GESTÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA: CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DESIGN INSTRUCIONAL PARA EDUCAÇÃO ON-LINE Vani Moreira Kenski – USP/ SITE Educacional, Ltda [email protected] Ana Cristina Lima Santos Barbosa – UFJF [email protected] Resumo: Este artigo apresenta a gestão acadêmica implementada no curso de pós-graduação lato sensu em DESIGN INSTRUCIONAL PARA EDUCAÇÃO ON-LINE, oferecido pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF - MG), em parceria com e a empresa acadêmica SITE Educacional Ltda. (SP). Neste artigo serão tratados: a demanda pelo profissional em Design Instrucional, a gestão administrativa (administração escolar, estruturas física e tecnológica) e acadêmica (proposta metodológica, articulação pedagógica e avaliação) do curso e, finalmente, os resultados alcançados, provenientes da formação especializada do Instrucional Designer. Palavras-chave: gestão acadêmica; educação on-line; pós-graduação. INTRODUÇÃO Os avanços tecnológicos provocam profundas mudanças nos processos de gestão nos mais distintos campos. Não é diferente no setor educacional. Com a expansão e o desenvolvimento do ensino, que possibilitam o seu planejamento para além do âmbito institucional, abrem espaço outros serviços educacionais prestados fora da escola. Nesse novo cenário, o número de instituições que oferecem cursos na modalidade a distância, cresce de forma significativa. Por serem flexíveis e possuírem maiores condições para o oferecimento de aprendizagens individualizadas que o ensino formal, o ensino a distância responde adequadamente à diversidade da demanda, especialmente para a formação continuada. Para obter o máximo dos seus recursos e alcançar os objetivos propostos, um dos fatores de eficiência e eficácia dos sistemas educacionais a distância é, sem dúvida, a sua gestão, o que comporta: o planejamento, a organização, a direção e o controle (RUMBLE, 2003, p. 15) de todo o processo educacional desenvolvido no seu oferecimento. Neste texto nós vamos abordar as diferenciadas formas de gestão existentes no curso pós-graduação lato sensu (em nível de Especialização) em DESIGN INSTRUCIONAL PARA EDUCAÇÃO ON-LINE, realizado na modalidade a distância, via Internet. O curso DESIGN INSTRUCIONAL PARA EDUCAÇÃO ON-LINE foi organizado a partir de estudos e pesquisas sobre o perfil necessário ao exercício deste novo profissional, o “designer instrucional”. O curso interdisciplinar foi estruturado a partir de onze disciplinas, com a carga horária total de 380 horas, distribuídas em 12 meses de atividades a distância, via Internet. A fim de garantir a qualidade da formação e da interação on-line, o curso oferece anualmente uma turma, com apenas 30 vagas, para alunos que já possuam diploma de curso superior e fluência tecnológica. O perfil de formação dos alunos é amplo. Nas três turmas já oferecidas participaram alunos graduados, especialistas, mestres e doutores com formação em Informática, Ciências Humanas, Educação e em outras diferentes áreas do conhecimento (tais como: medicina, odontologia, engenharia, arquitetura, comunicação, etc.). Alguns já possuem experiência no desenvolvimento de cursos on-line em diferentes modalidade e níveis de ensino. O curso abrange estudantes de todo o território nacional. 1 DEMANDA Os cursos a distância realizados em ambientes virtuais estão em franca expansão. Os dados do último Censo de Educação a Distância, realizado em 2002, já apontavam um número de mais de 80 mil alunos nesta modalidade de ensino. Desde então este número tem se ampliado rapidamente. Ultrapassando o momento em que predominava o oferecimento de cursos livres, de curta duração, o que se tem na atualidade é o maior oferecimento de cursos plenos de graduação – sobretudo de pedagogia e formação de professores – e as inúmeras e diferenciadas propostas de cursos de educação corporativa. Essa demanda gigantesca exige a atuação de profissionais especializados que possam planejar, estruturar e acompanhar o desenvolvimento desses cursos de forma a garantir a qualidade dos cursos oferecidos nesta nova modalidade de ensino. Entre os novos profissionais com atividades