EXAME DE URINA TIPO I:FREQUÊNCIA PERCENTUAL DE

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EXAME DE URINA TIPO I: FREQUÊNCIA PERCENTUAL
DE AMOSTRAS QUE SUGEREM INFECÇÃO URINÁRIA
Anhanguera Educacional S.A.
Correspondência/Contato
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Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Publicação: 09 de março de 2009
ANUÁRIO DA PRODUÇÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DISCENTE
Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008
Anne Elisa Amorim
Profa. Ms. Jaqueline Bento Pereira
Pacheco (orientadora)
Profa. Ms. Thaís Teixeira Fernandes
(co-orientadora)
Curso: Biomedicina
FACULDADE ANHANGUERA DE ANÁPOLIS
ANHANGUERA EDUCACIONAL S.A.
Trabalho apresentado em VI Seminário de
Iniciação Cientifica, Universidade Estadual
de Goiás - UEG
Trabalho apresentado no 8º. Congresso
Nacional de Iniciação Científica – CONIC –
SEMESP em novembro de 2008
Trabalho premiado com o 1º. lugar na área de
Ciências Agrárias, Biológicas e da Saúde no
2º. Seminário da Produção Docente e
Discente da Anhanguera Educacional em
dezembro de 2008.
RESUMO
Na detecção das infecções do trato urinário o exame de urina
tipo I representa um elemento indispensável e é amplamente
utilizado na prática médica. Como as infecções do trato
urinário podem levar a complicações importantes, o
diagnóstico precoce é de extrema importância e o
conhecimento da frequência percentual que acomete
determinada população promove discussões mediante dados
obtidos por estudos experimentais. Dessa forma, este trabalho
tem como principais objetivos estabelecer a frequência
percentual de amostras que sugerem infecção urinária no
grupo estudado por meio do exame de urina tipo I e verificar
a distribuição em relação ao sexo e idade dos pacientes.
Foram analisadas pela realização do exame de urina tipo I 270
amostras colhidas no Laboratório Central de Análises e
Pesquisas Clínicas, Anápolis-GO entre os meses de março e
maio de 2008, sendo que 137 apresentaram resultados
normais e 133 resultados alterados. Destas 133 amostras
alteradas 19% sugerem infecção urinária. As outras 83
amostras apresentaram resultados associados com outras
indicações que incluem leucocitúria sem bacteriúria,
bacteriúria, proteinúria, glicosúria e hematúria. O exame de
urina tipo I é, sem dúvida, um excelente método que
contribui para o diagnóstico de infecções urinárias. A
freqüência percentual de 19% obtida nesta pesquisa é um
resultado considerável que traduz a realidade epidemiológica
e que ilustra o quanto é importante a utilização de métodos
rápidos, com um custo reduzido e que auxiliam o clínico
assistente.
Palavras-Chave: Exame de urina tipo I; Frequência percentual;
Infecção urinária
Trabalho realizado com o incentivo e fomento da
Anhanguera Educacional S.A.
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Exame de Urina Tipo I: frequência percentual de amostras que sugerem infecção urinária
1.
INTRODUÇÃO
A medicina laboratorial é um campo que tem grande importância e a análise da urina,
pode-se dizer, foi o início de tudo. Os médicos da antiguidade frequentemente eram
representados por ilustrações nas quais examinavam frascos de urina, sendo que muitos
desses médicos não tinham contato com o paciente, apenas com a amostra de urina.
Apesar de não existirem técnicas elaboradas de diagnóstico laboratorial, a
observação de aspectos como cor, odor e volume traduziam informações de grande
relevância. No entanto, as técnicas atuais que permitem a análise da urina evoluíram
bastante, e envolvem não somente o exame físico, mas também o estudo químico e
microscópico do sedimento urinário (STRASINGER, 1991, p. 1).
A invasão e multiplicação bacteriana nos tecidos do trato urinário, desde a uretra
até os rins é o padrão que define a Infecção do Trato Urinário (ITU). A ITU pode ocorrer
em qualquer idade e em ambos os sexos, embora seja mais encontrada no sexo feminino.
