BIOMATERIAIS: APLICAÇÕES E PERSPECTIVAS Profa. Dra. Rossana Mara da Silva Moreira Thiré Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) COPPE/Programa de Engenharia Metalúrgica e de Materiais Laboratório de Biopolímeros/ Laboratório de Bioengenharia Rio de Janeiro, 19/08/2015 RIO materiais Definição Histórico Propriedades Aspectos econômicos emplo de aplicação Engenharia tecidual nsiderações finais Desafios, oportunidades IÇÃO DE BIOMATERIAIS Qualquer substância ou mistura de substâncias, QUE NÃO DROGA, de origem natural u sintética, que é utilizada por um dado período de tempo, como o todo ou parte de um istema que trata, melhora ou substitui qualquer tecido, órgão ou função do corpo umano. The National Institute of Health Consensus Development Conference, 1982 IÇÃO DE BIOMATERIAIS alhando... Substituição de parte do corpo que perdeu sua função (quadril/fêmur, joelho, coração); Correção de patologias (lesão da medula espinhal); Auxiliar uma função (marca-passo, “stent”); Auxiliar a cura (sutura, veículos para liberação controlada de fármacos). IÇÃO DE BIOMATERIAIS ando... positivos que entram em contato com sistemas biológicos (incluindo fluidos biológicos) usados aplicações terapêuticas, cirúrgicas ou diagnósticas; nstituídos por materiais sintéticos, quimicamente modificados ou naturais; o precisam ser necessariamente manufaturados; erentes formas: sólido, gel, pasta, emulsão, líquido, material particulado etc. para circulação Prótese de quadril Vávula cardíaca (porco/mecânica) Hidrogéis IÇÃO DE BIOMATERIAIS s de materiais usados como biomateriais Dispositivos de liberação de medicamentos Pele / cartilagem Polímeros Implantes oculares Tubos de circulação sanguínea fusos ortopédicos/ fixação strumentos cirúrgicos Substituto ósseo Metais Biomaterais Cerâmicas Stents Implantes odontológicos Implantes dentários Placas para coluna cervical Revestimento de acetábulo Compósitos Cimento odontológico ÇÃO DOS BIOMATERIAIS ação remonta à antiguidade…. Suturas de linho e ouro eram usadas no Antigo Egito (2000 AC) e de intestino de gatos, ropa, na Idade Média Dentes artificiais eram feitos de conchas pelos Maias (600 AC), de ferro pelos ses (200 AC) e de ouro e madeira pelos romanos, chineses e astecas 600 anos, origem: Maia 3000 anos ÇÃO DOS BIOMATERIAIS eorge Washington (Século XVIII) Estratégia: Tentativa e Erro 1ª g 2ª g 2000´s 1990´s 1980´s 1960-1970´s 1930-1940´s ÇÃO DOS BIOMATERIAIS 3ª g geração: BIOINERTES; interação mínima; conjunção de propriedades físicas e ecânicas. geração: BIOATIVOS e/ou BIODEGRADÁVEIS; formação de novo tecido e troca de ns com o meio; fixação bioativa; degradação e reabsorção controlados. ª geração: BIOINTERATIVOS e/ou BIOMIMÉTICOS; estimular resposta celular específica nível molecular; regeneração tecido funcional; similaridade com o tecido hospedeiro. ÇÃO DOS BIOMATERIAIS ração de Biomateriais Atual) Biocompatível Bioativo Atendimento ao requisito de funcionalidade com mínimo de reações alérgicas ou inflamatórias. Forte interação com a interface do tecido hospedeiro Biomaterial Biomimético Participação ativa no processo de regeneração com estimulação a nível celular TERIAIS: REQUISITOS BÁSICOS esenvolvimento de Biomateriais – Outros Requisitos Básicos Atóxico, não carcinogênico, não-antigênico e não mutagênico. Em aplicações sanguíneas, devem também ser não-trombogênicos. Possuir propriedades físicas, químicas, morfológicas compatíveis com a sua aplicação Facilmente produzidos e reproduzidos Facilidade de esterilização Estabilidade na estocagem etc.. TERIAIS: REQUISITOS BÁSICOS Propriedades físicas, químicas, morfológicas, mecânicas (volume e superfície) Características biológicas (integração biomaterial-ambiente celular) TERIAIS: REQUISITOS BÁSICOS Requisitos básicos a serem considerados no desenvolvimento de um material para uma dada aplicação plo: Prótese de quadril (artroplastia do quadril) – níveis elevados de stress mecânico Polímero (UHMWPE), Cerâmica Ti, aço inox, ligas especiais de