Edmund Phelps Prémio Nobel da Economia 2006

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Seminários Extraordinários do Departamento de Economia
Edmund Phelps
Prémio Nobel da Economia 2006
Miguel St. Aubyn (ISEG/UTL)
ISEG, 11 de Outubro de 2006
Edmund Phelps
Prémio Nobel da Economia 2006
Síntese
ƒ Algumas considerações sobre o prémio Nobel
ƒ As principais contribuições de Edmund Phelps
ƒ O trade off entre inflação e o desemprego
ƒ [A acumulação de capital e o crescimento económico]
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Edmund Phelps
Prémio Nobel da Economia 2006
Algumas considerações sobre o prémio Nobel
ƒ Edmund Phelps:
ƒ
ƒ
ƒ
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Nasceu em 1933
norte-americano
Ph.D., 1959, Yale University
Actualmente professor em Columbia University
ƒ O prémio Nobel em Economia de 2006 consagra toda
uma carreira científica e académica…
ƒ … o que parece ser uma tendência (a de ser atribuído a
académicos em idade de reforma). Os galardoados
mais jovens foram:
ƒ W. Sharpe, 1990, 56 anos
ƒ R. Lucas, 1995, 58 anos
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Edmund Phelps
Prémio Nobel da Economia 2006
Algumas considerações sobre o prémio Nobel
ƒ De qualquer forma, um claro contraste com outras
áreas:
ƒ Prémio Nobel da Medicina 2006, Andrew Fire and Craig
Mello, 47 e 46 anos, respectivamente
ƒ Porquê esta diferença?
ƒ Conservadorismo específico na atribuição do Nobel em
Economia?
ƒ Características próprias da ciência económica:
• Ausência de verdadeira experimentação
• As “grandes descobertas” demoram tempo a ser aceites
como tal
• Pode ter acontecido com Edmund Phelps…
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Edmund Phelps
Prémio Nobel da Economia 2006
As principais contribuições de Edmund Phelps
ƒ O prémio Nobel foi-lhe atribuído “pela sua análise dos
trade offs intertemporais na análise da política
macroeconómica"
• Na macroeconomia “de curto prazo”, “conjuntural”, no que
diz respeito ao trade off entre inflação e desemprego
• Na macroeconomia de longo prazo, no que diz respeito ao
trade off entre consumo presente (das gerações
contemporâneas) e consumo futuro (das gerações futuras)
ƒ Conceitos, ideias, modelos hoje muito utilizados ou
referidos devem a sua primeira versão a Phelps (por
vezes acompanhado de outros autores)
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Edmund Phelps
Prémio Nobel da Economia 2006
As principais contribuições de Edmund Phelps
ƒ Uma pequena lista desses “conceitos”:
• Importância da modelização das expectativas dos agentes
económicos
• Curva de Phillips aumentada com as expectativas
• Taxa de desemprego de equilíbrio (NAIRU, taxa natural)
• Curva de Phillips vertical no longo prazo
• Abordagem intertemporal da política monetária
• Fundamentos microeconómicos da determinação dos preços
e dos salários
• Salários de eficiência
• Consequências da assincronia dos contratos salariais
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Edmund Phelps
Prémio Nobel da Economia 2006
As principais contribuições de Edmund Phelps
ƒ Uma pequena lista desses “conceitos” (cont.):
• Ineficiência dinâmica
• Regra de ouro da acumulação de capital
• Acumulação (investimento) em I&D e em capital humano
ƒ Edmund Phelps terá sido:
• um inspirador dos economistas “Novos Keynesianos”
• um percursor dos teóricos do crescimento endógeno
• … tendo ainda contribuições na área das Finanças Públicas
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Edmund Phelps
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O trade off entre inflação e o desemprego
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Edmund Phelps
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O trade off entre inflação e o desemprego
ƒ Nos anos 60, parecia ser verdade que:
ƒ Se poderia escolher qualquer taxa de desemprego
ƒ Se se escolhesse uma taxa de desemprego mais baixa,
ter-se-ia inflação mais alta (“mas e qual o problema?”)
