A avaliação está sempre presente em nossas vidas. Ela inclui

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A avaliação está sempre presente em nossas vidas. Ela inclui valores e julgamento pessoais que
influenciam no próprio processo de aprendizagem ( Saul, A.M.;1988). Mesmo quando
pensamos no conceito da avaliação educacional ligado especificamente à alguma forma de
mensuração do conhecimento, os questionamentos pessoais influenciam pois a motivação de
um indivíduo para aprender está intrinsecamente ligada ao valor que ele atribui ao conteúdo :
este conhecimento será útil na minha vida ? isto é algo que me interessa ?
Neste sentido, pensar sobre avaliação é pensar também sobre o espaço sala de aula, sobre o
papel do professor e sobre as relações que se estabelecem entre professor e aluno. Como
evidenciado por Hoffman, temos ainda um predomínio da visão comportamentalista na
educação caracterizada pela mera transmissão de conteúdos , por avaliações que não levam
em conta a construção do conhecimento pelo aluno e por uma falta de compromisso do
professor no processo de aprendizagem e no fracasso de alguns estudantes. A dificuldade de
implantação de um novo modelo passa por diversos fatores desde o hábito e treinamento dos
professores no modelo comportamentalista desde os tempos de aluno, como da estrutura
social atual que, como nos lembra Bauman em seu conceito de modernidade líquida, se
caracteriza pelo provisório, pelo desapego e pelo desejo de aplicação imediata dos
conhecimentos (Bauman apud Porcheddu, A.; 2009). A relação entre professor e aluno é
muitas vezes mercantilizada e o professor muitas vezes se vê entre as pressões dos próprios
alunos e do mercado para oferecer o conhecimento pronto, para utilização o mais imediata
possível.
Os métodos de avaliação tradicionais , dentre os quais a prova é o mais marcante, seguem e
servem à lógica mencionada. Os argumentos dos professores contra outros métodos que
valorizam o processo de construção do conhecimento é bastante marcado pelos aspectos
citados por Bauman. Não é difícil imaginarmos frases como as seguintes sendo ditas por
profissionais da área : como posso fazer um tipo de avaliação diferente com a sala lotada e
com esta quantidade toda de alunos ? como posso acompanhar separadamente o processo de
aprendizagem de cada aluno ? o aluno é que não aprendeu tanto é que alguns passaram na
prova e tiraram boas notas.
Posicionamentos deste tipo mostram descompromisso do professor com o aluno,
autoritarismo e um sepultamento dos sonhos e utopias da educação em troca do pragmatismo
resultante de uma lógica de mercado e do individualismo vigente nas relações sociais. A forma
de avaliação é portanto, conseqüência do tipo de educação que queremos. Não creio haver
nenhuma discrepância entre realizar provas se a concepção de educação é a de formarmos
indivíduos sem reflexões e questionamentos , que querem receber os conteúdos já digeridos e
formatados para rápida aplicação. Se pensarmos porém na educação como um processo de
formação do indivíduo, de abertura de possibilidades para que ele construa seus próprios
valores e da construção de uma sociedade na qual todos tenham o seu potencial de
desenvolvimento estimulado de maneira plena, novas formas de avaliação devem ser
consideradas : formas que ao mesmo tempo mensurem mas também estimulem o indivíduo a
aprender, que considerem o aprendizado ao longo do tempo e a evolução do aluno , formas
que permitam maior responsabilidade do professor mediando a aprendizagem. A prova, passa
a ser apenas mais um item dentro de um processo retirando-se da mesma, a sobrecarga de
ser a única ou principal forma de avaliação e, consequentemente, o estresse gerado por ela
mesma.
É importante lembrar também que as avaliações sejam elas provas, seminários, aulas
expositivas ou quaisquer outras formas, devem ser instrumentos que estejam relacionados à
competência. Como diz Perenoud ( ), o indicador de uma possível competência adquirida
deve ser a capacidade de desempenhar funções e as avaliações devem ser instrumentos que
permitam o acompanhamento de que as competências necessárias se desenvolveram ou estão
em desenvolvimento.
Referências
Ana Maria Saul (Tati)
Hoffman: Avaliação Mediadora: Uma Relação Dialógica na Construção do Conhecimento
Disponível em www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_22_p051-059_c.pd
Porcheddu, A. Zygmunt Bauman : entrevista sobre a educação, desafios pedagógicos e
modernidade líquida. Cadernos de Pesquisa, v. 39, n. 137, maio/ago. 2009.
Perrenoud, (Cris)
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