ISSN 1517-6418 apoio: IDF / SACA DIABETES CLÍNICA - VOLUME 7 - NÚMERO 1 Diabetes Clínica JORNAL MULTIDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS JANEIRO / FEVEREIRO DE 2003, PÁGINAS 01~72 ANAD NOVEMBRO / DEZEMBRO 2002 POLÍTICA DE SAÚDE 1 o VOL. 7, N 1 O Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus precisa continuar (pg. 03) EPIDEMIOLOGIA Hipertensão arterial e diabetes mellitus no idoso (pg. 42) PSICOLOGIA Comportamento social das crianças diabéticas (pg. 46) FISIOTERAPIA Efeitos da atividade física e do ultra-som sobre o reparo ósseo (pg. 50) Análise do equilíbrio estático pela biofotogrametria (pg. 56) CLÍNICA Hiperglicemia e complicaçãoes crônicas do diabetes (pg. 62) www.atlanticaeditora.com.br ISSN 1517-6418 apoio: IDF / SACA DIABETES CLÍNICA - VOLUME 7 - NÚMERO 2 Diabetes Clínica JORNAL MULTIDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS MARÇO / ABRIL DE 2003, PÁGINAS 73~140 ANAD MARÇO / ABRIL 2003 2 o VOL. 7, N 2 FISIOTERAPIA Atuação da fisioterapia nas complicações do diabetes tipo 2 (pg. 119) CARDIOLOGIA Avaliação do risco cardiovascular em pacientes diabéticos (pg. 115) TRATAMENTO Ação das tiazolidinedionas (pg. 128) GERIATRIA Diabetes mellitus no idoso (pg. 135) EDUCAÇÃO Avaliação dos conhecimentos terapêuticos de diabéticos tipo 2 (pg. 123) www.atlanticaeditora.com.br atlântica e d i t o r a ISSN 1517-6418 apoio: IDF / SACA Diabetes Clínica JORNAL MULTIDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS NEFROLOGIA ANAD MAIO / JUNHO 2003 Estresse oxidativo e nefropatia diabética (pg. 203) 3 o VOL. 7, N 3 EDUCAÇÃO Educação em diabetes tipo 1 através do PROAFIDI Brasília (pg. 195) ENFERMAGEM Tratamento do diabetes mellitus do tipo 2: fundamentos para a enfermagem (pg. 189) PÉ DIABÉTICO Uso tópico de uma associação de ácidos graxos essenciais (pg. 209) RECOMENDAÇÕES Prevenção e tratamento da hipertensão arterial (pg. 222) Cuidados pré-conceptivos na mulher diabética (pg. 216) Transplante de pâncreas para pacientes portadores de diabetes tipo 1 (pg. 220) www.atlanticaeditora.com.br atlântica e d i t o r a ISSN 1517-6418 apoio: IDF / SACA DIABETES CLÍNICA - VOLUME 7 - NÚMERO 4 Diabetes Clínica JORNAL MULTIDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS JULHO / AGOSTO DE 2003, PÁGINAS 233~304 ANAD JULHO / AGOSTO 2003 4 o VOL. 7, N 4 CONTROLE GLICÊMICO Importância da hemoglobina glicada para a avaliação do controle glicêmico (pg. 291) EDUCAÇÃO Educação para atividade física em crianças diabéticas (pg. 276) CONGRESSO Os temas livres apresentados no 8º Congresso Multidisciplinar em Diabetes São Paulo, 25 a 27 de julho de 2003 (pg. 268) EPIDEMIOLOGIA Obesidade e doenças crônicas não transmissíveis em uma população idosa (pg. 281) www.atlanticaeditora.com.br atlântica e d i t o r a ISSN 1517-6418 apoio: IDF / SACA DIABETES CLÍNICA - VOLUME 7 - NÚMERO 5 Diabetes Clínica JORNAL MULTIDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS SETEMBRO / OUTUBRO DE 2003, PÁGINAS 305~380 ANAD 5 CIRURGIA Tratamento cirúrgico da neuro-artropatia de Charcot (pg. 358) EDUCAÇÃO Educação alimentar para pacientes diabéticos (pg. 351) ATIVIDADE FÍSICA Benefícios do exercício no manejo de pacientes diabéticos (pg. 367) CONGRESSO Temas livres apresentados no 8º Congresso Multidisciplinar em Diabetes 25 a 27 de julho de 2003 (pg. 343) SETEMBRO/ OUTUBRO 2003 VOL. 7, No 5 COMPLICAÇÕES Dermatoses do diabetes mellitus (pg. 373) www.atlanticaeditora.com.br atlântica e d i t o r a ISSN 1517-6418 apoio: IDF / SACA DIABETES CLÍNICA - VOLUME 7 - NÚMERO 6 Diabetes Clínica JORNAL MULTIDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS NOVEMBRO / DEZEMBRO DE 2003, PÁGINAS 381~452 ANAD NOVEMBRO/ DEZEMBRO 2003 6 o VOL. 7, N 6 NUTRIÇÃO Contagem de carboidratos e insulinoterapia (pg. 415) ENFERMAGEM Prevenção de lesão em pés (pg. 424) BIOQUÍMICA Hiper-homocisteínemia como fator de risco no diabetes (pg. 434) COMPLICAÇÕES Microangiopatia diabética e alterações dos tendões (pg. 446) NOVOS PRODUTOS Stevita, Passionderme, Soymilke Ômega (pg. 406) www.atlanticaeditora.com.br atlântica e d i t o r a Diabetes Clínica JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Índice (vol.7 nº 1 - 2003) 01~72 EDITORIAL Presidente Luis Inácio Lula da Silva, o Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus precisa continuar, Carlos Alberto Machado, Fadlo Fraige Filho ....................................................................................................................... 03 INFORMES DO DIABETES NO MUNDO. ..................................................................................................................... 06 O DIABETES NA IMPRENSA. ........................................................................................................................................... 16 AVANÇOS TERAPÊUTICOS E TECNOLÓGICOS. ...................................................................................................... 23 PRODUTOS E NOVIDADES Pó para preparo de bolo de baunilha light (Lowçucar), Accu-Chek Active (Roche Diagnostics), Diabetic´s Line (Opananken), NovoPen 3 Demi (Novo Nordisk) ....................................................................................... 30 RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS. ......................................................................................................... 34 ARTIGOS ORIGINAIS Hipertensão arterial e diabetes mellitus no idoso, Paulo Ricardo Farias Uruguai ............................................................................................................................................... 43 Relação entre crianças diabéticas e seus pais e as conseqüências no comporta-mento social infantil, Patrícia Guillon Ribeiro, Denise Heller ................................................................................................................................. 47 Efeitos da atividade física e do ultra-som sobre o reparo ósseo no diabetes experimental, Marcelo Renato Guerino, Eliete Luciano ............................................................................................................................... 51 Avaliação do equilíbrio estático do portador de diabetes mellitus pela biofotogrametria Mario Antonio Baraúna, Roberto Sérgio de Tavares Canto, Anamaria Siriani de Oliveira, Alcimar Barbosa Soares, Cristiano Diniz Campelo Silva, Fabrízio Antônio Gomide Cardoso ................................................................................... 57 REVISÃO Hiperglicemia e as complicações crônicas do diabetes mellitus, Arual Augusto Costa, Roberto T. Betti .................................................................................................................................... 63 NORMAS DE PUBLICAÇÕES. ......................................................................................................................................... 70 CALENDÁRIO DE EVENTOS. .......................................................................................................................................... 72 indice.pmd 1 28/02/03, 18:05 Diabetes Clínica JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Diabetes Clínica é um jornal multidisciplinar sobre os aspectos médicos, psicológicos e sociais do diabetes e dos distúrbios associados. Para os especialistas Diabetes Clínica é um veículo de informação e formação continuada sobre o conhecimento científico da doença, a atualidade da prática clínica no tratamento do diabetes e das patologias associadas. Diabetes Clínica edita artigos científicos selecionados pelo editor científico, o conselho consultivo e profissionais de reconhecido saber na área. O objetivo do jornal é favorecer a discussão interdisciplinar em todas as questões relativas à diabetologia, bem como através de suas diferentes sessões idealizadas pelo editor científico, informar de uma maneira rápida, atual e sintética os múltiplos aspectos dos estudos em diabetes. Diabetes Clínica Editor científico : Dr. Fadlo Fraige Filho, presidente da FENAD e ANAD, Professor Titular de Endocrinologia Faculdade de Medicina ABC Diretora comercial: Lilian Fanny de Castilho Editor: Dr. Jean-Louis Peytavin, faculdade de Medicina de Lyon (França) Conselho Consultivo Psicóloga Ada Verônica da Silva Maciel (SP) Dr. Adolpho Milech (RJ) Dr. Airton Golberg (RS) Dra. Alcina Vinhais (BA) Dra. Ana Míriam G. Carboni (SP) Dr. Antônio Carlos Lerário (SP) Dr. Arual Augusto da Costa (SP) Dr. Balduíno Tschiedel (RS) Nutricionista Celeste Elvira Viggiano (SP) Educador Cláudio Cancelliéri (SP) Dr. Edgard d’Ávila Niclewicz (PR) Dr. Freddy Goldberg Eliaschewitz (SP) Dra. Geisa Macedo (PE) Dra. Hermelinda Pedrosa (DF) Dr. João Roberto de Sá (SP) Dr. José Egídio Paulo de Oliveira (RJ) Dr. Leão Zagury (RJ) Dr. Marcos Tambascia (SP) Enfermeria Mônica Antar Gamba (SP) Dr. Nelson Rassi (GO) Dr. Orsine Valente (SP) Enfermeira Paula Pascali (SP) Dra. Reine Marie Chaves (BA) Dr. Saulo Cavalcanti da Silva (MG) Dr. Sérgio Atala Dib (SP) Apoios IDF - SACA - International Diabetes Federation South America Central America SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes FENAD - Federação Nacional de Associações de Diabéticos ANAD - Associação Nacional de Assistência ao Diabético COREN-SP - Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo COSEMS-SP - Cons. de Secretarías Municipais de Saúde Federação Nacional de Associações de Diabéticos (FENAD) Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD) Rua Eça de Queiroz, 198 04011- 031 São Paulo - SP tel: (11) 5572-6559 fax: (11) 5549-6704 http://www.anad.org.br [email protected] ATLANTICA EDITORA Editor executivo Dr. Jean-Louis Peytavin [email protected] Marketing René Caldeira Delpy Jr. [email protected] Administração Bárbara de Assis Jorge Editoração e Arte Andréa Vichi Copy & Revisão Ricardo Augusto da Silva Ferreira Rio de Janeiro Rua da Lapa, 180 / 1103 20021-180 Rio de Janeiro RJ Tel/Fax: (21) 2221-4164 E-mail: [email protected] São Paulo Praça Ramos Azevedo, 206/1910 01037-010 - São Paulo - SP Tel: (11) 3361-5595 / 3362-2097 ISSN 1517-6428 © ATMC - Atlântica Editora Ltda Av. São João, 56 sala 7 12940-000 Atibaia – SP Assinatura 6 números ao ano: R$ 90,00 tel: (21) 2221-4164 www.atlanticaeditora.com.br I.P. (Informação publicitária) As informações são de responsabilidade dos anunciantes Copyright © ATMC – Atlantica Editora Ltda Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Em razão do avanço rápido das ciências médicas, o Editor recomenda que uma verificação independente do diagnóstico e doses dos medicamentos seja realizada. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética médica, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. indice.pmd 2 28/02/03, 18:05 Diabetes Clínica 3 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Editorial Presidente Luis Inácio Lula da Silva, o Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus precisa continuar Prof. Dr. Carlos Alberto Machado*, Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho** Uma das grande conquistas dos portadores de hipertensão arterial e diabetes mellitus foi a implantação do Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus. O Plano idealizado pelas Sociedades Brasileiras de Cardiologia, Hipertensão, Nefrologia e Diabetes em parceria com as Federações Nacionais de Associações de Portadores de Hipertensão e Diabetes (FENAPHA e FENAD), foi levado em março de 2000 ao então Secretário de Políticas de Saúde do Ministério da Saúde, Dr. Cláudio Duarte de Fonseca, após aprovação pelo então Ministro José Serra, iniciou-se o processo de implantação. Como é do conhecimento de todos, as doenças cardiovasculares vem sendo a principal causa de mortalidade em nosso país há algumas décadas, segundo dados do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde. No ano de 2000 foram responsáveis por 27% das mortes ou sejam, 255.585 morreram em conseqüência das doenças do aparelho circulatório. A hipertensão arterial (HA) e o diabetes mellitus (DM) são os principais fatores de risco para essas mortes. Mais de 50% delas poderiam ser prevenidas se o diagnóstico precoce e o tratamento adequado da HA e do DM acontecessem, sem contar os custos que essas doenças representam em nosso sistema de saúde (gráfico). * Coordenador da Liga de Hipertensão do Belém-SP, Diretor Médico da Associação Paulista de Assistência ao Hipertenso, Presidente do Departamento de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Coordenador Nacional do Plano Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus **Presidente da FENAD editorial.pmd 3 O Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus que é uma estratégia que visa aumentar a prevenção, o diagnóstico, o tratamento e o controle da hipertensão arterial e do diabetes mellitus através 28/02/03, 18:05 4 Editorial - Diabetes Clínica 01 (2003) Continuação editorial.pmd da reorganização da Rede Básica dos Serviços de Saúde/SUS dando-lhes resolutividade e qualidade no atendimento é, sem dúvidas, a melhor intervenção sobre os fatores de risco para doenças cardiovasculares que já aconteceu no Brasil e talvez no mundo. O Plano que foi motivo de outras edições do Alerta Hipertenso consta de 4 etapas: 1º) capacitação (atualização) dos profissionais de saúde que atuam na rede básica em hipertensão, diabetes e demais fatores de risco para doenças cardiovasculares, 2º) campanhas de detecção de suspeitos de hipertensão e diabetes e promoção de hábitos saudáveis de vida, que visam, além do diagnóstico precoce dos que tivessem a doença e não soubessem, levar para os jornais, rádios e televisões ( para que todos tivessem acesso às informações, principalmente os mais carentes) uma grande discussão do que é hipertensão e diabetes, a importância do diagnóstico precoce e tratamento adequado, que o tratamento não é apenas tomar medicamentos e também mudar os hábitos de vida e não devendo ser interrompido sem orientação médica, que apesar de serem doenças que inicialmente não dão sintomas podem matar ou deixar seqüelas graves, 3º) confirmação diagnóstica e início do tratamento e 4º) vinculação e cadastramento dos diagnosticados às Unidades Básicas de Saúde (UBS) do SUS (o maior desafio do Plano, pois sabemos que diagnosticar e tratar não é o problema o difícil é manter o paciente, muitas vezes assintomático em tratamento). Em dezembro de 2002, segundo dados da Coordenação Nacional do Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus/ Ministério da Saúde/Secretaria de Políticas a situação era: 1º Etapa: formados 14 mil multiplicadores para atualizarem os profissionais da rede básica em hipertensão, diabetes e demais fatores de risco para doenças cardiovasculares. Muitos Estados e Municípios criaram programas de educação permanente para esses agravos. Encontra-se em andamento o Programa de Educação Permanente em HA e DM para os municípios com população igual ou maior que 100 mil habitantes (227 municípios nesta situação), a cargo das Sociedades Brasileiras de Cardiologia, Hipertensão, Nefrologia e Diabetes, motivo de acordo de cooperação assinado entre o Ministério da Saúde e as Sociedade Científicas. Esse programa foi desencadeado a partir da identificação pela equipe composta de pesquisadores das Universidades Federais do Rio Grande do Sul, da Bahia e do Departamento de Medicina Social da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, que estão avaliando o desempenho do Plano, de que o processo de implantação vai bem nos municípios menores e principalmente nos que contam com o Programa de Saúde da Família, mas mostram grandes dificuldades nos grandes e nas regiões metropolitanas. Em 12/2002 haviam sido capacitados 3900 profissionais de saúde nesta nova fase e a meta era 15.000. 2º Etapa: A Campanha de Detecção de Suspeitos de Diabetes realizou 21 milhões de glicemias capilares, foram identificados 3 milhões de suspeitos de diabetes e aproximadamente 1 milhão eram hipertensos e diabéticos, portanto de um risco muito alto (nunca houve campanha desta magnitude no mundo). A Campanha de Detecção de Suspeitos de Hipertensão Arterial e Promoção de Hábitos Saudáveis de Vida, verificou a pressão arterial de quase 12 milhões de pessoas, identificou 4,2 milhões de suspeitos. 3º Etapa: Para esta etapa foi criado um Programa Nacional de Assistência Farmacêutica em HA e DM, com um investimento de 210 milhões de reais para garantir à todos os hipertensos e diabéticos cadastrados às UBS do SUS, hidroclorotiazida 25 mg, captopril 25 mg e propranolol 40 mg para os hipertensos e glibenclamida 5 mg, metformina 850 mg e insulina para os diabéticos. 4 28/02/03, 18:05 Editorial - Diabetes Clínica 01 (2003) Continuação 5 4º Etapa: Para essa que é a mais difícil e importante do Plano, a vinculação e o cadastramento dos portadores UBS, foi criado um Sistema Nacional de Informação em Hipertensão e Diabetes, o HiperDia. Este sistema deve ser um grande instrumento para os gestores municipais, estaduais e federais para o planejamento de recursos para atender esta população especial e também para os profissionais de saúde avaliarem a qualidade da assistência prestada. O HiperDia, possibilita saber quantos são, estratificá-los de acordo com seu risco individual, como estão sendo tratados e acompanhados, controle de faltosos e de medicamentos dispensados. Resultados do HiperDia: 4. 795 municípios com adesão • Hipertensos estimados: 16.238.510 • Diabéticos estimados: 5.394.571 • Municípios com dados na base nacional: 1.262 • Pacientes cadastrados: 404.531 • HiperDia: 404.531 pacientes cadastrados 99.913 diabéticos • 29.876 masculino e 70.037 feminino • 95% idade maior ou igual a 40 anos • 22% DM tipo 1 e 78% DM tipo 2 • 387.726 hipertensos • 116.959 masculino e 270.767 feminino • 94% idade maior ou igual a 40 anos • 87.918 hipertensos e diabéticos • 25.283 masculinos e 62.635 femininos • 87,4% dos Hipertensos e Diabéticos recebem tratamento medicamentoso • 7,57% dos diabéticos apresentam 01 ou mais complicações: Pé diabético, amputação, doença renal ou fundo de olho alterado • 10,24% dos hipertensos apresentam 01 ou mais complicações: IM, angina ou AVC Resultados HiperDia Medicamentos Comprimidos/Dia Comprimidos/Mês Hidroclorotiazida 25 mg 1.060.921 31.827.630 Captropil 25 mg 1.830.568 54.917.040 Propanolol 40 mg 1.003.310 30.099.300 Glibenclamida 5 mg 599.187 17.975.610 Metformina 850 mg 164.991 4.949.730 TOTAL 4.658.977 139.769.310 O grande diferencial nesse importante Plano são os parceiros envolvidos em sua implementação: Sociedades Científicas (SBC, SBH, SBN e SBD), Federações de Portadores (FENAPHA e FENAD), CONASS, CONASEMS, Secretárias Estaduais e Municipais de Saúde e OPAS. Presidente Luis Inácio Lula da Silva, como o Senhor pode perceber pela importância do acima descrito, esperamos que o Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial e ao Diabetes Mellitus não seja interrompido. editorial.pmd 5 28/02/03, 18:05 6 Diabetes Clínica 01 (2003) Informes do Diabetes no Mundo Glucobay é premiado na Alemanha O produto da Bayer Glucobay (acarbose) recebeu o prêmio Robert Koch da editora Urban & Vogel, de Munique. Este premio foi lançado em 1998 em memório do médico e cientista Robert Koch, que fundou o jornal em idioma alemão Fortschritte der Medizin em 1882 e atualmente publicado pela Urban & Vogel. Como ressaltou o Prof. Thomas Unger (Berlin), os mais recentes estudos indicam que o uso de acarbose por pacientes com os níveis patologicamente elevados de glicemia pós-prandial reduz o risco de complicações cardiovasculares como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral em 50%. No caso do infarto do miocárdio a reduçaõ chega a 91%. Diminui também o risco de desenvolvimento do diabetes em até 36%, segundo os resultados do estudo STOP-NIDDM (Study to Prevent No Insulin Dependent Diabetes Mellitus). “A acarbose marca o início de um novo capítulo na prevenção e tratamento do diabetes e os seus estágios iniciais”, disse Unger. Isso é particularmente significativo porque um em cada dois pacientes com diabetes com início na fase adulta sofre morte cardíaca prematura e 4 em 5 pacientes infartados sofrem de diabetes não diagnosticado anteriormente ou apresnetam níveis elevados de glicose pós-prandial no sangue. Jeffrey A. Johnson et al, Diabetes Care 2002;25:2244-2248. Metformina diminui o risco de mortalidade em estudo de população Em um retrospectivo estudo de coorte com base em população definida, o tratamento com metformina, isolada ou em combinação com sulfoniluréia, foi associado com um decréscimo do risco da mortalidade comparado à monoterapia com sulfoniluréia. Os autores analizaram a mortalidade em 3033 e 1150 “novos usuários” de sulfoniluréia ou metformina, respectivamente, bem como 4683 novos usuários de ambos agentes. Eles definiram novos usuários como os indivíduos com prescrição de sulfoniluréia ou metformina entre 1991 e 1996 e sem uso no ano anterior. Durante um acompanhamento médio de 5,1 anos, as taxas de mortalidade entre indivíduos com pelo menos 1 ano de exposição à droga e sem uso de insulina foram 24,7%, 13,8%, e 13,6% para indivíduos recebendo monoterapia com sulfoniluréia, monoterapia com metformina e uma terapia combinada, respectivamente. Comparado à monoterapia com sulfoniluréia, a equipe reportou que o odds ratio ajustado para todos as causas de mortalidade para monoterapia com metformina foi 0,60. A combinação da terapia de sulfoniluréia mais metformina foi também associada com a redução de todas as causas de mortalidade, com um odds ratio de 0,66. informe.pmd 6 28/02/03, 18:05 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 01 (2003) 7 Continuação A pesquisa sugere uma redução nas taxas de mortalidade relacionada a eventos cardiovasculares nos usuários de metformina comparado com usuários de sulfoniluréia. Os autores sugerem que estudos prévios relacionando o uso de metformina com o aumento do risco de mortalidade não apresentavam número suficiente de indivíduos ou eventos para avaliar adequadamente a mortalidade. Lancet 2003;361:101-106, janeiro de 2003 Suplementos alimentares requerem melhor controle de segurança nos EUA Melhor monitoramento de segurança é necessário nos Estados Unidos para suplementos alimentares, porque alguns deles apresentam potencial para “danos substanciais”. O estudo envolveu 11 centros de controle de envenenamento. Em 1998, os centros receberam mais de 2300 chamadas sobre suplementos alimentares. Em todas, os pesquisadores acreditam que aproximadamente 500 pessoas tinham sintomas causados aparentemente por uso de suplementos, e os eventos adversos variaram de moderado a severo. Os sintomas graves incluíram convulsões, arritimias e disfunção hepática. Quatro óbitos foram possivelmente relacionados com o uso de supplementos. Os achados atentam para o fato de que suplementos, apesar da imagem disseminada como “naturais”, podem carregar efeitos colaterais, enfatizaram os pesquisadores. “A mais importante implicação para o público em geral é que sérios eventos adversos ocorrem com suplementos alimentares over-thecounter (sem prescrição). Alguns desses suplementos “mais parecem ser um problema” incluindo ma huang, guaraná, ginseng e erva de São João, assim como produtos contendo múltiplos ingredientes ativos. Os pesquisadores acreditam que estes achados sugerem que suplementos alimentares requerem maior investigação, “particularmente com notificação obrigatória dos eventos adversos.” Adicionalmente, eles utilizam registro compreensivo dos suplementos alimentares para obter informações dos seus efeitos e efeitos colaterais que está facilmente acessível para os centros de controle de envenenamento e outros. Somente um terço dos suplementos reportados para os centros foram listados no principal banco de dados comercial que os especialistas do controle de envenenamento usam. Os achados também apresentam “um aviso de segurança” sobre a falta de embalagem de segurança para crianças. 48 crianças acidentalmente tomaram um suplemento e relataram sintomas adversos. Christophe E. M. De Block et al., Diabetes Care. 2003;26:82-88, janeiro de 2003 Diabéticos tipo 1 podem ser rastreados para anticorpos de células parietais Diabéticos tipo 1 com anticorpos para células parietais (PCAs) estão sob risco aumentado para o desenvolvimento de gastrite autoimune, deficiência de ferro, anemia perniciosa, e lesões gástricas (pré)malígnas. Os investigadores sugerem uma estratégia que inclui a triagem regular para essas patologias. “Aproximadamente 15-20% dos pacientes diabéticos tipo 1 exibem marcadores de PCAs na H+/K+ATPase gástrica,” escrevem os autores. “Nós examinamos quando a anemia por deficiência de ferro, anemia perniciosa, e gastrite autoimune, que podem predispor a tumores gástricos, foram mais frequentes em pacientes com PCA+ do que com PCA– .” Os investigadores realizaram biópsias gástricas em 88 pacientes recrutados com diabetes tipo 1, consecutivamente, incluindo 51 homens e 37 mulheres, informe.pmd 7 28/02/03, 18:05 8 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 01 (2003) Continuação dos quais 47 eram PCA+ e 41 PCA– . A idade média foi 42 ± 13 anos. A gastrite autoimune estava presente em 57% dos casos de PCA+ e em 10% dos casos de PCA– (odds ratio [OR], 12,5, P < 0,0001). Os fatores de risco preditores de gastrite autoimune foram PCA positivo (beta = 1,44; P = 0,04) e hipergastrinemia (beta = 0,01; P = 0,026), mas não Helicobacter pylori, idade, duração do diabetes, sexo, ou tipo de HLA-DQ. Os indivíduos com gastrite autoimune foram mais propensos a apresentar anemia por deficiência de ferro (OR, 3,9; P = 0,015), anemia perniciosa (OR, 4,6; P = 0,022), e hipocloridria (OR, 20,0; P = 0,0002). A infecção por H. pylori, que estava presente em 47 pacientes, não influenciou a histologia ou a gastrinemia. Entre os indivíduos com PCA+, 26% presentavam lesões (pré)malígnas, incluindo hiperplasia de células enterochromaffin-like em sete pacientes com gastrite autoimune, um tumor carcinóide, e metaplasia intestinal em 11 pacientes com gastrite autoimune, incluindo um com linite plástica. “Para o nosso conhecimento, nós somos os primeiros a estudar a prevalência de gastropatia autoimune relacionada a PCAs, H. pylori, gastrinemia, tipo de HLADQ, idade, sexo e duração do diabetes,” relatam os autores. “PCA+ em pacientes diabéticos tipo 1 deve ser triado para gastrite autoimune, deficiência de ferro, e anemia perniciosa. Particularmente pacientes com PCA+ hipergastrinêmicos com gastrite autoimune estão sob risco aumentado para lesões gástricas (pré)malígnas.” Carmen Castaneda et al., Diabetes Care 2002;25:2335-2341, dezembro de 2002 Exercícios de resistência melhoram o controle glicêmico em pacientes diabéticos idosos Controle glicêmico e anormalidades metabólicas em pacientes idosos com diabetes tipo 2 são melhorados com um programa de treinamento de resistência progressiva de alta-intensidade (PRT). Em estudo randomizado, controlado, realizado durante 16 semanas, os autores selecionaram 62 pacientes (média de idade 66 anos) com diabetes tipo 2 para o PRT supervisionado ou para um grupo controle. A intervensão de exercícios consistiu em três sessões por semana nas quais os indivíduos realizaram três sets de oito repetições em cinco máquinas de treinamento de resistência respiratória. A intensidade aumentou progressivamente durante o programa. Os níveis de hemoglobina glicosilada plasmática caíram de 8,7% para 7,6% nos pacientes randomizados para PRT, e os estoques de glicogênio muscular aumentaram de 60,3 para 79,1 mmol de glicose/kg de músculo. Adicionalmente, 72% dos pacientes neste grupo tiveram uma redução nas doses prescritas de medicação para o diabetes. Não houve mudança na hemoglobina glicosilada entre os pacientes controle, enquanto o glicogênio muscular caiu de 61,4 para 47,2 mmol de glicose/kg. Também, houve um aumento de 42% nas medicações prescritas para o diabetes. Os indivíduos em PRT versus indivíduos controle também aumentaram a massa magra (+1,2 vs. -0,1 kg), reduziram a pressão sanguínea sistólica (-9,7 vs. + 7,7 mm Hg), e diminuíram a massa gorda total (-0,7 vs. +0,8 kg). Apropriadamente prescrito e supervisionado, o treinamento de exercício de resistência de alta intensidade é viável e benéfico para o paciente diabético tipo 2 idoso. JoAnn E. Manson et al., JAMA 2003;289:187-193, janeiro de 2003 Obesidade pode reduzir a expectativa de vida em aproximadamente 20 anos A obesidade pode, em média, reduzir mais de uma década de vida de uma pessoa; para homens negros esta pode encurtar em torno de 20 anos de vida, indicam os resultados de um novo estudo nos EUA. Os achados suportam a idéia que o excesso de peso corporal é um problema de saúde, e pode incitar informe.pmd 8 28/02/03, 18:05 10 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 01 (2003) Continuação médicos e publicações oficiais de saúde a redobrar os esforços para indexar o crescimento epidêmico da obesidade. “O excesso de peso não recebeu a mesma atenção de clínicos e legisladores como receberam outros tratamentos de saúde como o uso de tabaco, a hipertensão, ou o colesterol elevado,” escrevem os autores. “Não é surpresa que as taxas de obesidade continuem a subir.” Os resultados mostram que “a obesidade exerce um efeito profundo na expectativa de vida”. De acordo com o artigo, a obesidade é particularmente perigosa para adultos jovens. Homens brancos com obesidade severa, entre 20 e 30 anos de idade, vivem em torno de 13 anos menos do que outros em geral na população. Mulheres brancas com obesidade severa podem esperar viver 8 anos a menos do que aquelas não obesas. A obesidade também exerce um efeito profundo sobre a expectativa de vida de jovens negros. Homens negros obesos, entre 20 e 30 anos de idade, perdem em torno de 20 anos e mulheres negras obesas perdem em torno de 5 anos de vida, mesmo após ajustes para fumantes. No estudo baseado na pesquisa nacional, adultos brancos com índice de massa corporal (IMC) de 23 a 25 e adultos negros com IMC de 23 a 30 viveram mais. Estes resultados quantificam os riscos de vida associados com obesidade, especialmente para adultos jovens e na meia-idade. Devido ao fato de aproximadamente dois terços da população adulta norte americana ser com sobrepeso ou obeso, as descobertas assustam em relação a estar caminhando para uma crise na saúde, alertam os pesquisadores. Ali H. Mokdad et al., JAMA 2002;289:76-79, janeiro de 2003 Obesidade e taxas de diabetes continuam a crescer nos Estados Unidos A cada ano os americanos estão se tornando mais obesos e desenvolvendo mais condições relacionadas a saúde. De 2000 a 2001, a prevalência da obesidade entre adultos norte americanos aumentou de 19,8% para 20,9%, um aumento relativo de 5,6%. Concomitantemente, a prevalência do diabetes aumentou de 7,3% para 7,9%, um aumento de 8,2%. “Nosso estudo, a maior pesquisa por telefone com adultos já realizada nos Estados Unidos, mostra um crescimento contínuo da obesidade e do diabetes em ambos os sexos, em todas as idades, as raças, e níveis educacionais, e todos os níveis de fumantes,” escrevem os autores. Eles baseam seus resultados em pesquisas conduzidas pelo telefone com 195.005 adultos selecionados aleatoriamente. Os participantes relataram seus peso e altura, e se eles apresentavam problemas de saúde, incluindo diabetes. Os achados indicaram que mais de 21 milhões de homens e 23 milhões de mulheres que moram nos EUA são obesos. A prevalência da obesidade entre norte americanos adultos aumentou em 74% desde 1991, de acordo com o CDC. Entretanto, os autores previnem que as estimativas de obesidade usuais são “sem dúvida substancialmente subestimadas”. Pessoas de baixa renda, condição relacionada à obesidade, podem ter sido subrepresentadas neste estudo. Além disso, pessoas que estão com sobrepeso tendem a subestimar quanto eles atualmente pesam, e superestimam suas alturas. “Devido a uma associação entre sobrepeso e obesidade e fatores de risco severos bem estabelecidos para a morbidade e mortalidade, reverter a epidemia de obesidade se faz prioridade urgente”, adicionam os pesquisadores. informe.pmd 10 28/02/03, 18:05 12 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 01 (2003) European Journal of Clinical Investigation 2002;32:12:924-930 Diabetes a longo prazo triplica o risco de mortalidade Diabéticos portadores da doença têm risco de mortalidade três vezes maior do que pacientes com diabetes detectados em triagem. Em aqueles com diabetes recente (média de 2,4 anos), o risco é de duas vezes. O risco de mortalidade em pacientes com diabetes recente aumenta bastante devido aos fatores cardiovasculares envolvidos. Mas o maior risco de mortalidade naqueles com diabetes a longo prazo (média 11,2 anos) é independente desses fatores. Os investigadores apontaram as diferenças de risco de mortalidade entre pessoas com diabetes detectada através de triagem e aquelas que tinham o conhecimento de ter o diabetes. Eles estudaram a relação de mortalidade com a duração do diabetes e o papel de outros fatores de riscos cardiovasculares em 174 diabéticos tipo 2. Destes, 95 foram diagnosticados pela triagem. Os 79 que já sabiam ser diabéticos foram classificados como tendo diabetes a curto prazo ou a longo prazo. Os investigadores pesquisaram a contribuição de ambos os riscos de fatores cardiovasculares tanto clássicos como os reconhecidos recentemente em relação ao risco de mortalidade durante aproximadamente um acompanhamento de 10 anos. Os fatores de risco cardiovasculares clássicos foram dislipidemia, hipertensão e infarto do miocárdio anterior. Os reconhecidos recentemente foram microalbuminúria, fator de von Willebrand, molécula-1 solúvel de adesão a células vasculares e proteína-C reativa. O risco relativo de mortalidade ajustado a idade e ao sexo nos diabéticos a longo prazo foi três vezes maior que o dos pacientes com diabetes detectados pela triagem. O ajuste para fatores de risco cardiovasculares reduziu o risco relativo de mortalidade para 2,39 naqueles com diabetes a longo prazo e para 1,13 naqueles com diabetes recentemente diagnosticado. Diabetes 2003;52:2:453-462, dezembro de 2002 Resistência à insulina afeta profundamente o tamanho da lipoproteína e as concentrações das suas subclasses Resistência à insulina afeta profundamente o tamanho da lipoproteína e as concentrações das suas subclasses, e essas alterações estão moderadamente exacerbadas no diabetes tipo 2. Os autores relacionaram 56 indivíduos sensíveis à insulina, 46 resistentes à insulina e 46 indivíduos não tratados com diabetes tipo 2. Os pesquisadores utilizaram uma análise convencional de tamanho de lipídio e concentração assim como uma nova técnica que emprega a ressonância magnética nuclear (RMN). No geral, a resistência à insulina mais marcante foi associada com um aumento no tamanho e na concentração da lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL) assim com decrécimo nos tamnhos tanto da lipoproteína de baixa densidade (LDL) e na lipoproteína de alta densidade (HDL). Os subgrupos de indivíduos sensíveis à insulina e resistentes à insulina sem diabetes também demonstratram esta associação. A correlação se manteve após ajuste para idade, índice de massa corporal, sexo e raça. Comparados a pacientes sensíveis à insulina, aqueles com resistência à insulina ou diabetes mostraram um aumento de 2 a 3 vezes nas concentrações de VLDL de grande tamanho. As concentrações de VLDL médio ou pequeno não mudaram. Comparando pacientes sensíveis à insulina aqueles com resistência à insulina ou diabetes nenhuma ou diferença mínima no LDL-colesterol foi demonstrado. Nenhuma diferença significativa foi demonstrada em relação ao HDL-colesterol. Os autores concluíram que a análise de RMN revela marcadores que sugerem um risco aumentado de doenças cardiovasculares que “não era tão aparente” quando se utilizava a verificação convencional de tamanho e informe.pmd 12 28/02/03, 18:05 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 01 (2003) 13 Continuação concentração. Eles atentam para a necessidade de mais estudos investigando se a análise de RMN para as subclasses de lipoproteínas ajuda melhor no manejo dos riscos. Zilkens RR et al., J Cardiovasc Risk 2003;10(1):25-30, fevereiro de 2003 Álcool e diabetes tipo 2 – um outro paradoxo? O paradoxo francês relata a observação de que taxas de mortalidade devido à doença cardíaca coronariana são relativamente baixas na França apesar da dieta rica em gorduras saturadas. Um outro paradoxo ligado à ingestão de álcool é a associação diversa entre o uso agudo e crônico de álcool com respeito à resistência à insulina, incidência do diabetes tipo 2 e incidência de doença cardiovascular no diabetes tipo 2. Artigos sugerem consistentemente que os efeitos agudos do álcool induzem a um estado de resistência à insulina que ocorre tanto quando se recebe glicose oral ou intravenosa. Ao contrário dos estudos de uso agudo de álcool há grandes evidências epidemiológicas de estudos cruzados seccionais que sugerem que a exposição ao álcool à longo prazo está associada a uma melhora na sensibilidade à insulina. Além disso, um número substancial de estudos prospectivos apontam um papel protetor do uso crônico leve a moderado de álcool contra o desenvolvimento do diabetes assim como um efeito protetor contra o desenvolvimento de doença coronariana arterial nos indivíduos diabéticos tipo 2. Chopra M et al., Bull World Health Organ 2002;80(12):952-8, fevereiro de 2003 Responsabilidade global para um problema global? A epidemia da supernutrição É estimado que em 2020 dois terços do surgimento global de doenças será atribuído à doenças crônicas não comunicáveis, a maioria delas fortemente associada à dieta. A nutrição teve sua transição através de alimentos refinados, alimentos de origem animal, e o aumento das gorduras exercem um papel maioral para a epidemia global corrente da obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares, entre outras condições não comunicáveis. O estilo de vida sedentária e o tabaco são fatores de risco significativos. A epidemia não pode ser finalizada simplesmente através do encorajamento das pessoas para reduzir seus fatores de risco e adotar estilo de vida saudável, embora tal encorajamento seja indubitavelmente benéfico se as pessoas puderem responder a ele. Infelizmente, o aumento de ambientes “obesos” e muitas mudanças culturais associadas à globalização, tornam até mesmo a adoção de estilo de vida saudável, especialmente por crianças e adolescentes, mais e mais difícil. O artigo presente examina alguns mecanismos possíveis para, e o papel do WHO, no desenvolvimento de uma estratégia global coordenada na dieta, atividade física e saúde. A situação apresenta vários países com custos não controláveis. Ao mesmo tempo continuam a existir problemas de desnutrição. Uma resolução multisetorial planejada em conjunto, envolvendo o uso da política, educação e mecanismos comerciais, é necessário para resolver estes problemas. Das UN. Eur J Clin Nutr 2003;57(2):218-26, fevereiro de 2003 Pode a suplementação perinatal de ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa prevenir o diabetes mellitus? Está sugerido que a correlação negativa entre a amamentação, e resistência à insulina e diabetes mellitus pode estar relacionado com a presença de quantidades significativas de ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa no leite humano. Baseado nisto, é sugerido que a provisão de quantidades adequadas de ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa durante os períodos informe.pmd 13 28/02/03, 18:05 14 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 01 (2003) Continuação críticos de crescimento e desenvolvimento cerebral podem prevenir ou adiar o desenvolvimento do diabetes mellitus. Halliwell B. Singapore Med J 2002;43(9):479-84, setembro de 2002 Vitamina E e o tratamento e prevenção do diabetes: um caso para um estudo clínico controlado Estratégias para diminuir o estabelecimento e melhorar as seqüela do diabetes tipo 2 são urgentemente necessitadas em Singapura. Diabetes está acompanhado por um estresse oxidativo severo (especialmente peroxidação lipídica) devido a um aumento na produção de radicais livres de oxigênio. O estresse oxidativo em parte resulta da hiperglicemia, mas também pode preceder, e acelerar o desenvolvimento do diabetes tipo 2 total e então das complicações do diabetes. Evidências epidemiológicas indicam o baixo consumo de vitamina E como um fator de risco para o desenvolvimento do diabetes tipo 2, estudos de intervenção humana de pequena escala indicaram o benefício da vitamina E em melhorar a função endotelial, o fluxo sangüíneo retinal e a disfunção renal. Estudos em animais também sustentam sua utilidade. O peso da evidência disponíveis sustenta a sugestão que um maior estudo clínico controlado duplo-cego para antioxidantes na prevenção e no tratamento do diabetes tipo 2 deve ser realizado. Vijay Jayagopal et al., Diabetes Care 2002;25:1709-1714, outubro de 2002 Soja reduz níveis de insulina e colesterol em diabéticos Mulheres mais velhas afetadas pela diabete tipo 2 que consomem suplementos de soja diariamente apresentam melhora nos níveis de colesterol e insulina. As voluntárias utilizaram os suplementos por apenas 12 semanas, mas os resultados sugerem que a soja poderia reduzir o risco de doenças cardiovasculares, como enfarte e derrame, em grupos que já passaram pela menopausa. Não houve efeitos colaterais associados ao consumo dos suplementos. Embora sejam necessários estudos mais aprofundados e prolongados, os resultados oferecem alguma esperança para mulheres afetadas pelo diabetes tipo 2 e que já passaram pela menopausa. Nesse grupo, as chances de morrer em consequência de doenças cardíacas é mais de quatro vezes superior às registradas em mulheres saudáveis. Estudos divulgados recentemente demonstraram que os riscos a longo prazo da terapia de reposição hormonal (TRH) superam os benefícios em mulheres que passaram pela menopausa. Para mulheres diabéticas, os resultados da reposição hormonal foram ainda mais decepcionantes. “O fato de a TRH ter caído em desgraça torna mais importante priorizar alternativas. O uso da soja e derivados exigem avaliação mais urgente”, disse Jayagopal. Entretanto ainda é muito cedo para fazer qualquer tipo de recomendação, já que não ficou clara a quantidade de soja necessária para oferecer proteção cardiovascular e qual seria a forma mais eficaz de consumo. Para avaliar a interferência da proteína da soja e das isoflavonas sobre o nível sanguíneo de glicose, e outros indicadores de risco para doença cardíaca, os pesquisadores dividiram em dois um grupo de 32 mulheres que já havia passado da menopausa e sofria de diabetes tipo 2. Um dos grupos consumiu suplemento de soja e o outro tomou placebo durante 12 semanas. A dose de isoflavonas - antioxidante presente na soja - foi maior que a quantidade consumida em países asiáticos, onde as taxas de doenças cardíacas são menores e a soja é a base da dieta. Após duas semanas em que todas as mulheres se alimentaram normalmente, as voluntárias trocaram de tratamento pelas 12 semanas seguintes. As mulheres usaram um suplemento diário com 30 gramas informe.pmd 14 28/02/03, 18:05 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 01 (2003) de proteína de soja mais 132 miligramas de isoflavonas. O consumo do suplemento de soja foi relacionado a uma redução de 8% no nível de insulina em jejum e uma melhora no controle a longo prazo da glicose sanguínea, provavelmente devido a seus efeitos sobre o colesterol total e sobre LDL-C, concluiu a equipe. O colesterol total caiu cerca de 4% e o LDL-C caiu 7% 12 semanas após o uso diário de suplemento de soja. Níveis elevados crônicos de insulina, hormônio fundamental para a regulação do açúcar sanguíneo, aumentam o risco de doença cardíaca e ampliam o efeito da diabetes. Não houve efeito sobre o peso, pressão sanguínea, HDLC e triglicerídeos. Da mesma forma, o suplemento de soja pareceu não influenciar os níveis de hormônios como estrogênio ou testosterona. “Os resultados do nosso estudo são uma primeira e estimulante fase na tentativa de obter resposta para algumas questões e oferecem esperança para muitas mulheres que passaram pela menopausa, estão sob risco de desenvolver doença cardiovascular e, atualmente, têm poucas opções de tratamento”, disse Jayagopal. Continuação informe.pmd 15 15 28/02/03, 18:05 18 O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 01 (2003) O Diabetes na Imprensa Mais saúde pelo correio 11 de janeiro de 2003 Pelo programa Remédio em Casa, foram feitos no ano passado 26.225 remessas de medicamentos pelos Correios, de graça, para 26.841 pacientes hipertensos e diabéticos do município de Rio de Janeiro. O Remédio em Casa funciona da seguinte forma: o paciente se cadastra no posto de saúde e fica apto a receber seu medicamento em casa, desde que não abandone o tratamento. Se não for às novas consultas, perde o benefício. Segundo o programa, 203.000 pessoas poderiam ser atendidos até o final de 2003. Uma conseqüência direta seria o desafogo das emergências dos grandes hospitais. Segundo o Conselho Regional de Medicina, 70% das pessoas atendidas ali poderiam recorrer aos postos. Boa parte delas são hipertensos enfartados e diabéticos com risco de ter o pé amputado que não se cuidaram ou abandonaram o tratamento. Além disso, o Remédio em Casa reduz o risco de haver desvio de medicamentos. O Estado de São Paulo Transplante de células já é arma contra diabetes 06 de dezembro de 2002 imprensa.pmd Médicos e pesquisadores brasileiros anunciaram no dia 5 de dezembro a realização do primeiro transplante de células do pâncreas no País. O procedimento, apesar de ainda experimental, é encarado como uma hipótese de cura para pacientes diabéticos. O transplante foi realizado na segunda-feira e a paciente já teve alta do hospital, 3 dias depois. O que mais impressiona é a simplicidade do procedimento, que dura cerca de 35 minutos. Com uma injeção, as células são direcionadas para o fígado do paciente. Segundo o coordenador do projeto, o endocrinologista Freddy Goldberg Eliaschewitz, mesmo sendo originárias do pâncreas, as células transplantadas se adaptam ao fígado e passam a produzir insulina. O trabalho maior, no entanto, ocorreu há mais de 5 anos, no laboratório do Instituto de Química da Universidade de São Paulo. É lá que 12 pesquisadores aprimoraram o trabalho de isolamento das ilhotas, provenientes de pâncreas de cadáveres. O transplante foi realizado no Hospital Israelita Albert Einstein, que bancou essa etapa do projeto. Apenas pouco mais de 100 procedimentos semelhantes já foram feitos em todo o mundo. A paciente, Telma Mércia Rosário de Almeida, já reduziu em um terço as injeções diárias de insulina. A administradora de empresa, desde que soube dos experimentos para o transplante de ilhotas, sonhava em ser a primeira paciente. “Minha vida agora é uma alegria. Eu vivia na cama, 18 28/02/03, 18:05 20 O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 01 (2003) não tinha disposição para nada”, conta a baiana de 45 anos, que desde os 19 sofre de diabetes tipo 1. No último ano, ela já não podia mais trabalhar e tinha crises de hipoglicemia súbitas e desapercebidas, que já a levaram ao estado de coma. “Durante a noite, eu acordava de duas em duas horas para medir a taxa de glicose, com medo de ter uma crise enquanto dormia”. É importante salientar que a experiência é indicada apenas para pacientes cujo diabetes é uma ameaça iminente à vida. Isso porque, como em qualquer transplante, é preciso tomar drogas imunossupressoras, que impedem a rejeição das novas estruturas, mas têm sérios efeitos colaterais. Segundo Eliaschewitz, ainda não é possível saber quando a técnica será testada em outro paciente. “É o primeiro passo de uma longa estrada”, dis o coordenador de pesquisa do Einstein, Carlos Alberto Moreira. Além do isolamento, o laboratório na USP pesquisa ainda uma maneira de encapsular as ilhotas para que elas não sofram rejeição quando transplantadas. Sem o risco dos imunossupressores, o procedimento poderia ser feito em um número maior de pacientes diabéticos. Células-tronco enganam pesquisadores 17 de janeiro de 2003 imprensa.pmd O sonho de usar células-tronco de embriões para curar diabetes vai ter de esperar. Um grupo de pesquisadores da Universidade de Harvard descobriu que células que se achava terem sido transformadas para produzir o hormônio que falta em portadores da doença estavam, na verdade, absorvendo-o do ambiente e secretando-o depois. O trque celular foi descoberto pela equipe do médico indiano Jerry Rajagopal. “Foi uma surpresa para nós, pois trata-se de um fenômeno novo”, afirmou. Apesar de não achar que isso seja um golpe mortal nas pesquisas, Rajagopal diz que os estudiosos vão precisar descobrir um novo método para transformar células-tronco em células produtoras desse hormônio, a insulina. Células-tronco embrionárias são uma grande promessa da medicina porque têm a capacidade de se transformar em virtualmente qualquer tipo de tecido no organismo. Em tese, seria possível programá-las para recompor cérebros, corações e fígados, por exemplo. Doenças degenerativas como o mal de Alzheimer, no qual células do cérebro morrem, poderiam ser tratadas com um implantes dessas células multiuso. No caso do diabetes, as células tronco são usadas para produzir as chamadas ilhotas de Langerhans. Para testar o sucesso da transformação, os cientistas misturam-nas a um anticorpo – molecula que reage com a insulina. O que o grupo de Rajagopal descobriu foi que essa reação não garante o pedigree das ilhotas. Como a insulina é usada no laboratório para estimular a diferenciação das células-tronco, elas simplesmente absorvem o hormônio do meio de cultura e secretam-no aos poucos – dando a impressão de que são as suas verdadeiras produtoras. Os médicos de Harvard desmacararam as falsas ilhotas cultivando-as num meio pobra em insulina. “Ninguem esperava que isso pude acontecer. E não sabemos bem como acontece”, contou Rajagopal. “Mas os implantes de ilhotas feitos em camundongos terão de ser revistos”. Não é que a diferenciação não aconteça. “Havia células genuínas, mas em quantidade muito pequena, não o bastante para produzir insulina em quantidade terapêutica”, aformou. Mesmo assim, o pesquisador se disse animado com o potencial das células embrionárias. “As perspectivas são grandes”. 20 28/02/03, 18:05 22 O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 01 (2003) Diabetes o inimigo oculto [...] Uma pessoa sadia possui 1,5 milhão de ilhotas de Langerhans. Quando essa quantidade é reduzida à metade, fica impossível manter uma secreção de insulina suficiente para controlar os níveis de glicose. A descoberta de uma substância que aumentasse o número de células secretoras de insulina representaria a cura do diabetes. Isso ainda está longe de acontecer, mas há uma boa notícia nesse terreno. Coordenada pela bioquímica Mari Sogayar, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, uma equipe de cientistas brasileiros e italianos descobriu que o veneno do escorpião tem o poder de multiplicar as ilhotas de Langerhans. Os estudos começaram há cerca de 5 anos, quando, ao analisar o pâncreas de um homem morto, em Minas Gerais, vítima de picadas de escorpião, os pesquisadores notaram uma proliferação anormal das células produtoras de insulina. Eles resolveram verificar, então, se o veneno contnihna uma substância capaz de estimular a multiplicação das ilhotas. Os estudos concluiram que sim [...]. 