Além disso, a ITU é uma das infecções mais comuns na população, sendo que uma série de
fatores pode influenciar na origem ou não deste tipo de patologia. Tais fatores incluem os
biológicos e comportamentais do hospedeiro bem como as características infectantes dos
uropatógenos (HASENACK et al., 2004).
Existe um fator agravante em relação às infecções do trato urinário, pois além de
serem bastante comuns podem provocar complicações graves como insuficiência renal e
septicemia (SILVA, 2005). Além disso, características como idade do paciente e estado
físico geral podem influenciar no prognóstico (YOSHIDA et al., 2006).
A ITU acomete no primeiro ano de vida preferencialmente o sexo masculino
devido ao maior número de malformações congênitas, principalmente válvula da uretra
posterior. No entanto, durante toda a infância as meninas são mais acometidas pelas ITU.
Na fase adulta o sexo feminino ainda é o mais atingido e a incidência aumenta, sendo que
a atividade sexual, a gestação e a menopausa são fatores que estão intimamente
relacionados (HEILBERG; SCHOR, 2003). Outras características estão associadas com
predominância das ITU no sexo feminino. Na mulher, além da uretra mais curta, a
proximidade do ânus com a uretra e o vestíbulo vaginal viabiliza a colonização destes
pelos principais agentes causadores de ITU, as enterobactérias (VIEIRA NETO, 2003). O
fato das mulheres estarem mais predispostas às ITU também pode estar associado a outros
fatores como o uso de diafragmas com espermaticida, alteração do pH vaginal que pode
ocorrer com a alteração da microbiota pelo uso de antibióticos e pelo hipoestrogenismo
que, freqüentemente, ocorre na menopausa (VIEIRA NETO, 2003; HASENACK et al.,
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2004). Durante a gestação a ITU representa uma das doenças infecciosas mais comuns
devido às transformações anatômicas e fisiológicas que ocorrem no trato urinário nesse
período (DUARTE et al., 2002).
A infecção do trato urinário pode acometer um único local como a uretra,
próstata, bexiga ou rins, embora mais de um local possa estar infectado. Na mulher os
locais mais atingidos são uretra e bexiga. Alguns outros fatores que predispõem com
maior frequência à mulher às infecções urinárias são: bexiga maior, podendo armazenar
urina por mais tempo e ausência de propriedades antimicrobianas (CAMARGO et al.,
2001).
O diagnóstico clínico, muitas vezes, é baseado em sinais e sintomas que incluem
disúria, freqüência miccional, dor lombar e/ou suprapúbica, febre etc. No entanto, o
paciente pode se apresentar assintomático e o diagnóstico definitivo nos dois casos deve
envolver as análises clínica e laboratorial (SILVA PIRES, et al., 2007).
A classificação das ITU pode ser disposta da seguinte forma: a ITU complicada
que é influenciada por fatores predisponentes do indivíduo como anormalidades
anatômicas, fisiológicas ou procedimentos invasivos como o uso de catéter vesical,
cirurgias no trato urinário etc e a ITU não complicada que acomete, principalmente,
mulheres jovens e sexualmente ativas que possuem a estrutura e a função do trato urinário
normais (HÖRNER et al., 2006).
Os principais agentes causadores de ITU são os microrganismos Gram-negativos
entéricos, principalmente Escherichia coli, seguida dos demais Gram-negativos como a
Klebsiella, Enterobacter, Actinobacter, Proteus, Psedomonas etc. Em mulheres jovens
sexualmente ativas o Staphylococcus saprophyticus é associado como um dos causadores
de ITU não complicada (KAZMIRCZAK; GIOVELLI; GOULART, 2005).
A caracterização de uma infecção do trato urinário deve ser baseada em avaliação
clínica e laboratorial. Os testes laboratoriais mais utilizados envolvem a urinálise,
representada pelo exame de urina tipo I e a urocultura. Esta última tem grande
importância, pois além de indicar a ocorrência de multiplicação bacteriana no trato
urinário, também permite a identificação do microrganismo causador e o estudo da
sensibilidade frente aos antibióticos (SATO et al., 2005).
