HISTÓRIA E NARRATIVA, MEMÓRIA E SILENCIAMENTO Letícia Batista Guimarães1 La historia cuenta siempre cómo terminan las cosas, pero rara vez muestra las sutiles mudanzas del azar, que podrían convertir lo que ya sucedió en algo que jamás podría suceder. (Tomás Eloy Martínez, La Nación, 30 de Abril de 2004) 1 INTRODUÇÃO A proposta de trabalhar com memória leva-nos a explicar concepções que perpassam nossas inquietações. Sabe-se que a memória se firma nos últimos anos entre historiadores da década de 1980, na França, na Europa e nos Estados Unidos, sem que isso traga rigor conceitual em todas as ocasiões. Distintos conjuntos humanos ocupamse ativamente em salvaguardar seus patrimônios, material ou imaterial, sobretudo, quando resultado das experiências de choque vividas no século XX: ditaduras, holocausto, guerras, etc. Nesse caminho, os estudos literários e inter ou transdisciplinares das ciências humanas buscam estudar os registros da memória, individual ou coletiva, impondo resistências ao isolamento formalista do texto, que vigorava desde a década de 1950. Em constante diálogo com a antropologia, a história, a sociologia, e outros campos do conhecimento humano, os encaminhamentos teóricos e analíticos da crítica, da história e da teoria literária buscam estudar e compreender os registros memorialísticos produzidos às margens da história oficial. Entendidos em conotações amplas, os “lugares de memória” i não se reduzem a depósitos da memória ou a eventos dignos de comemoração. Esses locais expressam um conceito abstrato, puramente simbólico, o qual visa desentranhar a dimensão rememoradora dos objetos. Assim, faz Tomás Eloy Martínez, jornalista e escritor 1 Graduanda do curso de Letras da Universidade Estadual de Santa Cruz - UESC – Ilhéus/BA. ISBN: 978-85-7395-211-7 argentino, recentemente falecido, ao se debruçar sobre a memória argentina (décadas de 1940 a 1970). No âmbito dessas discussões consideramos fundamentalmente a narrativa memorialística de Tomás Eloy Martínez: Las memorias del general (1996). Assim, o artigo tem por objetivo contribuir ao resgate da história e da memória argentinas, veiculando análises e representações de uma época marcante no panorama latinoamericano. 2 MEMÓRIA A memória, como propriedade de conversar certas informações, remete-nos em um primeiro momento a um conjunto de funções psíquicas, graças às quais o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, ou que ele representa como passadas. Deste ponto de vista, situar a memória significaria buscar seu espaço na ciência, na filosofia, na psicanálise, na psiquiatria e noutras áreas do conhecimento; suporia debruçar-se sobre os mitos de origem, bem como sobre a transição entre as comunidades ágrafas, de transmissão essencialmente oral, e as sociedades de expressão escrita. Neste momento, entretanto, partimos de um recorte sugerido por Josefina Cuesta Bustillo em “Memoria e historia: un estado de la cuestión” ii. A autora desse artigo lembra que os trabalhos memorialísticos formularam-se como polêmica nas ciências humanas. Segundo inferências da teórica espanhola, o debate enraizava-se na publicação do livro Matéria e memória em 1896, de Henri Bérgson (1999) e na resposta a ele dada por Maurice Halbwachs, na década de vinte do século passado. Desse, os Quadros sociais da memória (1952) assentaram as bases daquilo que passaria a constituir uma sociologia da memória. Halbwachs redimensiona o pensamento sobre a “memória pura” de Bérgson, essencialmente baseado no psiquismo, mas obscurecido por exames do inconsciente freudiano, ao considerar as expressões subjetivas no interior dum circuito grupal, chegando à possibilidade de apreensão dos fenômenos psíquicos. Sua pesquisa abrange os quadros sociais da memória, as relações por intermédio das quais o pensamento individual é substituído e socorrido pela memória coletiva. 4º Encontro Nacional de Pesquisadores de Periódicos Literários, 4., 2010, Feira de Santana. Anais. Feira de Santana: Uefs, 2013. 