UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI ELIZANDRA ELIA

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAI
ELIZANDRA ELIA MARTINS
SÕNIA DOS SANTROS SILVA
O CLIENTE COLOSTOMIZADO:
Modos de ver e perceber o seu autocuidado.
Biguaçu (SC),
2006
ELIZANDRA ELIA MARTINS
SÕNIA DOS SANTOS SILVA
O CLIENTE COLOSTOMIZADO:
Modos de ver e Perceber o seu Autocuidado.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
como requisito parcial para a obtenção de titulo
de Enfermeiro generalista, na Universidade do
Vale do Itajaí – UNIVALI, Centro de Educação
Biguaçu
Orientadora: Profª Helga Regina Bresciane.
Biguaçu (SC),
2006.
ELIZANDRA ELIA MARTINS
SÕNIA DOS SANTOS SILVA
O CLIENTE COLOSTOMIZADO:
Modos de ver e Perceber o seu Autocuidado.
Esta monografia foi submetida ao processo de avaliação pela Banca
Examinadora, atendendo às normas da legislação vigente do Curso de
Graduação em Enfermagem da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de
Educação Biguaçu.
Área de Concentração: Enfermagem
Biguaçu,13 Novembro de 2006.
__________________________________
Profª MSc Helga Regina Bresciani
UNIVALI – CE Biguaçu
Orientadora
__________________________________
Profª MSc Sâmara Eliane Rabelo Suplici
UNIVALI – CE Biguaçu
Membro
__________________________________
Enfª Valéria Cyrillo Pereira
Setor de Ostomizados – CCR/SES-SC.
Membro
AGRADECIMENTOS
“O valor das coisas não está no tempo em que elas duram, mas na
intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis,
coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis”(Fernando Pessoa).
Elizandra: A minha mãe, que foi e é mãe/pai ao mesmo tempo, criou os
seus dois filhos com muita dificuldade. Agradeço-te, do fundo do meu coração
tudo que senhora fez e faz por mim, sem sua ajuda não teria chegado aonde
cheguei, te amo. A você meu irmão pelo incentivo, muito obrigada, te amo. E a
vocês, minha avó Olívia, minha tia Edi e a minha cunhada Mirléya, muito
obrigada.
Sônia: Ao meu esposo Idney e aos meus filhos Luana, Junior, Felippe e
ao meu genro Valmir: Não tenho palavras para agradecer a paciência que
tiveram comigo. Tantas foram às vezes que o meu cansaço e preocupações
foram sentidos e compartilhados por vocês, numa união que me incentivava a
prosseguir. Hoje, procuro entre as palavras àquela que gostaria que seus
corações ouvissem. E só encontro uma simples e sincera palavra: Obrigada,
Amo vocês, sabem que são meus tesouros.
A Deus pela graça divina da vida e pela oportunidade oferecida a cada
uma de nós...
A nós...Elizandra e Sônia por termos compartilhado este desafio,
dividindo alegrias, conquistas e também decepções.
Aos companheiros de turma e colegas de trabalho, pelos conflitos,
pelas distâncias e aproximações, fazendo do convívio cotidiano um exercício
da compreensão, de tolerância e da ética.
Aos membros da banca examinadora, querida professora Sâmara
Eliane Rabelo Suplici e enfermeira Valéria Cyrillo Pereira, exemplos de
compêtencia e sabedoria, obrigada pelas contribuições riquíssimas e pelo
acolhimento
recebido.
À universidade do Vale do Itajai, e a coordenação do Curso de
graduação de Enfermagem, pelo acolhimento e importante contribuição na
nossa formação.
Aos todos os educadores, que foram tão importantes em nossa vida
acadêmica, pelo convívio, apoio, compreensão e amizade.
E especialmente a nossa Orientadora e Professora Mestre Helga
Regina Bresciani, nossos agradecimentos por nos acompanhar nesta jornada,
pelo apoio nos momentos difíceis, pela especial contribuição na orientação
segura deste trabalho, compartilhando conosco seus conhecimentos e
competências
Aos participantes da pesquisa, pela receptividade, participação,
disponibilidade, por compartilharem conosco momentos tão importantes de
suas vidas , sem vocês este trabalho não teria acontecido.
OBRIGADA!
RESUMO
MARTINS, Elizandra E., SILVA, Sônia Santos. O cliente colostomizado:
Modos de ver e perceber seu auto-cuidado.Trabalho de Conclusão de Curso
– Graduação em Enfermagem – Universidade do Vale do Itajaí, CE Biguaçu,
2006.
Os ostomas intestinais alteram a fisiologia gastrintestinal, a auto-estima
e imagem corporal, causando mudanças na vida laborativa, familiar, social e
afetiva do ostomizado. Nosso estudo consta de uma entrevista a 10 indivíduos
(homens e mulheres) com idades entre 42 e 90 anos, que freqüentam as
reuniões do Grupo de Apoio a ostomizados de uma policlínica da grande
Florianópolis, durante os meses de Abril a Junho de 2006, teve como objetivo
conhecer a percepção dos clientes ostomizados, com relação ao seu
autocuidado em domicílio. Teve por metodologia a abordagem qualitativa, com
caráter descritivo, e como estratégia foi utilizada a pesquisa convergente
assistencial de Trentini e Paim (2004). A aplicação da Teoria de Orem se
mostrou adequada, pois embasa e orienta o enfermeiro no atendimento deste
cliente e família em sua reabilitação. Acrescendo o aspecto emocional não
evidenciado nessa Teoria. O resultado desta pesquisa foi organizado nas
seguintes categorias Convivendo com a Colostomia e Vivenciando as
Limitações da Colostomia. Concluímos que independente do tempo de
ostomia, as restrições permanecem, principalmente em relação ao lazer e
retorno ao trabalho, requerendo dos profissionais de Saúde participação na
reintegração dessa clientela ao convívio familiar, social e profissional, através
de uma abordagem multidisciplinar que oferece benefícios a este cliente,
facilitando sua reabilitação, através da aceitação e adaptação à nova imagem
corporal, e também favorecendo o autocuidado.
Palavras chave: Autocuidado; Enfermagem; Colostomia.
ABSTRACT
SUMMARY MARTINS, Elizandra E., SILVA, Sônia Santos. The colostomy
patient: Ways to see and perceive its self-care.
Conclusion's work course.
-Nursing Graduation - do Vale do Itajai University,
CE Biguaçu, 2006.
The Interics Ostomies modifies the gastricinteric physiology, self-confidence and
corporal image, causing changes in the activety live, familiar, social and affective
of the ostomized one. Our research in it consists of an interview of 10 individuals
(men and women) with ages between 42 and 90 years, that reporting frequent the
meetings of the Group of Support the ostomized ones in a polyclinic of the
Florianópolis city, during the months of April and June of 2006, had as objective to
know the perception of the ostomized patients, with regard to its self-care in theirs
domicilies. It had for methodology the qualitative boarding, with descriptive
character, and as strategy was used the convergent assistance of Trentini and
Paim research (2004). The application of the Orem’s theory showed adequate,
therefore it bases and guides the nurse in the attendance of this patient and
family in its rehabilitation Increasing the not evidenced emotional aspect in this
theory, The result of this research was organized in the following categories
cohabiting with the colostomy and feeling the colostomy Limitations.
We conclude that independent of the ostomy time, the restrictions remain, mainly
in relation to the leisure and return to the work in relation to the leisure and return
to the work, requiring of the health professionals participation in the reintegration
of this cliantele to the familiar, social and professional banquet, through a boarding
to multidiscipline that it offers to benefits to this patient, facilitating its rehabilitation,
through the acceptance and adaptation to the new corporal image, and also
favoring the self-care.
Key- Words Self-care; Nursing; Colostomy.
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 09
2
OBJETIVOS DO PROJETO............................................................................. 12
2.1
Objetivo Geral.................................................................................................... 12
2. 2
Objetivos Específicos......................................................................................... 12
3
REVISÃO DE LITERATURA............................................................................ 13
3. 1
Ostomia.............................................................................................................. 13
3.2
Indicação da colostomia.................................................................................... 13
3.3
Sintomas e diagnóstico...................................................................................... 15
3.4
Tratamento e prognóstico.................................................................................. 18
3.5
Cliente colostomizado........................................................................................ 19
3.5.1
Imagem corporal e auto-estima......................................................................... 21
3.5.2
Cuidar em enfermagem....................................................................................
22
3.6
O enfermeiro e a indicação dos dispositivos....................................................
27
3.7
Dispositivos....................................................................................................... 28
3.7.1
Protetores cutâneos ou barreiras protetoras da pele....................................................... 29
3.7.2
Bolsas para ostomia.......................................................................................................
29
3.8
Adaptação da bolsa ao tamanho do ostoma...................................................................
30
3.9
Cuidados com a pele e ostoma....................................................................................... 30
3.10
Sentindo mau cheiro......................................................................................................
3.11
Percebendo a pele com problemas................................................................................. 32
4
MARCO REFERENCIAL......................................................................................34
4. 1
Conceitos........................................................................................................... 38
5
MÉTODOLOGIA DO ESTUDO...................................................................
42
5.1
Local do estudo............................................................................................
43
31
5.2
Sujeitos da pesquisa.......................................................................................... 43
5.3
Instrumentos de coleta e análise de dados........................................................ 45
5.4
Os aspectos éticos............................................................................................. 46
6
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS DADOS............................................. 47
6.1
Convivendo com a colostomia............................................................................ 49
6.2
Vivenciando as limitações da colostomia........................................................... 54
7
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................... 59
REFERÊNCIAS................................................................................................................ 62
APÊNDICES..................................................................................................................... 67
Apêndice A – Roteiro da entrevista.................................................................................. 68
Apêndice B- Termo de consentimento livre e esclarecido............................................... 70
Apêndice C- Check-List................................................................................................… 72
ANEXOS.......................................................................................................................... 74
9
1INTRODUÇÃO
As doenças do trato gastrointestinal podem levar à realização de uma
cirurgia radical, resultando em uma colostomia, que pode ser temporária ou
definitiva. O impacto de uma colostomia na vida de qualquer pessoa traz
conseqüências que se refletem nos diferentes aspectos, entre eles, o biológico,
o social e o espiritual, sendo a alteração da auto-estima uma das mais
importantes (COSTA, 2004).
Nos países ocidentais, o câncer de intestino grosso e de reto (câncer
colorretal) é o segundo tipo mais comum de câncer e a segunda causa
principal de morte por esse tipo de patologia. A incidência de câncer colorretal
começa a aumentar em torno dos 40 anos de idade e atinge o máximo entre os
60 e os 75 anos. O câncer de intestino grosso (câncer de cólon) é mais comum
em mulheres; o câncer retal é mais comum em homens. Aproximadamente 5%
dos indivíduos com câncer de cólon ou de reto apresentam mais de um câncer
colorretal concomitante. Os indivíduos com história familiar de câncer de cólon
apresentam um maior risco de apresentar um câncer. Assim como a história
familiar de polipose ou de uma doença similar e os indivíduos com colite
ulcerativa ou doença de Crohn que aumentam o risco de câncer de cólon
(Manual Merck, 2005).
A colostomia permanente, normalmente acontece nos casos de
neoplasia no cólon ou reto cuja conseqüência é a amputação do reto.
É considerada uma das mais importantes realizações cirúrgicas porque
possibilita a sobrevida da pessoa acometida por câncer colorretal. Apesar da
aceitação desse procedimento por parte dos profissionais de saúde, parece
que, para o portador de colostomia, torna-se um processo complexo (LIMA,
2004).
O ostomizado trilha um caminho diferente dos demais pacientes, que se
inicia no momento da internação hospitalar e prossegue com a volta ao seu
meio. Neste momento passa a vivenciar uma nova etapa, registrada por
10
significativas modificações biológicas, psicossociais e econômicas. Dedica-se,
então, uma batalha difícil para enfrentar e sobreviver à nova situação.
A pessoa colostomizada é tolhida pelo constrangimento e carrega a
sensação de mutilação, pela violação involuntária do controle esfincteriano, das
regras de higiene, pela adaptação na alimentação e vestuário, pelo risco de
impotência
e/ou
rejeição
afetiva,
pelos desajustes familiares
e
pela
deterioração social, ficando evidente a dependência do cuidado, bem como a
resistência e limitações destas pessoas frente à adaptação da nova condição
de vida (SANTOS, 2001).
A convivência com o ostoma exige da pessoa a adoção de inúmeras
medidas de adaptação e reajustamento às atividades do dia-a-dia, incluindo
nestas
o aprendizado das ações de autocuidado do ostoma e da pele
periostoma. Uma assistência de Enfermagem adequada, visando realizar a
reabilitação do colostomizado, minimiza as conseqüências biopsicossociais
decorrentes de uma colostomia (SANTOS, 2001).
O processo de reabilitação desenvolvido pelo profissional deve visar a
continuidade do tratamento, desenvolver a capacidade de aprendizado para o
autocuidado, contribuir para o retorno da pessoa às suas atividades, incentivar
a ajustar-se ao novo estilo de vida e assegurar o empenho da família e da
comunidade no processo de reabilitação (SANTOS, 2001).
O conhecimento de necessidade, no sentido de condições de carência, é
considerado como o início do comportamento motivacional. O ser humano traz
dentro de si as necessidades, cuja satisfação é perseguida ao longo de sua
vida. As necessidades estimulam a maneira de atuar do homem na
modificação da realidade, na qual se insere, buscando o estado de equilíbrio
que lhe é satisfatório.