O exame de urina tipo I, quando realizado de maneira correta, é um ótimo
auxiliar no que diz respeito ao diagnóstico da infecção urinária sendo conhecido como um
teste de triagem e é uma avaliação de rotina. É um exame que envolve um custo baixo, a
amostra é de fácil obtenção e a execução é bastante simples. Além disso, permite a
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detecção de inúmeras patologias de grande importância que incluem doenças renais e do
sistema genito-urinário (COSTA et al., 2006).
O diagnóstico das ITU não complicadas em mulheres adultas na rotina dos
consultórios médicos ambulatoriais, geralmente, é realizado através de anamnese, já que a
maioria das ITU é acompanhada por sintomas como disúria e polaciúria. No entanto, é
importante ressaltar que nem sempre tais sintomas correspondem à infecção suspeitada. A
urinálise (exame de urina tipo I) de rotina envolve a avaliação macroscópica da amostra
(exame físico), a análise química obtida através de fita reagente e o exame microscópico.
Este último permite verificar a presença de hematúria, piúria, cilindrúria, bacteriúria e
cristalúria no sedimento urinário centrifugado e tem grande importância, pois auxilia o
clínico na conduta a ser adotada (HASENACK et al., 2004).
O exame macroscópico ou físico envolve a análise de aspectos como volume, cor,
aspecto, depósito e densidade. Em relação ao exame químico características como pH,
proteínas, glicose, corpos cetônicos, hemoglobina, urobilinogênio e nitrito são observadas.
Já o exame microscópico, que é de extrema importância, pode fornecer informações
importantes em relação a estruturas como leucócitos, hemácias, células epiteliais, cilindros,
filamentos de muco, cristais, sais amorfos, leveduras, espermatozóides, parasitas e
bactérias (QUEIROZ et al, 2000). O resultado da análise física pode explicar ou confirmar
os resultados dos exames químico e microscópico. O emprego de tiras reativas para a
realização da análise bioquímica da urina constitui uma forma eficiente, prática,
econômica e rápida para a caracterização dos elementos a serem investigados. O exame
microscópico do sedimento urinário é um dos principais parâmetros para a caracterização
e prognóstico de infecções do trato urinário (COSTA et al., 2006). Dessa forma, um
diagnóstico fidedigno com informações que possam auxiliar o clínico assistente na
implantação da melhor conduta é fator primordial para que complicações futuras sejam
evitadas.
Este artigo está organizado em seções. A primeira seção é essa introdução, a seção
2 apresenta os objetivos da pesquisa. A metodologia utilizada na realização da pesquisa é
apresentada na seção 3. As informações relacionadas ao desenvolvimento da pesquisa
como a revisão de literatura, o problema abordado, a solução proposta e implementada
são mostradas na seção 4. A forma de abordar os experimentos, os resultados e as
discussões são descritos na seção 5. Por fim, as considerações finais são apresentadas na
seção 6.
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Anne Elisa Amorim, Jaqueline Bento Pereira Pacheco, Thaís Teixeira Fernandes
2.
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OBJETIVO
Verificar a frequência percentual de amostras sugestivas de infecção urinária pela
realização do exame de urina tipo I em pacientes atendidos no Laboratório Central de
Análises e Pesquisas Clínicas, Anápolis-GO;
Verificar a distribuição de amostras sugestivas de infecção urinária em relação ao
sexo e idade dos pacientes.
3.
METODOLOGIA
Este trabalho envolveu a análise de resultados de exame de urina tipo I de pacientes
atendidos no Laboratório Central de Análises e Pesquisas Clínicas, Anápolis-GO no
período de março a maio de 2008. Para definir o agente etiológico da infecção a técnica
ideal é a urocultura. Porém, tal método exige um tempo maior para sua execução e seu
custo é mais elevado. Sendo assim, optou-se neste trabalho por identificar amostras
sugestivas de infecção urinária através da realização do exame de urina tipo I. Foram
considerados para análise 270 pacientes, sendo 217 adultos (162 do sexo feminino e 55 do
sexo masculino) e 53 crianças (28 do sexo feminino e 25 do sexo masculino). A faixa etária
é de 1 mês a 99 anos.