específicas para a criação de cursos online destaca-se a atuação do DESIGNER INSTRUCIONAL. Longe da visão tecnicista que o nome evoca e que remonta aos paradigmas dos cursos de instrução programada dos anos 70, as novas funções de um Designer Instrucional em cursos on-line, sobretudo a distância, são complexas e diversificadas. A denominação de Designer Instrucional, inclusive, é internacional. Designa, no contexto da educação a distância – seja no ensino formal ou corporativo – o profissional responsável pela coordenação e desenvolvimento dos trabalhos de planejamento, desenvolvimento e seleção de métodos e técnicas mais adequadas ao contexto em que será oferecido um curso a distância. Sua atuação também engloba a seleção de atividades, materiais, eventos e produtos educacionais de acordo com as situações específicas de cada oferta educacional, a fim de promover a melhor qualidade no processo de aprendizagem dos alunos em cursos ocorridos em ambientes virtuais. Sua formação reúne competências relacionadas principalmente às áreas tecnológicas e educacionais. São fundamentais, também, os conhecimentos de comunicação, gestão de pessoas e de projetos, produção de textos e hipertextos, realização de storyboards e roteiros específicos para cada mídia a ser utilizada, produção e armazenamento de objetos de aprendizagem, etc. Sua atuação deve ser, preferencialmente, na liderança de equipes multidisciplinares para a criação, desenvolvimento e acompanhamento do oferecimento de cursos on-line. A importância da atuação deste profissional para o desenvolvimento e manutenção de curso em EAD on-line e a expansão crescente desta modalidade de ensino no Brasil exige que se ofereça a possibilidade de formação de qualidade desses profissionais. Dada a complexidade da sua formação, faz-se necessário que ela seja realizada, preferencialmente, em cursos de especialização lato sensu. Estes, no entanto, ainda são praticamente inexistentes, no Brasil. 2 GESTÃO ADMINISTRATIVA O curso de especialização em DESIGN INSTRUCIONAL PARA EDUCAÇÃO ON-LINE foi criado a partir de um convênio celebrado entre a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e a SITE Educacional Ltda. - empresa acadêmica associada ao CIETEC (Centro Incubador de Empresas Tecnológicas) situado no Instituto de Pesquisa Energéticas e Nucleares (IPEN) na Universidade de São Paulo (USP) - com a interveniência da Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão - FADEPE/UFJF. Tal convênio possibilitou o desencadeamento do processo de cooperação técnico-científica entre a empresa e a Universidade, através do Núcleo de Pesquisa em Qualidade de Software – Departamento de Ciência da Computação/ICE, visando a realização do curso (BARBOSA e KENSKI, 2007) São responsáveis pela gestão da parceria a Profª. Dra. Vani Moreira Kenski, por parte da SITE Educacional e a Profª. Ms. Ana Cristina Lima Santos Barbosa, por parte da UFJF. O gerenciamento financeiro e administrativo das atividades é feito pela Fundação da UFJF (FADEPE). O curso é autofinanciável, o que viabiliza o custeio de materiais didáticos, materiais de consumo, professores técnicos, passagens e diárias, taxas e serviços. 2.1 Administração escolar. Todo o processo de gestão administrativa do curso ocorre, naturalmente, a distância. A inscrição ao curso é feita digitalmente. Por meio da home page [1] do curso, o aluno tem acesso ao edital, às informações sobre o curso e ao link para preenchimento da ficha de inscrição on-line. Após o preenchimento da ficha de inscrição, o sistema gera um boleto bancário com o valor da taxa de inscrição. As mensalidades do curso são pagas, também, por meio de boleto bancário, emitido pela FADEPE. A ficha de inscrição é remetida automaticamente para o endereço eletrônico da coordenação do curso. A relação dos documentos exigidos para efetivação da inscrição e participação no processo seletivo é enviada pelo aluno, via correio, devidamente autenticada. O resultado da seleção é divulgado aos candidatos eletronicamente, via e-mail, e na página oficial do curso. O controle acadêmico do curso é feito através do Sistema Integrado de Gestão Acadêmica - SIGA/UFJF, gerenciado