Durante nossas atividades profissionais desenvolvidas junto a pessoas
com ostomias, percebemos que os portadores de colostomias por câncer e
seus familiares, apresentam variados comportamentos em relação à doença e
ao tratamento. As experiências de vida antes da doença e o processo do
11
adoecimento influenciam nos significados que as pessoas dão a si mesmas, à
doença, ao tratamento e a própria existência da colostomia.
Santos (2001) afirma que a confecção de ostomas na terapêutica
cirúrgica pode ser algo inevitável na vida de uma pessoa. Sendo assim, a
equipe interdisciplinar deve unir esforços para prevenir complicações e ajudar
esta pessoa a se reintegrar na sociedade e levar uma vida normal, tornando-a
independente no autocuidado, através da educação em saúde. Em
consonância com essas idéias temos como questão norteadora para esse
estudo: como o cliente colostomizado vivencia o autocuidado na sua rotina
diária?
12
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Conhecer a percepção dos clientes colostomizados participantes do
Grupo de Apoio a Ostomizados cadastrados num serviço público de uma
policlínica da grande Florianópolis, com relação ao seu autocuidado em
domicílio;
2.2 Objetivos Específicos
Desvelar a rotina diária do cliente colostomizado;
Identificar as limitações do seu autocuidado;
Propor um algoritmo de cuidado a esse cliente.
13
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Ostomia
É o termo com que se designa a intervenção cirúrgica cujo objetivo é
criar comunicação de uma víscera para o meio externo, através da parede
abdominal. Em qualquer órgão oco pode ser confeccionada uma ostomia e,
dependendo
do
segmento
do
corpo
exteriorizado,
recebem
nomes
diferenciados. Esta abertura recebe o nome de estoma ou ostomia. A palavra
“estoma” deriva de termo grego e significa “boca” ou “abertura” (LIMA, 2002).
Colostomia e ileostomia são os ostomas intestinais mais comuns, e
definidos, respectivamente, como abertura do cólon e íleo na parede
abdominal, objetivando o desvio do conteúdo intestinal destes segmentos para
o meio externo (LIMA, 2004).
Esse ostoma intestinal tem como objetivo uma derivação temporária ou
permanente, e permite a drenagem ou evacuação dos conteúdos do cólon ou
íleo conforme o caso para fora do corpo (BRUNNER; SUDDARTH, 2002).
3.2 Indicações da Colostomia
Cerca de 15% das obstruções intestinais ocorrem no intestino grosso e a
maioria é encontrada no cólon sigmóide. As causas mais comuns são
carcinoma, diverticulite, distúrbios intestinais inflamatórios e tumores benignos
(Brunner; Suddart, 2002).
As neoplasias benignas do cólon e reto ocupam uma posição de
destaque entre as doenças destes segmentos do intestino. As mais comuns
são
os
pólipos,
e a
importância
destes
eventos
principalmente
os
adenomatosos, advém da possibilidade de haver degeneração maligna,
14
constituindo os adenocarcinomas. Os pólipos adenomatosos perfazem 90 a
95% das neoplasias benignas. Ocorrem em ambos os sexos e sua distribuição
topográfica nos cólons é praticamente as mesmas dos cânceres do intestino
(maior incidência no reto seguida do cólon e sigmóide). Sua sintomatologia
geralmente é fraca e o diagnóstico na maioria das vezes é feito por acaso,
quando da investigação de outras patologias (PORTO, 2001).
O câncer do cólon e do reto tem sempre origem no revestimento epitelial
do intestino. Como outros tipos de câncer, essas células invadem e destroem
os tecidos normais e se estendem para dentro das estruturas circundantes. As
células cancerosas podem soltar-se do tumor primário e dirigir-se para outras
partes do corpo (mais freqüentemente para o fígado). As pessoas com história
de doença intestinal inflamatória ou de pólipos correm um alto risco. Os efeitos
produzidos dependem em grande parte da localização do câncer (BRUNNER;
SUDDARTH, 2002).
Segundo o Manual Merck (2005), o risco para desenvolvimento da doença
e o período de tempo que ele apresenta está relacionado à idade do indivíduo.
A dieta tem um certo papel no risco de câncer de cólon, mas desconhece-se
exatamente como ela afeta o risco. Em todo o mundo, os indivíduos com risco
elevado tendem a viverem em cidades e a consumir uma dieta típica dos
ocidentais de bom nível sócio-econômico, onde ela é pobre em fibras e rica em
proteínas animais, gorduras e carboidratos refinados.
Esse tipo de câncer é considerado a malignidade mais comum na idade
avançada, sendo menor somente que o câncer prostático em homens. A
apresentação dos sintomas costuma ser insidiosa. Existe quase sempre fadiga,
devido principalmente a uma anemia por deficiência de ferro. Os sintomas
relatados mais comumente pelo idoso são dor abdominal, obstrução, tenesmo
e sangramento retal (BRUNNER; SUDDARTH, 2002).
Os divertículos são pequenas bolsas saculares de forma arredondada ou
espiculada, geralmente múltiplas, localizadas na parede dos cólons e
distribuídas em toda a sua extensão, porém, com predomínio no seu lado
esquerdo, principalmente no sigmóide. O seu surgimento está aparentemente
15
ligado ao aumento da pressão intracolônica, fazendo pulsão na mucosa de
encontro à parede do cólon, geralmente em pontos considerados mais fracos,
ou seja, na região entre as tênias (PORTO, 2001).
A etiologia da Retocolite ulcerativa não está ainda bem definida,
caracteriza-se por um processo inflamatório da mucosa que pode evoluir até a
formação de ulcerações. A fase aguda caracteriza-se por diarréia com sangue
e, eventualmente muco ou pus, além de cólica abdominal, perda de peso e
anemia. Alguns pacientes apresentam um quadro agudo, passando a seguir,
muitos anos sem sintomas; outros, depois de instalado o quadro, evoluem de
maneira crônica, independente da terapêutica instituída. Durante a evolução da
doença podem surgir complicações graves como cancerização, perfurações,
dilatação aguda do cólon ou megacólon tóxico (PORTO, 2001).
A Doença de Crohn é uma doença granulomatosa crônica do intestino
delgado ou grosso, ou de ambos, de etiologia ainda desconhecida. O início
ocorre com mais freqüência em adultos jovens. O segmento mais atingido é o
íleo. O dado anatomopatológico mais característico é a inflamação transmural
com a presença de granuloma. A presença de fístulas perianais, vesicais,
vaginais e entre as alças intestinais é comum (PORTO, 2001).
3.3 Sintomas e Diagnóstico
O câncer de cólon cresce lentamente e leva muito tempo para tornar-se
suficientemente grande a ponto de causar sintomas. Os sintomas dependem do
tipo, da localização e da extensão do câncer. O cólon ascendente possui um
grande diâmetro e uma parede delgada. Como o seu conteúdo é líquido, ele
somente sofre obstrução na fase avançada do câncer. Um tumor de cólon
ascendente pode crescer tanto que o médico pode palpá-lo através da parede
abdominal. No entanto, a fadiga e a fraqueza devido à anemia intensa podem ser
os únicos sintomas apresentados pelo indivíduo. O cólon descendente possui um
16
diâmetro menor e uma parede mais espessa e as fezes são semi-sólidas
(PORTO, 2001). O câncer tende a envolver essa parte do cólon, causando uma
alternância entre a constipação e evacuações freqüentes. Como o cólon
descendente é mais estreito e a sua parede é mais espessa, o câncer pode
acarretar uma obstrução mais precoce. O indivíduo pode buscar tratamento
médico por causa de uma dor abdominal tipo cólica ou por uma dor abdominal
intensa e constipação. As fezes podem apresentar estrias de sangue ou podem
estar misturadas com sangue. No entanto, o sangue freqüentemente não pode
ser observado sendo necessário à realização de um exame laboratorial para
detectá-lo (PORTO, 2001).
Os sintomas se manifestam com relativa lentidão nos pacientes com
obstrução no sigmóide ou no reto, a constipação pode ser o único sintoma por
alguns dias. Finalmente, ocorre distensão abdominal, as alças ficam
visivelmente delineadas através de toda a parede abdominal e o paciente sofre
de dor em cólica no baixo ventre, e podem surgir vômitos fecalóides. As
características terminais são essencialmente aquelas da obstrução do íleo
(BRUNNER; SUDDARTH, 2002).
No câncer de reto, o sintoma inicial mais comum é o sangramento
durante a evacuação. Sempre que o reto sangra, mesmo que o indivíduo saiba
que possui hemorróidas ou uma doença diverticular, o médico deve aventar a
possibilidade de um câncer. No câncer de reto, o indivíduo pode apresentar
evacuações dolorosas e uma sensação de esvaziamento incompleto do reto.
Permanecer na posição sentada pode ser doloroso. No entanto, o indivíduo
normalmente não sente dor originada do próprio tumor, exceto quando ele se
dissemina para os tecidos em torno do reto. Como ocorre também, com outros
cânceres, os exames diagnósticos preventivos de rotina auxiliam na detecção
precoce do câncer de reto (BRUNNER; SUDDARTH, 2002).
Os principais sintomas nesse tipo de evento são mudanças nos hábitos
intestinais, eliminação de sangue nas fezes, muco, dor retal/abdominal,
estreitamento persistente no diâmetro da massa fecal, tenesmo e uma
sensação de esvaziamento incompleto após as evacuações. Entre os sintomas
17
podemos incluir também anemia inexplicável, perda de peso e fadiga. Uma
obstrução que se instala bruscamente pode constituir o primeiro sintoma de
câncer com acometimento do cólon em qualquer local entre o ceco e o
sigmóide, pois nessa região, onde o conteúdo intestinal é líquido, uma
obstrução que se instala lentamente só se tornará evidente depois que a luz
estiver praticamente fechada (BRUNNER; SUDDARTH, 2002).
Juntamente com os exames abdominal e retal, os procedimentos
diagnósticos mais importantes para o câncer do cólon são os exames de fezes
para sangue oculto, o enema baritado, a proctossigmoidoscopia e a
colonoscopia. Até 60% dos casos de câncer colorretal podem ser identificados
por sigmoidoscopia com biópsia ou esfregaços para citologia. Para as pessoas
com 50 anos de idade ou mais, a sigmoidoscopia é recomendada a cada dois
anos (BRUNNER; SUDDARTH, 2002).
Quando um pólipo que pode ser canceroso é observado, o médico utiliza
um colonoscópio, o qual possui um maior alcance, para examinar todo o
intestino grosso. Alguns tumores que parecem cancerosos são removidos com
o auxílio de instrumentos cirúrgicos introduzidos através do colonoscópio,
enquanto outros devem ser removidos durante uma cirurgia tradicional. Os
exames de sangue podem ser úteis no estabelecimento do diagnóstico. Os
níveis do antígeno carcinoembrionário no sangue estão altos em 70% dos
indivíduos com câncer colorretal (PORTO, 2001).
Os pólipos podem sangrar, mas raramente em volume preocupante. O
potencial de malignização está diretamente relacionado com o tamanho da
lesão
(quanto maior a lesão, maior a possibilidade de malignização) e com o
tipo histológico do mesmo, nos pólipos vilosos este potencial é maior. A
polipose familiar múltipla tem possibilidade de malignizar em 100% dos
pacientes que atingem 50 anos (PORTO, 2001).
São várias as razões pelas quais uma pessoa necessita ser operada
para construir um novo caminho para a saída das fezes ou da urina para o
exterior, dentre eles o câncer colorretal, proctite actínica, infecções perineais
graves, polipose familiar, doença diverticular, doença inflamatória intestinal,
18
como doença de Crohn e retocolite ulcerativa, incontinência intestinal, colite
isquêmica, megacólon, trauma, entre outras. Nas crianças, os defeitos
congênitos são as principais causas (Manual Merck, 2005).
3.4 Tratamento e Prognóstico
O principal tratamento para o câncer colorretal é a remoção cirúrgica de
um grande segmento do intestino afetado e dos linfonodos associados.
Aproximadamente 70% dos indivíduos com câncer colorretal são bons
candidatos à cirurgia. Nos 30% restantes que não podem suportar uma cirurgia
devido ao mau estado de saúde, alguns tumores podem ser removidos pela
eletrocoagulação. Esse procedimento alivia os sintomas e prolonga a vida, mas
a cura é improvável. Na maioria dos casos de câncer de cólon, o segmento do
intestino afetado pelo câncer é removido cirurgicamente e as extremidades
remanescentes são anastomosadas. Para o câncer de reto, o tipo de cirurgia
depende da distancia que este câncer está do ânus e de quão profundamente
ele invadiu a parede retal (Manual Merck, 2005).
A cirurgia constitui o tratamento primário para a maioria dos cânceres
colônicos. Os cânceres in situ são removíveis através do colonoscópio. A
ressecção intestinal está indicada neste tipo de câncer colônico nos estágios I,
II e III. O tipo de cirurgia depende da localização e do tamanho do tumor.
Quando o tumor pode ser removido, e o intestino é reaproximado por uma
anastomose término-terminal do cólon (BRUNNER; SUDDARTH, 2002).
A reaproximação imediata nem sempre é possível, por causa da
presença de infecção. Realiza-se então uma colostomia temporária, para
eliminação das fezes. A localização do tumor e o grau de invasão dos tecidos
circundantes determinam a colocação da colostomia (BRUNNER; SUDDARTH,
2002).