Seguindo orientação do próprio laboratório as amostras foram obtidas, na grande
maioria dos casos, através da coleta da primeira urina da manhã, em recipientes
esterilizados, utilizando-se o jato médio de micção espontânea. Para a coleta de amostras
em bebês, a urina foi acondicionada em coletores apropriados devido à dificuldade de
obtenção. O material biológico foi então encaminhado ao setor de uroanálise para
realização do exame de urina tipo I pelos profissionais do próprio laboratório seguindo
técnica semelhante à descrita na literatura (STRASINGER, 1991, p. 37-99).
Todas as amostras foram submetidas ao exame físico, ao exame químico (leitura
da fita reagente Dialab – Alka Tecnologia Diagnósticos) e ao exame microscópico.
A dosagem de proteínas foi realizada pelo método Microprote (kit Doles
reagentes) para amostras que apresentaram resultado positivo pelo uso da fita reagente.
Amostras que apresentaram valores de glicose alterados foram submetidas à pesquisa de
glicosúria na urina pela técnica de Benedict (Kit Doles Reagentes).
4.
DESENVOLVIMENTO
A infecção urinária é uma patologia muito frequente e acomete pessoas de todas as idades.
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Exame de Urina Tipo I: frequência percentual de amostras que sugerem infecção urinária
No entanto, o sexo masculino é o mais acometido no primeiro ano de vida devido
às malformações congênitas. Posteriormente, durante a infância e na vida adulta, o sexo
feminino é o mais atingido pelas ITU. Os fatores que tornam as mulheres mais susceptíveis
incluem: proximidade do ânus com a vagina e uretra, atividade sexual, uretra mais curta,
gestação e menopausa (BRANDINO et al., 2007).
Em relação ao diagnóstico laboratorial das ITU, o exame de urina tipo I constitui
um método importante para identificar a presença de leucócitos na urina, através da
avaliação do sedimento urinário (DACHI, 2000). É um dos principais exames que auxiliam
na orientação terapêutica de infecções do trato urinário, pois quando realizado
corretamente permite um diagnóstico preciso (CARVALHAL, ROCHA, MONTI, 2006).
Além disso, o exame de urina tipo I possibilita a detecção de bacteriúria e piúria que
sugerem infecção urinária. Entretanto, o diagnóstico final é baseado em fatores clínicos e
laboratoriais (STAMM, LUCIANO, PEREIRA, 1997). Dessa forma, o objetivo deste
trabalho foi verificar a frequência percentual de amostras sugestivas de infecção urinária
pela realização do exame de urina tipo I em pacientes atendidos no Laboratório Central de
Análises e Pesquisas Clínicas, Anápolis-GO.
O registro dos resultados de cada paciente foi realizado em formulário próprio.
Além disso, todos os pacientes assinaram termo de consentimento livre e esclarecido
autorizando a participação na pesquisa. Para os pacientes com idade inferior a 18 anos os
responsáveis assinaram o termo de consentimento.
A técnica do exame de urina tipo I consiste nas avaliações física, química e
microscópica, sendo que a análise física avalia cor, odor, volume, aspecto, depósito e
densidade (utilização do refratômetro). A avaliação bioquímica baseia-se no emprego de
tiras reagentes que analisam aspectos como proteínas, glicose, hemoglobina, corpos
cetônicos, nitrito, urobilinogênio, bilirrubinas e pH. E por fim, a análise microscópica
permite a pesquisa de diversos elementos figurados como hemácias, leucócitos, células
epiteliais, muco, cristais e bactérias (STRASINGER, 1991, p.37-89)
A execução do exame químico compreendeu os seguintes passos: a tira reagente
foi mergulhada completamente em urina previamente homogeneizada; o excesso de urina
foi retirado à medida que se encostava a tira na borda do frasco. A tira foi então mantida
na posição horizontal para não ocorrer contaminação. A análise foi procedida de acordo
com os valores de referência descritos pelo fabricante da fita reagente (STRASINGER,
1991, p. 48).
