Efeito da calagem na produção de massa seca da melancia 1,3 2,3 1 Renato de Mello Prado ; Ancélio Ricardo de O. Gondim . Prof. Dr. UNESP/FCAV, Depto. Solos e 2 Adubos, 14884-900, Jaboticabal-SP; Estudante de Doutorado UNESP/FCAV, Depto. Produção Vegetal, 148843 900, Jaboticabal-SP; Bolsista CNPq;. E-mail: [email protected]; [email protected] RESUMO: A calagem promove neutralização da acidez do solo e aumento de bases (Ca, Mg) que podem influenciar a massa seca de melancia. Diante disto, avaliou-se o efeito de doses de calcário sob a produção de massa seca de plantas de melancia. Para isto, utilizouse o delineamento experimental inteiramente casualizados, com quatro repetições. Os tratamentos foram constituídos por cinco doses de calcário em g por vaso, (Do = zero; D1 = 0,44 (metade da dose para elevar o V a 70%); D2 = 0,88 (dose suficiente para elevar o V a 70%); D3 = 1,32 (1,5 vezes da dose para elevar o V a 70%) e D4 = 1,76 (2,0 vezes da dose para elevar o V a 70%). As plantas de melancia responderam a aplicação de calcário; a máxima produção de massa de melancia esteve associado a dose de 1,578g por vaso. Palavras Chave: Citrullus lanatus, saturação por bases, calcário, crescimento. ABSTRACT: Effect of liming in production dry matter of watermelon Dry matter of watermelon can be affected by neutralization of the acidity of the soil and increase of bases (Ca and Mg) to lime applications. In this work the effect of dose of liming in production dry matter plants of watermelon. Use experimental design was randomized entirely with four replications. The treatments was consisted five dose of liming in g for vase (Do = 0 ; D1 = 0,44 (half dose to elevate the V at 70%); D2 = 0,88 (dose sufficient to elevate the V at 70%); D3 = 1,32 (1,5 time dose to elevate the V at 70%) e D4 = 1,76 (2,0 time (half dose to elevate the V at 70%). Watermelon plants answered the limitily application; the maximum production of watermelon mass was associated the dose of 1,578g by vase. Keywords: Citrullus lanatus, basis saturation, calcareous, growth. Efeitos benéficos da calagem no desenvolvimento das culturas são demonstrados pela elevação do pH do solo, redução do teor de alumínio trocável, elevação dos teores de cálcio e magnésio disponíveis e aumento da disponibilidade de fósforo para as plantas (TRANI, et al. 1997). Com o aumento da concentração de Ca nos solos pode-se levar a ganhos na produção de matéria seca, pois o Ca participa como ativador enzimático (complexo Cacalmodulina), no processo de crescimento da membrana plasmática das células, isto através de bombas de Ca+2 situadas entre o tonoplasto e a membrana (TAIZ e ZEIGER 1991). Os ganhos na produção de matéria seca podem também ser influenciados pelo Mg no solo e absorvido pela planta, pois esse elemento participa estruturalmente da molécula de clorofila, importantíssima na maquinaria fotossintética da planta (MENGEL e KIRKBY, 1987). Para o Estado de São Paulo a recomendação de calagem pelo método da saturação por bases do solo é igual a 70%, no qual é adequada a cultura da melancia (TRANI, et al. 1997). Entretanto, as pesquisas que avaliaram a aplicação de calcário na melancia é incipiente. Sendo assim, o presente trabalho teve por objetivo estudar o efeito de doses de calcário sobre a produção de massa seca de plantas de melancia. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido no período de 06/4/03 a 22/6/03, sob condições de casa de vegetação, na UNESP/FCAV, Jaboticabal-SP. O solo foi classificado como Latossolo vermelho distrófico. A análise química do solo da área experimental revelou: pH (CACl2) = 4,4; P = 4 mg dm-3; M.O. = 3 mg dm-3; K = 0,3 mmolc dm-3; Ca = 2 mmolc dm-3; Mg = 1 mmolc dm-3; H + Al = 18 mmolc dm-3; SB = 3,3 mmolc dm-3; CTC = 21,3 mmolc dm-3 e V = 15%. A análise química foi realizada no laboratório da UNESP/FCAV, segundo metodologias descritas por RAIJ et al., (2001). O experimento foi em vasos com capacidade para 2 litros. Os tratamentos foram constituídos de cinco doses de calcário em g por vaso, (Do = zero; D1 = 0,44 (metade da dose para elevar o V a 70%); D2 = 0,88 (dose suficiente para elevar o V a 70%); D3 = 1,32 (1,5 vezes da dose para elevar o V a 70%) e D4 = 1,76 (2,0 vezes da dose para elevar o V a 70%). O calcário foi incorporado ao solo aos 23/01/03 em quantidades suficiente para determinar os tratamentos estudados. Realizou-se a adubação de plantio com 450 mg dm-3 de P (superfosfato triplo), 0,5 mg dm-3 de B (ácido bórico) e 2 mg dm-3 de Zn (sulfato de zinco). E a adubação de cobertura colocou-se 150 mg dm-3 de N (uréia (50%) + sulfato de amônio (50%)) e 75 mg dm-3 de K (KCl), dividida em duas parcelas iguais, aplicadas aos 6 e 43 dias após a emergência (DAE). Aos 73 dias após a emergência, coletou-se as plantas inteiras (raiz + parte aérea), foram lavadas em água deionizada e colocadas em estufa com circulação forçada de ar à temperatura de 65 °C, para em seguida obter a massa seca. Os dados foram submetido pelo teste F, e aos estudos de regressão polinomial. RESULTADOS E DISCUSSÃO A aplicação de calcário, proporcionou aumento da massa seca de melancia alcançando valores máximo de 4,65 g por vaso com dose de 1,578 g de calcário por vaso (correspondendo a 1,79 vezes da dose para elevar o V a 70%) esses resultados discordam de Trani, et al., (1997) que indica como adequado a saturação por bases igual a 70%. No tratamento com dose zero de calcário, verificou-se um acúmulo de massa seca das plantas baixo (0,4450 g), pois o solo utilizado foi de baixa fertilidade (V = 15%). Isto explica os benefícios da calagem no desenvolvimento da cultura da melancia, possivelmente pela melhoria das propriedades químicas do solo, ou seja, pela elevação do pH no solo, redução do teor de alumínio trocável, elevação dos teores de cálcio e magnésio trocável para as plantas. Acrescenta-se ainda que a calagem pode ter havido benefícios nutricionais da planta especialmente com o cálcio (TAIZ e ZEIGER 1991) e magnésio (MENGEL e KIRKBY, 1987) que possivelmente influenciaram no ganho de produção matéria seca. A dose de calcário (1,76 g por vaso) não proporcionou ganho de matéria seca, possivelmente, ocorreu elevação do pH que pode ter afetado a disponibilidade de alguns micronutrientes (Fe, B, Cu, Mn e Zn). LITERATURA CITADA: MENGEL, K.; KIRKBY, E.A. Principles of plant nutrition. Bern: International Potash Institute, 1987. p.525-536: Zinc. RAIJ, B.V.; ANDRADE, J.C.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A. Análise química para avaliação da fertilidade de solos tropicais. Campinas: Secretaria de Agricultura e Abastecimento, APTA e IAC, 2001, 284p. TAIZ, L.; ZEIGER, E. Plant physiology. Belmont: The Benjamin Cummings, 1991. p.426449. TRANI,P.E.; PASSOS, F.A.; NAGAI, H.; MELO, A.M.T. Melão e melancia. In: RAIJ, B.V.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e calagem para o estado de São Paulo. Campinas, 2ª edição, 1997, p.181. (Boletim Técnico, 100). 5.0 Massa seca planta (g por vaso) 4.0 3.0 2.0 1.0 Y = 0,44 + 5,331**X - 1,68850*X2 R2 = 0,97 0.0 0.00 0.44 0.88 1.32 Doses de Calcário (g por vaso) 1.76 Figura 1. Massa seca de plantas de melancia em função da aplicação de calcário.