alta resistência TERIAIS: REQUISITOS BÁSICOS BIOLÓGICOS Crescimento Cura Reparação Modelagem Remodelagem Resposta biológica Material ideal para implantes UPERFÍCIE sseointegração orrosão beração de íons esgaste esposta biológica QUÍMICOS Corrosão Liberação de íons MATERIAIS Processamento Forma Estrutura Propriedades: - Resistência - Tenacidade - Rigidez MECÂNICOS Módulo Intensidade da tensão Distribuição de tensão Transferência de tensão Carregamento funcional Movimento VOLVIMENTO DE BIOMATERIAIS nvolvidas na produção de um biomaterial Implementação car uma necessidade nto de uma condição ção de um órgão ção e m Testes biológicos (in vitro e in vivo) Design do dispositivo Síntese dos materiais Paciente Testes dos materiais • Propriedades mecânicas • Toxicologia • Biorreação ao material • Interações proteicas • Ativação celular • Reação tecidual • Bioestabilidade • Mecânica • Química Regulamentação • Aprovação pré-mercado • Estudos clínicos restritos • Testes clínicos • Acompanhamento a longo prazo Uso clínico Produção Análise de explante • Registro • Exames patológicos • Testes para entenidmento das falhas VOLVIMENTO DE BIOMATERIAIS Área Multidisciplinar farmácia farmácia biologia biologia cirurgia cirurgia computação computação química imunologia imunologia física engenharia ciência dos dos ciência materiais TERIAIS: ASPECTOS ECONÔMICOS ercado global em intensa expansão Envelhecimento da população; Aumento da qualidade de vida em países em desenvolvimento; Aumento do número de acidentes (lesões graves); Capacidade crescente para tratar condições médicas previamente intratáveis. TERIAIS: ASPECTOS ECONÔMICOS Mercado Global de Biomateriais 100 (estimativa) 90 US$ Bilhões 80 70 60 50 40 30 20 10 0 2008 2012 2017 xa de crescimento: 15% ao ano (estimativa) asses de biomateriais: destaque para metais e polímeros. Polímeros: crescimento de 22,1% ao ano de 2012 to 2017 (estimativa). TERIAIS: ASPECTOS ECONÔMICOS stribuição do Mercado Global ‐ 2008 3% Mercado Global de Biomateriais 2% 100 43% 90 Europe 80 Outros 70 Ásia (Pacífico) 33% Brasil US$ Bilhões 19% EUA (estimativa) 60 50 40 30 20 10 0 2008 2012 xa de crescimento: 15% ao ano (estimativa) asses de biomateriais: destaque para metais e polímeros. Polímeros: crescimento de 22,1% ao ano de 2012 to 2017 (estimativa). 2017 TERIAIS: ASPECTOS ECONÔMICOS ado Global – Aplicações de maior destaque (2012) diovascular – stents, desfibriladores cardíacos implantáveis, marca-passo opedia – implantes ortopédicos tamento de feridas urgia plástica ontologia urologia amologia genharia tecidual TERIAIS: ASPECTOS ECONÔMICOS Mercado de Biomateriais no Brasil 1800 (estimativa) 1600 US$ Milhões 1400 1º. Ortopédico 1200 2º. Cardiovascular 1000 3º. Tratamento de feridas 800 600 400 200 0 2008 2010 Aumento do número de áreas de aplicação; Introdução de tecnologias sofisticadas no mercado; 2015 RIO materiais Definição Histórico Propriedades Aspectos econômicos emplo de aplicação Engenharia tecidual nsiderações finais Desafios, oportunidades HARIA TECIDUAL ogia ar e cular Ciência dos materiais Engenharia tecidual Medicina Bioquímica Área multidisciplinar; Desenvolvimento de substitutos biológicos HARIA TECIDUAL otivação Necessidade de reparar, restaurar e regenerar tecidos danificados por doenças Cenário do Transplante de Órgãos no Brasil Número de indivíduos degenerativas, acidentes e/ou perdas de órgãos; 50000 40000 Lista de espera - 1º Semestre de 2008 Doações de tecidos e órgãos não são suficientes para suprir as realizados necessidades atuais; Transplante - 2008 30000 Minimização dos20000 possíveis efeitos colaterais causados pelos medicamentos 10000 permanentes de agentes imunossupressores. 