Para a realização do exame microscópico as seguintes etapas foram seguidas:
Foram centrifugados 10 ml de urina em tubo cônico graduado durante 5 minutos com
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força de 1.500 rpm (rotações por minuto). Após a centrifugação, o sedimento urinário
(cerca de 1 ml) foi ressuspenso e 10 microlitros deste material transferidos para câmara de
Newbauer para análise ao microscópio óptico (STRASINGER, 1991, p. 76).
5.
RESULTADOS
Foram obtidas amostras de 270 pacientes, sendo que 80 (30%) são do sexo masculino e 190
(70%) do sexo feminino (Figura 1). A análise destes 270 pacientes revelou que 50 (19%)
apresentaram amostras sugestivas de infecção urinária, sendo caracterizadas pela presença
de leucocitúria/bacteriúria ou leucocitúria/bacteriúria/nitrito (Figura 2). Em relação a
estes pacientes cujas amostras foram associadas com a presença de infecção urinária 12
(24%) são do sexo masculino e 38 (76%) do sexo feminino (Figura 3). Em relação à idade
destes pacientes, 27 (54%) tinham idade superior a 40 anos, 17 (34%) estavam na faixa
etária de 18 a 40 anos e 6 (12%) possuíam idade inferior a 18 anos (Figura 4). Os resultados
obtidos para todos os pacientes analisados foram agrupados em 10 categorias que incluem
resultados normal, sugestivo de infecção urinária, leucocitúria sem bacteriúria, bacteriúria,
proteinúria, hematúria, glicosúria, presença de leveduras, densidade baixa e densidade
alta (Tabela 1).
30%
(80 pacientes)
Sexo masculino
70%
(190 pacientes)
Sexo feminino
Figura 1. Distribuição do total de amostras em relação ao sexo.
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19%
(50 pacìentes)
81%
(220 pacientes)
Amostras sugestivas de
infecção urinária
Amostras não sugestivas
de infecção urinária
Figura 2. Frequência percentual de amostras sugestivas de infecção urinária.
24%
(12 pacientes)
sexo masculino
sexo feminino
76%
(38 pacientes)
Figura 3. Distribuição de amostras sugestivas de infecção urinária em relação ao sexo.
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Frequência percentual de amostras que
sugerem ITU
60%
50%
54%
40%
30%
34%
20%
10%
12%
0%
< 18
18 a 40
> 40
Idade dos pacientes
Figura 4. Frequência percentual de amostras sugestivas de infecção urinária em relação às idades
Tabela 1. Freqüência percentual dos resultados encontrados.
Resultado
N
Normal
Sugestivo de infecção urinária
Leucocitúria sem bacteriúria
Bacteriúria
Proteinúria
Hematúria
Glicosúria
Presença de leveduras
Densidade baixa
Densidade alta
Total
6.
137
50
3
52
3
8
6
2
6
3
270
f(%)
51
19
1
19
1
3
2
1
2
1
100
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A infecção urinária é um processo patológico extremamente importante e deve ser
diagnosticada o quanto antes em virtude de possíveis complicações. A urocultura e o
antibiograma são fundamentais parar a identificação do agente etiológico e da melhor
medicação a ser administrada, respectivamente. No entanto, para que o clínico assistente
possa ter sucesso no tratamento empregado é fundamental conhecer a realidade do
paciente, principalmente no que diz respeito às condições sócio-econômicas. Sendo assim,
a escolha de métodos rápidos e de baixo custo é fundamental para atender a população de
média ou baixa renda e o exame de urina tipo I se aplica muito bem a esta situação.
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Exame de Urina Tipo I: frequência percentual de amostras que sugerem infecção urinária
Em relação às ITU é importante destacar que o exame de urina tipo I,
principalmente as análises bioquímica e microscópica, auxilia de maneira extremamente
significativa na determinação de infecções do trato urinário (MACHADO et al., 1995).
Nesta pesquisa, 19% da população pesquisada apresentaram amostras sugestivas
de infecção urinária. Além disso, 76% dos pacientes com amostras sugestivas de infecção
urinária pertencem ao sexo feminino. Este último dado é similar ao descrito na literatura
que descreve o sexo feminino como alvo preferencial das infecções do trato urinário
(BRANDINO et al., 2007).