pela Coordenação de Registros e Assuntos Acadêmicos – CDARA – que providencia a matrícula dos alunos selecionados no curso. A coordenação utiliza as funcionalidades dos ambientes virtuais do curso para acompanhar todas as atividades e os desempenhos de professores e alunos. Todos os participantes podem, a qualquer momento, entrar em contato com a coordenação para as mais diversas solicitações e finalidades. Da mesma forma, a comunicação da coordenação com um aluno isolado, um grupo de alunos ou mesmo toda a turma e professores é feita no próprio ambiente. O acompanhamento do desempenho do aluno e as notas de todas as disciplinas são capturados da plataforma do curso e repassados, pela coordenação, para o banco de dados do sistema, possibilitando ao aluno, o acesso ao seu histórico escolar pela Rede, por meio de uma senha individual. Ao final do curso são emitidos pela UFJF os certificados de Especialista em “Design Instrucional para Educação on-line”, reconhecido pelo MEC, aos aprovados nas disciplinas e na monografia de fim de curso. 2.2 Estrutura física. Durante o curso são realizados cinco encontros bimestrais presenciais na cidade de São Paulo, entre todos os alunos e professores, com carga horária de oito horas cada um. Esses encontros, totalizando 40 horas, equivalem à disciplina “Seminário de DI” e possuem vários objetivos, além dos previstos na legislação para os cursos a distância. Eles atuam como oportunidades para a maior integração entre os alunos e entre estes e os professores. É o momento também para a apresentação de trabalhos, workshops, oficinas, palestras de especialistas convidados, painéis de professores e alunos e avaliações. 2.3 Estrutura tecnológica. O planejamento do curso considerou a grande necessidade de se ter uma boa estrutura tecnológica, ágil e flexível, que pudesse contemplar todas as especificidades das diversas disciplinas a serem desenvolvidas. Foram selecionadas duas plataformas- TelEduc [2] e Moodle [3] – para serem as bases de todas as disciplinas e o ponto de partida para atividades que não se restrigem a esses ambientes virtuais. Elas são, no entanto, as nossas “salas de aula virtuais” – o virtual settlement definido por JONES (1997) – o espaço de participação ativa e de interação entre todos os membros da nossa comunidade de aprendizagem. Esses LMS (Learning Management Systems) são plataformas de gerenciamento de aprendizagem a distância, também conhecidas como Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) e se caracterizam como classes virtuais, onde o estudante tem acesso aos materiais do curso, a encontros síncronos por meio de chats ou videoconferências, a fóruns de discussão assíncrona, quadros de avisos e murais com informações relevantes para a comunidade, além de bibliotecas, glossários e objetos de aprendizagem multimídia, etc. (CLEMENTINO E BARBOSA, 2005). Elas possuem também espaços pessoais dos alunos e dos professores, onde podem apresentar suas contribuições, escrever suas observações e relatórios de acompanhamento dos seus estudos e escrever e receber mensagens de todos os participantes. Além dos alunos e professores, outras pessoas – sobretudo especialistas em determinado conteúdo do curso - podem participar das atividades propostas, como convidadas. Os dois ambientes são utilizados de acordo com as especificidades das disciplinas e as atividades propostas em cada uma delas. As disciplinas iniciais, mais teóricas, são realizadas quase que exclusivamente no ambiente TelEduc. Já as disciplinas de cunho mais prático e criativo são realizadas no Moodle. As atividades não se restringem, no entanto, às funcionalidades existentes nesses ambientes. Em todas as disciplinas são agregadas atividades que são realizadas em diferenciados softwares específicos para a realização de atividades presenciais e grupais. Pretende-se, com isso, a formação de profissionais plenos que não restringem suas ações em e-learning apenas aos ambientes, mas utilizando e incorporando todas as funcionalidades existentes e disponíveis para a viabilização de cursos on-line. Em termos tecnológicos, o curso administra a realização de backup permanente de todo o material disponível e a viabilização de Planos de Contingência, com a articulação entre servidores, que garantam a plena manutenção do curso “no ar”, para acesso dos alunos a qualquer momento, de qualquer local, durante toda a sua duração. 