195 As convenções verbais constituem o quadro mais estável e elementar da memória coletiva; são permeáveis a todas as lembranças, retendo os detalhes isolados e os elementos descontínuos da representação. É muito grande o intervalo entre a impressão que se procura evocar e o momento atual, por isso, uma lembrança geralmente se debilita à medida que recua no passado. A semelhança das representações permanentes e estáveis possibilita que os eventos essenciais do passado reapareçam, através da percepção, no presente, de similaridades históricas, políticas e sociais. Ao percorrermos a literatura específica da história (LE GOFF, 1996) nos deparamos com a história da memória, os enfoques que a questão vem recebendo desde a antiguidade greco-romana até a atualidade. É no encontro de uma memória com a atualidade que o novo se institui. Segundo Indursky & Campos, a memória é um referencial vivo na construção das identidades, pois, em sua capacidade de filtrar e manter o sentido, atua por meio de seus processos e efeitos, os quais podem ser tanto de lembrança, de redefinição e de transformação quanto de esquecimento, de ruptura e de negação do vivido e do já dito. Se a memória é, portanto, um fator inerente a construção de identidade, o discurso é o espaço de conhecimento e de interação através do qual o ser humano se faz sujeito, inscrevendo-se no campo da prática social, que é eminentemente histórica.iii Com isso encaminhamos nossa reflexão acerca das relações entre história, narrativa, memória e silenciamento. 3 HISTÓRIA, MEMÓRIA E SILENCIAMENTO História e memória são vistas muitas vezes como sinônimas. No entanto, não compreendemos assim visto que a história é a forma científica da memória e memória é o que fica do passado, o que se mantém como vivido e que é dado a conhecer pela narrativa histórica, pelos mitos, emblemas, monumentos, documentos e sinais, conforme Le Goff (1996). A dialética da história parece resumir-se numa oposição – ou num diálogo – passado/presente (e/ou presente/passado). Em geral, esta oposição não é neutra, mas subentende, ou exprime um sistema de atribuições de valores, como, por exemplo, nos 4º Encontro Nacional de Pesquisadores de Periódicos Literários, 4., 2010, Feira de Santana. Anais. Feira de Santana: Uefs, 2013. 196 pares antigo/moderno, progresso/reação. Da Antiguidade ao século XVIII desenvolveuse ao redor do conceito de decadência uma visão pessimista da história, que voltou a apresentar-se em algumas ideologias da história no século XX. Quando nos referimos à história estamos concebendo-a numa perspectiva de movimento, de ordem que organiza de modo contingente a própria realidade. A história é dotada de propriedades que organizam a constituição dos fatos, na concepção materialista histórica. Segundo Henryiv, as características próprias que a história tem afetam a língua e são a possibilidade das ciências. Ao contrapor concepções acerca da posição da história no contexto das ciências sociais, expõe que a ordem da história trabalha constituindo as ciências e seus objetos. A partir daí surge à questão da memória, pois o que é trazida à lembrança decorre de uma memória que se atualiza e se ressignifica a cada retomada. Dessa forma, aquilo que se designa memória coletiva já resulta de retomadas intermináveis no arquivo da vida da sociedade, onde continuidades e rupturas se sucedem. A memória coletiva, de acordo com Pierre Nora “é o que fica do passado no vivido dos grupos ou o que os grupos fazem do passado”v. Devemos entender, entretanto, que o que fica do passado não foi selecionado por mera coincidência, mas sim sob efeitos ideológicos e imaginários. Nessa perspectiva Le Goff, ao expor as contribuições que a psicologia e a psicanálise acrescentaram aos estudos da memória individual, ressalta que a memória coletiva foi posta em jogo de forma importante na luta das forças sociais pelo poder. Tornarem-se senhores da memória e do esquecimento é uma das grandes preocupações