0 órgãos sólidos córnea Medula óssea Tipo de Transplante HARIA TECIDUAL istórico Conceito introduzido na década de 1980 pelo Dr. Joseph Vacanti (Harvard Stem Cell Institute). Prova de conceito: Células de cartilagem humana semeadas em arcabouço poroso biodegradável de poliéster com formato de orelha. Implante em camundongos imunossuprimidos. HARIA TECIDUAL agem Geral Arcabouço poroso Tecido Células, fatores de crescimento Tecido HARIA TECIDUAL dagem Geral CÉLULAS (autólogas ou alogênicas; específicas, células‐tronco ou embrionárias) ARCABOUÇO POROSO (natural ou sintético) MOLÉCULAS REGULADORAS (Fatores de crescimento e diferenciação, fatores de adesão etc.) REGENERAÇÃO DO TECIDO HARIA TECIDUAL bouço poroso (Scaffold) uiar o desenvolvimento do novo tecido rnecer estabilidade mecânica e organização tridimensional para as células erirem, proliferarem e secretarem a matriz extracelular. xa de biodegradação ~ crescimento do novo tecido. HARIA TECIDUAL isitos Básicos para um Arcabouço Ideal Não deve provocar reações tóxicas, mutagênicas ou carcinogênicas; Biocompatibilidade; Propriedades de superfície adequadas à adesão e proliferação celular; Alta porosidade com interconectividade; Elevada razão superfície/volume; Boas propriedades mecânicas sob condições fisiológica; Biodegradabilidade em produtos não-tóxicos ao organismo a mesma taxa em que o novo ecido seja formado; Facilidade de ser produzido sob diversas formas e tamanhos; Facilidade de esterilização. HARIA TECIDUAL ações Célula/Biomaterial Arcabouço de PHB recoberto com quitosana – Cultura de osteoblastos humanos. HARIA TECIDUAL riais Utilizados para Fabricação dos Arcabouços Porosos ERÂMICAS erâmicas reabsorvíveis – Exemplo: fosfato tricálcio; erâmicas bioativas – Exemplos: vidros do sistema SiO2-CaO-P2O5, vitrocerâmicas e sfatos de cálcio, como hidroxiapatita. MEROS antagens: processo de biodegradação conhecido, capacidade de produção de porosidade pecífica e extensa, flexibilidade de enxertia de grupamentos químicos ou moléculas ológicas específicas. aturais (colágeno, alginato, quitosana etc.) ou sintéticos (PLA, PCL, PHA etc.). HARIA TECIDUAL: SITUAÇÃO ATUAL Área ainda na “infância” – mercado crescente. Produtos em diferentes estágios de desenvolvimento. iores avanços: Tratamento de lesões de pele: maior número de produtos comerciais aprovado pelo FDA; Aplicações musculoesqueléticas; Cartilagem; Bexiga. HARIA TECIDUAL: SITUAÇÃO ATUAL utos com aprovação do FDA – Premarket approval AÇÃO: PELE Empresa Aplicação Integra LifeSciences tratamento de queimadura severa, úlceras (de pressão, venosa, diabética) 1996 Organogenesis Inc. Compressa terapêutica padrão para tratamento de lesões de pele parcialmente não-infectadas e de terceiro grau. 1998 Advanced Tissue Sciences, Inc. Tratamento de lesões de 2º e 3º graus em diabéticos. 2001 ço decelularizado de bovino tipo I e sulfato oitina recoberto com de silicone) stos alogênicos rvados/queratinócitos z de colágeno bovino ft® o de pele rvado; Fibroblastos s alogênicos, Matriz Aprovação HARIA TECIDUAL: SITUAÇÃO ATUAL utos com aprovação do FDA – Premarket approval CAÇÃO: MUSCULOESQUELÉTICA o mplant® na osteogênica humana inante (rh OP-1), Matriz geno bovino tipo I ® Bone Graft / LTLumbar Tapered Fusion Empresa Aplicação Ano Stryker Biotech Alternativa ao autoenxerto para tratamento de pseudoartrose 2002 Medtronic Fusão espinhal para doenças degenerativas de disco. 2002 Biomimetic, Pharmaceuticals, Inc. Tratamento para doenças correlatas à periodontite: defeitos intra-ósseos; defeitos de furca; recessão gengival associada com defeitos periodontais. 2005 , colágeno bovino tipo a” de liga de titânio) 1S® de β-TCP sintético cida com fator de ento recombinante o plaquetas humano F-BB)) HARIA TECIDUAL: SITUAÇÃO ATUAL UTOS EM DESENVOLVIMENTO e AG Produto Aplicação MACI® Defeitos sintomáticos da cartilagem femoral Vascugel® Fase de Regulamentação Descrição do produto Fase 3 (1000-3000 pacientes) Condrócitos autólogos cultivados em membrana de colágeno Acesso arteriovenoso para hemodiálise. Fase 2 (100-300 pacientes) Células endoteliais aórticas alógenas cultivadas em matriz de gelatina suína Neo-Urinary Conduit Conduíte dos rins para dispositivo externo. Fase 1 (<100 pacientes) Malha de PGA recoberta com PDLLA-co-mesh coated with PLGA semeado com células musculares lisas autólogas, sangue periférico e tecido de bexiga. Novocart 3D® Tratamento de hérnias de Fase 1 (<100 pacientes) Condrócitos autólogos semeados em uma esponja bicamada de HARIA TECIDUAL: SITUAÇÃO ATUAL mento de Pele : INTEGRA® (arcabouço colágeno bovino tipo I e sulfato de condroitina) Pele lesionada Aplicação após desbridamento da ferida. Invasão de fluidos => adesão à ferida 7-14 dias: Início de vascularização. Biodegradação do colágeno. 