Em virtude do sexo feminino ser o mais acometido desde a infância até a vida
adulta (KAZMIRCZAK; GIOVELLI; GOULART, 2005), a indicação para a realização de tal
exame foi maior entre as mulheres, o que perfez um total de 70%.
Segundo Heilberg e Schor (2003), a ocorrência de infecção urinária tanto em
homens quanto em mulheres aumenta com a idade. Vários fatores predispõem as pessoas
de maior idade às infecções urinárias. Dentre eles, pode-se incluir nos homens o
estreitamento uretral. Entre as mulheres, a menopausa é um dos fatores predisponentes.
Dessa forma, a pesquisa demonstrou que 54% das amostras sugestivas de infecção urinária
eram provenientes de pacientes com idade superior a 40 anos.
Além de amostras sugestivas de infecção urinária, foram obtidas amostras que
sugerem outros resultados. Evidenciou-se que, 19% dos pacientes apresentou amostras
com bacteriúria somente. De acordo com Dachi (2000), tal achado não caracteriza fielmente
uma infecção do trato urinário. Alguns pacientes podem apresentar amostras
contaminadas com bactérias que estão presentes na uretra ou na região periuretral.
Pacientes que apresentaram amostras com leucocitúria sem bacteriúria
totalizaram 1%. A presença de leucocitúria estéril pode ser causada por outras patologias
como nefrite intersticial, litíase, trauma genito-urinário, glomerulonefrite, contaminação
vaginal dentre várias outras patologias (HEILBERG; SCHOR, 2003). A presença de
proteinúria perfaz 1% dos pacientes. As principais causas de proteinúria incluem elevação
dos níveis séricos de proteínas de baixo peso molecular, danos à membrana glomerular e
problemas que alteram a reabsorção tubular das proteínas filtradas (STRASINGER, 1991,
p. 53). Em relação à hematúria, 3% dos pacientes apresentaram este resultado, que
constitui uma dificuldade clínica em virtude da grande possibilidade de causas como
esforço físico e até neoplasias do sistema urinário (ABREU; REQUIÃO-MOURA; SESSO,
2007). O encontro de glicosúria perfaz 2% dos pacientes. Patologias como Diabetes Mellitus,
Síndrome de Fanconi, doença renal avançada, lesões no sistema nervoso central e gravidez
com possível Diabetes Mellitus latente são significados clínicos para glicosúria
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(STRASINGER, 1991, p. 56). Foram obtidos também resultados com densidade baixa (2%)
e densidade alta (1%). Tais resultados podem ser influenciados pelo grau de hidratação do
paciente que é uma condição não patológica ou por condições patológicas que devem ser
investigadas pelo clínico assistente (STRASINGER, 1991, p. 43). Em relação à presença de
leveduras, geralmente Candida albicans, 1% dos pacientes (sexo feminino) apresentou este
diagnóstico que é muito associado com Diabetes Mellitus e mulheres com monilíase vaginal
(STRASINGER, 1991, p. 84).
A verificação da frequência percentual de amostras que sugerem infecção urinária
em uma dada população justifica-se pelas possíveis complicações que podem ocorrer
levando a morbidade e mortalidade significativas. O diagnóstico rápido, fidedigno, a um
custo reduzido são fundamentais quando consideramos países em desenvolvimento como
o Brasil, pois as políticas públicas de saúde ainda não atingem grande parcela da
população. Dessa forma, o exame de urina tipo I é um grande aliado no que diz respeito à
implementação do tratamento adequado. O conhecimento da frequência percentual, que
neste caso foi de 19% da população é considerável e de suma importância, pois reflete um
dado epidemiológico. Como a maioria das ITU é causada por enterobactérias, a
identificação dos patógenos para fins de pesquisa e tratamento específico é de suma
importância, pois auxilia na caracterização da origem da infecção e permite, através da
realização de exames mais específicos como urocultura e antibiograma, a escolha da
melhor medicação a ser administrada pelo clínico.
PARECER DE APROVAÇÃO DE COMITÊ
Pesquisa autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Anhanguera Educacional S/A –
(CEP)/AESA - em 28/04/2008 por meio do parecer: 39/2008.
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