Eletrônica Aplicada – Prof. Marcílio Nunes INTRODUÇÃO AOS AMPLIFICADORES OPERACIONAIS – 1º TRIMESTRE 1.1. Introdução O Amplificador Operacional é um dos componentes mais utilizados em circuitos eletrônicos, pois combina algumas características interessantes: • • • • • Manuseio simples, Baixo custo, pois é produzido em grande escala, Extremamente confiável, Projetado para um grande número de aplicações diferentes, Apresenta-se como um Amplificador Ideal nas aplicações em geral. Podemos definir o Amplificador Operacional (chamaremos AmpOp daqui por diante) como sendo um amplificador de tensão CC, multiestágios, com entrada diferencial, cujas características se aproximam de um amplificador idealizado (sem erros). Vemos no diagrama de blocos abaixo seus principais estágios, que são: • • • Estágio diferencial de entrada, Estágio de ganho e condicionamento do sinal, Estágio amplificador de saída a transistor. Historicamente, os AmpOps foram desenvolvidos na década de 40 e foram construídos com válvulas. Com o advento do transistor, foi possível a construção de AmpOps melhores. Em 1963 surgiu o primeiro AmpOp lançado pela Fairchild (USA), o µA702, mas este amplificador apresentava alguns problemas e, em 1965, foi lançado o µA709. O conhecido µA741 foi lançado em 1968 pela mesma empresa, ocupando até hoje posição de destaque. A tecnologia utilizada na fabricação do 741 é denominada Bipolar, pois sua estrutura interna utiliza transistores bipolares. Atualmente há outros tipos de AmpOps que utilizam tecnologia BIFET, JFET, etc. -1- 1.2. Amplificador Diferencial Como vimos anteriormente, o amplificador diferencial é usado como estágio de entrada do AmpOp, determinando as características de entrada. Dado a configuração diferencial abaixo: Onde: V1, V2 Entradas de sinais CC e CA VO diferença de potencial entre os coletores (CA ou CC) No caso ideal, os transistores possuem rE’ e β iguais e os resistores de coletor RC são idênticos. Quando V1 > V2 A saída será em fase com V1 Quando V2 > V1 A saída será em fase com V2 Este Tipo de amplificador amplifica as diferenças de tensão de entrada V1 e V2. Assim, VO = AV . (V1 - V2) Convencionou-se chamar de: V1 Entrada não-inversora (+) Entrada inversora (-) V2 AV Ganho de tensão A figura abaixo é um diagrama simplificado de um amplificador operacional LM741, o mais popular, e um dos mais antigos: -2- 1.3. Amplificador Operacional É um amplificador de tensão integrado em uma única pastilha - “chip” - com a entrada conectada de forma diferencial e que possibilita controlar o ganho de tensão. PINAGEM TÍPICA: 1 : Destinado ao ajuste de Off-Set de tensão 2 : Entrada Inversora (-) 3 : Entrada não-inversora (+) 4 : Alimentação negativa (-3V até -18V) 5 : Destinado ao ajuste de Off-Set de tensão 6 : Saída 7 : Alimentação positiva (+3 V até +18V) 8 : Não conectado (NC) Características do Amplificador Operacional Ideal • • • • • Impedância de entrada infinita; Impedância de saída igual a zero; Ganho de tensão infinito; Linear (VO proporcional a VIN ); Tempo de resposta nulo (Slew-rate); Um Amp. Op. pode ser entendido como um circuito amplificador de alto ganho, onde a entrada é representada por uma resistência de alto valor e a saída por uma fonte de tensão controlada e uma resistência em série. -3- 2.1. Modos de Operação do Amplificador Operacional 2.1.1. Sem realimentação Este modo é denominado “operação em malha aberta”, cujo ganho diferencial não temos acesso e nem podemos controlá-lo, porém é usado como circuito comparador de duas tensões. VO = AV . (V1 - V2) Onde: VO = Tensão de Saída V1 = Tensão na Entrada Não-Inversora V2 = Tensão na Entrada Inversora AV = Ganho em malha aberta (sem realimentação) V1 > V2 Vo = +Vcc Quando: V1 < V2 Vo = -Vcc Quando: 2.1.2. Com realimentação positiva Realimentar significa que uma fração da tensão de saída é re-injetada numa das entradas. Se esta entrada for a entrada + , então temos a realimentação positiva. Esse tipo de realimentação é instável e por isso usado em osciladores. 