(Analista Administrativo/Ministério Público da União/2010) 1. Inovar

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(Analista Administrativo/Ministério Público da União/2010)
1. Inovar é recriar de modo a agregar valor e incrementar a eficiência, a produtividade e
2. a competitividade nos processos gerenciais e nos produtos e serviços das organizações.
3. Ou seja, é o fermento do crescimento econômico e social de um país. Para isso, é
4. preciso criatividade, capacidade de inventar e coragem para sair dos esquemas
5. tradicionais. Inovador é o indivíduo que procura respostas originais e pertinentes em
6. situações com as quais ele se defronta. É preciso uma atitude de abertura para as
7. coisas novas, pois a novidade é catastrófica para os mais céticos. Pode-se dizer que o
8. caminho da inovação é um percurso de difícil travessia para a maioria das instituições.
9. Inovar significa transformar os pontos frágeis de um empreendimento em uma realidade
10. duradoura e lucrativa. A inovação estimula a comercialização de produtos ou serviços e
11. também permite avanços importantes para toda a sociedade. Porém, a inovação é
12. verdadeira somente quando está fundamentada no conhecimento. A capacidade de
13. inovação depende da pesquisa, da geração de conhecimento. É necessário investir em
14. pesquisa para devolver resultados satisfatórios à sociedade. No entanto, os resultados
15. desse tipo de investimento não são necessariamente recursos financeiros ou valores
16. econômicos, podem ser também a qualidade de vida com justiça social.
Luís Afonso Bermúdez. O fermento tecnológico.
In: Darcy. Revista de jornalismo científico e
cultural da Universidade de Brasília, novembro e
dezembro de 2009, p. 37 (com adaptações).
Considerando a organização das ideias e estruturas linguísticas do texto, julgue os seguintes
itens.
01.
Na linha 6, o segmento “as quais” remete a “situações” e, por isso, admite a substituição
pelo pronome que; no entanto, nesse contexto, tal substituição provocaria ambiguidade.
Item errado – A substituição de “as quais” por “que” não provocaria ambiguidade, pois é
fácil perceber que o pronome se refere a “situações”, e não a “respostas”. Aliás, se
pensarmos em ambiguidade, o pronome “as quais” também a provocaria, visto que tanto
“respostas” quanto “situações” são vocábulos femininos no plural. Agora imaginemos que
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em lugar de “respostas” tivéssemos, por exemplo, a palavra “recursos”. Aí, sim, haveria
necessidade do uso de “as quais” para termos certeza de que o pronome recupera
“respostas”, e não “recursos”. Vejamos: “Inovador é o indivíduo que procura recursos
originais e pertinentes em situações com as quais (as quais = situações) ele se defronta.
02.
O período sintático iniciado por “Inovar significa” (ℓ. 9) estabelece, com o período
anterior, relação semântica que admite ser explicitada pela expressão “Por conseguinte”,
escrevendo-se: Por conseguinte, inovar significa (...).
Item errado – A inserção do conectivo conclusivo “por conseguinte” prejudicaria o sentido
existente entre os dois períodos, uma vez que estabelece com o primeiro uma relação
semântica de explicação, e não de conclusão. Em outras palavras, o período sintático
iniciado por “Inovar significa” é uma justificativa do que se disse anteriormente. Assim,
seria correto iniciá-lo por “pois” e sinônimos.
03.
Subentende-se da argumentação do texto que o pronome demonstrativo, no trecho
“desse tipo de investimento” (ℓ. 15), refere-se à ideia de “fermento do crescimento
econômico e social de um país” (ℓ. 3).
Item errado – O pronome demonstrativo “esse” refere-se a “pesquisa”, e não à ideia de
“fermento do crescimento econômico e social de um país”.
04.
A forma verbal “é” (ℓ. 3) está flexionada no singular porque, na oração em que ocorre,
subentende-se “Inovar” (ℓ. 1) como sujeito.
Item certo – Tanto na 1ª linha quanto na 3ª o sujeito do verbo “ser” é “inovar”, por isso
as formas verbais estão no singular. Vejamos o texto com a inserção de “inovar” antes
da 2ª forma verbal “é”: “Inovar é recriar de modo a agregar valor e incrementar a
eficiência, a produtividade e a competitividade nos processos gerenciais e nos produtos e
serviços das organizações. Ou seja, inovar é o fermento do crescimento econômico e
social de um país.”.