29 de janeiro de 2003 imprensa.pmd 22 28/02/03, 18:05 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 01 (2003) 23 Avanços terapêuticos e tecnológicos Mary F. Carroll et al., Diabetes Care 2002;25:2147-2152, dezembro de 2003 Glipizida efetivamente controla a hiperglicemia pósdesjejum Quando administrada no periodo pré-refeição recomendado, glipizida é tão eficaz quanto a nateglinida no controle da hiperglicemia pós-prandial em pacientes com diabetes tipo 2. A nateglinida tem mostrado restaurar o decrécimo na secreção precoce de insulina pós-prandial que leva a hiperglicemia pós-prandial, e estudos prévios sugerem que a glipizida pode normalizar a liberação precoce de insulina e reduzir a hiperglicemia pós-prandial. Entretanto, não há estudos que tenham comparado a ação da administração aguda pré-refeição desses dois agentes no controle da hiperglicemia pós-prandial nos diabéticos tipo 2. Os autores comparam a efetividade da ação da administração aguda da glipizida e da nateglinida pré-refeição (ambos utilizados como recomendado na embalagem) no controle da hiperglicemia após o desjejum em um estudo cruzado de 20 pacientes portadores de diabetes tipo 2. Os autores relataram que as taxas de glicose pós-prandial não apresentaram diferenças significativas após o tratamento com glipizida, nateglinida ou glipizida mais nateglinida. Os níveis de glicose plasmática 4 horas após a alimentação foram significativamente menores depois do tratamento com glipizida ou glipizida+nateglinida do que após tratamento com placebo ou nateglinida, indicaram os resultados, e retornaram aos níveis de jejum. Os níveis do pico de insulina e as excursões dos níveis de insulina foram maiores com glipizida do que com nateglinida ou placebo, mas os níveis de insulina integrada e os níveis de insulina 30 minutos pós-refeição foram similarmente elevados para ambos os hipoglicemiantes orais. O peptídeo-C altera na pós-refeição paralelamente ao que foi visto nos níveis de insulina, refletindo a liberação pancreática de insulina mais do que a alteração do metabolismo. “A glipizida genérica é equivalente à nateglinida no controle hiperglicêmico pós-desjejum. A nateglinida pode ser mais conveniente para os pacientes com hiperglicemia pós-prandial isolada (níveis de glicemia de jejum normais) ou talvez para aqueles com hábitos alimentares muito irregulares”, segundo os pesquisadores. A velocidade de diminuição da glicose em relação às refeições pode ser muito importante na otimização da eficácia de cada agente. Claresa Levetan et al., Diabetes Care 2003;26:1-8, janeiro de 2003 Injeções de pramlintide melhoram o controle glicêmico Pacientes com diabetes mellitus tipo 1 não têm somente uma ausência de insulina mas também uma ausência do hormônio amilina. Injeções com pramlintide, um análogo da amilina, na hora da refeição, reduz os requerimentos de insulina e as flutuações no controle glicêmico. avanços.pmd 23 28/02/03, 18:05 24 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 01 (2003) Continuação “Apesar dos importantes avanços na liberação e na farmacologia da insulina, muitos pacientes portadores de diabetes tipo 1 ainda falham em atingir as metas glicêmicas”, escreveram os autores. “Uma importante dificuldade em conseguir um controle glicêmico eficaz com insulina em tratamento único são... as excessivas flutuações da glicose durante o dia, mais notadamente no período pós-prandial”. Dos 18 pacientes com diabetes tipo 1 neste estudo, 16 puderam ser avaliados. A média de idade foi 44 ± 11 anos, e a média de HbA1c foi 8,2 ± 1,3%. Os indivíduos receberam injeções de 30 µg de pramlintide três vezes ao dia às refeições por quatro semanas adicionalmente ao seu regime de infusão subcutânea contínua preexistente, que incluiu lispro em 16 indivíduos e insulina regular em dois indivíduos. Durante os primeiros três dias, a insulina em bolus durante as refeições foi reduzida para o mínimo de 10%, e eles foram subsequentemente reajustados. No início, os pacientes tiveram excessivas flutuações da glicose nas 24 horas. Somente 28% das medidas do sistema de monitoramento de glicose contínua (CGMS) estavam no alcance euglicêmico (80-140 mg/dl), 59% foram maiores do que 140 mg/dl, e 13% foram menores do que 80 mg/dl. Após quatro semanas de tratamento com pramlintide, 37% das medidas do CGMS estavam dentro do alcance euglicêmico, 48% estavam na faixa hiperglicêmica, e 15% estavam na faixa hipoglicêmica. As excursões de glicose pósprandial, glucagon, e triglicerídeos foram reduzidas por aproximadamente 86%, 87% e 72%, respectivamente (P < 0,05). As dosagens de insulina às refeições foram reduzidas em 17%, e não houve nenhum evento severo de hipoglicemia. Na sexta semana, quando o tratamente tinha sido descontinuado, a glicemia de 24 horas e as excursões de glicose pós-prandial, glucagon, e triglicerídeos retornaram aos valores anteriores ao tratamento. Os autores sugerem que o pramlintide reduz as excursões pós-prandiais de glicose devido a seu efeito dual na secreção pós-prandial de glucagon e no esvaziamento gástrico. Neste estudo, a adição de pramlintide à terapia de insulina reduziu excessivamente as flutuações de glicose em 24 horas bem com as excursões da glicose pós-prandial, glucagon, e triglicerídeos no paciente diabético tipo 1 intensivamente tratado com bombas de insulina. Dado que muitos pacientes com diabetes experimentam hiper e dislipidemia pós-prandial, e que esta anormalidade tem sido implicada como um potencial fator de risco cardiovascular, estudos adicionais são necessários para examinar melhor os efeitos do pranlintide na redução da lipidemia pós-prandial. Alka M. Kanaya et al., Ann Intern Med. 2003;138:1-9, janeiro de 2003 Terapia de reposição hormonal pode reduzir o risco de diabetes A terapia de reposição hormonal (TRH) reduziu o índice de diabetes em 35% em mulheres pós-menopausa com doença cardíaca, de acordo com os resultados deste estudo randomizado, duplo-cego, controlado com placebo. “Nenhum estudo randomizado, controlado havia avaliado os efeitos a longo prazo da terapia hormonal na incidência do diabetes,” escrevem os autores. The Heart and Estrogen/Progestin Replacement Study (HERS) foi financiado pelo centro de pesquisa da Wyeth-Ayerst. Em 20 centros clínicos norte americanos, 2.763 mulheres pós-menopausa com doença coronariana cardíaca foram acompanhadas durante 4,1 anos. Os indivíduos incluíram 734 mulheres diabéticas, 218 com glicemia de jejum descontrolada e 1.811 que estavam normoglicêmicos no início. Durante o acompanhamento, os níveis de glicose em jejum aumentaram significativamente no grupo com placebo mas não no grupo que recebeu 0,625 avanços.pmd 24 28/02/03, 18:05 26 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 01 (2003) Continuação mg de estrogênio conjugado mais 2,5 mg de acetato de medroxprogesterona diariamente. A incidência do diabetes, definida como autonotificação da doença ou de suas complicações, glicose de jejum de pelo menos 126 mg/dl, ou início de uso de agentes de diminuição da glicose, foi 6,2% no grupo com TRH e 9,5% no grupo com placebo (risco relativo, 0,65; intervalo de confiança [IC] 95%, 0,48 – 0,89; P = 0,006). “Essas observações proporcionam importantes percepções em relação aos efeitos metabólicos dos hormônios pós-menopausa mais são insuficientes para recomendar o uso de hormônios para prevenção secundária da doença cardíaca,” escrevem os autores. Estes resultados não são definitivos e requerem corroboração em um estudo clínico com pontos finais de hiperglicemia prédeterminados. “Nós podemos ter achado que a cortina caiu sobre os ensaios clínicos relacionados à TRH, mas somente um novo ensaio de estrogênio irá fornecer dados necessários para determinar adequadamente as vantagens e desvantagens da TRH no controle glicêmico,” escrevem os autores. Wayne Huey-Herng Sheu et al., J Diabetes Complications 2002;16:382385, dezembro de 2002 Simvastatina pode reduzir os níveis de proteína-C reativa em diabéticos tipo 2 Nos pacientes portadores de diabetes tipo 2 e hiperlipidemia, um periodo de 8 semanas com terapia de simvastatina reduz significativamente os níveis de proteína-C reativa de alta sensibilidade (hs-CRP), relataram pesquisadores taiwaneses. Os autores estudaram a capacidade da simvastatina em reduzir os níveis da hs-CRP em 17 pacientes com diabetes tipo 2 e hiperlipidemia. Por 6 semanas, os pacientes seguiram uma dieta com baixo teor de lipídio, a qual foi seguida por 8 semanas com 20 mg de simvastatina por dia, relataram os pesquisadores. A equipe do Dr. Sheu mediu os níveis séricos da hs-CRP antes e depois do tratamento com a simvastatina. Nos 14 pacientes que completaram o estudo, os níveis de hs-CRP estavam reduzidos por uma magnitude de 38,1% depois do tratamento com simvastatina – de 0,312 mg/dl para 0,193 mg/dl (p < 0,001). As reduções na hs-CRP foram vistas nos pacientes com controle glicêmico bom ou inadequado. A média do LDL-Colesterol também foi significativamente reduzida de 130 mg/dl para 74 mg/dl (p = 0,001). “Estes são os primeiros relatos que as concentrações da hs-CRP podem ser reduzidas com 8 semanas de administração de simvastatina no paciente diabético tipo 2 com hiperlipidemia”, escrevem os autores. O grupo do Dr. Sheu acrescentou que “a pesquisa sugere que as concentrações de hs-CRP estão reduzidas em pacientes diabético tipo 2 com ambos controle glicêmico plasmático, bom ou inadequado. Nossos achados fornecem bastantes evidências do efeito benéfico da estatina em indivíduos portadores de diabetes tipo 2”. Ayesh D. Perera et al., Diabetes Care 2002;25:2276-2281, dezembro de 2002 Insulina inalada é eficaz em pacientes portadores de diabetes Comparada à insulina subcutânea, a insulina administrada via uma aerodose de insulina inalada promove uma dose de insulina pré-prandial confiável em pacientes com diabetes tipo 2. Os autores trataram 15 pacientes com diabetes tipo 2 com insulina inalada e compararam os resultados com insulina administrada subcutaneamente. As doses foram dadas em 4 dias separados. A insulina inalada teve 16% da biodisponibilidade e 13% da biopotência da insulina subcutanêa. A variabilidade da administração de insulina entre avanços.pmd 26 28/02/03, 18:05 28 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 01 (2003) Continuação pacientes foi comparável entre os métodos. Comparado com a insulina subcutânea, a insulina inalada teve um menor tempo para o pico de concentração de insulina e um tempo mais curto para o pico do efeito metabólico. Os autores concluíram que “a variância entre pacientes para insulina inalada comparável com a insulina subcutânea, combinado com um menor tempo para o efeito metabólico máximo, sugere que a aerodose de insulina inalada é bem conveniente para a administração da insulina préprandial em pacientes com diabetes tipo 2”. Transplantation 2002;27:1761-6 Transplante das ilhotas pancreáticas produziu independência da insulina no diabético tipo 1 Dados recentes demonstram que o transplante das ilhotas pancreáticas produz independência da insulina em pacientes diabéticos tipo 1. Pesquisadores do Baylor College of Medicine, Houston, Texas, realizaram transplante das ilhotas pancreáticas em três pacientes portadores de diabetes tipo 1. Eles também tinham história de hipoglicemia severa e instabilidade metabólica. O isolamento das ilhotas, de um sítio distante do centro de transplante, iniciou-se com 6,5 horas. Todos os três pacientes atingiram independência de insulina sustentável após o transplante entre 395.567 e 563.206 de equivalentes de ilhotas pancreáticas (IEQ). Dois pacientes foram submetidos a um segundo transplante de ilhotas com 326.720 e 768.132 IEQ para aumentar a reserva funcional de ilhotas pancreáticas. O acompanhamento foi de 0,5 a 4 meses. A média dos valores de hemoglobina glicosilada e a amplitude média das excursões glicêmicas declinou em dois dos três pacientes respectivamente. Os transplantes de ilhotas responderam ao estímulo de glicose in vitro antes e após a marcação do centro de transplantes. Nenhum paciente experimentou episódios de hiperglicemia ou hipoglicemia desde o transplante. Não ocorreram complicações. Os autores chegaram a três conclusões: primeira, as ilhotas pancreáticas se mantiveram viáveis após a marcação de sítios remotos para transplantes; segunda, um pequeno número de unidades regionais pode suprir as ilhotas pancreáticas isoladas para os centros de transplantes remotos e terceiro, que o transplante de ilhotas pancreáticas realizado através do centro remoto pode produzir independência de insulina. Bakris G et al., J Hum Hypertens 2003;17(1):7-12, janeiro de 2003 Rosiglitazona reduz a excreção urinária de albumina no diabetes tipo 2 Este estudo examina o efeito da rosiglitazona na excreção urinária de albumina (EUA) em pacientes com diabetes tipo 2. Albumina urinária: taxa de creatinina (ACR) foi medida em um estudo de segurança cardíaca, aberto, com 52 semanas de duração, comparando rosiglitazona e gliburida. Os pacientes foram randomizados para o tratamento com rosiglitazona 4 mg/dia ou gliburida. ACR foi medida na linha de base e após 28 e 52 semanas de tratamento. Reduções estatisticamente significativas da linha de base no ACR foram observadas em ambos grupos de tratamento na semana 28. Na semana 52, somente o grupo da rosiglitazona mostrou uma redução significativa da linha de base. Resultados similares foram observados para a população de estudo em geral e para o subgrupo de pacientes com microalbuminúria na linha de base. Para pacientes com microalbuminúria na linha de base, as avanços.pmd 28 28/02/03, 18:05 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 01 (2003) Continuação avanços.pmd 29 reduções no ACR não foram fortemente correlacionadas com as reduções na hemoglobina glicosilada, ou glicose plasmática de jejum, mas mostrou uma forte correlação com as alterações na média da pressão sangüínea sistólica e diastólica nas 24-h para pacientes tratados com rosiglitazona (DeltaACR vs. Deltamédio de 24-h pressão arterial sistólica, r = 0,875; DeltaACR vs. Deltamédio de 24h pressão arterial diastólica, r = 0,755; P < 0,05 para ambos). Nenhuma correlação como esta foi observada para os pacientes tratados com gliburida. Em conclusão, o tratamento com rosiglitazona foi associado com um decréscimo na excreção urinária da albumina. Estes achados sugerem um efeito benéfico potencial da rosiglitazona no tratamento e na prevenção das complicações renais e vasculares do diabetes tipo 2. 3,5 anos de terapia com insulina glargina administrada ao deitar melhora significativamente a função endotelial no diabetes tipo 2 in vivo Satu Vehkavaara et al, 62nd Scientific Sessions of American Diabetes Association, San Francisco, California, 14-18 de junho de 2002 Nós havíamos mostrado anteriormente que 6 meses da terapia de insulina melhora a função endotelial no diabetes tipo 2 (Arterioscler Thromb Vasc Biol 20:545-50, 2000). Os efeitos na função endotelial seguindo terapia de insulina de longo prazo usando um análogo de insulina de ação prolongada, insulina glargina, foram determinados em estudo com 11 pacientes com diabetes tipo 2 (DM) nos anos 0, 0,5, e 3,5 (idade 59 ± 2 anos, IMC 30 ± 1 kg/m2). Todos os pacientes faziam uso de insulina em tratamento único e recebiam uma única injeção de insulina glargina ao deitar. A função endotelial foi medida através das respostas de fluxo sangüíneo à infusões intra-arteriais de um vasodilatador endotélio dependente (acetilcolina [ACh]) e um endotélio independente (nitroprussiato de sódio [SNP]). Vinte e dois voluntários saudáveis selecionados foram estudados como controles (CONT). Durante a terapia de insulina, HbA1C decresceu de 9,1 ± 0,4 para 7,5 ± 0,2 % em 6 meses e se manteve neste nível (7,5 ± 0,2 %) por 3,5 anos (p < 0,001). A média da dose de insulina glargina ao deitar foi de 40 ± 5 UI (0,43 UI/kg) em 6 meses e aumentou para 60 ± 10 UI (0,63 UI/kg) em 3,5 anos. A média de peso corporal ficou entre 87,5 ± 3,4, 88,7 ± 3,8, e 89,9 ± 3,9 kg nos anos 0, 0,5 e 3,5 (NS). O fluxo sangüíneo durante a infusão de ACh aumentou de 8,8 ± 0,9 ml/dl.min no ano 0 para 13,1 ± 1,9 ml/dl.min em 0,5 ano (p < 0,05) e em torno de 86 ± 25% a 14,7 ± 1,6 ml/dl.min no ano 3,5 (p < 0,01 vs. 0 ano). Antes do tratamento, as respostas para ACh foram significativamente menores em DM do que em controles (p < 0,05). O fluxo sanguíneo durante a infusão de SNP aumentou de 10,7 ± 0,9 ml/dl.min no ano 0 para 13,4 ± 1,0 ml/dl.min no ano 0,5 (p < 0,01) e de 72 ± 24% para 16,6 ± 1,5 ml/dl.min no ano 3,5 (p < 0,01 vs. ano 0). No ano 3,5, o fluxo sanguíneo durante a infusão tanto de ACh como de SNP foi significativamente maior em DM do que em controles (p < 0,01). Nós concluímos que a terapia com a insulina glargina induz uma melhora sustentável no controle glicêmico e melhora significativamente a vasodilatação endotélio-dependente assim como a endotélio-independente. Esta pesquisa sustenta a visão de que a terapia de insulina possui mais efeitos benéficos do que danosos na função vascular. 29 28/02/03, 18:05 30 Diabetes Clínica 01 (2003) Produtosenovidades Lowçucar: Pó para preparo de bolo de baunilha light A Lowçucar lançou o pó para preparo de bolo de baunilha light. Com 38% menos calorias, o bolo pode ser consumido tanto por pessoas que querem perder – ou manter – peso, quanto por diabéticos, já que o produto não contém açúcar. NovoPen 3 Demi da Novo Nordisk: caneta com ajuste de meia unidade de insulina Após Innovo e NovoPen 3, a Novo Nordisk acabou de lançar no Brasil a NovoPen 3 Demi, nova caneta de aplicação de insulina que permite ajustes de meia unidade, o que é indicado para pessoas que precisam de controle refinado, especialmente crianças de usuários de insulina aspart. Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 01 (2003) 31 Roche lança o monitor Accu-Chek Active para uso em seis locais alternativos Produzido e comercializado pela Roche Diagnostics e agora disponível no Brasil, o monitor Accu-Chek Active é o primeiro monitor aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration) que realiza testes em seis locais diferentes (LAT), além da ponta dos dedos. Isto representa mais uma opção para os portadores de diabetes e monitoriza a glicemia diariamente. Os locais alternativos para testes são: palma da mão (próximo ao polegar e próximo ao dedo mínimo), antebraço, braço, coxa e panturrilha. Por menos que seja dolorosa a picada na ponta dos dedos, o indivíduo que precisa fazer a monitorização várias vezes ao dia acaba deixando sensível o local da picada. O monitor vai dar mais conforto ao paciente que ganha mais opções para a realização do teste. Porém, o uso dos Locais Alternativos para Testes não é recomendável em algumas situações. “Não é aconselhável que pessoas com histórico de hipoglicemia, com quedas e elevações rápidas de glicose, recém-diagnosticados ou que tenham que dosar glicose pósprandial façam uso do LAT, pois os resultados podem não ser reais, sendo as glicemias pré-prandiais e as realizadas à noite, próximo à hora de dormir, os melhores horários”, avisa o Dr. Saulo Cavalcanti, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes. O paciente nunca deve ignorar sintomas que possam ser atribuídos a um nível alto ou baixo de glicemia. Caso a leitura do LAT não combine com o que o paciente está sentindo, deve ser sempre realizado um teste com sangue coletado na ponta do dedo, para confirmar o resultado do LAT. De acordo com o dr. Sérgio Vencio, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia regional de Goiás, “a utilização do LAT para dosar a glicose é mais indicada antes das refeições ou antes de deitar, pois nesses períodos os resultados das leituras do LAT são mais aproximados dos resultados obtidos nas pontas dos dedos”. Para o uso do LAT, o lancetador requer uma ponteira transparente específica para a coleta das amostras de sangue. A ponteira deverá chegar ao Brasil ainda no primeiro trimestre de 2003 e será fornecida gratuitamente pela Roche Diagnostics aos pacientes usuários do AccuChek Active que já adquiriram ou que irão adquirir o monitor e tenham indicação médica para o uso do LAT. 32 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 01 (2003) International Diabetes Federation: Diabetes sem fronteiras Para o Congresso de Federação Internacional de Diabetes, previsto para agosto de 2003, a Associação francesa de diabetes lançou o livro “Voyages: le diabète sans frontières” (Viagens: o diabetes sem fronteiras), que apresenta dados sobre cada país afiliada à Federação internacional, com receitas típícas (e dietéticas) preparadas por cada associação. Sapatos masculinos e femininos Diabetic´s Line de Opananken As características desta nova linha de sapatos para portadores de diabetes são as seguintes: Para o cabedal (parte superior do sapato) é utilizado couro de ovelha, que recebe curtimento especial, para torná-lo mais macio, isto somado às suas características próprias, que é um couro macio por natureza. Esse couro tem espessura determinada que é de 0,8 a 1,0 mm. Trata-se de um couro tão macio que é recomendado para confecções do vestuário. O forro é de couro, com curtimento natural para torná-lo macio. Sua espessura é no máximo de 0,7 a 0,9 mm. Além disto, foi evitado o uso de produtos químicos, na flor do couro, para melhor absorção do suor. A forração interna não tem emendas, justamente para não criar pontos de atrito com os pés, prevenindo ferimentos, especialmente em pessoas diabéticas. As palmilhas são de poliuretano, com densidade apropriada ao máximo de conforto. São anatômicas, com o formato da planta dos pés, que auxiliam no amortecimento do impacto no solo ao caminhar. Essas palmilhas têm memória permanente, pois nunca se deformam. São fixas, sendo que este sistema foi criado em 1997 pela Opananken Antistress Calçados Ltda, pois os calçados com esse sistema de fabricação em todo o mundo, usam palmilhas removíveis. A sola é também de poliuretano, pois é o melhor produto que existe no segmento de borracha. Este solado é flexível, antiderrapante e muito leve. A montagem do sapato, todo costurado manualmente, não precisa de prego eNão usamos palmilha de montagem, por isso não utilizamos prego. 34 Diabetes Clínica 01 (2003) Resumos de trabalhos e congressos Diabetes 2003; 52(2):283-290 Rosiglitazona e metformina têm efeitos diferentes nos diabéticos A monoterapia com rosiglitazona e metformina têm efeitos diferentes na distribuição do tecido adiposo e na captação de glicose em diabéticos tipo 2. Metformina melhora o controle glicêmico sem aumentar a sensibilidade periférica à insulina. A melhora da sensibilidade à insulina no tecido adiposo subcutâneo não abdominal com rosiglitazona explica em parte o aumento da sensibilidade à insulina em todo corpo. Esta melhora na sensibilidade à insulina ressalta o papel central do tecido adiposo para a ação do agonista de receptor gama que ativa a proliferação dos peroxissomas. Os pesquizadores avaliaram o efeito da monoterapia com duas doses diárias de rosiglitazona 4,0 mg e metformina 1,0 g por 26 semanas no tecido adiposo estimulado com a ingestão de glicose em 41 diabéticos tipo 2. A captação de glicose foi medida e a massa de tecido adiposo quantificada antes e depois do tratamento. A rosiglitazona melhorou em 44% a captação de glicose estimulada por insulina em todo corpo, resultado estatísticamente significativo comparado com placebo. A média de peso corporal esteve inalterada no grupo com rosiglitazona, mas caiu 2,0 kg nos pacientes com metformina. No tecido adiposo visceral, a captação de glicose aumentou 29% com rosiglitazona e 17% no grupo com metformina. A massa de tecido adiposo visceral caiu simultaneamente com ambos os tratamentos, então não houve mudança na captação total de glicose visceral por depósito. A roziglitazona aumentou significativamente a captação de glicose na área subcutânea femoral tanto quando expressada por massa tecidual ou por depósito de gordura total. G. Fulcher et al., 38th European Association for the study of Diabetes (EASD) Annual Meeting, Budapest, Hungria, 1 a 5 de setembro de 2002 Insulina glargina vs. insulina NPH em pacientes portadores de diabetes tipo 1: efeitos da terapia intensiva de insulina no controle glicêmico, hipoglicemia e qualidade de vida Introdução e objetivos: A insulina glargina (Lantus) é um novo análogo de insulina de longa ação com uma taxa de absorção prolongada que não apresenta nenhum pico pronunciado. O objetivo deste estudo foi determinar se durante a terapia intensiva de insulina (IIT), melhoras no controle glicêmico e na satisfação dos pacientes puderam ser atingidas com insulina glargina comparada à insulina NPH, e se uma menor taxa de hipoglicemia pode ser observada com a insulina glargina. Materiais e métodos: Cento e vinte e cinco pacientes (49 homens, 76 mulheres) portadores de diabetes tipo 1 inadequadamente controlado (HbA1c ³ 8,0%) foram randomizados para receber tanto insulina glargine (n = 62) ou resumos.pmd 34 28/02/03, 18:05 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 01 (2003) insulina NPH (n = 63) ao deitar durante 30 semanas em estudo multicêntrico, randomizado, simples cego. A insulina lispro foi administrada em bolos antes das refeições em cada braço de tratamento. A dose basal de insulina foi titulada de acordo com o algorítimo baseado em marcadores idênticos de glicemia de jejum (FBG) (<5,5 mM [<99 mg/dl]) nos dois braços de tratamento. Idade média ± DP foi 40,4 ± 13,4 anos e a duração do diabetes foi 17,5 ± 10,1 anos. Os pacientes estavam sensivelmente com sobrepeso (índice de massa corporal [IMC] 26,6 ± 3,8 kg/m2). As características na linha de base foram similares para os dois grupos com exceção dos níveis de HbA1c, que foram menores nos pacientes randomizados para receberem insulina glargina versus insulina NPH (9,18 ± 1,06 vs. 9,72 ± 1,3%; p < 0,02). Os eventos hipoglicêmicos foram anotados e classificados como leve, moderado ou severo de acordo com critério predeterminado. A satisfação dos pacientes foi mensurada usando um questionário de satisfação do tratamento para o diabetes(DTSQ). Resultados: No ponto final do estudo, o menor média quadrada de HbA1c (resultante da análise da covariância com HbA1c na linha de base como covariante) foram 8,43% ± 0,14% e 8,96% ± 0,14% para insulina glargina e insulina NPH, respectivamente, equacionando para um tratamento significativamente benéfico de 0,53% para HbA1c a favor da insulina glargina (p = 0,01). Os níveis médios de FBG na linha de base foram comparáveis para os grupos de insulina glargina e insulina NPH (11,4 mmol [205 mg/dl] vs. 11,0 mmol [198 mg/dl], respectivamente. As menores médias quadradas ± SE ajustadas para o ponto final FBG foram 7,84 ± 0,37 mmol (141,12 ± 6,66 mg/dl) para insulina glargina e 9,03 ± 0,36 mmol (162,4 ± 6,48 mg/dl) para insulina NPH, com diferença significativa de 1,19 mmol (21,42 mg/dl) a Continuação resumos.pmd 35 35 28/02/03, 18:05 36 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 01 (2003) favor da insulina glargina (p < 0,05). No geral, os pacientes usando insulina glargina experimentaram números totais similares de episódios de hipoglicemia leve, moderada ou severa, aos pacientes usando insulina NPH; entretanto, episódios de hipoglicemia noturna significativamente menos moderados ou severos foram observados no grupo com insulina glargina. A satisfação do tratamento melhorou significativamente nos pacientes usando insulina glargina quando comparada à NPH (p = 0,001) enquanto as taxas de evntos adversos foram similares em ambos os braços de tratamento. Continuação Conclusões: A insulina glargina é superior a insulina NPH em relação a melhora dos níveis de HbA1c e FBG durante IIT em pacientes portadores de diabetes tipo 1. Apesar de haver níveis sangüíneos glicêmicos prevalentemente menores, o tratamento com insulina glargina é associado com hipoglicemia noturna clinicamente menos relevante. Esses fatores coletivamente contribuem para melhorar a satisfação do paciente com insulina glargina versus insulina NPH em regimes IIT para pacientes portadores de diabetes tipo 1. Freed MI et al., Rosiglitazone Study 108 investigators. Am J Cardiol 2002;90(9):947-52, novembro de 2002 Efeitos da rosiglitazona em tratamento único e em combinação com atorvastatina nas anormalidades metabólicas no diabetes mellitus tipo 2 Este estudo avaliou os efeitos da terapia com rosiglitazona nos lipídios e a eficácia e segurança da rosiglitazona em combinação com a atorvastatina em pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2. Trezentos e trinta e dois pacientes iniciaram um tratamento de fase rápida de 8 semanas, em estudo aberto, com 8 mg/dia rosiglitazona, e 243 foram randomizados para um estudo duplo-cego de 16 semanas, período que continuou com rosiglitazona mais placebo, atorvastatina 10 mg/dia, ou atorvastatina 20 mg/dia. Com a rosiglitazona em tratamento único, um leve aumento no lipoproteína de baixa densidade-colesterol (LDL) (9%), uma modificação no fenótipo para LDL de denso para subfração flutuante (52% dos pacientes), e um aumento no total do nível de lipopropteína de alta densidade-colesterol (HDL) (6%), predominantemente nos níveis de HDL(2) (13%), ocorreu da semana 0 para semana 8. Quando a atorvastatina foi adicionada, houve um maior aumento na HDL(3) (5%) e uma redução significativa esperada (p < 0,0001) no LDLcolesterol (-39%), apoliproteína B (-35%), e níveis de triglicerídeos (-27%). O controle glicêmico com a rosiglitazona em tratamento único não foi afetado adversamente pela adição da atorvastatina. A combinação foi bem tolerada quando comparada com placebo. Para concluír, em adição aos efeitos benéficos da rosiglitazona no controle glicêmico, a combinação da rosiglitazona com a atorvastatina conseguiu atingir 2 metas: a redução do LDL-colesterol para < 100mg/dl e a remoção do LDL de pequena densidade em pacientes com diabetes mellitus tipo 2. N. Murphy et al., 38th European Association for the study of Diabetes (EASD) Annual Meeting, Budapest, Hungria, 1 a 5 de setembro de 2002 Estudo randomizado comparando a insulina glargina mais insulina lispro com insulina NPH mais insulina solúvel em adolescentes portadores de diabetes tipo 1 Introdução e objetivos: A insulina glargina é um novo análogo de insulina basal com perfil de ação plano e prolongado. A insulina glargina tem sido mostrada para promover cobertura total de 24 horas da insulina basal em dose única diária. O objetivo deste estudo foi comparar a eficácia e a segurança da insulina glargina e insulina NPH em adolescentes portadores de diabetes tipo 1. Materiais e métodos: Neste estudo aberto, randomizado, com controle ativo, resumos.pmd 36 28/02/03, 18:05 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 01 (2003) 37 cruzado de duas formas, 26 adolescentes (média de idade 14,8 ± 1,7 anos) portadores de diabetes tipo 1, que estavam recebendo quatro injeções de insulina por dia (duração média 7,0 ± 3,5 anos), foram randomizados para tratamento de 16 semanas nos dois braços tanto de insulina glargina uma vez ao dia na hora de dormir em combinação com insulina lispro pré-prandial; ou insulina NPH uma vez ao dia na hora de dormir em combinação com insulina regular pré-prandial. Um paciente foi retirado do pesquisa durante o período de tratamento enquanto com insulina glargina e lispro; 25 pacientes completaram a fase de tratamento. Os pacientes realizaram semanalmente oito medições pontuais de glicemia capilar durante o dia, e foram submetidos a amostragem venosa de taxa metabólica durante a noite no final do tratamento em cada braço. Resultados: O desenho do estudo cruzado mostrou um efeito seqüencial significativo. Durante o tratamento com insulina glargina, os pacientes tiveram menores níveis de glicose sangüínea capilar do que durante o tratamento com insulina NPH (8,0 vs. 9,2 mmol/l, p < 0,0001), e também menores níveis de glicose duas horas após o desjejum (8,1 vs. 10,7 mmol/l, p < 0,0005), préalmoço (8,9 vs. 10,1 mmol/l, p < 0,01), e 2 horas após-almoço (8,0 vs. 9,5 mmol/l, p < 0,002, pelo teste t). A incidência de hipoglicemia noturna assintomática foi 43% menor no grupo com insulina glargina do que no grupo com insulina NPH (p < 0,05, pelo teste Qui-quadrado). Os níveis de HbA1c foram menores no grupo com insulina glargina do que no grupo com insulina NPH (8,7% vs. 9,1%), mas não atingiram significância estatística. As doses totais de insulina foram menores no grupo com insulina glargina comparado ao grupo com insulina NPH (1,16 vs. 1,26 U/kg; p < 0,005). Continuação Conclusões: A combinação da insulina glargina com a insulina lispro reduz a incidência da hipoglicemia noturna, comparado com a terapia de combinação da insulina NPH/insulina regular, e está associada a menores níveis de glicose antes do desjejum até 2 horas após o almoço. A. Vinik et al., 38th European Association for the study of Diabetes (EASD) Annual Meeting, Budapest, Hungria, 1 a 5 de setembro de 2002 resumos.pmd 37 Tratatamento com rosiglitazona melhora a produção de óxido nítrico na periferia da pele humana Introdução e objetivos: Os efeitos das tiazolidinedionas sobre glicemia nas são bem estabelecidos. Estudos em animal e celular têm sugerido os efeitos benéficos desta classe de compostos na função vascular, porém vários estudos têm demonstrado este direcionamento em humanos. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da rosiglitazona (RSG) na perfusão periférica e na produção de óxido nítrico (NO) in vivo. Materiais e métodos: Doze pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2 participaram de um estudo clínico controlado por placebo, duplo-cego, durante 8 semanas, com RSG 8 mg/dia, seguido pelo cruzamento parcial para o tratamento ativo. Todos os 12 pacientes completaram a fase de duplo-cego, controlado por placebo e 10 completaram o adicional de 8 semanas do estudo aberto RSG. Foi avaliada a perfusão usando técnicas de Laser Doppler após aquecimento da pele, e a produção de NO foi detectada subcutaneamente in vivo usando um amperímetro de medição de NO inserido diretamente na pele. Essas mensurações eficazes foram realizadas anteriormente ao tratamento e em intervalos de 4 semanas durante ambas as fases de tratamento. Resultados: Seis homens e seis mulheres (idade média 57 ± 2 anos; HbA1c 8,3 ± 0,5%; índice de massa corporal 30,5 ± 1,5 kg/m2) completaram o estudo. A resposta da perfusão cutânea ao aquecimento não foi significativamente afetada pelo tratamento com RSG e nem pelo tratamento com placebo. Entretanto a produção de NO foi significativamente aumentada (p < 0,05, análise de variância [ANOVA]) 28/02/03, 18:05 38 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 01 (2003) pelo RSG (81,6 ± 4,4 nM) comparado com o placebo (65,7 ± 8,8 nM) após 8-12 semanas de tratamento. Os níveis séricos de jejum do peptídeo-C melhoraram significativamente (p < 0,05, ANOVA) no tratamento com RSG (2,99 ± 0,35 ng/ ml) comparado com placebo (3,63 ± 0,35 ng/ml), correlacionando inversamente com o aumento no NO (r = -0,65; p = 0,08). Glicemia de jejum e os níveis de HbA1c melhoraram sensivelmente, mas não significativamente, com o tratamento. Continuação Conclusões: Concluímos que o tratamento de curto prazo com RSG aumenta a produção de NO na pele humana. Se este é um efeito direto de ativação do receptor ativado de proliferação de peroxissomas ou secundário à sensibilização da resposta à insulina causada por esta classe de compostos ainda não está claro, mas essas descobertas fornecem evidências diretas de que a RSG tem um efeito profundo no metabolismo vascular da pele humana in vivo. Baldi JC et al., J Appl Physiol 2003;94(3):1033-8, março de 2003 Diferença no O2 arteriovenoso durante exercício reduzido no diabetes tipo 2 Consumo máximo O2 (VO2max) é mais baixo em indivíduos com diabetes tipo 2 do que em indivíduos sedentários não diabéticos. Este estudo objetiva determinar se um menor VO2max em pacientes diabéticos foi devido a uma redução no débito cardíaco máximo (Qmax) e/ou na extração periférica de O2. Após terem sido selecionados 11 pacientes diabéticos tipo 2 e 12 indivíduos não diabéticos, com idade e composição corporal determinados, que não faziam exercícios há 2 anos, realizaram um teste de exercício em bicicleta ergométrica para determinar o VO2max, débito cardíaco submáximo, Qmax, e diferença entre O2 arterial e venoso resumos.pmd 38 28/02/03, 18:05 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 01 (2003) 39 Continuação (A-V O2). A taxa de trabalho máximo VO2max, e a diferença máxima A-V O2 foram menores nos pacientes diabéticos (P < 0,05). O Qmax foi baixo em ambos os grupos mas não diferente significativamente: 11,2 e 10,0 l/min para controles e pacientes diabéticos, respectivamente (P > 0,05). A captação submáxima de O2 e a taxa cardíaca foram menores em muitos testes de carga em pacientes diabéticos; a taxa de troca respiratória foi similar entre os grupos em todos os testes. O VO2max foi linearmente correlacionado com a diferença A-V O2, mas não com o Qmax em pacientes diabéticos. Estes dados sugerem que uma redução na diferença de A-V O2 contribui para um decréscimo no VO2max em pacientes diabéticos tipo 2. Allen B. King, 38th European Association for the study of Diabetes (EASD) Annual Meeting, Budapest, Hungria, 1 a 5 de setembro de 2002 Os efeitos do tratamento com pioglitazona Objetivos: Determinar se a terapia com pioglitazona (PIO) para diabetes mellitus tipo 2 (T2DM) também melhora a lipoproteína de alta densidade colesterol (HDLC) e as taxas de triglicerídeos (TG) particularmente em um sub tipo de pacientes apresentando os menores níveis de HDL-C na linha de base. Métodos: Uma revisão retrospectiva foi efetuada em 100 pacientes tratados com PIO (45 mg/dia) durante 2 a 4 meses. Os pacientes foram excluídos da análise se as dosagens de medicamentos que poderiam afetar o perfil lipídico tivessem sido alteradas dentro das 6 semanas anteriores à terapia com PIO ou em algum momento durante a terapia com PIO. Resultados: Os pacientes apresentaram uma média de aumento individual nos níveis de HDL-C de 15,6% e um decréscimo nos níveis de TG 9,9%. Os pacientes com os menores níveis de HDL-C na linha de base (< 35mg/dl) experimentaram um maior benefício da terapia, com este subgrupo experimentando um aumento no HDL-C de mais de 30% e um decréscimo no TG de mais de 20% durante os 2-4 meses da terapia com PIO. O controle glicêmico foi significativamente melhorado, com um decréscimo nos níveis de HbA1C de 8,22% para 7,13%. O tratamento com PIO foi bem tolerado e associado a uma média de aumento de peso de 1,76 kg. Conclusões: O tratamento com PIO melhorou o controle glicêmico e o perfil lipídico em pacientes T2DM tratados por 2 a 4 meses. O aumento no HDL-C observado foi inversamente proporcional ao nível de HDL-C no ponto de base; além disso, a magnitude deste aumento pode exceder a ocasionada por outras medicações que alteram o perfil lipídico, reportaram outros pesquisadores. A melhora no perfil lipídico observada em pacientes recebendo PIO pode em última análise beneficiar essa população de pacientes que estão sob risco de doença arterial coronariana. S.R. Kashyap et al., 38th European Association for the study of Diabetes (EASD) Annual Meeting, Budapest, Hungria, 1 a 5 de setembro de 2002 resumos.pmd 39 O papel do óxido nítrico na disfunção endotelial e na resistência à insulina em indivíduos saudáveis e em pacientes diabéticos tipo 2 Introdução e objetivos: O T2DM é associado com uma alta incidência de doença cardiovascular aterosclerótica. Vários estudos têm documentado as propriedades cardioprotetoras, antitrombóticas e antiateroscleróticas do óxido nítrico (NO). Uma disfunção na geração do NO pode representar a primeira etapa do desenvolvimento da arteriosclerose. Entretanto, a relação entre os níveis de NO, resistência à insulina e disfunção endotelial em humanos não é clara. O objetivo deste estudo foi medir a atividade da óxido nítrico sintase muscular (NOS), marcadores biológicos clássicos para doenças cardiovasculares, e disponibilidade da glicose sob condições basais e sob estímulo de insulina em indivíduos não diabéticos saudáveis (CON) e em pacientes diabéticos tipo 2 bem controlados (D). 28/02/03, 18:05 40 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 01 (2003) Materiais e métodos: Cinco indivíduos CON, (idade média 36 ± 5 e, IMC 28 ± 2 kg/m2, FPG 89 ± 4 mg/dl, FPI 7 ± 1 µU/ml) e cinco indivíduos D, (idade média 52 ± 4 e, IMC 31 ± 1 kg/m2, FPG 133 ± 15 mg/dl, FPI 16 ± 3 µU/ml, HbA1C 6,4 ± 0,3%) com menos de 2 anos de duração da doença foram estudados. Os indivíduos receberam um clamp de insulina euglicêmico de 80 mU/m2/min para medir a disponibilidade de glicose mediada por insulina (Rd) através de biópsia de músculo vasto lateral e medição dos fatores de risco de circulação cardiovascular (VCAM, ICAM, selectina-P) antes e após 4 horas de insulina. A atividade da NOS foi medida nas amostras de músculo com um kit de ensaio padrão que quantifica a conversão de L-arginina marcada em citrulina. Resultados: A atividade da NOS basal foi maior em CON do que em D (24 ± 9 vs. 6 ± 3 nM/min, p < 0,05). A atividade da NOS no músculo estimulada por insulina foi significativamente desrregulada em D (6 ± 3 a 9 ± 5 nM/ min; Ä = 3 ± 5) vs. CON (24 ± 9 a 64 ± 16 nM/ min; Ä = 40 ± 12), (p < 0,05). Uma correlação positiva entre Rd estimulada por insulina e atividade da NOS foi observada em indivíduos D e CON (r = 0,586, P < 0,05). A concentração de VCAN plasmática antes da insulina foi maior em D vs. CON (894 ± 60 vs. 702 ± 24 ng/ml, p < 0,05); os níveis de VCAM não modificaram durante a infusão de insulina tanto em CON como em D. A Rd em CON foi aproximadamente duas vezes a encontrada nos indivíduos D ( 9,2 ± 1 vs. 5,1 ± 0,3 mg/ (kg . min), p < 0,05). Continuação Conclusão: Em resumo, existe um defeito claro na atividade da NOS muscular estimulada por insulina em indivíduos diabéticos tipo 2 bem controlados. Essa disfunção da atividade da NOS pode contribuir para a taxa de aterosclerose acelerada e para a redução bem documentada do fluxo sanguíneo muscular estimulado por insulina em pacientes diabéticos tipo 2. resumos.pmd 40 28/02/03, 18:05 41 J. Rosenstock et al., Int J Clin Pratc 2002; 56(4): 251-257, dezembro de 2002 Eficácia e segurança da pioglitazona no diabetes tipo 2: Estudo randomizado, controlado por placebo em pacientes recebendo terapia de insulina Os efeitos glicêmicos e lipídicos do tratamento com pioglitazona em combinação com um regime estável de insulina foram avaliados em pacientes portadores de diabetes tipo 2. Pacientes recebendo tratamento de insulina (n=566) por e” 30 dias que ainda tinham Hba1C e” 8,0% e peptídeo-C > 0,7 µg/l foram randomizados para receber dose única diária de 15 mg de pioglitazona, 30 mg de pioglitazona, ou placebo em estudo multicêntrico, duplo-cego, controlado por placebo durante 16 semanas. Para cada protocolo do estudo, a dose de insulina foi determinada para se manter sem modificações, no entanto poderia ser reduzida em caso de hipoglicemia. No final do tratamento duplo-cego, os pacientes recebendo pioglitazona (15 ou 30 mg) mostraram um decréscimo na média estatisticamente significativa relativa a linha de base da HbA1C (-1,0 e –1,3, respectivamente; p < 0,0001) e a glicose plasmática de jejum (FPG) (-34,5 mg/dl [-1,92 mmol/l] e –48,0 mg/dl [-2,67 mmol/l], respectivamente; p < 0,0001); essas diferenças comparadas ao placebo também foram significativas (p < 0,0001). A pioglitazona (15 ou 30 mg) rendeu aumentou significativos nos níveis de HDL-C (média de aumentos em torno de +7,1% a 9,3%) comparado à linha de base ou placebo (p < 0,01). A dose de 30 mg também reduziu significativamente os níveis de triglicerídeos (-23,7%) comparado ao placebo (p = 0,0218). Nenhuma variação consistente nos níveis de TC ou LDL-C foi observada. A incidência de eventos adversos foi similar em todos os grupos tratados, apesar das incidências de aumento de peso, hipoglicemia e edema terem sido maiores entre os pacientes recebendo insulina mais pioglitazona. Não houve evidência de hepatotoxicidade ou elevações nos níveis séricos de ALT e” 3x ULM induzido pela droga. Pioglitazona, quando adicionada a terapia de insulina, melhorou significativamente HbA1C e FPG no diabetes tipo 2. O tratamento com pioglitazona também promoveu benefício significativo com respeito aos níveis plasmáticos de HDL-C e triglicerídeos. Se essas variações lipídicas exercem algum impacto nas complicações gerais do diabetes continua indeterminado Meng H. Tan, Mathias Hertz, 38th European Association for the study of Diabetes (EASD) Annual Meeting, Budapest, Hungria, 1 a 5 de setembro de 2002 resumos.pmd 41 Pioglitazona em tratamento único melhora a dislipidemia aterogênica em pacientes portadores de diabetes tipo 2 Estudamos o efeito da pioglitazona na dislipidemia aterogênica – triglicerídeo aumentado (Tg), lipoproteína de alta densidade colesterol diminuído (HDL-C) e lipoproteína de baixa densidade aumentada (LDL-C) em pacientes com T2DM com controle glicêmico subóptimo (linha de base HbA1C = 7,52 ± 0,93%, média ± DP) e hipertriglicerídemia moderada. Um estudo multicêntrico (42 locais), randomizado, duplo-cego, de 16 semanas controlado com placebo comparou os efeitos do placebo (PBO) com pioglitazona (PIO) 30 ou 45 mg QD em pacientes com terapia simples da droga com T2DM (N = 297). Triglicerídeos, HDL-C, LDL-C, colesterol total (TC), e apolipoproteína B (ApoB) séricos foram mensurados. Foi calculado o índice aterogênico do plasma (AIP = log10[Tg/HDL-C]; inversamente correlacionado com tamanho de partícula de LDL). Pacientes fazendo uso de drogas que alteram o perfil lipídico, assim como aqueles com dose estável de drogas que alteram o perfil lipídico, foram incluídos. Os valores na linha de base e no ponto final foram comparados (ANCOVA) com a última observação levada adiante (LOCF). Os dados de variação percentual dos resultados da linha de base (média ± DP), 28/02/03, 18:05 42 exceto para AIP (variação absoluta da linha de base), são mostrados abaixo. Comparado à PBO, PIO 30 mg e 45 mg QD aumentou o HDL-C e reduziu Tg, ApoB e AIP (implicando em aumento do tamanho da partícula de LDL) em pacientes com controle glicêmico subóptimo. Esses resultados sugerem que a PIO causa um impacto positivo na dislipidemia aterogênica e pode reduzir o risco cardiovascular em pacientes portadores de diabetes tipo 2. Continuação PBO(n = 96) PIO 30 mg(n = 91) PIO 45 mg(n = 95) TG na linha de base (mmol/l) TG (∆%) 1,7 ± 0,1 1,3 ± 4,0 1,9 ± 0,1 -7,7 ± 4,3 2,0 ± 0,1 -16,4 ± 4,2*† HDL-C na linha de base (mmol/l) HDL-C (∆%) 1,2 ± 0,03 8,8 ± 2,2* 1,1 ± 0,031 6,4 ± 2,4*† 1,1 ± 0,03 19,5 ± 2,3*† LDL-C na linha de base (mmol/l) LDL-C (∆%) 3,0 ± 0,08 4,0 ± 2,6 3,0 ± 0,08 6,2 ± 2,8* 3,1 ± 0,08 3,3 ± 2,7 TC na linha de base (mmol/l) TC (∆%) 5,1 ± 0,09 2,2 ± 1,7 5,2 ± 0,10 3,8 ± 1,9* 5,4 ± 0,10 0,6 ± 1,8 ApoB na linha de base (mmol/l) ApoB (∆%) 1,03 ± 0,02 2,9 ± 2,0 1,09 ± 0,03 0,9 ± 2,2 1,10 ± 0,03 -4,8 ± 2,1*† -0,05 ± 0,02* -0,13 ± 0,02*† -0,17 ± 0,02*† AIP (∆) † *p < 0,05 vs. linha de base; p < 0,05 vs. PBO; ANCOVA, LOCF. resumos.pmd 42 28/02/03, 18:05 Farias Uruguai PR / Diabetes Clínica 01 (2003) 43~46 Diabetes Clínica 43 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 01 (2003) 43~46 ARTIGO ORIGINAL Hipertensão arterial e diabetes mellitus no idoso Arterial hypertension and diabetes mellitus in the elderly Paulo Ricardo Farias Uruguai Médico Geriatra do Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão (SESA-CE), Especialista pela PUC - RS Resumo Objetivo: Conhecer a prevalência de hipertensão arterial entre idosos diabéticos e comparar a prevalência de fatores de risco cardiovascular, complicações diabéticas crônicas e falência secundária aos antidiabéticos orais entre os normotensos e os hipertensos. Material e métodos: Foram selecionados pacientes com 60 anos ou mais, do ambulatório de diabete melito tipo 2 do Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão (SESA-CE), além de dados colhidos das consultas e dos prontuários. Resultados: A prevalência de hipertensão foi de 68,4% e o grupo hipertenso apresentou prevalência maior dos principais fatores de risco cardiovascular, das complicações crônicas e de falência secundária que o grupo normotenso. Conclusão: É de fundamental importância pesquisar sistematicamente e controlar rigidamente a hipertensão arterial em pacientes diabéticos tipo 2, em especial os idosos. Palavras-chave: Hipertensão, diabetes, saúde do idoso. Abstract Objective: to know the arterial hypertension prevalence among the elderly diabetics and compare the cardiovascular risk factors, chronics diabetic’s complications and secondary failure to oral ant diabetics among normotens and hypertens patients. Design and methods: We selected patients at least 60 years old in Centro Integrado de Diabete e Hipertensão (SESA-CE) ambulatory of type 2 diabetes and the data were collected from the appointments and the patient’s record. Results: The prevalence of hypertension was 68,4% and the hypertensive group show higher prevalence of major cardiovascular risk factors, of chronic complications and of secondary failure them normotens group. Conclusion: Ours data clearly show that is of fundamental importance the systematic search and severe control of arterial hypertension in type 2 diabetes patients, mainly in elderly. Key-words: Hypertension, diabetes, aging health. Artigo recebido em 5 de dezembro de 2002; aprovado em 15 de janeiro de 2003. Endereço para correspondência: Rua Vilebaldo Aguiar, 95/302 - 60190-780 Fortaleza CE, Tel: (85) 262 0949, E-mail: [email protected] artigo 01 .pmd 43 28/02/03, 18:05 44 Farias Uruguai PR / Diabetes Clínica 01 (2003) 43~46 Introdução Resultados Estudos epidemiológicos mostram que a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é cerca de duas vezes mais freqüente nos indivíduos diabéticos comparados à população geral. E essa freqüência aumenta com a idade e a duração do diabete melito (DM) [1]. Mais de 50% dos pacientes do Diabetes Intervention Study exibiram hipertensão 5 anos após a detecção do diabetes [2]. A HAS é relativamente mais freqüente no DM dependente de insulina (tipo 1), nos quais ocorre em associação com doença renal. No DM não-dependente de insulina (tipo 2), parece estar associada com o quadro de resistência à insulina (RI) 3 . Alguns pacientes idosos são diabéticos do tipo 1, mas a maioria é do tipo 2, embora muitos progridam para um estado de dependência de insulina. Segundo o UKPDS (United Kingdom Prospective Diabetes Study), o DM é uma doença progressiva independente do agente antidiabético utilizado [4]. O DM apresenta ainda uma alta freqüência de outros fatores, tais como obesidade, dislipidemia, defeitos de coagulação, hiperuricemia, hiperagregabilidade plaquetária, disfunção endotelial e miocardiopatia, que elevam sua morbi-mortalidade. Ao conjunto destes distúrbios atribui-se a denominação de Síndrome Plurimetabólica ou Metabólica, sendo o fator comum entre eles a RI, freqüentemente acompanhada de hiperinsulinemia compensatória [5]. Dos 412 pacientes, 249 (60,4%) são do sexo feminino e 163 (39,6%) do masculino; 130 (31,6%) são diabéticos normotensos e 282 (68,4%) são diabéticos hipertensos. O grupo hipertenso mostrou maior prevalência de obesidade, dislipidemia e hiperuricemia (tabela I), de todas as complicações microvasculares (tabela II) e das principais complicações macrovasculares (tabela III). O grupo hipertenso apresentou também maior prevalência de falência secundária (tabela IV) aos antidiabéticos orais. A idade média e o tempo de doença foram iguais nos dois grupos, respectivamente 69 e 10 anos. O item amputação se refere a amputações de membros inferiores em qualquer nível anatômico e neuropatia, a qualquer tipo de neuropatia periférica. Alguns pacientes realizaram fundo de olho em outras instituições médicas e não nos trouxeram os laudos. O item dieta consiste naqueles pacientes que estão metabolicamente controlados apenas com medidas não-farmacológicas. Material e métodos Foram selecionados os pacientes com idade igual ou superior a 60 anos atendidos no ambulatório de DM tipo 2 do Centro Integrado de Diabetes e Hipertensão (SESA-CE), que é referência secundária em todo o estado, no período de março a agosto de 2002. Foram incluídos 412 pacientes. Os dados foram colhidos dos prontuários e das consultas. O grupo foi dividido em dois, um com hipertensão associada e o outro sem essa associação. Todos os pacientes considerados hipertensos já têm diagnósticos firmados e estão em uso regular de medicação antihipertensiva. Os parâmetros laboratoriais adotados são do Laboratório Central do Estado e os valores normais são os seguintes: colesterol total até 200 mg/dl, colesterol LDL até 130 mg/dl, colesterol HDL 3060 mg/dl (homens) e 40-70 mg/dl (mulheres), triglicérides até 200 md/dl, microalbuminúria até 25 mg/24 horas e ácido úrico 3,4-7 (homens) e 2,4-5,7 (mulheres). O parâmetro utilizado para definir obesidade foi o índice de massa corporal (IMC). artigo 01 .pmd 44 Tabela I – Fatores de risco CV. Diabéticos normotensos Diabéticos hipertensos Obesidade 13 (10%) 44 (15,6%) Tabagismo 6 (4,6%) 10 (3,5%) Etilismo 3 (2,3%) 5 (1,8%) Dislipidemia 73 (56,2%) 171 (60,6%) Hiperuricemia 6 (4,6%) 19 (6,7%) Tabela II – Complicações microvasculares. Diabéticos normotensos Diabéticos hipertensos Nefropatia 35 (26,9%) 95 (33,7%) Retinopatia 18 (16,6%) 63 (22,3%) Neuropatia 64 (49,2%) 148 (52,5%) Tabela III – Complicações macrovasculares. Diabéticos normotensos Diabéticos hipertensos Coronariopatia 9 (6,9%) 38 (13,5%) AVC 7 (5,4%) 39 (13,8%) Amputação 13 (10%) 21 (7,4%) Úlcera pé 5 (3,8%) 11 (3,9%) 28/02/03, 18:05 Farias Uruguai PR / Diabetes Clínica 01 (2003) 43~46 Tabela IV – Medicação atual. Diabéticos normotensos Diabéticos hipertensos ADO (*) 58 (44,6%) ADO + Insulina 16 (12,3%) 116 (41,1%) 51 (18,1%) Insulina 48 (36,9%) 105 (37,2%) Dieta 8 (6,2%) 10 (3,5%) (*) ADO – antidiabético oral. Discussão O controle glicêmico é benéfico apenas na prevenção das complicações microvasculares, como a nefropatia e a retinopatia, bem como da neuropatia. As complicações macrovasculares, como o infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular cerebral, exigem medidas eficazes destinadas ao controle, principalmente da pressão arterial (PA), dos níveis lipídicos e do peso corpóreo, pois o tratamento rigoroso e intensivo dos diferentes fatores de risco cardiovascular (CV) nos pacientes diabéticos, associa-se a uma redução apreciável da morbimortalidade CV [6]. Atualmente, todo raciocínio em relação ao diabético é igual ao não-diabético que já teve evento CV previamente [7]. Os objetivos do tratamento de pacientes diabéticos tipo 2 são os seguintes [8]: · Glicemia de jejum £110 mg/dl; · Glicemia pós-prandial £140 mg/dl; · Hb glicosilada (%): limite superior do método; · Colesterol total £ 200 mg/dl; · Colesterol HDL ³45 mg/dl; · Colesterol LDL £100 mg/dl; · Triglicérides £150 mg/dl; · PA sistólica £135 e diastólica £80 mmHg; · Índice de massa corporal: 20 a 25. É importante lembrar que a medição da PA no paciente diabético, especialmente o idoso, deve ser realizada após um repouso mínimo de 5 minutos e nas posições supina, sentada e 1 minuto após assumir a posição ortostática. Essa recomendação decorre da possibilidade da presença de neuropatia autonômica, devendo ser seguida independentemente do paciente estar ou não fazendo uso de medicação antihipertensiva. Conclusões A alta incidência de HAS entre diabéticos, sugere que determinados fatores atuem no desenvolvimento da hipertensão ou no processo fisiopatológico, o que leva a hipertensão ocorrer mais cedo e mais profundamente nos diabéticos. Embora não haja um consenso sobre o papel causal da RI e/ou hiperinsulinemia na gênese da hipertensão, é razoável supor que a exacerbação de ações artigo 01 .pmd 45 45 fisiológicas deste hormônio, tais como reabsorção renal de sódio e água, contratilidade vascular pelo aumento de sódio e cálcio intracelular na musculatura lisa vascular e estimulação da atividade nervosa simpática, poderiam contribuir para a elevação dos níveis pressóricos nos diabéticos [9]. Muito da morbidade e mortalidade associadas com DM é atribuído às complicações micro e macrovasculares da doença. E a prevalência destas complicações é maior nos diabéticos hipertensos do que nos normotensos. O risco de qualquer evento CV ou de insuficiência renal é maior nos diabéticos do que nos não-diabéticos. E o risco aumenta desproporcionalmente quando a hipertensão ou os outros fatores de risco estão presentes. É estimado que 30 a 75% das complicações diabéticas possam ser atribuídas à hipertensão [10]. Referências 1. 