, conhecida no Brasil inteiro, tem origem na década de 1950 e foi cunhada na campanha eleitoral do político paulista Adhemar de Barros11. Posteriormente, foi atribuída ao estilo de governar de Paulo Maluf12. “Rouba, mas faz” difundiu-se e passou a ser repetida em diferentes ocasiões em que Paulo Maluf concorreu a cargos políticos, também passando a ser vinculada ao comportamento de outros políticos de igual perfil. O enunciado, composto de dois verbos orientados por uma conjunção adversativa13, adjetiva tanto ou mais do que se ali estivessem colocados adjetivos. Vejamos como se processa essa constituição de sentidos aparentemente antagônicos. 10 Vejo a adjetivação diferente da categoria gramatical adjetivo, pois esta é definida por critérios morfossintáticos e semânticos, ao passo que aquela se define por critérios linguísticodiscursivos. 11 Adhemar Pereira de Barros foi governador de São Paulo de 1947 a 1951 e de 1963 a 1966. 12 O empresário e político Paulo Salim Maluf foi prefeito de São Paulo nomeado pela ditadura militar de 1969 a 1971, governador do Estado de São Paulo de 1979 a 1982 e eleito prefeito de São Paulo de 1993 a 1997. 13 Não é nosso propósito aqui trazer à discussão o funcionamento do operador argumentativo “mas”, porém cabe lembrar o importante estudo apresentado por Vogt e Ducrot (1980) sobre esse operador. 122 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 3 – Ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa no Brasil. Em primeiro plano temos o verbo “roubar”, que atualiza sentidos ligados à criminalidade. Paulo Maluf, quando da campanha de 1982, era acusado de enriquecimento ilícito durante suas passagens pelo Poder Executivo, o que veio a acontecer em outros períodos eleitorais. Dentre as denúncias contra ele encontram-se lavagem de dinheiro, crime contra o sistema financeiro, corrupção e formação de quadrilha. Em contraponto, o verbo “fazer” atualiza os feitos de Paulo Maluf à frente dos governos de que participou – em sua campanha de 2004 utilizou o slogan “Maluf fez. Maluf faz”. Maluf fez viadutos, acelerou obras de rodovias, inaugurou o primeiro trecho de metrô de São Paulo, etc. O enunciado “rouba, mas faz” pode ser parafraseado da seguinte forma: rouba mas Paulo Maluf é ladrão. mas Paulo Maluf é usurpador do mas poder. Paráfrase conclusiva Paulo Maluf é mau candidato. mas faz Paulo Maluf é trabalhador. Paulo Maluf é político atento às necessidades do povo. Paráfrase conclusiva Paulo Maluf é bom candidato. Do ponto de vista discursivo, temos em “rouba mas faz” dois verbos cujos sentidos, à primeira vista, se distanciam, uma vez que revelam comportamentos contraditórios, conforme foi identificado nas paráfrases acima. A compreensão sobre o funcionamento do operador argumentativo “mas” dá conta de explicar como se constrói 123 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 3 – Ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa no Brasil. o efeito argumentativo de que Paulo Maluf merece ser eleito, ainda que o enunciado veicule informação desqualificadora. Como bordão de campanha de candidatos que roubam, mas que não deixam de empreender projetos e obras públicas, “rouba, mas faz”, mais do que apresentar duas orações em relação de contrajunção, produz a aceitação de uma lógica em que se admite a coexistência de comportamentos/características tão contraditórios em se tratando de política, apontando para um terceiro efeito de sentido, que caracterizaria uma concepção da política e de político em que coexistem esses dois verbos. Poderíamos, mesmo, dizer que as duas expressões – “rouba” e “faz”, o ladrão e o empreendedor – se complementam no trabalho de delimitar o perfil do candidato. É essa dupla caracterização trazida pelos verbos que o operador “mas” tenta resolver, hierarquizando a relação entre eles, implementando a ideia de concessão à primeira característica – rouba/ladrão –, mas que, na leitura que estamos fazendo, ainda que não desfrute da força argumentativa que a conjunção agrega ao verbo “faz”, exerce um efeito muito importante na composição do perfil que referi acima. Voltando ao campo da gramática, mas agora de uma gramática filosófica, trago a posição expressa no trabalho de Jespersen (1975)14, realizado a partir do estudo do idioma finlandês, de línguas românicas e germânicas. O autor já atentava para a marcação da distinção entre as categorias mórficas substantivo e adjetivo, ainda que 14 A obra referida é a gramática filosófica La filosofia de la gramática, cujo título da edição original é The philosophy of gammar, publicada em 1924. No capítulo V, destinado à discussão sobre a distinção entre substantivos e adjetivos, Jespersen percebe algumas diferenças entre as duas categorias e persegue a razão para que haja uma distinção formal, ainda que às vezes não muito clara, em línguas por ele analisadas – finlandês, românicas, germânicas. 124 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 3 – Ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa no Brasil. essa distinção nem sempre se mostrasse clara. Para além da confusão que advém da classificação dessas categorias, importante é a crítica à explicação que toma como critério para distinção o fato de os substantivos denotarem substâncias e os adjetivos denotarem a qualidade dos objetos, o que, segundo o autor, não se sustenta linguisticamente, pois os nomes de muitas <<substâncias>> derivam tão patentemente de uma qualidade particular, que as duas ideias não se podem separar (JESPERSEN, 1975, p. 74). Do ponto de vista filosófico, afirma, somente conhecemos as substâncias através de suas qualidades15 (p. 74), de forma que a essência de qualquer substância é a soma de suas qualidades que percebemos relacionadas. Assim, Jespersen atribui à qualidade não o papel de elemento agregado, mas como responsável pela representação da substância. A questão da representação, levantada por Jespersen, pode ser vista no campo discursivo pela noção de designação. A designação é marca do gesto interpretativo exercido pelo sujeito, portanto um ato político que marca a posição do sujeito que a enuncia. Segundo Guimarães (2002), a designação indica uma forma específica de compreensão da palavra e o modo de referir é uma forma de determinação, de predicação. No mesmo sentido, Indursky (1999, p. 175), ao analisar as designações invasão/ocupação, sustenta que a designação é fortemente determinada pelo imaginário dos sujeitos sociais; no caso por ela analisado, a posição dos latifundiários – invasão –, difundida amplamente pela mídia, e a posição do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) – ocupação. 15 Tradução realizada pela autora deste texto. 125 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 3 – Ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa no Brasil. Guimarães (2002, p. 82) compreende a designação como instável; todavia, acrescenta que se trata de uma instabilidade cujo funcionamento se dá sob a forma da estabilidade. Segundo o autor, as designações são instáveis e diferentes entre si, mesmo quando uma mesma forma se repete, já que vai promover novas significações, apresentando-se a cada momento como algo diferente de si própria, pois as palavras da língua significam ao funcionarem no acontecimento. Vejamos um exemplo: (A) Nunca subestime uma mulherzinha. (Título de livro de Fernanda Takai16) (B) Que mulherzinha insuportável! (Blog dos Cassetas) Cumpre perguntar o que as designações mulherzinha mobilizam, ou seja, que sentidos estão colocados em cada uma delas, tão adjetivas e tão repletas de efeitos de sentido. E, ainda, de que posição falam os sujeitos de cada uma dessas enunciações, o que suas posições lhes permitem ver e dizer. Em (A), o título da obra de Fernanda Takai expõe de modo irônico o