19
A cirurgia constitui também o tratamento primário para a maioria dos
cânceres retais. Novamente, o tipo de procedimento cirúrgico variará de acordo
com o tamanho e a localização do tumor. Será sempre feita uma tentativa de
preservar o esfíncter anal, para eliminar a necessidade de uma colostomia
permanente. A remoção ampla do tumor, com anastomose, às vezes é
possível. Quando o crescimento no reto ou no sigmóide é inoperável,
especialmente quando existem sintomas de obstrução parcial ou completa,
deverá ser feita uma colostomia permanente (BRUNNER; SUDDARTH, 2002).
Ainda segundo o mesmo autor, a remoção completa do reto e do ânus
exige uma colostomia permanente. Quando possível somente uma parte do
reto é removida, deixando um coto retal e o ânus intacto. A seguir, o coto retal
é anastomosado à extremidade do intestino grosso. A radioterapia, após a
remoção cirúrgica do câncer retal visível pode ajudar a controlar o crescimento
de qualquer tumor residual, pode retardar a recorrência e pode aumentar as
chances de sobrevida.
Quanto à sua confecção, a colostomia pode ser lateral, ou “em alça”,
com duas bocas, também referida como “duplo cano”, ou terminal, com uma
única boca (BRUNNER; SUDDARTH, 2002).
3.5 Cliente Colostomizado
A característica desses clientes é a perda da continência intestinal,
resultando em saída constante de eliminações intestinais pelo ostoma, e isso
leva ao uso constante de uma bolsa de colostomia. Entretanto, nem sempre
esses clientes possuem uma bolsa adequada para evitar os incômodos
resultantes dessa alteração, fato esse que compromete suas relações sociais.
Assim a atenção dispensada pelos profissionais que participam na assistência ao
colostomizado é relevante no sentido de proporcionar uma reabilitação que vise
adaptá-lo à sua nova condição de vida (SANTOS, 2001).
20
O processo de reabilitação desenvolvido pelo profissional deve visar à
continuidade do tratamento; desenvolver a capacidade de aprendizado para o
autocuidado; contribuir para o retorno da pessoa às suas atividades; incentivar
a ajustar-se ao novo estilo de vida e assegurar o empenho da família e da
comunidade no processo de reabilitação (COSTA, 2004).
Depois de um período de adaptação as pessoas ostomizadas podem
levar uma vida normal e apenas devem respeitar alguns pontos fundamentais
para conseguir a segurança que necessitam (SANTOS, 2001).
Apesar da técnica de construção de um ostoma ser relativamente
simples, as complicações cirúrgicas são freqüentes. Dentre elas estão:
necrose, obstrução, retração, estenose, prolapso, fístula periostomal, hérnia
periostomal,
dermatite
periostomal,
varizes,
infecção,
sangramento
e
separação cutâneo-mucosa (SANTOS, 2001).
As complicações podem ser reduzidas se algumas medidas forem
implementadas: demarcação no pré-operatório, construção adequada do
ostoma, escolha adequada dos equipamentos, educação do paciente e
cuidador e assistência multidisciplinar (SANTOS, 2001)
Segundo Silva (1998), além das complicações que podem ser agudas,
subagudas (ou subcrônicas), crônicas ou definitivas; fatais; graves ou simples;
contornáveis ou não, há vários inconvenientes neste tipo de agravo. Não
podemos considerar como complicações, mas muitas vezes são mais
incômodas que o próprio sofrimento físico.
Entre os desconfortos podemos citar a marginalização social no costume
convencional ou em clubes de esporte e lazer; a marginalização familiar passa-se a conviver, mas no fundo há uma rejeição de graus variados; a
marginalização conjugal – há cônjuges que não aceitam ou toleram por
complacência ou espírito caritativo; o odor que, às vezes, é repassado à
convivência; as dificuldades de acerto com as vestes, no nível da cintura; a
impossibilidade do uso de roupas justas; a não tolerância nos apertos na
cintura, quando se tenta, fica acima ou abaixo, modificando a harmonia do
arranjo do vestuário (SILVA, 2003).
21
Assim como, não podemos deixar de citar as restrições que este
procedimento se impõem aos pacientes que necessitam da colostomia como: a
restrição do convívio social formal ou requintado por alguns dos motivos
citados e pela eliminação incontrolável de gases, às vezes, turbulentos; a
restrição à convivência, pois o colo se esvazia sem controle ou horário,
dependendo do estado emocional, humoral e alimentar do paciente (SILVA,
1998).
3.5.1 Imagem Corporal e Auto-estima
Para Santos (2001), o corpo é um sistema energético que está em
constante interação com seu meio ambiente, e o corpo que somos depende de
complexas ligações entre o eu e o mundo social.
Ainda para esse autor o corpo é uma experiência psicológica,
centralizada nos sentimentos e comportamentos do indivíduo com o próprio
corpo, influenciando e sendo influenciado pela autopercepção e na interação
com o mundo externo (SANTOS, 2001).
Para Fagundes apud Santos (2001), a imagem corporal é delineada
como um conjunto de respostas descritivas que a pessoa desenvolve com
intuito de mostrar como se vê, decorrente do aprendizado sobre ela própria, e
que perpassa pelo seu contato social. Na definição clássica de Schilder citado
por Santos (2001) a imagem corporal é vista como a figura mental ou a
percepção que alguém faz ou tem de seu corpo.
A construção da imagem corporal ocorre com a ajuda da visão no que
se refere ao que se vê quando se olha para si mesmo; com a mente, quando
se pensa sobre a própria aparência; com o emocional, na maneira como se
sente sobre o peso e a altura; com o cinestésico, ao se sentir e controlar as
partes corporais e históricas, que inclui experiências de prazer e dor, elogios e
crítica (FREENDMAN apud SANTOS, 2001).
22
O significado de imagem corporal está profundamente relacionado a
outros como autoconceito, auto-estima, auto-imagem, conceito corporal e
esquema corporal. É a relação entre a imagem corporal que a pessoa
estabelece e o seu equilíbrio interno no relacionamento com o mundo, pois é
ela que lhe proporciona o raciocínio de identidade e preponderância na
habilidade e no desempenho (SANTOS, 2001).
A auto-estima, como conceito inerente à imagem corporal, é o critério
individual de auto-aceitação, capacidade e valor pessoal, fundamentado na
própria opinião a respeito de si mesmo, e construído por meio das interações e
avaliações sociais. É um auxílio de controle à medida que se forma o elemento
avaliativo do auto-conceito, a sua valorização, a atitude de aceitação ou não
aceitação do eu. Assim, os sujeitos com elevada auto-estima percebem-se
como valorosos, significantes, competentes e confiantes, conseguindo
influenciar positivamente para obtenção de resultados desejados (SANTOS,
2001).
A imagem corporal envolvida por sentimentos positivos, pode ser
pensada de forma construtiva sobre o autoconceito e a auto-estima,
fortalecendo especificamente o valor pessoal e o poder social. Já aquelas
pessoas com reduzida auto-estima são dependentes, negativas, esperam
rejeição e projetam detalhes no desenvolvimento e alcance de objetivos
(SANTOS, 2001).
3.5.2 Cuidar em Enfermagem
Para Colliére citado por Martins (1995), quando se pensa na origem das
práticas do cuidado, não se pode deixar de falar no surgimento da vida, pois
esse fato exige o cuidado para que esta se mantenha e, assim, é garantida a
continuidade da vida, do grupo e da espécie.
23
A flexibilidade, o conhecimento, a paciência, a honestidade, a confiança,
a humildade, a esperança e a coragem são elementos essenciais no cuidado.
Desta forma o cuidado abrange o ajudar alguém a crescer e a se realizar
(MARTINS, 1995).
Watson apud Martins (1995) reforça que para acontecer o cuidado
implica em uma relação interpessoal entre o enfermeiro e o cliente, sendo
compreendida e sentida na experiência de vida de cada um, assim como
demonstra a relação no momento entre a Enfermagem e o cliente.
O foco do cuidado deve estar no princípio de que a pessoa é uma soma
de emoções, de crenças e de valores, que fazem parte da sua história de vida,
juntamente com a cultura (MARTINS, 1995).
Segundo Waldow (1999) a história de vida, experiências, anseios,
cultura e respeito à individualidade no cuidado devem ser fatos relevantes,
fazendo com que tenha uma identidade própria. Pensando nesta questão,
Celso (2005) enfatiza que para se ter uma assistência de qualidade o ser
cuidado deve ser colaborador no processo e com responsabilidade no
resultado de cuidar e ser cuidado.
Orem acredita que para acontecer o auto-cuidado é preciso um conjunto
de atividades que o indivíduo pratique em seu próprio benefício, com o objetivo
de manutenção da vida, da saúde e do seu bem estar (MARTINS, 1995)
De acordo com Watson , um dos fatores do cuidado é a "provisão de um
ambiente que fortaleça a imagem pessoal e a auto-estima, através da atenção
holística
para
aspectos
físicos,
mentais,
sócio-culturais
e
espirituais"
(MARTINS, 1995, p. 104).
Podemos considerar que a finalidade do cuidado de Enfermagem seja
aliviar o sofrimento humano, manter a dignidade, vivenciar situações de crises
inerentes ao processo de viver-morrer, refletir e manter uma relação dialógica
(WALDOW, 1999).
Refletir sobre o cuidado de Enfermagem nos faz mergulhar num
universo de fatores inter-relacionados, pois ele é abrangente e envolve tudo e a
24
todos. Neste contexto destacamos que o cuidado de Enfermagem está
intimamente interligado a ações e posturas que respeitam a totalidade do
indivíduo, e são altamente relevantes à vida (CELSO, 2005).
Neste processo, o cuidador descobre em si e nos outros a capacidade
criativa e intuitiva, a coragem para enfrentar riscos e fazer escolhas difíceis,
com vistas às transformações do meio e o potencial de amor e sabedoria.
Neste intuito, novas formas de consciência social e política emergem,
promovendo a valorização das diversidades dos seres, das idéias, opiniões, de
perspectivas teórico-filosóficas e de expressões no mundo, como necessárias à
riqueza e plenitude da vida (SILVA; CIAMPONE, 2003).
Ainda para esses autores, as transformações que ocorrem no ser,
podem promover a descoberta da sua essência, da sua capacidade para amar
e compartilhar, valorizando esse ser, pela descoberta da coragem como
enfrentam os obstáculos, as dificuldades e, conseqüentemente, objetiva
transformar a nova realidade.
A percepção do cliente sobre o cuidado recebido tende a guiar a
assistência de Enfermagem nos aspectos que ele considera relevante, e não
apenas nas necessidades levantadas pela equipe de Enfermagem. A
percepção não se constitui apenas na ação de captar sentimentos subjetivos,
mas em receber informações externas e internas, relacionados ao cliente,
através dos órgãos dos sentidos e então interpretá-las (CIANCIARULLO,
1996).
O cuidar, segundo Waldow (1999) tem conotação distinta dentro do
aspecto humano, e do conhecimento científico. É a percepção do ver e do
observar o aspecto cognitivo, envolve conhecimento, valores, habilidades e
sensibilidade. A mesma autora diz que o cuidado pode ser entendido como um
conjunto de ações e comportamento realizados no sentido de favorecer, manter
ou melhorar a condição humana no processo de viver ou morrer.
Martins (1995, p. 43) diz que a Enfermagem, numa proposta de
assistência, é concebida como uma profissão que possui saber técnico,
científico e ético, comprometida social e politicamente com o ser humano em
25
qualquer fase da vida. Utiliza a educação em saúde, no processo assistencial,
para caracterizar-se enquanto prática social de cuidar integralmente do ser
humano.
No que se refere ao cuidado da pessoa ostomizada, segundo Martins
(1995), existem fatores determinantes na conduta do enfermeiro (o), como a
flexibilidade para mudanças de seu comportamento em relação à outra pessoa,
a paciência para respeitar o tempo do outro, permitindo que aprenda junto com
o profissional, assim como, a confiança na convicção de que a pessoa é hábil
para fazer e recriar o seu próprio momento e o seu jeito devem ser
consideradas. A sinceridade, a esperança e a coragem, também podemos
afirmar como composição do cuidar.
Para Martins (1995), a pessoa ostomizada não pode somente ser vista
como um portador de deficiência física, mas na sua totalidade, como indivíduo
que vive em sociedade como cidadão, que tem família, que tem sua própria
identidade, sua cultura, seus valores e como tal não podem ser ignorados.
Segundo a mesma autora, o enfermeiro tem o desafio na sua prática
profissional de ressaltar e diagnosticar as exigências de aprendizagem
cognitiva, afetiva e psico-motora dos indivíduos colostomizados. Desta
maneira, deve fornecer um atendimento humanizado que resguarde sua
identidade, que o ajude a elevar a auto-estima e a viver com mais qualidade
(MARTINS, 1995).
Para Costa (2004) a satisfação das necessidades de aprendizagem do
paciente é uma parte essencial da função do enfermeiro. Esse profissional
deve ter conhecimento sobre o processo de aprendizagem; ser capaz de
identificar
essas dificuldades e selecionar os métodos e as técnicas
apropriadas que facilitem esse processo. A maneira mais apropriada para
facilitar o aprendizado da troca e manutenção do equipamento.