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BMJ 1998;317:703-713. 28/02/03, 18:05 Guillon Ribeiro P et al / Diabetes Clínica 01 (2003) 47~50 Diabetes Clínica 47 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 01 (2003) 47~50 ARTIGO ORIGINAL Relação entre crianças diabéticas e seus pais e as conseqüências no comportamento social infantil Relationship between diabetic children and their parents and results in social child behavior Patrícia Guillon Ribeiro*, Denise Heller** *Psicóloga Clínica pós-graduada em Psicologia Clínica pela Universidade Tuiuti do Paraná, Psicóloga Infantil do Centro de Diabetes de Curitiba, **Psicóloga Clínica, Mestre em Psicologia Experimental, Professora de Psicologia na Universidade Tuiuti do Paraná. Resumo O diabetes mellitus é uma das doenças crônicas de maior prevalência na população mundial nos dias de hoje. Trata-se de uma patologia que exige do paciente e de sua família mudanças importantes em seus hábitos de vida, além de provocar, desde o diagnóstico, alterações emocionais nos pais, que tendem a apresentar senti-mentos de incapacidade, desespero, superproteção, frustração, culpa, medo e ansiedade. O objetivo do presente trabalho foi o de identificar variáveis que pudessem estar influenciando a relação dos pais com as crianças diagnosticadas como diabéticas, e veri-ficar como esta relação influencia na auto-estima e comportamento social destas crianças. Palavras-chave: Diabetes, pais, comportamento infantil. Abstract Diabetes is one of the cronic diseases prevalentes among population all over the world. It causes several important changes in patient’s life style as well as in the family. Add to that, as soon as diabetes is diagnosed, parents tend to demonstrate emotional alterations: anxiety, incapacity, despair, fear, excess of care, frustation and guilty are common feelings in the situation. The purpose of this work was to identify the various factors that are possible to affect the relationship between parents and their children with diabetes and to verify how this relationship has influence on the selfesteem and social behavior of these children. Key-words: Diabetes, parents, child behavior. Artigo recebido em 5 de dezembro de 2002; provado em 15 de janeiro de 2003 Endereço para correspondência: Patrícia Guillon Ribeiro, Rua Fernandes de Barros 1990, Hugo Lange, 80040-2000 Curitiba PR, E-mail: [email protected] artigo 02.pmd 47 28/02/03, 18:05 48 Guillon Ribeiro P et al / Diabetes Clínica 01 (2003) 47~50 Introdução Conforme estudos estatísticos recentes, sabe-se que a prevalência do diabetes na população mundial vem crescendo de forma alarmante. Trata-se de uma doença que exige do paciente e de sua família importantes mudanças em seus hábitos de vida. A família do paciente diabético, especialmente se este for uma criança, é sempre muito atingida. O diagnóstico gera nos pais diferentes sentimentos que exigem apoio e orien-tação adequados. O próprio paciente, ao descobrir o diabetes, se vê obrigado a se adaptar a muitas limitações, que também irão gerar sentimentos diversos semelhan-tes àqueles apresentados pelos pais. Para muitos pais, o momento do diagnóstico caracteriza-se por ser um período de crise. Uma etapa na qual os pais podem se sentir paralisados, sem saber ao certo o que pensar e como agir, diante da notícia de que seu filho tem um doença ainda sem cura e que exige rigor em seu controle; “(...) para que uma situação produza crise, mais importante que o nível de traumatismo sofrido é o inesperado da nova situação que lhe é exigido viver”, observa Sebastiani. É muito importante a forma como os pais lidam com a doença, porque a criança, desde muito pequena, dá início à construção de seu repertório social. É a partir da convivência com os pais e, mais tarde, com professores e colegas, que vai formando sua personalidade e sua maneira de lidar com as pessoas que estarão à sua volta. Entretanto, ainda são os pais seu principal referencial para aprendizagem de como inter-pretar o mundo e como se relacionar com ele. Apesar de se tratar de uma doença que vem sendo amplamente divulgada nos meios de comunicação e que vem ganhando espaço entre as doenças estudadas pelos especialistas, o diabetes ainda é desconhecido para a grande maioria das pessoas. Essa falta de informação adequada se constitui em grande geradora de ansiedade nos pais, que não sabem exatamente com o que estão lidando. Soma-se a isso, o fato do diagnós-tico normalmente ser feito diante de uma situação grave, na qual a criança pode estar hospitalizada. Diante de tantas modificações, é essencial que se eduque, oriente e apóie emocionalmente tanto o paciente quanto a família, afim de promover uma melhor adaptação à nova realidade e a adesão ao tratamento. Para de que isso seja possível, é importante que se conheça as dificuldades e conflitos enfrentados pelos pais e pelas crianças. O presente trabalho tem por objetivo identificar as variáveis que podem estar influenciando a relação dos pais com as crianças diabéticas, tais como as reações deles frente à nova realidade imposta pela doença, além de verificar como eles podem estar exercendo influência na auto-estima infantil e no comportamento social dessas artigo 02.pmd 48 crianças. Desse modo, busca-se auxiliar os pais na aquisição de repertórios adequados para lidar com seus filhos de maneira a lhes transmitir tranqüilidade e uma auto imagem adequada, além de buscar a facilitação na adaptação à nova realidade, auxiliando-os na adesão ao tratamento. Método Para o presente estudo, foram entrevistados 15 sujeitos entre pais e mães de pacientes diagnosticados como diabéticos do tipo 1, na faixa etária de 0 a 18 anos de idade. É importante ressaltar que do grupo em questão, 90% dos entrevistados eram mulheres. Os pacientes foram indicados por médicos endocrinologistas especialistas em diabetes, que colaboraram para que a pesquisa fosse realizada. Foi utilizado, como instrumento de entrevista, um questionário composto por 21 per-guntas semi-abertas referentes à época do diagnóstico, à reação dos pais e da criança frente ao mesmo, e ao comportamento atual deste paciente independentemente da idade que apresentava na época da entrevista. Resultados e discussão O processo de desenvolvimento social da criança se dá principalmente através das relações que ela estabelece com pessoas significativas ao seu redor. A partir do convívio com os outros, a criança constrói, inclusive, sua auto-estima. Entenda-se por auto-estima, a maneira pela qual uma pessoa se sente em relação a si mesma. Uma relação segura com os pais permite que a criança explore o meio, além de favorecer o desenvolvimento de um senso de competência do indivíduo. As amizades com outras crianças também contribuem e gera segurança e percepção de pertencer a um grupo, o que será importante para desenvolver a auto eficácia. Sabendo-se que a criança desenvolve seu relacionamento com o mundo a partir da interação com os pais e que sua auto-estima é resultado dessa interação, é importante que os pais também estejam atentos ao seu próprio comportamento. Os resultados obtidos na presente pesquisa, demonstram que o impacto do diagnóstico para os pais, especialmente para as mães, tem efeitos importantes no processo de tratamento e na relação que eles estabelecerão com a criança desse momento em diante. A tabela I, mostra que nenhum dos pais recebeu o diagnóstico com tranqüilidade e 10 sujeitos relataram desespero e preocupação diante do quadro que estava sendo descoberto. Um das mães relatou: “Quando eu soube do diagnóstico da doença, fui para a cama e só chorava, estava desesperada”. 28/02/03, 18:05 Guillon Ribeiro P et al / Diabetes Clínica 01 (2003) 47~50 Tabela I - Reação dos pais frente ao diagnóstico de diabetes. Tranqüilidade Desespero Preocupação Pânico Choque Susto “Não tinha solução” Revolta 10 10 1 1 1 1 1 A criança interpreta a realidade a partir das refe-rências que os pais lhe dão a respeito daquilo que se apresenta a ela. No caso do diabetes não é diferente. A criança, muitas vezes, acaba por reagir à doença de forma semelhante aos pais. Se isso causa tanto sofrimento, entre outros sentimentos aversivos, a criança passa a perceber como algo realmente ruim e se mostra amedrontada, ansiosa, com raiva, se sente diferente, já que passa a ser tratada de outra forma que não a mesma das outras crianças. Como mostrado na tabela II, grande parte dos pais entrevistados relatou em suas respostas ter modificado seu comportamento em relação à criança, entretanto poucos foram aqueles que identificaram quais as mudanças que estavam se referindo. Tabela II - Mudanças no comportamentos dos pais com as crianças. Sim, houve mudanças 12 Não, não houve mudanças 3 Note-se que ao serem questionados, quanto às mudanças que perceberam em seu comportamento em relação à criança, como mostrado na tabela III, alguns pais identificaram-se como esforçando-se para não aborrecer os filhos de modo a compensá-los das limitações impostas pela própria doença. Uma das mães entrevistadas, ao ser questio-nada, respondeu: “(...) E a gente procura fazer as vontades dela para compensar um lado (...) A gente procura compensar já que não dá para ser 100%”. Tabela III - Mudanças percebidas no comportamento dos pais artigo 02.pmd Se tornaram superprotetores Mais compreensivos Nunca mais dormiu uma noite inteira Fazem sempre o que a criança gosta Estão menos pacientes Insegurança Mais preocupados 2 4 1 1 1 1 9 Mais observadores 2 49 49 A permissividade e a falta de limites que os pais acabam por adotar na sua intera-ção com a criança, afim de poupá-la de mais situações que lhe sejam aversivas, ao con-trário do que acreditam, pode terminar por prejudicar a imagem que a criança ainda está construindo de si mesma. Como cita Briggs: “Pais excessivamente protetores ou pais que se recusam a estabelecer limitações, fazem com que as crianças se sintam inadequadas e não amadas. Essas atitudes são negativas para a auto-estima, que por sua vez, afeta a motivação em aprender”. A criança que apresenta uma baixa auto-estima, pode ter idéias próprias, mas não as coloca em prática em busca de segurança e torna-se dependente de outros, incapaz de dar seus próprios passos. Se torna mais sensível à crítica, porque já se julgou negativa-mente, o que dificulta que se arrisque em novas situações. A criança com diabetes que percebe os cuidados excessivos dos pais acaba por se isolar das outras crianças, inclusive por se achar diferente. Portanto, ela não desenvolve a socialização com outras crianças e limita seu mundo à presença dos pais. É comum a criança com diabetes relatar as implicâncias e censuras dos amigos por causa da doença. É importante que ela aprenda a se defender e a não se julgar inferior às outras crianças. Essa aprendizagem se dá, principalmente, através dos pais que podem passar a ela segurança e auxiliá-la na construção de uma autoestima favorável. Protegendo demais o filho, os adultos não lhe dão condições de ser independente e lhes passam a mensagem de que ele é, de fato, diferente precisando ser observado, cuidado e controlado. Não se trata de uma tarefa fácil. O controle da glicemia exige atenção permanente, assim como os outros cuidados impostos pelo diabetes. Portanto, encontrar equilíbrio entre a atenção necessária e a atenção exagerada e prejudicial, é complicado e exige orientação adequada. Para que se alcance equilíbrio nos cuidados paternos, é importante que se estimule a criança a tomar determinadas providências sozinha, de acordo com a sua idade. É preciso ensiná-la a monitorar a glicemia, a aplicar a insulina e a controlar a alimentação, além de orientá-la quanto aos sintomas e medidas que devem ser tomados, caso não se sinta bem. A independência permite ao diabético a construção de sua auto confiança e a conseqüente socialização. Conclusão O diabetes, assim como qualquer outra doença crônica, impõe ao paciente e à sua família mudanças definitivas nos hábitos de vida. No caso específico do diabetes tipo 1, que atinge em grande parte crianças 28/02/03, 18:05 50 Guillon Ribeiro P et al / Diabetes Clínica 01 (2003) 47~50 em período escolar, os pais, a família e as demais pessoas que participam do dia-a-dia delas, têm importante influência na construção do comportamento infantil. Em se tratando da presença de uma variável nova que exige adaptações de ambos os lados, esse período de estruturação torna-se ainda mais delicado. Possibilitar estratégias efetivas para lidar com tais mudanças é fundamental para que haja adesão ao tratamento e manutenção da qualidade de vida do diabético e sua família. O presente trabalho objetivou identificar dificuldades encontradas pelos pais de crianças diabéticas no manejo diário da doença, afim de propor estratégias de enfrentamento. Mais pesquisas são necessárias para que se possa auxiliar esta população que carece de orientação. Agradecimentos À equipe de saúde do Centro de Diabetes de Curitiba, em especial, aos médicos endocrinologistas Dr. Edgard d’Ávila Niclewicz e Dr. Mauro Scharf Pinto. artigo 02.pmd 50 Bibliografia 1. Andrade MLR. Diabetes e emoção. [citado 2001 nov 15] Disponível em: URL: http://www.diabetes.med.br. 2. Briggs DC. A auto-estima do seu filho. São Paulo: Martins Fontes; 2000. 3. McMahon RJ. Treinamento de pais In: Manual de técnicas de terapia e modificação do comportamento Caballo V. São Paulo: Santos;1999. 4. Negrato CA. Diabetes: educação em saúde. São Paulo:EDUSC; 2001. p.12. 5. Silvares MEFM. Intervenção clínica e comportamental com crianças In: Rangé B (org.). Psicoterapia comportamental e cognitiva: pesquisa, prática, aplicações e problemas. Campinas: Editorial Psy; 1998. 6. Sebastiani RW. Aspectos emocionais e psicofisiológicos nas situações de emergência no hospital geral. 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Assim, o principal objetivo deste estudo foi investigar os efeitos da atividade física e do tratamento por ultrasom, sobre o reparo da osteotomia experimental em ratos diabéticos. Verificamos aspectos relacionados a glicemia, insulinemia, concentração sérica da fostatase alcalina, bem como medidas densitométricas, como a densidade relativa ao padrão (%) e histológicas representada pela percentagem de matriz cartilaginosa. Pudemos concluir que a atividade física mostrou-se eficiente na melhora da homeostase glicêmica e, principalmente, que a associação do exercício com o tratamento por ultrasom ajudou na recuperação enzimática, proliferativa e maturacional do tecido ósseo em organismos diabéticos. Palavras-chave: Terapia por ultrasom, atividade física, homeostase glicêmica. Abstract Diabetes Mellitus is a chronic disturbance that generates several complications, mainly related to the bone tissue and the repairing process. Thus, the purpose of this study was to investigate the effects of physical activity and ultrasonic therapy on the experimental osteotomy repair on diabetics rats. We verified the aspects related to glicemics, insulin, seric concentration of alkaline phosphatase, as well as, densitometric measured of relative density to the pattern (%) and hystologic results represented by the % of cartilaginous matrix. We could conclude that physical training was efficient in the improvement of the glycemic homeostatis, and the association of exercise with the ultrasonic therapy acelerated the enzymatic recovery, proliferation and development of the bone tissue in diabetic organisms. Key-words: Ultrasonic therapy, physical activity, glycemic homeostasis. Artigo recebido em 5 de dezembro de 2002, aprovado em 15 de janeiro de 2003. Endereço para correspondência: Marcelo Renato Guerino, Rua Xavier da Silva, 2131/11, Vila Maracanã 85851-180 Foz do Iguaçu PR, Tel: (45) 575-3000/572-2705, E-mail: [email protected] ou [email protected] artigo 03.pmd 51 28/02/03, 18:05 52 Renato Guerino M et al / Diabetes Clínica 01 (2003) 51~56 Introdução O diabetes mellitus é um distúrbio crônico que afeta o metabolismo dos carboidratos, das gorduras e das proteínas e que, ao longo do tempo, gera complicações variadas, como microangiopatias, neuropatias e nefropatias, além de deficiências relacionadas aos tecidos ósseo e cartilaginoso. O aspecto característico do diabetes é a hiperglicemia, decorrente de uma resposta deficiente à secreção de insulina ou de alterações no mecanismo de ação do hormônio. A insulina, sintetizada pelas células β das ilhotas pancreáticas, parece ter um papel fundamental nos processos de osteogênese e reparo ósseo. Vários estudos têm demonstrado que existem influências da insulina sobre os fatores determinantes da neoformação óssea, tais como: retenção de cálcio, controle dos níveis de paratormônio, vitamina D, osteocalcina, proliferação celular e síntese protéica. Assim, o comprometimento esquelético no diabético constitui uma complicação importante, que afeta o tecido ósseo e, principalmente, a consolidação de fraturas. Trabalhos clássicos têm mostrado alta incidência de fraturas em pacientes diabéticos, além de significativa perda de massa óssea e atraso no processo de proliferação dos osteoblástos, resultando em diminuição nas propriedades osteogênicas [1]. O reparo da fratura óssea no rato diabético apresenta um desenvolvimento lento, com diminuição da proliferação fibroblástica e conseqüente indução de osteopenia [2]. Além da insulina, os baixos níveis de osteocalcina encontrados nos diabéticos têm sido considerados como fatores determinantes da osteopenia diabética [3]. Miazgowski & Czekalski [4], trabalhando com densidade mineral óssea (BMD), encontraram elevada incidência de osteopenia e osteoporose em pacientes diabéticos, mas não encontraram correlação com os índices de renovação óssea, como fosfatase alcalina, osteocalcina e piridinolina. A utilização terapêutica do ultrasom de baixa intensidade, sem o efeito do aumento seletivo da temperatura, pode contribuir para manutenção do suprimento sangüíneo adequado, favorecendo a ação osteogênica e ausência de danos aos tecidos [5]. O ultrasom tem sido amplamente utilizado como um agente terapêutico na medicina, odontologia, fisioterapia e outras áreas afins, com a finalidade de acelerar os processos de reparo, modificar a produção de tecido cicatricial e reduzir a dor [6]. Observações clínicas têm sugerido que aplicação de ultrasom pode aumentar a taxa de cicatrização no osso. A explicação dada é a de que as vibrações do ultrasom estimulam o efeito piezoelétrico no osso, e que a corrente elétrica resultante estimula o crescimento ósseo e, assim, promove o processo de reparo [7]. Programas regulares de exercícios físicos podem artigo 03.pmd 52 induzir mudanças adaptativas positivas na gênese e mineralização dos ossos, contrabalançando os efeitos deletérios do diabetes. Estudos realizados em populações ativas e sedentárias, mostraram uma correlação positiva entre o nível de atividade física e a densidade óssea mineral [8]. Outras evidências sugerem que exercícios localizados com cargas, constituem-se em estímulo osteogênico mais eficiente do que exercícios sem cargas e uniformemente distribuídos [9]. Um trabalho recente com ratos, utilizando técnica histomorfométrica, demonstrou que o treinamento físico de resistência, aumenta a área medular do osso tibial e a expressão gênica da osteocalcina, confirmando o aumento na formação óssea [10]. O número de trabalhos na literatura, envolvendo os aspectos histológicos e bioquímicos relativos à recuperação da lesão óssea em organismos diabéticos submetidos ao exercício físico crônico, tem sido reduzido. Assim, o principal objetivo deste estudo foi investigar os efeitos da atividade física e do tratamento por ultrasom, sobre o reparo da osteotomia experimental em ratos diabéticos. Material e métodos Para o desenvolvimento do trabalho foram utilizados ratos machos adultos Wistar, provenientes do Biotério Central da UNESP de Botucatu e criados no Biotério do Laboratório de Biodinâmica do Depto de Educação Física-IB-UNESP-Rio Claro. Os animais foram alimentados com ração balanceada padrão para roedores (Purina) e água ad libitum, e mantidos em gaiolas coletivas à temperatura ambiente controlada de 25°C e fotoperíodo de 12 horas de claro/12 horas escuro. Os ratos foram distribuídos nos seguintes grupos: 1. CSsUS – Controle sedentário sem ultrasom; 2. CTsUS – Controle treinado sem ultrasom; 3. CScUS – Controle sedentário com ultrasom; 4. CTcUS – Controle treinado com ultrasom; 5. DSsUS – Diabético sedentário sem ultrasom; 6. DTsUS – Diabético treinado sem ultrasom; 7. DScUS – Diabético sedentário com ultrasom; 8. DTcUS – Diabético treinado com ultrasom. Obtenção dos animais diabéticos: Para a obtenção do diabetes mellitus experimental, os ratos, depois de permanecerem 24 horas em jejum, foram anestesiados moderadamente por inalação com éter etílico, para receberem aloxana monoidratada Sigma (35 mg/kg de peso corporal), dissolvida em tampão citrato 0,01M, pH 4,5 e injetada na veia dorsal do pênis. A comprovação do diabetes foi realizada 48 horas após a administração de aloxana, através da determinação da glicosúria (técnica da glicofita-Diastix). Osteotomia: Os ratos foram anestesiados através de injeção de nembutal sódico e, em seguida, submetidos à 28/02/03, 18:05 53 Renato Guerino M et al / Diabetes Clínica 01 (2003) 51~56 uma incisão longitudinal no tecido epitelial da pata posterior direita. Foi realizada uma lesão por meio de uma microfuradeira elétrica (Mini-Dryl), no terço superior da tíbia com uma broca de 0,7mm. Por movimentos de lateralidade provocou-se uma osteotomia com 3,0mm de diâmetro, atravessando respectivamente o periósteo e o endósteo até o canal medular. Em seguida o tecido epitelial foi suturado. Tratamento por ultrasom: O tratamento por ultrasom foi efetuado diariamente, iniciando-se 24 h após a cirurgia e teve duração de 5 minutos cada sessão. O aplicador de ultrasom foi movimentado circularmente sobre a superfície do tecido cutâneo, numa área de 1 cm2 com uma intensidade de 0,2 W/cm 2. Foi utilizado um equipamento de média intensidade (estimulador de terapia por ultrasom), com as seguintes características: ultrasom pulsado, largura de pulso variável, freqüência de repetição de 120 Hz, intensidade acústica de 0-2,0 W/cm2 e freqüência do transdudor de 1,0 MHz, tensão de operação 110/220 volts, 50/60 Hz e adaptador para redução da área de tratamento para 1 cm2. Treinamento físico: Os animais dos grupos treinados, realizaram um programa de atividade física que consistiu de natação, com peso equivalente à 5% do peso corporal, por 60 minutos diários, 5 dias por semana, durante 6 semanas consecutivas. As duas semanas iniciais foram destinadas à adaptação do animal ao esquema de natação, sendo a primeira semana de adaptação ao meio líquido e, a segunda, de adaptação ao peso (chumbo) preso ao tronco. Após à adaptação, os ratos sofreram a lesão óssea (osteotomia) e depois de 3 dias retornaram ao esquema de natação por mais 4 semanas. A temperatura da água foi mantida entre 30 e 32°C, num recipiente com 100 cm de comprimento por 70 cm de largura e 60 cm de profundidade, para evitar que os ratos apoiassem no fundo. Os animais sedentários foram manipulados no mesmo horário e local que os treinados. Avaliações: Ao final do período experimental, os animais foram sacrificados por decapitação às 8:00 horas. O sangue coletado foi centrifugado e no soro obtido foram determinados glicemia (método da glicoseoxidase), insulinemia (Radioimunoensaio - Kit Coat-a Count-USA) e atividade da fosfatase alcalina (método colorimétrico). As tíbias foram retiradas e fixadas em 10% de formol neutro e, posteriormente radiografadas em aparelho de Raios-X Siemens, radiosfera de 60 KW e 12 mA1, acompanhado de um colimador de 12 cm de comprimento por 2 cm de diâmetro. As radiografias foram analisadas em densitômetro óptico. Para o cálculo da densidade óssea foi utilizado como padrão a tíbia esquerda do grupo CS, a qual atribuiu-se 100% de densidade. Os resultados foram expressos como densidade relativa ao padrão, em porcentagem. Após a realização das radiografias, as tíbias foram colocadas em solução de ácido tricloroacético (TCA) à 6%, por 24 horas artigo 03.pmd 53 para promover a descalcificação. Posteriormente os ossos foram incluídos segundo a técnica histológica de rotina para microscopia óptica, cortados na espessura de 7 micra e corados com hematoxilina-eosina (HE). Os cortes foram fotografados em fotomicroscópio Zeiss. As fotomicrografias foram avaliadas através de mesa digitalizadora acoplada à um microcomputador, para determinação da porcentagem de matriz cartilaginosa em relação ao osso neoformado. Estatística: Os resultados foram avaliados estatisticamente através de análise de variância e aplicação do teste de Newman-Keuls para comparação entre os grupos. O nível de significância foi pré-fixado em 5%. Resultados Os resultados obtidos nas determinações séricas estão representados na tabela I. Pode ser observado elevação da glicose entre todos os animais diabéticos (5.DSsUS =385 ± 46* e 7.DScUS = 390 ± 39*) e melhora nos diabéticos treinados e tratados com ultra-som (6.DTsUS = 312 ± 48*,** e 8.DTcUS = 309 ± 40*,** mg%). A insulina foi diminuída em função da doença, mas não foi modificada pelo treinamento físico e pelo tratamento (5.DSsUS =17±8*, 6.DTsUS = 15 ± 6*, 7.DScUS = 13 ± 7* e 8.DTcUS = 15 ± 5* UI/ml). A atividade da fosfatase alcalina foi significativamente aumentada pelo treinamento e tratamento nos animais osteotomizados sem o diabetes, e aumentada pelo diabetes, mas também reduzida pelo treinamento associado ao tratamento ultrasônico (1.CSsUS = 59 ± 6, 2.CTsUS =78 ± 12, 5.DSsUS = 191 ± 11*, 6.DTsUS = 144 ± 26**, 8.DTcUS = 140 ± 17*,** ìUI/ml). Tabela I - Determinações bioquímicas realizadas no soro dos ratos. Resultados expressos como média ± DP. ANOVA: * diferente de 1.CSsUs; ** diferente de 5.DSsUS. Grupos Glicose Insulina alcalina Fosfatase 1.CSsUS 120 ± 18 39 ± 6 59 ± 6 2.CTsUS 117 ± 22 37 ± 5 78 ± 12 3.CScUS 119 ± 16 38 ± 6 75 ± 9 4.CTcUS 116 ± 20 37 ± 4 102 ± 10* 5.DSsUS 385 ± 46* 17 ± 8* 191 ± 11* 6.DTsUS 312 ± 42*,** 15 ± 6* 144 ± 26*,** 7.DScUS 390 ± 39* 13 ± 7* 182 ± 21*,** As linhas de fratura presentes nas radiografias, foram mais nítidas entre os diabéticos, com sinais de restauração entre os ratos treinados. A avaliação densitométrica das radiografias (tabela II), revelou redução na densidade 28/02/03, 18:05 54 Renato Guerino M et al / Diabetes Clínica 01 (2003) 51~56 óssea relativa dos animais do grupo 5.DSsUS (72,5±9,9*) e recuperação nos do grupo 6.DTsUS (87,0 ± 10,1). O processo de ossificação no grupo 1.CSsUS apresentou um desenvolvimento normal com proliferação de fibroblastos. A maior parte da matriz cartilaginosa neste grupo controle foi substituída por osso neoformado, com locais de maturação tecidual e presença de medula óssea gordurosa. Os 5.DSsUS não atingiram o mesmo grau de evolução, o que foi evidenciado pela ausência de medula óssea gordurosa, enquanto os do grupo 6.DTsUS (87 ± 6**) apresentaram um nível de ossificação semelhante aos controles e, ainda, melhor verificado na associação do treinamento com o tratamento ultra-sônico (8.DTcUS = 91 ± 12**). O calculo das porcentagens de matriz cartilaginosa presentes nas fotomicrografias encontra-se na tabela II, onde observa-se valores elevados entre os diabéticos sedentários (5.DSsUS =34,3 ± 2,0%*) em comparação com os outros grupos. Portanto, o reparo ósseo, demonstrado pela matriz cartilaginosa, proliferação de fibroblastos e ossificação, foi retardado nos grupos diabéticos e parcialmente recuperado pelo treinamento e tratamento. Tabela II - Determinações densitométricas (densidade relativa ao padrão %) e histológicas (% de matriz cartilaginosa) da osteotomia da tíbia dos ratos. Resultados expressos como média ± DP. ANOVA: * diferente de 1.CSsUS; ** diferente de 5.DSsUS. Grupos Densidade Relativa Matriz Cartilaginosa 1.CssUS 91 ± 7 18,4 ± 1,5 2.CtsUS 96 ± 12 16,9 ± 1,9 3.CscUS 97 ± 11 17,9 ± 1,7 4.CTcUS 99 ± 4 * 16,1 ± 1,0* 5.DSsUS 72 ± 9* 34,3 ± 2,0* 6.DTsUS 87 ± 6** 21,6 ± 2,4** 7.DScUS 86 ± 11 31,9 ± 2,2 8.DTcUS 91 ± 12** 20,2 ± 2,3** Discussão O quadro clínico apresentado pelos animais diabéticos demonstra a severidade da doença, com hiperglicemia e hipoinsulinemia pronunciadas. Com relação ao metabolismo intermediário, verifica-se que houve uma redução da glicemia entre os diabéticos treinados, apesar de uma manutenção da insulinemia. Este fato reflete um aumento na captação periférica da glicose, provocado pelo treinamento físico. Estudos clássicos têm demonstrado que o transporte da glicose nas células musculares, encontra-se aumentado durante o exercício [11]. Trabalhos mais recentes têm apontado para maior sensibilidade periférica à insulina, aumento no número e atividade dos transportadores de glicose, artigo 03.pmd 54 além da modulação nas etapas iniciais da sinalização de insulina [12]. A significância da fosfatase alcalina nos processos de cicatrização, bem como na mineralização dos tecidos, tem sido investigada na literatura [13]. Encontraram aumento na atividade dessa enzima, após implante de matriz óssea. Aos 30 dias do início do programa de experimentos, pode-se observar que entre os animais controles, ocorreram diferenças significativas nos níveis séricos de fosfatase alcalina, com valores maiores para os treinados. Os resultados radiológicos e histológicos obtidos neste estudo, confirmam uma possível aceleração no processo de consolidação óssea em função do exercício físico e do tratamento por ultrasom. Sabe-se que a atividade desta enzima encontra-se aumentada, quando o metabolismo ósseo está elevado [14]. Este fato pode ser importante para o tecido em recuperação. Os osteoblastos secretam grandes quantidades de fosfatase alcalina e, como uma parte desta enzima difunde-se para o sangue, o seu nível sanguíneo constitui um bom indicador da taxa de formação óssea [15]. Para Reuter et al. [16], a aplicação do ultrasom numa intensidade de 0,1 à 0,2 W/cm 2, pré-determinou a aceleração no processo de mineralização, modificando o que ele denominou de fator limitante de crescimento ósseo. Os autores atribuíram o fato ao aumento dos substratos, devido a irrigação sanguínea elevada, desencadeando uma atividade enzimática local intensa, especialmente da fosfatase alcalina e dos lisossomos. Esses dados são equivalentes aos obtidos neste estudo. Por outro lado, Bos & Beertsen [17] verificaram, através de estudos histoquímicos de implantes em ratos, que a atividade enzimática da fosfatase alcalina no tecido de reparo atinge seu pico máximo no período compreendido entre 15 e 20 dias, decaindo logo após. Ainda citam, que a atividade desta enzima provavelmente é indispensável ao processo de agregação das fibras de colágeno em forma de feixes, realizadas por meio de mucopolissacarídeos ácidos. Neste estudo, o grupo 4 (CTcUS) apresentou pico desta enzima, provavelmente atribuído a associação do exercício com terapia por ultrasom. Reuter et al. [16] observaram, ainda, que o pico de atividade da fosfatase alcalina nos animais tratados por ultrasom ocorreu após 21 dias da realização da fratura, sendo responsável pelo início da mineralização. O mesmo autor cita, ainda nesta fase, um aumento de cálcio e fosfato circulantes, provavelmente provocados pela terapia por ultrasom. Quando se observa os valores da fosfatase entre os diabéticos, verifica-se aumentos drásticos nos níveis desta enzima. Tais valores foram diminuídos em função do treinamento. Estes aspectos parecem confirmar a relevância do treinamento nos processos de ossificação. A análise das radiografias mostrou que os diabéticos treinados apresentaram valores de densidade óssea 28/02/03, 18:05 Renato Guerino M et al / Diabetes Clínica 01 (2003) 51~56 superiores em relação aos diabéticos sedentários, aproximando-se dos controles. A influência da atividade física está relacionada ao efeito piezoelétrico, presumivelmente advindos de tensões mecânicas aplicadas ao colágeno [18,19]. A piezoeletricidade óssea é devida ao colágeno, pois o osso, após desmineralização em solução ácida, continua a mostrar o efeito piezoelétrico [20]. No presente trabalho, as contrações musculares decorrentes da atividade de natação, provavelmente foram fundamentais para estimular o referido efeito. A fratura óssea, bem como a lesão provocada pela osteotomia, são consideradas como um rompimento da continuidade do osso. O processo de cicatrização da lesão é complexo e envolve muitos fatores, tais como: tipo de fratura, eficácia de imobilização e a proporção dos tecidos moles adjacentes afetados. O reparo biológico usualmente ocorre de acordo com uma seqüência, onde a fase inicial da cura é caracterizada por uma inflamação. Imediatamente após a lesão, ocorre um sangramento e forma-se um hematoma ao redor dos tecidos moles. O coágulo forma uma rede de fibrina, onde ocorre a proliferação dos fibroblastos e capilares gerando o tecido de granulação. Na fase seguinte, a proliferação celular dá origem ao tecido cartilaginoso e tecido conjuntivo fibroso. Em ratos Wistar, a fase de proliferação dos fibroblastos ocorre após 3 dias da fratura, e a substituição por matriz cartilaginosa se dá por volta do 7° dia. Após alguns dias, forma-se uma ponte através do local da fratura e ocorre uma diferenciação dos fibroblastos em cartilagem e osso. Essa ponte de tecidos diferenciados é chamada de calo. O calo torna-se ossificado e a fratura é considerada unida nesta fase [3]. No estágio final da cicatrização, o osso esponjoso primário é reabsorvido e remodelado pela atividade osteoclástica. Ao mesmo tempo ocorre o néo-osteogênese e aumento da calcificação para compactar a fratura [2]. A análise histológica no presente trabalho foi fundamental para mostrar a recuperação tecidual da lesão nos grupos controles, o retardo dos processos de reparo dos diabéticos e, principalmente, a aceleração na recuperação entre os diabéticos treinados e tratados. O treinamento físico e sua associação com o tratamento por ultrasom favoreceu a proliferação de fibroblastos e a substituição da matriz cartilaginosa por osso neoformado, contribuindo para acelerar os processos de mineralização. As relações existentes entre a atividade de modelamento do osso, piezoeletricidade, consumo de oxigênio e fluxo sanguíneo ósseo, são fatores que devem ser considerados [21, 22]. Estudos in vitro demonstraram que a formação de osso, à partir de uma cultura de fibroblastos primitivos, dependia da adequação da oxigenação, isto é, sob alta pressão de oxigênio resultava em formação óssea [11, 18]. A ação bombeadora dos músculos sobre a circulação e a velocidade do fluxo artigo 03.pmd 55 55 sanguíneo através das extremidades, pode ser calculada a partir de experimentos com desnervação e desvascularização. Estudos sobre o crescimento longitudinal do fêmur e da tíbia de coelhos, após interrupção do suprimento vascular e nervoso, demonstraram que o retardo do crescimento é mais significativo depois do bloqueio vascular do que após a paralisia nervosa. Foi sugerido que a insuficiência vascular produzia hipóxia nas células cartilaginosas da epífise, contribuindo, assim, para a inibição do crescimento, por impedir a formação do osso a partir das células cartilaginosas [11, 23]. A neovascularização após fratura, é considerada de vital importância na sua cicatrização. Grundnes & Reikeras [24] submeteram ratos wistar à um programa de treinamento em esteira rolante após osteotomia, e não encontraram diferenças significativas entre o fluxo sangüíneo ósseo do controle e do treinado, mas houve aumento do fluxo muscular, o que suporta o conceito de que a musculatura exerce um papel ativo no processo de regeneração da fratura. Trabalhos recentes têm demonstrado que o treinamento físico induz a restauração da síntese do DNA, bem como do metabolismo protéico em músculo esquelético de ratos diabéticos [12]. Considerando que a síntese de proteínas é fundamental para a recuperação da lesão tecidual, possivelmente a atividade física deve ter exercido algum tipo de influência sobre a síntese e metabolização das proteínas envolvidas na recuperação do tecido ósseo, tais como o colágeno, osteocalcina e osteonectina. O processo de mineralização requer concentrações plasmáticas normais de cálcio e de fosfato, e depende da presença da vitamina D. A enzima fosfatase alcalina e outras proteínas do osteoblásto também participam desse processo, destacando-se a osteonectina e osteocalcina. Tanto a fosfatase alcalina quanto a osteocalcina circulam no plasma, sendo que seus efeitos constituem marcadores da atividade osteoblástica [25,26,27]. Guerino et al. [21] verificaram que os níveis dessa enzima encontram-se diretamente relacionados com a eficiência da consolidação da fratura em ratos exercitados e tratados com ultrasom. O conjunto dos resultados obtidos no presente estudo, onde a atividade da fosfatase alcalina e os aspectos envolvidos no processo de ossificação foram parcialmente recuperados pela atividade física e pelo ultra-som terapêutico, demonstram que o exercício crônico, bem como sua associação com o tratamento por ultrasom, modula as respostas metabólicas e osteogênicas no organismo diabético. Conclusões Estes dados permitem concluir que o treinamento físico mostrou-se eficiente na melhora da homeostase glicêmica e, principalmente, a associação com o tratamento por 28/02/03, 18:05 56 Renato Guerino M et al / Diabetes Clínica 01 (2003) 51~56 ultrasom na recuperação enzimática, proliferativa e maturacional do tecido ósseo em organismos diabéticos. Agradecimentos A FAPESP pelo auxílio financeiro e a BIOSET indústria e tecnologia pelo equipamento e suas calibrações. Referências 1. Grandini, SA. The effect of partial-pancreatectomy-induced diabetes on wound healing subsequent to tooth extraction. 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Participaram deste protocolo 3 grupos de 25 indivíduos, pareados por idade, peso e altura. Os grupos A, B e C foram compostos por portadores somente de diabetes mellitus, portadores de diabetes mellitus e neuropatia autonômica e não portadores de diabetes mellitus, respectivamente. Os voluntários foram filmados durante o teste de Romberg, usando marcadores que serviram como referencial para as medidas angulares calculadas off-line por software. Os valores angulares médios de deslocamentos anteriores e posteriores foram submetidos ao teste estatístico não paramétrico de Wilcoxon com nível de significância de 5%. Para os deslocamentos anteriores, os valores angulares das oscilações do grupo A foram significativamente maiores que aqueles do grupo C. Nenhuma diferença estatisticamente significativa foi encontrada com relação aos grupos A e B, como também no C e B. Nestas condições experimentais, os resultados indicam que pacientes diabéticos neuropatas têm maior valor angular de oscilação anterior que o grupo controle, e que nenhuma diferença foi encontrada para os valores de oscilação anterior entre os diabéticos com e sem neuropatia. Palavras-chaves: Neuropatias diabéticas, pé diabético, equilíbrio. Artigo recebido em 20 de dezembro de 2002; aprovado em 15 de janeiro de 2003. Endereço para correspondência: Cristiano Campelo-Silva, Rua Santos Barreto, 35/801 Lourdes 30170-070 Belo Horizonte MG, Tel: (34) 3228-7595, E-mail: [email protected], [email protected] artigo 04.pmd 57 28/02/03, 18:05 58 Baraúna MA et al / Diabetes Clínica 01 (2003) 57~62 Abstract The aim of the present study is to quantify the static balance of the diabetic patients affected by autonomic neuropathy through biophotogrametry. Three groups of 25 subjects participated in this study and were matched by age, weight and height. The groups A, B and C were constituted by patients with diabetes mellitus, patients with diabetes mellitus and autonomic neuropathy, and patients not affected by diabetes mellitus, respectively. The volunteers were videotaped during Romberg test, and markers were used and taken as reference to the angular measures calculated off-line by a software. The median angular values of forward and backward displacements were subjected to the non-parametric statistical Wilcoxon Test with a significance level of 5%. In relation to the forward displacements, the angular oscillation values of group A were significantly higher than those of group C, whereas no statistically significant difference was found between groups A and B, and C and B. Under the above mentioned experimental conditions, the results of the present study shows that diabetic neuropathic patients have a higher angular value of forward oscillation than the control group, and that no statistically significant difference was found between the forward oscillation values of the diabetics affected and those not affected by neuropathies. Key-words: Diabetic neuropathies, diabetic foot, equilibrium. Introdução O diabetes mellitus por definição é o resultado da diminuição da secreção de insulina, sendo um defeito heterogêneo primário do metabolismo dos carboidratos, que com inúmeros fatores etiológicos, leva o indivíduo a hiperglicemia [1]. Segundo Malerbi & Franco [2], sua prevalência, no Brasil, é equivalente entre os sexos, sendo a faixa etária de 30 a 69 anos a mais acometida, normalmente com início insidioso e evolução surda. Suas complicações crônicas, como na retinopatia, microangiopatias e o desenvolvimento de infecções nos pés (pé diabético), podem desencadear alterações do equilíbrio [3,4,5]. Dentre as complicações neurológicas, podemos observar neuropatias de evolução crônica e indolente, com tendência a progressão e inversibilidade, acometendo vias motoras, sensitivas ou autonômicas [6]. A neuropatia autonômica é raramente presente sem que junto, também, se encontre a neuropatia periférica, ocorrendo entre a 3ª ou 4ª década de vida dos pacientes com diabete juvenil e depois dos 50 anos em pacientes com diabetes adulto. Para Bergstrom et al. [7] a neuropatia diabética é a complicação crônica mais freqüente, sendo também a responsável pela maior parcela de seqüelas existentes. Desta forma, o paciente portador de neuropatia autonômica pode apresentar disfunção simpática e, conseqüentemente, um quadro de hipotensão ortostática, vindo a desenvolver uma hipofusão cerebral e a diminuição ou falta de fluxo sangüíneo encefálico, gerando, então, desequilíbrio e perda da consciência [6,8]. Tal problema, associado por vezes ao pé diabético, passa a ser um fator comprometedor do equilíbrio e ortostatia. Como conseqüência, observa-se na história do paciente o relato de quedas, que comprometem ainda mais o quadro geral do paciente, já que, além das complicações típicas do período de imobilização e artigo 04.pmd 58 consolidação das fraturas, a cicatrização dos tecidos lesados pode ser problemática. O equilíbrio pode ser definido como a manutenção do corpo, na qual o centro de massa encontra-se dentro de uma base de suporte, sem que existam oscilações significantes, ou seja, nos limites de estabilidade [9], fazendo-se necessária a integridade dos elementos anatômicos e funcionais, o aparelho vestibular, a visão, o nervo vestíbulo-coclear, o sistema nervoso central, o sistema proprioceptivo e o aparelho locomotor [10,11,12,13], responsáveis por sua manutenção. Assim, qualquer alteração funcional, anatômica ou ambas, que se processe em qualquer dos elementos do tripé do equilíbrio, provocará a perda da estabilidade e, então, a perturbação do equilíbrio [8]. Embora indispensável para realização de atividades funcionais da vida diária, a observação e quantificação da manutenção do equilíbrio estático na prática clínica, está muitas vezes na dependência da experiência do avaliador e são descritas em termos que propiciam pouca confiabilidade na comparação entre diferentes trabalhos ou de medidas pré e pós-intervenção [14]. Muitos sãos os autores que apregoam o uso do teste de Romberg para avaliar o equilíbrio por sua simplicidade e praticidade, sendo freqüentemente utilizado na clínica fisioterapêutica. O teste de Romberg consiste na observação das oscilações, que ocorrem látero-lateral e anteroposteriormente, quando o indivíduo é solicitado a permanecer em posição ortostática com os pés unidos e paralelos, por um período de dois minutos [15,16,17,18]. O teste permite ainda algumas variações, tais como promover estímulos ou associar determinados movimentos como, por exemplo, ser realizado com os olhos fechados ou em apoio unipodal. A fotogrametria computadorizada, aqui denominada biofotogrametria, desenvolveu-se pela aplicação dos princípios fotogramétricos, restituição e fotointerpretação, 28/02/03, 18:05 Baraúna MA et al / Diabetes Clínica 01 (2003) 57~62 às imagens fotográficas ou obtidas por câmeras filmadoras para o registro de situações dinâmicas, sendo aplicada como uma nova ferramenta no estudo da cinemática e postura. A incorporação das análises computadorizadas aos registros tornou-se fundamental para o desenvolvimento e validação da técnica na avaliação sistemática de posturas estáticas e dinâmicas, mostrando-se um confiável método qualitativo e oferecendo resultados otimistas para substituição de métodos subjetivos na avaliação do equilíbrio, como na quantificação das oscilações durante o teste de Romberg e da simetrografia para postura [14]. O presente trabalho teve por objetivo avaliar a direção e quantificar as oscilações ântero-posteriores, através da biofotogrametria, do equilíbrio estático de pacientes diabéticos portadores de neuropatia autonômica submetidos ao teste de Romberg. 