Projeto Elétrico, Leiaute e Análise de um Oscilador em Anel

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Trabalho 5: Projeto Elétrico, Leiaute e Análise de um
Oscilador em Anel
Dieison Soares Silveira
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS
Instituto de Informática
Programa de Pós-Graduação em Computação
[email protected]
1. Introdução
Este trabalho apresenta o projeto elétrico e o leiaute de um oscilador em anel
CMOS. O oscilador projetado utiliza cinco estágios de inversores CMOS estáticos de
mesmo tamanho, sendo esses inversores os desenvolvidos no primeiro trabalho da
disciplina. As simulações elétricas foram realizadas utilizando o esquemático após a
extração de elementos parasitas a partir do leiaute desenvolvido. Essas simulações
elétricas tiveram como targets dois níveis de tensão: 3,3 V e 1,0 V. Nesse projeto foram
aplicadas as regras de leiaute e os parâmetros do PDK (Physical Design Kit) da empresa
AMS para tecnologia CMOS 0,35µm.
A Seção 2 apresenta a metodologia utilizada no trabalho, identificando
ferramentas e parâmetros utilizados. Além disso, as restrições de projeto determinadas
para esse trabalho são apresentadas nessa seção. A Seção 3 apresenta a caracterização
elétrica do oscilador projetado, apresentando o diagrama esquemático utilizado e o
testbench utilizado. A Seção 4 apresenta o leiaute desenvolvido e a extração dos
parasitas desse leiaute. A Seção 5 apresenta a análise dos tempos de resposta para o
oscilador em anel para os dois níveis de tensão utilizados. Por fim, a Seção 6 apresenta
os resultados de potência dissipada, teórica e real, e a energia consumida pelo oscilador
em anel.
2. Metodologia e restrições do trabalho
Os resultados apresentados nesse trabalho foram obtidos através do software de
EDA Virtuoso da Cadence utilizando o simulador elétrico SPECTRE™. Na
caracterização elétrica foram adotados os seguintes passos:

Projeto lógico e elétrico do oscilador em anel CMOS

Projeto de leiaute do oscilador em anel CMOS

Cálculo dos tempos de resposta para as duas tensões utilizadas

Cálculo da potência média dissipada e RMS para frequência de chaveamento
atingida pelo oscilador

Cálculo da energia média consumida pelo oscilador durante um período
completo de oscilação para as duas tensões utilizadas

