A CULTURA NO MUNDO LÍQUIDO MODERNO Lucas Lunardelli Zwicker1 Referência: BAUMAN, Zygmunt. A cultura no mundo líquido moderno. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 2013. 111 p. Dados sobre o autor: Zygmunt Bauman, grande pensador da modernidade - a qual qualificou com o conceito de liquidez. Bauman nasceu na Polônia, 19 de novembro de 1925, entretanto mantém seus ofícios na Inglaterra desde 1971. Professor emérito das universidades de Varsóvia e Leeds. Recebeu o prêmio AMALFI (prêmio europeu de Sociologia e de Ciências Sociais) por intermédio da obra Modernidade e Holocausto – 1998, e Adorno (honraria alemã condida pela cidade de Frankfurt), no mesmo ano. Dados sobre a obra: A cultura no mundo líquido moderno, conceitua desde o conceito de cultura nos meandros históricos, bem como a ótica do poder que esta exerce sobre a sociedade. Paralelemente, Bauman disserta sobre a negligência das elites frente ao aparecimento das margens sociais. Na obra, é assinalado o emprego da cultura no mundo moderno, o qual desdobra-se na estratificação social comandada pela alta sociedade, com o escopo de ampliar o abismo entre as “classes sociais”. Zygmunt Bauman, contextualiza o campo cultural nas novas interações sociais e, desta forma, incumbindo novos significados ao termo Cultura. Resumo: Na obra de Zygmunt Bauman, A cultura no mundo líquido moderno, o autor desenvolve o conceito de cultura – do cultivar até o senso de categorização nos extratos sociais – em meio a liquidez e a indistinção. Em seu capítulo estreante, Apontamentos sobre as peregrinações históricas do conceito de “cultura”, faz-se uma jornada ao conceito da palavra cultura, compreendida originalmente como administradora da mudança do status quo e não da 1 Aluno do Segundo Ano do Ensino Médio do Colégio Expressivo de Xanxerê – SC. E-mail: [email protected] REVISTA CONVERSATIO / XAXIM – SC / Vol. 1 / Número 1 / Jan. /Jun. / 2016 Página 206 conservação, “mais precisamente, um instrumento de navegação para orientar a evolução social rumo a uma condição humana universal” [BAUMAN, 2013, p. 12]. Outrossim, a definição de cultura, discorreu sobre o “cultivar”, bem como na modernidade é caracterizada, preliminarmente por Bourdieu, como uma declaração de intenções e o meio pelo qual elites denominadas “instruídas” imperam sobre a cultura popular ou “cultura de massa”. No capítulo que segue, Sobre moda, identidade liquida e utopia nos dias atuais: algumas tendências culturais no século XXI, Bauman contempla a moda como um subterfúgio da vontade humanística pelo futuro em devaneio da individualização, é um fenômeno cultural que visa sublinhar distinções que ela reitera atenuar e por fim expurgar. “‟A moda‟, diz George Simmel, „nunca apenas é. Ela existe num permanente estado de devir‟” [BAUMAN, 2013, p. 22]. A moda é agente, desta forma, da modernização na qual Bauman compara com um pendulo, cujo movimento ocorre com graduais transformações, não havendo perdas e sim ganhos. Assim analisado, a moda busca substituir pelo novo. No capítulo terceiro da obra, Cultura: da construção da nação ao mundo globalizado, é abordada a globalização no aspecto das migrações e, por conseguinte das formações miscigenadas de novas culturas. A globalização, de acordo com o autor do texto, principia com a expedição marítima europeia para as “terras vagas” ou territórios indígenas. Posteriormente desenvolve-se no planisfério da decadência dos Impérios Coloniais e a volta dos colonialistas às suas terras-natais. Subsequentemente, a globalização se encontrou na diáspora, evidenciada pela reorganização global em pleito dos recursos vivos e a busca pela sobrevivência frente aos conflitos e desigualdades da modernidade. O autor reflete de forma ideológica suntuosa e utópica, ao passo que se flexiona sobre uma “dominação cultural”, em que nenhuma cultura deve provocar a submissão de outras culturas, uma opressão da cultura abastada sobre outra de menor poder. A cultura no mundo de diásporas, quarto capitulo da obra, faz menção ao multiculturalismo e pensamento final dos meios denominados “criadores de cultura”. Neste âmbito, o corpo social não tem predileção, senão deixar os núcleos integrantes deste corpo elencar suas preferências. Para Bauman, a amplitude global e formação étnica permite culturas coexistentes, entretanto, a política do REVISTA CONVERSATIO / XAXIM – SC / Vol. 1 / Número 1 / Jan. /Jun. / 2016 Página 207 multiculturalismo torna a existência de culturas discrepantes um embate problemático. De acordo com o autor, estamos na era do não engajamento. “O modelo pan-óptico de dominação, com sua principal estratégia de vigilância, monitorando e corrigindo com precisão o autogoverno de seus subordinados, é rapidamente desmantelado na Europa e em muitas outras partes do mundo contemporâneo” [BAUMAN, 2013, p. 54]. No fragmento quinto, A cultura numa Europa em processo de unificação, Bauman versa que o reconhecimento dos Direitos Humanos é fundamental ao dialogo coerente na seara da desigualdade. Ademais, Bauman acrescenta que no declínio da modernidade as discrepâncias sociais se destacaram em crescente expressividade. Os decadentes e fronteiriços espaços, segundo o autor, sofreram um processo de Guetificação, o qual é negligenciado pelas elites, não objetivando a "ordem social". Doravante, a arte assume papel de transcendência do seu papel metamorfoseando-se à forma de aceitação social, e assim tornando-se um objeto "bem sucedido" para a "Industria Cultural", termo ratificado pela Escola Frankfurt. No último capítulo, "A cultura entre o Estado e o Mercado", o autor não elucida se com a mudança dos promotores a Cultura obtém proventos ou detrimento, se será efêmera ou perene. Todavia se faz acentuado quando afirma ser a função do Estado equiparar as oportunidades de participação cultural. Destarte o enfoque do ”Estado Cultural", deve ser o fomento das artes provocando o permanente encontro entre o enunciador e o receptor artístico. A Cultura para Bauman, neste ultimo texto, delibera que no Estado contemporâneo o financiamento da cultura é correlacionado ao "subsidio" do mesmo corpo estatal. A "Cultura", prioriza como outrora a expressividade do que se pensa ao que se faz nas entrelinhas sociais. A leitura da obra de Bauman, ao passo que conceitua no âmbito histórico e social, faz-se mister à compreensão dos signos culturais e de suas inter-relações. Ademais, a obra convida ao dialogo reflexivo acerca dos artifícios e negligencias sobrepostos ao conceito cultural, tangenciando o prisma das estratificações sociais. A cultura no mundo líquido moderno transcorre criticamente sobre a erudição e os costumes da civilização contemporânea. Por isso, constitui-se uma boa indicação de leitura para os processos do conviver em comunidade. Palavras-chave: Cultura. Dominação. Sociedade. REVISTA CONVERSATIO / XAXIM – SC / Vol. 1 / Número 1 / Jan. /Jun. / 2016 Página 208 REFERÊNCIAS BAUMAN, Zygmunt. A cultura no mundo líquido moderno. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 2013. 111 p. REVISTA CONVERSATIO / XAXIM – SC / Vol. 1 / Número 1 / Jan. /Jun. / 2016 Página 209