SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE PARTÍCULAS DE FERRO DE

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 SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE PARTÍCULAS DE FERRO DE
VALÊNCIA ZERO Roberta Bittencourt Abbott(1), Arthur Dotto Pereira(2), Maria Alejandra Liendo(3)
(1)
Estudante; Universidade Federal do Pampa; Bagé, RS; [email protected].
Estudante; Universidade Federal do Pampa; Bagé, RS; [email protected].
(3)
Orientador; Universidade Federal do Pampa; Bagé, RS; [email protected].
(2)
RESUMO: O ferro elementar tem sido apontado como uma alternativa promissora para a degradação de contaminantes
orgânicos presentes em águas superficiais, subterrâneas e efluentes industriais. Este trabalho tem como objetivo a
síntese e a caracterização morfológica de partículas de ferro zero valente, comparando com partículas de ferro
comercial. Pretende-se futuramente empregar estas partículas no tratamento de efluentes. A metodologia de síntese foi
baseada na precipitação redutiva, utilizando-se duas soluções compostas por FeCl3 e NaBH4, respectivamente. Após a
mistura das soluções foi procedida filtração a vácuo e secagem a 90ºC, por 1 h. A caracterização morfológica das
partículas de ferro sintetizadas e comerciais foi realizada por microscopia óptica. Os resultados indicaram o sucesso da
síntese realizada quanto à morfologia das partículas. Algumas diferenças foram observadas quanto à tendência à
aglomeração, opacidade ou brilho, e presença de pontos de oxidação do ferro sintetizado. Conclui-se que o método de
precipitação redutiva empregado foi eficiente para a obtenção de partículas de ferro zero valente em termos
morfológicos. Conclui-se que as diferenças observadas entre as partículas sintetizadas e comerciais podem estar
relacionadas aos métodos de síntese não serem os mesmos, ou à forma de armazenamento das mesmas.
Palavras-Chave: partículas, ferro, síntese, caracterização. INTRODUÇÃO O ferro possui grande importância em distintos setores produtivos, devido a suas propriedades físicas
e químicas, e está entre os elementos mais abundantes na crosta da Terra (DRECSH et al., 2010). Dentre
inúmeras aplicações do ferro, este tem sido estudado para aplicações em remediação ambiental,
apresentando grande eficiência na degradação de poluentes ambientais através de distintos processos,
produzindo resultados satisfatórios (MATHESON; TRATNYEK, 1994).
Pesquisas tem demonstrado as vantagens da utilização de nanopartículas no tratamento de poluentes
químicos em recursos hídricos, pois materiais em escala nanométrica apresentam maior superfície de
contato, necessitam menor quantidade de material e apresentam elevada reatividade (MAGALHÃES;
CAMPOS, 2012).
Devido à capacidade das nanopartículas de ferro removerem compostos mediante vários
mecanismos como adsorção, redução e precipitação uma das aplicações das nanopartículas é o tratamento
de efluentes. Contaminações por compostos organoclorados e por metais pesados podem ser tratadas com
nanopartículas de ferro zero valente (O’CARROLL et al., 2013 ).
Vieira (2014) afirma que o ferro de valência zero apresenta grande potencial de degradação de
compostos organoclorados e nitrogenados, os quais não são tratados de forma eficaz pelos métodos
tradicionais de tratamentos de efluentes, pois apresentam grande resistência à degradação.
Carvalho (2009) justifica a necessidade de novos e aprofundados estudos sobre a utilização de
nanopartículas de ferro zero valente na degradação de compostos orgânicos, devido a não serem
inteiramente conhecidas as suas propriedades físicas e químicas, bem como sua reatividade.
Como uma vasta gama de poluentes tóxicos é recalcitrante aos métodos convencionais de
tratamento, ou seja, são altamente estáveis quimicamente, apresentam uma taxa muita lenta de
biodegradação, são bioacumulativos e hidrofóbicos, então, torna-se necessário o desenvolvimento de
processos de remediação mais eficientes. Fato que tem intensificado pesquisas que apontam o ferro de
valência zero como um dos degradantes de poluentes orgânicos mais promissores, por seu baixo custo,
fácil obtenção e eficácia (PEREIRA; FREIRE, 2005).