ƒ Alguns problemas:
ƒ Uma regularidade empírica (trade off) sem fundamento
teórico
ƒ Contradição com a dicotomia clássica – o desemprego,
variável real, surge relacionado com a inflação, variável
monetária
ƒ Não se explica o desemprego que permanece (mesmo
no “pleno emprego”)
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Edmund Phelps
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O trade off entre inflação e o desemprego
ƒ Phelps, e também Friedman, anteciparam o problema:
• A tentativa de colocar o desemprego de forma persistente
abaixo de certa taxa levaria a taxas de inflação cada vez
maiores
• Essa taxa é denominada de NAIRU (non accelerating rate of
unemployment), de taxa natural de desemprego ou de taxa
de desemprego de equilíbrio, conforme os autores
• A curva de Phillips de curto prazo desloca-se para cima ao
longo do tempo
• A curva de Phillips de longo prazo é vertical
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O trade off entre inflação e o desemprego
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O trade off entre inflação e o desemprego
ƒ Na explicação de Phelps para a verticalidade da curva
de Phillips no longo prazo, é fundamental o papel das
expectativas de inflação.
ƒ Os agentes económicos não têm expectativas
constantes para a inflação.
ƒ Quando a inflação é mais elevada, os aumentos
salariais nominais tendem a ser igualmente mais
elevados.
ƒ O trade off entre inflação e desemprego desloca-se
quando a inflação (e portanto as expectativas de
inflação) se alteram.
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O trade off entre inflação e o desemprego
ƒ A assunção de uma curva de Phillips vertical no longo
prazo permitiu resolver uma contradição entre uma
regularidade empírica (a “descoberta de Phillips”) e um
profundo convencimento teórico (dicotomia clássica):
ƒ A inflação é um fenómeno essencialmente monetário (no
longo prazo, pelo menos)
ƒ A taxa de desemprego depende das condições
estruturais do mercado de trabalho (no longo prazo, o
desemprego é o desemprego “natural”).
ƒ Phelps
preocupou-se
microeconómicos de um
modelizou explicitamente
imperfeito, com fricções.
com
os
trade off de
um mercado
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fundamentos
curto prazo:
de trabalho
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O trade off entre inflação e o desemprego
ƒ Quais as consequências da concepção de Phelps para
as políticas da procura agregada (monetária ou
orçamental)?
ƒ Não determinam, no longo prazo, o nível de actividade
económica
ƒ Podem, se utilizadas com demasiada liberalidade,
contribuir para uma maior inflação estrutural
ƒ No entanto, na devida medida, podem reduzir a variância
do produto e do desemprego
ƒ Abre-se caminho para uma abordagem intertemporal da
política monetária:
• Exemplo: desinflação vs. custos em desemprego
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Prémio Nobel da Economia 2006
O trade off entre inflação e o desemprego
ƒ A política monetária, para Phelps, tem efeitos reais no
curto prazo:
ƒ porque empregadores e trabalhadores têm percepções
diferentes sobre a evolução dos preços (fim dos anos 60)
ƒ esta ideia seria retomada por Lucas (anos 70) – só as
políticas de surpresa poderiam ter feitos reais, se as
expectativas fossem racionais e os preços se ajustassem
rapidamente
ƒ Mas, mesmo com expectativas racionais, a política
monetária pode ter efeitos reais no curto prazo, se o
ajustamento dos preços e salários for lento (Phelps e
Taylor, 1977).
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O trade off entre inflação e o desemprego
ƒ É interessante notar que Phelps foi dos primeiros
economistas a mencionar o fenómeno da histerese do
desemprego, em 1972:
ƒ Um aumento do desemprego pode ser parcialmente
irreversível, devido a perdas psicológicas e de
qualificações
ƒ Igualmente, uma diminuição aparentemente temporária
do desemprego pode levar a uma diminuição do
desemprego de equilíbrio, devido aos efeitos benéficos
da experiência de trabalho.
ƒ Mais recentemente, a histerese do desemprego foi
proposta como explicação parcial para o desemprego
europeu nos anos 80 (e. g. Blanchard).
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O trade off entre inflação e o desemprego
ƒ As ideias de Phelps sobre o trade off entre inflação e
desemprego
estão
na
base
de
muitos
desenvolvimentos posteriores, que muito influenciam na
condução da política monetária europeia e norteamericana :
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ƒ
Nova Escola Clássica e expectativas racionais
inconsistência temporal da política monetária
independência do banco central
optimização intertemporal da política monetária
regras de condução da política monetária
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O trade off entre inflação e o desemprego
ƒ As ideias de Phelps sobre o trade off entre inflação e
desemprego fazem parte daquilo que se ensina hoje à
maior parte dos estudantes de licenciatura em
Economia, e integrou-se em (quase?) todos os manuais
mais utilizados:
ƒ
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Blanchard
Burda e Wyplosz
Dornbusch, Fischer e Starz
Mankiw
e outros.
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