Trilhas de alimentação de Metal M1 com largura de 2µm

Altura da célula de 10 µm

Não utilizar polígonos de Metal M3 e M4

Fazer o leiaute minimizado, permitindo interconexão pelo abutment

Utilizar o comprimento mínimo de canal permitido pelas regras de leiaute
3. Caracterização elétrica
Considerando a metodologia e as restrições de projeto apresentados na Seção 2,
o projeto esquemático do oscilador em anel foi elaborado. As larguras de canal adotadas
para os inversores que compõem o oscilador em anel foram: 2 µm para os transistores
NMOS e 3 µm para os transistores PMOS. A Figura 1 apresenta o esquemático do
oscilador em anel com os cinco inversores.
Figura 1. Esquemático do oscilador em anel CMOS
A partir da Figura se pode perceber que existe apenas as entradas de
alimentação, VDD e GND, para o oscilador. Isto ocorre porque este oscilador utiliza
realimentação, onde a saída do quinto inversor está conectada na entrada do primeiro
inversor, isso acaba gerando um sinal de saída sem a necessidade de um sinal de
entrada.
Após as etapas iniciais de projeto esquemático e definição do símbolo, um
projeto esquemático de testbench foi desenvolvido. Esse projeto foi utilizado na
caracterização elétrica do oscilador em anel. A Figura 2 apresenta uma ilustração do
testbench utilizado. Pode também ser observado nesta figura a tensão de alimentação
que foi utilizada, neste caso de 1V, porém em outra análise foi utilizada a tensão de
3,3V.
Figura 2. Testbench utilizado na caracterização elétrica do oscilador
4. Leiaute e extração de parasitas do oscilador em anel
Antes da extração das características elétricas do oscilador em anel, foi realizada
a definição e verificação do seu leiaute sob as regras de leiaute e os parâmetros do PDK
(Physical Design Kit) da empresa AMS para tecnologia CMOS 0.35μm (processo
C35B4), considerando ainda todas as decisões de projeto já citadas nas seções
anteriores.
O leiaute proposto para o oscilador em anel pode ser visualizado na Figura 3.a.
Neste leiaute foi utilizado duas trilhas de metal para GND e uma para VDD com três
inversores no primeiro track e dois no segundo. A trilha de VDD foi colocada no centro
do leiaute e foi compartilhada pelos cinco inversores. Desta forma, minimizando os
elementos parasitas do circuito. Após todas as verificações, a versão extraída desse
leiaute, contendo os componentes parasitas modelados pela ferramenta, pode ser
visualizada na Figura 3.b. A largura dessa célula é de 9,35 μm, totalizando uma área
total de 187 (μm)², uma vez que este leiaute utiliza dois tracks de 10 μm.
(a)
(b)
Figura 3. Leiaute (a) e leiaute extraído com elementos parasitas (b) do oscilador
em anel CMOS
5. Análise dos tempos de resposta
Para caracterização dos tempos de resposta do oscilador em anel, uma análise
transiente dos sinais de saída dos inversores internos no testbench (Figura 2) foi
realizada. Desta forma, é possível obter os valores de tempo de subida e descida dos
sinais (Trise e Tfall, respectivamente), além da propagação de atraso H-L e L-H (Tphl e
Tplh). Utilizando as definições em Rabaey [Rabaey et al. 2004], esses valores podem ser
calculados conforme a Figura 4.
Figura 4. Definições de tempos de resposta
O atraso Tp das portas projetadas é dado como a média do pior atraso de todas
as possibilidades de Tphl e Tplh, considerando as seguintes condições de estresse:
temperatura ambiente e tensão nominal de alimentação VDD = 3,3V e 1,0V. Assim, é
preciso especificar quais análises de transição serão realizadas. As curvas obtidas na
análise transiente aplicada ao circuito para os dois níveis de tensão podem ser vistas nas
Figuras 5 e 6.
Figura 5. Curvas das saídas dos inversores com VDD = 3,3V
Figura 6. Curvas das saídas dos inversores com VDD = 1,0V
As Figuras 5 e 6 apresentam as curvas da análise transiente para as duas tensões
avaliadas, 3,3V e 1,0V. Na Figura 5 o gráfico temporal varia de 0 a 3 ns e pode ser visto
que a saída do quinto inversor fica estável a partir de 1,2 ns. Na Figura 6 o gráfico
temporal mostra um intervalo de tempo muito maior, de 0 a 400 ns, quando comparado
ao gráfico da Figura 5. Isto se deve ao fato que a tensão utilizada no oscilador da Figura
6 é menor que da Figura 5, para a mesma largura nos inversores. Desta forma, o
desempenho do oscilador com tensão de 1,0V é inferior ao desempenho do oscilador
com tensão de 3,3V, sendo que a saída desse oscilador fica estável somente após 385 ns.
A Tabela 1 apresenta os tempos de resposta para o oscilador em anel Tphl, Tplh,
Tr, Tf e Tp médio para os dois níveis de tensão avaliados, utilizando as informações
extraídas do leiaute. Além disso, é apresentada na Tabela 1 a frequência de oscilação