O presente trabalho tem como objetivo a síntese de partículas de ferro de valência zero, bem como a
sua caracterização quanto à morfologia, para seu futuro emprego no tratamento de efluentes. O estudo, em
questão, se justifica na necessidade de uma melhor caracterização do material para contribuir com o
conhecimento em relação aos métodos de remoção do ferro nanoparticulado em contato com poluentes
orgânicos.
METODOLOGIA As partículas de ferro elementar foram sintetizadas em laboratório pelo método de redução em fase
líquida com base na precipitação redutiva, fazendo-se uso de um sal de ferro e um agente redutor, segundo
apresentado por Wang e Zhang (1997). Foram empregados 0,4 g de FeCl3, como sal, dissolvido em 50 mL
Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa de água destilada e um excesso estequiométrico de 0,4 g de NaBH4 em relação ao sal, utilizado como
redutor, e dissolvido em 50 mL de água destilada. As duas soluções distintas foram misturadas
considerando a ocorrência de uma reação do tipo apresentado na Reação 1:
(1)
Após a reação procedeu-se a filtração à vácuo das partículas formadas, as quais permaneceram em
atmosfera de 90º C durante 1 h, em estufa.
A morfologia das partículas sintetizadas foi caracterizada por microscopia óptica em
estereomicroscópio a diferentes magnificações. Partículas de ferro de valência zero comerciais foram
caracterizadas para comparação com as partículas sintetizadas em laboratório.
RESULTADOS E DISCUSSÃO A morfologia das partículas de ferro de valência zero é apresentada nas micrografias a seguir (Figuras
1 e 2). As partículas sintetizadas apresentam-se um pouco mais aglomeradas, com maior heterogeneidade
em sua granulometria, e com coloração opaca em comparação às partículas comerciais. Em algumas
partículas de ferro sintetizadas é possível observar pontos de elevado brilho metálico, bem como fases
alaranjadas provenientes da formação de óxido de ferro.
Figura 1 – Partículas de ferro sintetizadas.
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Figura 2 – Partículas de ferro comerciais.
400x
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CONCLUSÕES A síntese do ferro zero valente foi possível em meio aquoso, envolvendo reações de oxidação e
redução, tendo como produto partículas de ferro em suspensão, e formação de uma ampla distribuição
granulométrica devido áá formação de aglomerados de ferro metálico.
As partículas sintetizadas em laboratório apresentaram diferenças morfológicas em relação às
partículas de ferro comercial, o que pode ser atribuído aos distintos métodos de síntese das mesmas, ou a
processos oxidativos.
REFERÊNCIAS CARVALHO, B. M. S. Nanopartículas de ferro no tratamento de solos contaminados com PCBs. Dissertação de
Mestrado em Engenharia do Ambiente. Universidade de Aveiro. Aveiro, Portugal, 2009.
DRECSH, A. F.; DOTTO F.; BLOEMER, G.; ZANETTI, T.; WEBER, V.; ZARA, R. Utilização de Ferro zero no tratamento
de efluentes com cor. In: II Encontro de Divulgação Científica e Tecnológica. Anais. Universidade Tecnológica
Federal do Paraná. Toledo, 2010.
MAGALHÃES, L.M.S.; CAMPOS, A.F.C. Aplicação da nanotecnologia como técnica e controle, monitoramento e
remediação da poluição química da água. Programa de Pós-Graduação em Biociências Forenses, PUC, Goiás, 2012.
MATHESON, L. J.; TRATNYEK, P. G. Reductive dehalogenation of chlorinated methanes by iron metal. Environmental
Science & Technology, 28, 12, 2045-2053, 1994.
O’CARROLL, D.; SLEEP, B.; KROL, M.; BOPARAI, H.; KOCUR, C. Nanoscale zero valent iron and bimetallic particles
for contaminated site remediation. Advances in Water Resources, 51, 104-122, 2013.
PEREIRA, W. S.; FREIRE, R. S. Ferro zero: uma nova abordagem para o tratamento de águas contaminadas com
compostos orgânicos poluentes. Química Nova, 28, 130-136, 2005.
VIEIRA, G. B. Uso de nanopartículas de Ferro zero-valente na remediação de solos contaminados: degradação
redutiva do Azul de Metileno. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química.
Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2014.
WANG C-B.; ZHANG W-X. Synthesizing nanoscale iron particles for rapid and complete dechlorination of TCE and
PCBs. Environmental Science & Technology, 31, 2154-6, 1997. Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa 
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