Pesquisa Clínica da Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) “Não há quem não estaque embasbacado Ante um mosquito assim tão assombroso Que se propõe e diz que, poderoso, Fará desta cidade um Eldorado” (Anônimo, 1903) O Aedes em charge do início do século XX: sarcasmo de J. Carlos contra Oswaldo Cruz na revista Tagarela 110 anos depois... 1 ml = R$ 10,00 Superinteressante Fev/2013 Consumo Final, por setor institucional, segundo os produtos, Brasil 2007-2009 Consumo final, por setor institucional Produtos (1 000 000 R$ a preços correntes) 2007 2008 2009 128865 44783 229 249 141182 48892 256 287 157100 56178 276 313 2567 3050 3515 11686 22344 13078 24847 13969 24757 46102 49829 57071 905 943 1021 94264 4728 77352 10815 1348 107402 6221 87822 11856 1474 123556 6302 102269 13324 1628 21 29 33 2292 2292 2585 2585 2910 2910 Famílias Total Medicamento para uso humano Medicamentos para uso veterinário Materiais para usos médicos, hospitalares e odontológicos Aparelhos e instrumentos para usos médicos, hospitalares e odontológicos Planos de saúde – inclusive seguro-saúde Serviços de atendimento hospitalar Outros serviços relacionados com atenção à saúde Serviços sociais privados Administração pública Total Medicamentos para uso humano Saúde pública Serviços de atendimento hospitalar Outros serviços relacionados com atenção à saúde Serviços sociais privados Instituições sem fins de lucro a serviço das famílias Total Serviços sociais privados (Adaptado de IBGE – Diretoria de Pesquisas – Coordenação de Contas Nacionais) • Freud, S.; Über Coca, 1884 • Merck and Parke Davis • Promoção de seus produtos • Karl Koller • Cocaína como anestésico oftálmico • Uso em gotas para crianças • Produção comercial das drogas purificadas JAMA. 2011;305(13):1360-1361. doi:10.1001/jama.2011.394. Marketing Pharma Ranking global de consumo de medicamentos 2006, 2011 e 2016 Rank 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 2006 EUA Japão França Alemanha China Italia Espanha Reino Unido Canada Brasil Australia México Coreia Sul Russia India Turquia Noruega Bélgica Grécia Polônia Index 100 35 13 13 9 8 6 6 6 5 3 3 3 3 2 2 2 2 2 2 Rank 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 2011 EUA Japão China Alemanha França Brasil Italia Espanha Canada Reino Unido Russia Australia India Coreia Sul México Turquia Polônia Venezuela Noruega Bélgica Index 100 36 21 14 12 9 9 7 7 7 5 4 4 4 3 3 2 2 2 2 Rank 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Notas: “ ” Ranking dos gastos anuais baseado na contante US$ at Q4 2011 exchange rates . O Index anual é baseado na relação entre o gasto do país em relação ao gasto nos EUA (em US$ fixado no ano) (Adaptado de IMS - Intercontinental Marketing Services, Market Prognosis. Institute for Healthcare Informatics). 2012 EUA China Japão Brasil Alemanha França Italia India Russia Canada Reino Unido Espanha Australia Argentina Coreia Sul México Venezuela Turquia Indonesia Polônia Index 100 39 36 15 13 11 8 7 7 6 6 5 4 4 4 3 3 3 2 2 CAGR - Compound annual growth rate Balanço (em bilhões US$) comercial de produtos farmacêuticos no Brasil, no período de 1997 a 2011. (Adaptado de INTERFARMA) http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1199942-sus-tem-despesa-recorde-com-acoes-judiciais.shtml http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1199942-sus-tem-despesa-recorde-com-acoes-judiciais.shtml Gastos processuais em 2010 241.000 processos no Judiciário R$ 949.230.598,54 (União e estados – GO, SC, SP, PA, PR, PE, MG, TO, AL) http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/arquivos/Panorama.pdf Evolução do número de processos judiciais relacionados à saúde - SP Wang, 2012 O “Ranking” da “judicialização da saúde” em 2010 no estado de SP Wang, 2012 Distribuição dos processos judiciais por número de advogados. SP, 2006 Chieffi AL & Barata RCB, 2010 Concentração de processos judiciais por advogado, segundo medicamento 2006 Chieffi AL & Barata RCB, 2010 Concentração de processos judiciais por médico, segundo medicamento 2006 Chieffi AL & Barata RCB, 2010 Gasto com medicamentos judicializados (R$ Milhões) 700 600 500 400 300 200 100 0 2006 2008 2010 http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/arquivos/Panorama.pdf Pepe, 2010 CIÊNCIA PESQUISA CLÍNICA SAÚDE Pesquisa Clínica • “[...] componente da pesquisa médica e em saúde destinada a produzir conhecimento, prevenir