das classes, dos grupos, dos indivíduos que dominaram e dominam as sociedades históricas. Os esquecimentos e os silêncios da história são reveladores desses mecanismos de manipulação da memória coletiva. vi Nesse sentido, podemos pensar a memória nos seus efeitos silenciadores, ou seja, aquilo que é trazido à lembrança faz com que outras versões de um mesmo acontecimento histórico sejam silenciadas. Le Goff diz isso, quando assegura que a memória pode negar a experiência temporal e a história. Para ele a memória convertese no elemento fundamental da “identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje, na febre e na angústia”.vii 4º Encontro Nacional de Pesquisadores de Periódicos Literários, 4., 2010, Feira de Santana. Anais. Feira de Santana: Uefs, 2013. 197 Em Gérard Namer (1987) as operações realizadas pela memória junto à lembrança, o silêncio e o esquecimento estão onipresentes em qualquer pesquisa sobre a matéria ou aparecem em algumas das fases do fenômeno perquirido. O silêncio pode oscilar entre as barreiras do encobrimento e do indizível, em alguns casos, esbarra na incapacidade de comunicação, por traumática que resulta a experiência de lembrar. Todo silêncio (ou esquecimento) sustenta um projeto ou uma identidade; elimina o passado em favor de um presente, dum futuro que se pretende construir, ou da identidade do grupo portador da lembrança. A ligação entre silêncio e memória permite perceber, segundo Orlandiviii, que a memória é feita de esquecimento, de silêncios e silenciamentos. A forma do silêncio fundante é a base sobre a qual se constrói a dimensão da política do silêncio, o silêncio existe como matéria significativa, sem a qual não há sentido, que o dizer se povoa com alguns sentidos para que outros não sejam ditos e não signifiquem. Mas o silêncio está sempre a irromper os limites do dizer de modo a fazer com que o não–dito signifique. Esquecimento, seleção, silêncio e nostalgia exprimem a tessitura do tempo na lembrança e revelam o privilégio concedido ao passado, a se oferecer como refúgio, não somente ante a idade, mas frente à situação num presente percebido como menos válido. A memória é capaz de produzir, à margem, ou a partir da realidade que remodela, a emergência de um mito, herói ou contra-mito, esse, reunindo elementos da recusa ou da exclusão. 4 A MEMÓRIA LATINO-AMERICANA, EM LAS MEMORIAS DEL GENERAL, DE TOMÁS ELOY MARTÍNEZ Tomás Eloy Martínez nasceu em Tucumán, uma província ao norte da Argentina, em 1934. Trabalhou como jornalista, chegando mesmo a ser o correspondente mais famoso do semanário Primera Plana, da Argentina, na década de sessenta. Escreveu diversos livros, entre os quais se encontram: seu primeiro romance (1969) chamado Sagrado; um relato jornalístico chamado La pasión según Trelew (1974); outro relato intitulado Lugar común, la muerte (1979); La mano del amo, um romance de 1991; Las Memorias del General (1996); dois romances de ficção histórica: La novela de Perón (1985) e Santa Evita (1995), este considerado o best-seller mais 4º Encontro Nacional de Pesquisadores de Periódicos Literários, 4., 2010, Feira de Santana. Anais. Feira de Santana: Uefs, 2013. 198 traduzido da história da Argentina. Além desses trabalhos, em 1999 publicou El sueño argentino; em 2002 ganhou o primeiro prêmio literário de sua carreira, o V Alfaguara de Novela, com El Vuelo de la Reina; e em 2004 lançou o seu mais recente romance, intitulado El cantor de tango. Dentre os vários livros do escritor e jornalista argentino, faremos uma breve análise da obra Las memorias del general, dando ênfase a construção do sujeito do enunciado, a compreensão do referente histórico e o resgate da memória. A seleção da temática e o período em que Tomás Eloy Martínez escreveu este romance devem ser vistos como duas probabilidades de intersecção entre Literatura e História. A relação entre História e Literatura está presente na literatura latino-americana desde as suas origens e o boom da