1. Nós, seres humanos, somos seres sociais: vivemos nosso cotidiano em contínua
2. imbricação com o ser de outros. Isso, em geral, admitimos sem reservas. Ao mesmo
3. tempo, seres humanos, somos indivíduos: vivemos nosso ser cotidiano como um
4. contínuo devir de experiências individuais intransferíveis. Isso admitimos como algo
5. indubitável. Ser social e ser individual parecem condições contraditórias da existência.
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6. De fato, boa parte da história política, econômica e cultural da humanidade,
7. particularmente durante os últimos duzentos anos no ocidente, tem a ver com esse
8. dilema. Assim, distintas teorias políticas e econômicas, fundadas em diferentes
ideologias
9. do humano, enfatizam um aspecto ou outro dessa dualidade, seja reclamando uma
10. subordinação dos interesses individuais aos interesses sociais, ou, ao contrário,
11. afastando o ser humano da unidade de sua experiência cotidiana. Além disso, cada
uma
12. das ideologias em que se fundamentam essas teorias políticas e econômicas constitui
13. uma visão dos fenômenos sociais e individuais que pretende firmar-se em uma
descrição
14. verdadeira da natureza biológica, psicológica ou espiritual do humano.
Humberto Maturana. Biologia do fenômeno social:
a ontologia da realidade. Miriam Graciano (Trad.).
Belo Horizonte: UFMG, 2002, p. 195 (com
adaptações).
A respeito da organização das estruturas linguísticas e das ideias do texto, julgue os itens a
seguir.
05.
Depreende-se do texto que as “condições contraditórias” mencionadas na linha 5
decorrem da dificuldade que o ser humano tem em admitir que suas experiências são
intransferíveis porque surgem de “um contínuo devir” (ℓ. 4).
Item errado – O ser humano não tem dificuldade em admitir que suas experiências são
intransferíveis porque surgem de “um contínuo devir”, uma vez que, de acordo com o
texto, “Isso admitimos como algo indubitável” (O termo “indubitável” significa
“incontestável”, “indiscutível”). Na verdade, as “condições contraditórias” são
consequência de o homem existir como ser individual e social: “Assim, distintas teorias
políticas e econômicas, fundadas em diferentes ideologias do humano, enfatizam um
aspecto ou outro dessa dualidade, seja reclamando uma subordinação dos interesses
individuais aos interesses sociais, ou, ao contrário, afastando o ser humano da unidade
de sua experiência cotidiana”.
06.
Nas relações de coesão do texto, as expressões “esse dilema” (ℓ. 7-8) e “dessa
dualidade” (ℓ. 9) remetem à condição do ser humano: unitário em “sua experiência
cotidiana” (ℓ. 11), mas imbricado “com o ser de outros” (ℓ. 2).
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Item certo – As expressões “esse dilema” e “dessa dualidade” – anafóricas, uma vez que
se referem a termos anteriores – remetem à condição do ser humano: unitário em “sua
experiência cotidiana”, mas imbricado “com o ser de outros”, ou seja, deve-se à
dualidade do homem: existir simultaneamente como ser individual e social. Isso pode ser
comprovado no texto: “Ser social e ser individual parecem condições contraditórias da
existência. De fato, boa parte da história política, econômica e cultural da humanidade,
particularmente durante os últimos duzentos anos no ocidente, tem a ver com esse
dilema (esse dilema = “Ser social” (“imbricado „com o ser de outros‟”) e ser individual
(unitário em „sua experiência cotidiana”). Assim, distintas teorias políticas e econômicas,
fundadas em diferentes ideologias do humano, enfatizam um aspecto ou outro dessa
dualidade (dessa dualidade = “Ser social” (“imbricado „com o ser de outros‟”) e ser
individual (unitário em „sua experiência cotidiana‟‟) {...}”.
07.
Nas linhas 11 e 12 na concordância com “cada uma das ideologias”, a flexão de plural em
“fundamentam” reforça a ideia de pluralidade de “ideologias”; mas estaria
gramaticalmente correto e textualmente coerente enfatizar “cada uma”, empregando-se
o referido verbo no singular.