3 GESTÃO ACADÊMICA O curso de Especialização em DESIGN INSTRUCIONAL PARA EDUCAÇÃO ON-LINE tem como objetivo geral a formação do profissional – designer instrucional – capaz de coordenar o desenvolvimento de todas as etapas de projetos educacionais à distância, via internet, para empresas ou instituições de ensino. O currículo acadêmico, desenvolvido conjuntamente pelas instituições parceiras, congrega assuntos e professores de diferentes áreas, aptos a contribuir para a formação do Instrucional Designer. Para atingir seus objetivos, o curso é estruturado em onze disciplinas, correspondendo às etapas de atuação do profissional para a realização plena de um projeto de Design Instrucional. Ao final do curso, os participantes terão vivenciado na teoria e na prática o acompanhamento e a realização de projetos completos de EaD on-line, que respeitem as condições e necessidades de aprendizagem dos alunos e os objetivos do ensino. A monografia de final de curso contempla exatamente todo este processo. Ela está diretamente relacionada com o desenvolvimento de um projeto de Design Instrucional de um curso on-line, proposto pelo estudante. O corpo docente do curso é composto por onze professores - Doutores e Mestres em fase de Doutoramento – da equipe da SITE Educacional e de vários Departamentos da UFJF. Todos possuem as melhores qualificações em suas áreas – Educação, Informática, Comunicação, Administração, Lingüística, Psicologia etc. –, além de fluência tecnológica e experiências em ensino on-line. Todos atuam também como Designers Instrucionais de suas próprias disciplinas, contando com o apoio da coordenação, de acordo com as especificidades dos mesmos. 3.1 Proposta metodológica. O curso de especialização em DESIGN INSTRUCIONAL PARA EDUCAÇÃO ON-LINE caracteriza-se, fundamentalmente, por suas abordagens colaborativas de aprendizagem. A necessidade de permanente atualização do Designer Instrucional e o exercício de atividades em que ocorrem constantes mudanças e inovações, sobretudo tecnológicas, nos orientaram para o desenvolvimento do curso plenamente baseado nos pressupostos construtivistas de aprendizagem. Consideramos, assim como BECKER (1994, pp.88-89), que nada, a rigor, está pronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em nenhuma instância, como algo terminado. Ele se constitui pela interação do indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais; e se constitui por força de sua ação e não por qualquer dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal modo que podemos afirmar que antes da ação não há psiquismo nem consciência e, muito menos, pensamento[...] A Educação deve ser um processo de construção de conhecimento ao qual ocorrem, em condição de complementaridade, por um lado, os alunos e professores e, por outro, os problemas sociais atuais e o conhecimento já construído (‘acervo cultural da Humanidade’). Sob essa perspectiva, o aprendiz constrói sua própria realidade, ou seja, a interpreta de acordo com a percepção derivada de sua própria experiência. Desse modo, o conhecimento é constituído em função de suas experiências prévias, estruturas mentais e as crenças que utiliza para interpretar objetos e eventos, mobilizando aspectos cognitivos, sociais e afetivos (JONASSEN ET ALL, 1993) Dessa forma, no curso, o aluno é sujeito ativo no processo de aprendizagem, por meio da experimentação, da pesquisa em grupo, do estímulo à dúvida e ao desenvolvimento do raciocínio. Desenvolve um percurso não-linear, num processo ativo e interativo com todos os intervenientes no processo. Os professores atuam e participam ativamente das atividades realizadas a distância, on-line, incentivando e motivando a participação dos alunos na construção do conhecimento, além de desafiar os alunos a pesquisar e adquirir novos conhecimentos. Destacam-se como moderadores e estimuladores das interações entre todos os participantes, ao promoverem atividades que estimulam