literatura da nossa região, também conhecida como literatura do Real Maravilhoso. Pedro Páramo de Juan Rulfo, Cem anos de solidão de Gabriel García Marquez e O Século das Luzes de Alejo Carpentier, lidaram criativamente com a História como forma de compreensão da América Latina. Inventaram uma nova literatura para poder falar de uma realidade, que por vezes era intolerável. Enquanto que as Ciências Sociais nos países centrais olhavam para os latino-americanos como seres indiferentes, corruptos e pouco dispostos às imprescindíveis transformações estruturais, eles mostravam como estas pessoas eram sujeitos do seu próprio destino e regiam as injustiças sofridas. Para poder compreender como uma série de ditaduras se sustentava e se perpetuava marcando a política do hemisfério, os escritores latino-americanos inventaram o realismo mágico. A partir dos anos 70, a situação política foi tornando-se cada vez mais dura e nem o recurso a magia conseguiu tornar tolerável a realidade, restava a retórica e certos efeitos de estranhamento, cada vez mais vazios. Ditaduras sangrentas e sádicas, apoiadas pelos Estados Unidos, competiam entre si pelo título de pior ditadura da região. Na década de 70 e 80, a literatura testemunhal surgiu como um meio adequado a esta situação, pois era preciso escrever como forma de crítica da realidade para lembrar os que caíam nas mãos das ditaduras e para não esquecer as atrocidades. Nesse contexto, Tomás Eloy Martínez, ao final de março de 1970, grava na residência madrilena de Puerta de Hierro, um testemunho que modificaria de maneira 4º Encontro Nacional de Pesquisadores de Periódicos Literários, 4., 2010, Feira de Santana. Anais. Feira de Santana: Uefs, 2013. 199 profunda a visão da história argentina contemporânea: as memórias de Juan Domingo Perón. Segundo Martínez, En aquellos tiempos, acercarse al General parecía una pérdida de tiempo. Los militares que gobernaban el país, los políticos y hasta algunos de los jefes sindicales que habían construido su poder a la sombra de Perón creían que era un hombre acabado y se peleaban encarnizadamente por heredar el voto de sus adictos. El propio General estimulaba esas codicias. Dejaba caer frases de abandono y derrota: “Soy un león herbívoro”; o bien: “Ya estoy amortizado. No quiero nada para mí”, a la vez que, con paciencia y astucia, iba restaurando su fuerza política a través de la ofensiva de las guerrillas y del control de los sindicatos más agresivos. ix Ao investigar a memória na obra Las memorias del general, partimos do conceito de Le Goff, “a memória, na qual cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir ao presente e ao futuro. Devemos trabalhar de forma que a memória coletiva sirva para a libertação e não para a servidão dos homens”x. No entanto, essa memória recorre à vida de Perón desde o seu nascimento até o exílio em Madrid, acompanhadas de cartas, documentos e testemunhos até hoje desconhecidos de familiares, ex- colegas de armas e amigos de sua infância. Nas palavras de Tomás Eloy Martínez, Este libro respeta y al mismo tiempo se subleva contra esa voluntad. Después de veinte años, muchas de las pasiones que Perón encendió se han apagado, y su historia –sobre toda la elusiva historia de su juventud – puede, tal vez, ser leída sin prejuicios. He incluido, en un apéndice, las Memorias que Perón aprobó y que debían servir, según López Rega, como “el merecido monumento de su ejemplo político”. xi Nesse sentido, Las memórias del general , proporciona uma reflexão do panorama latino-americano no século XX, e especialmente um relato de um dos políticos mais importantes da América Latina, Juan Domingo Perón, que foi por três vezes presidente da Argentina, promovendo grandes mudanças no país. No entanto, é comum conceber o peronismo como a experiência argentina de um fenômeno amplo de processos de industrialização, em geral em países com economias baseadas no setor primário, habitualmente denominado populismo. Em contrapartida, o peronismo apresenta outras características peculiares da sociedade argentina, como o conflito que já tinha surgido em pleno auge do modelo 4º Encontro Nacional de Pesquisadores de Periódicos Literários, 4., 2010, Feira de Santana. Anais. Feira de Santana: Uefs, 2013. 