Item errado – O verbo “fundamentar” deve ficar obrigatoriamente no plural, visto que o
sujeito paciente é “essas teorias políticas e econômicas”, e não “cada uma” (o que se
fundamenta – Resposta: essas teorias políticas e econômicas = sujeito; ordem direta:
essas teorias políticas e econômicas fundamentam-se = essas teorias políticas e
econômicas são fundamentadas). Quanto ao verbo “constituir”, está no singular, pois
concorda com “cada uma” (cada uma das ideologias constitui).
08.
A inserção de termo “como” antes de “seres humanos” (ℓ. 3) preservaria a coerência
entre os argumentos bem como a correção gramatical do texto.
Item certo – No fragmento “Ao mesmo tempo, seres humanos, somos indivíduos”
percebe-se uma relação de causa e consequência, por isso a inserção de “como”,
equivalente a “visto que”, preservaria a coerência entre os argumentos bem como a
correção gramatical do texto. (Ao mesmo tempo, como {= visto que} seres humanos,
somos indivíduos = Ao mesmo tempo, como somos (verbo subentendido) seres
humanos, somos indivíduos.
09.
Na linha 3, o sinal de dois-pontos tem a função de introduzir uma explicação para as
orações anteriores; por isso, em seu lugar, poderia ser escrito porque, sem prejuízo para
a correção gramatical do texto ou para sua coerência.
Item certo – O sinal de dois-pontos introduz uma justificativa para o que se afirmou
anteriormente, por isso poderia ser substituído por “porque”. No entanto, o conectivo
explicativo deveria ser precedido de vírgula, já que teríamos uma oração coordenada
explicativa. Assim, a questão deveria ser considerada errada. Apesar disso, a Banca
considerou-a correta. Nossa proposta de reescritura: Ao mesmo tempo, seres humanos,
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somos indivíduos, porque vivemos nosso ser cotidiano como um contínuo devir de
experiências individuais intransferíveis.
1. As diferenças de classes vão ser estabelecidas em dois níveis polares: classe
2. privilegiada e classe não privilegiada. Nessa dicotomia, um leitor crítico vai perceber
que
3. se trata de um corte epistemológico, na medida em que fica óbvio que classificar por
4. extremos não reflete a complexidade de classes da sociedade brasileira, apesar de
5. indicar os picos. Em cada um dos polos, outras diferenças se fazem presentes, mas
6. preferimos alçar a dicotomia maior que tanto habita o mundo das estatísticas quanto,
e
7. principalmente, o mundo do imaginário social. Estudos a respeito de riqueza e pobreza
8. ora dão quitação a classes pela forma quantitativa da ordem do ganho econômico, ora
9. pelo grau de consumo na sociedade capitalista, ora pela forma de apresentação em
10. vestuário, ora pela violência de quem não tem mais nada a perder e assim por
diante. O
11. imaginário, em sua organização dinâmica e com sua capacidade de produzir imagens
12. simbólicas e estereótipos, maneja representações que possibilitam pôr ordem no
caos. O
13. imaginário, acionado pela imaginação individual, é pluriespacial e, na interação
social,
14. constrói a memória, a história museológica. Mesmo que possamos pensar que
15. estereótipos são resultado de matrizes, a cultura é dinâmica, porquanto símbolos e
16. estereótipos são olhados e ressignificados em determinado instante social.
Dina Maria Martins Ferreira. Não pense, veja.
São Paulo: Fapesp&Annablume, p. 62 (com
adaptações).
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Com base na organização das ideias e nos aspectos gramaticais do texto acima, julgue os itens
que se seguem.
10.
O uso da forma verbal “se trata” (ℓ. 3), no singular, atende às regras de concordância
com o termo “um corte epistemológico” (ℓ. 3) e seriam mantidas a coerência entre os
argumentos e a correção gramatical do texto se fosse usado o termo no plural, cortes
epistemológicos, desde que o verbo fosse flexionado no plural: se tratam.
Item errado – Em “se trata de um corte epistemológico”, o verbo não está no singular
porque concorda com o termo “um corte epistemológico”, mas porque é um verbo
transitivo indireto seguido de “se”, que é índice de indeterminação do sujeito. Como
sabemos, com índice de indeterminação do sujeito, o verbo fica obrigatoriamente no
singular. Assim, se usássemos o termo “cortes epistemológicos”, o verbo continuaria no
singular. Observemos que “cortes epistemológicos” é objeto indireto.