O enfermeiro pode avaliar a eficácia da aprendizagem interrogando o
paciente e observando a forma como ele desenvolve a técnica. Explicar a
técnica, demonstrar e praticar são estratégias essenciais do programa de
ensino para os pacientes. É relevante que a enfermeira demonstre a técnica e
26
posteriormente ofereça ao cliente a oportunidade de praticá-la. Além disso,
destaca-se a importância do acesso ao material adequado para o paciente
(COSTA, 2004).
De acordo com Taschetto (1999, p.40), o enfermeiro tem a função
importante
na
reabilitação
física
e
reintegração
social
da
pessoa
colostomizada, tendo a incumbência de ajuda-la nas situações estressoras de
tratamento, ansiedade e insegurança em um grau satisfatório de bem-estar.
Concordamos quando Gemelli e Zago (2002, p. 37) colocaram que:
a atividade educativa do enfermeiro é entendida como um meio
para que o paciente/cliente, agente participante do processo,
desenvolva suas potencialidades para o autocuidado. Sob essa
perspectiva, ao enfermeiro cabe facilitar ou ajudar o paciente a
se desenvolver para tal.
Entendemos que a educação para o autocuidado deve acontecer já no
hospital, para que o paciente participe ativamente do seu tratamento. Portanto,
os cuidados de Enfermagem ao ostomizado têm obrigação de começar no
instante do diagnóstico e da indicação e efetuação de uma ostomia, com o
objetivo de diminuir as angústias e alcançar uma melhor reabilitação. O
cuidado de Enfermagem é fundamental para o crescimento das habilidades de
autocuidado (GEMELLI; ZAGO, 2002).
O indivíduo colostomizado é coibido pelo constrangimento e leva a
impressão de mutilação, pela perda independente do controle esfincteriano,
das normas de higiene, pelas dificuldades afetivas (impotência e/ou rejeição),
pelos transtornos familiares e pelo desajuste social (TASCHETTO, 1999).
Segundo a mesma autora, de acordo com a sua pesquisa os
colostomizados “defrontam-se com obstáculos adaptativos e se não assumem
o cuidado é porque não estão preparados e/ou não receberam os devidos
cuidados, informações e orientações pertinentes pela nova condição que se
reflete no dia-a-dia do indivíduo” (TASCHETTO 1999, p. 95).
27
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) o estágio de
reabilitação tem como objetivo proporcionar a permanência do tratamento,
estimulando a capacidade de aprendizado e autocuidado. Desta forma,
devemos colaborar para volta do indivíduo às suas atividades, contribuindo
para adaptação a nova maneira de viver junto da família e da comunidade. A
Enfermagem tem um papel muito importante neste processo, como podemos
ilustrar com a seguinte afirmação de Paegle e Silva (2005, p. 47), “a
Enfermagem pode auxiliar no melhor enfrentamento frente aos ajustes
designados pela doença e o tratamento”.
Concordamos com Taschetto (1999) quando afirma que para a pessoa
colostomizada obter uma qualidade de vida satisfatória é necessário ter a
consciência de sua situação juntamente com o desenvolvimento da
independência e com isso autonomia.
Através da educação o individuo colostomizado, adquire conhecimentos
que vão torná-lo consciente da sua situação e desta forma poderá optar, decidir
e relacionar-se num aprendizado contínuo, onde haverá uma ligação dialógica
entre a equipe de saúde, cliente e família (TASCHETTO, 1999).
O processo educativo deve ser direcionado conforme as necessidades
do indivíduo, sendo uma vinculação entre o profissional (enfermeiro) e o
cliente, reconhecendo como um ser criativo, comprometido e criador de novas
expectativas para impulsionar e contemplar o físico, psicológico, social e
espiritual (TASCHETTO, 1999).
3.6 O enfermeiro e a indicação dos dispositivos
A atuação do enfermeiro, estomaterapeuta ou não, é fundamental no
processo de seleção do sistema coletor, do tipo de protetor cutâneo ou barreira
protetora da pele e de produtos adjuvantes a serem utilizados. É importante
salientar que tais dispositivos congregam qualidades essenciais relacionadas à
28
segurança, à proteção, ao conforto, à praticidade e à economia (SANTOS,
2001).
Neste sentido os requisitos básicos para justificá-las são assim
especificados:
Segurança - ajustar-se adequadamente ao estoma, garantindo segurança na
coleta do efluente; permitir aderência absoluta à pele periestoma; pelo menos
por 24 horas; proteger contra odores e ruídos desagradáveis (SANTOS, 2001).
Proteção – Garantir a manutenção da integridade da pele periestoma pela
presença de protetor cutâneo sintético ou semi-sintético e de adesivo
microporoso (SANTOS, 2001).
Conforto – Ser flexível e discreto, oferecendo confiança e liberdade de
movimentos, ser virtualmente imperceptível sob a indumentária (SANTOS,
2001)
Praticidade – Ser de manuseio fácil e simples, permitindo a remoção e a
recolocação sem causar prejuízos à pele periestoma (SANTOS, 2001)
Economia – Permanecer por mais tempo aderido à pele periestoma (SANTOS,
2001).
O processo de seleção dos dispositivos adequados ao uso da pessoa
ostomizada deve se alicerçar na avaliação de suas necessidades individuais e
das características de seu ostoma, além da avaliação de seus recursos
econômicos. O equipamento adequadamente prescrito, dentro da preferência
da pessoa ostomizada, exerce influência fundamental no processo de
reabilitação (SANTOS, 2001)
3.7 Dispositivos
Segundo Santos (2001) os dispositivos utilizados para as colostomias
são divididos em: Protetores cutâneos ou barreiras protetoras da pele e Bolsas
para ostomas.
29
3.7.1 Protetores cutâneos ou barreiras protetoras da pele
São dispositivos utilizados para proteger a pele periestoma do contato
com o efluente eliminado pelo ostoma e que atuam, ainda, no tratamento da
pele lesada (SANTOS, 2001).
3.7.2 Bolsas para ostomas
São dispositivos com características físicas peculiares que, adaptado ao
ostoma intestinal ou urinário, permite a coleta do efluente eliminado,
proporcionando determinado grau de conforto e segurança à pessoa
ostomizada, sendo um recurso indispensável ao seu primeiro uso. As bolsas
apresentam características especiais relacionadas a: apresentação, plástico,
protetor cutâneo ou barreira de pele e adesivo. São apresentadas no sistema
de uma e duas peças, sendo ambos os tipos agrupados em duas categorias
fundamentais: aberta ou drenável e fechada (SANTOS, 2001).
Segundo esse autor, quanto às suas características, podemos elencar
ser discreta pela sua cor e forma (ninguém notará que a tem); são seguras e de
fácil utilização; descartáveis; flexíveis; com filtro para neutralizar gases no caso
das bolsas fechadas; têm adesivos protetores para a pele e estão preparadas
de modo a que se ajustem à medida do seu ostoma (SANTOS, 2001).
Segundo Castilho (2002) existem diferentes tipos de bolsas adequadas
às suas características, tanto do ostoma como da pele. A Bolsa de sistema
fechado geralmente é mais flexível e adaptável. Ao mudar retira-se o conjunto
inteiro. Normalmente muda-se duas vezes ao dia.
Já a Bolsa de duas peças é composta por uma placa que se adere à
pele e uma bolsa que encaixa na placa. A placa pode permanecer até três dias
embora as bolsas se mudem mais freqüentemente em função do tipo de
ostomia (CASTILHO, 2002).
30
A Bolsa mini tem seu tamanho reduzido e as mesmas vantagens que
um produto normal, mas com menos capacidade de recolha. É indicada para
situações íntimas, que requerem maior descrição, como ir à praia, à piscina,
entre outros (CASTILHO, 2002).
Tanto as bolsas de uma peça, como as de duas peças e as bolsas mini,
estão disponíveis em versão fechada e aberta. A escolha do tipo de bolsa deve
levar em consideração a que melhor se adapte às necessidades e ao estilo de
vida do indivíduo colostomizado (CASTILHO, 2002).
3.8 Adaptação da bolsa ao tamanho do ostoma
Logo após a cirurgia o tamanho do ostoma irá diminuir até que alcance
um tamanho estável, mais reduzido. Durante este período o tamanho do
ostoma deve ser medido com regularidade para a bolsa poder ser ajustada
sempre ao tamanho do mesmo (CASTILHO, 2002)
Quando o tamanho está estabilizado o paciente pode adquirir bolsas de
uma peça que vêm recortadas ao tamanho do seu estoma. Ou bolsa de duas
peças onde a placa será recortada segundo o tamanho habitual, sem ter que
medir o estoma em cada mudança (CASTILHO, 2002).
3.9 Cuidados com a pele e ostoma
Castilho (2002) descreve como acessórios necessários para o cuidado
com a pele e ostoma os seguintes itens:
• Água tépida, esponja, sabão neutro, toalha suave.
• Guia para medir o tamanho do ostoma.
• Tesoura para recortar o protetor ou placa.
31
• Saco para eliminar a bolsa usada.
• Bolsa nova adequada ao tamanho do ostoma.
Para esse autor a higiene deve seguir os seguintes passos: Lavar
suavemente a zona do ostoma com água tépida, utilizando a esponja e o sabão
neutro e secar com suavidade sem forçar (CASTILHO, 2002)
3.10 Sentindo mau cheiro
O odor natural das fezes depende dos alimentos ingeridos e da
fermentação bacteriana. No colostomizado, o medo de produzir odores
ofensivos constitui uma das principais razões que explicam sua costumeira
tendência à reclusão. As causas mais comuns de mau cheiro nas bolsas
incluem: aderência inadequada da bolsa, higiene deficiente da colostomia,
deposição
bacteriana
de
produtos
alimentares
ou
medicamentosos,
proliferação de bactérias dos cólons nas bolsas de colostomia, principalmente
naquelas de uso permanente (SANTOS, 2001).
Há uma preocupação constante dos profissionais de saúde com o
impacto causado pelas cirurgias que resultam em ostomas intestinais e suas
conseqüências. Dentro do enfoque de reabilitação a qualidade de vida é a
soma de fatores decorrentes da integração entre sociedade e ambiente, e
reabilitação, a maneira bem sucedida do cliente colostomizado adaptar-se às
modificações decorrentes da confecção da colostomia (LIMA, 2001).
A emanação de odores desagradáveis pela colostomia pode ser
diminuída pela ingestão de alguns produtos como: iogurte, lactobacilo
acidóphilus, em preparação comercial, carvão vegetal ativado colocados na
bolsa, tabletes ou gotas de clorofila instiladas na bolsa de colostomia. Além da
adoção dessas medidas, a supressão de tais odores pode ser conseguida
mediante a ingestão de subcarbonato de bismuto (SANTOS, 2001).
32
O uso do filtro de carvão ativado é eficaz, pois este assegura a
eliminação dos gases retidos na bolsa fechada, ou mesmo drenável, sem o
odor desagradável e é resistente à água (SANTOS, 2001).
Segundo Lima (2001), a incapacidade no controle das fezes e gases,
ruídos e odores desagradáveis que acompanham uma ostomia de eliminação
promove inúmeras dificuldades para o convívio e a reabilitação da pessoa
ostomizada. Neste sentido, há fatores agravantes em todas as ostomias, que
interferem na vida pessoal e profissional, tornando a vida da pessoa
ostomizada ainda mais complicada pelas dificuldades em conviver com ela.
Ver, tocar, manusear, limpar, enfim, aprender a continuar a sua rotina diária
agora de maneira diferente.
Estudos são feitos para objetivar os métodos que melhoram a qualidade
de vida da pessoa ostomizada como os não cirúrgicos ou não invasivos,
chamados de método natural, condicionamento psicofísico, irrigação e o
sistema oclusor (LIMA, 2001).
A irrigação de colostomia e o uso do sistema oclusor são os únicos
métodos disponíveis, de custos relativamente baixos, isentos de complicações
e que proporcionam as vantagens do controle voluntário da defecação, como a
eliminação de fezes, livre do odor ou vazamentos, a abolição da necessidade
do uso de equipamentos coletores e, assim a diminuição de ocorrência de
desconforto e dermatites causados pelo seu uso contínuo (COSTA, 2004).
Manipular e cuidar da colostomia com uma periodicidade maior e de
forma planejada, através destes métodos, torna possível a idéia da
normalidade e, muitas vezes, até o esquecimento da sua nova condição
(COSTA, 2004).
3.11 Percebendo a pele com problemas
Uma das causas principais da perda da integridade da pele é a dermatite
periestoma e pode ocorrer, com maior freqüência nas ostomias à direita. As
33
alterações dermatológicas mais comumente observadas nessa área da pele
são: o eritema ou irritação, a erosão, a pústula e a úlcera, e dependendo do
grau de comprometimento relativo à cor, à presença de coleção hídrica ou de
pús e a perda tecidual, a dermatite é considerada leve, moderada ou grave
(SANTOS, 2001).
A mesma autora classifica as dermatites periestomais segundo os
fatores causais em: irritativas ou de contato, alérgicas, por trauma mecânico e
por infecção.
A Dermatite irritativa decorre do contato constante do fluido intestinal
com a pele em torno do ostoma, irritando-a, ocorrendo, principalmente nos
ostomas situados no plano da pele (raso), sem a adequada projeção externa
do tubo intestinal na parede abdominal (SANTOS, 2001).
A Dermatite alérgica pode se originar, também de reações alérgicas de
contato da pele com produtos na superfície de aderência das bolsas coletoras.