200 agroexportador pela disputa social de participação política e por cargos dirigentes contra a elite tradicional. Na realidade, as variantes possíveis do livro Las memarias del general na história, é o eixo central que viabiliza deduzir as chaves da Argentina, inclusive do peronismo. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Assim, a tarefa que Tomás Eloy Martínez se impõe é a de apresentar alternativas e construir sentidos sobre o passado, reorientar as interpretações sobre o passado, um passado sem certezas e que precisava voltar a fazer sentido. E a figura de Perón serviu para que o autor conseguisse explicar o massacre e o fracasso de um projeto de transformação política e econômica da Argentina. Sua escrita memorialística permite lançar novas visadas a uma história anônima, silenciada, oculta, mas jamais esquecida, desde o populismo peronista às ditaduras militares. NOTAS ________________________ i Nora, 1988, p. 34 Cuesta Bustillo, 1998, p. 203-224 iii Campos & Indursky, 2000, p.12. iv Bergson, 1994, p. 26-54. v Apud Le Goff, 1996, p. 472. vi Le Goff, 1996, p. 426. vii Le Goff, 1996, p. 469. viii Orlandi, 1999, p.59. ix Martínez, 1996, p. 10. x Le Goff, 1996, p. 471. xi Martínez, 1996, p. 14. ii RESUMO O presente artigo tem como objetivo analisar as relações existentes entre História, Literatura, Memória e Silenciamento na obra de Tomás Eloy Martínez, enfatizando a construção do sujeito do enunciado, a compreensão do referente histórico e o resgate da memória. Em um primeiro momento, situamos o deslize realizado pela ficção latinoamericana, no sentido de elaboração de uma dicção própria, que avance desde as margens aos centros de poder, subvertendo a hegemonia, a fim de aí localizarmos o discurso de Martínez. Antes de procedermos ao estudo do gênero narrativo das memórias e da memória individual, coletiva e social, voltamo-nos à compreensão do 4º Encontro Nacional de Pesquisadores de Periódicos Literários, 4., 2010, Feira de Santana. Anais. Feira de Santana: Uefs, 2013. 201 contexto histórico argentino no século XX, detendo-nos sobre a era peronista e as ditaduras militares dos anos 1960-80. É a partir da análise da moldura contextual em foco que pretendemos resgatar uma importante parcela da memória latino-americana, voltando-nos também ao sujeito do enunciado de Las memorias del general (1996). PALAVRAS-CHAVE: Memória. História. Tomás Eloy Martínez. ABSTRACT This article intends to discuss the relations existing between History, Literature, Memory, and Silencing, the work of Tomás Eloy Martínez, emphasizing the construction of the subject of enunciated, understanding of historical reference and the rescue of memory. In the first time, we situate the slippage performed by fiction LatinAmerican, in the sense of drawing up a diction own, to move from the margins to centers of power, thus distorting the hegemony, in order to locate the speech Martínez. Before we proceed to the study of the gender narrative of memories and memory individual, collective and social, we turn to understanding the historical context of Argentina in the since XX, detaining upon the Peronist era and military dictatorships of years 1960-80. It is from the contextual analysis of the frame that we intend to focus a significant portion of memory in Latin America, returning us to the subject also of the statements of Las memorias del general (1996). KEYWORDS: Memory. History. Tomás Eloy Martínez. REFERÊNCIAS BERGSON, Henri. Matéria e memória: ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. 2. ed. Traduzido por Paulo Neves. São Paulo: Martins Fontes, 1999. CAMPOS, Maria do Carmo & INDURSKY Freda (Org.). 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