11.
Na linha 3, no trecho “na medida em que fica óbvio que classificar”, para se evitar a
repetição de “que”, seria adequado substituir o trecho “que classificar” (ℓ. 3) por “ao
classificar”, preservando-se tanto a coerência textual quanto a correção gramatical do
texto.
Item errado – A oração “que classificar por extremos” é substantiva subjetiva, visto que
exerce a função de sujeito de duas formas verbais: “fica” (ordem direta: que classificar
por extremos {= isso} fica óbvio); já a oração “ao classificar por extremos” é adverbial
temporal”, correspondente a “quando classifica por extremos”, exercendo a função de
adjunto adverbial. Desse modo, a substituição sugerida tornaria o texto incoerente e
gramaticalmente incorreto. Observemos a proposta sugerida: na medida em que fica
óbvio ao classificar por extremos não reflete a complexidade de classes da sociedade
brasileira, apesar de indicar os picos. (Não saberíamos “o que fica óbvio” nem “o que não
reflete a complexidade de classes da sociedade brasileira.). Atenção: Uma maneira muito
simples de evitar a repetição do termo “que” seria a substituição de “na medida em que”,
de teor causal, por “porque”. Vejamos: porque fica óbvio que classificar por extremos
não reflete a complexidade de classes da sociedade brasileira, apesar de indicar os picos.
12.
Subentende-se da argumentação do texto que “os picos” (ℓ. 5) correspondem aos mais
salientes indicadores de classes – a privilegiada e a não privilegiada –, referidos no texto
também como “extremos” (ℓ. 4) e “polos” (ℓ. 5).
Item certo – O autor afirma, no início do texto, que as “diferenças de classes vão ser
estabelecidas em dois níveis polares: classe privilegiada e classe não privilegiada. A
expressão “dois níveis polares” é retomada por “picos”, “extremos” e “polos”, termos
contextualmente com o mesmo sentido. Considerando que “dois níveis polares”
representam a classe privilegiada e a não privilegiada, então “picos”, “extremos” e
“polos” correspondem aos mais salientes indicadores de classes – a privilegiada e a não
privilegiada.
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13.
Na linha 8, a ausência de sinal indicativo de crase no segmento “a classes” (ℓ. 8) indica
que foi empregada apenas a preposição “a”, exigida pelo verbo “dar”, sem haver
emprego do artigo feminino.
Item certo – Na oração “dão quitação a classes”, não se usou o sinal indicativo da crase
antes de “classes”, pois esse substantivo foi empregado de maneira genérica, sem a
determinação pelo artigo. O verbo dar exige objeto direto (= quitação) e objeto indireto
iniciado por preposição “a” (a classes = objeto indireto). Observemos que o termo “a” é
preposição. Se o autor quisesse determinar o substantivo “classes” por artigo, haveria
crase (dar a {preposição} + as {artigo} = às).
14.
Preservam-se as relações argumentativas do texto bem como sua correção gramatical,
caso se inicie o último período por “Ainda”, em lugar de “Mesmo” (ℓ. 14)
Item certo – A substituição de “Mesmo” (em “Mesmo que”) por “Ainda” (em “Ainda que”)
preserva as relações argumentativas do texto bem como sua correção gramatical, pois os
dois termos são concessivos.
15.
De acordo com a argumentação do texto, a diferenciação das classes em “dois níveis
polares” (ℓ. 1), como dois extremos, não atende à complexidade de classes da sociedade
brasileira, mas é comum ao “mundo das estatísticas” (ℓ. 6) e ao “mundo do imaginário
social” (ℓ. 7).
Item certo – As afirmações deste item podem ser confirmadas no texto. Primeira (a
diferenciação das classes em “dois níveis polares”, como dois extremos, não atende à
complexidade de classes da sociedade brasileira): “(...) um leitor crítico vai perceber que
se trata de um corte epistemológico, na medida em que fica óbvio que classificar por
extremos não reflete a complexidade de classes da sociedade brasileira, (...)”. Segunda:
(é comum ao “mundo das estatísticas” e ao “mundo do imaginário social”): “Em cada um
dos polos, outras diferenças se fazem presentes, mas preferimos alçar a dicotomia maior
que tanto habita o mundo das estatísticas quanto, e principalmente, o mundo do
imaginário social”.