59 Instrumentação Para esta pesquisa foram necessários os seguintes instrumentos: cadeira de encosto a 90º, demarcadores de solo, fio de prumo, fita de cabeça confeccionada em PVC, com peso de 12 gramas, filmadora JVC modelo GR – AX71OU, Compact VHS, um tripé marca Vanguard modelo VT-214B, um vídeocassete marca Sony modelo SIV 700 HF, dotado de seis cabeçotes e resgate de 25 frames por segundo, um computador, Pentium 133, uma televisão multisystem, marca Nikkai de 20 polegadas, um fio de prumo marca Chalimex, um nível marca Erbon ref. 416 de 200 mm, um cronômetro Cronograph, 3 fitas de vídeo cassete marca JVC VHS C, 1 adaptador de fitas cassete do tipo VHS C marca JVC, 8 caixas de disquete marca Niponic 2hd de 3.5 pol, uma placa de RTV Pixelview, tendo sido utilizados os programas de computador ALCImage 2.2. Material e método Procedimento Voluntários A amostra estudada foi composta por 3 grupos de 25 indivíduos, sendo 21 do sexo feminino e 4 do sexo masculino, com idade média de 54 anos (± 13 anos). Os voluntários foram pareados por idade, peso e altura. O grupo cognominado de A foi composto por portadores de diabetes mellitus, o grupo B por portadores de neuropatia autonômica decorrente de diabetes, e o grupo C, ou controle, de não portadores de diabetes. Inicialmente foi avaliado o grupo A, já que o pareamento partiu deste grupo. Os pacientes diabéticos tiveram o diagnóstico de diabetes e neuropatia autonômica confirmados por um grupo especializado do corpo clínico do Hospital Escola da Faculdade de Medicina do Triângulo, local onde a pesquisa foi realizada. Assim, foram excluídos pacientes que poderiam ter problemas que interferissem no equilíbrio, tais como; parestesias de MMII, tonturas, vertigens, desmaios, cefaléias, assimetrias de MMII, alterações do aparelho ocular como refrações, nistágmos, cegueira, bem como problemas auditivos, de ordem vestibular e cerebelar. Pacientes que faziam uso de medicamentos com agentes agonistas dopaminérgicos e adrenérgicos tiveram atenção especial e, para participarem da pesquisa, tiveram a medicação suspensa por pelo menos 18 horas antes dos testes. Também os que relataram uso de drogas e bebidas alcoólicas só participaram da pesquisa após avaliação médica e abstenção de pelo menos 18 horas. Os indivíduos foram filmados no Laboratório de Cinesiologia do Centro de Reabilitação da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, Uberaba, Minas Gerais, após a assinatura do termo de consentimento formal, aprovado pelo comitê de ética da citada instituição. artigo 04.pmd 59 A fim de servir como referencial para as medidas angulares, calculadas pelo programa ALCImage, um aro de circunferência ajustável foi fixado a cabeça do voluntário, logo acima do supercílio e posicionado de forma que sua antena ficasse perpendicular ao seu pavilhão auditivo esquerdo. Um fio de prumo fixo ao teto foi alinhado com o pavilhão auditivo direito, à distância de 10 centímetros do voluntário, conforme protocolo de Presumido & Baraúna [19]. O pavilhão auditivo foi escolhido, pois em posição estática o centro de gravidade, no plano sagital, situa-se neste ponto. Os instrumentos de coleta de imagens foram nivelados, aprumados e posicionados lateralmente aos voluntários. As imagens foram resgatadas pela filmadora, fixa em tripé, situada a uma distância de 70 centímetros do fio de prumo do voluntário, a uma altura de 1,38m. Os voluntários partiram para a posição ortostática, sentado em uma cadeira desprovida de braços, devidamente nivelada com encosto em 90º. Os pés permaneceram descalços e todos os voluntários foram igualmente posicionados, utilizando uma marcação no solo. O comando verbal instruiu o voluntário a levantarse e, a seguir, fechar os olhos, permanecendo, assim, por um período de 1 minuto e 30 segundos. Foram realizadas tomadas de imagens nos primeiros e últimos 30 segundos. As imagens gravadas foram armazenadas em fitas VHS para posterior análise. Análise dos dados As imagens obtidas dos três grupos de estudo foram digitalizadas das fitas VHS para o computador e submetidas a um processo de validação, realizado por um júri formado por 3 fisioterapêutas, experientes e 28/02/03, 18:05 60 Baraúna MA et al / Diabetes Clínica 01 (2003) 57~62 minuto e trinta segundos da permanência em posição ortostática. Os valores da moda de valores angulares dos deslocamentos anteriores e posteriores, no intervalo dos 30 segundos iniciais dos registros (tabela II), revelaram a tendência de poucos deslocamentos anteriores (n=5) e posteriores (n=17) no grupo A (diabéticos neuropatas autonômicos). Embora em um número menor, esta tendência manteve-se no segundo intervalo de registro estudado (tabela II), sendo que 4 voluntários não apresentaram deslocamentos anteriores e 12 não apresentaram deslocamentos posteriores. No grupo B (diabéticos sem complicações) os valores da moda indicam 2 voluntários que não oscilaram anteriormente e 14 não oscilaram posteriormente, nos 30 segundos iniciais (tabela I) de registro da postura ortostática. A partir do primeiro minuto de registro (tabela II), 2 voluntários também não oscilaram anteriormente, enquanto 20 não oscilaram posteriormente. No grupo C (controle), os valores da moda indicaram a ausência de oscilações em 4 voluntários para a direção anterior e em 12 voluntários para direção posterior. No segundo intervalo de análise, não oscilaram anteriormente 6 voluntários, enquanto 12 não oscilaram posteriormente. Resultados Convém ressaltar que, em nenhum dos grupos estudados, encontrou-se qualquer voluntário que A tabela I apresenta os resultados referentes aos apresentasse ausência de oscilações, em ambas as valores angulares de oscilações anteriores e posteriores direções, para um mesmo registro de imagens. dos grupos A, B, e C, nos 30 segundos iniciais do registro. Nenhuma diferença estatisticamente significativa foi A tabela II apresenta os resultados referentes aos constatada pelo teste de Wilcoxon, quando comparados valores angulares de oscilações anteriores e posteriores, os valores angulares de oscilações anteriores e dos grupos A, B, e C, registradas de um minuto a um posteriores, nos dois intervalos de tempo estudados. Tabela I – Valores médios, medianos, moda e desvios-padrões dos ângulos de oscilações anteriores e posteriores no tempo de registro de 0 a 30 segundos. GRUPO A – diabéticos Quando foram comparadas as com neuropatia autonômica; GRUPO B – diabéticos não neuropatas, GRUPO C – controle. oscilações anteriores e posteriores, “ant.” para deslocamentos anteriores e “pos.” para deslocamentos posteriores. para os dois intervalos de tempo, nos GRUPO A GRUPO B GRUPO C três grupos, os maiores valores de 30" ant. 30"pos 30"ant. 30"pos. 30"ant. 30"pos. oscilação angular foram no sentido anterior (p < 0,05). Média 10,76 2,85 7,94 2,39 5,97 2,69 As comparações entre os grupos Mediana 10,70 0,00 6,70 0,00 6,20 1,90 indicaram que nenhuma diferença Moda 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 estatisticamente significativa foi DP 7,70 4,74 5,43 3,65 3,80 3,13 observada entre os valores angulares de oscilação em direção posterior nos 30 segundos iniciais do registro da Tabela II – Valores médios, medianos, moda e desvios-padrões dos ângulos de oscilações posição ortostática. Para os 30 anteriores e posteriores nos últimos 30 segundos do registro. GRUPO A – diabéticos com segundos finais, os valores angulares neuropatia autonômica; GRUPO B – diabéticos não neuropatas, GRUPO C – controle. “ant.” para deslocamentos anteriores e “pos.” para deslocamentos posteriores. de oscilação posterior do grupo A, foram significativamente maiores (p GRUPO A GRUPO B GRUPO C < 0,05) que a do grupo B, mas não 1’ ant. 1’ pos 1’ ant. 1’ pos. 1’ ant. 1’ pos. foram diferentes daqueles valores Média 10,86 4,95 7,56 1,40 5,48 2,76 encontrados para o grupo C (controle). Mediana 11,00 3,30 6,80 0,00 5,20 3,30 Para os deslocamentos anteriores, nos Moda 0,00 0,00 6,20 0,00 0,00 0,00 dois intervalos de tempo estudados, os valores angulares das oscilações do DP 7,06 5,90 5,90 3,48 3,89 2,93 treinados no uso do programa de análise. Este júri identificou os ângulos de oscilações em direção anterior e posterior de maio valor, e obteve os dados referentes ao número de oscilações anteriores e posteriores que cada um dos voluntários, nos dois intervalos de tempo estudados. Os ângulos de oscilações foram determinados por 3 pontos, sendo 2 situados sobre o fio de prumo; o primeiro marcado na extremidade superior do pavilhão auditivo e, o segundo, na altura correspondente a extremidade da antena na posição de partida. O terceiro ponto foi marcado exatamente sobre a extremidade da antena na posição final da oscilação. Assim, foram traçadas duas retas com intersecção sobre o ponto referente à extremidade superior do pavilhão auditivo e o ângulo de oscilação determinado por esta intersecção. Os valores angulares de deslocamento e o número de oscilações foram comparados entre os grupos de estudo, nos dois intervalos de tempo estudados, e seus valores médios foram submetidos ao teste estatístico não paramétrico de Wilcoxon com nível de significância de 5%. artigo 04.pmd 60 28/02/03, 18:05 Baraúna MA et al / Diabetes Clínica 01 (2003) 57~62 grupo A foram significativamente maiores do que aqueles do grupo C, enquanto que nenhuma diferença estatisticamente significativa foi encontrada com relação aos grupos A e B e, C e B. Discussão A análise dos dados obtidos no presente estudo indica que todos os grupos estudados apresentaram uma maior angulação de oscilações na direção anterior que na posterior, e que pacientes diabéticos que apresentam ou não a neuropatia periférica como complicação secundária a esta patologia, têm um maior valor angular de oscilação anterior que o grupo controle. A maior oscilação em direção anterior já foi anteriormente relatada como uma tendência observada no estudo biofotogramétrico conduzido por Presumido & Baraúna [19] em mulheres normais, e que no presente estudo representaram 84% da amostra estudada, justificando o maior deslocamento anterior que posterior nos três grupos estudados. O maior oscilação de pacientes neuropatas em relação a voluntários controles, sem história de diabetes, já foi descrita anteriormente [15] em protocolo utilizando o teste de Romberg com olhos abertos e fechados, estabilômetro e uma escala de pontuação para quantificação das oscilações. Os autores relatam, ainda, para estes pacientes, uma maior oscilação quando os olhos estão fechados, confirmando a relação de aferências sensoriais integradas para manutenção do equilíbrio corporal. No entanto, o uso de escalas de pontuação baseadas em observação tem reprodutibilidade, coeficientes de variação intra e inter-observador discutíveis, especialmente, quando o método não é aplicado por experimentadores não treinados. O fato de ser realizada sem um método de registro passível de armazenamento, como a gravação de imagens, também parece ser um fator limitante da técnica. Além disso, esta metodologia de avaliação do equilíbrio, não permite indicar a direção da oscilação e quantifica-la para acompanhamento do paciente, tal como a biotofogrametria computadorizada é capaz de oferecer. Além do maior número de voluntários do sexo feminino na composição da amostra, outro fator a ser considerado, para interpretação dos resultados obtidos neste estudo, foi a faixa etária estudada. É possível que o fator envelhecimento, que envolve diferentes modificações fisiológicas, possa estar relacionado à alteração do equilíbrio destes indivíduos, contribuindo para os achados de oscilações anteriores mais significativas, mesmo no grupo de controle. Entre outros, o exame da integridade do fluxo carotídeo ou doppler, não realizado neste trabalho, são sugeridos como exames complementares, para a melhor caracterização de amostras envolvidas em estudos futuros. artigo 04.pmd 61 61 A não diferença entre os valores angulares das oscilações anteriores e posteriores dos três grupos estudados com relação aos dois períodos de registro, indica que o tempo de registro não refletiu mudanças nas estratégias de manutenção do equilíbrio estático e que, portanto, qualquer um destes intervalos pode ser utilizado para avaliação do desequilíbrio. O registro de maiores oscilações anteriores para os grupos de portadores de diabetes mellitus com e sem neuropatia, indicam uma maior tendência à queda anterior que os voluntários controles. Este achado sugere que o diabetes, mesmo sem complicação neurológica, pode ser um fator desencadeante do desequilíbrio estático, assim como a hipotensão ortostática, provocada pela neuropatia autonômica diabética, pode ser um fator agravante [8]. Dessa forma, estas considerações devem ser lembradas no planejamento do protocolo de reabilitação destes pacientes, quando observadas em exame físico, quer seja para medidas de prevenção as quedas, quer para o cuidado no manejo em ambiente clínico e para orientação domiciliar. É importante ressaltar que o indivíduo diabético apresenta uma maior dificuldade de cicatrização de ferimentos cutâneos em geral, bem como para o reparo das fraturas, sendo esta uma condição indesejável tanto no aspecto pessoal, uma vez que prejudica a funcionalidade e as atividades da vida diária do paciente, quanto no encargo sócioeconômico, que a própria fratura e as potenciais complicações, dela advinda, podem ocasionar. Portanto, a determinação precoce dos desequilíbrios estáticos de portadores de diabetes mellitus, com neuropatia associada ou não, parece ser a forma de identificar quais pacientes necessitaram de uma atenção fisioterápica preventiva, evitando-se o agravamento das complicações funcionais deste grupo. O uso da biofotogrametria, como ferramenta de avaliação quantificada do equilíbrio corporal, parece ser apropriado para avaliação clínica e para ampliar as pesquisas relativas aos desequilíbrios de pacientes diabéticos, buscando, também, associar o registro tridimensional para o estudo simultâneo do descolamento látero-lateral. Conclusão Nestas condições experimentais, os resultados deste estudo indicam que pacientes diabéticos neuropatas, durante o teste de Romberg, têm maior valor angular de oscilação anterior que o grupo controle, e que nenhuma diferença estatisticamente significativa foi encontrada para os valores de oscilação anterior entre os diabéticos com e sem neuropatia. Mais estudos, utilizando avaliação quantificada do equilíbrio postural, devem confirmar estes achados e associa-los ao estudo dos deslocamentos látero-laterais. 28/02/03, 18:05 62 Baraúna MA et al / Diabetes Clínica 01 (2003) 57~62 Agradecimentos A equipe do Biolab - Laboratório de Engenharia Biomédica pelo desenvolvimento do software ALCImage 2.2. Referências 1. Guyton AC, Hall JE. Tratado de fisiologia médica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1996. 2. Malerbi DA, Franco LJ. Multicenter study of the prevalece of diabetes mellitus and impaired glucoe tolerance in the urban Brasilian population aged 30-60 yr. Diabetes Care 1992;15(11):1509-16. 3. Pitini V, Arrigo C, Aloi G, Azzarello D, La Gattuta G. Diabetic foot disease in a patient with multiple myeloma receiving thalidomide. Haematologica 2002;87(2):ELT07. 4. Zimny S, Dessel F, Ehren M, Pfohl M, Schatz H. Early detection of microcirculatory impairment in diabetic patients with foot at risk. Diabetes Care 2001;24(10):1810-4. 5. 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As consequências do aumento da glicosilação são manifestadas por alterações na homeostase, na fibrinólise, nas plaquetas e na função endotelial. Produtos finais da glicosilação avançada (AGEs), têm um importante papel nas complicações vasculares do diabetes. Palavras-chave: Hiperglicemia, glicosilação avançada. Abstract There are several mechanisms by the which ones the hyperglycemia causes alterations in the cells of the organism. We highlight the way of polyols and not enzymatic glycosylation of proteins, which are of great importance. The results of glycosylation increase are manifested by alterations in homeostasis, in fibrinolysis, platelets and function endotelial. Final products of advanced glycosylation (AGEs) have an important paper in the diabetic vascular complications. Key-words: Hyperglycemia, advanced glycosylation end products. Artigo recebido em 15 de novembro de 2002; aprovado em 15 de janeiro de 2003. Endereço para correspondência: Dr. Arual Augusto Costa, Rua Guapiaçu, 201/41, 04024-020 São Paulo SO, Tel: (11) 42245799, E-mail: [email protected] artigo 05.pmd 63 28/02/03, 18:05 64 Costa AA et al / Diabetes Clínica 01 (2003) 63~69 Introdução Nos últimos anos, têm-se relacionado a hiperglicemia (aumento de glicose no sangue) à ocorrência de complicações crônicas em pacientes diabéticos. A redução dos níveis glicêmicos pré e pós-prandiais para o mais próximo da normalidade, tem sido o objeto de muitos programas de tratamento e educação em diabetes. A participação do médico e da equipe multidisciplinar é fundamental para despertar o interesse do paciente na execução dos programas de redução da hiperglicemia. A hiperglicemia, mesmo a que ocorre só no período pós-prandial (após as refeições) - intolerância aos hidratos de carbono -, é deletéria, tóxica para diversos orgãos do organismo, pois a glicose, quando aumentada, age alterando funções e estruturas de vários órgãos, traduzindo-se como verdadeiro tóxico - daí o nome de glicotoxicidade. No pâncreas, dependendo da duração, a hiperglicemia é capaz de reduzir a produção de insulina e, na periferia, tornar os receptores de insulina ineficientes, causando resistência periférica à insulina. Diagnóstico de diabetes segundo a ADA (American Diabetes Association) normal: até 110 mg/dl Glicemia em jejum Glicemia de jejum alterada de 110 a 125 mg/dl (2 exames em dias diferentes). Diabetes > que 126 mg/dl (2 exames em dias diferentes). Valores glicêmicos de 2 horas após a ingestão de 75g de glicose (ou 1,75 g de glicose/kg de peso) - OGTT oral Não diabéticos até 140 mg/dl Intolerância à glicose oral 140 a 200 mg/dl Diabetes mellitus > 200 mg/dl Critérios empregados atualmente no controle glicêmico de portadores de diabetes em tratamento Horários dos exames Valores da glicemia em mg/dl Em jejum até 110 2 horas após alimentação até 140 Hemoglobina glicada, glicohemoglobina, hemoglobina glicosilada ou HbA1c Normalmente, os acúcares redutores, como a glicose, reagem reversivelmente por via não enzimática com grupos amino (NH2) livres, principalmente de lisina e artigo 05.pmd 64 valina de inúmeras proteínas, formando uma aldimina instável (base de Schiff). Uma parte da aldimina, através de rearranjo intramolecular, se transforma em composto mais estável (cetoamina, frutosamina ou composto de Amadori). A conversão da cetoamina em produtos finais de glicação avançada - AGEs (Advanced Glycosylation End Products), ocorre mais em proteínas estruturais de vida média longa (colágeno, miosina, actina, mielina, elastina), modificando-as fisicamente (pontes intercatenárias e estrutura espacial) e consequente ação biológica. Em ambiente com alta concentração de glicose - hiperglicemia - este processo é magnificado, aumentando os AGEs. Uma elevação transitória da glicemia pode causar a formação de grande quantidade de aldimina. No entanto, esta reação é reversível se a glicose retornar a níveis normais. Persistindo a hiperglicemia, por acão de massa, forma mais cetoamina. A glicose poderá ficar, assim, permanentemente ligada até que a proteína seja metabolizada ou excretada. Esta sequência é importante para interpretar e entender os valores obtidos das proteínas glicadas. A glicose combina-se também com a hemoglobina, além de inúmeras proteínas, formando a hemoglobina glicada. A hemoglobina dos novos eritrócitos que entram em circulação, não está ligada à glicose. No entanto, os eritrócitos são permeáveis a glicose. Assim, a glicose pode permanecer ligada, irreversivelmente, a hemoglobina durante toda vida dos eritrócitos. E a percentagem de hemoglobina ligada depende nos níveis de glicemia. Vários milhões de eritrócitos são destruidos e formados diariamente. Em decorrência, a quantidade de hemoglobina glicada é dinâmica e reflete a concentração média da glicemia, na qual os eritrócitos foram expostos durante sua permanência no sangue. Expressa dessa forma o grau de controle de um período de tempo (últimas 6 a 8 semanas) e não somente um determinado momento, como a glicemia. Valores da hemoglobina glicada normais não excluem portadores de intolerância a glicose oral ou de diabetes. Apesar disso, alguns autores têm sugerido a utilização da hemoglobina glicada, em substituição à curva glicêmica para diagnóstico de diabetes ou, mesmo, para detectar precocemente aqueles com picos pós-prandiais, como estratégia de prevenção de coronariopatia, na população de risco. Vários métodos são empregados para a determinação de hemoglobina glicada com respectivos valores referênciais. Recomenda-se para seguimento, utilizar-se sempre o mesmo laboratório, para que se possa comparar com o exame anterior. A hemoglobina glicada é expressa em percentual da hemoglobina total. Quanto menor for o número obtido, melhor será o controle, com menos glicotoxicidade e, 28/02/03, 18:05 65 Costa AA et al / Diabetes Clínica 01 (2003) 63~69 β-NH2 + HC=O CH(OH)4 → HC=NH-β ← rápido CH2OH CH(OH)4 → H2C=NH-β ← lento → AGEs C=O CH2OH CH(OH)3 produtos finais de glicação CH2OH avançada Base de Schiff Composto de Amadori Aldimina Cetoamina ou Frutosamina HbA + → Glicose Pré - HbA1c portanto, reduzindo as complicações crônicas. Do ponto de vista prático, independentemente do método utilizado, as variações dos valores obtidos e os respectivos graus de controle podem, assim, serem resumidas: Aumento aproximado da hemoglobina glicada, além do valor superior normal do método Correspondente aumento médio das glicemias, além dos limites aceitáveis de bom controle Critério de controle mais 1% 25 a 35 mg aceitável mais 3% média das glicemias acima de 200 mg/dl mau → HbA1c - Glicemias normais em jejum e valores elevados de hemoglobina glicada, fazem supor que possam estar ocorrendo grandes elevações da glicemia entre as refeições; - Recomenda-se, até que outras informações surjam, que no diabetes tipo 2, principalmente naqueles que apresentam doença cardiovascular, a hemoglobina glicada não ultrapasse mais de 2% do limite superior da normalidade do método; - Resultados falsamente altos são encontrados em portadores de anemia (por deficiência de ferro, vitamina B12 ou acido fólico) não tratados, nas hemoglobinopatias (hemoglobinas S e F) e na fase terminal da insuficiência renal; - Resultados falsamente baixos são encontrados na hemólise, durante o tratamento das anemias (acima descritas) e nas hemorragias crônicas. Frutosamina e o controle do diabetes Frequência recomendada na determinação da hemoglobina glicada - A cada 3 meses, até que o controle aceitável tenha sido alcançado; - Posteriormente, 2 vezes por ano; - Nos bem controlados, 1 vez por ano. Gostaríamos de salientar, que a determinação da hemoglobina glicada não exclui o controle de glicemia e/ou glicosúria. Hiperglicemias mantidas podem alterar a hemoglobina glicada em menor tempo (3 a 4 semanas). Observações - Os valores de hemoglobina glicada não permitem informar quantas vezes, em determinado período de tempo, ocorreu hipoglicemia ou hiperglicemia; artigo 05.pmd 65 Muitas proteínas, além da hemoglobina, também apresentam glicação não enzimática, cujos níveis podem estimar o controle glicêmico. Estas cetoaminas são denominadas de frutosaminas. Apresentam boa correlação com a hemoglobina glicada. Em virtude da albumina se renovar a cada 28 dias, a correspondente frutosamina reflete as variações glicêmicas nos 7 a 14 dias que antecederam o exame. Resultados falsamente altos ou baixos são encontrados na enteropatia, síndrome nefrótica e outras patologias que afetam o metabolismo da albumina. Apesar de se utilizar métodos mais simples e precisos que os da hemoglobina glicada, a frutosamina é pouco prática por expressar variações glicêmicas de curto prazo. No entanto, na gravidez e em outras condições clínicas sua indicação é prioritária. 28/02/03, 18:05 66 Costa AA et al / Diabetes Clínica 01 (2003) 63~69 Algumas estratégias para se conseguir bom controle glicêmico e menos glicotoxicidade Muitos estudos populacionais têm sido feitos com objetivo de demostrar a correlação entre hiperglicemia e glicotoxicidade. A Investigação Sobre Controle e Complicações do Diabetes - DCCT (Diabetes Control and Complications Trial Research Group), feito durante 10 anos nos EUA e Canadá em diabéticos tipo 1, utilizando-se 3 a 4 aplicações de insulina e múltiplas medidas de glicemias diárias, objetivando manter a glicemia como a de indivíduos não diabéticos, apresentou os resultados abaixo e demonstrou a nítida relação da redução dos níveis glicêmicos, glicotoxicidade e complicações crônicas. Retinopatia Redução de 76% do risco médio de aparecimento Redução de 54% do risco médio de progressão Nefropatia Retardo de 20% no aparecimento Retardo de 40% na progressão Neuropatia Redução de 55% na incidência de neuropatia periférica Redução de 50% na incidência de neuropatia autonômica Aparelho Redução de 79% de problemas cardíacos circulatório Redução de 25% de doenças vasculares periféricas tipo 2, no entanto, a nefropatia é menos comum. Clinicamente, a microalbuminúria é o achado mais precoce. - Valores normais até 20 mg/dia; - Microalbuminúria de 30 a 300 mg/dia; - Proteinúria estabelecida acima de 300mg/dia. A hiperglicemia pode causar alterações estruturais e bioquímicas na membrana basal glomerular. As alterações histológicas encontradas nos glomérulos são: expansão mesangial, espessamento da membrana basal e esclerose glomerular. Esta última, quando com aspecto nodular (lesão de Kimmelstiel Wilson), está geralmente associada à depósitos hialinos nas arteríolas glomerulares. A expansão mesangial é induzida pela hiperglicemia, provavelmente por aumento de produção de matriz extracelular ou glicação de matriz protêica. A glicação também causa espessamento da membrana glomerular e contribui no desenvolvimento da nefropatia (glicotoxicidade). O nível circulante das proteínas glicadas está aumentado nos diabéticos, principalmente naqueles com insuficiência renal, por serem essas proteínas normalmente excretadas pelo rim. Redução de 45% de outros problemas vasculares Condições que contribuem no acometimento renal Conclusão: demonstrou-se que, com o tratamento intensivo nesse grupo, pode-se prevenir o aparecimento de complicações crônicas, assim como retardar o desenvolvimento das complicações preexistentes. Alterações decorrentes da hiperglicemia e glicotoxicidade Não é demais reafirmar que os produtos finais irreversíveis da glicosilação avançada (AGEs), são formados a partir da exposição prolongada de proteínas à hiperglicemia. Esses produtos alteram a matriz extracelular (estrutura e função), aumentam os níveis de mensageiro intracelular (proliferação mesangial), alteram o calibre dos vasos (vasoconstrição e trombose), aumentam radicais livres (estresse oxidante), alteram as proteinas intra-celulares, etc. Resumidamente citaremos os efeitos da glicotoxicidade em alguns setores: Efeitos nos rins A nefropatia diabética pode ocorrer no diabetes tipo 1 e no tipo 2. Cerca de 40% dos diabéticos tipo 1, com mais de 20 anos de duração da doença, são acometidos. Estudos recentes (vide DCCT), demonstraram a redução da nefropatia com melhor controle glicêmico. Nos diabéticos artigo 05.pmd 66 - Mau controle glicêmico; - Fatores genéticos; - Anormalidades hemodinâmicas (aumento do fluxo renal, aumento da filtração glomerular e da pressão intraglomerular), que podem estar relacionadas ao aumento de sorbitol, produtos de AGEs, aumento de IGF-1, aumento da reabsorção tubular de sódio, etc; - Excesso de ingestão de proteínas (aumentam o fluxo renal); - Hipertensão arterial; - Raça negra (3 a 6 vezes mais que na caucasiana); - Liberação local de fatores de crescimento (por ex: TGF-b). Efeitos no sistema vascular Diabetes tipo 1 Como já foi demonstrado pelo DCCT, existe uma correlação entre controle glicêmico e progressão de complicações microvasculares (retinopatia, nefropatia e neuropatia). A patogenia da hiperglicemia nas doenças vasculares não está completamente esclarecida. No entanto, dois fatores podem estar contribuindo: os produtos finais de glicação avançada (AGEs) e sorbitol. Além desses, cita-se a proteina C 28/02/03, 18:05 67 Costa AA et al / Diabetes Clínica 01 (2003) 63~69 quinase e outros fatores, também, como contribuintes da microvasculopatia. A hiperglicemia crônica produzindo a glicação das proteínas e formação de AGEs • Causam diversas alterações estruturais e funcionais da matriz extracelular; • Altera as propriedades funcionais do colágeno, através da interrupção da montagem e do espaçamento molecular; • Induz à ligação covalente das proteínas plasmáticas solúveis (lipoproteínas de baixa densidade e IgG) ao colágeno; • Altera endotélio, membrana basal e adesividade plaquetária, podendo promover a oclusão dos vasos; • Aumenta a permeabilidade vascular e estimula a proliferação de mononucleares (relacionados a fagocitose de LDL-glicadas); • Através da modificação da lipoproteina de baixa densidade - LDL, pode contribuir na sua elevação, por dificultar a recaptação pelos receptores específicos. Efeitos na lípidemia O nível de LDL eleva-se pouco ou não se altera no diabetes, embora haja razões para a sua elevação. A glicação das LDL ( LDL-glicadas), altera a conformação dessas lipoproteínas e reduz o catabolismo dessas partículas, por bloqueio de seu reconhecimento pelos receptores hepáticos de alta afinidade (receptores B-E). Por outro lado, a formação de produtos avançados de glicação (AGEs) no tecido conjuntivo, desviam as LDL glicadas para o sistema macrofágico da íntima, participando, assim, diretamente no desenvolvimento de aterosclerose. A insulinoterapia diminui o nível plasmático de LDL, acelerando seu catabolismo. A American Diabetes Association (ADA) recomenda a determinação do perfil lipídico anual em adultos (diabetes tipo 2) e bianual em crianças (diabetes tipo 1). Valores referenciais da lipidemia em mg/dl - ADA Aceitáveis A hiperglicemia crônica e sorbitol O acúmulo de sorbitol na patogênese da microvasculopatia é incerto. Parte da glicose que entra na célula é metabolizada para sorbitol, via aldose redutase. Este processo é mais intenso na hiperglicemia crônica. O acúmulo de sorbitol intracelular aumenta a osmolaridade, diminui o mioinositol e altera o metabolismo celular. Diabetes tipo 2 No diabetes tipo 2, ainda não se demonstrou a relação do controle glicêmico estrito e os benefícios na prevenção ou retardo do aparecimento das complicações crônicas, como foi demonstrado no diabetes tipo 1 pelo DCCT. No entanto, dados epidemiológicos sugerem que a doença microvascular se correlaciona com níveis de glicemia em jejum superiores a 140 mg% e a doença macro vascular, quando a glicemia em jejum for superior a 110 mg%. A resistência periférica à insulina, frequente no diabetes tipo 2, pode dificultar um bom controle glicêmico e contribuir para a glicotoxicidade vascular. Um estudo prospectivo na Finlândia, mostrou que níveis elevados de hemoglobina glicada, foi um fator relevante em pacientes com diabetes tipo 2, que morreram de doença cardiovascular, principalmente mulheres. A doença cardiovascular em diabéticos também está associada a outros fatores de risco cardíaco tais como: hipertensão arterial, tabagismo, idade, hipercolesterolemia, síndrome plurimetabólico, etc. artigo 05.pmd 67 Colesterol total Triglicérides LDL c HDL c homens Até 200 Até 150 Até 100 > 45 HDL c mulheres > 60 Os diabéticos com manifestações clínicas de doenças macrovasculares, deverão ser tratados rigorosamente e com monitorização mais freqüente quando: - Triglicérides ³ a 150mg/dl; - LDL-C > 100 mg/dl; - HDL-C < 45 mg/dl em homens e < 55 mg/dl em mulheres. Efeitos nos olhos A retinopatia incide em ambos tipos de diabetes, porém é mais freqüente e severa no tipo 1. Tempo de doença % de pacientes acometidos tipo 1 5 anos 23% 10 anos 60% 15 anos 80% A cegueira é 25 vezes mais freqüente na população diabética do que em não diabéticos. A hiperglicemia crônica é a causa primária da retinopatia. Apesar de não se conhecer perfeitamente a patogenia, admite-se que a diminuição da auto-regulação do fluxo sanguíneo da retina, o aumento do sorbitol e o acúmulo dos produtos finais da glicação avançada (AGEs) no fluido extracelular, participem dessa patologia. 28/02/03, 18:05 68 Costa AA et al / Diabetes Clínica 01 (2003) 63~69 Os AGEs, como já exposto, precipitam o aparecimento das complicações microvasculares. Em resumo, as alterações patológicas levam ao estreitamento de capilares e arteríolas, aumento da permeabilidade capilar e arteriolar com extravasamento de plasma e células sanguíneas, proliferação de novos vasos e tecido fibroso, formação de microaneurismas, contração do humor vítreo e descolamento de retina. O acúmulo de sorbitol nas células do cristalino, provocam aumento da osmolaridade intracelular, aumento de líquido e edema. A diminuição do mioinositol intracelular altera o metabolismo da célula. O acúmulo de sorbitol parece importante na formação de catarata. Em virtude da freqüente coexistência de retinopatia e nefropatia diabética, independentemente do nível hiperglicêmico e da duração de diabetes, sugere-se uma mesma patogenia para ambas enfermidades. Efeitos nos nervos A neuropatia é a complicação mais freqüente e precoce. Estima-se que, 50% dos diabéticos são ou serão acometidos. A prevalência é semelhante nos dois tipos de diabetes. A neuropatia pode ser classificada em: Periféricas mononeuropatia focal, polineuropatia periférica, mononeuropatia multifocal radicular, mononeuropatia multifocal multiplexos, plexopatias (amiotrofia diabética); Autonômicas cardiovasculares, gastrointestinais, genitourinárias e sudomotoras. A forma mais comum é a polineuropatia periférica (simétrica distal). Apesar da patogenia não ser completamente conhecida, fatores metabólicos e isquêmicos estão envolvidos. Entre os fatores metabólicos, destaca-se o acúmulo intracelular do sorbitol e os produtos finais da glicação avançada (AGEs). A isquemia dos nervos foi comprovada anatomopatologicamente pelo encontro de espessamento das paredes e oclusão dos vasos endoneurais. Os efeitos cumulativos (metabólico + isquêmico) causam diminuição na condução nervosa e no transporte axonal. Nas alterações histopatológicas dos nervos periféricos, observa-se degeneração axonal e desmielinização segmentar. Estratégias de redução da hiperglicemia e glicotoxicidade A despeito dos dados extensivos sugerindo os benefícios das múltiplas estratégias preventivas, a maioria dos pacientes diabéticos não tem recebido cuidados preventivos e programas de manutenção da saúde. Há diversas razões para a grande discrepância entre o que deveria ser feito e o que é feito. Por outro lado, a grande maioria dos diabéticos, são atendidos por clínicos, muitas vezes não familiarizados com todas essa informações. É oportuno transcrever algumas informações a respeito destas estratégias: Alimentação 1. Evitar a ingestão de açúcar; 2. Estimular a ingestão de adoçantes artificiais; 3. Estimular o fracionamento alimentar, isto é, comer 5 a 6 vezes por dia e pouco por vez; 4. Estimular o uso de fibras alimentares e carboidratos complexos; 5. Restringir a gordura animal. Exercícios 1. Estimular a prática de exercícios de acordo com a faixa etária e possibilidades clinicas. A caminhada tem um destaque especial. Também poderão se indicados, subir escadas, nadar, correr, pedalar, etc; 2. O exercício deve fazer parte integrante do programa de vida no paciente diabético; 3. Alguns efeitos benéficos: diminuem a resistência periférica à insulina, reduzem a glicemia, a hiperinsulinemia, o colesterol e a pressão arterial, além de melhorar a circulação periférica. Medicamentos O uso de medicamentos iniciais em diabéticos tipo 2, objetivam a redução da hiperglicemia.O conhecimento dos mecanismos de ação dos medicamentos e efeitos colaterais, serão necessários para adequá-los às necessidades de determinado paciente. As modificações das doses dos medicamentos deverão ser feitas gradualmente e apoiadas na automonitorização e na hemoglobina glicada. Objetiva-se minorar a glicotoxicidade. Outros efeitos Automonitorização domiciliar A hiperglicemia e glicotoxicidade também alteram o tecido ósseo, ligamentos, musculatura estriada, coagulação e fibrinólise do sangue, adesividade plaquetária, função dos leucócitos e macrófagos, musculatura lisa, geração de radicais livres, entre outros. artigo 05.pmd 68 Tem como objetivo a adequação da alimentação, dos exercícios e dos medicamentos para determinada ocasião ou situação. Expostos de uma maneira suscinta, esses conhecimentos poderão despertar o interesse dos profissionais de saúde 28/02/03, 18:05 Costa AA et al / Diabetes Clínica 01 (2003) 63~69 para a luta incansável contra a glicotoxicidade, a redução das complicações crônicas e uma melhor qualidade de vida para os portadores de diabetes. Bibliografia 1. Costa AA, Almeida NJS. Manual de diabetes. 3 a ed. São Paulo;1998. 2. Uptodate in endocrinology and diabetes. Endocrine Society 1988;6(2). 3. SBD. Consenso brasileiro de conceitos e condutas para o diabetes mellitus. São Paulo;1997. artigo 05.pmd 69 69 4. Lea & Febiger. Joslin’s diabetes mellitus. EUA;1985. 5. Rull JA. Diabetes mellitus - Complicaciones crónicas. Buenos Aires:Interamericana;1992. 6. Eder Quintão. Colesterol e aterosclerose. São Paulo: Qualitymark;1992. 7. Giannini SD. Aterosclerose, dislipidemias. São Paulo: BG Cultural;1998. 8. American Diabetes Association. Consensus Statement. Diabetes Care 1993;16:106-112. 9. UKPDS Group. (United Kingdom Prospective Diabetes Study). Lancet 1998;352:837-65. 10. UKPDS 38. Tight blood pressure control and risk of macrovascular and microvascular complications in type 2 diabetes BMJ 1998;317:703-713. 11. SBD. Consenso da Sociedade Brasileira de Diabetes. Arq Brás Endocrinol Metabol 2000;44:528-535. 28/02/03, 18:05 Normas de publicação Diabetes Clínica 70 A revista Diabetes Clínica é uma publicação com periodicidade bimestral e está aberta para a publicação e divulgação de artigos científicos das áreas relacionadas ao Diabetes e patologias associadas. Os artigos publicados em Diabetes Clínica poderão também ser publicados na versão eletrônica da revista (Internet) assim como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros que surjam no futuro, sendo que pela publicação na revista os autores já aceitem estas condições. A revista Diabetes Clínica assume o “estilo Vancouver” (Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical journals, N Engl J Med. 1997; 336(4): 309-315) preconizado pelo Comitê Internacional de Diretores de Revistas Médicas, com as especificações que são resumidas a seguir. Ver o texto completo em inglês desses Requisitos Uniformes no site do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), www.icmje.org, na versão atualizada de outubro de 2001. Os autores que desejarem colaborar em alguma das seções da revista podem enviar sua contribuição (em arquivo eletrônico/e-mail) para nossa redação, sendo que fica entendido que isto não implica na aceitação do mesmo, que será notificado ao autor. O Comitê Editorial poderá devolver, sugerir trocas ou retorno de acordo com a circunstância, realizar modificações nos textos recebidos; neste último caso não se alterará o conteúdo científico, limitando-se unicamente ao estilo literário. 1. Editorial Trabalhos escritos por sugestão do Comitê Científico, ou por um de seus membros. Extensão: Não devem ultrapassar três páginas formato A4 em corpo (tamanho) 12 com a fonte English Times (Times Roman) com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc; a bibliografia não deve conter mais que dez referências. 2. Artigos originais São trabalhos resultantes de pesquisa científica apresentando dados originais de descobertas com relaçaõ a aspectos experimentais ou observacionais, e inclui análise descritiva e/ou inferências de dados próprios. Sua estrutura é a convencional que traz os seguintes itens: Introdução, Métodos, Resultados, Discussão e Conclusão. Texto: Recomendamos que não seja superior a 12 páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. Tabelas: Considerar no máximo seis tabelas, no formato Excel/ Word. Figuras: Considerar no máximo 8 figuras, digitalizadas (formato .tif ou .gif) ou que possam ser editados em Power-Point, Excel, etc. Bibliografia: É aconselhável no máximo 50 referências bibliográficas. Os critérios que valorizarão a aceitação dos trabalhos serão o de rigor metodológico científico, novidade, interesse profissional, concisão da exposição, assim como a qualidade literária do texto. 3. Revisão São trabalhos que versem sobre alguma das áreas relacionadas ao diabetes, que têm por objeto resumir, analisar, avaliar ou sintetizar trabalhos de investigação já publicados em revistas científicas. Quanto aos limites do trabalho, aconselha-se o mesmo dos artigos originais. 4. Atualização ou divulgação São trabalhos que relatam informações geralmente atuais sobre normas e eventos.pmd 70 tema de interesse dos profissionais de diabetes (novas técnicas, legislação, por exemplo) e que têm características distintas de um artigo de revisão. 5. Relato de caso São artigos de representan dados descritivos de um ou mais casos explorando um método ou problema através de exemplo. Apresenta as características do indivíduo estudado, com indicação de sexo, idade e pode ser realizado em humano ou animal. 6. Comunicação breve Esta seção permitirá a publicação de artigos curtos, com maior rapidez. Isto facilita que os autores apresentem observações, resultados iniciais de estudos em curso, e inclusive realizar comentários a trabalhos já editados na revista, com condições de argumentação mais extensa que na seção de cartas do leitor. Texto: Recomendamos que não seja superior a três páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. Tabelas e figuras: No máximo quatro tabelas em Excel e figuras digitalizadas (formato .tif ou .gif) ou que possam ser editados em Power Point, Excel, etc Bibliografia: São aconselháveis no máximo 15 referências bibliográficas. 5. Resumos Nesta seção serão publicados resumos de trabalhos e artigos inéditos ou já publicados em outras revistas, ao cargo do Comitê Científico, inclusive traduções de trabalhos de outros idiomas. 6. Correspondência Esta seção publicará correspondência recebida, sem que necessariamente haja relação com artigos publicados, porém relacionados à linha editorial da revista. Caso estejam relacionados a artigos anteriormente publicados, será enviada ao autor do artigo ou trabalho antes de se publicar a carta. Texto: Com no máximo duas páginas A4, com as especificações anteriores, bibliografia incluída, sem tabelas ou figuras. PREPARAÇÃO DO ORIGINAL 1. Normas gerais 1.1 Os artigos enviados deverão estar digitados em processador de texto (Word, Wordperfect, etc), em página de formato A4, formatado da seguinte maneira: fonte Times Roman (English Times) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc. 1.2 Numere as tabelas em romano, com as legendas para cada tabela junto à mesma. 1.3 Numere as figuras em arábico, e envie de acordo com as especificações anteriores. As imagens devem estar em tons de cinza, jamais coloridas, e com qualidade ótima (qualidade gráfica – 300 dpi). Fotos e desenhos devem estar digitalizados e nos formatos .tif ou .gif. 1.4 As seções dos artigos originais são estas: resumo, introdução, material e métodos, resultados, discussão, conclusão e bibliografia. O autor deve ser o responsável pela tradução do resumo para o inglês e o espanhol e também das palavras-chave (key-words). O envio deve ser efetuado em arquivo, por meio de disquete, zipdrive, CD-ROM ou e-mail. Para os artigos enviados por correio em mídia magnética (disquetes, etc) anexar uma cópia impressa e 28/02/03, 18:05 Normas de publicação Diabetes Clínica identificar com etiqueta no disquete ou CD-ROM o nome do artigo, data e autor, incluir informação dos arquivos, tais como o processador de texto utilizado e outros programas e sistemas. 2. Página de apresentação A primeira página do artigo apresentará as seguintes informações: - Título em português, inglês e espanhol. - Nome completo dos autores, com a qualificação curricular e títulos acadêmicos. - Local de trabalho dos autores. - Autor que se responsabiliza pela correspondência, com o respectivo endereço, telefone e E-mail. - Título abreviado do artigo, com não mais de 40 toques, para paginação. - As fontes de contribuição ao artigo, tais como equipe, aparelhos, etc. 3. Autoria Todas as pessoas consignadas como autores devem ter participado do trabalho o suficiente para assumir a responsabilidade pública do seu conteúdo. O crédito como autor se baseará unicamente nas contribuições essenciais que são: a) a concepção e desenvolvimento, a análise e interpretação dos dados; b) a redação do artigo ou a revisão crítica de uma parte importante de seu conteúdo intelectual; c) a aprovação definitiva da versão que será publicada. Deverão ser cumpridas simultaneamente as condições a), b) e c). A participação exclusivamente na obtenção de recursos ou na coleta de dados não justifica a participação como autor. A supervisão geral do grupo de pesquisa também não é suficiente. 4. Resumo e palavras-chave (Abstract, Key-words) Na segunda página deverá conter um resumo (com no máximo 150 palavras para resumos não estruturados e 200 palavras para os estruturados), seguido da versão em inglês e espanhol. O conteúdo do resumo deve conter as seguintes informações: - Objetivos do estudo. - Procedimentos básicos empregados (amostragem, metodologia, análise). - Descobertas principais do estudo (dados concretos e estatísticos). - Conclusão do estudo, destacando os aspectos de maior novidade. Em seguida os autores deverão indicar quatro palavras-chave para facilitar a indexação do artigo. Para tanto deverão utilizar os termos utilizados na lista dos DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) da Biblioteca Virtual da Saúde, que se encontra no endereço internet seguinte: http://decs.bvs.br. Na medida do possível, é melhor usar os descritores existentes. normas e eventos.pmd 71 71 5. Agradecimentos Os agradecimentos de pessoas, colaboradores, auxílio financeiro e material, incluindo auxílio governamental e/ou de laboratórios farmacêuticos devem ser inseridos no final do artigo, antes as referências, em uma secção especial. 6. Referências As referências bibliográficas devem seguir o estilo Vancouver definido nos Requisitos Uniformes. As referências bibliográficas devem ser numeradas por numerais arábicos entre parênteses e relacionadas em ordem na qual aparecem no texto, seguindo as seguintes normas: Livros - Número de ordem, sobrenome do autor, letras iniciais de seu nome, ponto, título do capítulo, ponto, In: autor do livro (se diferente do capítulo), ponto, título do livro (em grifo - itálico), ponto, local da edição, dois pontos, editora, ponto e vírgula, ano da impressão, ponto, páginas inicial e final, ponto. Exemplo: 1. Phillips SJ. Hypertension and Stroke. In: Laragh JH, editor. Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management. 2nd ed. New-York: Raven press; 1995. p.465-78. Artigos – Número de ordem, sobrenome do(s) autor(es), letras iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto. Título do trabalha, ponto. Título da revista ano de publicação seguido de ponto e vírgula, número do volume seguido de dois pontos, páginas inicial e final, ponto. Não utilizar maiúsculas ou itálicos. Os títulos das revistas são abreviados de acordo com o Index Medicus, na publicação List of Journals Indexed in Index Medicus ou com a lista das revistas nacionais, disponível no site da Biblioteca Virtual de Saúde (www.bireme.br). Devem ser citados todos os autores até 6 autores. Quando mais de 6, colocar a abreviação latina et al. Exemplo: Yamamoto M, Sawaya R, Mohanam S. Expression and localization of urokinase-type plasminogen activator receptor in human gliomas. Cancer Res 1994;54:5016-20. Os artigos, cartas e resumos devem ser enviados para: Jean-Louis Peytavin Atlantica Editora Rua da Lapa, 180/1103 - Lapa 20021-180 Rio de Janeiro RJ Tel: (21) 2221 4164 E-mail: [email protected] 28/02/03, 18:05 72 Calendário de Eventos MARÇO DE 2003 19 a 22 de março PPARs: From basic science to cclinical appplications Firenze, Italiá Tel: +39 02 2900 6267 E-mail: [email protected] ABRIL DE 2003 26 a 30 de abril 6th European Congress of Endocrinology Lyon, França Informações: W.M. Wiersinga Department of Endocrinology & Metabolism Academic Medical Center F5-171 Meibergdreef 9 1105 AZ Amsterdam - The Netherlands Tel.: 31 20 566 6071 / Fax: 31 20 691 7682 [email protected] 17 a 21 de abril Vo Congresso Brasileiro Pediátrico de Endocrinologia e matabologia Vo Cobrapem Mar Hotel, Recife, Pernaambuco Presidente: Profa. Dra. Elcy Falcão Informações: (81) 3423-1300 E-mail: [email protected] 26 a 30 de abril 6th European Congress of Endocrinology Lyon, França Informações: W.M. Wiersinga Department of Endocrinology & Metabolism Academic Medical Center F5-171 Meibergdreef 9 1105 AZ Amsterdam - The Netherlands Tel.: 31 20 566 6071 / Fax: 31 20 691 7682 [email protected] MAIO DE 2003 14 a 18 de maio 12th annual meeting and clinical congress of the American Association of Clinical Endocrinologists (AACE) San Diego, California informações: The AACE E-mail: [email protected] Site: http://www.aace.com 29 de maio a 1 de junho 12th European Congress on Obesity Helsinki, Finland Informações: Dr. Mikael Fogelholm UKK Institute for Health Promotion Research, POB 30, 33501 Tampere, Finland Tel: + 358 3 2829 201 / Fax: + 358 3 2829 559 E-mail: [email protected] JUNHO DE 2003 14 a 17 de junho 63th Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association New Orleans, Louisiana Informações: +1 800 232 3472 E-mail: [email protected] www.diabetes.org 19 a 22 de junho ENDO 2003 – The Endocrine Society´s 85th Annual Meeting Philadelphia PA www.endo-society.org/scimeeting/endo2003 normas e eventos.pmd 72 JULHO DE 2003 25 a 27 de julho 8o Congresso brasileiro multiprofissional e multidisciplinar em diabetes UNIP, Av Marques de São Vicente, 3001, São Paulo SP Informações: ANAD Tel: (11) 5549 6704/6559 www.anad.org.br AGOSTO DE 2003 6 a 10 de agosto 30th Annual Meeting of the American Association of Diabetes Educators Salt Palace Convention Center, Salt Lake City, Utah Tel: (312) 424 2426 www.aadenet.org 24 a 29 de agosto 18th Internacional Diabetes Federation Congress Paris, França Informações: Prof. Dr. Gerard Cathelineau, Hopital Saint-Louis, 1 avenue Claude Vellefaux, 75010 Paris, França Tel : +33 1 4249 9697 www.idf.org 27 a 29 de agosto 2a CONUTRI – Congresso de Nutrição da Unifenas Alfenas – MG Tel: (35) 3299-3128 E-mail: [email protected] OUTUBRO DE 2003 8 a 12 de outubro Hot Topics in Endocrinology Coronado, CA www.endo-society.org/scimeeting/hot-topics.cfm NOVEMBRO DE 2003 12 a 15 de novembro VIIIo Congresso Brasileiro de Nutrologia Centro de Convenções, Goiânia GO Informações: (17) 3524 4929 / 523 9732 / 523 3645 JUNHO DE 2004 4 a 8 de junho de 2004 64th Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association June 4-8, 2004 Orange County Convention Center, Orlando, Florida www.diabetes.org SETEMBRO DE 2005 19 a 24 de setembro 18th International Congress of Nutrition Durban, África do Sul Informações: [email protected] Pós-Graduação (lato sensu) Curso de especialização em: Obesidade; Clínica e terapêutica nutricional 360 horas – Um final de semana por mês Coordenação geral: Gillian Alonso Arruda; Joel Faintuch Este curso é organizado pelo IPCE (Insituto Ponto Crítico de Ensino), em convênio com o CBES (Colégio Brasileiro de Estudos Sistêmicos), e é certificado pela Uniguaçu (Unidade de Ensino Superior do Valo do Iguaçu). Informações e Inscrições: O800 707 7764 Email: [email protected] • Site: www.pontocritico.com.br/ipce 28/02/03, 18:05 Diabetes Clínica JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Índice (vol.7 nº 2 - 2003) 73~140 EDITORIAL Novos critérios para o diagnóstico e controle do diabetes mellitus, Fadlo Fraige Filho. ................................................... 75 INFORMES DO DIABETES NO MUNDO. ..................................................................................................................... 78 O DIABETES NA IMPRENSA. ........................................................................................................................................... 90 AVANÇOS TERAPÊUTICOS E TECNOLÓGICOS. ...................................................................................................... 95 PRODUTOS E NOVIDADES. .......................................................................................................................................... 103 Adoçante para crianças (Vepê), Diabetes sem fronteiras (IDF), Guia alimentar para o Diabético (ANAD – Edições Cozinha Saudável), OneTouch Ultra (Johnson & Johnson) RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS. ....................................................................................................... 106 ARTIGOS ORIGINAIS Avaliação do risco cardiovascular em pacientes diabéticos atendidos em uma clínica multiprofissional, Pedro Cláudio Bortz, Cintia Elaine Ramos Trindade, Roberto Guimarães Alfieri, Valter Furlan, Marcelo Jamus Rodrigues. ........................................................................................................................... 115 Atuação da fisioterapia nas complicações do diabetes tipo 2 e seus efeitos sobre a glicemia, Francisco Antonio Magalhães Paiva, Alexandra Donofre, Sandra F. da Silva, Efraim S. Santos. .................................. 119 Investigação sobre os conhecimentos relacionados ao tratamento medicamentoso em diabéticos tipo 2, Kalina Veruska da S. B. Masset, Hugo Bittencourt de Oliveira Rozendo, Frederico Santos de Santana, Valdinar de Araújo Rocha Júnior. ........................................................................................................................................ 123 Tiazolidinedionas: tratamento e elucidação dos mecanismos moleculares do diabetes mellitus associado à obesidade, Eloah Rabello Suarez, Rodrigo Moreira Felgueira, Anderson Nadiak Bueno, Alexandre Kameyama, Ricardo Peres do Souto. ................................................................................................................. 128 ATUALIZAÇÃO Diabetes mellitus no idoso, Paulo Ricardo Farias Uruguai. ............................................................................................. 135 NORMAS DE PUBLICAÇÕES. ....................................................................................................................................... 138 CALENDÁRIO DE EVENTOS. ........................................................................................................................................ 