discurso machista que subestima a capacidade das mulheres, o sujeito do discurso toma a designação machista mulherzinha e propõe o contraponto; em (B), mulherzinha não atualiza tanto o discurso machista e conduz mais à ideia de adversidade, de discordância e desdém, efeito muito vinculado ao uso do diminutivo. O sufixo inho(a), também responsável pelos efeitos de sentido produzidos pelas designações acima, é um dos mais produtivos na língua portuguesa e toma diferentes 16 Fernanda Takai é escritora e vocalista da banda Pato Fu. A obra citada reúne contos e crônicas da autora publicados nos jornais Correio Braziliense e Estado de Minas. 126 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 3 – Ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa no Brasil. valores na enunciação. As duas designações acima, distintas entre si, têm em comum o fato de trazerem à tona saberes de cunho pejorativo; mesmo a primeira delas, que busca reverter o aspecto pejorativo que a designação propõe, atualiza uma voz da qual o sujeito quer discordar. Conforme Pêcheux (1988, p. 160)17, o sentido “de uma palavra, de uma proposição, etc., não existe em si mesmo [...] mas, ao contrário, é determinado pelas posições ideológicas que estão em jogo no processo sócio-histórico”. Assim, ao designar, o sujeito marca sua posição em relação ao mundo. Trata-se, portanto, de um ato interpretativo, que, ao referir, descreve e censura o objeto, mergulhado em valores de cunho ideológico; por isso, sustenta a noção teórica de efeitos de sentido, já que os sentidos se constroem a partir de gestos interpretativos que os sujeitos produzem quando fazem uso da linguagem. As designações fazem sentido na história; portanto, os sentidos não podem ser determinados a priori. O recorte político que elas instituem se manifesta na medida em que, ao designar, o sujeito promove exclusões, marca posição, interpreta o mundo e sustenta essa interpretação na forma designativa. De volta ao ensino Em trabalho anterior (DRESCH, 2004), expusemos a questão da especificidade que cerca o trabalho com língua portuguesa, especificidade esta que distingue a língua portuguesa das demais disciplinas escolares. É justamente a possibilidade de aproximação e compreensão da materialidade da língua que enriquece o trabalho do 17 Michel Pêcheux é o teórico que fundou a Análise do Discurso francesa, uma das áreas de estudo que mais aprofunda a relação entre linguagem e exterioridade. 127 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 3 – Ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa no Brasil. professor de português; daí nosso entendimento de que o estudo da gramática não é prescindível. Nesses termos, tomando como princípio o dever da escola de formar crianças e jovens que sejam proficientes em leitura e escrita, que compreendam como a língua funciona para dizer, há de se buscar um modelo de ensino que cumpra essa função, descartando, portanto, o ensino de gramática que não tenha esse propósito. A aproximação dos textos via discurso permite um novo tipo de apreensão dos fatos de linguagem e outro direcionamento para o ensino de língua e exige dos educadores a atitude propositiva de não repetir as instruções que reduzem a linguagem a uma quantidade de conceitos, classificações, regras e exercícios enfadonhos. Assim, ao definir um programa de ensino, é fundamental incorporar elementos que dizem do funcionamento das classes gramaticais e funções sintáticas nos textos, e isso é possível com um planejamento que preveja estudos de fenômenos de ordem semântica e pragmática, ancorada em teorias enunciativas e discursivas. Ademais, faz- se necessário reavaliar as prioridades de ensino em cada série, o modelo de distribuição e progressão de conteúdos e sua relação com o aprendizado da leitura e da escrita. A discussão sobre o currículo escolar pode ser o ponto de partida para as mudanças. Referências bibliográficas ALMEIDA, Napoleão Mendes de. Gramática metódica da língua portuguesa. São Paulo: Saraiva, 1999. AMARAL. Emília [et. al.]