1. A característica central da modernidade, não seria demais repetir, é a
2. institucionalização do universalismo – e seu duplo, a igualdade – como princípio
3. organizador da esfera pública. Com base nesse pressuposto, argumento que, em
nossa
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4. sociedade, na esfera pública, duas formas de particularismo – o das diferenças e o das
5. relações pessoais – se reforçam e se articulam em diversas arenas e situações, na
6. produção e reprodução de desigualdades sociais e simbólicas. O particularismo das
7. diferenças produz exclusão social e simbólica, dificultando os sentimentos de
8. pertencimento e interdependência social, necessários para a efetiva institucionalização
9. do universalismo na esfera pública. O particularismo das relações pessoais atravessa
os
10. novos arranjos institucionais que vêm sendo propostos como mecanismos de
construção
11. de novas formas de sociabilidade e ação coletiva na esfera pública. Finalmente,
12. considero que, embora a formação de novos sujeitos sociais e políticos e de arenas
de
13. participação da sociedade na formulação e gestão das públicas traga as marcas de
14. nossa trajetória histórica, constitui, ao mesmo tempo, possibilidade aberta para outra
15. equação entre universalismo e particularismo na sociedade brasileira.
Jeni Vaitsman. Desigualdades sociais e
particularismos na sociedade brasileira. In:
Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, n.º 18
(Suplemento), p. 38 (com adaptações).
Julgue os seguintes itens, a respeito dos sentidos e da organização do texto acima.
16.
De acordo com as normas de pontuação, seria correto empregar, na linha 2, vírgulas no
lugar dos travessões; entretanto, nesse caso, a leitura e a compreensão do trecho
poderiam ser prejudicadas, dada a existência da vírgula empregada após “duplo”, no
interior do trecho destacado entre travessões.
Item certo – Como regra geral, as vírgulas podem ser trocadas por travessões, portanto
a substituição sugerida manteria o texto gramaticalmente correto. Também está correta
a afirmação de que, “nesse caso, a leitura e a compreensão do trecho poderiam ser
prejudicadas, dada a existência da vírgula empregada após “duplo”, no interior do trecho
destacado entre travessões”. Vamos explicar o porquê do acerto dessa afirmação. Na
expressão “e seu duplo, a igualdade”, o termo “duplo” refere-se a “universalismo”, e “a
igualdade” é um aposto de “duplo”, ou seja, o duplo do universalismo é a igualdade. A
substituição dos travessões por vírgulas provocaria ambiguidade, pois também
poderíamos achar que a expressão “a igualdade” estaria fazendo referência a “princípio
organizador da esfera pública”, o que provocaria ambiguidade.
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17.
Na estrutura sintática em que ocorre, a preposição “em” (ℓ. 5) poderia ser omitida, o que
não prejudicaria a coerência nem a correção gramatical do texto, pois a preposição
ficaria subentendida.
Item errado – Em “se reforçam e se articulam em diversas arenas e situações”, a
preposição “em” é obrigatória, uma vez que inicia adjunto adverbial. Aliás, se
retirássemos essa preposição, a expressão “diversas arenas e situações” seria vista como
sujeito paciente (se reforçam e se articulam diversas arenas e situações = diversas
arenas e situações são reforçadas e articuladas). Isso comprometeria a correção
gramatical, visto que esses dois verbos já possuem um sujeito explícito (duas formas de
particularismo), o texto ficaria incoerente.
18.
As relações entre as ideias do texto mostram que a forma verbal “dificultando” (ℓ. 7) está
ligada a “diferenças” (ℓ. 7); por isso, seriam respeitadas as relações entre os argumentos
dessa estrutura, como também a correção gramatical, caso se tornasse explícita essa
relação, por meio da substituição dessa forma verbal por “e dificultam”.
Item errado – A forma verbal “dificultando” não está ligada a “diferenças”, mas ao sujeito
“O particularismo das diferenças”, cujo núcleo é “particularismo”. Assim, para que a
concordância estivesse correta, deveríamos substituir “dificultando” por “e dificulta”.