140 indice.pmd 73 07/05/03, 17:16 Diabetes Clínica JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Diabetes Clínica é um jornal multidisciplinar sobre os aspectos médicos, psicológicos e sociais do diabetes e dos distúrbios associados. Para os especialistas Diabetes Clínica é um veículo de informação e formação continuada sobre o conhecimento científico da doença, a atualidade da prática clínica no tratamento do diabetes e das patologias associadas. Diabetes Clínica edita artigos científicos selecionados pelo editor científico, o conselho consultivo e profissionais de reconhecido saber na área. O objetivo do jornal é favorecer a discussão interdisciplinar em todas as questões relativas à diabetologia, bem como através de suas diferentes sessões idealizadas pelo editor científico, informar de uma maneira rápida, atual e sintética os múltiplos aspectos dos estudos em diabetes. Diabetes Clínica Editor científico : Dr. Fadlo Fraige Filho, presidente da FENAD e ANAD, Professor Titular de Endocrinologia Faculdade de Medicina ABC Diretora comercial: Lilian Fanny de Castilho Editor: Dr. Jean-Louis Peytavin, faculdade de Medicina de Lyon (França) Conselho Consultivo Psicóloga Ada Verônica da Silva Maciel (SP) Dr. Adolpho Milech (RJ) Dr. Airton Golberg (RS) Dra. Alcina Vinhais (BA) Dra. Ana Míriam G. Carboni (SP) Dr. Antônio Carlos Lerário (SP) Dr. Arual Augusto da Costa (SP) Dr. Balduíno Tschiedel (RS) Nutricionista Celeste Elvira Viggiano (SP) Prof. Ed. Física Cláudio Cancelliéri (SP) Dr. Edgard d’Ávila Niclewicz (PR) Dr. Freddy Goldberg Eliaschewitz (SP) Dra. Geisa Macedo (PE) Dra. Hermelinda Pedrosa (DF) Dr. João Roberto de Sá (SP) Dr. José Egídio Paulo de Oliveira (RJ) Dr. Leão Zagury (RJ) Dr. Marcos Tambascia (SP) Dr. Nelson Rassi (GO) Dr. Orsine Valente (SP) Enfermeira Paula Pascali (SP) Dra. Reine Marie Chaves (BA) Dr. Saulo Cavalcanti da Silva (MG) Dr. Sérgio Atala Dib (SP) Apoios IDF - SACA - International Diabetes Federation South America Central America SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes Faculdade de Medicina ABC - São Paulo FENAD - Federação Nacional de Associações de Diabéticos ANAD - Associação Nacional de Assistência ao Diabético COREN-SP - Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo COSEMS-SP - Cons. de Secretarías Municipais de Saúde FENAD - Federação Nacional de Associações de Diabéticos e ANAD Associação Nacional de Assistência ao Diabético Rua Eça de Queiroz, 198 04011- 031 São Paulo - SP tel: (11) 5572-6559 fax: (11) 5549-6704 http://www.anad.org.br [email protected] ATLANTICA EDITORA Editor executivo Dr. Jean-Louis Peytavin [email protected] Marketing René Caldeira Delpy Jr. [email protected] Administração Bárbara de Assis Jorge Editoração e arte Andréa Vichi Colaboradores da redação Bianca Waruar Isabel Lopes Rio de Janeiro Rua da Lapa, 180 / 1103 20021-180 Rio de Janeiro RJ Tel/Fax: (21) 2221-4164 E-mail: [email protected] São Paulo Praça Ramos Azevedo, 206/1910 01037-010 - São Paulo - SP Tel: (11) 3361-5595 / 3362-2097 ISSN 1517-6428 © ATMC - Atlântica Editora Ltda Av. São João, 56 sala 7 12940-000 Atibaia – SP Assinatura 12 edições: R$ 174,00 tel: (21) 2221-4164 www.atlanticaeditora.com.br I.P. (Informação publicitária) As informações são de responsabilidade dos anunciantes Copyright © ATMC – Atlantica Editora Ltda Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Em razão do avanço rápido das ciências médicas, o Editor recomenda que uma verificação independente do diagnóstico e doses dos medicamentos seja realizada. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética médica, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. indice.pmd 74 07/05/03, 17:16 Diabetes Clínica 75 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Editorial Novos critérios para o diagnóstico e controle do diabetes mellitus Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho Um grupo mundial de experts chama a atenção para padrões de tratamentos mais rigorosos e também para a diminuição da idade de diagnóstico das pessoas com alto risco para o diabetes, particularmente entre as populações de latinos nos EUA, em que cerca de 25% dessas pessoas são portadores de diabetes. American College Endocrinology (ACE) e American Clinical Endocrinology (AACE) esperam que a Associação Americana de Diabetes (American Diabetes Association – ADA) possa adotar essas recomendações para os pacientes com Diabetes, nessas novas metas. Foram observadas a hemoglobina glicosilada A1c (HbA1c) e as glicemias de jejum e pós-prandial. Foi consenso do ACE que a idade para execução de exames de diagnóstico fosse baixada de 45 anos para 30 anos de idade, em grupos de alto risco. Estatísticas recentes do Centro de Controle de Doenças e Prevenção dos EUA, o CDC, mostraram que o diabetes aumentou de 33% de 1990 a 1998, com o alarmante incremento de 76% entre pessoas de 30 a 39 anos. Adicionalmente, o diabetes ocorre cada vez mais em tenra idade, em pacientes de grupo de risco, cujo desenvolvimento da doença obedece a taxas alarmantes. A Conferência de Consenso do ACE e AACE demonstrou que o teste de HbA1c é o melhor teste para determinar como o paciente tem controlado seu diabetes ao longo do tempo. Níveis de glicemia pós-prandiais baixaram Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho, Coordenador e Editor Científico, Diabetes Clínica O risco de diabetes para pessoas que têm níveis de glicose no sangue anormais, tanto antes ou depois das refeições foi mudado, portanto o painel de consenso recomenda baixar os níveis de glicose no sangue para 110 mg/dl no caso préprandial, ou seja, antes das refeições, e para 140 mg/dl, 2 horas após as refeições. Direcionando os níveis de glicemia pós-prandiais é significativo, não apenas em reduzir os danos teciduais em pacientes, como também para alertá-los de problemas prévios, não diagnosticados pela monitorização. O Consenso do American College of Endocrinology respondeu às seguintes questões nas novas recomendações: 1- Qual é a meta para o controle do diabetes? A meta do controle do diabetes é a prevenção das complicações crônicas e agudas do diabetes mellitus. As complicações tradicionais do diabetes são vistas como as complicações microvasculares, incluindo nestas a retinopatia, neuropatia e nefropatia. Entretanto as complicações macrovasculares do editorial.pmd 75 07/05/03, 17:16 76 Editorial - Diabetes Clínica 02 (2003) Continuação diabetes são mais prevalentes e são as maiores causas de incapacidade e doença na população de diabéticos. Outra pergunta respondida no consenso é a seguinte: 2 – Quais seriam os nossos parâmetros para acessarmos o melhor controle glicêmico? O consenso respondeu que o controle glicêmico acessado primariamente pelo período medido pela hemoglobina glicosilada - em outras palavras o controle glicêmico - é expresso pela medida da HbA1c, ou níveis de hemoglobina glicosilada no sangue, e, secundariamente, poderá incluir medidas reguláveis, tanto de glicemias de jejum, pré-prandiais e pós-prandiais. Avaliação primária A HbA1c tem sido, ao longo do tempo, considerada como padrão-ouro para se conseguir o controle glicêmico, para se medir e monitorizar o controle glicêmico em pacientes com diabetes tipo 1 e tipo 2. A HbA1c é uma variável independente cujas taxas de complicações têm sido observadas em variadas pesquisas. Na realidade, a medida da HbA1C é um fator independente que mede as taxas de complicações nas principais pesquisas que têm sido feitas. Ensaios com a hemoglobina glicosilada rastreadas do DCCT e a metodologia formariam as bases das determinações clínicas da hemoglobina glicosilada na prática médica. Essa metodologia é geralmente HPLC, mas pode incluir ensaio de cromatografia por afinidade. Hoje em dia, todos os laboratórios que determinam os níveis de HbA1c devem utilizar a metodologia certificada pelo National Glicohemoglobin Standartization Program (NGSP). O limite superior do normal nessa metodologia é geralmente acima de 6%. Alvo para HbA1c Esse consenso recomenda que a HbA1c seja adotada universalmente como primeiro método de avaliação do controle glicêmico. Baseados em dados de múltiplas pesquisas intervencionistas, o alvo primário para obter-se o controle glicêmico deverá ser menor que 6,5%. O consenso recomenda que a avaliação seja feita pelo menos 2 vezes ao ano em pacientes que estejam no objetivo. A avaliação deve ser feita a cada 4 meses ou mais freqüentes, se o paciente está acima do alvo ou está em terapêutica de mudança. O consenso também recomenda, em apoio ao NGSP, que o nome padrão para o teste da HbA1c seja de A1c. Alvos para glicemias de jejum e pré-prandial O aumento do risco da retinopatia é claramente associado com as glicemias de jejum maiores que 110 mg/dl, contudo avaliações laboratoriais da glicemia em jejum, devem ter como objetivo uma glicemia plasmática de valor menor que 110 mg/dl. Um similar valor para glicemia pré-prandial parece ser razoável. Os valores da glicemia obtidos através da auto-monitorização da glicemia podem ou não refletir a glicemia plasmática, entretanto pacientes e educadores de saúde devem familiarizar-se com essas medidas individuais nos glicosímetros. Alvo para glicemia pós-prandial Existe pouca evidência da qual podemos tirar conclusões em relação aos padrões editorial.pmd 76 07/05/03, 17:16 Editorial - Diabetes Clínica 02 (2003) Continuação 77 do controle pós-prandiais, pois muitos destes dados têm sido obtidos de estudos usando modificações das taxas das mudanças da glicemia pós-prandial. Algumas das refeições foram líquidas, e em vista disto pode causar variações diferentes nos estudos usados com as refeições sólidas. O painel do consenso recomenda uma meta de 2 horas pós-alimentação, isto é, glicemia pós-prandial de 2 horas menor que 140 mg/dl. Finalmente, as evidências epidemiológicas apresentadas na Conferência de Consenso sugerem uma forte relação entre a indução da hiperglicemia e o risco cardiovascular. Estes achados deverão ser explorados e pesquisados em larga escala, em pesquisas randomizadas e prospectivas, que tenham por foco o controle da glicemia pós-prandial. É evidente também que nos países fora dos EUA busque-se uma padronização da hemoglobina glicosilada, visto que em um mesmo país, laboratórios diferentes usam padrões com valores de referências desiguais. Para pesquisas e para pacientes, às vezes, fica muito difícil comparar metodologias desiguais em um mesmo exame, quando se expressa em porcentagens diferentes do total da hemoglobina glicosilada. Assim fica prejudicada uma observação comparativa a longo prazo de controle glicêmico destes pacientes, se não houver uma padronização da HbA1c. Importante é que os órgãos competentes de cada país procurem uma padronização na metodologia dos valores de referência na HbA1c. editorial.pmd 77 07/05/03, 17:16 78 Diabetes Clínica 02 (2003) Informes do Diabetes no Mundo Diabetic Medicine 2003;19(4):292-299 Critério da Organização Mundial de Saúde julga melhor o diagnóstico do diabetes Identificando o diabetes mellitus e anormalidades intermediárias de glicose em uma população obesa é melhor alcançado com o critério da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 1985 do que com critério da American Diabetes Association (ADA) de 1997, dissem pesquisadores franceses. Eles sugerem que o teste oral de tolerância à glicose (OGTT) deve ser restrito a prática clínica e a estudos, pois não existe nenhum valor confiável o suficiente para a sensibilidade da glicemia de jejum para identificar pacientes diabéticos obesos. Dr Jean-Louis Richard e colegas do Hopital Universitaire de Nîmes, e do Institut Universitaire de Recherche Clinique de Montpellier, França, efetuaram a medição do OGTT padrão da OMS em 286 homens e 881 mulheres. Estes indivíduos obesos (índice de massa corporal ³ 30 kg/m²), idade 1584 anos, foram colocados em três categorias de tolerância à glicose, os resultados de cada um foram comparados e avaliados usando o critério da OMS e da ADA. As categorias usadas foram a Tolerância Normal à Glicose (NGT), Tolerância Anormal à Glicose (IGT) e Diabetes Mellitus (DM) da OMS e Glicose de Jejum Normal (NFG), Glicose de Jejum Anormal (IFG) e DM da ADA. Vários modelos de regressão, curvas de freqüência cumulativa, método Finch e curva ROC de acordo com o critério da OMS 1985 foram usados para investigar uma correlação entre o diabetes e os valores de glicemia de jejum. Comparado ao critério da OMS, o critério da ADA pareceu subestimar fortemente as taxas de prevalência de diabetes (3,7% vs. 10,6%) e anormalidades intermediárias de glicose (6,0% vs. 22,4%). Houve pouca concordância entre as duas classificações e muitos pacientes mudaram para um status metabólico mais favorável do que quando utilizava-se o critério da ADA, tendo estes pacientes sido definidos como intolerantes à glicose pelo critério da OMS. Sessenta e nove porcento dos pacientes julgados diabéticos pelo critério da OMS não foram detectados pelo critério da ADA. E 89% dos pacientes julgados apresentar tolerância anormal à glicose sob o critério da OMS foram julgados normais pelo critério da ADA. O método mostrou variação extensa nos valores da glicose sangüínea de jejum para detectar o diabetes diagnosticados por OMS 1985 (5,3 a 6,3 mmol/ l). Pouca sensibilidade e valor preditivo positivo demonstram que nenhum dos dois foram satisfatórios. informe.pmd 78 07/05/03, 17:16 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 02 (2003) Zoe Arvanitakis et al., Annual Meeting of the American Academy of Neurology, Honolulu, 1 a 5 de abril de 2003 Diabetes ligada ao desenvolvimento da doença de Alzheimer Diabetes Care 2003;26:4:1181-1185. Associação entre disfunçaõ autoimune da tiróide e diabetes tipo 1 confirmada 79 Pessoas com diabetes estão sob risco aumentado de desenvolver doença de Alzheimer, de acordo com Zoe Arvanitakis, MD. “Nós encontramos que o diabetes é associado tanto com uma alta propensão a doença de Alzheimer quanto com uma maoir taxa de declínio na velocidade de percepção,” disse Dra. Arvanitakis, professora assistente, Department of Neurological Sciences, Luke’s Medical Center, Chicago, Illinois. Esse risco é independente de uma história clínica de manifestação da doença e se o indivíduo é ou não positivo para apolipoproteína E (ApoE). Ela notou que poucos estudos prospectivos haviam avaliado o diabetes como um fator de risco para a doença de Alzheimer ou para um declínio da função cognitiva. Os estudos existentes apresentaram resultados variados. Seu estudo envolveu 869 freiras católicas idosas, padres, e irmãos que eram participantes no Estudo de Ordem Religiosa. Nenhum dos indivíduos apresentavam demência na linha base. Os indivíduos tiveram avaliações detalhadas anuais por até 8 anos que incluíam classificação clínica da demência e doença de Alzheimer, assim como teste da função cognitiva. A partir destes dados, os investigadores derivaram um resumo de medidas previamente estabelecidas. Dentre estes pacientes, 125 (14,4%) tinham diabetes. Eles foram acompanhados durante uma média de 5,1 anos. Durante este tempo, 141 indivíduos (16,2%) desenvolveram doença de Alzheimer. Os investigadores usaram um modelo de danos proporcionais ajustado para idade, sexo e educação, que mostrou que pessoas com diabetes apresentavam 73% maiores chances de desenvolver doença de Alzheimer comparado aos controles (hazard ratio = 1,73, 95% IC: 1,15-2,61). Em uma análise posterior os investigadores controlaram para idade, sexo, e educação, assim como nível de cognição na linha de base. Nesta análise pessoas portadoras de diabetes tiveram 51% maior taxa de declínio da velocidade de percepção (P = 0,01). Entretanto, essa taxa de declínio não foi correlacionada com a taxa de declínio na memória episódica ou em outros sistemas cognitivos. Um estudo longitudinal confirmou a associação entre a disfunção autoimune da tiróide e o diabetes tipo 1, sugerindo a necessidade de uma triagem regular. Estudos anteriores cruzados haviam relatado um risco aumentado de dois a três vezes da disfunção da tiróide em diabéticos tipo 1 comparados com a população geral, explicam os investigadores. Entretanto, estudos longitudinais são insuficientes. Os investigadores, da Divisão de Endocrinologia e Medicina Preventiva do Centro de Ciências de Saúde da Universidade do Tennesse em Memphis, Estados Unidos, estudaram 26 homens e 32 mulheres que foram admitidos no Centro de Controle do Diabetes e Pesquisa de Complicações em 1983. Os homens e as mulheres foram acompanhados prospectivamente por 18 anos. Medição do hormônio estimulante da tiróide (TSH), tiroxina e triiodotironina foram realizados a cada ano. Anticorpos para peroxidase da tiróide foram medidos a cada 4 anos. Os resultados mostraram que 18 pacientes apresentavam hipotiroidismo e 1 paciente experimentou hipertioidismo transitório. Dois indivíduos informe.pmd 79 07/05/03, 17:16 80 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 02 (2003) Continuação desenvolveram hipotiroidismo antes do diabetes e foram excluídos da análise. O diabetes foi diagnosticado na idade média de 19 ± 2 anos e o hipotiroidismo em 29 ± 3 anos. Quarenta e um porcento dos pacientes femininos desenvolveram hipotiroidismo comparados com 19% dos pacientes masculinos. O hipotiroidismo também foi comum em pacientes com anticorpos para peroxidase da tiróide. Pacientes que foram positivos para esses anticorpos foram 17,91 vezes mais susceptíveis a desenvolver hipotiroidismo do que aqueles com resultados negativos. Os investigadores sugerem que pacientes com diabetes tipo 1, particularmente aqueles positivos para anticorpos para peroxidase da tiróide, devem ser submetidos a medições anuais do TSH para detectar disfunção assintomática da tiróide. IE Walter et al., American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine 2003;15:167 Níveis de glicemia de jejum ligados a história de tabagismo entre os diabéticos Pacientes diabéticos parecem demonstrar interação entre níveis de glicemia de jejum, função pulmonar e qualquer passado ou presente de tabagismo. Esta é a descoberta do Dr I E Walter e colegas do Centro Pulmonar, Escola de Medicina da Universidade de Boston, Massachusetts, de um estudo entre 3.254 membros do Framingham Offspring Cohort no Framingham Heart Study. Os clínicos apontaram que havia uma associação inconsistente em pacientes entre diabetes mellitus e nível reduzido na função pulmonar. Eles decidiram analisar a relação entre o diabetes e a glicemia de jejum para os níveis de função pulmonar, e que foi avaliado por espirometria. Diabetes foi definido entre os pacientes tanto como glicemia de jejum de 126 mg/dl ou mais, ou se eles estavam recebendo tratamento farmacológico. Os pacientes foram arguídos sobre seu hábito de fumo e foram classificados em corrente, anterior, ou nunca fumantes. Função pulmonar preditiva foi determinada pelos pesquisadores a partir dos coeficientes de regressão de função pulmonar em idade, sexo, e hábito corporal entre 1.110 pacientes que nunca haviam fumado. Eles encontraram que ambos os diagnósticos de diabetes e nível aumentado da glicose sangüínea de jejum, foram associados com diminuição dos níveis preditivos de função pulmonar. O efeito adverso do diabetes e do nível glicêmico na função pulmonar foi maior entre pacientes que já haviam fumado em suas vidas comparado com aqueles que nnca haviam fumado. Estes achados sugerem aos clínicos uma interação entre níveis de glicemia de jejum e tabagismo. L. F. Van Gaal, I. H. De Leeuw, Diabetologia 2003;46:M44-M50 Opções racionais para combinação de terapias no tratamento do diabetes tipo 2 Terapia farmacológica para o diabetes mellitus tipo 2 (não-insulinodependente) objetiva o controle da hiperglicemia para diminuir ou prevenir complicações associadas com a doença. A maioria dos pacientes com diabetes tipo 2 se apresentam tanto com deficiência de estímulo de insulina e resistência à insulina. Em geral, a primeira pode se manifestar como hiperglicemia pós-prandial e a última como hiperglicemia no jejum, embora uma associação definitiva ainda não foi estabelecida. Dados recentes mostram uma taxa elevada de falha da monoterapia a longo prazo e estabelece significância da glicemia durante a refeição e do papel das informe.pmd 80 07/05/03, 17:16 82 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 02 (2003) Continuação excursões da glicose pós-prandial no desenvolvimento e progressão das complicações vasculares. Para superar tais falhas da monoterapia e para identificar os diferentes defeitos da patologia do diabetes tipo 2, uma terapia combinada de agentes antidiabéticos orais com formas complementares de ação deve ser considerada. Os agentes antidiabéticos comumente usados como as sulfoniluréias, biguanidas (metformina) e as tiazolidinedionas (rosiglitazona, pioglitazona) comumente atacam a hiperglicemia de jejum e apresentam efeitos aditivos limitados na glicemia pós-prandial. Em contraste, inibidores da glicosidase pode reduzir a hiperglicemia pós-prandial mas efeitos colaterais gastrointestinais restringem o seu uso. O desenvolvimento de novos agentes para o controle das excursões de glicose pós-prandial pode ser considerado como objetivo adicional no manejo do diabetes tipo 2. Para esse fim novos melhoradores de ação rápida da secreção de insulina como a repaglinida (derivado do ácido benzóico) e nateglinida (derivado de aminoácido) tem sido desenvolvidos. A combinação de tais agentes com outras formas complementares de ação, por exemplo um sensibilizador de insulina, pode atingir melhor defeitos envolvidos no diabetes tipo 2 e portanto promover uma melhor aproximação para o controle de todo o risco glicêmico. Sok-Ja Janket et al, Diabetes Care 2003;26:1008-1015 Um estudo prospectivo da ingestão de açúcar e do risco do diabetes tipo 2 em mulheres O objetivo deste estudo foi investigar prospectivamente se a ingestão total ou de algum tipo de açúcar ou o açúcar total está associado com o desenvolvimento de diabetes tipo 2. A contribuição da ingestão de açúcar na patogênese do diabetes tipo 2 não está bem estabelecida no contexto da prevenção primária devido à dados prospectivos limitados. O Women´s Health Study é uma pesquisa randomizada controlada com aspirina e vitamina E na prevenção da doença cardiovascular e do câncer. Um questionário de freqüência alimentar semiquantitativo validado foi completado por 39.345 mulheres com idade ³ 45 anos. O principal resultado foi a incidência do diabetes tipo 2. O preditor foi a ingestão de açúcar, incluindo sacarose, glicose, frutose, e lactose. Usando modelos de Cox, foram estimadas multivariáveis RR do diabetes tipo 2 para aumento dos quintis da ingestão de açúcar comparado com o quintil mais baixo. Comparado com o quintil mais baixo da ingestão de açúcar, os RR e IC 95% para os mais altos quintis foram 0,84 (0,67-1,04) para sacarose, 0,96 (0,78-1,19) para frutose, 1,04 (0,85-1,28) para glicose, e 0,99 (0,80-1,22) para lactose, após ajuste para os fatores de risco conhecidos para o diabetes tipo 2. Achados similares da não associação foram obtidos na análise do subgrupo estratificado pelo IMC. Em conclusão, a ingestão de açúcar não parece ter um papel deletério na prevenção primária do diabetes tipo 2. Estes dados prospectivos confirmam o recente American Diabetes Association’s guideline pelo qual uma quantidade moderada de açúcar pode ser incorporada em uma dieta saudável. Jill Weissberg-Benchell et al., Diabetes Care 2003;26:1079-1087 Terapia por bomba de insulina O objetivo deste estudo foi conduzir uma meta-análise do impacto metabólico e psicossocial da terapia de infusão subcutânea de insulina contínua em adultos, adolescentes e crianças. informe.pmd 82 07/05/03, 17:16 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 02 (2003) 83 Continuação Estudos foram identificados e dados considerando desenho do estudo, ano de publicação, tamanho da amostra, idade dos pacientes, duração do diabetes, e duração da terapia foram coletados. Média e DP para hemoglobina glicosilada, glicose sangüínea, dosagens de insulina, peso corporal e condições de comparação foram sujeitadas à procedimentos meta-analíticos. Dados considerando complicações da bomba e funcionamento psicossocial foram revistos detalhadamente. Um total de 52 estudos, consistindo de 1.547 pacientes, foram incluídos na meta-análise. Os resultados indicaram que a terapia por bomba de insulina está associada com significativa melhora no controle glicêmico (decréscimo na hemoglobina glicosilada e na média da glicose sangüínea). A revisão descritiva das potenciais complicações do uso da bomba (ex., hipoglicemia, cetoacidose diabética, mau funcionamento da bomba, e sítio das infecções) sugere um decréscimo na freqüência dos episódios de hipoglicemia mas um aumento na freqüência dos episódios de cetoacidose nos estudos publicados antes de 1993. Em conclusão, a terapia por bomba de insulina está associada com a melhora do controle glicêmico comparado com às terapias de insulina tradicionais (terapia convencional e injeções diárias múltiplas) e não parece estar associada com resultados adversos. Estudos adicionais são necessários para examinar o risco relativo desta terapia no futuro, incluindo o potencial impacto psicossocial desta terapia tecnologicamente avançada. Roep BO et al., Diabetologia 2003;46(3):305-21, março de 2003 O papel das células-T na patogênese do diabetes tipo 1: da causa à cura Diabetes mellitus tipo 1 resulta da destruição autoimume das células pancreáticas mediada pelas células-T em indivíduos geneticamente predispostos. O conhecimento da imunopatogênese tem aumentado enormemente nas últimas duas décadas. A contribuição das células-T na patogênese está sob dúvida. Terapias diretamente contra as células-T têm mostrado interromper o processo da doença e prevenir a destruição recorrente de células b após transplante de ilhotas. Pouco se sabe sobre a natureza e função destas células-T, da causa da perda de tolerância para autoantígenos das ilhotas, porque o sistema imune aparentemente falha em suprimir autoreatividade, e se (ou quais) autoantígeno(s) estão criticamente envolvidos no desencadear ou progressão da doença. A contribuição de células dendríticas em direcionar a resposta imune não é clara, enquanto a contribuição das células b e dos autoanticorpos é matéria de reconsideração. As células-T autoreativas têm provado ser ferramentas valiosas no estudo do processo patogênico ou relacionado ao diabetes. A medição da autoreatividade das células-T também forneceu informação crítica para determinar o destino das ilhotas transplantadas em pacientes diabéticos tipo 1. A autoimunidade celular é matéria de difícil estudo, mas tem sido uma questão valiosa desvendar o papel das células-T na patogênese do diabetes tipo 1. O desafio para o futuro é determinar quais fatores contribuem para a perda de tolerância aos antígenos das células b, e definir quais medidas das células-T podem ser úteis para suprimir a autoreatividade, já que estão aumentando as evidências de que as célulasT são uma faca de dois gumes: algumas células-T podem ser patogênicas, mas outros podem regular o processo da doença e então formar novos alvos para imunointervenção. informe.pmd 83 07/05/03, 17:16 86 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 02 (2003) Goram MI et al., J Clin Endocrinol Metab 2003;88(4):1417-27, abril de 2003 Obesidade e risco de diabetes tipo 2 e doença cardiovascular em crianças e adolescentes Sobrepeso/obesidade continuam a aumentar em crianças e adolescentes, e a obesidade anual relacionada a custos hospitalares entre 6-17 anos de idade têm atingido US$127 milhões por ano. Sobrepeso em crianças e adolescentes tem atualmente sido diagnosticado com disfunção na tolerância à glicose e diabetes tipo 2, e eles mostraram sinais precoces de síndrome de resistência à insulina e risco cardiovascular. Fatores de risco severos foram identificados como contribuidores para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 e risco cardiovascular na adolescência. Esses fatores incluem aumento da gordura corporal e gordura abdominal, resistência à insulina, etnia (com maior risco em afroamericanos, hispânicos, e crianças americanas nativas), e prevalência na puberdade. Não há explicação clara sobre como esses fatores aumentam o risco, mas eles parecem atuar numa moda aditiva. Nós hipotetizamos que a constelação desses fatores de risco pode ser especialmente problemática durante o período crítico do desenvolvimento da adolescência, especialmente em indivíduos que podem ter comprometido a função das células b e desenvolvido uma incapacidade de compensar a resistência severa à insulina. Fishmann et al., Curr Treat Options Cardiovasc Med 2003;5(1):75-88, fevereiro de 2003 Manejo do diabetes com doença arterial coronariana Sakurai K et al., J Pharmacol Sci 2003;91(3):182-6, março de 2003 Estresse e respostas vasculares: disfunção endotelial via receptor1 de LDL semelhante a lecitina oxidado: relações estreitas com o estresse oxidativo Pessoas com doença cardiovascular (DCV) e diabetes possuem incursões de piora clínica maiores do que aquelas sem diabetes. Tratamento do diabetes com DCV deve ter como alvo pressão sangüínea, colesterol, e alvos glicêmicos. O controle da pressão sangüínea para 130/80 mmHg e LDL-colesterol para menos de 100 mg/dl é a chave para a prevenção e manejo do DCV com diabetes. O controle ótimo da glicose deve ser um objetivo no tratamento do diabetes e DCV, tanto no hospital como para pacientes ambulatoriais. Esse artigo foca a terapia oral com agentes antihiperglicêmicos e insulinas disponíveis para a farmacoterapia do diabetes. O manejo efetivo da glicose usando esses agentes quando procedimentos de intervenção de cirurgia cardíaca estão para ser realizados é possível. Estratégias práticas incluem terapias combinadas e uso de insulina subcutânea ou por infusão intravenosa. Novos tratamentos emergentes podem levar acontecimentos impactantes para o diabetes com DCV, incluindo o uso de sensibilizadores de insulina, stents de eluição de droga, e braquiterapia. A atenção é atualmente focada nos sensibilizadores de insulina (metformina e tiazolidinedionas) pois eles parecem causar um impacto nos processos relacionados à síndrome de resistência à insulina e variações vasculares patofisiológicas da aterosclerose. Ainda está para ser visto se os agentes sensibilizadores de insulina conferem ou não uma vantagem definitiva no tratamento do paciente com diabetes para prevenção ou tratamento da DCV. A disfunção endotelial é associada com condições vasculares patológicas incluindo aterosclerose, hipertensão e diabetes. A forma modificada oxidável da lipoproteína de baixa densidade (LDL) é reconhecida como a maior causa da disfunção endotelial na aterogênese. Assim com o receptor de LDL oxidado informe.pmd 86 07/05/03, 17:16 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 02 (2003) 87 Continuação nas células endoteliais, nós identificamos o receptor-1 de LDL oxidado semelhante a lecitina (LOX-1). O LOX-1 é regulado para cima por produtos do estresse oxidativo e pelas moléculas que induzem o estresse oxidativo. A ativação do LOXC-1 induz a geração de espécies de oxigênio reativas e diminuiu a liberação de NO pelas células endoteliais. Além disso, a ativação da LOX-1 induz a expressão de endotelina-1, receptor de AT(1), e moléculas de células de adesão. Junto a essas propriedades, LOX-1 trabalha como uma molécula de adesão para plaquetas ativadas e neutrófilos. Adicionalmente, LOX-1 junto as estreitas relações entre a geração do estresse oxidativo e resposta, melhora variações funcionais nas células endoteliais que são relevantes para a homeostase vascular conturbada sob status patológico. Gutman S et al., Diabetes Technol Ther 2002;4(6):779-81. Aspectos regulatórios das medições não invasivas de glicose O Medical Device Amendments de 1976 para o Federal Food, Drug, and Cosmetic Act (the Act) estabeleceu três classes regulatórias para equipamentos médicos. A sessão 513 do Act especifíca três classes baseadas no grau de controle e no Food and Drug Administration (FDA), necessárias para garantir que vários tipos de equipamentos são seguros e efetivos. Equipamentos de alto risco são classificados na classe a mais regulada, Classe III. Segundo a seção 515 do Act, todos os equipamentos classificados na Classe III são sujeitos à aprovação antes da comercialização (PMA). O PMA pelo FDA é o processo de revisão científica requerido para garantir a segurança e eficácia dos equipamentos de Classe III. As instalações de fabricação dos equipamentos que requerem aprovação por PMA, também são matéria de inspeção para pré-aprovação para garantir integridade dos dados e conformação dentro das boas práticas de fabricação. Um PMA aprovado é essencial para comercializar um equipamento médico para um uso particular pretendido. O FDA considera não-invasivo e minimamente invasivo equipamentos de medição de glicose que pretendem medir, monitorizar ou predizer os níveis de glicose sangüínea nos diabéticos. Esses equipamentos terão um impacto potencial significativo no cuidado médico das pessoas com diabetes. A tecnologia oferece melhora potencial na qualidade de vida, melhora no controle da glicose sangüínea, aumento da freqüência dos testes, ou acesso aos testes, em larga faixa de pacientes. Entretanto, esta tecnologia ainda não está bem entendida, e a informação obtida desses equipamentos é bem diferente da informação que tem servido como base tradicional para o manejo do diabetes. Como resultado disso, o FDA requer tanto estudos analíticos como clínicos para embasar as reclamações esperados para esses novos equipamentos. Kayali et al., Pediatr Neurosurg 2003;38(5):262-4, maio de 2003 Síndrome bilateral do túnel carpal na infância com diabetes mellitus tipo 1 A diferença entre mono- ou polineuropatia diabética e síndrome do túnel carpal é mais importante para a escolha de tratamentos alternativos em pacientes pediátricos. Uma menina de 7 anos de idade com diabetes mellitus tipo 1 foi admitida em nossa clínica com queixa de fraqueza bilateral em suas mãos. Os achados clínicos e o estudo da eletromiografia revelou uma síndrome do túnel carpal no nervo médio do pulso. Ela foi submetida a uma cirurgia para abrir o túnel carpal. Todos os sintomas foram solucionados 6 meses após a cirurgia. A síndrome do túnel carpal, especialmente bilateral, é muito rara na infância e pode ser tratada cirurgicamente. informe.pmd 87 07/05/03, 17:16 88 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 02 (2003) Mayer-Davis EJ et al., Am J Epidemiol 2003;157(7):592-601, abril de 2003 Preditores metabólicos de 5 anos de mudança no peso e na circunferência da cintura em uma população triétnica: estudo da aterosclesrose com resistência à insulina Resistência à insulina, secreção de insulina, e tolerância à glicose podem predizer alteração de peso. Um total de 1.194 adultos, idade entre 39-69 anos na linha de base (46% com tolerância normal à glicose de acordo com o critério da Organização Mundial de Saúde, 23% com tolerância parcial à glicose, e 31% com diabetes mellitus tipo 2 que não estavam fazendo uso de insulina) foram avaliados na linha de base (1992-1994) e após 5 anos. A sensibilidade à insulina na linha de base foi medida pelas médias de 12 amostras sangüíneas de testes de tolerância à glicose. A secreção de insulina foi avaliada em termos da resposta aguda de insulina e do índice de disposição, ambos obtidos pela amostragem freqüente do teste de tolerância à glicose. Durante o acompanhamento, 25% dos indivíduos perderam mais do que 2,27 kg, 38% ficaram dentro do intervalo de 2,27 kg do seu peso na linha de base, e 37% ganharam mais do que 2,27 kg. Em modelos separados, as maiores perdas de peso ocorreram mais entre os diabéticos tipo 2 do que entre aqueles tanto com tolerância anormal à glicose ou com tolerância normal à glicose (p < 0,001); resposta aguda à insulina na linha de base e índice de disposição foram associados positivamente e o nível de insulina de jejum na linha de base foi inversamente associado com 5 anos de mudança de peso (p < 0,05 para cada; os dados foram ajustados para índice de massa corporal na linha de base e para as variáveis demográficas e alterações no comportamento). Em inclusões simultâneas de variáveis metabólicas dentro do grupo de status de tolerância à glicose, nenhum foi um preditor significativo da perda de peso. Com exceção do teste de tolerância à glicose propriamente dito, as medições do metabolismo da insulina parecem ter um efeito pequeno na alteração do peso após 5 anos. Marchesini G et al., Hepatology 2003;37(4):917-23, abril de 2003 Fígado gorduroso não alcoólico, steatohepatite e síndrome metabólica Doença de fígado gorduroso não alcoólico (NAFLD) tem sido associada à síndrome de resistência à insulina, até o presente momento definida como síndrome metabólica, a qual os limites foram recentemente estabelecidos. Nós avaliamos a prevalência da síndrome metabólica em 304 pacientes consecutivos com NAFLD sem diabetes manifestado, com base em 3 ou mais critérios escolhidos entre 5 critérios definidos pelo the U.S. National Institutes of Health (circunferência da cintura, glicose, HDL-colesterol, triglicerídeos e pressão arterial). A prevalência da síndrome metabólica aumentou com o aumento do índice de massa corporal, de 18% em indivíduos com peso normal para 67% em obesos. A resistência à insulina (método Homeostasis Model Assessment) foi significativamente associada com a síndrome metabólica (odds ratio [OR], 2,5; IC 95%, 1,5-4,2; P < 0,001). A biópsia hepática foi avaliada em 163 casos (54%). Um total de 120 pacientes (73,6%) foram classificados como tendo steatohepatite não alcoólica (NASH); 88% deles apresentavam síndrome metabólica (vs. 53% de pacientes com somente fígado gorduroso; P < 0,0001). A análise de regressão logística confirmou que a presença de síndrome metabólica carregava um alto risco de NASH entre indivíduos com NAFLD (OR, 3,2; IC 95%, 1,2-8,9; P = 0,026) após correção para sexo, idade, e massa corporal. Em particular, a síndrome foi associada com alto risco de fibrose severa (OR, 3,5; IC 95%, 1,1-11,2; P = 0,032). Concluindo, a presença de desordens metabólicas múltiplas está associada a uma potencialmente progressiva doença hepática severa. A crescente prevalência da obesidade, somada ao diabetes, dislipidemia, hipertensão, e mais recentemente à síndrome metabólica coloca uma grande faixa de população sob risco futuro de falência hepática nas próximas décadas. informe.pmd 88 07/05/03, 17:16 90 O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 02 (2003) O Diabetes na Imprensa Médico salva a vida de recém-nascido com Viagra 05 de maio de 2003 imprensa.pmd O bebê tomou Viagra e não foi por engano. O sildenafil, princípio ativo do remédio usado em caso de disfunção sexual, evitou a morte da criança. Na realidade, não apenas dela mas também de outras duas com hipertensão pulmonar. O doença ocorre com relativa frequencia em recém-nascidos com problemas no coração (cardiopatia congênita); nos adultos, é decorrência da doença pulmonar obstrutiva crônica ou enfisema. Sem tratamento, pode causar insuficiência respiratória – que pode levar à morte. A droga foi dada ao bebê por via oral para dilatar os vasos sanguíneos dos pulmões, visando reduzir a hipertensão pulmonar. O sildenafil bloqueia a atividade da enzima fosfodiesterase tipo 5 (PDE5). Essa inibição aumenta a produção de óxido nítrico pelo organismo, o que relaxa a parede interna dos vasos sanguíneos. É o mesmo mecanismo de açõa do gás óxido nítrico, empregado por inalaçao no tratamento de bebês com cardiopatia congênita. A iniciativado médico Parapurath K. Rajiv, chefe do serviço de RecémNascidos do Instituto Amrita de Ciências Médicas, em Kochi, Índia, despertou críticas de autoridades médicas locais no ano passado. Rajiv se defendeu: “Havia crianças morrendo na minha presemça. Como médico, tinha a responsabilidade de usar todos os métodos disponíveis para salvar meus pacientes.” Todos os outros tratamentos tinham falhado. Controverso ou não, o tratamento despertou a atenção dos pesquisadores. Poucos meses depois, a droga foi usada experimentalmente no Royal Brompton Children´s Hospital, em Londres, e em outros centros médicos. O diretor da Clínica de Hipertensão Pulmonar do Hospital prescreveu sildenafil para crianças refratárias a outros tratamentos e informou ter observado poucos efeitos colaterais. Não é a primeira vez que um remedio com uma indicação médica passa a ser usado para outra doença. Na realidade, o caminho do sildenafil mudou de rumo desde o início dos ensais clínicos. Os testes iniciais visavam estudar a sua eficácia para a hipertensão arterial sisatêmica, mas osa resultados foram desanimadores. O novo produto já estava sendo descartado quando a atençao dos médicos da Pfizer foi despertada pela solicitação dos homens que participaram do estudo. Eles haviam sentido visível melhora da atividade sexual e solicitavam os comprimidos excedentes. Com essa nova visão sobre a atividade da droga, os testes passaram a ser dirigidos para a área 90 07/05/03, 17:16 O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 02 (2003) 91 da disfunção sexual. Surgiu, então, com sucessom a pílula do homem. A mesma vasodilatação que deu nova vida a adultos está agora salvando as crianças. Médicos verificaram que o sildenafil é um vasodilatator pulmonar seletivo com maior poder do que qualquer outro agente químico disponível. Há, entretanto, uma critica de alguns especialistas: remédios desse grupo não devem afetar a pressão arterial do organismo. A pressão geral pode cair nos pacientes que recebem sildenafil, mas não quando usam a inalação do gás óxido nítrico. Justiça obriga Estado a dar medicamento O primeiro médico a usar sildenafil para a hipertensão pulmonar, na Índia, quase foi processado pelas autoridades. No Brasil, aconteceu o contrário. Em Santa Catarina, o juiz de direito Mauricio Cavallazzi Poroas, de Concórdia, determinou que o governo do Estado fornecesse Viagra para os pacientes portadores de insuficiência respiratória crônica e sévera disfunção pulmonar de caráter progressivo e irreversível. Como verificou a equipe do Incor, melhorou o relacionamento sexual do casal em pacientes com insuficência cardíaca: afastou, nas parceiras, o receio de problemas durante o ato sexual e melhorou a performance do paciente em sua atividade sexual. Um dos mitos que surgiram com o uiso da droga é a confusão entre a sua ação vasodilatadora no corpo cavernoso (o que ajuda a promover não só a ereção mas, principalmente, a manutanção da ereção), com uma ação afrodisíaca, que despertaria a libido, o que o sildenafil não possui. O Estado de São Paulo 26 de março de 2003 imprensa.pmd Empresa brasileira faz sucesso com sapatos para diabéticos O empresario Geraldo Ribeiro Filho não tem joanete, calo ou ferimento nos pés. Também não é diabético. Mas seu pai morreu vítima das complicações do diabetes, e talvez isso sirva de pista para a história de sua empresa, a Opananken Antistress Calçados. É da Opananken o único sapato para diabéticos no Brasil aprovado pela Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD), o que significa que o calçado passou a ser receitado por médicos e comercializado em farmácias. Em quatro anos de mercado, o sapato já virou carro-chefe da empresa e responde por mais de 50% da produção total, de 2 mil pares por dia. Ribeiro teve a idéia de fabricar sapatos capazes de se ajustarem perfeitamente à anatomia dos pés. Sem costuras em contato com a pele, sem saltos e com palmilhas flexíveis para se acomodar ao formato pecular de cada pé. Os sapatos vêm em mais de 200 modelos e são divididos em quatro categorias: antistress, zero stress, diabetes e gestante, este último moldado para se adaptar aos pés inchados de mulheres grávidas. Os calçados para diabéticos são moldados para evitar pontos de possível atrito com a pele, que podem resultar em úlceras e outras formações perigosas para diabéticos. O calçado já é exportado para os Estados Unidos. “O formato do sapato protege o pé, amortece (o impacto) e evita pontos de atrito”, explica o endocrinologista Fadlo Fraige Filho, presidente da Anad. Segundo Fraige, uma “boa parte” das amputações em diabéticos é causada por fatores como o uso prolongado de sapatos inadequados e traumatismos não-tratados nos pés. 91 07/05/03, 17:16 92 O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 02 (2003) O Estado de São Paulo 09 de março de 2003 Barriga, idade, genética. Veja os fatores de risco Se você é homem, tem barriguinha de cerveja, é judeu ou descendente de ocidentais, fuma, é hipertenso, tem colesterol LDL (o ruim) alto, já passou dos 40 anos, está acima do peso e é sedentário, é bom começar a pensar no coração. Você reúne vários fatores de risco para doenças cardiovasculares. Estudos apontam que homens têm mais propensão que mulheres a ter enfarte. Diabetes, obesidade, estresse, tabagismo, pressão alta, etnia, sedentarismo, colesterol total e o ruim (LDL) altos e antecedentes familiares são fatores de risco parar o sistema cardiovascular. Nem a barriguinha está perdoada. Homens com mais de 102 cm de circunferência na cintura e mulheres com mais de 88 cm têm risco maior. E a idade também conta: homens com mais de 45 e mulheres com mais de 55 são os mais propensos a problemas. “Depois dos 35 anos, você só tem perda: de massa muscular e óssea e de função cardiovascular. Tem de fazer atividade física”, diz o terapeuta esportivo José Rubens D’Elia. A Organização Mundial de Saúde recomenda a prática de atividade aeróbia por 30 minutos, três vezes por semana. “Esse tempo pode ser dividido durante o dia, mas a atividade deve ser de moderada intensidade (equivale a percorrer 100 m por minuto numa caminhada)”, diz o fisiologista Renato Lotufo. “A pessoa deve gastar de 1.500 a 2.000 calorias por semana, o que equivale a 45 minutos de caminhada de 5 a 6 vezes por semana.” E, claro, fazer exames regulares, porque nem atletas em atividade estão livres. O atacante Washington Cerqueira, de 28 anos, do Fenerbahçe da I.P. imprensa.pmd 92 07/05/03, 17:16 94 O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 02 (2003) Turquia, foi submetido a uma angioplastia em dezembro. “Foi um susto, porque quatro meses antes ele fez todos os exames para entrar no time e estava bem”, diz seu procurador Gilmar Rinaldi. O jogador viajou na quarta-feira para a Turquia e deve voltar a jogar em dois meses. O Estado de São Paulo 26 de fevereiro de 2003 imprensa.pmd A reformulação dos planos de saúde Após testar oito das principais operadoras de planos de saúde, o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) constatou um alto grau de desrespeito à legislação, com índices que variam de 31% a 50% de falhas. Foram pesquisados 16 itens, como os procedimentos de contratação, a vigência do contrato e o cancelamento do serviço. Com base nos dados, o Idec classificou as situações de “preocupantes” e “muito ruins” e diagnosticou: os planos de saúde estão doentes. Um dos exemplos levantados pelo Idec refere-se ao conteúdo incompleto das declarações de saúde, que são preenchidas quando o cliente adere ao plano. As perguntas sobre o passado do consumidor são consideradas genéricas e a maior parte dos planos, após receber o formulário, não declara que o consumidor não foi enquadrado como portador de doença preexistente. A conseqüência dessa falha é que pessoas que dizem ser fumantes ou ter casos de diabetes na família correm o risco de no futuro terem negado o direito a algum tipo de cobertura de uma doença. Há muito os planos de saúde vêm sendo alvo de organismos de defesa do consumidor, como o próprio Idec e os Procons, onde eles são um dos campeões de queixas. A importância que a medicina suplementar adquiriu no Brasil, com a virtual falência dos serviços públicos de saúde, em todos os níveis (o federal, os estaduais e os municipais), justifica tal preocupação. Os investimentos que as pessoas individualmente, e que boa parte das empresas faz para seus empregados terem um atendimento médico-hospitalar de melhor qualidade do que o oferecido pelo Estado são elevados e precisam de fato ser vigiados e monitorados. Trinta e seis milhões de brasileiros são hoje atendidos pelos planos e seguros de saúde. 