a participação ativa do indivíduo na construção de suas próprias aprendizagens, a responsabilidade pela construção coletiva do conhecimento e a manutenção ativa da comunidade de aprendizagem constituida entre todos os membros da turma. Objetivando a construção do conhecimento (e não, a aquisição de conhecimentos prédefinidos), a metodologia é voltada para o desenvolvimento de um verdadeiro pensamento estratégico, focando esforços em atividades, métodos e técnicas que produzam círculos virtuosos de criação, organização, compartilhamento, utilização e reutilização de informações e conhecimentos, no sentido mais pleno da GESTÃO DO CONHECIMENTO. Recorrendo a ferramentas de comunicação síncronas e assíncronas, via Internet, os ambientes de aprendizagem on-line propiciam uma aprendizagem interativa a partir de uma dinâmica e extensa partilha de informação, idéias e opiniões entre os alunos (HARASIM, 1989). As estratégias pedagógicas utilizadas nas disciplinas do curso buscam promover a colaboração e a troca de experiências e idéias entre todos os participantes sobre questões de interesse no âmbito da atuação deste profissional. Neste sentido, aproximamo-nos dos preceitos apresentados no relatório “The Components of Online Education: Higher Education on the Internet”( HENDERSON, 1999, p.52) que, entre muitas outras coisas, afirma que: The Internet is about “Net-work,” not “Net-delivery.” The Internet is not just a delivery system for data, and its nodes are not simply carriers and containers of value created somewhere else, but a system in which nodes add value and intelligence to the overall work of the network [4]. Privilegiando a ação e a interação humana nas diversas disciplinas do curso, procura-se por meio de atividades colaborativas ir além da informação e garantir a todos oportunidades de parcerias e contribuições que garantam a aprendizagem coletiva e a vivência de comportamentos de atuação em equipes, que serão constantes em suas atividades profissionais como Designers Instrucionais. 3.2 Articulação pedagógica. Cada disciplina é planejada, desenvolvida e ministrada pelo professor responsável. O planejamento é analisado e discutido com a coordenação do curso. Os professores constituem uma comunidade própria. Todos têm condições de ver as demais disciplinas e atividades dos alunos do curso, realizadas nos ambientes virtuais. Esta condição garante maior conhecimento dos momentos anteriores do curso e a orientação do planejamento e das estratégias de cada disciplina, conforme as reações anteriores dos alunos. Garante também que as disciplinas aproveitem os trabalhos já realizados para, a partir deles, desenvolver novas atividades que aprofundem os temas tratados ou os complementem, em novas bases. Como o processo do curso decorre da própria atuação do Designer Instrucional para o desenvolvimento de um projeto educacional on-line, a articulação entre as disciplinas é mais que desejável. A seu tempo, cada disciplina avança no mesmo processo e agrega informações, habilidades, atitudes, práticas e procedimentos que, ao final, permitem a visão plena da atuação deste profissional. 3.3 Avaliação. O processo de avaliação ocorre durante todo o curso. Todas as disciplinas procuram orientar a aprendizagem e o desenvolvimento do aluno por meio de atividades específicas que vão desde a leitura de textos a respostas a questionamentos ou desafios individuais e coletivos, relacionados com o fazer cotidiano de um Designer Instrucional. Alem disso, todas as disciplinas encaminham, em seu trabalho final, para o aporte à Monografia que o aluno irá apresentar ao final do curso. Deste modo, caso o aluno já tenha amadurecido o tipo de curso e de conteúdo que servirá como tema do seu projeto final de Design Instrucional, ele pode ir, progressivamente, realizando o trabalho, deixando para a última disciplina (Orientação de Monografia) apenas a consolidação e organização final do projeto. Com o próprio fazer colaborativo sendo levado em conta, tanto o trabalho reflexivo e autoral do aluno quanto sua participação ativa nos projetos em equipe são observados no processo contínuo de avaliação do aluno, de acordo com os seguintes