21-56+ dias: Migração de células epidérmicas => fechamento da lesão. Em alguns HARIA TECIDUAL: SITUAÇÃO ATUAL tificial (Massachusetts General Hospital, Harvard Medical School) Rins de rato, porco e seres humanos foram tratados com detergente; Inoculação de células epiteliais de rato e células endoteliais; Cultivo em bioreator de perfusão; Implante em ratos produção efetiva de urina!!!!! HARIA TECIDUAL: SITUAÇÃO ATUAL Artificial (Wake Forest School of Medicine, North Caroline) ientes utilizados no estudo (3 homens e 4 mulheres); bouços de colágeno-PGA cultivados com células do próprio paciente; 61 meses, pacientes recuperaram contratilidade de um bexiga normal (exceto 1 homem); uição da frequência de vazamento; ia mostrou crescimento de estrutura em 3 camadas, semelhante ao tecido de bexiga. HARIA TECIDUAL: SITUAÇÃO ATUAL Artificial (Weill Cornell Medical College, New York) cação de moldes tridimensionais de hidrogéis de alginato e colágeno do tipo I, imitando as terísticas anatômicas da orelha. o com condrócitos primários auriculares de bovinos por 8 semanas. gel apresentou rigidez necessária para manutenção da forma do molde. se histológica mostrou a presença de condrócitos saudáveis depositando ECM cartilagem al dentro do arcabouço. HARIA TECIDUAL: SITUAÇÃO ATUAL os a Serem Vencidos enharia de órgãos mais complexos (pulmão, fígado etc) que requerem múltiplas linhagens ares, arcabouços mais elaborados, funções metabólicas complexas. ribuição de células no interior dos arcabouços e controle de distribuição espacial de células e es de crescimento => bioimpressão de órgãos. cularização dos arcabouços. ução de materiais com biodegradação controlada e compatível com a regeneração do o. mização dos processos de decelularização, expansão de células e biorreatores para eadura das células. sferência dos métodos desenvolvidos “in vitro” para os testes clínicos. to de produção e implementação da nova tecnologia. RIO materiais Definição Histórico Propriedades Aspectos econômicos emplo de aplicação Engenharia tecidual nsiderações finais Desafios, oportunidades DERAÇÕES FINAIS Grande número e tipos de biomateriais já disponíveis no mercado… Porém, desenvolvimento de novos biomateriais ainda é uma necessidade: tipos, ualidade, custo… O uso clínico de biomateriais avançados ainda é restrita a uma parcela da população mundial, privando: Pacientes: melhor qualidade de vida e maior longevidade Profissionais da área de saúde: melhor desempenho pelo uso de materiais mais avançados tecnologicamente. DERAÇÕES FINAIS ios e oportunidades senvolvimento de metodologias para controlar a arquitetura a nível molecular, para ngenheirar” biomateriais e biomacromoléculas com maior estabilidade. plementação em escala industrial (“Scale-up). ustomização” de biomateriais – dispositivos adaptáveis ou apropriados para indivíduos em escimento, por exemplo (engenharia tecidual e manufatura aditiva). DERAÇÕES FINAIS ios e oportunidades rmatização – nanotoxicologia, por exemplo. racterização “in situ” de estrutura, propriedades e funcionalidade. tratégias para acelerar as descobertas – integração de abordagens experimental, teórica, mputacional e de modelagem. ucação em biomateriais DERAÇÕES FINAIS O lado inspirador, humano da área de biomateriais é que milhões de das podem ser salvas através deles e que a qualidade de vida de m número maior ainda de pessoas pode ser melhorada em ecorrência de seu uso. Ratner et al., Biomaterials Science: An Introduction to Materials in Medicine, 3rd ed., 2013