94 07/05/03, 17:16 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 02 (2003) 95 Avanços terapêuticos e tecnológicos Martina Bebin et al, Annual Meeting of the American Academy of Neurology, Honolulu, 1 a 5 de abril de 2003 Topiramato mostra-se promissor em pacientes com diabetes e síndrome metabólica Deng S et al., Diabetologia 2003;46(3):386-93, março de 2003 Transferência de gene para insulina melhora a função dos transplantes de ilhotas humanas Topiramato, uma droga anti-epilética, tem favorecido peso e rendimento metabólico, o que o torna um agente útil para o tratamento de pacientes diabéticos, com sobrepeso e neuropatia diabética, de acordo com estudo randomizado, controlado por placebo. Os efeitos das drogas anti-epiléticas nos parâmetros metabólicos dos diabéticos ainda não foram amplamente reportados, de acordo com Dra. Martina Bebin. Ela analisou um pool de dados metabólicos em aproximadamente 900 pacientes diabéticos com dor periférica polineuropática, que foram tratados com topiramato em três estudos duplo-cegos, controlados por placebo. A pesquisa incluiu pacientes de 18 a 75 anos de idade que apresentavam polineuropatia periférica diabética dolorosa por pelo menos 6 meses e níveis de HbA1c < 11% por pelo menos 3 meses antes da randomização. Após um período de linha base de até 28 dias, os indivíduos foram randomizados para o tratamento com topiramato com 100, 200, ou 400 mg/ dia, ou placebo. A duração do tratamento duplo-cego foi de 18 a 22 semanas. O controle diabético (níveis de HbA1c) melhorou significativamente durante o tratamento com topiramato, e o efeito foi dose dependente. A maioria dos pacientes apresentou decréscimo de HbA1c clinicamente significativo (> 0,5%). As reduções na HbA1c não pareceram estar correlacionadas com a perda de peso induzida pelo topiramato. O estudo também constatou que a maioria dos pacientes perdeu peso durante o tratamento com topiramato. Dezoito a 40% dos pacientes apresentou perda de peso clinicamente significativa, perdendo pelo menos 5% do peso da sua linha base. O efeito foi dose dependente. Relatos de reações hipoglicêmicas e hipoglicemia foram similares para o topiramato e para o placebo. Eventos adversos que levaram a uma redução da dose, interrupção da terapia, ou descontinuação do tratamento, foram dose dependentes e similares às observações em estudos duplo-cego com monoterapia com topiramato em outras populações (por exemplo, pacientes epiléticos). Objetivo: Um recente sucesso no transplante de ilhotas renova a esperança para a cura completa dos pacientes portadores de diabetes tipo 1. Entretanto, na série Edmonton, de dois a quatro doadores de pâncreas foram requeridos para obter uma massa suficientes de ilhotas para reverter o diabetes de cada avanços.pmd 95 07/05/03, 17:16 96 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 02 (2003) paciente. Em vista da dificuldade de encontrar doadores, isso representa um obstáculo para uma maior aplicação no transplante de ilhotas em pacientes diabéticos. Nós hipotetizamos que o aumento da expressão dos genes de insulina nas ilhotas transplantadas pode incrementar sua capacidade de produção de insulina, e portanto permitir a reversão do diabetes com uma massa reduzida de ilhotas. Métodos: Nós usamos um adenovírus de replicação defeituosa para inserir o gene da proinsulina humana (Ad-Ins) para isolar ilhotas humanas. A função das ilhotas humanas de Ad-Ins-transduzidas foi comparada à ilhotas transduzidas com um controle vetor (Ad-lacz). Resultados: Ilhotas Ad-Instransduzidas produziram de duas a três vezes mais insulina do que as ilhotas normais ou do que aquelas infectadas com Ad-lacz, como avaliado por testes de perifusão in vitro de liberação de insulina estimulada por glicose. Quando transplantadas, as ilhotas Ad-Ins-transduzidas normalizaram a glicose sangüínea de ratos NOD-Scid diabéticos imunodeficientes, e menos da metade das ilhotas Ad-Ins foram requeridas para reverter o diabetes do que quando ilhotas normais foram transplantadas. Continuação Conclusão: Nós resultados sugerem uma aproximação simples e efetiva que poderia melhorar a eficiência do transplante de ilhotas para o tratamento do diabetes em humanos. Veniant MM et al., Curr Pharm Des 2003;9(10):811-8. Leptina: de animais para humanos A leptina tem mostrado possuir vasto repertório de efeitos periféricos, alguns deles mediados pelo sistema nervoso central e outros induzidos por ação direta nos tecidos alvo. Existe agora evidência mostrando que a leptina exerce alguns dos seus efeitos metabólicos agindo diretamente nos tecidos periféricos. O papel da leptina expandiu de uma modesta posição na obesidade para efeitos em processos biológicos, como diabetes, apetite, termogênese, sistema imune e reprodução. Aqui revisamos evidências pré-clínicas para os efeitos diretos nos tecidos específicos (neurônios, fígado e músculos) e caminhos metabólicos. Em uma segunda parte nós revisamos evidências clínicas para os efeitos da leptina. Em particular nós revisamos os efeitos da leptina humana recombinante em indivíduos magros, obesos, diabéticos e em pacientes com deficiência congênita de leptina ou diabetes lipoatrófica. Adicionalmente, enquanto a leptina clínica não mostrou efeitos dramáticos em indivíduos obesos/diabéticos com leptina sérica mensurável, nos estados de deficiência de leptina, o tratamento com leptina tem mostrado apresentar efeitos profundos no peso corporal, apetite e resistência à insulina. Gadde KM et al., JAMA 2003;289(14):1820-5, abril de 2003 Zonisamida para perda de peso em adultos obesos: estudo controlado randomizado Contexto: Zonisamida é uma droga antiepilética comercializada que possui atividade serotoninérgica e dopaminérgica além de bloquear canais de sódio e de cálcio. Perda de peso foi um efeito adverso associado ao tratamento da epilepsia com zonisamida em ensaios clínicos. Objetivo: Avaliar a eficácia da zonisamida para perda de peso em adultos obesos. Desenho e métodos: Um ensaio de dezesseis semanas randomizado, duplocego, controlado por placebo com uma extensão opcional de simples-cego do mesmo tratamento por outras dezesseis semanas, foi conduzido no Centro Médico da Universidade de Duke de março de 2001 a março de 2002. avanços.pmd 96 07/05/03, 17:16 98 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 02 (2003) Participantes: Cinqüenta e cinco mulheres (92%) e 5 homens (8%) (média índice de massa corporal 36,3 ± 0,5; idade média 37,0 ± 1,0 anos). Intervenções: Os pacientes foram escolhidos randomicamente para receber zonisamida (n = 30) ou placebo (n = 30). Todos os participantes tiveram dieta balanceada hipocalórica prescrita (um déficit de 500 kcal/d) e adesão foi monitorizada com próprio controle da alimentação diária. A terapia com zonisamida foi iniciada em 100 mg/d via oral, com aumento gradual até 400 mg/d e aumento adicional até 600 mg/d para pacientes que perderam menos de 5% do peso corporal no final de 12 semanas. A dose do placebo foi idêntica. Principal medida realizada: Variação no peso corporal. Resultados: Dos 60 pacientes randomizados, 51 completaram a fase aguda de 16 semanas. Numa análise da intenção de tratar usando dados disponíveis para todos os participantes randomizados com a última observação levada a diante, o grupo com zonisamida perdeu mais peso corporal do que o grupo placebo (média 5,9 ± 0,8 kg, 6,0% de perda vs 0,9 ± 0,4 kg, 1,0% de perda; t = 5,5; P < 0,001) durante o período de 16 semanas. Uma regressão longitudinal de modelo misto para variação do controle de peso para idade, raça, sexo, índice de massa corporal, e percentual de gordura corporal estimou que o tratamento com zonisamida a cima de 16 semanas de duração do estudo foi associado com perda de peso significativamente maior do que com placebo (t = 6,4; P < 0,001). Dezessete (57%) de 30 no grupo com zonisamida e 3 (10%) dos 30 no grupo placebo perderam pelo menos 5% do peso corporal (P < 0,001) nas 16 semanas. Dos 37 pacientes que participaram da fase de extensão, 36 completaram as 32 semanas. O grupo com zonisamida (n = 19) teve uma média perda de peso de 9,2 kg (1,7 kg) (9,4% de perda) na semana 32 comparado com 1,5 kg (0,7 kg) (1,8% kg de perda) para o grupo placebo (n = 17) (t = 4,0; P < 0,001). A zonisamida foi bem tolerada, com poucos efeitos adversos. Continuação Conclusão: No ensaio preliminar a curto prazo, a zonisamida e a dieta hipocalórica resultaram em maior perda de peso do que o placebo somado a dieta hipocalórica no tratamento da obesidade. Kinjo K et al., Am J Cardiol 2003;15;91(8):931-5, abril de 2003 Impacto da proteína-C reativa de alta sensibilidade na predição da mortalidade a longo prazo do infarto agudo do miocárdio Embora as medições de concentração da proteína-C reativa (PCR) diminuam após infarto agudo do miocárdio (IAM), isto está associado com a extensão do infarto, e seu valor prognóstico é controverso. A redução da PCR é acelerada por reperfusão. Portanto, a concentração de PCR, medida durante a fase estável do IAM em pacientes tratados predominantemente com terapias de reperfusão, pode ser independente da extensão do infarto e pode predizer mortalidade a longo prazo. Nós estudamos 1.309 pacientes com IAM admitidos no Osaka Acute Coronary Insufficiency Study entre abril de 1999 e junho de 2001. O PCR foi medido durante a fase estável (média de 25 dias após estabelecimento do IAM). Os pacientes foram acompanhados durante uma média de 522 dias. As terapias de reperfusão foram realizadas em 90% dos pacientes. Pacientes no mais alto quartil dos valores de PCR (± 0,38 mg/dl) foram mais velhos, apresentaram maiores prevalências de diabetes mellitus e tiveram mais alta classificação de Killip do que pacientes nos menores 3 quartil (< 0,38 mg/dl). A análise de regressão logística multivariada revelou que o PCR foi independentemente associado com idade e ausência de terapias de revascularização. Pacientes no mais alto quartil tiveram taxas de mortalidade maiores do que os pacientes nos 3 menores quartil (8,9% vs 2,0%; p < 0,001). A análise de regressão multivariada Cox revelou que o mais alto quartil dos avanços.pmd 98 07/05/03, 17:16 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 02 (2003) 99 Continuação valores de PCR foi um preditor independente da mortalidade a longo prazo (hazard ratio 4,94, IC 95% 1,13 a 21,6). Nós concluímos que o PCR medido durante a fase estável do IAM não está associado com a extensão do infarto na área de reperfusão mas está significativamente associado com mortalidade a longo prazo do IAM. Gale EA, Diabetologia 2003;46(3):339-46, março de 2003 Intervençao antes do estabelecimento do diabetes tipo 1: dados iniciais do European Nicotinamide Diabetes Intervention Trial (ENDIT) Objetivos: Desenvolver um estudo clínico para estabelecer se a nicotinamida pode prevenir ou retardar o aparecimento do diabetes tipo 1. Métodos: O European Nicotinamide Diabetes Intervention Trial é um estudo de intervenção placebo-controlado, duplo-cego, randomizado, realizado em 18 países da Europa, Canadá e nos EUA. Os critérios de inclusão foram história familiar de diabetes tipo 1 de primeiro grau, idade entre 3-40 anos, presença confirmada de níveis de anticorpos contra as células das ilhotas (ICA) ³ 20 unidade JDF, e um resultado não diabético para o OGTT; além disso, o grupo de estudo foi caracterizado pelo teste de tolerância à glicose intravenoso, medção dos anticorpos para GAD, IA-2 e insulina e genotipagem de HLA classe II. Resultados: A triagem do ICA foi realizada em aproximadamente 30.000 parentes de primeiro grau. Um total de 1.004 indivíduos preencheram o critério de elegibilidade de ICA e 552 (288 homens) foram randomizados para o tratamento. Desses, 331 tinham menos de 20 anos (87% filhos e 13% prole do probando com diabetes) e 221 tinham 20 anos de idade ou mais (76% familiares, 21% filhos e 3% prole). O teste de tolerância oral à glicose foi normal em 500 e anormal em 52 (9,4%) e a primeira fase de resposta à insulina no IVGTT foi < 10º centil em 34%. Anticorpos adicionais contra ilhotas foram identificados em 354 ensaios de entrada. Haplotipos de HLA classe II associados ao diabetes foram encontrados em 84% do grupo mais jovem e em 80% do grupo mais velho. O haplotipo protetor HLA-DQA1*0102DQB1*0602 foi encontrado em 10% do total. Conclusões: ENDIT mostrou que o ensaio de uma intervenção desenhada para parar ou diminuir a progressão do diabetes tipo 1 pode ser levado a diante numa base colaboradora multinacional, levando em conta que a segurança potencial e as formas efetivas de intervenção sejam disponíveis. A triagem primária com anticorpos bioquimicamente definidos irá reduzir substancialmente o número de indivíduos de baixo risco a serem incluídos em ensaios de intervenção futuros. Preece R et al., J Matern Fetal Neonatal Med 2002;12(6):365-75, dezembro de 2002 Novas e futuras terapias de diabetes: São elas seguras durante a gravidez? Diabetes na gravidez, se a mulher que já tinha o diabetes antes de engravidar ou desenvolveu diabetes gestacional, está associado com muitas complicações e riscos. No primeiro trimestre, a organogênese pode ser interrompida por complicações devido ao controle inadequado do diabetes da mãe, levando a más formações fetais ou mortalidade perinatal. Problemas com o controle glicêmico na gestação também podem levar à consequências para a criança. Estes incluem macrosomia, distocia dos ombros, pré-eclampsia, hipoglicemia e risco aumentado para obesidade e diabetes no futuro. Portanto, tratamento agressivo e imediato dos altos níveis de glicose sanguínea, que causam estas avanços.pmd 99 07/05/03, 17:16 100 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 02 (2003) Continuação complicações, é necessário. Esta revisão examinou os tratamentos correntes para gestações complicadas pelo diabetes, e avaliou o lugar dos novos e possíveis tratamentos futuros incluindo dieta, exercícios, insulina, análogos de insulina e agentas orais e inalantes. Berkowitz RI et al., JAMA 2003;289(14):1805-12, abril de 2003 Terapia comportamental e sibutramina para o tratamento de adolescentes obesos: estudo controlado randomizado Contexto: A obesidade de adolescentes está caminhando para um problema nacional de saúde pública. Medicações para perda de peso incluindo a sibutramina facitam o controle de peso em adultos e pode ser usado com adolescentes obesos em combinação com a terapia comportamental (TC). Objetivos: Examinar se o aumento na perda de peso em adolescentes obesos é induzido quando a sibutramina é adicionada a programa com base familiar de controle de peso e comportamento. Desenho, métodos e participantes: Estudo placebo controlado, duplo-cego, randomizado consistindo de 82 adolescentes, com idade entre 13 a 17 anos, com índice de massa corporal (IMC) de 32 a 44, conduzido de março de 1999 a agosto de 2002 com base clínica numa universidade por 6 meses, seguido pelo tratamento aberto durante 7 a 12 meses. Intervenções: Para os primeiros 6 meses, os participantes receberam tanto TC e sibutramina ou TC e placebo. Dos meses 7 a 12, todos os participantes receberam sibutramina em tratamento aberto. Principais medições realizadas: Porcentagem de mudança no IMC, pressão sanguínea sistólica e diastólica, pulso e fome. I.P. avanços.pmd 100 07/05/03, 17:16 102 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 02 (2003) Resultados: Na intenção de tratar as análises no mês 6, os participantes no grupo TC e sibutramina perderam uma média (DP) de 7,8 kg (6,3 kg) e tiveram uma redução no IMC de 8,5% (6,8%), a qual foi significativamente maior do que a perda de peso de 3,2 kg (6,1 kg) e uma redução no IMC de 4,0% (5,4%) no grupo TC e placebo. Reduções mais significantes na fome (P = 0,002) também foram relatadas pelos participantes que receberam TC e sibutramina. Dos meses 7 a 12, os adolescentes tratados inicialmente com sibutramina ganharam 0,8 kg (10,5 kg) com o uso contínuo da medicação, onde aqueles que interromperam do placebo para a sibutramina perderam um adicional de 1,3 kg (5,4 kg). A dose da medicação foi reduzida (n = 23) ou descontinuada (n = 10) para controlar os aumentos na pressão sanguínea, taxa de pulso, ou outros sintomas. Continuação Conclusões: A adição de sibutramina a um programa comportamental compreensivo induziu significativamente a mais perda de peso do que ocorreu no TC e placebo. Até que mais dados extensivos de segurança e eficácia estejam disponíveis, medicações para perda de peso devem ser utilizadas somente em base experimental em adolescentes e crianças. Amer P, Trends Endocrinol Metab 2003;14(3):137-45, abril de 2003 O adipócito na resistência à insulina: moléculas chave e o impacto das tiazolidinedionas Globalmente, a prevalência da obesidade está aumentando, e a resistência à insulina resultante de um aumento (predominantemente visceral) de massa tecido adiposo foi identificado como um fator chave que poderia estar agindo paralelamente ao crescimento da prevalência do diabetes mellitus tipo 2 (T2DM). Correlações dessas epidemias globais encorajaram uma investigação sobre potenciais ligações moleculares entre as relações entre disfunções na homeostase de lipideos e da glicose. Este artigo revisa os fatores liberados do tecido adiposo que poderiam contribuir para o desenvolvimento da resistência à insulina e para a disfunção das células b, fator de necrose tumoral alpha (TNF-a), ácidos-graxos livres (FFAs), adiponectina, resistina e leptina. Ele também considera se agonistas do receptor gamma de ativação de proliferação do peroxissoma, que é abundante no tecido adiposo, poderia ter um impacto importante nos fatores associados ao metabolismo do adipócito. Por exemplo, as tiazolidinedionas, classe de agentes anti-diabéticos orais, que reduzem a resistência à insulina e melhoram a função das células b, poderiam mediar esses efeitos através de regulação de fatores derivados do adipócito, em particular o TNF-a e FFAs. avanços.pmd 102 07/05/03, 17:16 8º Congresso Brasileiro Multidisciplinar e Multiprofissional em Diabetes 8ª Exposição Nacional de Produtos e Alimentos para Diabéticos 25, 26 e 27 de julho de 2003 - UNIP Av. Marquês de São Vicente, 3001 - São Paulo - SP - Brasil Sessão de Temas Livres Os trabalhos de Temas Livres (TL) visam acima de tudo proporcionar ao profissional de todas as especialidades, a oportunidade de apresentar sua contribuição na área de Diabetes Mellitus. Os TLs deverão ser enviados à secretaria da ANAD sob forma de resumo e todos serão apresentados sob a forma de pôster e selecionados para a apresentação oral. Os TLs deverão ser enviados por e-mail para: [email protected]. Não serão aceitos resumos via fax ou correio. Os resumos deverão ser enviados impreterivelmente até a data limite de 30/05/03. A elaboração e organização do Tema Livre deverá seguir o modelo contido no site do congresso www.anad.org.br. Serão permitidos até 8 autores por trabalho. O primeiro autor deverá necessariamente estar inscrito no congresso. Haverá prêmios aos vencedores (por tema). Ao melhor trabalho R$ 2.000,00. Formulário para inscrição de Temas Livres Nome completo Especialidade Endereço Cidade Estado Telefone 1 Telefone 2 Fax Profissão Título do trabalho Co-autores e-mail CEP País Celular e-mail alternativo Instituição 104 Diabetes Clínica 02 (2003) Produtosenovidades Vepê lança o primeiro adoçante para crianças A Vepê, tradicional empresa de diets e lights do país, desenvolveu uma série de produtos da família Doce Menor feitos especialmente para o paladar infantil, intitulada Doce Menor Turma da Mônica. Estalinha infantil traz a turminha de Maurício de Souza composta por Cebolinha, Mônica, Magali e Cascão como tema dos produtos, e inclui desde adoçantes líquidos e em pó, pudins, gelatinas até balas. Todos sem açúcar. “Nosso produto irá de encontro às necessidades de todas as crianças que não podem consumir açúcar ou necessitam de uma dieta de perda de peso,” afirma Max Lee, diretor geral da empresa. “Tanto a versão em pó quanto a líquida dos adoçantes possuem um sabor adocicado, adequado ao paladar infantil, podendo ser consumido a partir dos 2 anos, idade onde a alimentação da criança começa a fazer parte do cardápio da família”, completa. A família Doce Menor Turma da Mônica não provoca cáries, tem baixas calorias e não contém açúcar. O adoçante em pó não contém lactose, podendo ser também consumido por crianças com intolerância à lactose. Destaque para as Balas Turma da Mõnica Fructoribras, que além de não conter açúcar e, portanto, não provocar cáries, tem um diferencial exclusivo e único no mercado: contém Fructofibras, fibras vegetais 100% naturais que auxiliam na melhora da flora intestinal, possibilitando o funcionamento balanceado das funções intestinais das crianças, de forma muito mais saudável. Os adoçantes Doce Menor Turma da Mônica já estão nas gôndolas dos principais supermercados do Brasil, em embalagens de 50 envelopes (com 0,8 gramas) e em frasco com 100 ml. International Diabetes Federation: Diabetes sem fronteiras Para o Congresso de Federação Internacional de Diabetes, previsto para agosto de 2003, a Associação francesa de diabetes lançou o livro “Voyages: le diabète sans frontières” (Viagens: o diabetes sem fronteiras), que apresenta dados sobre cada país afiliada à Federação internacional, com receitas típícas (e dietéticas) preparadas por cada associação. O capítulo sobre o Brasil foi redigido pela equipe da ANAD. Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 02 (2003) 105 ANAD e Edições Cozinha Saudável lançam o Guia alimentar para o Diabético Duas vezes por mês, o guia traz receitas com o cálculo nutricional, quantidade de carboidratos e também de gorduras e proteínas. Cada edição apresenta duas sugestões de cardápio diário, que possibilitam ao diabético ter uma dieta saudável e compatível com as orientações de seu médico e nutricionista. Além disso, o guia educa o leitor através de textos médicos e de nutrição escritos por profissionais conceituados. Hoje se fala muito em melhoria da qualidade de vida e em alimentação saudável com prazer. No Guia Alimentar para o Diabético você encontrará, além de receitas saudáveis e saborosas, orientações feitas por quem mais entende do assunto, em textos muito bem explicados. O Guia Alimentar para o Diabético não é somente uma revista de receitas, trata-se de uma publicação séria voltada para o tratamento e acompanhamento do diabetes. Para os profissionais de saúde é uma ferramenta de trabalho que poderá auxiliar o tratamento de seus pacientes. Para o leitor é a possibilidade de comer bem e com saúde. A Coordenação Científica é do Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho e a Coordenação Nutricional está a cargo da nutricionista Márcia Terra. Esta nova publicação está disponível nas bancas de revistas e também na sede da ANAD. Johnson & Johnson: Novo sistema de auto-monitorização OneTouch UltraTM A Johnson & Johnson lança no Brasil, o mais novo sistema de automonitorização, OneTouch Ultra TM. O OneTouch Ultra TM reúne as melhores qualidades de todos os monitores de glicemia atualmente no mercado. 1) Ele precisa de menos sangue: o sistema inovador OneTouch UltraTM permite realizar o teste de glicemia com uma quantidade muito menor de sangue, apenas 1 microlitro. Menos desperdícios de fitas por erros de amostragem. 2) Ele provoca menos dor: as lancetas UltraSoftTM,que são ultra-finas, causam menor incômodo e facilitam a obtenção da amostra. Além disso, o sistema OneTouchâ UltraTM também permite tirar amostras de regiões alternativas, como por exemplo, o braço, aonde há uma menor sensibilidade à dor. 3) Ele precisa de menos tempo: as tiras reagentes, com a nova tecnologia FastDrawTM, permitem uma absorção instantânea, induzindo o sangue automaticamente até a área de amostragem, que indica se a quantidade de sangue foi suficiente para realizar a medição. 106 Diabetes Clínica 02 (2003) Resumos de trabalhos e congressos Bronwyn G.A. Stuckey, Mauricio N. Jadzinsky, Liam J. Murphy, Francesco Montorsi, Ates Kadioglu, Fadlo Fraige, Pilar Manzano, Chaicharn Deerochanawong, Diabetes Care 2003;26:279-284 Citrato de sildenafil para o tratamento da disfunção erétil em homens com diabetes tipo 1 resultados de um estudo controlado randomizado Objetivo: Nos 5-10% dos homens diabéticos portadores de diabetes tipo 1, a disfunção erétil (DE) pode ser uma particularidade comum e uma complicação não desejável. Este é o primeiro estudo focando exclusivamente os efeitos do sildenafil em homens com diabetes tipo 1 e DE. Desenho do estudo e métodos: Um total de 188 pacientes foram submetidos a um estudo duplo-cego, placebo-controlado, grupo-paralelo, dose-flexível e foram randomizados para receber sildenafil (25-100 mg; n = 95) ou placebo (n = 93) por 12 semanas. A eficácia foi avaliada usando questões: três (Q3; alcançando uma ereção) e quatro (Q4; mantendo uma ereção) pelo Índice Internacional de Função Erétil (IIFE), uma questão de eficácia global (QEG; “O tratamento melhorou a sua função erétil?”), e log do evento de atividade sexual. Resultados: A melhora na média dos scores da linha de base até o final do tratamento para IIFE Q3 (35,7 vs. 19,9%) e Q4 (68,4 vs. 26,5%) foi significativa nos pacientes recebendo sildenafil comparados com aqueles recebendo placebo (P = 0,0001). Além disso, o percentual de melhora nas ereções (QEG, 66,6 vs. 28,6%) e das tentativas de relação sexual bem sucedidas (63 vs. 33%) foram significativamente aumentadas com sildenafil comparado com placebo. A melhora na função sexual foi vista independentemente do grau de severidade da DE. Eventos adversos foram leves a moderados quanto a severidade, com cefaléia (20 vs. 8%), rubor (18 vs. 3%), e dispepsia (8 vs. 1%) relatados mais vezes nos pacientes tratados com sildenafil do que no placebo. Conclusões: O tratamento com sildenafil para DE foi efetivo, resultando em um aumento na porcentagem das tentativas bem sucedidas de relação sexual, e foi bem tolerada entre os homens com diabetes tipo 1. David F. Penson et al., Exploratory Comprehensive Evaluation of Erectile Dysfunction – ExCEED, Diabetes Care 2003;26:1093-1099 Homens impotentes com diabetes têm disfunção erétil mais severa e pior qualidade de vida do que os pacientes impotentes da população em geral? Objetivo: Pouco se sabe a respeito de como homens diabéticos com disfunção erétil (DE) diferem dos homens impotentes da população em geral. O objetivo primário deste estudo foi comparar qualidade de vida relacionada à saúde (HRQOL) e severidade da DE em homens impotentes com ou sem diabetes. resumos.pmd 106 07/05/03, 17:16 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 02 (2003) Continuação 107 Desenho da pesquisa e métodos: Validade funcional e questionários de HRQOL (incluindo o Index Internacional da Função Erétil, a Escala Sexual de Auto-Eficácia, e a Escala do Impacto Psicológico da Disfunção Erétil) foram administrados para os pacientes com uma doença registrada de DE. Homens com DE e uma história de diabetes (n = 20) foram comparados com homens com DE e sem história de diabetes (n = 90) na linha de base e nos 12 meses de acompanhamento. Resultados: Homens diabéticos impotentes relataram função erétil e satisfaction sexual pior na linha de base, e DE tem um grande impacto em sua vida emocional. Homens diabéticos com DE apresentaram tendências significativamente diferentes na função erétil (P < 0,001), satisfação sexual (P < 0,013), desejo sexual (P < 0,016), satisfação plena (P < 0,023). Adicionalmente, houve uma tendência maior de impacto psicológico sobre a vida emocional (P < 0,067). Conclusões: Homens impotentes com diabetes apresentam uma pior DE do que homens com DE não diabéticos, resultando em uma pior qualidade de vida em homens diabéticos. Apesar disso pacientes diabéticos inicialmente respondem bem ao tratamento para DE, mas as respostas não parecem ser duráveis. Devido a isto, os médicos devem promover um acompanhamento a longo prazo enquanto tratarem de pacientes diabéticos portadores de DE. Sherita Hill Golden et al., Diabetes Care 2003;26:1110-1115 Pressão sangüínea em adultos jovens e o risco do diabetes tipo 2 na meia idade Objetivo: Hipertensão é conhecida por acompanhar diabetes tipo 2 na meia idade, mas não se sabe quão cedo na vida a pressão sangüínea (PS) começa a aumentar entre os indivíduos que mais tarde desenvolvem diabetes. O objetivo deste estudo foi avaliar PS elevada como preditor a longo prazo do diabetes tipo 2. Desenho do estudo e métodos: Nós conduzimos um estudo prospectivo de coorte com 1.152 estudantes de medicina brancos do sexo masculino no Johns Hopkins Precursors Study para avaliar longitudinalmente a pressão arterial sistólica (PAS) e PA diastólica (PAD) de jovens adultos até a meia idade em homens suscetíveis de desenvolver diabetes. Diabetes incidental foi identificada por auto-notificação através de questionários enviados pelo correio verificados por revisão médica. Resultados: Durante um acompanhamento médio de 38 anos, 77 casos de diabetes ocorreram. A idade média do diagnóstico do diabetes foi 58 anos. Tão logo se chegava aos 30 anos, a média da PAS e da PAD foram significativamente maiores em homens que desenvolveram diabetes durante o acompanhamento do que naqueles que se mantiveram não diabéticos (PAS 122 vs. 119 mmHg, P = 0,009; PAD 78 vs. 75 mmHg, P = 0,0005). A taxa do aumento na PAS e na PAD durante o tempo em homens que desenvolveram o diabetes foi maior do que a taxa de aumento em homens que não desenvolveram o diabetes (PAS 0,49 vs. 0,27 mmHg/ano, P < 0,00003; PAD 0,24 vs. 0,17 mmHg/ano; P = 0,09). Após ajuste para IMC e outros fatores de risco para o diabetes, PAS e PAD na idade de 30 anos se manteve significativamente maior em indivíduos que desenvolveram diabetes do que naqueles não diabéticos, entretanto, a diferença na taxa de aumento na PAS não foi tão significativa seguindo ajustes multivariados. Conclusões: PS elevada precede o desenvolvimento do diabetes tipo 2 na meia idade por 20-25 anos. PS alta em estado prédiabético pode contribuir para a presença de doença vascular no momento do diagnóstico do diabetes tipo 2. resumos.pmd 107 07/05/03, 17:16 108 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 02 (2003) Paolo Fiorina et al., Diabetes Care 2003;26:1129-1136 Efeito benéfico a longo prazo do transplante de ilhotas sobre a macro/microangiopatia diabética em pacientes diabéticos tipo 1 com transplante renal Objetivo: Nosso objetivo foi avaliar o efeito a longo prazo do transplante de ilhotas sobre a macro/microangiopatia diabética em pacientes diabéticos tipo 1 com transplante-renal. Desenho do estudo e métodos: Um total de 34 pacientes diabéticos tipo 1 com transplante renal foram submetidos a transplante de ilhotas e foram divididos em dois grupos: transplante renal de ilhotas bem sucedido (SI-K; 21 pacientes, concentração sérica de peptídeo-C no jejum > 0,5 ng/ml por > 1 ano) e transplante renal de ilhota mal sucedido (UI-K; 13 pacientes, concentração sérica de peptídeo-C no jejum < 0,5 ng/ml). A sobrevivência cumulativa dos pacientes, taxa de morte cardiovascular, e progressão de ateroesclerose foram comparados nos dois grupos. Biópsia de pele, dilatação endotélio-dependende (EDD), níveis de óxido nítrico (NO), e fatores de risco aterotrombóticos [fator de von Willebrand (vWF) e fragmento D-dimer (DDF)] foram estudados. Resultados: O grupo SI-K mostrou uma melhora significativa na taxa de sobrevivência por paciente (SI-K 100, 100, e 90% vs. UI-K 84, 74, e 51% em 1, 4, e 7 anos, respectivamente, P = 0,04), Taxa de morte cardiovascular menor (SI-K 1/21 vs. UI-K 4/13, 2 = 3,9, P = 0,04), e menor progressão de espessamento de intima-media do que o grupo UI-K (grupo SI-K: 1-3 anos 13 ± 30 µm vs. Grupo UI-K: 1-3 anos 245 ± 20 µm, P = 0,03) com decréscimo de sinais de injúria endotelial vistos na biópsia de pele. Além disso, o grupo SI-K mostrou um maior EDD do que o grupo UI-K (EDD: SI-K 7,8 ± 4,5% vs. UI-K 0,5 ± 2,7%, P = 0,02), NO basal mais alto (SI-K 42,9 ± 6,5 vs. UIK 20,2 ± 6, 8 µmol/l, P = 0,02), menores níveis de vWF (SI-K 138,6 ± 15,3 vs. UI-K 180,6 ± 7,0%, P = 0,02) e DDF (SI-K 0,61 ± 0,22 vs. UI-K 3,07 ± 0,68 µg/ml, P < 0,01). A taxa de peptídeo-C-creatinina foi positivamente correlacionada com EDD e NO e negativamente com vWF e DDF. Conclusões: Transplante de ilhotas bem sucedido melhora a sobrevivência, função cardiovascular, e função endotelial em pacientes diabéticos tipo 1 com transplante renal. Leslie P. Plotnick et al., Diabetes Care 2003;26:1142-1146 Segurança e efetividade da terapia de bomba de insulina em crianças e adolescentes com diabetes tipo 1 Objetivo: Avaliar a segurança e efetividade da terapia de bomba de insulina em crianças e adolescentes com diabetes tipo 1. Desenho do estudo e métodos: Todos os 95 pacientes que começaram a terapia com bomba de insulina no Hospital Johns Hopkins entre janeiro de 1990 e dezembro de 2000 foram incluídos no estudo. A média de idade foi de 12,0 anos (entre 4-18), e 29% dos pacientes eram <10 anos de idade. Os dados foram obtidos por uma revisão do prontuário começando 6-12 meses antes do início da bomba. A média de duração do acompanhamento foi de 28 meses. Resultados: Houve um pequeno porém significativo decréscimo na HbA1c no 3-6 meses após o início da bomba (7,7 vs. 7,5%; P = 0,03). Os níveis de HbA1c aumentaram gradualmente e permaneceram elevados após 1 ano de acompanhamento; entretanto, esta associação foi confundida pela idade e duração do diabetes, cada um deles estavam associados com altos níveis de HbA1c. Após ajuste para duração e idade, a média de HbA1c após o início da resumos.pmd 108 07/05/03, 17:16 25, 26 e 27 de Julho de 2003 Após 15/07 inscrições sob consulta. OBS: Se você for Nutricionista e quiser participar de Oficinas deverá fazer um depósito de mais R$ 20,00 e informar sua inscrição (temos 160 vagas). Local UNIP - Universidade Paulista Av. Marquês de São Vicente, 3001- São Paulo. Secretaria do Congresso Associação Nacional de Assistência ao Diabético End.: Rua Eça de Queiroz, 198 - Vila Mariana - SP Fone/Fax: (11) 5549-6704 / 5572-6559 E-mail: [email protected] Site: www.anad.org.br Forma de pagamento Depósito bancário Banco Real - Ag.0985 c/c 0000037-5, em nome da Associação Nacional de Assistência ao Diabético. Refeições Almoço e lanches dentro do Evento Taxa de Inscrição Até 30 de junho de 2003 Profissionais: R$ 130,00 / Estudantes: R$ 100,00 Após esta data, acréscimo de R$ 40,00 Inscrição para temas livres com prêmio de R$ 2.000,00. Instruções para inscrição Para se inscrever envie esta ficha juntamente com o comprovante de depósito do banco e xerox da carteira de seu Conselho FICHA DE INSCRIÇÃO 8º Congresso Brasileiro Multidisciplinar e Multiprofissional em Diabetes 8ª Exposição Nacional de Produtos e Alimentos para Diabéticos 25, 26 e 27 de julho de 2003 - UNIP - Av. Marquês de São Vicente, 3001 - SP - Brasil Nome Nº Reg. Conselho Endereço Cidade resumos.pmd Estado Fone Recibo em nome de Fax Cheque nº Data Banco Profissão 109 CEP e-mail Valor total 07/05/03, 17:17 110 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 02 (2003) bomba foi significativamente menor do que antes do início da bomba (7,7 vs. 8,1%; P < 0,001). O número de complicações médicas (cetoacidose diabética, visitas ao departamento de emergência) foi similar antes e depois do início da bomba. Houveram poucos eventos de hipoglicemia após o início da bomba (12 vs. 17, rate ratio 0,46, IC 95% 0,21-1,01). Continuação Conclusões: Este estudo sugere que a terapia de bomba é segura e efetiva nas crianças e adolescentes com diabetes tipo 1 selecionados. Martha Rodríguez-Morán et al., Diabetes Care 2003;26:1147-1152 Suplementação oral de magnésio melhora a sensibilidade à insulina e o controle metabólico no diabetes tipo 2 Objetivo: Determinar se a suplementação oral de magnésio (solução de cloreto de magnésio [MgCl2]) melhora tanto a sensibilidade à insulina quanto o controle metabólico em indivíduos diabéticos tipo 2 com decréscimo nos níveis de magnésio sérico. Desenho do estudo e métodos: Estudo clínico controlado por placebo, duplocego, randomizado. Um total de 63 indivíduos com diabetes tipo 2 e com decréscimo do magnésio sérico (níveis séricos de magnésio de 0,74 mmol/l) tratados por glibenclamida receberam tanto 50 ml solução de MgCl2 (contendo 50 g MgCl2 por 1.000 ml de solução) ou placebo diariamente por 16 semanas. Diarréia crônica, alcoolismo, uso de drogas diuréticas e/ou antagonistas do cálcio, e redução da função renal foram critérios de exclusão. Uma avaliação do modelo de homeostase para a resistência à insulina (HOMA-RI) foi usado como parâmetro de sensibilidade à insulina e glicose e HbA1c como parâmetro para o controle metabólico. Resultados: No final do estudo, os indivíduos que receberam suplementação de magnésio mostraram aumento significativo nas concentrações de magnésio sérico (0,74 ± 0,10 vs. 0,65 ± 0,07 mmol/l, P = 0,02) e diminuição do índice HOMA-RI (3,8 ± 1,1 vs. 5.0 ± 1,3, P = 0,005), níveis de glicose de jejum (8,0 ± 2,4 vs. 10,3 ± 2,1 mmol/l, P = 0,01), e HbA1c (8,0 ± 2,4 vs. 10,1 ± 3,3%, P = 0,04) do que indivíduos controle. Conclusões: Suplementação oral com solução de MgCl2 restaura os níveis séricos de magnésio sérico, melhora a sensibilidade à insulina e o controle metabólico em pacientes diabéticos tipo 2 com decréscimo dos níveis de magnésio sérico. Haszon I et al., Eur J Pediatr, abril de 2003 Agregação plaquetária, viscosidade sangüínea e lipídio sérico em crianças hipertensas e obesas Um grupo de 35 pacientes (8-17 anos, média 15,5 anos) com hipertensão essencial juvenil, 15 com índice de massa corporal (IMC kg/m2) < 25 e 20 com IMC > 25, assim como 35 controles com idade e sexo estabelecidos (IMC < 25 n = 20; IMC >25 n = 15) foram investigados para estudar o papel da hipertensão e da obesidade, separadamente e em combinação, na agregação plaquetária in vitro, viscosidade do sangue e do plasma, concentrações do lipídio plasmático e peroxidação lipídica bem como a produção de óxido nítrico (NO). Crianças obesas (hipertensas e controle) têm significativamente concentrações de colesterol total e triglicerídeos mais altas. Os níveis de lipoproteína de alta densidade colesterol (HDL) foram menores nas crianças obesas hipertensas do que nas partes não obesas. Existe um significativo aumento na agregação plaquetária e um decréscimo nos níveis de NO em resumos.pmd 110 07/05/03, 17:17 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 02 (2003) 111 pacientes hipertensos (obesos e não obesos) refletindo uma correlação negativa significativa (r = -0,553 and –0,530, n = 35; P < 0,01, respectivamente). Entretanto, uma tendência aumentada para a agregação também foi evidente em pacientes obesos normotensos. Uma correlação positiva significativa foi observada entre a agregação plaquetária e IMC (r = 0,501, n = 35; P < 0,01). Tióis livres no plasmo estiveram em decréscimo em crianças hipertensas independentemente de seu IMC. Um aumento na peroxidação lipídica e uma maior viscosidade sangüínea e plasmática foram encontrados somente em pacientes obesos com hipertensão. Análise multivariada revelou interações significativas nos efeitos da obesidade e hipertensão na agregação plaquetária e na oxidação do tiol. Continuação Conclusão: Em crianças obesas, aumento na agregação plaquetária e agressão oxidativo contribuem para o desenvolvimento da hipertensão e para a promoção do dano vascular. Hu FB et al., JAMA 2003;9;289(14):1785-91, abril de 2003 Assistir televisão e outros hábitos sedentários em relação ao risco de obesidade e diabetes mellitus tipo 2 em mulheres Contexto: Campanhas públicas atuais de saúde para reduzir a obesidade e o diabetes tipo 2 tem focado amplamente o aumento de exercícios, porém tem dado pouca atenção à redução dos hábitos sedentários. Objetivo: Examinar a relação entre vários hábitos sedentários, especialmente assistir televisão (TV) por tempo prolongado, e risco de obesidade e diabetes em mulheres. Desenho, métodos e participantes: Um estudo prospectivo de coorte foi realizado de 1992 a 1998 entre mulheres de 11 estados no Nurses’ Health Study. A análise da obesidade incluiu 50.277 mulheres que tinham um índice de massa corporal (IMC) < 30 e estavam livre do diagnóstico de doença cardiovascular, diabetes, ou câncer e completaram as questões de atividade física e hábitos sedentários na linha de base. As análises do diabetes incluíram 68.497 mulheres que na linha de base estavam livres do diagnóstico de diabetes mellitus, doença cardiovascular, ou câncer. Principais mediadas realizadas: Estabelecimento da obesidade e do diabetes mellitus tipo 2. Resultados: Durante 6 anos de acompanhamento, 3.757 (7,5%) das 50.277 mulheres que tinham um IMC < 30 em 1992 ficaram obesas (BMI ³ 30). Num todo, nós documentamos 1.515 novos casos de diabetes tipo 2. O tempo gasto assistindo TV foi positivamente associado com o risco de obesidade e do diabetes tipo 2. Em análise multivariada ajustada para idade, tabagismo, níveis de exercícios, fatores dietéticos, e outras covariantes, cada 2-h/d de incremento em assistir TV foi associada com um aumento de 23% na obesidade (IC 95%, 17%-30%) e um aumento de 14% no risco do diabetes (IC 95%, 5%-23%); cada 2-h/d de incremento de estar sentado no trabalho estava associado com um aumento na obesidade de 5% (IC 95%, 0%-10%) e um aumento no diabetes de 7% (IC 95%, 0%-16%). Em contraste, em pé ou andando em volta de casa (2 h/d) esteve associado com uma redução na obesidade de 9% (IC 95%, 6%12%) e uma redução no diabetes de 12% (IC 95%, 7%-16%). Cada 1 hora por dia de caminhada rápida esteve associada com uma redução na obesidade de 24% (IC 95%, 19%-29%) e uma redução no diabetes de 34% (IC 95%, 27%41%). Nós estimamos que em nosso coorte, 30% (IC 95%, 24%-36%) dos novos casos de obesidade e 43% (IC 95%, 32%-52%) dos novos casos de diabetes podem ser prevenidos pela adoção de um estilo de vida relativamente ativo (<10 h/semana assistindo TV e ³ 30 min/d de caminhada rápida). resumos.pmd 111 07/05/03, 17:17 112 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 02 (2003) Continuação Conclusões: Independente no nível de exercício, hábitos sedentários, especialmente assistir TV, estavam associados significativamente com risco elevado de obesidade e diabetes tipo 2, onde mesmo atividade leve a moderada foi associada substancialmente com menor risco. Este estudo enfatiza a importância da redução prolongada de assistir TV e outros hábitos sedentários para prevenir obesidade e diabetes. Efeito da perda de peso e da mudança do estilo de vida nos marcadores da inflamação vascular em mulheres obesas: um estudo randomizado Esposito K et al., JAMA. 2003;289(14):1799-804, abril de 2003 Contexto: Obesidade é um fator de risco independente para a doença cardiovascular, que pode ser mediada pelo aumento da secreção da citocina pró-inflamatória pelo tecido adiposo. Objetivo: Determinar o efeito de um programa de mudança no estilo de vida desenhado para obter a redução do peso corporal no marcador da inflamação vascular sitêmica e na resistência à insulina. Desenho e métodos: Um estudo simples-cego randomizado conduzido entre fevereiro de 1999 até fevereiro de 2002 em um hospital universitário na Itália. Pacientes: Cento e vinte mulheres obesas premenopausa (índice de massa corporal ³ 30) com idade entre 20 e 46 anos, sem diabetes, hipertensão, ou hiperlipidemia. Intervenções: As 60 mulheres randomizadas selecionadas para o grupo I.P. resumos.pmd 112 07/05/03, 17:17 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 02 (2003) 113 de intervenção receberam advertência detalhada sobre como conseguir uma redução de peso de 10% ou mais através de uma dieta com baixa caloria no estilo mediterrâneo e aumento da atividade física. O grupo controle (n = 60) recebeu informações gerais sobre a escolha de alimentos saudáveis e exercícios. Principais mediçoes realizadas: Ingestão de lipídios e glicose; pressão sangüínea, avaliação do modelo de homeostático da sensibilidade à insulina, níveis circulantes de interleucina 6 (IL 6), interleucina 18 (IL 18), proteína-C reativa (PCR), e adiponectina. Resultados: Após 2 anos, mulheres no grupo de intervenção consumiram mais alimentos ricos em carboidratos complexos (9% diferença corrigida; P < 0,001), gordura monoinsaturada (2%; P = 0,009), e fibra (7 g/d; P < 0,001); tiveram um taxa de ácidos graxos ômega-6 para ômega-3 mais baixa (-5; P < 0,001); e tiveram um consumo mais baixo de energia (-310 kcal/d; P < 0,001), de gordura saturada (-3,5%; P = 0,007), e de colesterol (-92 mg/ d; P < 0,001) do que os controles. O índice de massa corporal decresceu mais no grupo de intervensão do que nos controles (-4,2; P < 0,001), assim como as concentrações séricas de IL-6 (-1,1 pg/ml; P = 0,009), IL-18 (-57 pg/ml; P = 0,02), e PCR (-1,6 mg/l; P = 0,008), enquanto os níveis de adiponectina aumentaram significativamente (2,2 microg/ml; P = 0,01). Em uma análise multivariada, mudanças nos níveis dos ácidos graxos livres (P = 0,008), IL-6 (P = 0,02), e na adiponectina (P = 0,007) foram independentemente associados com mudanças na sensibilidade à insulina. Continuação Conclusões: Neste estudo, um programa multidisciplinar objetivou reduzir o peso corporal em mulheres obesas através de mudança no estilo de vida e foi associado com uma redução nos marcadores da inflamação vascular e resistência à insulina. Lee DH et al., Diabetologia 2003;46(3):359-64, março de 2003 Gama-glutamiltransferase e diabetes Objetivos: A gama-glutamiltransferase (GGT) está localizada na parte externa da superfície de muitas células e media a captação da glutationa, importante componente antioxidante da defesa intracelular. Um aumento na concentração de GGT tem sido relacionado como um marcador de consumo de álcool ou de doença hepática. Entretanto, gradações mais sutéis na GGT pode ser informativas por que sua expressão é aumentada pelo estresse oxidativo e sua liberação pode ser provocada por várias condições que induzam o estresse celular. Recentemente, concentrações séricas de GGT tem sido associadas com muitos fatores de risco para doença cardiovascular ou com componentes da síndrome de resistência à insulina. Fizemos um estudo prospectivo com a hipótese de que GGT sérico é um preditor da incidência do diabetes. Métodos: Um total de 4.088 homens saudáveis trabalhando em uma compania de aço foram examinados em 1994 e 1998. Diabetes foi definido como uma concentração sérica de glicose de jejum > 126 mg/dl ou o uso de medicações para o diabetes. Resultados: Houve uma forte relação dose-resposta entre as concentrações séricas de GGT na linha de base e a incidência de diabetes. Em contraste para 31% dos homens com concentrações GGT < 9 U/l, o risco relativo ajustado para a incidência de diabetes para concentrações de GGT 10-19, 20-29, 3039, 40-49, e a cima de 50 U/l foram 8,0, 13,3, 12,6, 19,6 e 25,8, respectivamente. As associações da idade e do IMC com a incidência de diabetes tornaram-se mais forte conforme maior o valor das concentrações séricas de GGT na linha de base. resumos.pmd 113 07/05/03, 17:17 114 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 02 (2003) Continuação Conclusão: Este estudo sugere que um aumento na concentração de GGT dentro de seu intervalo de variação fisiológica é um biomarcador sensível e precoce para o desenvolvimento do diabetes. Manzato E, Aging Clin Exp Res 2002;14(6):474-8, dezembro de 2002 A composição de ácido graxo dos fosfolipídios do plasma e a sensibilidade à insulina em pacientes idosos diabéticos Introdução e objetivos: A prevalência do diabetes está aumentando no mundo indicando que hábitos de estilo de vida são parametros importantes para esta patologia. O objetivo deste estudo foi examinar os efeitos da gordura da dieta na sensibilidade à insulina em pacientes diabéticos. Métodos: Em uma amostra selecionada randomicamente de população com idade de 65 anos e mais velhos, a composição de ácido graxo do fosfolipídio plasmático foi determinada por cromatografia gasosa. A composição de ácido graxo do fosfolipídio plasmático é um marcador confiável do tipo de gordura presente na dieta. A resistência à insulina foi estimada pelo Homeostasis Model Assessment (HOMA). Resultados: Peso corporal, altura, índice de massa corporal (IMC), circunfêrencia da cintura, colesterol sérico assim como insulina de jejum, e o índice HOMA foram menores nos grupos de mais velhos. Com o aumento da idade, houve um aumento nos ácidos-graxos monoinsaturado e um decréscimo nos ácidos-graxos poliinsaturados e no ácido-graxo poliinsaturado n-6. Na análise de regressão linear, ácidos graxos saturados foram significativamente relacionados à circunfência da cintura, glicose de jejum, insulina de jejum, e HOMA. Relações significativas foram também observadas entre HOMA E IMC, triglicerídeos, circunfêrencia da cintura, e idade. Triglicerídeos e HDL colesterol foram fortemente inter-relacionados como IMC e circunferência da cintura. Na análise de regressão múltipla incluindo idade, IMC, circunferência da cintura, triglicerídeos, HDL colesterol, e ácidos graxos saturados, o índice HOMA foi significativamente preditor somente para idade, IMC, e triglicerídeos. O modelo explica 28% da variante do HOMA. Conclusões: Nos pacientes diabéticos mais idosos a sensibilidade à insulina é modulada pela idade, IMC, e triglicerídeos, mas o tipo de ácido graxo da dieta não está independentemente associado com a sensibilidade à insulina. resumos.pmd 114 07/05/03, 17:17 Bortz PC et al / Diabetes Clínica 02 (2003) 115~118 Diabetes 115 Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 02 (2003) 115~118 ARTIGO ORIGINAL Avaliação do risco cardiovascular em pacientes diabéticos atendidos em uma clínica multiprofissional Evaluation of cardiovascular risk in diabetic patients attended in a multiprofessional clinic Pedro Cláudio Bortz*, Cintia Elaine Ramos Trindade**, Roberto Guimarães Alfieri***, Valter Furlan****, Marcelo Jamus Rodrigues***** *Professor de Educação Física Total Care Amil SP, **Nutricionista Total Care Amil SP, ***Coordenador Cientifico Total Care SP, ****Administrador Total Care SP, *****Cardiologista Total Care SP, Estudo desenvolvido no Total Care Amil SP – Centro de Referência para Tratamento de Cardiopatias e Diabetes Resumo Este estudo foi realizado com um grupo de 76 pacientes diabéticos, selecionados de uma composição inicial de 187 indivíduos, atendidos no Centro de Referência para Tratamento de Cardiopatias e Diabetes do Programa Amil de Excelência Médica – Total Care – São Paulo, durante o período de 12 de maio de 2000 a 10 de maio de 2002. Os pacientes foram atendidos por endocrinologistas, cardiologistas, nutricionistas, enfermeiros e professor de educação física, sendo este último, o profissional responsável pela coleta de dados antropométricos para a realização da pesquisa. O objetivo principal do trabalho era conhecer, por intermédio das medidas de cintura abdominal, o perfil de risco de doença cardiovascular do paciente diabético atendido na clínica. Palavras-chave: Obesidade, cintura abdominal, índice de massa corporal. Abstract This study was done with a group of 76 diabetics patients, attended in the Reference Center for the Treatment of diabetes and cardiovascular disease of Amil’s Medical Excellence Program – Total Care – São Paulo, from May 2000 to May 2002. Patients were attended by Endocrinologists, Cardiologists, Nutritionists, Nurses and Personal Trainer, this professional collected anthropometric data for the research. The principal objective was to know the relationship between the abdominal waist measure, and the cardiovascular disease risk for diabetic patients in a Reference Center. Key-words: Obesity, abdominal waist, body mass index. Artigo recebido em 15 de fevereiro de 2003; aprovado em 15 de março de 2003. Endereço para correspondência: Pedro Claudio Bortz (Total Care), Av. Nações Unidas, 11541 Brooklin Novo 04578-000 São Paulo SP, Tel: (11)5504-3001. artigo 02.pmd 115 07/05/03, 17:17 116 Bortz PC et al / Diabetes Clínica 02 (2003) 115~118 Introdução Com o desenvolvimento científico de acompanhamento do Diabetes Mellitus (DM), e das Doenças Cardiovasculares (DC), foi ficando cada vez mais clara sua relação e a forma que o DM adianta este processo. Causando no indivíduo diabético, devido ao desenvolvimento precoce da arteriosclerose, risco muito aumentado de sofrer Infarto Agudo do Miocárdio (IAM), Acidente Vascular Cerebral (AVC), ter sua Pressão Arterial (PA), acima dos valores de normalidade, deflagrando-lhe dessa forma a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), dificuldade de recuperação de tecidos lesionados nas periferias, principalmente em Membros Inferiores (MMII), devido à diminuição do fluxo sanguíneo nos mesmos, geralmente causados por obstruções e lesões de artérias ou grupos arteriais importantes. Fica muito clara a relação estreita que essa população têm entre sua patologia e a obesidade, sendo ainda mais clara quando a relação provém da obesidade andróide, ou seja, maior concentração de gordura localizada na região abdominal. Estudos demonstram que os indivíduos que possuem esse quadro físico possuem também grandes porções de gordura envolvendo suas vísceras e órgãos vitais, o que certamente diminuem a eficácia em seu funcionamento e reduzem seu tempo de utilização. Seu endotélio, setor mais interno das artérias, fica exposto a lesões e então também as várias patologias anteriormente citadas. As medidas de riscos segundo a NHLBI [1], designa que mulheres apresentam risco aumentado para DC, quando sua circunferência abdominal é ³ 88cm e em homens quando ³ 102cm. O Índice de Massa Corporal (IMC) tem sido utilizado como aliado na identificação dos indivíduos com maior risco de complicações, apesar de não ser o melhor método, pois como maior falha não identifica se a composição corporal é em sua maioria de massa magra ou massa gorda, porém classifica-os de forma a poder trabalhar com eles da maneira mais adequada possível. Na terceira idade o problema parece ficar ainda mais importante, pois os órgãos já desgastados naturalmente pelo tempo acabam sentindo mais os efeitos do diabetes quando associado a outras patologias [2]. Mattos [3] acrescenta que 70 a 90% das pessoas são diabéticas devido à obesidade e diz que o diabético tipo 2 deve tratar primeiro a obesidade e depois a hiperglicemia. E o exercício físico, em que passa a ter importância nesses fatores todos? A evidência de melhora de vários fatores de risco em pessoas de forma geral tem sido demonstrada a cada dia, quando da utilização da atividade física como auxiliar no tratamento desses fatores, além de ser agente preventivo importante do aparecimento de outros ainda não manifestados. Na HAS, nota-se redução da Pressão Arterial Sistólica (PAS), e da Pressão Arterial artigo 02.pmd 116 Diastólica (PAD), o que por sua vez já reduz a possibilidade de AVC. O coração por apresentar redução em seu ritmo pré, durante e pós-esforço, também diminui o risco de fadiga e acaba apresentando uma condição melhor, o que previne o IAM. O colesterol Ldl (Low Density Lipid ou Lipídeo de Baixa Densidade), também conhecido como o mau colesterol, sofre redução em seus valores graças ao aumento do HDL (High Density Lipid ou Lipídeo de Alta Densidade), o bom colesterol, que auxilia na diminuição de formação de placas de ateroma, e com isso melhora a condição do endotélio. Com a utilização de glicose pelo sistema muscular durante o esforço as taxas glicêmicas do individuo, também se reduzem e o diabético acaba se beneficiando desse artifício natural. Muitos outros benefícios ocorrem devido à atividade física, e neste caso identificar o obeso e seu grau de obesidade passa a ser muito importante, pois como demonstra Filho [4], em 1990 a obesidade leve duplica o risco do indivíduo adquirir DM tipo 2, assim como obesidade moderada aumenta o risco em 5 vezes e uma obesidade severa em 10 vezes. Metodologia Os pacientes foram selecionados conforme suas patologias e necessariamente tinham que ser diabéticos, independentes do tipo, sendo obrigatório que constasse em seu prontuário a medida de circunferência abdominal de sua primeira consulta. Também era necessário que nessa primeira consulta tivesse sido feita a aferição de seu peso, altura e calculado seu IMC. O grupo inicial consistia de 187 pacientes, sendo eliminados 111 e utilizados 76 como população de análise (N). O número de pacientes do sexo masculino foi de 44 e o do sexo feminino de 32 com idade média de 51,4 ± 11 anos. O perfil antropométrico foi avaliado segundo o IMC, e para quantificar o risco de desenvolvimento de doença coronariana utilizou-se a circunferência da cintura avaliada segundo o NHLBI [1]. Para medir a circunferência da cintura abdominal, foi utilizada uma trena antropométrica para até 2 metros, Sanny (SN-4010), o peso foi avaliado a partir de uma balança Filizola com capacidade até 300 kg (ID-1500), na aferição da altura o estadiometro era Sanny, fixo para 3 metros. Os dados clínicos foram retirados do prontuário médico eletrônico (Med View). O Profissional de Educação Física tinha a função de fazer a coleta de todas as medidas e a partir de todos os dados do prontuário eletrônico associados ao Teste Ergométrico (TE) e exames laboratoriais para avaliar os fatores lipídicos, hemoglobina glicosilada e glicemia. A partir daí montar de forma adequada o trabalho físico para o paciente. 07/05/03, 17:17 Bortz PC et al / Diabetes Clínica 02 (2003) 115~118 Resultados e discussão Os resultados dos dados coletados, quanto à obesidade, classificados pelo seu IMC, são demonstrados na tabela a seguir. Tabela I Eutróficos 9,46% IMC entre 18,0 à 24,9 kg/m² Sobrepeso 39,19% 25,0 à 29,9 kg/m² Obesidade grau I 31,08% 30,0 à 34,9 kg/m² Obesidade grau II 14,86% 35,0 à 39,9 kg/m² Obesidade grau III 5,41% Igual ou acima de 40,0 kg/m² Como principal informação a Tabela I nos demonstra que somados aos indivíduos com sobrepeso, 39,19%, ou seja, uma pré-obesidade, temos uma resultante muito importante de 90,54% da população analisada que já apresenta esse fator gerador de risco, considerando-se que o perfil do diabético é um perfil de obesidade. 