Neste caso a área comprometida tem a forma de contato com o dispositivo
(SANTOS, 2001)
A Dermatite por trauma mecânico está relacionado ao cuidado do
ostoma prestado pelo indivíduo, ou seja, a remoção abrupta da bolsa coletora,
a limpeza exagerada da pele periestoma e a troca freqüente da bolsa coletora,
gerando danos na pele (SANTOS, 2001).
A
Dermatite
por
infecção
é
secundário
as
causas
descritas
anteriormente. As infecções mais comuns observadas são a foliculite e a
candidíase. A foliculite normalmente é causada por estafilococo e, na maioria
das vezes, é de causa traumática, podendo aparecer quando o sistema coletor
impede o crescimento de pêlos ao redor da área do ostoma, sendo estes
tracionados durante a remoção da bolsa, ou são removidos por técnicas
inadequadas (SANTOS, 2001).
A prevenção de lesão na pele periestoma deve ser a meta fundamental
a ser atingida pelos componentes da equipe multidisciplinar, para isso medidas
preventivas devem ser destacadas como: diagnóstico do fator causal, no
34
afastamento desse fator e na revisão das ações de cuidados com o ostoma e a
pele periestoma feitas pelo indivíduo ostomizado (SANTOS, 2001).
O
uso
de
barreiras
protetoras
sintéticas
ou
semi-sintéticas,
apresentadas na forma de pasta, pó ou placas, é uma medida de prevenção do
contato direto do fluxo do íleo com a pele ou do tratamento da pele lesada,
porque auxilia no processo de cicatrização. Algumas vezes, torna-se
necessário lançar mão de terapêutica medicamentosa. Na dermatite por
Cândida albicans, o medicamento antifúngico mais usado é a nistatina e, em
alguns casos de dermatite alérgica e de foliculite, torna-se necessária à
utilização de terapia com corticóides e antibióticos, respectivamente (SANTOS,
2001).
4. MARCO REFERENCIAL
Como a proposta do nosso trabalho é o autocuidado da pessoa
colostomizada permanente, fomos buscar em Orem a base necessária para
esse objetivo. A sua teoria fornece um alicerce necessário para as atividades
de Enfermagem nas áreas
de educação, prática clínica, administração,
pesquisa e sistema de informação.
Para efetivação deste projeto serão utilizados conceitos de Autocuidado
e Enfermagem de Orem (1991), Ser humano de Martins (1995) e Orem apud
MARENZI
(2006),
Percepção
de
Haguete
apud
Zampiere
(1998),
Saúde/Doença de Kawamoto; Fortes (1997), bem como a nossa definição de
Ambiente.
De acordo com Foster e Bennet (2000), Dorothéa Orem nasceu em
1914, em Baltimore, Maryland. Iniciou seus estudos de Enfermagem no
Providence Hospital School of Nursing, em Washington D.C. Concluiu seu
curso no início de 1930. Em 1939 conseguiu seu grau de Bacharel em Ciências
e em 1945 obteve o grau de Mestre na Catholic University of América.
35
Segundo George (2000), Orem, durante 1958-1959, trabalhou como
consultora do Office of Education, Department of Healht, Education and
Welfare, onde participou em um projeto para melhoria do treinamento prático
(vocacional) de Enfermagem.
Este trabalho estimulou-a considerar a questão: “que condição existe na
pessoa quando esta pessoa ou outros determinam que ela deva estar sob os
cuidados de Enfermagem?”. Sua resposta englobava a idéia de que enfermeira
é o “outro eu”. Esta idéia evoluiu para o seu conceito de Enfermagem de “autocuidado” (MARENZI, 2006).
Durante sua carreira, trabalhou como enfermeira particular, como
administradora e como consultora em Enfermagem. Na sua trajetória como
teórica influenciou todas as enfermeiras, pois o contato e as experiências das
mesmas que lhe serviram como fonte inspiradora ( MARENZI, 2006).
Ainda segundo a mesma, Orem formula sua Teoria Geral de
Enfermagem como:
a condição que valida a exigência de Enfermagem em um adulto é a
ausência da competência de manter continuamente a quantidade e a
qualidade do autocuidado que são terapêuticas na sustentação da vida e
da saúde, na recuperação da doença ou da lesão ou no enfrentamento
dos seus efeitos. Nas crianças, a condição é a incapacidade dos pais ou
responsáveis em manter continuamente, para a criança, a quantidade e a
qualidade do cuidado terapêutico (OREN apud MARENZI, 2006).
Esta Teoria Geral de Orem é composta por três teorias inter
relacionadas: a teoria do autocuidado, a teoria do déficit de autocuidado e a
teoria dos sistemas de Enfermagem. Tem como aspecto fundamental o
autocuidado centrado no indivíduo.
Segundo OREM apud MARENZI (2006), o autocuidado é a ação de
pessoas adultas que desenvolvem capacidade de cuidar de si próprias em
relação ao meio onde vivem. Pessoas que se engajam no seu autocuidado,
capazes de executar estes requisitos
e que possuem a competência e o
36
potencial para agir deliberadamente a fim de regular os fatores internos e
externos que influenciam suas funções e seu desenvolvimento.
Orem segundo FOSTER e BENETT (2000) diz que a ação de
autocuidado constitui, então, a capacidade humana ou o poder de engajar-se
no autocuidado, o que pode ser afetado pelos fatores condicionantes básicos
que são o sexo, o estado de desenvolvimento, o estado de saúde, a orientação
sócio-cultural e os fatores do sistema de atendimento de saúde (modalidade de
diagnóstico e de tratamentos), os fatores do sistema familiar, os padrões de
vida (engajamento em atividades), os fatores ambientais e adequação e a
disponibilidade de recursos.
Ainda segundo a mesma, entre as exigências terapêuticas de
autocuidado (AC), inclui-se o total de ações de AC desenvolvidas por um
tempo, a fim de satisfazer os requisitos de autocuidado, como: 1. Universais
que são associados a processos de vida e à manutenção da integridade da
estrutura de funcionamento humano; 2. De desenvolvimento que são derivados
de alguma condição natural do ciclo vital ou associados a algum evento; 3. De
alterações de saúde são denotados em condição de doença (FOSTER e
BENETT, 2000).
A figura 1 foi adaptada por Leopardi (1999), e representa o universo de
autocuidado de Orem, articulando os conceitos básicos: Demanda terapêutica
para o autocuidado; Competência dos indivíduos para o autocuidado;
Competência de Enfermagem para o autocuidado, bem como os três requisitos
básicos de Orem que são: Universais; Desenvolvimentais e por Desvio de
Saúde.
37
Figura 1: Universo de Auto-Cuidado de Orem
A teoria do Déficit do Autocuidado é reconhecida como a descrição
explanatória do significado da Enfermagem e o que a Enfermagem faz. Entre
seus conceitos fundamentais constam os seguintes: agente de autocuidado,
demanda de autocuidado e déficit de autocuidado (GEORGE, 2000).
O déficit do autocuidado é o foco da atuação da Enfermagem, pois esta
possui conhecimento, perspicácia e habilidade para saber que eventos,
condições e circunstâncias caracterizam pessoas em situações de cuidado de
saúde, bem como para identificar as capacidades às quais os seres humanos
estão sujeitos. Cabe à Enfermagem atuar no oferecimento de cuidados de
Enfermagem, para isso, adotará os métodos de ajuda preconizados por: agir ou
fazer para o outro; guiar o outro, apoiar o outro; proporcionar um ambiente que
promova o desenvolvimento pessoal, quando se tornar capaz de satisfazer
38
demandas futuras ou atuais de ação, a fim de ajudar o indivíduo a autocuidarse, focalizando suas ações nas exigências ou requisitos de autocuidado
(GEORGE, 2000).
Ainda segundo a mesma autora, enquanto a Teoria dos Sistemas de
Enfermagem estabelece a estrutura e o conteúdo da prática de Enfermagem,
os sistemas de Enfermagem representam as prescrições dos papéis da
Enfermagem e dos pacientes e subseqüentes ajustes sobre esses papéis
(GEORGE, 2000).
Existem três sistemas de Enfermagem baseados nas necessidades de
autocuidado e na capacidade do indivíduo para autocuidar-se: o totalmente
compensatório, quando o indivíduo é incapaz de empenhar-se nas ações de
autocuidado; o parcialmente compensatório, representado em situação em que
o indivíduo tem ação limitada e, em conseqüência disso, os dois exercem o
papel principal na execução de cuidados; e o sistema de apoio-educação, no
qual o indivíduo tem potencial para executar e deve aprender a executar ações
de autocuidado (GEORGE, 2000).
O autocuidado deve constituir um dos objetivos da assistência de
Enfermagem, pois possibilita o estímulo à participação ativa do paciente no seu
tratamento,
ao
dividir
com
a
Enfermagem
a
responsabilidade
na
implementação da assistência e nos resultados (GEORGE, 2000).
4.1 CONCEITOS:
Enfermagem
Para Orem citada por Leopardi (1999), a Enfermagem é um sistema de
ajuda para o auto-cuidado, quando o indivíduo não tem condições de suprir
seus próprios requerimentos.
39
Indo ao encontro da teórica Leopardi (1999) está enfatiza que a
Enfermagem preocupa-se com a promoção da saúde, com prevenção da
doença, com o cuidado dos doentes e restauração da saúde. É uma resposta
aos males de uma condição humana. A Enfermagem centraliza seu foco tanto
na promoção da saúde quanto no tratamento das enfermidades.
Neste estudo Enfermagem é um processo que auxilia
o cliente
colostomizado no seu autocuidado, dando suporte na orientação e educação
em saúde. Assim como direciona este conhecimento para a promoção de
saúde na rotina diária destes indivíduos.
Ser humano
De acordo com Martins (1995), Ser Humano é compreendido como ser
único com dimensões sociais, históricas, culturais, biológicas, espirituais e
políticas, e está dinâmica e constantemente em interação com os outros seres
humanos e com a realidade que o cerca. É único por possuir características
distintas e não pode ser separado das coisas que o rodeiam. É social e
histórico, pois vivencia condições determinadas histórica e socialmente nas
interrelações humanas. Relaciona-se continuadamente e dinamicamente com o
seu ambiente,
buscando e atribuindo significado a sua existência. Possui
capacidades infinitas a explorar, a decidir, enfrentar, e transformar a si próprio
e a realidade que o cerca.
Segundo Orem apud MARENZI (2006):
o ser humano é um organismo biológico, racional e pensante. Tal
é
afetado
pelo
meio
ambiente
e
é
capaz
de
ações
predeterminadas que lhe afetem, ou a outros ao seu redor,
condições que lhe fazem capaz de seguir a risca o autocuidado.
É uma pessoa com capacidade para conhecer-se, com
acuidades para utilizar as idéias, as palavras e os símbolos para
40
pensar, comunicar e guiar seus esforços, capacidade para refletir
sobre sua própria experiência e efeitos colaterais, a fim de
realizar as ações de autocuidado e cuidados dependentes.
Neste estudo ser humano é o cliente colostomizado que experiência sua
condição como ser único, social e histórico, que interage com outras pessoas e
com o ambiente no tempo e no espaço de forma dinâmica e contínua. Deve
ser visto dentro de uma estrutura familiar, social, onde os conflitos podem
afetar sua existência e que é responsável pela mudança no seu ciclo vital.
Autocuidado
Segundo Orem apud MARENZI (2006),
é uma contribuição constante do indivíduo à sua própria existência: “o
auto-cuidado é uma atividade aprendida pelos indivíduos e orientada
para um objetivo”. É uma conduta que existe em situações concretas da
vida, dirigida pelas pessoas sobre si mesmas, para os demais e para o
meio ambiente, para regular os fatores que afetem seu próprio
desenvolvimento e funcionamento em benefício de sua vida, saúde e
bem estar.
Nesta pesquisa autocuidado são todas as atividades que o indivíduo
colostomizado realiza na sua rotina diária com o objetivo de manter um grau de
conforto e segurança diante da realidade que é conviver com um ostoma.
Ambiente
Definimos
ambiente
como
os
elementos
externos
ao
cliente
colostomizado que afeta a saúde e o processo de cura. Pode modificar o curso
da vida do indivíduo, mas pode e deve ser o agente modificador de sua
realidade, fazendo com que seja um elemento positivo em sua vida.
41
Percepção
Concordamos com Haguette apud Zampiere (1998, p. 62), quando diz
que:
a percepção é universal, pessoal e seletiva...é universal, uma vez que
todos percebem os seres humanos e objetos no meio ambiente, é
pessoal, porque difere de ser humano para ser humano, de acordo com
os seus valores, crenças, experiências, ... é social, já que a mente social
tanto na sua origem quanto na sua função, pois surge de um processo
social de comunicação, é seletiva porque nesse processo, o ser humano
seleciona aqueles estímulos que são relevantes para suas necessidades,
rejeitando os que consideram irrelevantes.
Percepção neste estudo é o ato de captar estímulo na interação com outros
indivíduos e com o ambiente baseado nas suas crenças, valores e experiência e que
são fundamentais para a sua vida.
Saúde/ Doença
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) “saúde é um
estado de completo bem-estar físico, mental e social e não a mera ausência de
moléstia ou enfermidade”. A saúde é um processo dinâmico em que o homem
luta contra as forças que tendem a alterar o equilíbrio da sua saúde
(KAWAMOTO; FORTES, 1997).