(Fosc) e a frequência de oscilação teórica (Fteórico) esperada como função dos atrasos e
número de estágios do oscilador. Para o cálculo da Fteórico foi utilizada a equação 1, onde
Tp é o tempo médio de propagação do inversor inv1x do segundo trabalho; N é o
número de estágios do oscilador em anel; e o fator 2 se deve ao fato de que para um
ciclo completo é necessário uma transição low-to-high e uma high-to-low. A equação 2
apresenta a fórmula para o cálculo que foi utilizado para estimar a frequência de
oscilação (Fosc) do oscilador em anel.
(1)
(2)
Tabela 1. Tempos de resposta do oscilador em anel CMOS
Tensão
Tr
Tf
Tphl
Tplh
Tp
Fosc
Fteórico
3,3 V
1,0 V
114 ps
864 ps
63 ps
326 ps
208 ps
2219 ps
208 ps
2219 ps
208 ps
2219 ps
1923 MHz
180 MHz
2941 MHz
434 MHz
Conforme pode ser observado na Tabela 1, os tempos de resposta obtidos para o
oscilador em anel com tensão de 1,0 são sempre mais lentos quando comparados aos
tempos obtidos com tensão em 3,3V. Isto se deve ao fato de que quanto maior for a
diferença de tensão entre o gate e source, menor é a resistência do canal e maior é a
corrente. Desta forma, tensões maiores fazem com que a resposta dos transistores sejam
mais rápidas.
Outro fato a ser observado na Tabela 1 é a diferença entre a Fosc e a Fteórica. A
Fteórico foi obtida considerando o Tp médio do inversor com resultados do leiaute
extraído, porém com fan-in e fan-out = 0. Dessa forma, já era esperado que a Fteórica
fosse maior que a Fosc, uma vez que para a Fteórica não foram consideradas as conexões
entre os inversores que compõem o oscilador em anel.
6. Potência e energia média consumida
A potência média e a energia consumida pelo oscilador em anel para as duas
tensões foram calculadas considerando a análise transiente utilizando as frequências
apresentadas na Tabela 1. Além desses resultados, são apresentados os resultados para
potência média teórica, a qual foi estimada utilizando as informações de potência obtida
pelo inversor inv1x. As equações 3 e 4 apresentam as fórmulas utilizadas para o cálculo
da potência média (Potav) e potência média teórica (Potteórica). Onde, isupply é a corrente
que está sendo transferida da tensão Vsupply sobre um intervalo de tempo t ϵ [0, T], e N é
o número de estágios utilizados no oscilador em anel.
∫
(3)
(4)
Para o cálculo do consumo de energia média, considerou-se um período
completo de oscilação para os dois níveis de tensão. Sendo para a tensão de 1,0V o
período T = 2219 ps e para a tensão de 3,3V o período T = 208 ps. A Tabela 2 sumariza
os resultados de potência e energia obtidos através das simulações para os dois níveis de
tensão utilizados.
Tabela 2. Resultados de potência média, RMS e energia consumida pelo
oscilador em anel CMOS
Tensão
1,0 V
3,3 V
Potência
Média
4,29 µW
2,31 mW
Potência
RMS
8,30 µW
2,45 mW
Potência
Teórica
8,6 µW
96,75 µW
Consumo
Energético
0,0095 pJ
0,48 pJ
Pode ser observado na Tabela 2 que os resultados estimados para potência
teórica são bem diferentes dos resultados medidos pela ferramenta para o oscilador em
anel. Isto já era esperado, uma vez que no cálculo da potência teórica muitos
componentes não estão sendo considerados, tais como: parasitas entre as células,
conexões e compartilhamento de trilha de VDD. Além disso, o inversor inv1x que
serviu de base para obtenção dos resultados teóricos possui na sua entrada uma fonte de
tensão que produz um pulso de entrada, o qual acaba gerando uma dissipação de
potência diferente quando comparado aos inversores utilizados no oscilador em anel.
Esse pulso de entrada acaba afetando principalmente os resultados para tensão de 1,0 V,
o qual está em um cenário mais suscetível a este estímulo. Isto faz com que o resultado
de potência teórica seja maior que a potência real nesse cenário. Já para os resultados
com tensão a 3,3V os componentes parasitas do leiaute completo do oscilador foram
predominantes, fazendo com que o resultado de potência média real fosse 25 vezes
maior que a potência teórica.
Assim, fica clara a importância que os resultados de leiaute possuem sobre o
processo de concepção de um circuito integrado. Expandindo esses resultados a um
nível de complexidade maior, essas diferenças que foram observadas para esta célula
devem se tornar ainda maiores. Dessa forma, a extração de componentes parasitas tornase essencial para obter resultados confiáveis de tempo e dissipação de potência do
circuito.
Referências
Rabaey, J. M., Chandrakasan, A., and kikolic, B. (2003). Digital Integrated Circuits: A
Design Perspective. Prentice Hall, 2nd edition.
AMS 0.35 µm CMOS C35 Design Rules, revisão 2.0, 2003.
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