. Novas palavras: português; volume único; livro do professor. São Paulo: FTD, 2003. ARNAUD, Antoine; LANCELOT, Claude. Gramática de Port-Royal. Tradução de Bruno Fregni Bassetto; Henrique Graciano Murachco, São Paulo: Martins Fontes, 2001. 128 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 3 – Ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa no Brasil. BEATRIZ, Marcondes [et.al.]. Dialogando com textos: português, 7º ano, 6ª série. Curitiba: Ed. Positivo, 2007. BEATRIZ, Marcondes [et.al.]. Dialogando com textos: português, 6º ano, 5ª série. Curitiba: Ed. Positivo, 2007. BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2001. BLOG dos Cassetas. http://tvglobo.cassetaeplaneta.globo.com/blogdoscassetas/2006/09/19/fraude-explica/ Acessado em 4 de agosto de 2008. CUNHA, Celso; CINTRA, Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira: 1985. DIAS, Luiz Francisco. O estudo de classes de palavras: problemas e alternativas de abordagem. In: DIONISIO, Angela Paiva; BEZERRA, Maria Auxiliadora. O livro didático de português: múltiplos olhares. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. p. 126-138 DRESCH, Márcia. O lugar da gramática no ensino de língua portuguesa: da formação de professores ao ensino fundamental e médio. In: ROTTAVA, Lucia; LIMA, Marília dos Santos (Org.). Lingüística aplicada: relacionando teoria e prática no ensino de línguas. Ijuí: Editora Unijuí, 2004. p. 13-27 FARACO, Carlos Emílio e MOURA, Francisco Marto. Gramática escolar. São Paulo: Ática, 2006. FERREIRA, Mauro. Entre palavras: língua portuguesa. 5ª série. São Paulo: FTD, 2006. FERREIRA, Mauro. Entre palavras: língua portuguesa. 6ª série. São Paulo: FTD, 2006. INDURSKY, Freda. De ocupação a invasão: efeitos de sentido no discurso do/sobre o MST. In: Os múltiplos territórios da análise do discurso. Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 1999. p. 173-186 JESPERSEN, Otto. La filosofia de la gramática. Tradução Carlos Manzano. Barcelona: Editorial Anagrama, 1975. MACAMBIRA, José Rebouças. A estrutura morfo-sintática do português. São Paulo: Pioneira, 1987. 129 Língua portuguesa: ultrapassar fronteiras, juntar culturas (Eds.) Mª João Marçalo & Mª Célia Lima-Hernandes, Elisa Esteves, Mª do Céu Fonseca, Olga Gonçalves, Ana LuísaVilela, Ana Alexandra Silva © Copyright 2010 by Universidade de Évora ISBN: 978-972-99292-4-3 SLG 3 – Ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa no Brasil. MARCONDES, Beatriz et al.. Dialogando com textos: português. 6º ano, 5ª série. Curitiba: Ed. Positivo, 2007. MARCONDES, Beatriz et al. Dialogando com textos: português. 7º ano, 6ª série. Curitiba: Ed. Positivo, 2007. MARCUSCHI, Luis Antônio. Compreensão de texto: algumas reflexões. In: DIONISIO, Angela Paiva e BEZERRA, Maria Auxiliadora. O livro didático de português. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. p. 48-61 PÊCHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Tradução de Eni Pulcinelli Orlandi... [et. al.]. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1988. PERINI, Mário A. O adjetivo e o ornitorrinco (dilema da classificação das palavras) In: Sofrendo a gramática. São Paulo: Ática, 1999. p. 39-46 _____. Gramática descritiva do português. São Paulo: Ática, 2001. SANTOS, Eliana Beltrão. Novo diálogo: língua portuguesa. 5ªsérie. São Paulo FTD, 2004. SARGENTIM, Hermínio Sargentim, Maria Délia Fernandez. Toda a linguagem. 7ª série, 8º ano. São Paulo: IBEP, 2006. TAKAI, Fernanda. Nunca subestime uma mulherzinha. São Paulo: Panda Books, 2007. VOGT, Carlos; DUCROT, Oswald. De magis a mas: uma hipótese semântica. In: VOGT, Carlos. Linguagem pragmática e ideologia. São Paulo: Hucitec; Campinas, SP: Fundação de Desenvolvimento da UNICAMP, 1980 130