Conforme a mesma autora, doença é um estado de desequilíbrio do
indivíduo com as forças de seu ambiente externo e interno, ou seja, ocorre
perda ou limitação de sua capacidade de adaptação ao meio ambiente
(KAWAMOTO; FORTES, 1997).
Entendemos o processo saúde-doença como um estado de equilíbrio e
desequilíbrio que o cliente colostomizado vivencia no seu cotidiano, podendo
42
alterar conforme a sua adaptação à terapêutica e a forma que experiência o
seu autocuidado.
5. METODOLOGIA DO ESTUDO
Para Minayo (2004, p.22) a metodologia é o “caminho do pensamento e
a prática exercida na abordagem da realidade. Inclui as concepções teóricas de
abordagem, o conjunto de técnicas que possibilitam a apreensão criativa do
pesquisador”. Com o objetivo de pensar o fazer essa pesquisa tem por
metodologia a abordagem qualitativa, com caráter descritivo, e como estratégia
será utilizada a pesquisa convergente assistencial de Trentini e Paim (2004).
Nesta modalidade de pesquisa, em um dado momento da prática, pode-se
articular o conhecimento teórico com a participação ativa do sujeito da
pesquisa, numa cooperação mútua.
Para Prado apud Trentini e Paim (2004, p. 15) “a pesquisa convergenteassistencial articula a prática profissional com o conhecimento teórico”,
refletindo assim que toda teoria pode ser colocada em prática respeitando os
princípios individuais e/ ou coletivo.
Minayo (2004) enfatiza que a abordagem qualitativa “aprofunda-se no
mundo dos significados das ações e relações humanas um lado não
perceptível e não captável em equações, médias e estatísticas”. Indo ao
encontro dessa questão Demo (1998) reforça essa idéia quando afirma que a
pesquisa qualitativa olha prioritariamente para os aspectos qualitativos, sem,
contudo desprezar os aspectos também quantitativos.
Dentre os vários métodos utilizados na abordagem qualitativa, optamos
pelo estudo descritivo. Para Beste apud Marconi e Lakatos (1998, p.119) a
pesquisa descritiva “delineia o que é – descreve, registra, analisa e interpreta o
fenômeno“.
43
5.1 Local do Estudo
Este estudo foi realizado com pacientes cadastrados num Serviço Público
de uma policlínica da grande Florianópolis, instituição esta vinculada á Secretaria
de Estado da Saúde de Santa Catarina, situada em Florianópolis. Este grupo
antes era denominado A. C. O , era uma entidade sem fins lucrativos que
representava ostomizados de todo o Estado de Santa Catarina. Foi fundada em
21 de Setembro de 1984, no Hospital Universitário da Universidade Federal de
Santa Catarina, foi considerada de utilidade pública no município, em 22 de Maio
de 1986 (MARTINS, 1995).
Surgiu do interesse de profissionais de saúde em atender ao ostomizado
de maneira integral e interdisciplinar. Atualmente, é uma entidade que congrega
pessoas ostomizadas principalmente da Grande Florianópolis, que se reúnem
com o intuito de se organizarem, trocarem experiência e defenderem seus
direitos enquanto cidadãos. É gerida pelos próprios ostomizados, representados
através de sua diretoria. Este grupo posteriormente passou a denominar-se
Grupo de convivência, assumindo as características de um grupo interdisciplinar.
Em decorrência da origem da formação dos dois grupos, houve durante muito
tempo uma estreita relação entre eles, o que os levou a assumirem juntos seus
interesses, necessidades e a lutarem por uma melhor qualidade de vida do
ostomizado (MARTINS, 1995).
5.2 SUJEITOS DA PESQUISA
Foram sujeitos da pesquisa, dez pessoas ostomizadas definitivas
participantes do Grupo de convivência, de uma Policlínica da grande
Florianópolis. Participaram deste estudo oito mulheres e dois homens com
idades entre 42 e 90 anos, os dados foram coletados através de entrevistas
realizadas entre os meses de Abril a Junho de 2006. O critério de seleção foi
44
intencional, dessa forma os clientes deveriam estar lúcidos, contactuantes,
independentes no seu autocuidado e serem colostomizados há mais de dois
anos. Essa intencionalidade objetivou alcançar depoimentos mais ricos e
diversificados durante o processo.
Dessa forma, os clientes foram convidados verbalmente a participarem
do estudo e conforme os critérios da Resolução 196/96 do Conselho Nacional
de Saúde (2004) sobre pesquisa envolvendo seres humanos, ao aceitarem
participar do estudo, assinaram o consentimento livre e esclarecido (Apêndice
B).
Com o intuito de preservar o anonimato dos participantes do estudo,
optou-se por identificá-los com nomes fictícios de pedras preciosas, pois para
nós tratam-se de pessoas muito especiais, verdadeiras pedras preciosas.
Sendo assim descreveremos a seguir os participantes da pesquisa, pela ordem
crescente de idade:
Turmalina: sexo feminino, 42 anos, colostomizada
há 16 anos , por
Câncer (Ca) de colo retal;
Ametista: sexo feminino, 50 anos, colostomizada há 7 anos, por Ca de
reto;
Ônix: sexo masculino, 60 anos, colostomizado há 16 anos, por Ca de
reto;
Cristal: sexo feminino, 62 anos, colostomizada há 5 anos, por Ca de colo
uterino;
Citrino: sexo masculino, 62 anos, colostomizado há 9 anos, por Ca de
reto;
Esmeralda: sexo feminino, 66 anos, colostomizada há 5 anos, por Ca de
reto;
Topázio: sexo feminino, 76 anos, colostomizada há 35 anos, por Ca de
reto;
Rubi: sexo feminino, 79 anos, colostomizada há 6 anos, por diverticulite;
Safira: sexo feminino, 84 anos, colostomizada há 8 anos,por Ca de reto;
45
Diamante: sexo feminino, 90 anos, colostomizada há 3 anos, por Ca de
intestino.
5.3 Instrumentos de coleta e análise dos dados
Entendemos que, embora a entrevista tenha como objetivo coletar
informações, ela é sem dúvida uma forma de interação social. Para Trentini e
Paim (1999) se não houver essa interação humana não haverá ambiente
favorável para produzir informações fidedignas.
Os dados foram coletados por meio de entrevistas e observação (dados
primários), que foram obtidos por meio de dez entrevistas individuais com os
participantes do estudo. Nas entrevistas apresentou-se o Termos de
Consentimento
Livre
e
Esclarecido,
posteriormente
assinado
pelos
participantes, utilizamos um gravador, com a autorização dos mesmos
(APÊNDICE B). Cada entrevista teve em média a duração de 30 a 45 minutos.
Posteriormente as entrevistas foram transcritas pelas pesquisadoras a
fim de se proceder a análise dos dados. É importante ressaltar que a entrevista
foi uma técnica valiosa na coleta de dados, sendo conduzida pelas
pesquisadoras, o que possibilitou uma melhor explicação das questões e
compreensão dos sujeitos da pesquisa acerca dos elementos contidos no
instrumento.
Ao refletir os dados obtidos nas entrevistas com o marco referencial
possibilitou o desenvolvimento da teorização com referência ao tema em
questão, que para Trentini e Paim (2004, p. 94), perpassam pela codificação de
relatos que “consistem num conjunto de expressões com características
similares ou que tenham estreita relação de complementaridade estabelecida
de acordo com determinado critério”. A partir dessa reflexão enlecamos duas
categorias onde pudemos discutir e analisar a percepção dos clientes
colostomizados participantes de um grupo de convivência com relação ao seu
autocuidado em domicílio.
46
5.4 Os aspectos éticos
Para a realização deste estudo, observamos os aspectos éticos da
pesquisa envolvendo seres humanos contidos na Resolução Nº196 de 10 de
Outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde, dentre eles citamos: o
Consentimento Livre e Esclarecido dos sujeitos da pesquisa (Apêndice B), a
aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em pesquisa da Universidade do
Vale do Itajaí - UNIVALI, sob protocolo CEP nº 560/2005 (ANEXO 2) e pela
aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do grupo de convivência à
clientes ostomizados de uma Policlínica da grande Florianópolis. Ainda com
referencia as questões éticas seguimos preceitos como: a garantia do sigilo
dos participantes, a liberdade do sujeito de recusar a participar ou retirar seu
consentimento em qualquer fase da pesquisa, a relevância social da pesquisa,
oferecendo possibilidade de gerar conhecimento ou aliviar o estresse que afeta
os sujeitos do estudo e de outros indivíduos.
Quando pensamos nos aspectos éticos de uma pesquisa, temos que
destacar os cuidados “éticos” que permeiam a nossa prática, como aqueles
relacionados aos direitos dos clientes ou os deveres e responsabilidades que
fazem parte de nosso estatuto profissional. Em pesquisas com seres humanos,
principalmente, este assunto é imprescindível, pois é uma garantia para os
pesquisadores e clientes sobre a autenticidade do estudo.
Segundo o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, assinado
em 30 de agosto de 2000, em seu IX Capítulo, aborda os princípios
fundamentais da Enfermagem com seu comprometimento, com a saúde do ser
humano, participante e integrante da sociedade com ações que visem
satisfazer as necessidades de saúde da população, com respeitosa vida,
dignidade e direito da pessoa humana em todo o seu ciclo vital, sem
discriminação de qualquer natureza ou seja, respeitando seus valores, crenças
e cultura, e considerando a autonomia que podemos exercer no exercício
profissional (COFEN,2006).
47
Na área da saúde, as questões éticas envolvem um universo composto
por pessoas, em sua maioria, implicando situações de caráter ético e
profissional, pela própria característica dessa área, pessoas que trabalham
com, na, pela e para as pessoas. No seu trabalho diário, a equipe de
Enfermagem vive dilemas éticos relacionados às decisões que necessitam ser
tomadas diante de algumas situações.
Além disso, consideramos importante ressaltar que a Enfermagem deve
ser exercida em concordância com seu Código de Ética (COREN/SC,2005) que
estabelece as diretrizes para os profissionais que atuam na área e que
extrapolam as regulamentações específicas para a implementação de
pesquisas com seres humanos.
Todavia, acreditamos que as formalidades legais têm o objetivo de nos
lembrar os princípios da bioética, especialmente os da autonomia, da
beneficência, da não maleficência, da justiça e eqüidade.
6.0 Apresentação e discussão dos dados
Após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do
Vale do Itajaí - UNIVALI, realizou-se contato com a enfermeira responsável
pelo setor de ostomizados(CCR/SES-SC), para obtermos a autorização e
podermos utilizar o Livro de Registros dos Ostomizados atendidos para
identificar a população alvo, que seria pacientes colostomizados há mais de
dois anos. Entramos em contato por telefone, sendo que a enfermeira já havia
conversado com estas pessoas antes, colocando-as a par do assunto,
agendamos dia e horário para realizarmos as entrevistas.
Na entrevista individual, esclarecemos o termo de Consentimento Livre e
Esclarecido referente à pesquisa e a aceitação deste sujeito foi efetivada com
a leitura e assinatura do termo, a fim de formalizar o aceite da proposta e
48
garantir a observação dos princípios éticos, de acordo com a Resolução 196/96
do Conselho Nacional de Saúde.
Nos dias e horários agendados fomos ao local combinado, geralmente
na residência das pessoas, procuramos não ultrapassar o tempo estabelecido
que foi de uma hora para cada entrevista, fomos bem recebidas por todos os
entrevistados, num ambiente acolhedor, geralmente com a presença de outros
membros da família, em sua maioria filhas. Os participantes deste estudo
demonstraram a maior boa vontade em participar da pesquisa, e sentimos em
todos uma necessidade muito grande de falar sobre o assunto e ficaram
felizes, pois assim puderam contribuir para ajudar outras pessoas que
vivenciem a experiência de passar por uma doença crônica e que após
passarem por um período de reabilitação, poderão levar uma vida normal.
Ficamos surpresas com os depoimentos, pois acreditávamos que
iríamos encontrar pessoas com muitas queixas, dificuldades entre outras
insatisfações. Mas não foi bem isso que encontramos, os entrevistados nos
pareceram bem adaptados, conformados com a situação nos dando uma lição
de vida. Na opinião das autoras, um dos motivos de não ser evidenciado
dificuldades e sim uma boa adaptação, deve-se ao fato de haver passado
muito tempo da fase inicial da doença.
Pensando nestas questões o desenho da pesquisa é valorizado pela
construção de conhecimento por intermédio de teorizações. Toda riqueza e
diversidade das vivências estão ilustradas
nas falas e percepções das
pesquisadoras e sujeitos da pesquisa, que resultaram na estruturação das
seguintes categorias: Convivendo com a Colostomia e Vivenciando as
Limitações da Colostomia.
49
6.1. Convivendo com a Colostomia.
O normal/natural está intimamente ligado às crenças, a educação, as
experiências e novamente aos valores de cada um de acordo com os fatos de
suas vidas. Normal, tanto pode ser aquilo que deve ser, agregado como valor,
ou aquilo que se encontra mais freqüente ou está na média, seria o fato.