descritores: realização das atividades; participação e interação; aproveitamento dos conteúdos; cumprimento dos prazos e auto-avaliação. Por meio de um acompanhamento contínuo e diferenciado, consideramos o processo de aprendizado do estudante em sua forma plena. Utilizamos a auto-avaliação como parte essencial do processo avaliativo. Consideramos que, para a formação deste novo profissional, é preciso dotar-lhe de oportunidades de análise crítica de sua própria prática e desempenho. Neste sentido, consideramos que, por meio de procedimento de auto-avaliação, oferecemos oportunidades de acesso a um saber que se aprende fazendo, por meio de atuações específicas empreendidas pelo aluno: apreciação crítica de seu trabalho, identificação e análise das etapas que o constituem; identificação dos erros cometidos e dos sucessos alcançados individualmente ou em equipes; comparação entre ação desenvolvida e o plano pensado; confronto dos resultados obtidos com os produtos esperados. O processo de avaliação culmina com a realização de monografia pelos alunos. Só estarão aptos para a elaboração da monografia os alunos que forem aprovados (mínimo de sete para aprovação) em todas as dez disciplinas anteriores. Aos alunos que possuem pendências nas disciplinas, a coordenação orienta pontualmente para que as resolvam antes do final das mesmas, para que possam garantir as condições e o tempo necessário para a realização da Monografia. A elaboração da Monografia é desenvolvida por meio de uma nova disciplina de metodologia de pesquisa, voltada operacionalmente para auxilio aos estudantes em seus projetos. Neste momento, as facilidades do ensino on-line se revelam. Todos os alunos têm acesso a todas as informações e atividades realizadas desde o primeiro momento do curso. A partir de um “roteiro de monografia”, que contempla todas as dez disciplinas oferecidas, o aluno reflete e avança sobre o tema do curso que irá desenvolver como projeto de Design Instrucional. A primeira versão do trabalho de cada aluno é disponibilizada no ambiente virtual e encaminhada para ser discutida com o orientador e demais professores, pré-definidos como banca de cada projeto. Todos os membros da banca analisam a versão preliminar de cada projeto e encaminham no ambiente suas apreciações e sugestões de modificação ou complementação a cada um dos alunos. Todas essas orientações e os próprios trabalhos são disponibilizados no ambiente virtual do curso e podem ser lidos por todos. Aos alunos também é oferecida a oportunidade de utilização de um espaço personalizado no ambiente virtual Moodle para desenvolvimento e teste de seus projetos. Todos os alunos têm acesso a todos os trabalhos e são estimulados a colaborarem, para que possam aprender a fazer o melhor a partir das vivências e experiências de toda a turma e prosseguir na expressão de suas atitudes de colaboração e cooperação. A apresentação final dos resultados das Monografias se dá em um ambiente de confiança e de aprendizado coletivo. Como última atividade presencial, os alunos apresentam oralmente os resultados de seus projetos, confiantes de que serão avaliados e argüidos pela banca que já lhes apresentou os caminhos para a realização do trabalho com a qualidade necessária. A participação dos colegas estimula cada um a mostrar os melhores resultados de suas aprendizagens. Ao final, as mais diversas versões e visões de cursos para todos os fins e níveis educacionais nos informam sobre a prontidão dessas pessoas para o exercício de suas funções como Designers Instrucionais. 