Vejamos a substituição: O particularismo das diferenças produz exclusão social e
simbólica, e dificulta os sentimentos de pertencimento e interdependência social,
necessários para a efetiva institucionalização do universalismo na esfera pública.
19.
Por meio da conjunção “e”, empregada duas vezes na linha 12 e uma vez na linha 13, é
estabelecida a seguinte organização de ideias: a primeira ocorrência liga duas
características de “novos sujeitos” (ℓ. 12); a segunda liga dois complementos de
“formação” (ℓ. 12); a terceira, dois complementos de “arenas de participação da
sociedade” (ℓ. 12-13).
Item certo – A primeira ocorrência da conjunção “e” liga duas características de “novos
sujeitos” – “sociais” e “políticos” (a expressão “novos sujeitos” está subentendida antes
do adjetivo “políticos”): “Finalmente, considero que, embora a formação de novos
sujeitos sociais e {novos sujeitos} políticos”;
A segunda liga dois complementos nominais de “formação” – “de novos sujeitos sociais e
políticos” e “de arenas de participação da sociedade na formulação e gestão das públicas”
(subentende-se o termo “formação” antes de “de arenas de participação da sociedade na
formulação e gestão das públicas”): “a formação de novos sujeitos sociais e políticos e
{formação} de arenas de participação da sociedade na formulação e gestão das públicas
traga as marcas de nossa trajetória histórica”;
A terceira liga dois complementos de “arenas de participação da sociedade” – “na
formulação das públicas” e “{na} gestão das públicas”: “arenas de participação da
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sociedade na formulação {das públicas} e {arenas de participação da sociedade na}
gestão das públicas”.
Observação: Na verdade, este item só estará certo se considerarmos que os
complementos se referem ao termo “participação”, que faz parte da expressão “arenas
de participação da sociedade”.
20.
Na linha 13, é obrigatório o uso do verbo “trazer” no modo subjuntivo – “traga” – porque
essa forma verbal integra uma oração iniciada pelo vocábulo “embora” (ℓ. 12).
Item certo – As conjunções concessivas exigem o verbo no subjuntivo: “embora a
formação de novos sujeitos sociais e políticos e de arenas de participação da sociedade
na formulação e gestão das públicas traga as marcas de nossa trajetória histórica (...)”.
21.
A coerência entre os argumentos apresentados no texto mostra que o pronome “seu”
(ℓ.2) refere-se a “universalismo” (ℓ. 2).
Item certo – Como pode ser comprovado no texto, o pronome “seu” retoma
“universalismo”: “A característica central da modernidade, não seria demais repetir, é a
institucionalização do universalismo – e seu duplo {seu duplo = duplo do universalismo},
a igualdade – como princípio organizador da esfera pública”.
1. Hipermodernidade é o termo usado para denominar a realidade contemporânea,
2. caracterizada pela cultura do excesso, do acréscimo sempre quantitativo de bens
3. materiais, de coisas consumíveis e descartáveis. Dentro desse contexto, todas as
4. interações humanas, marcadas pela doença crônica da falta de tempo disponível e da
5. ausência de autêntica integração existencial, se tornam intensas e urgentes. O
6. movimento da vida passa a ser uma efervescência constante e as mudanças a ocorrer
7. em ritmo quase esquizofrênico, determinando os valores fugidios de uma ordem
temporal
8. marcada pela efemeridade. Como tentativas de acompanhar essa velocidade
vertiginosa
9. que marca o processo de constituição da sociedade hipermoderna, surge a
flexibilidade
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10. do mundo do trabalho e a fluidez das relações interpessoais. O indivíduo da “cultura”
11. tecnicista vivencia uma situação paradoxal: ao mesmo tempo em que lhe são
ofertados
12. continuamente os recursos para que possa gozar efetivamente as dádivas materiais
da
13. vida, ocorre, no entanto, a impossibilidade de se desfrutar plenamente desses
recursos.
Renato Nunes Bittencourt. Consumo para o vazio
existencial. In: Filosofia, ano V, n. 48, p. 46-8
(com adaptações).
Julgue os itens a seguir, com relação às ideias e aspectos linguísticos do texto.
22.