117 demonstrou ter alguma prevalência sobre o grupo de sexo masculino, e isso fica bem explicito no gráfico 3, gráfico 4 e gráfico 5, onde o percentual de circunferência de risco para mulheres foi de 87,1%, ou 27 indivíduos, para 12,9%, ou 4 indivíduos considerados normais para risco, que totalizam as 31 componentes desse grupo. Já no grupo masculino verificou-se que 62,8%, ou 27 indivíduos, tem risco aumentado de desenvolvimento de DC, para 37,2%, ou 16 indivíduos com risco normal para esse problema. Gráfico 3 - Circunferência abdominal - Mulheres (31). Gráfico 4 - Circunferência abdominal - Homens (43). Gráfico 1 - Avaliação do índice de massa czorporal (%). Gráfico 5 - Cálculo de risco cardiovascular. Gráfico 2 - Resultante de obesidade. No Gráfico 1 visualizamos os resultados obtidos e dispostos na Tabela I que demonstram cada nível da obesidade segundo a relação peso dividido pela altura ao quadrado, IMC. Já o Gráfico 2 traz a somatória do sobrepeso a cada nível de obesidade fortalecendo a afirmação feita anteriormente a respeito desse fator, ou seja, 90,54% dos pacientes analisados apresentaram níveis de alerta para o fator obesidade. Quando analisada individualmente a circunferência abdominal trouxe informação importante no que diz respeito ao risco de desenvolvimento de DC nos grupos de coleta de dados, sendo que o grupo de sexo feminino artigo 02.pmd 117 Durante essa coleta de dados foram também encontradas informações suplementares importantes no grupo que já demonstravam desenvolvimento de morbidades como HAS, Dislipidemias e Cardiopatias, com porcentagens importantes no que diz respeito ao já desenvolvimento dessas doenças. Da população geral o destaque ficou para a HAS, pois 76,3% (58), já tinham diagnóstico dessa patologia, a Dislipidemia Mista (DLP mista), apareceu em segundo plano com 35,5% (27), no terceiro plano o resultado apontou para as cardiopatias com 24,6% (21), em quarto a hipercolesterolemia com 17,1% (13), e a hipertrigliceridemia em quinto com 11,8% (9) da população. Um grupo foi isolado propositadamente, 15,7% (12), pois além de cardiopatas também haviam sido submetidos a cirurgia de revascularização do miocárdio. Esses dados aparecem na tabela 2 e no Gráfico 6. 07/05/03, 17:17 118 Bortz PC et al / Diabetes Clínica 02 (2003) 115~118 Gráfico 6 - Fatores de risco associados. Tabela II - XXXXX. has 76,3% 58 dislipidemia mista 35,5% 27 cardiopatia 24,6% 21 hipercolesterolemia 17,1% 13 revascularização cirurgica do miocárdio 15,7% 12 hipertrigliceridemia 11,8% 09 Conclusões Com os dados associados de IMC, Circunferência Abdominal e com a constatação de que o perfil predominante do diabético atendido na clínica é de sobrepeso ou obesidade importante, deduzimos que há grande necessidade de se combater esses fatores de risco, artigo 02.pmd 118 na tentativa de melhorar a qualidade de vida do diabético, proporcionando a essa população então, condições de um convívio social melhor e menos custos em seu tratamento, além de uma melhor perspectiva de vida. Com esse tratamento multiprofissional adequado, será reduzida a chance de desenvolvimento de doenças cardiovasculares ou da complicação dos demais fatores que levam a essas doenças e cabe a cada um dos profissionais envolvidos na orientação do diabético estar sempre analisando a melhor forma de fazê-lo. Ao Profissional de Educação Física fica missão de respeitar os limites de cada indivíduo prescrevendo a ele a melhor e mais adequada modalidade, orientando-o de modo a estar sempre envolto de toda a segurança necessária que essa patologia exige. Referências 1. NHLBI, National Heart Lung and Blood Institute, 1998. 2. Alfieri RG. Reabilitação Cardiorrespiratória. Revista Brasileira de Clínica & Terapêutica, 2002;28(5):202-215. 3. Mattos AGM. Tratamento Farmacológico da obesidade no paciente diabético. Anais do XI Congresso Brasileiro de Diabetes,1997. 4. Filho RLD. Obesidade como fator de risco para o diabetes. Anais do XI Congresso Brasileiro de Diabetes,1997. 5. Martins DM. Exercício físico no controle do diabetes mellitus. In: Phorte Editora. 1ª ed. Brasil; 2000. 6. Cancelliéri C. Diabetes e atividade física. In Phorte Editora. 1ª ed. Brasil; 1999. ¡ 07/05/03, 17:17 Magalhães Paiva FA et al / Diabetes Clínica 02 (2003) 119~122 Diabetes 119 Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 02 (2003) 119~122 ARTIGO ORIGINAL Atuação da fisioterapia nas complicações do diabetes tipo 2 e seus efeitos sobre a glicemia Physical therapy performance on diabetes type 2 complications and effects on glycemia Francisco Antonio Magalhães Paiva*, Alexandra Donofre**, Sandra F.da Silva**, Efraim S. Santos** * Coordenador do Departamento de Fisioterapia da ANAD (FISIOANAD) ** Fisioterapeuta do Departamento de Fisioterapia da ANAD Resumo O objetivo deste trabalho é apresentar aos fisioterapeutas a funcionalidade da aplicação da fisioterapia clássica nas complicações dos pacientes portadores de diabetes mellitus. Será relatado um estudo de vinte pacientes portadores de diabetes tipo 2, bem como seu manejo clínico e o efeito sobre a glicemia, onde seus resultados demonstraram alta relevância quanto a diminuição da taxa glicêmica, após a intervenção fisioterapêutica. Palavras-chave: Diabetes, fisioterapia, complicações glicemia. Abstract The objective of this work is to present to the physiotherapists the functionality of the application of the classic physiotherapy in the patients bearers of diabetes mellitus complications. It will be told a study of twenty patient bearers of diabetes type 2, as well as its clinical handling and the effect on the glycemia, where their results demonstrated high relevance as the decrease of the tax glycemic after the physiotherapist intervention. Key-words: Diabetes, physiotherapy, complications, glicemia. Artigo recebido em 15 de fevereiro de 2003; aprovado em 15 de março de 2003. EnEndereço para correspondência: Francisco Antonio Magalhães Paiva, Rua Salete, 201- sala 62 - Santana - 02016-011 - São Paulo - SP E-mail: [email protected]. artigo 03.pmd 119 07/05/03, 17:17 120 Magalhães Paiva FA et al / Diabetes Clínica 02 (2003) 119~122 Introdução Material e método O diabetes é um distúrbio metabólico associado à deficiência absoluta ou relativa de insulina, também classificado como tipo 1 ou tipo 2, sendo que o primeiro ocorre geralmente na infância ou adolescência e é conhecido como dependente de insulina, já o tipo 2, é mais comum nas pessoas adultas, geralmente aparece após os trinta ou quarenta anos de idade e sua ocorrência aumenta com o avanço da idade, principalmente na presença da obesidade, sedentarismo e ingestão de calorias em excesso [3,5]. É uma doença de caráter crônico, que afeta grande parte das pessoas, implicando em altos índices de morbimortalidade. O componente metabólico é caracterizado não só pela hiperglicemia como também por alterações no metabolismo de lipídios e proteínas, de fonte incidente e silenciosa de alterações físicas descritas pela instabilidade de equilíbrio do meio (homeostase) [1,3,5,9]. Essa inconstância orgânica traduz-se através das complicações agudas e crônicas facilmente detectadas na população portadora de diabetes [5,8]. A amostra foi constituída por vinte pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2, selecionados aleatoriamente em ambos os sexos, na faixa etária de 41 a 82 anos, já em acompanhamento clínico, medicados com hipoglicemiantes orais e/ou insulínicos, sendo os mesmos provenientes da Associação Nacional de Assistência ao Diabético (ANAD) e sobre a coordenação de seu Departamento de Fisioterapia. Os pacientes deveriam atender aos seguintes critérios: assinarem o termo de consentimento de acordo com o departamento de fisioterapia da ANAD, não apresentar doenças vasculares graves, ulcerações, amputações, uso de auxiliares de marcha e manter a assiduidade às sessões de fisioterapia. Entretanto foram determinadas quatro semanas de avaliação para serem observados detalhadamente. Diante disso foram desqualificados 5 pacientes anteriormente ao tratamento. Permaneceram 15 pacientes no estudo. Inicialmente foi elaborada uma ficha de avaliação específica para a realização da anamnese individual de cada paciente. Os pacientes eram atendidos individualmente uma vez por semana em sessões com período aproximado de 50 a 60 minutos, sendo submetidos inicialmente a um tempo de 10 a 15 minutos de descanso antes da verificação da glicemia capilar, dado fundamental para o estudo, FC e PA. As aferições eram realizadas antes e após as sessões fisioterapêuticas. No decorrer dos atendimentos observou-se que todos os pacientes apresentavam-se na fase crônica da doença, tendo como principais queixas dores articulares e musculares, queimação em membros inferiores, diminuição e perda de sensibilidade superficial, diminuição de equilíbrio, stress emocional, bem como casos assintomáticos.[2,3] Durante as sessões foram utilizados os seguintes materiais: glicosímetro de marca GlucoMen Glycó com fitas reagentes GlucoMen Sensor e lancetas Glucotip Fine, maca clínica, colchonetes, thera-band com tensões progressivas, bola bobath (65 cm), disco de equilíbrio, tornozeleira (1 kilo), Ultra-Som pulsátil 0.2 a 0.5 w/cm2 de 3 a 5 minutos marca Carci, TENS contínuo de 20 a 120 Hz marca Carci com duração de 20 minutos e calor superficial com bolsa do tipo Hot Bag de 15 a 20 minutos. O programa de tratamento foi baseado na cinesioterapia, treino de equilíbrio, reintegração da coordenação motora e propriocepção, estimulação da sensibilidade e reflexos, ganho de amplitude de movimento e força muscular. Sendo o presente estudo iniciado em abril de 2002 e com término em julho de 2002. Como complicações agudas são citadas: • Síndrome de hiperglicemia em portadores de diabetes tipo 2; • Hipoglicemia em indivíduos portadores de diabetes tipo 1 e 2, mesmo com tratamento medicamentoso. As principais complicações crônicas do diabetes são: • Microvascular – nefropatia e retinopatia; • Macrovascular – infarto muscular, coração isquêmico, acidente vascular encefálico, doença vascular periférica; • Neuropatia – periférica e autonômica; • Pé diabético – associação da neuropatia e alterações macro e micro vasculares; • Dores articulares e musculares; • Fraqueza muscular e sensações diversas como: formigamento, queimação, latejamento e irradiação; • Perda de sensibilidade tátil, dolorosa e térmica; • Perda de reflexos; • Perda de equilíbrio estático e dinâmico [1,3,5,7,9]. Objetivo Este trabalho teve por objetivo verificar se a atuação da fisioterapia clássica tem valor expressivo no controle da taxa glicêmica, avaliando o paciente diabético antes e após as sessões de tratamento, comparando os resultados da glicemia, pressão arterial (PA) e freqüência cardíaca (FC), viabilizando uma proposta de tratamento fisioterapêutico diante dos dados coletados neste estudo. artigo 03.pmd 120 Resultados Como dado relevante, observou-se uma diminuição bastante significativa das taxas glicêmicas ao final de 07/05/03, 17:17 Magalhães Paiva FA et al / Diabetes Clínica 02 (2003) 119~122 cada terapia. Considerando, que os níveis de glicemia praticamente determinam o início das complicações do diabetes, principalmente quando os pacientes portadores do mesmo permanecem em longos períodos de descompensação glicêmica [3,10]. Durante os três meses de tratamento fisioterapêutico em cada paciente foram observados: amenização ou abolição de algias articulares e musculares, ganho de equilíbrio estático e dinâmico, diminuição de queimação de membros inferiores, diminuição na freqüência de câimbras e menores níveis de stress emocional. Dentro do acompanhamento, demonstrou-se os efeitos das sessões fisioterapêuticas, segundo os gráficos 1, gráfico 2 e gráfico 3 cuja as amostras permitem observar a redução das taxas glicêmicas em mais de 93% dos casos antes e após o tratamento, como se segue: 121 Gráfico 3 - Médias das taxas de glicemia no terceiro mês. Gráfico 1 - Médias das taxas de glicemia no primeiro mês. Discussão Gráfico 2 - Médias das taxas de glicemia no segundo mês. artigo 03.pmd 121 Partindo do princípio que o diabetes é uma disfunção na qual necessita-se de um acompanhamento regular, e por si acarreta uma série de alterações orgânicas, que estão associados com altas taxas de morbi-mortalidade, a fisioterapia preventiva mostra-se importante no sentido de evitar ou minimizar as complicações da doença [3,5,6]. Cerca de 70% dos pacientes diabéticos apresentam lesões nervosas periféricas capazes de interferir nas suas atividades diárias [5]. Os resultados encontrados neste estudo podem ser interpretados como significativos na melhora das taxas glicêmicas e estado hemodinâmico. Todos os integrantes do grupo, praticamente totalizando 100% estavam numa fase crônica (longa duração) do diagnóstico do diabetes e apresentando comprometimentos nas diversas ordens das regiões corporais assim distribuídas: membros superiores- coluna, ombros,cotovelos e punhos(33,4%) e membros inferiores- quadris, joelhos,tornozelos e pés(66,6%). [2,3,4] É necessária uma avaliação periódica dos componentes musculares e na biomecânica do paciente portador de diabetes com a finalidade de se orientar as modificações dos pontos de apoio com pressões excessivas e suas possíveis contribuições nas complicações diabéticas [1,4]. O diabetes é diagnosticado por um nível de glicose sanguínea superior a 200mg/dl para qualquer teste aleatório, o que caracteriza um valor fora da faixa aceitável, entrando nos valores de risco nos quais são desencadeadas as complicações musculares, ósseas, circulatórias e nervosas. [2,9,10]. 07/05/03, 17:17 122 Magalhães Paiva FA et al / Diabetes Clínica 02 (2003) 119~122 A importância do uso de um dispositivo leitor da glicemia, o glicosímetro, está na confiabilidade da precisão dos valores da glicemia, os quais veiculam a segurança quanto ao tempo de manipulação dos pacientes no pré, trans e pós-tratamento e as conseqüentes alterações causadas pela sua permanência no estado de descompensação glicêmica. Cerca de 93% do efetivo do grupo obtiveram uma melhora dos valores da glicemia antes e após o tratamento. Diante disso, os pacientes vivenciaram na prática os efetivos da abordagem fisioterápica em paralelo a orientação da automonitoração freqüente da glicemia. Conclusão Tomando como referência os relatos e a vivência clínica, sugere-se que a fisioterapia contribuiu de maneira relevante para a redução da glicemia nos diversos níveis de atenção ao paciente diabético, impossibilitando a caracterização da formação do ciclo continuado entre descompensação e complicação. Proporcionar uma atuação preventiva, conscientizando os profissionais da área a mudarem o conceito do tratamento convencional é garantir aos pacientes uma melhor qualidade de vida. Mesmo diante dos resultados apresentados, faz-se necessário um estudo mais profundo visando quantificar artigo 03.pmd 122 o tempo do efeito com as sessões fisioterapêuticas sobre a glicemia e uma melhor compreensão sobre o caso onde não foram obtidos as respostas desejadas, somadas as demais orientações e cuidados com o corpo. Referências 1. Amadio AC, Sacco ICN. Considerações metodológicas da biomecânica para a avaliação da distribuição da pressão plantar. Diabetes Clínica 1999;3(1):42-49. 2. Cohen H. 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Zayzafoon M, Stell C, Irwin RMC, Cable LR. Extracellular Glucose Influences Osteoblast Differentiation and c-Jun Expression. Journal of Cellular Biochemystry 2000;79:301-310. ¡ 07/05/03, 17:17 Masset KV et al / Diabetes Clínica 02 (2003) 123~127 Diabetes 123 Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 02 (2003) 123~127 ARTIGO ORIGINAL Investigação sobre os conhecimentos relacionados ao tratamento medicamentoso em diabéticos tipo 2 Investigation about medical therapy knowledge in type 2 diabetic patients Kalina Veruska da S. B. Masset*, Hugo Bittencourt de Oliveira Rozendo**, Frederico Santos de Santana**, Valdinar de Araújo Rocha Júnior** *Professora especialista em Ciência da Atividade Física em Academia (UFRN), mestranda em Esporte e Performance – Biologia do Exercício (Université Blaise Pascal - Clermond Ferrand - França), Professora coordenadora do PROAFIDI 2 (Programa de Atividade Física Orientada para Diabéticos Tipo 2) da UnB – Universidade de Brasília, **Acadêmico do 8° período de Educação Física da UnB – Universidade de Brasília - Brasil, Monitor assistente do PROAFIDI 2 Resumo Este estudo foi realizado nos meses de março e abril do ano 2002, com um grupo de diabéticos tipo 2 integrantes do PROAFIDI 2 (Programa de Atividades Físicas para Diabéticos tipo 2) da Faculdade de Educação Física (FEF), na Universidade de Brasília (UnB), Brasil. O objetivo do estudo foi detectar, no diabético tratado com antidiabéticos orais, conhecimentos sobre a medicação prescrita através de um questionário aberto. Nenhum dos participantes da amostra apresentou conhecimento específico sobre o mecanismo de ação de seu medicamento, assim como não expressou informações básicas para desenvolver questionamento sobre a adequação de sua medicação. A totalidade dos sujeitos da pesquisa demonstrou extremo interesse em adquirir conhecimentos mais aprofundados a respeito dos componentes do tratamento, incluindo a medicação, sua ação, efeitos colaterais e seus critérios de escolha. Há evidência de uma grande lacuna no processo de educação de diabéticos tipo 2 em decorrência da desinformação sobre a patologia, provavelmente interferindo na compreensão da importância do tratamento e conseqüentemente em sua adesão. Palavras-chave: Educação em diabetes, antidiabéticos orais. Artigo recebido em 15 de fevereiro de 2003; aprovado em 15 de março de 2003. Endereço para correspondência: Kalina Veruska da S. B. Masset, PROAFIDI, FEF, Universidade de Brasília, SHCGN 715, Bloco J, Casa 5, 70770-710 Brasília DF, Tel: (61) 3072609/96493044, E-mail: [email protected], [email protected] artigo 05.pmd 123 07/05/03, 17:17 124 Masset KV et al / Diabetes Clínica 02 (2003) 123~127 Abstract This study was accomplished on March and April 2002, with a group of type 2 diabetic patients of PROAFIDI (physical activities program for diabetic patients type 2) of the Faculty of Physical Education, at University of Brasília (UnB), Brazil. The aim of this study was to detect, in diabetic patients treated with antidiabetic agents, knowledges on the prescribed medication through an open questionnaire. None of participants of the sample had specific knowledge about the action mechanism of his medication, as well as they did not express basic information to develop questions about the adaptation of his medication. All of the subjects demonstrated extreme interest for acquiring more information concerning the components of the treatment, including the medication, its action, side effects and choice criteria. There is evidence of a great deficiency in the education process of type 2 diabetic patients due to the disinformation about the pathology, probably interfering in the comprehension of the importance of the treatment and consequently in the adhesion. Key-words: Diabetic education, antidiabetic oral agents. Introdução O diabetes é uma disfunção metabólica freqüente (2 à 5 % da população) que pode eventualmente ou até freqüentemente degenerar em complicações metabólicas agudas perigosas e em complicações crônicas conhecidas. Apesar dos esforços de pesquisas consideráveis e esperança em tratamentos radicais ou até preventivos, esta doença ainda beneficia-se de tratamentos quase paliativos, com certos constrangimentos cotidianos, os quais afetam desde a praticidade do dia-a-dia até o comprometimento da qualidade de vida nos aspectos psicológico, social e profissional. Sabe-se também que todo indivíduo diabético pode representar um custo financeiro considerável tanto para si, quanto para a comunidade no decorrer do tratamento. Todos esses inconvenientes revelam a necessidade indispensável da participação ativa do aluno-paciente no seu próprio tratamento, na aquisição de um conhecimento e de uma ação bem orientada, e também o engajamento de profissionais envolvidos no âmbito da saúde e de todas as pessoas de seu meio social-psico-afetivo. O conjunto destas considerações justifica o desenvolvimento de um procedimento educativo de eficiência, capaz de enquadrar uma orientação de qualidade com o intuito de efetuar a mudança de hábitos adaptáveis à realidade. Baseado nestes aspectos de extrema urgência, a implementação de um processo educativo faz-se necessário, justificando a iniciativa desta pesquisa em identificar tais falhas. O presente estudo foi realizado nos meses de março e abril do ano 2002, num grupo de diabéticos do tipo 2 tratados por antidiabéticos orais do PROAFIDI 2 (Programa de Atividades Físicas para Diabéticos tipo 2), desenvolvido na Faculdade de Educação Física (FEF), artigo 05.pmd 124 inserido no Projeto de Pesquisa e Extensão da Faculdade de Educação Física para Pessoas com Diagnóstico de Doença Crônico-degenerativa na Universidade de Brasília (UnB), Brasil. A equipe responsável pelo projeto desenvolve um trabalho de educação em diabetes, através de um programa de atividade física, atuando de forma interdisciplinar, mostrando integração dos respectivos médicos aos profissionais de Educação Física. O interesse da pesquisa originou-se ainda na fase inicial do programa (durante a anamnese), a partir da dificuldade do aluno em designar sua medicação e dosagem prescrita, além de apresentar pertinente incidência de recursos alternativos paralelamente ao tratamento medicamentoso. Durante a primeira fase do programa de exercício físico, não foi raro observar entre os alunos, a troca de dietas alimentares prescritas por especialistas ou até mesmo indicação de antidiabéticos orais. Embora num espírito de camaradagem, a ajuda mútua entre os alunos diabéticos despertou, na equipe de acompanhamento, a iniciativa de buscar dados concretos para perceber de forma mais precisa algumas lacunas no processo educativo, principalmente fazendo referência ao uso de medicação. Objetivos O objetivo foi detectar vias mais precisas sobre a falha no processo educativo através dos conhecimentos relatados pelos integrantes da amostra a respeito de sua medicação. Material e métodos Foram avaliados 9 sujeitos (4 mulheres e 5 homens) com faixa etária entre 44 e 70 anos e tempo de diagnóstico 07/05/03, 17:17 Masset KV et al / Diabetes Clínica 02 (2003) 123~127 da patologia variando entre 4 meses à 20 anos (Tabela I). Todos os sujeitos são sedentários, 6 são hipertensos e a maioria encontra-se acima do peso desejado para critérios de saúde. A grande maioria tem escolaridade em nível superior e o perfil sócio-econômico concentrado na classe média (Tabela II). 125 mentosos alternativos, interesse sobre o conhecimento da medicação prescrita e perspectiva da integração de insulina exógena no tratamento. As perguntas foram aplicadas individualmente, por tempo indeterminado em sala de aula. Os alunos não tiveram acesso a qualquer dado ou informação durante período de resposta do questionário. Tabela I - Indicadores de risco. Tempo de diagnóstico 4 meses a 20 anos Peso Peso normal Outros Resultados 3 Sobrepeso 2 Obesidade 4 Hipertensão 6 Cardiopatias - Sedentarismo 9 Tabela II - Perfil sócio-econômico. Escolaridade Nível sócio-econômico Fundamental completo 1 Médio 3 Superior 5 Classe média baixa 2 Classe média 5 Classe média alta 2 Os antidiabéticos utilizados pelos alunos da amostra são: Grupo das sulfoniluréias Denominação genérica Nome comercial Glibenclamida Daonil Glicazida Diamicron Glimepirida Amaryl Grupo das biguanidas Metformina Glifage Glucoformin Grupo das metiglinidas Repaglinida Novonorm Quanto ao conhecimento sobre a manifestação do diabetes: • Apenas dois alunos atribuíram o surgimento da disfunção à insuficiência da insulina no organismo ou sua ineficiência em cumprir as devidas funções; • O restante da amostra citou como causa, os sintomas clássicos, fatores de risco e complicações decorrentes do diabetes descompensado. Quanto ao acompanhamento médico para o controle do diabetes: • Um único integrante do grupo não é assistido por qualquer especialista da área de saúde; • A maioria é acompanhada por endocrinologistas; • Foram citados um clínico geral e um cardiologista; • Apenas dois alunos têm acompanhamento nutricional, dos quais apenas um é tratado por nutricionista; • Outros profissionais não foram citados (profissionais de educação física, psicólogos, enfermeiras, assistentes sociais, fisioterapeutas). Quanto ao tipo de medicação e dosagem: • Apenas um aluno não tinha a menor noção sobre o nome de sua medicação e dosagem em mg; • Uma minoria confundiu a medicação utilizada unicamente no tratamento da hipertensão, como sendo esta para o controle do diabetes; • Um único integrante conhece o nome científico e o nome comercial de seu medicamento, o restante desconhece a associação entre os dois. Prandin Quanto ao mecanismo de ação do medicamento: Um questionário aberto foi aplicado compondo perguntas referentes principalmente a noções básicas sobre o aparecimento da disfunção, visão sobre o tipo de diabetes, automonitoração, medicação utilizada (os critérios de prescrição relacionados ao tipo, dosagem e mecanismo de ação), utilização de recursos medica- artigo 05.pmd 125 • Um único integrante mostrou conhecimento sobre a ação de sua medicação no tratamento do diabetes. Quanto aos efeitos colaterais: • Não foram relatados efeitos colaterais. 07/05/03, 17:17 126 Masset KV et al / Diabetes Clínica 02 (2003) 123~127 Quanto aos tratamentos alternativos: • Quase metade do grupo recorre ao tratamento alternativo concomitante com usos de chás, cachaça alemã e simpatias; • Apesar de tais tentativas, nenhum deles substitui o tratamento medicamentoso prescrito pelo médico por recursos alternativos. Quanto à automitoração glicêmica: • Nenhum participante da amostra faz automonitoração glicêmica; • Apenas um aluno relata sintomas de hipoglicemias. Quanto à possível integração da insulina exógena no tratamento: • A maioria esboçou opinião negativa ou neutra a respeito da integração da insulina no tratamento medicamentoso; • O restante usaria se fosse necessário. Quanto ao interesse em adquirir conhecimento sobre o diabetes: • Todos os alunos demonstraram interesse em conhecer mais profundamente sua medicação sob todos os aspectos citados, principalmente a respeito de sua ação sobre a glicemia, duração em horas e efeitos colaterais. Quanto à influência da desinformação sobre a medicação no controle do diabetes : • A totalidade dos componentes da amostra demonstrou que a incompreensão sobre o processo medicamentoso pode causar insegurança, que por sua vez pode acarretar possíveis atos inconseqüentes provocados pelo desconhecimento. Discussão Alguns fatores pertinentes nos dados levantados, demonstram que a falta de informação sobre o processo de desenvolvimento do diabetes está intimamente associada ao acompanhamento da doença. Um detalhe enfático na pesquisa foi o fato de não ter sido relatada percepção de sintomas de hipoglicemias (exceto um participante), levando à suspeita de que as taxas glicêmicas mantinham-se bem acima da artigo 05.pmd 126 normoglicemia. Apesar da maioria dos integrantes do grupo ter noção dos valores de glicêmicos, percebeu-se uma certa negligência quanto às conseqüências da hiperglicemia, por ser esta na maioria dos casos assintomática, portanto afasta a gravidade do problema pela própria falta de urgência, considerando que a manifestação das complicações dá-se a médio ou longo prazo. Por outro lado, isto pode revelar a falta de percepção dos sinais do próprio corpo ou a falta de conhecimento em interpretar a linguagem corporal, junto à falta de parâmetros associativos como uma automonitoração, por exemplo, poderia fornecer. Outro fator importante foi a observação do mito em classificar o diabetes por conceitos como “pior tipo” (tipo 1) e o “tipo menos grave” (tipo 2), o que justifica talvez a rejeição da perspectiva da insulinoterapia no tratamento medicamentoso. Todos os componentes da amostra acreditam que a incompreensão sobre o processo medicamentoso seja uma das causas de insegurança no convívio com o diabetes, podendo desencadear atos inconseqüentes (a recomendação do próprio medicamento a outros diabéticos ou abandono do tratamento) provocados pelo desconhecimento. Apesar dos entrevistados fazerem uso de esquemas alternativos paralelos ao tratamento (uso de chás), eles se dizem confiantes ou preferem apostar no tratamento medicamentoso tradicional. O fato de recomendar o próprio medicamento ao colega diabético (observado no grupo) revela por um lado a confiança no resultado do tratamento medicamentoso, ao mesmo tempo que prova principalmente desconhecimento em relação a seus critérios de prescrição, bem como, seu mecanismo de ação. . Conclusão O questionamento, levantado no presente estudo, apontou inicialmente algumas queixas por parte dos entrevistados sobre o tempo de consulta com os respectivos médicos, na tentativa de justificar o nível de conhecimento sobre a própria doença. Por outro lado, sendo o diabetes um distúrbio inserido nas doenças crônico-degenerativas, cujo tratamento incorpora várias áreas do setor da saúde, todos os profissionais envolvidos com a causa, sendo capacitados, tendo conhecimento específico do assunto, poderiam integrar-se ao processo de educação. Percebeu-se constantemente nos relatos da amostra a desinformação em relação aos profissionais capazes de participar do tratamento do diabetes e no seu processo educativo. Apesar disto, alguns mostraram consciência de que o interesse em buscar informações não seja vinculado exclusivamente à participação da assistência médica, 07/05/03, 17:17 Masset KV et al / Diabetes Clínica 02 (2003) 123~127 visto o tempo da consulta e a freqüência com que elas ocorrem. Muitos alunos acreditam na necessidade de ampliar o nível de exigência da própria participação no controle do diabetes através de programas multiprofissionais com o objetivo de formação contínua para melhor controle da disfunção, trazendo segurança e eventual independência. Eles defendem a opinião de que a própria informação instiga a curiosidade e conseqüentemente seu engajamento neste processo, no entanto mostram necessidade em adquirir maior confiança ou coerência nas respostas fornecidas pelos profissionais responsáveis pelo tratamento. As respostas obtidas na pesquisa que provam alguns indícios de conhecimento não foram necessariamente dadas pelos alunos economicamente privilegiados, nem aqueles de nível escolar mais alto, nem tampouco pelos que têm maior tempo de convivência com o diabetes. Portanto, neste estudo não foi comprovado correlação coerente entre os resultados obtidos e a escolaridade e/ ou tempo de diagnóstico da disfunção. Há evidência de uma grande lacuna no processo educativo dos alunos da pesquisa demonstrada pela desinformação sobre a patologia, em especial no que se artigo 05.pmd 127 127 refere à medicação, independente do perfil sócioeconômico. Este fator provavelmente interfere na compreensão sobre a importância do tratamento adequado e conseqüentemente em sua adesão. Bibliografia 1. Assal JP, Golay A, Visser AP. New Trends in patient education: a trans-cultural and inter-disease approach. Amsterdam: Elsevier;1995. 2. Girard A, Maisonnave M, Assal JP. Difficultés du patient dans le suivi de son traitement. Paris: Elsevier; 1998. 3. Guilbert JJ. Educational Handbook for Personal Health. Geneva: World Health Organization;1998. 4. Mayer BD. Diabetes Mellitus - Diagnóstico e Tratamento. Rio de Janeiro: Revinter; 2001. 5. Murphy E, Kinmonth AL. No symptoms, no problem ? Patients’ understanding of non insulin dependent diabetes. Fam Pract 1995;12:184-92. 6. Rubin RR. Psychosocial assessment. In: A core curriculum for diabetes education. Chicago: American Association of Diabetes Educators; 1998. p. 87-118. 7. WHO. Therapeutic patient education. 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Tiazolidinedionas (TZDs) constituem uma classe de drogas utilizadas no tratamento do DM2 que surpreendentemente promovem adipogênese. A constatação deste efeito aparentemente contraditório estimulou a investigação dos mecanismos moleculares da ação destas drogas. O DM2 caracteriza-se pela resistência de tecidos à ação da insulina associada à produção insuficiente do hormônio pelo pâncreas. Na obesidade, verifica-se que adipócitos sofrem alterações metabólicas passando a produzir fatores promotores de resistência insulínica. Esta condição é corrigida pelas TZDs, determinando o aumento na captação de glicose sanguínea principalmente pelos músculos e normalizando a glicemia. Assim, a ação das TZDs pode ser complementada por drogas antidiabéticas cujo alvo de atuação, seja o fígado ou o pâncreas. Apesar da introdução recente no mercado, as TZDs já apresentam significante impacto sobre o tratamento e a elucidação dos mecanismos moleculares do DM2 associado à obesidade. Palavras-chave: Tiazolidinedionas, obesidade, diabetes, resistência à insulina. Artigo recebido em 1 de março de 2003: aceito em 15 de março de 2003. EnEndereço para correspondência: Ricardo Peres do Souto, Faculdade de Medicina do ABC, Av. Príncipe de Gales 821, 09060-650 Santo André SP, Tel: (11)4993-5448, E-mail: [email protected] artigo 06.pmd 128 07/05/03, 17:17 Suarez Rabello E et al / Diabetes Clínica 02 (2003) 128~134 129 Abstract The epidemiological association between type 2 diabetes mellitus (DM2) and obesity has been clearly established. Thiazolidinediones (TZDs) is a new class of drugs with proven ability to treat DM2 that surprisingly stimulate adipogenesis. These apparently contradictory effect further motivated the study of molecular mechanisms of TZD action. DM2 is characterized by insulin resistance in peripheral tissues and insuficient hormone production by pancreas. In obesity state, adipocyte metabolism is altered resulting in the release of various factors promoting insulin resistance. This condition is normalized by TZDs, improving the clearance of blood glucose specially by muscles and stabilizing glicemia at lower level. TZD action can be supplemented by anti-diabetic drugs that target glucose production by liver or insulin release by pancreas. Despite being just recently introduced, TZDs have already accomplished great impact over treatment and understanding of obesity associated DM2. Key-words: Thiazolidinediones, obesity, diabetes, insulin resistance. Introdução O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é um dos distúrbios crônicos da saúde mais freqüentes atingindo mais de 5% da população [1] e apresentando-se como uma das maiores causas de morbimortalidade nos países desenvolvidos. Sua prevalência concentra-se em indivíduos adultos, principalmente após os 50 anos de idade. É caracterizada pela resistência à ação da insulina associada à deficiência da secreção do hormônio pelo pâncreas [2]. Diferente do diabetes mellitus tipo 1, os indivíduos afetados conservam um certo grau de produção endógena de insulina, porém os níveis deste hormônio são insuficientes em relação à hiperglicemia e à magnitude de resistência insulínica. As manifestações clínicas do DM2 são classicamente insidiosas, podendo ser discretas ou até ausentes, se o estado de hiperglicemia não for suficiente para produzir sintomas agudos. Desse modo, a doença pode tornar-se evidente somente quando advirem complicações clínicas a longo prazo. A evolução de fatores pessoais e sócio-culturais foi importante para o aumento da prevalência do DM2 nas últimas décadas. As mudanças de hábito da sociedade moderna, que incluem a diminuição da prática de atividades físicas, o aumento da disponibilidade de alimentos hiper-calóricos e a elevação da longevidade, contribuíram muito para o estabelecimento desse quadro. Este fato é facilmente constatado no perfil epidemiológico do paciente portador de DM2, que além da idade avançada apresenta obesidade em pelo menos 80% dos casos. Diversos estudos indicam o papel da obesidade do ponto de vista etiológico, seja pelas alterações metabólicas observadas nesta condição ou como coadjuvante no desenvolvimento das complicações da doença [3]. Por outro lado, estudos recentes indicam que a maioria das complicações crônicas debilitantes da doença, se não artigo 06.pmd 129 todas elas, pode ser evitada ou retardada pelo tratamento prospectivo da hiperglicemia [4]. O tratamento do DM2 é concentrado em duas grandes esferas de atuação: a não-medicamentosa e a medicamentosa. Estas terapias buscam, em termos gerais, a redução da glicemia e a redução do peso nos indivíduos obesos. A estratégia não medicamentosa é menos agressiva e é utilizada preventivamente ou em fases iniciais dos sintomas e compreende a adoção de dieta especial, realização de exercícios físicos e a educação do portador de DM2 quanto à importância da doença. A terapia medicamentosa é adotada conjuntamente com a dieta e exercício físico, se estes últimos não tiverem tido sucesso no controle glicêmico ou quando a doença já se manifesta com altos índices glicêmicos. Compreende os agentes hipoglicemiantes orais, que em linhas gerais classificam-se em: agentes secretagogos, inibidores da a-glicosidase intestinal e agentes sensibilizadores de insulina. Além disto, alguns portadores de DM2 necessitam de administração complementar de insulina. Os agentes secretagogos podem ser subdivididos em agentes de ação prolongada, as sulfoniluréias e os de ação curta, as glinidas. As sulfononiluréias têm sido utilizadas como fármacos de primeira escolha para DM2 em indivíduos não obesos, no entanto é possível ocorrer uma diminuição de seu efeito ao longo do tratamento que obrigue a adoção de insulinoterapia. Os inibidores da a-glicosidase intestinal, representados pela acarbose e miglitol, geralmente são utilizados em associação com as outras categorias de medicamentos. Finalmente os agentes sensibilizadores de insulina incluem a metformina, que tradicionalmente é o medicamento de primeira escolha em pacientes diabéticos obesos, e as tiazolidinedionas (TZDs) [5]. O protótipo das TZDs é a troglitazona, que recentemente foi substituída pela rosiglitazona e a pioglitazona. Diversos estudos confirmam a eficácia das 07/05/03, 17:17 130 Suarez Rabello E et al / Diabetes Clínica 02 (2003) 128~134 TZDs em monoterapia e na terapia combinada com outros agentes hipoglicemiantes orais, promovendo a diminuição da glicemia e da insulinemia em pacientes portadores de DM2 [6-9]. O sucesso terapêutico desta classe de fármacos estimulou a investigação mais detalhada dos seus mecanismos moleculares de ação no organismo. Surpreendentemente as TZDs revelaram-se promotoras da diferenciação de adipócitos in vitro [10], o que gerou certo desconforto na comunidade científica: como uma droga adipogênica poderia desenvolver um efeito antidiabético frente à associação claramente estabelecida entre obesidade e DM2? Esta breve revisão propõe soluções para este aparente paradoxo, através do esclarecimento dos mecanismos de ação das TZDs e da análise das relações entre as alterações metabólicas da obesidade e DM2, justificando em base molecular o efeito antidiabético observado. Além disso, pretende-se avaliar sucintamente as características epidemiológicas da utilização clínica desta classe terapêutica, evidenciando a sua eficácia no tratamento do DM2. Patogênese da resistência insulínica: a importância da obesidade A fisiopatogenia do DM2 está relacionada à resistência periférica tecidual à ação da insulina e à disfunção da célula b do pâncreas na secreção de insulina. Quanto às anormalidades da secreção de insulina, no DM2 os níveis de insulina no jejum são iguais ou aumentados (estado de hiperinsulinemia) em relação a um indivíduo não afetado. Contudo, apresentam-se insuficientes para manter os níveis de glicose próximos da normalidade devido à resistência periférica à ação do hormônio. Esta resistência caracteriza-se como um estado no qual há uma diminuição da resposta biológica normal a uma determinada concentração de insulina em um dado tecido e apresenta-se como um importante fator patogênico do DM2. O conseqüente estado hiperglicêmico gerado pela associação entre hiper-insulinemia e resistência insulínica é um fator determinante de alterações no padrão oscilatório normal de resposta das células b à elevação da glicose circulante (tanto de jejum como pós-prandial) e a persistência desta condição lesa estas células, inviabilizando a manutenção dos níveis necessários de insulina [11]. Vários estudos objetivam ainda elucidar se a resistência insulínica ou a disfunção da célula b representam o defeito primário responsável pela patologia, independente disto já é bem estabelecida a participação destes dois distúrbios, assim como sua inter-relação no desenvolvimento da doença [12,13]. A etiologia do estado de resistência insulínica está relacionada a fatores pessoais como ao aumento da idade, redução da atividade física e, principalmente, à obesidade. artigo 06.pmd 130 A Figura 1 confirma a relação entre obesidade e DM2 avaliando o impacto do aumento do peso corporal (estimado através do Índice de Massa Corpórea - IMC) na ocorrência de várias doenças. Neste gráfico destacase o significativo aumento do risco de desenvolver DM2 com o ganho de peso, ainda que dentro do intervalo considerado normal ou saudável (19<IMC<25). Esta tendência acentua-se em indivíduos considerados com excesso de peso ou obesos de acordo com este parâmetro (respectivamente 25<IMC<30 e IMC>30). Para outras patologias também relacionadas à obesidade o aumento do risco não é tão pronunciado [3]. Na obesidade, a maior parte do excesso de energia calórica é armazenada na forma de triglicérides em tecido adiposo. Neste caso, o aumento na massa de tecido adiposo é conseqüência do aumento de tamanho das células adiposas (obesidade hipertrófica) através do mecanismo de lipogênese, enquanto que na obesidade severa ou infantil também é envolvido o aumento do número de células através da proliferação de préadipócitos e diferenciação em adipócitos maduros (adipogênese) caracterizando a obesidade hiperplásica. No caso da DM2, a obesidade observada é caracterizada pelo acúmulo de gordura visceral intra-abdominal (aumento da relação cintura/quadril), isso é justificado pelo fato de que as células adiposas abdominais apresentam resistência insulínica mais acentuada que a gordura dos depósitos periféricos [3]. A relação entre obesidade e resistência à insulina encontra-se sob intensa investigação científica. Está claro que a resistência dos próprios adipócitos à insulina é importante, no entanto uma análise simples mostra que este efeito não se deve apenas à redução da captação de glicose sangüínea por estas células, já que a quantidade de glicose removida do sangue por músculos é muito maior que por tecido adiposo. Desta forma infere-se que o tecido adiposo deve obrigatoriamente interferir no metabolismo de outros tecidos (especialmente fígado e músculos) para alterar a homeostase da glicose no organismo. De fato, o metabolismo normal dos adipócitos Fig. 1 - Relação entre IMC e o risco relativo de DM2, colelitíase, hipertensão e doença coronariana para mulheres inicialmente apresentando entre 30 e 55 anos de idade que foram acompanhadas por 18 anos (em média) [3]. 07/05/03, 17:17 Suarez Rabello E et al / Diabetes Clínica 02 (2003) 128~134 Fig. 2 - Relação entre DM2 e obesidade. está desregulado na obesidade e nesta condição observase a produção e a liberação de moléculas capazes de provocar resistência insulínica nos músculos e fígado. Diversos fatores com estas características têm sido identificados, incluindo os ácidos graxos livres (AGL), o fator de necrose tumoral a (TNF-a), os hormônios leptina e resistina (Figura 2) [12-16]. Com a ativação de processos lipogênicos nos adipócitos pelos excessos alimentares têm-se o acúmulo e armazenamento de triglicerídeos. Esta reserva lipídica aumentada apresenta um grande potencial para a liberação de ácidos graxos livres (AGL) e glicerol no plasma, especialmente quando o mecanismo de inibição de lipases intracelulares pela insulina não é completamente efetivo. De fato, em indivíduos obesos observa-se a formação de AGL proporcional à massa de tecido adiposo. A presença aumentada de AGL circulantes contribui de forma importante para a resistência insulínica em tecido muscular, adiposo e no fígado [13], assim como pode prejudicar a secreção de insulina pelo pâncreas [11]. Nos tecidos periféricos e principalmente nos músculos, os AGL funcionam como substrato de competição e inibição do transporte de glicose promovendo a diminuição da captação da glicose sanguínea. No fígado promovem aumento na intensidade de produção de glicose endógena através de estimulação das enzimas da neoglicogênese e pelo fornecimento de energia necessária para a síntese de glicose. Por outro lado, o glicerol liberado no plasma pela lipólise funciona como substrato para a neoglicogênese hepática aumentando a intensidade de reação e conseqüentemente da produção de glicose [12,13]. Vários estudos têm sido desenvolvidos com objetivo artigo 06.pmd 131 131 de esclarecer o papel do TNF-a na resistência insulínica. Pessoas com obesidade expressam pelo menos duas vezes mais TNF-a no tecido adiposo. Além disso, o nível de expressão de TNF-a em células adiposas é muito relacionado com o grau de hiperinsulinismo característico de resistência insulínica. Um mecanismo observado em modelos experimentais sugere que TNF-a está envolvido na alteração do padrão de fosforilação das moléculas efetoras da insulina, prejudicando a transdução de sinal normal deste hormônio e conseqüentemente diminuindo seus efeitos sobre as células [15]. Outro fator muito discutido é o hormônio leptina, também produzido em tecido adiposo, cuja ausência causa uma obesidade importante em modelos animais e humanos [17]. Os estudos relacionando leptina e DM2 ainda são controversos, sendo que alguns indicam inibição e outros, estimulação da secreção de insulina e sinalização de seu receptor. Porém a relação com obesidade é bem estabelecida, a leptina reduz o peso corporal via receptores hipotalâmicos promovendo ativação do centro da saciedade e aumento do gasto energético no metabolismo corporal normal. Desse modo o estado de deficiência de leptina ou resistência à leptina (anormalidades nos seus receptores específicos e/ou nas suas vias de sinalização) relacionase ao menos indiretamente com a gênese da resistência insulínica visto que promove obesidade [12,14]. Recentemente uma nova proteína secretada por adipócitos denominada resistina foi introduzida no quadro de fatores relacionando obesidade e DM2. Observou-se em modelos animais um aumento na expressão de resistina em adipócito na ocorrência de obesidade. Além disto, a administração endovenosa de resistina em ratos contribui para o aparecimento de resistência insulínica nos tecidos. Os mecanismos moleculares que determinam essa relação ainda não estão completamente elucidados [13,16]. De acordo com as evidências apresentadas torna-se claro que é imprescindível a adoção de mudanças de hábitos pessoais, como restrições dietéticas e realização de exercícios físicos, para corrigir as alterações metabólicas dos adipócitos observadas na obesidade que desencadeiam o DM2. Além disto, quando há desregulação importante da glicemia faz-se necessário tratamento clínico utilizando-se os diferentes esquemas terapêuticos disponíveis. Neste sentido, a elucidação das alterações fisiológicas e bioquímicas dos adipócitos na obesidade tem sido muito importante para a identificação de novos alvos para o controle da DM2. Drogas capazes 07/05/03, 17:17 132 Suarez Rabello E et al / Diabetes Clínica 02 (2003) 128~134 de reverter o quadro de resistência insulínica têm obtido posição de destaque neste panorama atual. Este é o caso das tiazolidinedionas, cujas características farmacológicas são exploradas em maior detalhe a seguir. Mecanismo de ação das tiazolidinedionas (TZDs) As TZDs formam uma classe de medicamentos antidiabéticos, cujo mecanismo de ação consiste basicamente no aumento da sensibilidade à ação da insulina. Com o estudo do mecanismo de ação molecular destes fármacos foi possível observar que as TZDs são agonistas do receptor ativado proliferador de peroxissomas (PPAR) do tipo g. Este receptor nuclear é expresso em grande quantidade em fibroblastos e préadipócitos e sua ativação promove diferenciação destas células em adipócitos maduros [10]. A compreensão da atividade biológica do PPARg é fundamental para determinação do mecanismo pela qual TZDs produzem seus efeitos farmacológicos. O PPARg é um membro da superfamília de receptores nucleares de fatores de transcrição e apresenta-se em duas isoformas: o PPARg1 e o PPARg2. O PPARg2 está expresso em grandes quantidades no tecido adiposo, enquanto que o PPARg1 pode ser encontrado em menor quantidade também em outros tecidos [18]. Este receptor existe no núcleo celular como um heterodímero com o receptor retinóide X (RXR). Para exercer sua atividade biológica PPARg deve ser ativado por um mediador endógeno, provavelmente 15-deoxi-D12,14prostaglandina J 2 (pGJ 2 ) [19]. Conforme citado anteriormente, as TZDs também podem-se ligar ao PPARg e ativá-lo. O heterodímero ativado apresenta grande afinidade de ligação a seqüências específicas de DNA que são chamadas elementos de reposta ao PPAR (PPREs). A interação específica do PPARg com o DNA promove uma desestruturação local de nucleossomos ativando a transcrição de genes vizinhos. Os PPREs localizam-se próximos às regiões promotoras de genes que codificam diversas proteínas com papel fundamental na indução da adipogênese, incluindo enzimas do metabolismo lipídico e glicídico e proteínas relacionadas à maquinaria que confere sensibilidade celular à insulina. Desta forma, a ativação de PPARg por ligantes (como as próprias TZDs) é responsável por importante alteração fenotípica da célula, que assume características de um adipócito completamente diferenciado [18]. Muitas das enzimas sintetizadas quando PPARg é ativado têm papel fundamental na lipogênese, incluindo a lipoproteína lípase (LpL), a acil-CoA sintase, a proteína transportadora de ácido graxo FABP e a proteína ligante de ácidos graxos ap2 [8]. A ação coordenada destas proteínas permite a captação de lipídeos a partir de lipoproteínas plasmáticas e seu processamento artigo 06.pmd 132 intracelular para formação de triacilglicerol, que será armazenado pelo adipócito. Um outro importante gene regulado por PPARg codifica o transportador de glicose GLUT4 [8]. Esta molécula é responsável pela captação de glicose sangüínea em adipócitos e tem sua atividade regulada por insulina. Na ausência do hormônio, GLUT4 encontra-se inativo no interior da célula, enquanto que na presença de insulina o transportador é deslocado para a superfície celular, onde permite a entrada de glicose na célula. O aumento da expressão dos genes citados (e outros) por PPARg promove a formação de um adipócito metabolicamente maduro que é capaz de armazenar grande quantidade de lipídeos e é altamente sensível à ação da insulina. Desta forma, adipócitos tratados com TZDs, diferentemente daquilo observado na obesidade, tem baixa atividade lipolítica basal (ou seja, na ausência de glucagon ou adrenalina) e conseqüentemente formam menor quantidade de AGL que são importantes promotores da resistência insulínica periférica. Outro importante mecanismo de ação das TZDs a partir da ativação do PPARg é a regulação da atividade endócrina dos adipócitos. As TZDs reduzem a formação de leptina por adipócitos in vivo, contribuindo para correção das alterações no controle do peso corpóreo devido à resistência à leptina [20,21]. Adipócitos tratados com TZD também produzem menor quantidade da citocina TNF-a, melhorando a sinalização da insulina em seus tecidos-alvo [15]. A constatação de que TZDs promovem a redução da produção de fatores desencadeadores de resistência à insulina por adipócitos estimulou a busca de novas moléculas secretadas por estas células cuja quantidade fosse regulada por TZDs. Esta abordagem experimental propiciou a identificação do hormônio resistina, que também origina resistência à insulina em músculo e fígado [16]. Seguindo este raciocínio, é possível especular que TZDs possam estimular a formação de moléculas sensibilizadoras da ação da insulina por adipócitos. Este, aparentemente, é o caso do peptídeo adiponectina recentemente descrito [22]. O estudo aprofundado dos mecanismos de ação das TZDs resolve o aparente paradoxo apresentado pela sua atividade adipogênica. A ação benéfica destas drogas no DM2 resulta da diferenciação completa dos adipócitos, corrigindo as alterações metabólicas provocadas pela obesidade e originando células com alta sensibilidade à ação da insulina (Figura 3). Tiazolidinedionas (TZDs) – uma promissora classe de anti-diabéticos Diversos estudos clínicos realizados com a troglitazona, protótipo do grupo das TZDs, mostraram que esta droga podia controlar com eficácia o problema da resistência insulínica. Na Figura 4 observa-se o efeito do tratamento 07/05/03, 17:17 Suarez Rabello E et al / Diabetes Clínica 02 (2003) 128~134 Fig. 3 - Efeitos anti-diabéticos das TZDs. Fig. 4 - Tratamento de pacientes com DM2 com 200 mg, 600 mg de troglitazona ou placebo: concentração de glicose sérica em jejum e hemoglobina glicosilada média [6]. de pacientes diabéticos em monoterapia com diferentes doses de troglitazona em comparação ao placebo. A troglitazona sozinha em doses de 600 mg é capaz de reduzir significativamente a glicemia em jejum após quatro semanas de tratamento e, através deste controle da glicemia, reduzir o nível de glicosilação de hemoglobina dentro de uma faixa aceitável após 16 semanas de tratamento [6]. Até 1997, quando as TZDs foram introduzidas no mercado norte-americano, a metformina era o único fármaco sensibilizador à ação da insulina disponível. artigo 06.pmd 133 133 Exatamente por isto, a metformina era o medicamento escolhido para tratamento em monoterapia de pacientes diabéticos obesos [5]. As TZDs não substituem a metformina, mas complementam sua atividade. O efeito da metformina é consequência principalmente da redução da produção de glicose endógena através da inibição da neoglicogênese hepática [7] (Figura 5). Conforme discutido, amplamente, aqui, as TZDs produzem seus efeitos terapêuticos por promoverem a captação de glicose sangüínea por tecidos periféricos. Os efeitos desta classe sobre produção hepática de glicose, no entanto, são reduzidos (Figura 5). Assim, a associação de TZDs com metformina apresenta excelente sinergismo para a redução da hiperglicemia (Figura 6) [7]. De fato, a terapia combinada das TZDs com metformina tem sido muito explorada. Associações de TZDs com outras drogas anti-diabéticas como sulfoniluréias e insulina também são possíveis. A introdução de uma nova classe de sensibilizadores do efeito da insulina representa uma importante conquista no tratamento da DM2. Diferentes das drogas secretagogas ou da insulina exógena, estes agentes terapêuticos permitem o controle glicêmico sem o risco de provocar hipoglicemia. Além disto, a redução da glicemia sem ação direta sobre a secreção endógena de insulina tem importante efeito protetor sobre as células b pancreáticas. As TZDs apresentam ainda um interessante efeito normalizador sobre os lipídeos sanguíneos, que freqüentemente estão alterados na DM2. Estas drogas promovem redução significante de triglicérides plasmáticos e um pequeno aumento do colesterol HDL [9]. A troglitazona foi removida do mercado em março de 2000 por causar severa hepatotoxicidade em diversos pacientes. No entanto, o sucesso dos efeitos terapêuticos da troglitazona já havia estimulado a pesquisa de outros compostos quimicamente relacionados que apresentassem a mesma atividade farmacológica. A partir destes estudos surgiram os dois fármacos atualmente utilizados que são a rosiglitazona e a pioglitazona. Estas TZDs são mais potentes, sendo utilizadas em doses 20 a 80 vezes menores que a troglitazona. Além disto não apresentaram nenhuma evidência de hepatotoxicidade até então [8], sugerindo que este não é um efeito colateral de toda a classe ou que, ao menos, esta toxicidade somente se manifesta em doses mais elevadas. Decorrente do fato de que estas moléculas induzem adipogênese e lipogênese, pode ocorrer um discreto aumento de massa corpórea, com ganho de peso circunstancial por volta de 5% [8]. Entretanto, devido a formação de adipócitos altamente sensíveis à insulina, o aumento na massa de tecido adiposo não prejudica o controle da DM2 pelo fármaco. Em doses ótimas, os três fármacos apresentam efeitos farmacológicos similares considerando-se a redução da glicemia e o controle da hemoglobina glicosilada, tanto em monoterapia como em combinação com metformina, sulfoniluréias ou insulina [9]. Por outro lado, as TZDs parecem diferenciar-se nos seus efeitos sobre as lipoproteínas 07/05/03, 17:17 134 Suarez Rabello E et al / Diabetes Clínica 02 (2003) 128~134 Fig. 5 - Variação porcentual da produção endógena de glicose e da taxa de remoção periférica de glicose em indivíduos diabéticos mantidos em clamp hiperinsulinêmico após três meses de terapia com metformina ou troglitazona [7]. a DM2 e possivelmente sirvam como modelos para desenvolvimento de medicamentos ainda mais adequados para o controle desta moderna pandemia. Referências Fig. 6 - Efeito na fração de hemoglobina glicosilada em monoterapia com metformina ou troglitazona por três meses (com duas semanas preliminares de washout) seguido pela terapia combinada de metformina e troglitazona por três meses [7]. plasmáticas. Enquanto a rosiglitazona reduz apenas moderadamente os triglicéridios no plasma, a troglitazona e a pioglitazona apresentam reduções que variam entre 15 a 25%. Os níveis de colesterol LDL são praticamente inalterados por pioglitazona, entretanto observa-se aumento de 6 a 8% com troglitazona e mais de 10% pela rosiglitazona. Finalmente, os níveis de colesterol HDL apresentam um grande aumento com a rosiglitazona e pioglitazona, porém com a troglitazona ocorre um aumento insignificante [9]. Apesar do pequeno intervalo de tempo desde sua aprovação para uso clínico, as TZDs já apresentam grande impacto sobre a DM2. Isto ocorre porque estas drogas representam uma efetiva ampliação do arsenal terapêutico para o tratamento desta doença. Apesar dos extensos estudos já realizados sobre as TZDs, ainda há muito a ser compreendido sobre os mecanismos de sua ação, sugerindo que no futuro próximo estes fármacos ainda possam ser úteis para a elucidação das relações entre a obesidade e artigo 06.pmd 134 1. Harris MI, Diabetes in America: epidemiology and scope of the problem. Diabetes Care 1998; 21(Suppl.3):C11-C13. 