4 RESULTADOS ALCANÇADOS Com início em 2005, o curso se encontra, hoje, na sua terceira edição. Nas duas turmas anteriores conseguimos realizar o curso com onze disciplinas, mais de dois períodos letivos e muitas horas de atuação a distância, com cerca de vinte alunos concluintes em cada uma. Desses, temos apresentadas e defendidas com sucesso mais de trinta monografias. São trinta novos profissionais, Designers Instrucionais que contribuem com seus aprendizados para o desenvolvimento de cursos on-line de qualidade. O trabalho é grande e os desafios maiores. Temos necessidade de revisão permanente de nossas práticas, teorias, procedimentos e tecnologias. A todo o momento surgem inovações que alteram as formas de atuação e desenvolvimento de cursos on-line. Queremos garantir com a formação oferecida uma nova atitude para esses profissionais. É fundamental que permaneçam atualizados, buscando as aprendizagens que lhes faltam e, o mais importante, que tenham autonomia para aprender mais e melhor. É importante também, que incorporem em suas práticas as atitudes e hábitos de atuação em equipes e que possam, em suas atividades, realizarem os ideais previstos por Pierre Lévy da inteligência coletiva, tão caros para a ação educacional que o momento atual requer. Recuperando LÉVY (1994, p.29), C'est une intelligence partout distribuée, sans cesse valorisée, coordonnée en temps réel, que aboutit à une mobilisation effective des compétences. (…) Personne ne sait tout, tout le monde sait quelque chose, tout le savoir est dans l’humanité [5]. NOTAS [1] http://pergamo.cpd.ufjf.br/~latosensu/Design_Instrucional.html [2] O software livre TelEduc é um ambiente virtual de aprendizagem desenvolvido conjuntamente pelo Núcleo de Informática Aplicada à Educação (NIEd) e pelo Instituto de Computação (IC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). [3] O software livre Moodle (acrônimo de Modular Object-Oriented Dynamic Learning) é um ambiente virtual de aprendizagem criado em 2001 pelo educador e cientista computacional Martin Dougiamas, na Austrália. Ele é desenvolvido colaborativamente pela comunidade virtual de usuários da qual participam programadores e desenvolvedores de software livre, administradores de sistema, professores, designers instrucionais e usuários de todo o mundo. Originalmente criado em inglês, ele possui versões em muitos idiomas, inclusive em Português, e que é utilizada no curso. [4] “O foco da Internet é sobre o trabalho em rede (net-work) e não, sobre a entrega em rede (netdelivery). Não é apenas um sistema de entrega de dados, e seus nós não são, simplesmente, transportadores e repositórios de valores criados por outros, mas um sistema no qual os nós agregam valor e inteligência à totalidade da rede”. [5] “É uma inteligência distribuída por toda parte, incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que conduz à uma mobilização efetiva das competências. (...) Ninguém sabe tudo, todo mundo sabe alguma coisa, todo o saber está na humanidade”. BIBLIOGRAFIA BARBOSA, A. C. L. S. ; KENSKI, V. M. . “Parceria público-privada no desenvolvimento de pós-graduação on-line”. In: IV Congresso Luso-Brasileiro de Política e Administração da Educação, Anais. Lisboa: 2007. BECKER, Fernando. “O que é construtivismo?”. In: Série Idéias, n. 20. São Paulo: FDE, 1994. Disponível em: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/dea_a.php?t=011 (acesso em setembro/2007). CLEMENTINO, A; BARBOSA, A. C. L. S. “Organizational learning and the possibilities of accomplishment by e-learning.” In: III International conference on discourse, communication and the enterprise (DICOEN 2005) – Anais. Rio de Janeiro: PUC, 2005. JONASSEN, D. MAYES, T. & MCALEESE R. “A manifesto for a constructivist approach to technology in higher education”. In DUFFY, T. JONASSEN, D. & LOWYCK, J. (Eds.). Designing constructivist learning environments. Heidelberg: Springer-Verlag, 1993. Disponível em: http://apu.gcal.ac.uk/clti/papers/TMPaper11.html (acesso em setembro, 2007) JONES, Quentin. “Virtual-Communities, Virtual Settlements & Cyber-Archaeology: A Theoretical Outline”. In: Journal of Computer Mediated Communication, v. 3, n. 3, 1997. Disponível em: http://jcmc.huji.ac.il/vol3/issue3/jones.html. (acesso em setembro/2007) HARASIM, L. On-line education: A new domain. Mindweave: communication, Computers and Distance Education. Oxford. Pergamon Press: Mason, R D and Kaye, A. R. eds., 1989. Disponível em: http://www.bdp.it/rete/im/harasim1.htm (acesso em setembro/2007) HENDERSON, Byron., The Components of Online Education: Higher Education on the Internet. Canada: Centre of the Study of Cooperatives Saskatoon: University of Saskatchewan, 1999. Disponível em: http://www.usaskstudies.coop/pdffiles/OnlineEd.pdf (acesso em setembro/2007).