O que era até então considerado “normal e natural”, já não se encaixa
mais, adotando na medida que o ser humano se adapta as novas situações,
outros valores. Como podemos
constatar nas falas a seguir, que para os
participantes deste estudo o “normal” hoje é ter o ostoma:
“... tomo como natural... no começo eu fiquei meio chateada...
contratei até uma enfermeira que ficou aqui pra me ensinar
tudo como deveria fazer, tudo né, depois eu me acostumei,
eu mesmo me viro, não tem problema nenhum, nenhum,
nenhum”.(Rubi)
“hoje é normal, mas no início foi difícil, custei a me adaptar”
(Esmeralda)
“é normal, nunca tive nenhuma dificuldade. A filha é que não
aceita muito bem”.(ônix)
“hoje é quase normal. Fico desconfiada que as pessoas tem
nojo de mim”.(Turmalina)
50
Numa sociedade que possui padrões estéticos e de beleza que
valorizam o corpo, a alteração física provocada pela formação de um ostoma
implica em mudanças. Acreditamos que, com o passar do tempo ocorre uma
adaptação física do ostomizado, com o ostoma e seu autocuidado em todas as
esferas da vida, além das fases do processo de enfrentamento da perda e
reformulação de valores (ANDRADE et al, 1999).
A palavra cuidar pode ter diferentes significados, dependendo da
concepção de cada ser humano e frente ao seu processo de vida: cuidar
corresponde a comportamentos e ações cujos objetivos incluem, entre muitos
outros, aliviar, confortar, apoiar, ajudar, favorecer, promover, restabelecer,
fazer.
Para Celso (2005) cuidar está diretamente relacionado às experiências
de vida das pessoas, e as suas ações se relacionam aos aspectos culturais de
cada indivíduo, pois todos possuem uma identidade própria que orienta as
ações para alcançarem os seus objetivos e que estas são realizadas para um
bem comum das pessoas envolvidas.
O (a) enfermeiro (a) tem um papel importante, no que diz respeito a dar
orientações que facilite e ajude o indivíduo no seu autocuidado, para isto
acreditamos que não deva deixar jamais de respeitar as limitações de cada um.
Em se tratando de uma situação crônica, o cuidado de Enfermagem
deve ser enfocado em dar a esta pessoa condições de autocuidar-se,
diminuindo assim, a dependência na relação profissional-paciente e a
prevenção de suas seqüelas negativas. O cuidado exige abranger o ser
humano como um todo, atendendo às necessidades física, espiritual,
intelectual, psíquica e emocional.
.Podemos observar nas falar a seguir, que os sujeitos da pesquisa tem
todo um cuidado com o seu ostoma:
“eu que tenho todos os cuidados... uso o equipamento, o
material necessário... com a maior tranqüilidade” (Citrino).
51
“lavo diariamente no banho pela manhã, já faço a limpeza da
bolsa, ou troco quando necessário”.(Ametista)
Kawamoto e Fortes (1997 apud WALDOW, 2004) acreditam que o
processo saúde-doença é um estado de equilíbrio e desequilíbrio que o
indivíduo vivencia no seu cotidiano, podendo alterar conforme a sua adaptação
à terapêutica e a forma que experiencia o seu auto-cuidado.
Para Heidegger (1969 apud WALDOW, 2004), o cuidado é a essência do
ser humano. O ser humano existe no mundo, através do cuidado. Ele inclui
uma dimensão ontológica – é um modo de ser; sem ele, deixa de ser humano.
O ser humano é um ser que deve cuidar de si e dos outros. Este mesmo autor
também distingue o cuidado autêntico. Tal dimensão considera ajudar o outro ir
além, ou seja, o outro é ajudado a cuidar de seu próprio ser.
Com relação a esta questão, SHIPES (1987 apud ANDRADE et al,
1999), relata que as reações dos membros da família com relação à cirurgia
de ostomia e o impacto dessas reações no ajustamento revelam que o paciente
se adapta melhor e se sente menos isolado quando a família é incluída no
plano de ensino e cuidado. Assim sendo, o suporte familiar torna-se vital para a
adaptação psicossocial do ostomizado. A reabilitação do ostomizado implica
que estejamos preparados para lidar com seus medos, fantasias, ansiedades e
para aceita-los como seres humanos capazes de se reintegrar, mesmo que
lentamente, à sua nova condição de vida.
Nas falas a seguir, podemos perceber que a experiência de outras
pessoas e o apoio dos familiares é muito importante para a adaptação da nova
realidade para estes indivíduos quando questionados onde foram buscar ajuda
no cuidado à colostomia:
52
“no grupo de ostomizados e com o meu marido, nos primeiros
cinco anos era ele que trocava minha bolsa eu não tinha
coragem”.(Turmalina)
“com outra pessoa colostomizada há muito tempo e no grupo
de ostomizados”.(Topázio)
Ao
ajudar damos condições
para essas
pessoas, através
do
conhecimento, resolverem suas dificuldades, ou irem em busca de soluções.
Ajudar consiste em ensinar o caminho, não caminhar por ela. O enfermeiro (a),
deve comprometer-se, interessar-se em ajudar aquele que dele (a) precise.
A relação com a família fornece um ponto de apoio e segurança para o
ostomizado, o que contribui não só para sua recuperação física, mas também
para sua auto-estima, autoconfiança e para o retorno às suas atividades sociais
(FURLANI et al, 2002).
Para Boog e Ceolim (1993 apud FURLANI et al, 2002) aprendemos a
controlar nossos esfíncteres desde pequenos e a realizar nossas eliminações
em locais adequados e com privacidade. A ostomia, portanto, representa uma
violação dessa intimidade e pode ser difícil adaptar-se a essa nova realidade .
A mudança na auto-imagem, a ocorrência de situações embaraçosas no
convívio com o ostoma e a perda de controle do esfíncter pode afastar o
ostomizado de atividades sociais e dificultar sua adaptação ao ostoma
(FURLANI et al, 2002).
SANTOS (1996 apud ANDRADE et al, 1999) compilando diversas
conceituações sobre reabilitação refere-se a um processo educativo, criativo,
dinâmico e progressivo que objetiva o aproveitamento máximo das chamadas
capacidades residuais ou potencialidades do paciente, visando a sua
reintegração ao meio social, ou seja, o desenvolvimento das habilidades para
as atividades fundamentais do dia-a-dia, que lhe permitam viver como ser
social que é.
53
Para Martins (1995) o indivíduo é um ser único, por possuir
características diversas e não poder ficar distante das suas coisas. Adapta–se
ao meio como ser social e histórico, ao vivenciar as condições determinadas
histórica e socialmente nas interações com os outros e com o seu ambiente
para significar a sua existência.
Nas falas a seguir, podemos constatar a fase de adaptação que já foi
superada por estas pessoas diante do novo modo de perceber a vida ao
captarem os estímulos nas interações com os familiares e profissionais da área
e com o seu ambiente baseados em suas crenças, valores e experiências:
“hoje não tenho mais dificuldades, convivo com a ela
normalmente”.(Turmalina)
“hoje não necessito de mais orientações, mas se vocês tem
alguma coisa para me explicar sempre é bom”.(Esmeralda)
“Acho que agora já estou sem dificuldades, Não tenho mais
dúvidas sobre a colostomia”.(Ametista)
Aceitação está longe de ser conformismo, não é aprovar o ocorrido,
mais estar aberto às mudanças, a analisar a maneira de perceber e agir. Desta
forma, deixamos do papel de vítima da situação e passamos a realizar com
determinação as mudanças que precisam acontecer.
A auto-aceitação é um dos maiores problemas dos pacientes
colostomizados, devido à grande dificuldade em aceitar sua nova situação de
vida, que poderá, e muito interferir no seu autocuidado (MARTINS,1995).
54
6.2 Vivenciando as limitações da colostomia
A demanda terapêutica requerida do cliente colostomizado consiste em
que ele desenvolva, consciente e completamente, as trocas necessárias das
bolsas, de forma a prevenir o aparecimento de complicações técnicas que
resultem em complicações infecciosas e/ou médicas.
O cliente precisa manter um excelente nível de higiene pessoal,
nutricional e de hidratação, como também ser criterioso quanto às atividades
desenvolvidas e o repouso. Podemos perceber que muitas das complicações
apresentadas pelos clientes seriam evitadas através de um acompanhamento
de Enfermagem mais rigoroso, e mais freqüente, de visitas domiciliares
regulares, de reciclagem e treinamento dos clientes e da utilização de uma
metodologia apropriada, direcionada a estes, desde a fase em que é
diagnosticada a doença.
Para BORGES et al (2002), mesmo quando o paciente recebe ótima
assistência por parte de cirurgiões e enfermeiros altamente qualificados, pode
apresentar complicações no pós-operatório (imediato ou tardio) ou a qualquer
momento, no caso de ostoma definitivo.
Estas complicações podem estar relacionadas ao estoma (abscesso,
sangramento, necrose, edema, retração, estenose, prolápso e hérnias) ou
relacionadas à pele ao redor do ostoma (dermatites).
Como podemos observar a maioria dos participantes deste estudo tiveram
algum tipo de complicação como nos relatos a seguir:
“foram hérnias que surgiram... três hérnias, mais isso não foi
pela primeira... ele(o médico) fez a reversão aí apareceram as
hérnias...” (Esmeralda).
55
“no início tive irritações da pele de um lado do ostoma, por
causa do adesivo da bolsa” (Ametista).
“tive uma hérnia grande e irritação da pele” (Turmalina)
“tive irritação da pele em volta do ostoma” (Ônix).
“no início tive irritação da pele e prolapso do ostoma” (Cristal).
“no início tive irritação da pele” (Safira).
Os
profissionais
devem
estar atentos no
sentido
de
detectar
precocemente sinais de complicações, bem como orientar o ostomizado a fazer
o mesmo, procurando ajuda quando necessário. Percebe-se que uma
complicação pode acarretar outras, podendo direcionar a assistência prestada,
como exemplo a retração do ostoma pode propiciar a dermatite, tornando um
ciclo vicioso. Esta situação além de trazer dificuldades no cuidar do ostomizado
pode elevar seus custos, necessitando procedimentos ou equipamentos para
solucionar ou contornar o problema.
Segundo BORGES (2002), para que os ostomizados possam assumir o
autocuidado precocemente e de forma satisfatória, com menos sofrimento
possível, deve-se realizar com eles entrevistas de orientações prévias à
intervenção cirúrgica.
Atualmente em muitas instituições, os pacientes ostomizados continuam
sendo tratados de modo meramente técnico, cuida-se exclusivamente das
necessidades fisiológicas, deixando os aspectos psicológicos e sociais
relegados a segundo plano, ou até mesmo sem atenção. Contudo, o assunto
requer, por parte dos profissionais de saúde e principalmente da equipe de
Enfermagem, uma assistência individualizada que atenda as demandas do
portador de ostomia.
56
Conforme podemos perceber, nossos participantes da pesquisa, receberam
a base para o desenvolvimento das atividades de autocuidado, como podemos
constatar em suas falas:
“nunca encontrei dificuldades” (Ônix).
“não tive dificuldades, só bem no começo ” (Topázio).
“não tive dificuldades, somente alergia, dependendo do
material da bolsa” (Cristal).
Entendemos com isto que, o conceito de autocuidado de Orem é
emergente, atual e capaz de levar o indivíduo ao desenvolvimento da
integridade estrutural humana, o que para o cliente deste estudo é de
fundamental prioridade, pois refletido em sua motivação, interesse e senso de
valor próprio, está a qualidade e quantidade de vida que desenvolverá
(GEORGE, 2000).
Para Orem, a competência do indivíduo para o autocuidado é uma
capacidade inerente do homem que se desenvolve acompanhando seu ciclo
vital e que varia de indivíduo para indivíduo, de acordo com suas crenças,
valores e atitudes, mas que pode ser aprimorada através do aprendizado de
novos conhecimentos, métodos e atitudes positivas relacionadas ao autocuidado e à saúde (GEORGE, 2000).
A utilização de uma metodologia que fundamente as ações do
profissional de Enfermagem na assistência ao cliente ostomizado, oferece
caminhos, tanto ao profissional quanto ao cliente, seguros e auspiciosos ao
alcance dos objetivos desejados, objetivando tornar o indivíduo o mais
independente possível em seu autocuidado diário. Entendemos que esse
57
processo é gradual e individualizado, onde o profissional deve considerar, além
da capacidade de aprendizado, a história de vida de cada um.
Neste estudo podemos perceber que realmente as crenças, os valores e
as atitudes do cliente estão diretamente relacionados com sua competência em
desenvolver o autocuidado, confirmando o que preconiza Orem, que no
aprendizado, a condição indispensável para que ele se concretize de forma
satisfatória são as atitudes positivas do cliente, sua motivação, interesse e
senso de valor próprio em relação à vida e a atual condição de saúde, pois sem
estas características fundamentais, ele pode ter todas as condições físicas,
mentais e cognitivas, mas não será um indivíduo competente no desempenho
de suas ações de autocuidado (GEORGE, 2000).
Apesar destes pacientes se adaptarem bem nas questões de
autocuidado, podemos identificar em suas falas que o sentimento de
desconfiança está muito presente em suas vidas. Como observamos nas falas:
“A gente se sente retraído, parece que cheira mal” (Ametista).
“A gente não se sente bem perto dos outros, fica sempre
desconfiado, parece que estão sentindo mau cheiro, barulho,
etc.”(Esmeralda)
“tenho vergonha, desconfio que as pessoas têm nojo de
comer na minha casa. Me sinto suja” (Turmalina).
Trentini et al (1992) identificam que uma das preocupações observadas
nos ostomizados é com a opinião que as outras pessoas têm sobre eles, e está
freqüentemente relacionada ao odor que poderia exalar do ostoma, proveniente
do descolamento da bolsa. Este também pode ocorrer devido ao acúmulo de
fezes no interior da bolsa, e o próprio peso das fezes que traciona a bolsa para
fora da pele e a exalação do odor é inevitável.