2.1.3. Realimentação Negativa: Este tipo é o mais importante meio de realimentação, pois estabiliza o sinal e tende a aproximar as características do amplificador real com o ideal (ZIN → ∞, ZO → 0, A → constante). Existem muitas aplicações dentro da eletrônica usando este tipo de realimentação. O grande mérito da realimentação negativa é que podemos controlar (variar) o ganho de tensão, e estabilizá-lo num valor desejado. -4- 2.2. Análise da Realimentação Negativa VI = sinal de entrada VD = diferença VI - VF ou sinal de erro VF = fração de VO realimentada VO = tensão de saída AV = Ganho de tensão do AOP em malha aberta B = fator de redução de VO Vamos calcular o valor de Vo: Substituindo Vd e Vf na primeira equação temos: Resolvendo a equação temos: Como Av*B é >> 1 (muito maior que 1, pois Av tende a infinito) temos: Então: Ganho finito (cqd) Com a realimentação negativa, o ganho do AmpOp (Vo/Vi) é finito, fixo. Este ganho é chamado também de ganho de malha fechada (Avf). Portanto, podemos controlar o ganho de tensão através do circuito de realimentação tornando-o independente do Ganho do AOP em malha aberta. -5- 2.3. Conceito de Curto-Circuito Virtual e Terra Virtual Devido a resistência de entrada do AOP ser “infinita”, então a corrente de entrada é praticamente nula nos terminais inversor e não-inversor. A corrente de polarização na base do estágio diferencial de entrada é tipicamente muito baixa (80 nA) e RENT próxima de 2 MΩ. Graças a realimentação negativa, há uma tendência a se igualarem as tensões VA e VB quando AV → ∞ e fazer com que a VD = 0 independente dos valores de V1 e V2. Curto-circuito virtual: como VD = 0 e IB = 0 (idealmente), então temos o conceito de curto-circuito por ser a tensão diferencial igual a zero. Porém como IB também é igual a zero (o que nos induziria a pensar num circuito aberto), este "curto circuito" é chamado de “virtual”. Quando a entrada não-inversora (V+) é aterrada, e como IB = 0 (idealmente), podemos afirmar que o terminal de terra “aparece” no terminal negativo (V-). A este caso especial denominamos “terra virtual”. -6- 3. CIRCUITOS LINEARES BÁSICOS COM AOP 3.1. Amplificador inversor VI = Tensão de Entrada VO = Tensão de Saída Assim chamado porque inverte o sinal de entrada em 180° e permite amplificar o sinal de acordo com o ganho preestabelecido. Analisaremos todos os circuitos com AOP, usando a técnica de resolução de circuitos conhecida como LCK - Lei das Correntes de Kirchoff, aplicadas ao nó “a” (na entrada inversora do AOP). No nó “a”, temos que I1 = IF + IB. I1 = VI − V A R1 e IF = V A − VO RF Como IB → 0, isto é, a corrente de entrada do AOP é praticamente nula, podemos afirmar que: VI − V A V A − VO Como VA = 0V devido ao curto-circuito virtual, temos que: = R1 RF VI − VO = R1 RF R VO = − F VI Tensão de Saída do Amplificador Inversor R1 O Ganho em Malha Fechada (Avf) do circuito pode ser calculado pela relação: Ganho = Saída Entrada Avf = VO VI Avf = − RF R1 Ganho em Malha Fechada do Amplificador Inversor -7-