e tratar das moléstias humanas e promover a saúde. • Abrange estudos que envolvem interação com os pacientes, populações, materiais ou dados de diagnóstico clínico em: • • • • • • • • • • • mecanismos de doenças; pesquisa translacional; conhecimento clínico; detecção; diagnóstico e história natural; intervenções terapêuticas incluindo os ensaios clínicos; prevenção e promoção da saúde, pesquisa comportamental; pesquisa em serviços de saúde; epidemiologia; pesquisa em comunidades e em serviços de atenção primária.” Association of American Medical Colleges Task Force on Clinical Research, 2000 Pesquisa Clínica • Pesquisa Orientada ao paciente • • • sujeitos humanos material de origem humana investigador interage • • • • mecanismos de doença humana, intervenções terapêuticas, ensaios clínicos, novas tecnologias em saúde. Excluem-se tecidos in vitro não relacionados à um indivíduo vivo • Estudos Epidemiológicos e comportamentais. • Pesquisa de eficácia de resultados e em serviços de saúde. NIH, 2009. http://grants.nih.gov/grants/funding/phs398/phs398.pdf Definições • Eficácia • Estudo que determina o benefício de uma tecnologia em condição ideal ou experimental, geralmente estudos clínicos controlados e randomizados (ECCR) • Efetividade • Avalia os benefícios em estudos realísticos, pragmáticos ou práticos, observacionais ou revisão de bancos de dados • Eficiência • O maior benefício com o menor custo possível, estudos de custo-efetividade ou custo-utilidade Nita, 2009 Fisiologia da Pesquisa inferência inferência Formulando Conclusões VERDADE NO UNIVERSO VERDADE NO ESTUDO ACHADOS NO ESTUDO Delineando e Implementando QUESTÃO DE PESQUISA PLANO DE ESTUDO ESTUDO REALIZADO delineamento VALIDADE EXTERNA implementação VALIDADE INTERNA Definições • Os estudos médicos podem ser divididos de acordo com três grandes critérios: 1 2 3 Estudos observacionais Estudos experimentais Estudos longitudinais Estudos transversais Estudos prospectivos Estudos retrospectivos Johnson, LL. Principles and Practice of Clinical Research, 2012 1 • Estudos observacionais • O pesquisador observa e coleta os dados das características de interesse, ou dos desfechos, sem influenciar ou intervir nos participantes, seu meio ou o curso de sua doença. • Estudos experimentais • Estudos clínicos ou ensaios clínicos • O pesquisador influi deliberadamente sobre o curso dos eventos e investiga os efeitos da intervenção ou tratamento em uma população ou sujeitos selecionados. Ocorre comparação com outros grupos e avaliação dos desfechos Johnson, LL. Principles and Practice of Clinical Research, 2012 2 • Estudos longitudinais (coorte) • O pesquisador investiga as alterações nos indivíduos, ao longo do tempo, em relação a um evento, intervenção ou tratamento. • Estudos transversais • O pesquisador observa as alterações nos indivíduos em um único ponto no tempo. Johnson, LL. Principles and Practice of Clinical Research, 2012 3 • Estudos prospectivos • O pesquisador coleta os dados ao longo do tempo a partir do início do estudo • Estudos retrospectivos • O pesquisador coleta os dados de eventos passados a partir de fontes existentes como prontuários ou entrevistas Johnson, LL. Principles and Practice of Clinical Research, 2012 Estudos observacionais • Descritivos • Informações para caracterizar o indivíduo, população ou ambiente • Analíticos • Responder perguntas sobre a relação entre as características e desfecho da doença. • Avaliam as associações para realizar inferências sobre relações de causa-efeito Estudos observacionais Abordagem descritiva • Estudos ecológicos • Avalia características da população mais que dos indivíduos e compara associações entre essas características dentro da população. • Relato de caso ou Série de casos • Estudo mais simples a nível de indivíduo. Descrição detalhada de um caso ou de vários, com características clínicas particulares. • Estudos transversais, levantamento de prevalência e estudo de incidência • Estimativa de uma doença ou características num grupo de indivíduos, num determinado momento. Estudos observacionais Abordagem analítica • Busca características específicas relacionadas aos desfechos patológicos – Estudos Caso-Controle • Compara indivíduos com determinada doença ou condição com controles que não tem a condição, no sentido de identificar possíveis fatores etiológicos • Caracterizar a doença e examinar fatores