58
O homem é um ser capaz de interagir com o mundo, segundo
CARRARO, (1997), essa capacidade de se inter-relacionar proporciona a este
a
exteriorização
de sentimentos
como ansiedade,
angústia,
dúvidas,
expectativas e medos. Tais sentimentos se tornam evidentes, sobretudo
quando os indivíduos se deparam com situações crônicas de saúde, que
podem provocar mudanças no seu cotidiano pessoal e social, forçando-os a se
adaptarem de maneira inesperada e rápida a situações novas como
modificações funcionais do corpo, privações de hábitos e muitas vezes,
preconceitos de uma sociedade desinformada e estereotipada.
59
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O impacto ocasionado pela confecção do ostoma e as dificuldades
decorrentes exigirão adequação deste cliente, sendo necessária à realização
de um trabalho interdisciplinar na busca de soluções para minimizar estes
problemas.
O ideal é que se inicie um trabalho de preparação física e emocional
com este cliente ainda no pré-operatório, a fim de diminuir os riscos de
complicações no trans e pós-operatório, através de um planejamento
sistematizado e individualizado, baseado na avaliação feita através de exame
físico e entrevista e com a participação de algum membro da família. Isso deve
acontecer tão logo se tenha certeza do diagnóstico e da possibilidade de
confecção do ostoma.
O cliente deverá receber orientações gerais quanto ao diagnóstico,
tratamento e as mudanças ocasionadas na auto-imagem, equipamentos
disponíveis, cuidados necessários, possíveis complicações e a existência de
recursos na comunidade. Estas orientações fornecidas pelo profissional
enfermeiro deverão ser transmitidas de forma clara, acessível e condizente
com as fornecidas pelo profissional médico, objetivando o esclarecimento de
todas as dúvidas, a minimização da ansiedade e insegurança comuns neste
momento, e assim a aceitação da intervenção com a maior confiança possível.
Essas informações deverão ser gradativas, de acordo com o nível de
aceitação e entendimento do cliente e família, permitindo que os mesmos
possam expressar suas dúvidas e preocupações. Deverá ficar claro que após a
cirurgia, este cliente poderá regressar ao seu convívio familiar e social, levando
uma vida normal, seguindo como um ser independente e auto-suficiente,
contribuindo dessa forma para sua reabilitação o mais breve possível.
Uma vez realizada a cirurgia, o paciente deverá começar a se
familiarizar com o ostoma e seus cuidados, devendo ser incluído também um
familiar nesse processo. As orientações para a primeira troca de bolsa, deverão
ser feita de forma minuciosa. Apesar das informações fornecidas no pré-
60
operatório, o paciente deverá ter seu próprio tempo para adaptar-se a nova
situação e sentir-se preparado para assumir seu autocuidado.
Para oferecer uma assistência de qualidade ao ostomizado, a
Enfermagem, deve estar atenta às necessidades globais desta clientela,
principalmente por se tratar de uma condição crônica de saúde. A cirurgia para
confecção de um ostoma visa restituir ou garantir a essa clientela uma melhor
qualidade de vida. Tais modificações alteram tanto sua fisiologia, seu
psicológico, agindo diretamente em sua auto-estima, transformando sua visão
da imagem corporal, causando profundas mudanças em toda a sua vida.
No presente estudo, observou-se que a maioria dos pacientes não
retomou suas atividades de lazer ou retomaram apenas parcialmente, devido à
insegurança, vergonha, ou problemas físicos. No aspecto familiar, todos os
pacientes entrevistados no presente estudo, consideram imprescindível o apoio
da família na sua recuperação. A reação dos familiares frente a um ostoma
pode minimizar ou maximizar as conseqüências do mesmo. Um importante
papel no processo de reabilitação é desempenhado pela preparação da família
dos pacientes antes da cirurgia, informando-se e explicando-se aos familiares o
diagnóstico, prognóstico e planejamento terapêutico.
A primeira etapa desse processo deve ser a aceitação do ostoma pelo
paciente. Ele deve entender que o ostoma foi confeccionado com o intuito de
preservar sua saúde. Podemos observar em nosso trabalho que os pacientes
que convivem bem com seu ostoma reconheceram que isso era algo
necessário para a preservação da saúde.
A reintegração social do ostomizado é facilitada se ele fizer parte da
Associação e Suporte de Saúde, que é mantido pelo serviço público, para
aquisição dos dispositivos e seguimento ambulatorial. Tais associações
permitem-lhe a convivência com outros ostomizados e colaboram para a
melhor aceitação da nova imagem corporal e para o melhor entendimento da
nova situação, além de lhe fornecer suporte técnico em como higienizar o
ostoma, trocar o dispositivo, estimulando sempre o autocuidado. No nosso
61
estudo, observou-se que todos os pacientes consideram o grupo de
convivência de extrema importância em sua recuperação.
Utilizar conceitos da Teoria de Enfermagem do Auto-cuidado de Orem
neste estudo, forneceu um alicerce necessário para as atividades de
Enfermagem nas áreas de educação, prática clínica, administração, pesquisa
e sistema de informação com os clientes ostomizados. Assim como, trabalhar
os conceitos de auto-cuidado e Enfermagem integrada com conceitos de ser
humano, percepção e saúde/doença de outros autores proporcionou conhecer
e interpretar um cuidado que direciona e guia as práticas de Enfermagem em
parceria com os clientes inseridos no processo.
Concluímos, então, que diante das inúmeras repercussões na
qualidade de vida dos pacientes ostomizados, uma abordagem multidisciplinar
se impõe. Dessa maneira, cada profissional atua integradamente com os
demais na sua área de atuação, somando-se benefícios ao principal alvo de
nossos cuidados, o paciente. Dessa forma, sua reabilitação é facilitada, como
também a aceitação da nova imagem corporal e a realização do auto-cuidado
com melhor desempenho.
62
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Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Universidade Federal de Santa
Catarina. 1998.
67
APÊNDICES
68
APÊNDICE A
ROTEIRO DA ENTREVISTA
IDENTIFICAÇÃO DOS SUJEITOS DA PESQUISA
NOME:
IDADE:
SEXO:
PROCEDÊNCIA:
ESTADO CIVIL:
N° DE FILHOS:
ESCOLARIDADE:
PROFISSÃO:
RENDA:
TEMPO DE OSTOMA:
MOTIVO DA COLOSTOMIA:
QUESTÕES PROPOSTAS
1- Como é conviver com a colostomia na família, no trabalho e no lazer?
2- Quais são as dificuldades de ser um colostomizado?
3- É você que realiza os cuidados com a colostomia?
69
Sim ( )
•
Não ( )
Se você respondeu sim, descreva quais são os cuidados que você
realiza na sua rotina diária com a colostomia.
•
Se você respondeu não, cite quem realiza esses cuidados.
4- Você recebeu orientações sobre autocuidado para colostomia?
Sim ( )
•
Não ( )
Se sua resposta for sim, responda:
a) Que tipo de orientações?
b) Foram suficientes?
b) Onde foi buscar ajuda?
5- Você já teve complicações com a colostomia?
( ) Sim
•
( ) Não
Qual?
6. Que tipo de informação e/ou orientação você gostaria de receber para
auxiliar no seu autocuidado?
70
APÊNDICE B
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Nós, acadêmicos do curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do
Vale do Itajaí – UNIVALI – CES IV Biguaçu, realizaremos uma pesquisa
qualitativa de caráter descritiva exploratória com o respectivo tema “O Cliente
Colostomizado: Modos de ver e Perceber o seu Autocuidado”, como atividade
de trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Esse tema surgiu mediante vivência
com os pacientes com ostomia das acadêmicas (que são tituladas Técnicos em
Enfermagem). O objetivo de pesquisa é conhecer a percepção dos clientes
colostomizados atendidos na Policlínica com relação ao seu autocuidado em
domicílio, desvelando a rotina diária do cliente colostomizado. Assim como,
identificando as limitações do seu autocuidado e finalmente propor um
algoritmo de cuidado a esse cliente. Será utilizado como instrumento um
questionário semi-estruturado, na qual os sujeitos da pesquisa terão liberdade
para respondê-lo ou não conforme a Resolução 196\96,que é a norma que
rege as pesquisas com seres humanos. Conforme os objetivos propostos, lhe
convidamos a participar desta pesquisa que constituirá uma atribuição em
nosso objeto de estudo. Vale salientar que permanecerão preservados seus
anonimatos, sigilo dos dados e preservação da imagem. Esclarecemos
também que o sujeito da pesquisa tem direito de desistir da mesma em
qualquer momento que desejar ou lhe for oportuno e, se assim for, não estará
faltando com ética, pois temos a ciência que este é direito de qualquer sujeito
de pesquisa. Se houver dúvidas ou desistência entre em contato conosco.
Desde já, agradecemos a atenção dedicada à leitura deste termo e a
participação do estudo se assim o desejarem.
Orientandos:
71
________________________
_________________________
Elizandra Elia Martins
Sônia dos Santos Silva
Telefone: (48) 9919-7728.
Telefone: (48) 84033609
Orientadora:
______________________________________
Helga Regina Bresciani, Fone: 8422-1056.
Eu
___________________________________
RG
_________________,
concordo em participar da pesquisa “O Cliente Colostomizado: Modos de ver e
Perceber o seu Autocuidado” e autorizo a gravação da entrevista.
_____________________________________
______________
Data
Assinatura
72
APENDICE C
CHECK-LIST
Cuidados a serem observados no pós-operatório mediato e tardio do
cliente com colostomia.
Cada paciente vai encontrar o horário que lhe for mais conveniente para a
troca e higienização das bolsas, normalmente os pacientes preferem fazer as
trocas durante o banho.
Os pacientes devem ser orientados quanto às características normais a
serem observadas no ostoma e pele periostomal, tais como coloração (a cor
deve ser vermelho vivo ou rósea), forma regular, tamanho (obtido através do uso
de guia de mensuração), protrusão, umidade (resultante da produção de muco
pela alça intestinal).
Deverá ainda estar ciente do aumento do ostoma nos primeiros dias após a
cirurgia, devido ao edema decorrente do trauma cirúrgico.
Inspecionar diariamente a pele na região periestomal buscando zonas
eritematosas, erosões ou escoriações.
A manutenção da integridade da pele é conseguida com a utilização de
condições adequadas de higiene e equipamentos adequados, sendo de extrema
relevância para o bem estar do ostomizado e a eleição do dispositivo adequado
é fundamental para a integridade da pele.
A realização da primeira troca da bolsa coletora deve ser entre 48 a 72 horas
após a cirurgia, ou quando necessário.
A remoção do sistema coletor deve ser de forma suave e delicada com
utilização de lenço umedecido para este fim, gaze ou algodão umedecidos com
água morna ou ainda no chuveiro, durante o banho, tendo o cuidado de esvaziar
a bolsa antes.
Limpar delicadamente o ostoma e a pele em volta.
73
Proceder à secagem da área periostomal com toques leves, assegurando a
perfeita aderência da bolsa coletora, de uma ou duas peças, o qual deverá ser
provido de barreira sintética protetora da pele, plástico transparente e drenável
utilizando-se o clamp de fechamento.
Medir o tamanho do ostoma através de régua.
Utilizar bolsa coletora de tamanho e tipo adequados.
Quando não for necessária a troca de todo o dispositivo, proceder apenas
seu esvaziamento e limpeza conforme achar mais adequado (no chuveirinho,
com um recipiente com água), cada um vai encontrar seu jeito próprio com o
qual se adapte melhor.
O paciente deve ser estimulado ao retorno às suas atividades do cotidiano e
na participação na Associação de Ostomizados existente em sua região.
O paciente deve ser acompanhado e reavaliado periodicamente por um
profissional capacitado a fim de detectar precocemente sinais de complicações
que podem ocorrer nesta fase como prolapso, hérnia paracolostômica, estenose,
retração, entre outras, assim como os cuidados específicos.
O acompanhamento do cliente portador de uma ostomia é de
competência da estomaterapêuta1 ou de uma enfermeira treinada e qualificada,
devendo pautar-se no trabalho interdisciplinar, na busca de soluções ou
minimização de problemas comuns que estes pacientes venham a ter,
objetivando acima de tudo a reabilitação e a melhoria da qualidade de vida
destas pessoas.
1
Estomaterapêuta: Especialista em Enfermagem em Estomaterapia: Ostomias, Feridas e Incontinências.
74
ANEXOS
75
ANEXO 1
TERMO DE ACEITE DE ORIENTAÇÃO
Eu, Helga Regina Bresciani, professora da disciplina de Saúde do Adulto e
do Idoso do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Vale do
Itajaí, concordo em orientar as alunas Elizandra Elia Martins e Sônia dos
Santos Silva, no decorrer do desenvolvimento da pesquisa, conforme projeto
ora submetido à aprovação.
Os orientadores estão cientes das Normas para Elaboração do Trabalho de
Conclusão de Curso, bem como dos prazos de entrega das tarefas.
Biguaçu (SC), 29 de julho de 2005.
______________________________
Profª Helga Regina Bresciani
Orientadora
___________________________
Elizandra Elia Martins
___________________________
Sônia dos Santos Silva
75
Aluna
ANEXO 2
PROTOCOLO DO CEP
Aluna
75
*
76
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