A forma verbal “surge” (ℓ. 9) está flexionada no singular porque estabelece relação de
concordância com o conjunto das ideias que compõem a oração anterior.
Item errado – A forma verbal “surge” está flexionada no singular não porque estabelece
relação de concordância com o conjunto das ideias que compõem a oração anterior, mas
porque concorda com “a flexibilidade do mundo do trabalho”. Observemos que o sujeito
de “surge”, composto, está posposto ao verbo – “a flexibilidade do mundo do trabalho e
a fluidez das relações interpessoais” –, por isso existem duas possibilidades de
concordância: com o núcleo do sujeito mais próximo (= flexibilidade > surge), ou com os
dois núcleos (= flexibilidade e fluidez > surgem). Na ordem direta, isto é, com sujeito
composto anteposto, o verbo vai obrigatoriamente para o plural: a flexibilidade do
mundo do trabalho e a fluidez das relações interpessoais surgem.
23.
O uso da preposição “em”, na linha 11, é obrigatório para marcar a relação estabelecida
com a forma verbal “vivencia” (ℓ. 11); por isso, a omissão dessa preposição provocaria
erro gramatical e impossibilitaria a retomada do referente do pronome “que” (ℓ. 11).
Item errado – A preposição “em” não se deve ao verbo “vivenciar”, que é transitivo
direto. Na verdade, ela aparece no segmento seguinte: ao mesmo tempo em que lhe são
ofertados continuamente os recursos. Essa preposição introduz adjunto adverbial de
tempo. Observemos a oração na ordem direta: são-lhe ofertados recursos em que (em
que = ao mesmo tempo). Aliás, a ausência dessa preposição não provocaria erro
gramatical e impossibilitaria a retomada do referente do pronome “que”, pois está claro
que o pronome relativo retoma “mesmo tempo”. Vejamos o trecho sem a preposição: ao
mesmo tempo que lhe são ofertados continuamente os recursos = são-lhe ofertados
recursos ao mesmo tempo.
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24.
Entende-se da leitura do texto que a “realidade contemporânea” (ℓ. 1) caracteriza-se pela
velocidade vertiginosa e pelo acúmulo de bens materiais, assim como pela ausência de
integração existencial e falta de tempo para usufruir “as dádivas materiais da vida” (ℓ.
12-13).
Item certo – O que se afirma neste item pode ser confirmado no texto:
• a “realidade contemporânea” caracteriza-se pela velocidade vertiginosa – “Como
tentativas de acompanhar essa velocidade vertiginosa”;
• a “realidade contemporânea” caracteriza-se pelo acúmulo de bens materiais –
“Hipermodernidade é o termo usado para denominar a realidade contemporânea,
caracterizada pela cultura do excesso, do acréscimo sempre quantitativo de
bens materiais, de coisas consumíveis e descartáveis”;
• assim como pela ausência de integração existencial – “todas as interações humanas,
marcadas pela doença crônica da falta de tempo disponível e da ausência de
autêntica integração existencial”;
• falta de tempo para usufruir “as dádivas materiais da vida” – “todas as interações
humanas, marcadas pela doença crônica da falta de tempo disponível”.
25.
A ausência de vírgula depois de “vertiginosa” (ℓ. 8) indica que a oração iniciada por “que
marca” (ℓ. 9) restringe a ideia de “velocidade vertiginosa” (ℓ. 8).
Item certo – Notemos que está correta a ausência de vírgula antes da oração “que marca
o processo de constituição da sociedade hipermoderna”, visto que se trata de oração
adjetiva restritiva (a oração limita o sentido de “velocidade vertiginosa”; corresponde a
“Somente”: fazemos referência somente à velocidade vertiginosa que marca o processo
de constituição da sociedade hipermoderna. Observação: Sabemos que as orações
adjetivas explicativas são separadas por vírgulas; as restritivas, não.
Gabarito
01. E
02. E
03. E
04. C
05. E
06. C
07. E
08.
09.
10.
11.
12.
13.
14.
C
C
E
E
C
C
C
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
C
C
E
E
C
C
C
22.
23.
24.
25.
E
E
C
C
Rua das Marrecas, 15 – Centro – CEP 20031-120. Rio de Janeiro – RJ. Telefax: (21) 2544-3752/2544-9202
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