de risco naqueles com e sem doença – Estudos longitudinais (de coorte) • Inicia-se com um estudo transversal que caracteriza o estado dos fatores de risco e relaciona-os com o desfecho da doença ao longo do tempo, com ou sem o fator de risco. Estudos experimentais Estudos clínicos ou ensaios clínicos • O principal objetivo é determinar o quanto uma determinada intervenção ou tratamento, talvez uma droga, intervenção comportamental, procedimento cirúrgico ou mesmo, múltiplas intervenções, podem razoavelmente ser inferidas como causa de uma modificação na saúde dos indivíduos. Ensaio Clínico • Pesquisa que prospectivamente recruta participantes humanos ou grupos de seres humanos para uma ou mais intervenções relacionadas à saúde para avaliar os seus efeitos (ensaios de intervenção). • Intervenções: medicamentos, células, produtos biológicos, procedimentos cirúrgicos, procedimentos radiológicos, aparelhos, tratamentos comportamentais, mudanças no processo de cuidados, cuidados preventivos, etc. • Inclui estudos de fase I à fase IV. WHO, 2013. http://www.who.int/topics/clinical_trials/en/ A boa questão científica FINER Factível • • • • Número de sujeitos adequado Domínio técnico adequado Viável (tempo e custo) Escopo manejável Interessante • Estímulo para investigador e equipe Nova (original, inovadora) • Confirma, refuta ou expande conhecimentos prévios Ética • O CEP não teria dificuldade em aprovar Relevante • Para o conhecimento científico • Para diretrizes de saúde • Para o “research continuum” Cummings, Warren & Hulley, 2008 O desenvolvimento da questão População • Em qual população de pacientes específicos você está interessado? Intervenção (só para os estudos de intervenção) • Qual sua intervenção de investigação? Comparação • Qual seu grupo de comparação? Outcome (Desfecho) • O que você deseja observar, medir, melhorar ou afetar? Tempo • Qual o tempo de seguimento adequado para observar os desfechos? Brian Haynes R. Forming research questions. J Clin Epidemiol 2006; 59:881-6. Avaliação de medicamentos Ensaio clínico • Atua? Análise custo/benefício • Compensa? • Qual o mais eficaz? • Influi da sobrevida e qualidade de vida? 1940 1950 Análise custo/eficácia Análise custo/utilidade 1960 1970 1980 1990 2000 Avaliação de Tecnologias em Saúde ATS • Processo contínuo de avaliação que visa o estudo sistemático das consequências clínicas, econômicas e sociais da utilização das tecnologias novas ou já existentes na saúde, desde a sua pesquisa e desenvolvimento até sua obsolescência. (Panerai; Mohr, 1989) • Conjunto de métodos de pesquisa usado para verificar se uma determinada tecnologia da saúde é segura, eficaz e economicamente viável em comparação a outras alternativas de tratamento • • • • • • Medicamento Dispositivo Prótese Novo tipo de cirurgia Exame diagnóstico mais avançado Novo modelo de unidade assistencial Brasil, MS SCTIE, 2011 http://www.iats.com.br/home.php http://inahta.episerverhotell.net/Home/ http://www.htai.org/ ATS no Brasil • 2003 – CCTI – Conselho de CT&I em Saúde • Diretrizes e avaliação tecnológica de novos produtos para o SUS • GT/ATS – Decit, SAS, SCTIE, SVS, Conass, Conasems, Anvisa e ANS • • • • • • 2006 – CITEC – Comissão para incorporação de tecnologias MS 2006 – BRATS - Boletim Brasileiro de ATS 2008 – REBRATS 2009 – NATS 2009 – PNGTS – Política Nacional de Gestão de TS 2011 – HTAi – International Congress of Health Technology Assessment (RJ – Brasil) Decit, 2010 http://200.214.130.94/rebrats/ Política Nacional de GTS Diretrizes 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Evidências científicas como subsídio Aprimorar a incorporação Racionalizar uso Fortalecer ensino e pesquisa Sistematizar e disseminar informações Fortalecer estrutura governamental Articulação político-institucional e intersetorial Objetivo da ATS • Auxiliar os gestores dos sistemas de saúde pública e suplementar a tomar decisões racionais na escolha de quais tecnologias devem ser disponibilizadas e no planejamento da alocação de recursos financeiros. http://www.iats.com.br/home.php Características da ATS • Área de atuação multidisciplinar • • • • • • Médicos Engenheiros Economistas Estatísticos Matemáticos Pesquisadores em geral • Revisar pesquisas já existentes • segurança e eficácia • Produzir novos estudos • quando não houver evidências http://www.iats.com.br/home.php Priorização dos tópicos em ATS • • • • • Relevância epidemiológica Relevância para os serviços/política Fase do conhecimento Viabilidade operacional Demanda social/judicial Brasil, Ministério da Saúde, 2011 Classificação dos estudos de ATS • Pseudo-avaliações • resultados incompletos ou inválidos • Estudos em questões ou métodos específicos • métodos específicos (Custo/benefício), estudos de casos • responder perguntas específicas • Avaliações para melhoria de processos ou responsabilização • estudos de tomada de decisões • para o consumidor • focados em acreditação e certificação • Estudos orientados para agenda social • garantia da eqüidade • impacto para a sociedade Stufflebeam, 2001 Tipos de estudos em ATS Estudos Finalidade Revisões sistemáticas e metanálises usados para reunir de forma organizada os estudos científicos já existentes sobre um novo tratamento Ensaios clínicos estudos que comparam a eficácia de uma ou mais tecnologias diretamente em pacientes, em condições controladas Estudos observacionais usados para avaliar o desempenho dos tratamentos de saúde no mundo real, fora de condições controladas Estudos econômicos representados principalmente pelos estudos de custo-efetividade, são usados para definir qual a melhor forma de se empregar os recursos financeiros de um sistema de saúde para se obter o maior benefício para a população. http://www.iats.com.br/home.php Etapas da ATS Necessidade da Sociedade Testar a eficácia e segurança da tecnologia Avaliação econômica da tecnologia por estudo de custo-efetividade Tomada de decisão do gestor de saúde Uso da nova tecnologia pela Sociedade http://www.iats.com.br/home.php Necessidade da Sociedade • Pacientes e profissionais da saúde demandam novas soluções para um determinado problema de saúde. • Quando uma nova tecnologia é lançada os pacientes desejam que ela logo seja disponibilizado no sistema de saúde. http://www.iats.com.br/home.php Testar a eficácia e segurança da tecnologia • Uso das pesquisas existentes sobre a segurança e o desempenho da nova tecnologia. • Não havendo evidência científica, condução de ensaios clínicos ou estudos observacionais para responder o questionamento. http://www.iats.com.br/home.php Avaliação econômica da tecnologia por estudo de custoefetividade • Estudos de custo-efetividade – capital investido proporciona benefício maior que outras opções para a mesma enfermidade? – Havendo boa relação de custo-efetividade • determinar impacto orçamentário para implementação http://www.iats.com.br/home.php Tomada de decisão do gestor de saúde • Optar pelo financiamento e incorporação ou não da nova tecnologia • Considerar fatores: • • • • A demanda da sociedade; Os fatores econômicos e orçamento; Os fatores políticos; Os estudos de ATS http://www.iats.com.br/home.php Uso da nova tecnologia pela Sociedade • O tratamento, incorporado, passa a ser financiado e disponibilizado no SUS. • Nova opção segura, eficaz e economicamente sustentável. http://www.iats.com.br/home.php Fluxo do processo de ATS Comitê Assessor Solicitação Identificação Questão Científica Objetivos Equipe de projeto Preparação Relatório Revisão Sistemática Evidências Protocolo Externo Conselho Científico Revisão Relatório (Peer Review) Disseminação Canadian Agency for Drugs and Technologies in Health - http://www.cadth.ca/en Monitoramento de Horizonte Tecnológico MHT • Etapa específica de identificação de tecnologias novas ou emergentes. – O sistema deve identificar as novas tecnologias que tenham custo financeiro viável e impacto favorável na prática clínica, na organização dos serviços e nos aspectos sociais e éticos associados à sua utilização. Carlsson; Jorgensen, 1998 MHT http://euroscan.org.uk/ Fases do processo de MHT EuroScan – Simpson et al., 2009 Metodologia do MHT • Identificação dos clientes • Solicita e recebe as avaliações • Horizonte de Tempo • Fase do desenvolvimento da tecnologia, quando começa a ser monitorada • Tipo de Tecnologia • Drogas, equipamentos, testes, atividades • Identificação precoce das Tecnologias • Pró-ativa ou por requisição • Filtragem • Com base no escopo da definição do MHT • Priorização • Dependente do grupo/objetivo-alvo • Avaliação ou Predição de Impacto • Produz material sobre a tecnologia e antecipa impacto • Disseminação • Dependente do solicitante e público alvo • Atualização da informação • Conforme solicitante no compasso da disponibilidade MHT – GTS – ATS MHT GTS