2. Kahn BB. 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A vida moderna, com mudanças de hábito alimentar, estresse de adaptação às grandes cidades e pouco tempo para atividades físicas, em muito favorece a obesidade e o sedentarismo, fatores que predispõem ao aparecimento do DM. E estes fatores são muito freqüentes nos idosos. A alta prevalência de doenças reumática, neurológica e cardiovascular limita muita a atividade física, e alterações na composição corpórea, como aumento da massa adiposa e diminuição da muscular, contribuem para a obesidade. O DM constitui importante fator de risco para o desenvolvimento de todas as manifestações clínicas da aterosclerose [2] (acidente vascular cerebral, doença arterial coronariana, periférica e renal) e suas complicações crônicas (cegueira, insuficiência renal, coronariopatia, amputações); comprometem significativamente a qualidade de vida e sobrevida dos idosos. Isto torna o DM prioridade em todos os níveis de prevenção (primária, secundária e terciária) por parte de todos os profissionais e autoridades oficiais de saúde. Etiopatogenia Alguns pacientes idosos são diabéticos tipo 1, mas a maioria é do tipo 2, embora muitos progridam para um estado de dependência de insulina e, segundo o UKPDS (United Kingdom Prospective Diabetes Artigo recebido em 5 de dezembro de 2002; aprovado em 15 de fevereiro de 2003. Endereço para correspondência: Rua Vilebaldo Aguiar, 95/302 - 60190-780 Fortaleza CE, Tel: (85) 262 0949, E-mail: [email protected] artigo 01 .pmd 135 07/05/03, 17:17 136 Farias Uruguai PR / Diabetes Clínica 02 (2003) 135~137 Study), o DM é uma doença progressiva independente do agente antidiabético utilizado [3]. Há uma diminuição na produção de insulina com o avançar da idade, mas também é comum a participação da resistência à insulina (RI), com hiperinsulinemia compensatória, na etiogenia do DM tipo 2 [1]. RI é definida como uma condição, genética ou adquirida (obesidade, sedentarismo), em que ocorre menor utilização de glicose pelos tecidos em resposta ao estímulo insulínico. Quando as células b tornam-se incapazes de aumentar a secreção de insulina a ponto de vencer a resistência tecidual e promover captação de glicose, surgem graus variados de hiperglicemia. O DM apresenta uma alta freqüência de outros fatores, como dislipidemia, hipertensão, distúrbios de coagulação, disfunção endotelial e miocardiopatia, que contribuem para o elevado índice de eventos cardiovasculares (CV) nesta síndrome, atualmente conhecida como Síndrome Plurimetabólica ou Metabólica (SM). A RI parece ser o fator comum entre eles [4]. A RI pode ser considerada um fenômeno inflamatório subclínico, pois alguns marcadores de inflamação (proteína C reativa, leucócitos) encontram-se elevados.[5] A aterosclerose causando doença cardiovascular (DCV) em pacientes diabéticos é bioquímica e morfologicamente indistinguível da aterosclerose em pacientes não diabéticos.Nos diabéticos, entretanto, a aterosclerose parece ser mais extensa e severa, e progride mais rapidamente. Os fatores de risco convencionais para aterosclerose são comuns nos diabéticos e têm uma correlação idêntica para DCV em diabéticos e não diabéticos. Eles não explicam, portanto, a incidência excessiva de aterosclerose nos pacientes diabéticos. A explicação estaria na disfunção endotelial causada pela RI [6]. O endotélio vascular está envolvido na regulação de múltiplas funções, incluindo a regulação do tônus vascular, da adesão plaquetária, da coagulação sanguínea, da fibrinólise e da adesão dos leucócitos. Alteração em qualquer destas funções poderia ser definida como disfunção endotelial (DE) [6]. Os distúrbios lipídicos observados no DM tipo 2 são ocasionados pela menor atividade da lípase lipoprotéica que a RI induz. Isto resulta em menor taxa de metabolismo das lipoproteínas ricas em triglicéridio [7]. Existe um estado procoagulante ou protrombótico do DM tipo 2. Ocorre ativação do sistema intrínseco de coagulação, atividade fibrinolítica diminuída e alterações na função plaquetária [7]. Diagnóstico O diagnóstico laboratorial de DM não é ajustado para a idade e foi estabelecido em 1997 pela American artigo 01 .pmd 136 Diabetes Association. Qualquer das três situações abaixo sela o diagnóstico [8]. • Glicemia de jejum > 126 mg/dl em pelo menos duas ocasiões. • Glicemia aleatória > 200 mg/dl e sintomas clínicos presentes. • Teste oral de tolerância à glicose (75g) em 120 min. > 200 mg/dl. O quadro clínico no idoso é freqüentemente assintomático, e o diagnóstico, na maioria das vezes, é feito em exames de rotina ou durante internação por outra patologia ou já por diabetes complicado. Os sintomas clássicos de poliúria, polidipsia e polifagia freqüentemente estão ausentes, enquanto sintomas gerais, como fraqueza e adinamia, são comumente observados. Estado confusional agudo, incontinência urinária e coma hiperosmolar podem ser as primeiras manifestações encontradas [1]. A glicosúria não é um bom parâmetro laboratorial no idoso, pois ocorre com valores glicêmicos mais elevados (220 mg/dl) do que nos jovens (180 mg/dl), devido o aumento do limiar de excreção renal da glicose [1]. É importante lembrar que a medição da pressão arterial (PA) no paciente diabético, especialmente no idoso, deve ser realizada após um repouso mínimo de cinco minutos e nas posições supina, sentada e um minuto após assumir a posição ortostática. Essa recomendação decorre da possibilidade da presença de neuropatia autonômica, devendo ser seguida independentemente do paciente estar ou não fazendo uso de medicação antihipertensiva [9]. Tratamento Fatores de risco modificáveis do DM no idoso são sedentarismo, maus hábitos alimentares e alterações na composição corpórea.Outros fatores são menos atingíveis, como doenças coexistentes, uso de medicamentos para outras patologias (a polifarmácia é muito comum no idoso) e alterações na secreção ou ação da insulina, relacionadas à idade. O tratamento do idoso diabético, como o de todo paciente em geral, deve ressaltar a importância das medidas não farmacológicas, que inclui a modificação do estilo de vida através da redução do peso corporal, da realização de exercícios físicos de maneira regular, da suspensão do hábito de fumar e da restrição de bebidas alcoólicas. Recomenda-se a participação em atividades físicas aeróbicas por pelo menos 30 a 45 minutos, três vezes por semana. É conveniente que os pacientes realizem um eletrocardiograma de esforço antes de iniciar a 07/05/03, 17:17 Farias Uruguai PR / Diabetes Clínica 02 (2003) 135~137 atividade física. A redução de peso melhora o controle glicêmico, os níveis pressóricos e o perfil lipídico. A atividade física, mesmo sem redução do peso, melhora a sensibilidade à insulina [10]. A maioria dos idosos diabéticos apresenta excesso de peso, e como a RI nesses pacientes parece ser mais importante do que o déficit da produção de insulina, a opção inicial de antidiabético oral seria pelos sensibilizadores de insulina, preferencialmente a metformina [11], atualmente não contra-indicada pela idade. Além do mais, no UKPDS a metformina foi a única medicação que determinou uma diminuição significativa da incidência de complicações CV em diabéticos obesos [12]. É importante ressaltar que algumas alterações relacionadas ao processo do envelhecimento dificultam o tratamento do diabético idoso. A diminuição da acuidade visual e da auditiva dificulta a leitura da seringa, a aplicação da insulina, a identificação de medicamentos, a comunicação e a aderência ao tratamento. A diminuição do paladar e do olfato dificulta a adesão à dieta e a diminuição da função renal aumenta a meia-vida de hipoglicemiantes com maior risco de hipoglicemias. O aumento do limiar renal para excreção de glicose diminui a utilidade da glicofita para investigar glicosúria e o retardo do esvaziamento gástrico aumenta o risco de hipoglicemias. Alteração no mecanismo da sede aumenta risco de desidratação e distúrbios no equilíbrio desestimulam a atividade física [11]. artigo 01 .pmd 137 137 Referências 1. Marcondes JAM, Thomsen YLG. Diabetes Mellitus e Envelhecimento. In: Filho ETC, Netto MP, editores. Geriatria: Fundamentos, Clínica e Terapêutica. 1ª edição.São Paulo: Atheneu; 1994.p.267-285. 2. Gross JL. Fatores de Risco para Doença Cardiovascular em Pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2. 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Os artigos publicados em Diabetes Clínica poderão também ser publicados na versão eletrônica da revista (Internet) assim como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros que surjam no futuro, sendo que pela publicação na revista os autores já aceitem estas condições. A revista Diabetes Clínica assume o “estilo Vancouver” (Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical journals, N Engl J Med. 1997; 336(4): 309-315) preconizado pelo Comitê Internacional de Diretores de Revistas Médicas, com as especificações que são resumidas a seguir. Ver o texto completo em inglês desses Requisitos Uniformes no site do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), www.icmje.org, na versão atualizada de outubro de 2001. Os autores que desejarem colaborar em alguma das seções da revista podem enviar sua contribuição (em arquivo eletrônico/e-mail) para nossa redação, sendo que fica entendido que isto não implica na aceitação do mesmo, que será notificado ao autor. O Comitê Editorial poderá devolver, sugerir trocas ou retorno de acordo com a circunstância, realizar modificações nos textos recebidos; neste último caso não se alterará o conteúdo científico, limitando-se unicamente ao estilo literário. 1. Editorial Trabalhos escritos por sugestão do Comitê Científico, ou por um de seus membros. Extensão: Não devem ultrapassar três páginas formato A4 em corpo (tamanho) 12 com a fonte English Times (Times Roman) com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc; a bibliografia não deve conter mais que dez referências. 2. Artigos originais São trabalhos resultantes de pesquisa científica apresentando dados originais de descobertas com relaçaõ a aspectos experimentais ou observacionais, e inclui análise descritiva e/ou inferências de dados próprios. Sua estrutura é a convencional que traz os seguintes itens: Introdução, Métodos, Resultados, Discussão e Conclusão. Texto: Recomendamos que não seja superior a 12 páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. Tabelas: Considerar no máximo seis tabelas, no formato Excel/ Word. Figuras: Considerar no máximo 8 figuras, digitalizadas (formato .tif ou .gif) ou que possam ser editados em Power-Point, Excel, etc. Bibliografia: É aconselhável no máximo 50 referências bibliográficas. Os critérios que valorizarão a aceitação dos trabalhos serão o de rigor metodológico científico, novidade, interesse profissional, concisão da exposição, assim como a qualidade literária do texto. 3. Revisão São trabalhos que versem sobre alguma das áreas relacionadas ao diabetes, que têm por objeto resumir, analisar, avaliar ou sintetizar trabalhos de investigação já publicados em revistas científicas. Quanto aos limites do trabalho, aconselha-se o mesmo dos artigos originais. 4. Atualização ou divulgação São trabalhos que relatam informações geralmente atuais sobre normas e eventos.pmd 138 tema de interesse dos profissionais de diabetes (novas técnicas, legislação, por exemplo) e que têm características distintas de um artigo de revisão. 5. Relato de caso São artigos de representan dados descritivos de um ou mais casos explorando um método ou problema através de exemplo. Apresenta as características do indivíduo estudado, com indicação de sexo, idade e pode ser realizado em humano ou animal. 6. Comunicação breve Esta seção permitirá a publicação de artigos curtos, com maior rapidez. Isto facilita que os autores apresentem observações, resultados iniciais de estudos em curso, e inclusive realizar comentários a trabalhos já editados na revista, com condições de argumentação mais extensa que na seção de cartas do leitor. Texto: Recomendamos que não seja superior a três páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. Tabelas e figuras: No máximo quatro tabelas em Excel e figuras digitalizadas (formato .tif ou .gif) ou que possam ser editados em Power Point, Excel, etc Bibliografia: São aconselháveis no máximo 15 referências bibliográficas. 5. Resumos Nesta seção serão publicados resumos de trabalhos e artigos inéditos ou já publicados em outras revistas, ao cargo do Comitê Científico, inclusive traduções de trabalhos de outros idiomas. 6. Correspondência Esta seção publicará correspondência recebida, sem que necessariamente haja relação com artigos publicados, porém relacionados à linha editorial da revista. Caso estejam relacionados a artigos anteriormente publicados, será enviada ao autor do artigo ou trabalho antes de se publicar a carta. Texto: Com no máximo duas páginas A4, com as especificações anteriores, bibliografia incluída, sem tabelas ou figuras. PREPARAÇÃO DO ORIGINAL 1. Normas gerais 1.1 Os artigos enviados deverão estar digitados em processador de texto (Word, Wordperfect, etc), em página de formato A4, formatado da seguinte maneira: fonte Times Roman (English Times) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc. 1.2 Numere as tabelas em romano, com as legendas para cada tabela junto à mesma. 1.3 Numere as figuras em arábico, e envie de acordo com as especificações anteriores. As imagens devem estar em tons de cinza, jamais coloridas, e com qualidade ótima (qualidade gráfica – 300 dpi). Fotos e desenhos devem estar digitalizados e nos formatos .tif ou .gif. 1.4 As seções dos artigos originais são estas: resumo, introdução, material e métodos, resultados, discussão, conclusão e bibliografia. O autor deve ser o responsável pela tradução do resumo para o inglês e o espanhol e também das palavras-chave (key-words). O envio deve ser efetuado em arquivo, por meio de disquete, zipdrive, CD-ROM ou e-mail. Para os artigos enviados por correio em mídia magnética (disquetes, etc) anexar uma cópia impressa e 07/05/03, 17:17 Normas de publicação Diabetes Clínica identificar com etiqueta no disquete ou CD-ROM o nome do artigo, data e autor, incluir informação dos arquivos, tais como o processador de texto utilizado e outros programas e sistemas. 2. Página de apresentação A primeira página do artigo apresentará as seguintes informações: - Título em português, inglês e espanhol. - Nome completo dos autores, com a qualificação curricular e títulos acadêmicos. - Local de trabalho dos autores. - Autor que se responsabiliza pela correspondência, com o respectivo endereço, telefone e E-mail. - Título abreviado do artigo, com não mais de 40 toques, para paginação. - As fontes de contribuição ao artigo, tais como equipe, aparelhos, etc. 3. Autoria Todas as pessoas consignadas como autores devem ter participado do trabalho o suficiente para assumir a responsabilidade pública do seu conteúdo. O crédito como autor se baseará unicamente nas contribuições essenciais que são: a) a concepção e desenvolvimento, a análise e interpretação dos dados; b) a redação do artigo ou a revisão crítica de uma parte importante de seu conteúdo intelectual; c) a aprovação definitiva da versão que será publicada. Deverão ser cumpridas simultaneamente as condições a), b) e c). A participação exclusivamente na obtenção de recursos ou na coleta de dados não justifica a participação como autor. A supervisão geral do grupo de pesquisa também não é suficiente. 4. Resumo e palavras-chave (Abstract, Key-words) Na segunda página deverá conter um resumo (com no máximo 150 palavras para resumos não estruturados e 200 palavras para os estruturados), seguido da versão em inglês e espanhol. O conteúdo do resumo deve conter as seguintes informações: - Objetivos do estudo. - Procedimentos básicos empregados (amostragem, metodologia, análise). - Descobertas principais do estudo (dados concretos e estatísticos). - Conclusão do estudo, destacando os aspectos de maior novidade. Em seguida os autores deverão indicar quatro palavras-chave para facilitar a indexação do artigo. Para tanto deverão utilizar os termos utilizados na lista dos DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) da Biblioteca Virtual da Saúde, que se encontra no endereço internet seguinte: http://decs.bvs.br. Na medida do possível, é melhor usar os descritores existentes. normas e eventos.pmd 139 139 5. Agradecimentos Os agradecimentos de pessoas, colaboradores, auxílio financeiro e material, incluindo auxílio governamental e/ou de laboratórios farmacêuticos devem ser inseridos no final do artigo, antes as referências, em uma secção especial. 6. Referências As referências bibliográficas devem seguir o estilo Vancouver definido nos Requisitos Uniformes. As referências bibliográficas devem ser numeradas por numerais arábicos entre parênteses e relacionadas em ordem na qual aparecem no texto, seguindo as seguintes normas: Livros - Número de ordem, sobrenome do autor, letras iniciais de seu nome, ponto, título do capítulo, ponto, In: autor do livro (se diferente do capítulo), ponto, título do livro (em grifo - itálico), ponto, local da edição, dois pontos, editora, ponto e vírgula, ano da impressão, ponto, páginas inicial e final, ponto. Exemplo: 1. Phillips SJ. Hypertension and Stroke. In: Laragh JH, editor. Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management. 2nd ed. New-York: Raven press; 1995. p.465-78. Artigos – Número de ordem, sobrenome do(s) autor(es), letras iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto. Título do trabalha, ponto. Título da revista ano de publicação seguido de ponto e vírgula, número do volume seguido de dois pontos, páginas inicial e final, ponto. Não utilizar maiúsculas ou itálicos. Os títulos das revistas são abreviados de acordo com o Index Medicus, na publicação List of Journals Indexed in Index Medicus ou com a lista das revistas nacionais, disponível no site da Biblioteca Virtual de Saúde (www.bireme.br). Devem ser citados todos os autores até 6 autores. Quando mais de 6, colocar a abreviação latina et al. Exemplo: Yamamoto M, Sawaya R, Mohanam S. Expression and localization of urokinase-type plasminogen activator receptor in human gliomas. Cancer Res 1994;54:5016-20. Os artigos, cartas e resumos devem ser enviados para: Jean-Louis Peytavin Atlantica Editora Rua da Lapa, 180/1103 - Lapa 20021-180 Rio de Janeiro RJ Tel: (21) 2221 4164 E-mail: [email protected] 07/05/03, 17:17 140 Calendário de Eventos MAIO DE 2003 14 a 18 de maio 12th annual meeting and clinical congress of the American Association of Clinical Endocrinologists (AACE) San Diego, California informações: The AACE E-mail: [email protected] Site: http://www.aace.com 29 de maio a 1 de junho 12th European Congress on Obesity Helsinki, Finland Informações: Dr. Mikael Fogelholm UKK Institute for Health Promotion Research, POB 30, 33501 Tampere, Finland Tel: + 358 3 2829 201 / Fax: + 358 3 2829 559 E-mail: [email protected] JUNHO DE 2003 13 a 17 de junho 63th Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association New Orleans, Louisiana Informações: +1 800 232 3472 E-mail: [email protected] www.diabetes.org 19 a 22 de junho ENDO 2003 – The Endocrine Society´s 85th Annual Meeting Philadelphia PA www.endo-society.org/scimeeting/endo2003 JULHO DE 2003 25 a 27 de julho 8o Congresso brasileiro multiprofissional e multidisciplinar em diabetes UNIP, Av Marques de São Vicente, 3001, São Paulo SP Informações: ANAD Tel: (11) 5549 6704/6559 www.anad.org.br AGOSTO DE 2003 6 a 10 de agosto 30th Annual Meeting of the American Association of Diabetes Educators Salt Palace Convention Center, Salt Lake City, Utah Tel: (312) 424 2426 www.aadenet.org 7 a 9 de agosto XIIo Congresso da Sociedade Brasileira de Hipertensão Pirâmide Palace Hotel, Natal RN Tel: (84)234-6175 falar com Astréia ou Iracy E-mail: [email protected] 24 a 29 de agosto 18th Internacional Diabetes Federation Congress Paris, França Informações: Prof. Dr. Gerard Cathelineau, Hopital Saint-Louis, 1 avenue Claude Vellefaux, 75010 Paris, França Tel : +33 1 4249 9697 www.idf.org normas e eventos.pmd 140 27 a 29 de agosto 2a CONUTRI – Congresso de Nutrição da Unifenas Alfenas – MG Tel: (35) 3299-3128 E-mail: [email protected] SETEMBRO DE 2003 30 de setembro a 2 de outubro XIV Curso Nacional de Atualização em Endocrinologia e Metabologia Centro de Convenções do Palácio da Cultura Campo Grande MS Informações: [email protected] OUTUBRO DE 2003 8 a 12 de outubro Hot Topics in Endocrinology Coronado, CA www.endo-society.org/scimeeting/hot-topics.cfm NOVEMBRO DE 2003 12 a 15 de novembro VIIIo Congresso Brasileiro de Nutrologia Centro de Convenções, Goiânia GO Informações: (17) 3524 4929 / 523 9732 / 523 3645 26 a 30 de novembro XIVº Congresso Brasileiro de Diabetes Centro de Convenções - Goiânia GO Informações: Evento All Av. República do Líbano, 1914/ sala 17 Setor Oeste 74115-070 Goiânia GO Email: [email protected] JUNHO DE 2004 4 a 8 de junho de 2004 64th Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association June 4-8, 2004 Orange County Convention Center, Orlando, Florida www.diabetes.org SETEMBRO DE 2004 5 a 9 de setembro 40th Annual Meeting of th European Association for the Study of Diabetes Munich, Alemanha www.easd.org Informações: [email protected] SETEMBRO DE 2005 19 a 24 de setembro 18th International Congress of Nutrition Durban, África do Sul Informações: [email protected] 07/05/03, 17:17 Diabetes Clínica JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Índice (vol.7 nº 3 - 2003) 141~232 EDITORIAL 8º Congresso Multiprofissional e Multidisciplinar em Diabetes, Fadlo Fraige Filho. ..................................................... 143 INFORMES DO DIABETES NO MUNDO. ................................................................................................................... 145 O DIABETES NA IMPRENSA. ......................................................................................................................................... 158 AVANÇOS TERAPÊUTICOS E TECNOLÓGICOS. .................................................................................................... 162 PRODUTOS E NOVIDADES. .......................................................................................................................................... 175 Levitra (Bayer/Glaxo SmithKline), Cialis (Eli Lilly), DRIM (SCIL), cartucho de lancetas (Pelikan Sun) RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS. ....................................................................................................... 178 ARTIGOS ORIGINAIS E REVISÕES Terapia farmacológica oral em pacientes com diabetes mellitus do tipo 2: fundamentos para a enfermagem, Sonia Aurora Alves Grossi, Silvia Regina Secoli. ............................................................................................................... 189 Educação em diabetes tipo 1 através do PROAFIDI (programa orientado de atividades físicas para diabéticos), Jane Dullius. .......................................................................................................................................................................... 195 Associação entre o estresse oxidativo e a nefropatia diabética: estudo bioquímico, Silvio Fernando Guideti Marques. ....................................................................................................................................... 203 Estudo clínico preliminar do uso tópico dos ácidos graxos essenciais (AGE) em associações no tratamento do pé diabético, Vera Ligia Coimbra Lellis, Cristiane Suga, Denise Brito, Julio Leite, Liliene Gerevini, Roseli Bueno, Soraia Salles, Sueli Silva, Carlos Eduardo Lemos. ..................................................................................... 209 ATUALIZAÇÃO American Diabetes Association 2003 - Recomendações para a prática médica • Cuidados pré-conceptivos na mulher diabética. ................................................................................................................ 216 • Transplante de pâncreas para pacientes portadores de diabetes tipo 1. ......................................................................... 220 Relatório 2003 do comitê sobre prevenção, detecção, avaliação e tratamento da hipertensão arterial (JNC 7). ............. 222 NORMAS DE PUBLICAÇÕES. ....................................................................................................................................... 229 CALENDÁRIO DE EVENTOS. ........................................................................................................................................ 231 indice.pmd 141 16/07/03, 16:23 Diabetes Clínica JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Diabetes Clínica é um jornal multidisciplinar sobre os aspectos médicos, psicológicos e sociais do diabetes e dos distúrbios associados. Para os especialistas Diabetes Clínica é um veículo de informação e formação continuada sobre o conhecimento científico da doença, a atualidade da prática clínica no tratamento do diabetes e das patologias associadas. Diabetes Clínica edita artigos científicos selecionados pelo editor científico, o conselho consultivo e profissionais de reconhecido saber na área. O objetivo do jornal é favorecer a discussão interdisciplinar em todas as questões relativas à diabetologia, bem como através de suas diferentes sessões idealizadas pelo editor científico, informar de uma maneira rápida, atual e sintética os múltiplos aspectos dos estudos em diabetes. Diabetes Clínica Editor científico : Dr. Fadlo Fraige Filho, presidente da FENAD e ANAD, Professor Titular de Endocrinologia Faculdade de Medicina ABC Diretora comercial: Lilian Fanny de Castilho Editor: Dr. Jean-Louis Peytavin, faculdade de Medicina de Lyon (França) Conselho Consultivo Psicóloga Ada Verônica da Silva Maciel (SP) Dr. Adolpho Milech (RJ) Dr. Airton Golberg (RS) Dra. Alcina Vinhais (BA) Dra. Ana Míriam G. Carboni (SP) Dr. Antônio Carlos Lerário (SP) Dr. Arual Augusto da Costa (SP) Dr. Balduíno Tschiedel (RS) Nutricionista Celeste Elvira Viggiano (SP) Prof. Ed. Física Cláudio Cancelliéri (SP) Dr. Edgard d’Ávila Niclewicz (PR) Dr. Freddy Goldberg Eliaschewitz (SP) Dra. Geisa Macedo (PE) Dra. Hermelinda Pedrosa (DF) Dr. João Roberto de Sá (SP) Dr. José Egídio Paulo de Oliveira (RJ) Dr. Leão Zagury (RJ) Dr. Marcos Tambascia (SP) Dr. Nelson Rassi (GO) Dr. Orsine Valente (SP) Enfermeira Paula Pascali (SP) Dra. Reine Marie Chaves (BA) Dr. Saulo Cavalcanti da Silva (MG) Dr. Sérgio Atala Dib (SP) Apoios IDF - SACA - International Diabetes Federation South America Central America SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes Faculdade de Medicina ABC - São Paulo FENAD - Federação Nacional de Associações de Diabéticos ANAD - Associação Nacional de Assistência ao Diabético COREN-SP - Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo COSEMS-SP - Cons. de Secretarías Municipais de Saúde FENAD - Federação Nacional de Associações de Diabéticos e ANAD Associação Nacional de Assistência ao Diabético Rua Eça de Queiroz, 198 04011- 031 São Paulo - SP tel: (11) 5572-6559 fax: (11) 5549-6704 http://www.anad.org.br [email protected] ATLANTICA EDITORA Editor executivo Dr. Jean-Louis Peytavin [email protected] Marketing René Caldeira Delpy Jr. [email protected] Administração Bárbara de Assis Jorge Editoração e arte Andréa Vichi Colaboradores da redação Bianca Waruar Isabel Lopes Rio de Janeiro Rua da Lapa, 180 / 1103 20021-180 Rio de Janeiro RJ Tel/Fax: (21) 2221-4164 E-mail: [email protected] São Paulo Praça Ramos Azevedo, 206/1910 01037-010 - São Paulo - SP Tel: (11) 3361-5595 / 3362-2097 ISSN 1517-6428 © ATMC - Atlântica Editora Ltda Av. São João, 56 sala 7 12940-000 Atibaia – SP Assinatura 12 edições: R$ 174,00 tel: (21) 2221-4164 www.atlanticaeditora.com.br I.P. (Informação publicitária) As informações são de responsabilidade dos anunciantes Copyright © ATMC – Atlantica Editora Ltda Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Em razão do avanço rápido das ciências médicas, o Editor recomenda que uma verificação independente do diagnóstico e doses dos medicamentos seja realizada. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética médica, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. indice.pmd 142 16/07/03, 16:23 Diabetes Clínica 143 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Editorial 8º Congresso Multiprofissional e Multidisciplinar em Diabetes Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho, Coordenador e Editor Científico, Diabetes Clínica Cada ano que passa observamos o crescente interesse em nosso Congresso pelos profissionais da área de diabetes. Fato este que nos dá grande satisfação e nos motiva para este grande trabalho que é o planejamento e organização desse evento que, pelas suas características e amplitude de sua abrangência, torna-o, sem dúvida, o mais completo evento em diabetes em nosso país. Temos participado no exterior dos principais congressos em diabetes, sendo que a maioria é dedicada à pesquisa básica e clínica. E nenhum com a nossa abrangência. No nosso congresso, desde o início, nos preocupamos em manter uma linha direcionada para a atualização de conhecimentos clínicos e práticos, de tal maneira que aqueles que participam possam levar conhecimentos imediatos em sua prática diária. Temos convidado os líderes e docentes expoentes de todas as áreas para o desenvolvimento dos temas dos simpósios pré-estabelecidos. Convicto de que o melhor tratamento das pessoas com diabetes é feito pela equipe multidisciplinar e multiprofissional, lançamos em 1991 o primeiro congresso já com os mesmos objetivos. Temos observado que todo ano se formam ou se aprimoram as equipes multiprofissionais, e também permite o intercâmbio multidisciplinar daqueles que desejam se aprimorar ou conhecer melhor uma área diferente da sua específica, sendo esta uma rara oportunidade em um só evento. Esta também é uma excelente oportunidade para acadêmicos e profissionais recém-formados. O diabetes mellitus tem sido foco de atenção não só para os profissionais e poder público como também priorizado nas pesquisas pelos grandes grupos da industria farmacêutica, em vista de sua importância como doença crônica de alta prevalência mundial. Este fato tem levado a sucessivos lançamentos de novos medicamentos e novos conceitos que têm sido constantemente abordados em todos os nossos congressos. Este ano não fugiu à regra, estávamos privilegiados com diversos lançamentos, e por esta razão teremos simpósios sobre Insulina glargina (Lantus), insulina de ação basal que será lançada em breve no Brasil, análogo de insulina aspart em mistura de ultra rápida (Novo Mix 70/30), nova opção para o tratamento do diabetes tipo 2. Teremos também simpósios de novos medicamentos para disfunção erétil: tadalafil (Cialis), vardenafil (Levitra) e novos estudos do sildenafil (Viagra). O ezetimibe, nova droga para o tratamento da hipercolesterolemia, 144 Continuação Editorial - Diabetes Clínica 03 (2003) bloqueando a absorção do colesterol a nível intestinal, também será contemplada em simpósio específico de hiperlipemia. Novas técnicas educacionais e pedagógicas aplicadas às pessoas com diabetes e desenvolvidas na ANAD estarão disponíveis em simpósios e oficinas, antecipando sua apresentação no Congresso da International Diabetes Federation (Paris 2003). Enfim, com esmero, carinho e muita preparação esperamos levar novamente um congresso de alto nível, que neste ano estará sendo realizado com o irrestrito apoio dos conselhos, diretoria, funcionários, profissionais e colaboradores da ANAD. Neste ano pudemos aumentar o número de simpósios e oferecermos mais vagas graças a mudança do local da realização do evento para a UNIP – Universidade Paulista, e para tanto contamos com o apoio irrestrito da diretoria da Universidade representada pelo professor José Augusto Nasr, aos quais registramos nossos profundos agradecimentos por terem entendido a importância da atualização e capacitação em diabetes, ajudando a realizar nossos objetivos educacionais. Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 03 (2003) 145 Informes do Diabetes no Mundo Alain Baron et al., 63rd Scientific Sessions American Diabetes Association, New Orleans, 15 de junho de 2003 Novo agente derivado de veneno pode ajudar no controle dos níveis da glicose sanguínea Uma nova droga derivado do veneno de um lezard poderia judar no controle dos níveis da glicose sanguinea em pacientes diabéticos tipo 2 quando o tratamento oral não funciona mais. Em um estudo de fase III realizado em 63 pacientes, a droga experimental, conhecida como exenatide, melhorou o controle glicêmico controlado pela HbA1c. O único outro produto que tem o mesmo nível de eficácia é a insulina, disse o pesquisador, sem o risco de hipoglicemia e de ganho de peso. Um dos mecanismos de ação da exenatide é o aumento da secreção de insulina na células pancreáticas b na demanda – só quando o açúcar sanguíneo está elevado. Por isso, não tem risco de hipoglicemia. A dosagem da exenatide é fixa, e não precisa ajuste das doses em função da alimentação ou da despesa calórica durante o dia. Exenatide é o primeiro de uma nova classe de agentes conhecidos como drogas glucagon-like peptídeo-1, que combate o diabetes de uma maneira totalmente nova. “Exenatide aumenta a secreção de insulina em um grau até hoje não conhecido”, disse Dr Eugene Barrett, novo presidente da American Diabetes Association. Em mais, exenatide diminui a secreção inadequada de glucagon e diminui a taxa de esvaziamento do estomago. O estudo foi feito com 155 pacientes, com níveis de HbA1c de 7,5% a 12,0%, que foram tratados durante pelo menos 3 meses com 1.500 mg/dia de metformina, a dose máxima de sulfoniluréia, ou ambos. Os participantes, que continuaram o tratamento padrão, receberam 5 microg de exenatide 2 vezes/ dia durante 4 semanas, seguidos por 10 microg 2 vezes/dia durante 20 semanas. Nos 63 pacientes que completaram os 24 semanas de tratamento, os níveis de HbA1c caíram de 1,4%, para uma média de 7,2%. O objetivo de 7,0% ou menos foi realizado por 45% dos pacientes, e 16% atingiram um nível de 6,5% ou menos. O efeito adverso o mais freqüente foi nauseia leve a moderada, que afetou 27% dos pacientes. Vários estudos de fase III estão em andamento, cujos resultados estarão apresentados durante o Congresso da International Diabetes Federation, em Paris (agosto de 2003). 146 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 03 (2003) Steven M. Haffner et al, University of Texas Health Science Center, San Antonio, Texas, 63rd Scientific Sessions American Diabetes Association, New Orleans, 15 de junho de 2003 Dieta e exercícios podem reduzir o risco de doença cardiovascular em pacientes pré-diabéticos Dieta e exercícios podem ser mais eficientes do que o tratamento farmacológico para prevenir a doença cardiovascular em pacientes com diminuição da tolerância à glicose, segundo os resultados de uma análise de dados de acompanhamento do Diabetes Prevention Program (DPP). Alterações do estilo de vida e uso da metformina ajudam também à saúde do coração. Estes resultados são paralelos aos do estudo DPP com 3234 pacientes com sobrepeso e pré-diabetes. Após 3 anos, os pacientes que modificaram o estilo de vida diminuíram o risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2 em 58%, quando comparados com placebo. O uso de metformina também reduz o risco, mas não tanto: a diminuição do risco foi de 31% em comparação com placebo. Agora, o novo estudo mostra que dieta e exercício melhoram também parametros ligados à doença cardíaca - especialmente a inflamação sub-clínica como comprovado pela diminuição significativa da proteína C-reativa (CRP) – e melhor do que a metformina (p < 0,05). DPP randomizou os pacientes em 3 grupos. O objetivo dos participantes do grupo de intervenção sobre o estilo de vida era perda de peso de 7%, por diminuição de 25% na ingestão de gordura e por programa de exercícios de pelo menos 30 minutos por dia. O segundo grupo recebeu 850 mg de metformina 2 vezes/dia, e o terceiro grupo foi tratado por placebo. Os grupos metformina e placebo receberam também informações gerais sobre dieta e exercício. Os pesquisadores analisaram também 3 marcadores de doença cardiovascular – CRP, ativador do plasminogenio (TPA) e fibrinogenio – que também podem ser alterados quando tem risco de desenvolvimento de diabetes. Os níveis iniciais de CRP foram muito elevados, especialmente em mulheres. O nível média da coorte era de 5,9 mg/dl, quando as recomendações da American Heart Association consideram elevadas taxas > 3,0 mg/dl. Em homens o nível médio era de 3,2 e em mulheres de 7,2 mg/dl. Após um ano de tratamento, os níveis diminuíram de 28% em homens no primeiro grupo, de 5% no grupo metformina e 3% no grupo placebo. Em mulheres, as taxas de diminuição foram de 23%, 12% e 1%, respectivamente. Os níveis de TPA, aproximadamente de 11 mg/dl no início nos 3 grupos, diminuíram em 18,9%, 15,5% e 3,0%, respectivamente. Os níveis de fibrinogeno, de 380 até 386 ng/dl no início, diminuíram em 1,9% e 1,0% nos grupos estilo de vida e metformina, respectivamente, e aumentaram em 2,4% no grupo placebo. Para os 3 parametros, a alteração ne estilo de vida foi associada com diminuição mais significativa do que no grupo metformina (p < 0,05). Pesquisando porque os níveis de CRP diminuíram tanto assim no grupo de dieta e exercícios, os autores usaram um modelo de regressão linear múltiplo analisando a glicose de jejum, a glicose de 2 horas em um teste de tolerância à glicose, a resistância à insulina, o índice de massa corporal, o circunferência de quadril e a atividade física. Concluíram que a perda de peso, como indicado pela diminuição do IMC, é o melhor preditor da alteração do CRP em homens e mulheres. Apesar que a perda de peso máxima seja atingida em 6 meses, a CRP continuiu diminuir até o fim do estudo de um ano, sugerindo que outro fator poderia ser ativo. A próxima etapa é determinar se diminuições maiores dos fatores de inflamação, coagulação e fibrinolise podem diminuir a progressão da aterosclerose. Um estudo de acompanhamento de 10 anos está em andamento. Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 03 (2003) 147 Daniel Kaufman et al., Department of molecular and medical pharmacology, University of California, 63rd Scientific Sessions American Diabetes Association, New Orleans, 15 de junho de 2003 A vacinação diminui a progressão do diabetes tipo 1 Jay Skyler et al., University of Miami, Florida, 63rd Scientific Sessions American Diabetes Association, New Orleans, 15 de junho de 2003 A insulina oral não previne o desenvolvimento do diabetes em sujeitos com risco elevado Arch Environ Health 2003;58(1):1422, janeiro de 2003 Variações nos potenciais somatosensoriais evocados, peroxidação lipídica, e enzimas antioxidantes no diabetes experimental: efeito do dióxido de enxofre Uma vacinação experimental poderia parar a progressão do diabetes tipo 1, notavelmente em pacientes jovens, que tem ainda a capacidade de secretar insulina. Os autores acharam que o objetivo autoimune no diabetes tipo 1 pode ser o ácido glutâmico descarboxilase (GAD) nas células b do pâncreas, e desenvolveram um teste diagnóstico para identificar o indivíduos que estão desenvolvendo diabetes, baseando-se sobre os autoanticorpos GAD no sangue. A vacina, experimentada em 47 pacientes portadores de diabetes tipo 1 recentemente diagnosticados, foi injetada em 4 dosagens diferentes em três vezes durante um periodo de 6 meses. Ela melhorou capacidade de produzir insulina, em comparação com grupo placebo. A vacina funcionou com dosagens baixas a moderadas e o estudo mostrou poucos problemas de segurança. O estudo demonstrou que é possível inibir a ataque autoimune contra as células produtoras de insulina, o que pode desacelerar a progressão do diabetes tipo 1. A empresa Diamyd, responsável do densenvolvimento, disse que a vacinação será utilizada para prevenir a dependência à insulina em portadores de diabetes tipo 2. No fúturo, poderia ser aplicada para a prevenção do diabetes tipo 1 em crianças com fatores de risco, e para melhorar a sobrevivência de células produtoras de insulina após transplante. Doses orais de insulina administradas às pessoas com risco moderado de desenvolvimento de diabetes tipo 1 não adia ou previne a declaração da doença, segundo os resultados do estudo Diabetes Prevention Trial-Type 1, lançado para investigar se a insulina oral poderia afastar da doença os parentes de pacientes já diagnosticados com diabetes tipo 1. Estes indivíduos têm risco aumentado em 50% de desenvolver diabetes tipo 1 no prazo de 5 anos, comparados com a população geral. Infelizmente, o estudo mostrou que a insulina oral não é eficiente na prevenção do diabetes tipo 1, talvez em razão das dosagens usados no estudo. 2 anos atrás, a mesma equipe mostrou que as injecções de insulina não previnem o diabetes tipo 1 em pessoas coom risco moderado. O estudo com insulina oral testou a hipótese que esta nova insulina poderia suprimir a destrução auto-imune das células b. 372 pessoas participaram do estudo, com idade de 3 a 45 anos. Metade do grupo foi randomizado para receber insulina e outra recebeu placebo. Após 4,3 anos, aproximadamente 35% dos indivíduos tinham desenvolvido diabetes tipo 1. A taxa anual de declaração da doença foi de 7,2%, comparável entre os 2 grupos. O efeito do dióxido de enxofre (SO2) no estado antioxidante cerebral, na peroxidação lipídica, e nos potenciais somatosensoriais evocados (SEPs) foi investigado em ratos diabéticos. Um total de 40 ratos foram divididos em 4 148 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 03 (2003) Continuação grupos iguais: controle (C), SO2 + C (SO2), diabético (D), e SO2 + D (DSO2). Diabetes mellitus experimental foi induzida por injeção i.v. de alloxan em uma dose de 50 mg/kg de peso corporal. Dez ppm de SO2 foram administrados nos ratos nos grupos de dióxido de enxofre (SO2 e DSO2) em uma câmara de exposição. A exposição aconteceu 1 h/dia, 7 dias/sem, por 6 semanas; os ratos de controle foram expostos à ar filtrado durante os mesmos períodos de tempo. Embora a exposição de SO2 notadamente tenha aumentado cobre, atividade da zinco superóxido dismutase, esta diminuiu significativamente a atividade da glutationa peroxidase em ambos os grupos diabéticos e de não diabéticos, comparado com o grupo C. A atividade da catalase cerebral foi inalterada; porém, as substâncias reativas do ácido tiobarbitúrico cerebral (TBARS) estavam elevadas em todos os grupos experimentais no que diz respeito ao grupo C. Componentes do SEPs P1, N1, P2, e N2 estavam significativamente aumentados em todos os grupos experimentais, comparados com o grupo C, e estes componentes também estavam prolongados no grupo DSO2 no que diz respeito aos outros grupos. Os achados dos autores sugerem que a exposição a SO2, por aumentar a peroxidação lipídica, pode modificar as atividades antioxidantes enzimáticas e afetar os componentes do SEP em ratos diabéticos. U. Julius et al., Exp Clin Endocrinol Diabetes 2003;111(2):60-5, abril de 2003 Modificação de gordura na dieta do diabetes A modificação da gordura dietética na dieta de pacientes diabéticos é de interesse no que diz respeito ao metabolismo e outras conseqüências desta modificação. Foram revisados dados do uso de ácidos graxos monoinsarurados (MUFA) na dieta do diabetes. Comparada à uma dieta rica em carboidratos, as concentrações de glicose são menores. A pressão sangüínea encontrada também foi menor. Não existiu nenhuma diferença importante no que diz respeito às concentrações lipídicas. Os níveis de HDL-colesterol tendiam a ser maiores após uma dieta rica em MUFA. Em pacientes diabéticos tipo 1, o número de grandes partículas circulantes de VLDL foi maior depois de uma dieta com MUFA do que após uma dieta rica em carboidratos. As comparações também foram feitas entre dietas enriquecidas com MUFA e com ácidos graxos poliinsaturados (PUFA). No que diz respeito às concentrações lipídicas, os diferentes grupos observaram diferentes efeitos. Enquanto um grupo não encontrou nenhuma diferença nos lipídios em jejum, eles mediram partículas remanescentes semelhante ao colesterol após uma dieta enriquecida com MUFA. Um outro grupo encontrou colesterol total e níveis de LDL colesterol maiores após dieta rica em PUFA do que depois de uma dieta de MUFA. No seu estudo, glicose de jejum, insulina e quilomicrons de jejum e quilomicrons pós-prandial e VLDL foram maiores seguindo uma dieta de PUFA. Uma dieta rica em MUFA aumentou a dilatação endotélial dependente do fluxo mediada na artéria femoral superficial. O ácido alfa linolênico parece ser um precursor dos ácidos graxos eicosapentanóico e docosaexanóico. Assim como uma dieta rica em PUFA n-6 reduz esta conversão, uma relação n-6/n-3 de PUFA não excedendo 4-6 deveria ser observada. Nenhum dado prospectivo está disponível para o ácido alfa linolênico em pacientes diabéticos. A revisão resume os resultados do estudo Lyon Diet Heart Study e do Nurses’ Health Study. Ambos os estudos encontraram um risco cardiovascular reduzido associado com um consumo maior de ácido alfa linolênico. Finalmente, dados dos efeitos do óleo de peixe são fornecidos. Este último possui um claro efeito de diminuição dos triglicerídeos. Os dados com respeito a controle de glicose são heterogêneos. Os estudos importantes não acharam qualquer 150 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 03 (2003) Continuação influência em concentrações de glicose. A produção de glicose hepática e a sensibilidade à insulina periférica permaneceram constantes. Evidentemente, função nervosa pode ser melhorada por óleo de peixe. Os dados foram compilados comparando os efeitos do óleo de peixe com aqueles do óleo de azeitona, óleo de linhaça e óleo de girassol. Hawks S.R et al. Health Promot Internation 2003;18(2):153-62, junho de 2003 Uma análise intercultural da ‘motivação para comer’ como fator potencial no aparecimento da obesidade global: Japão e Estados Unidos Este estudo comparou motivação para comer entre indivíduos de duas culturas diferentes que haviam mudado através de transição nutricional em taxas diferentes e para graus diferentes. A análise foi baseada em uma amostra de 1218 participantes com idade e•que 18 anos freqüentando academias nos EUA e o Japão. A escala de motivação para comer (MFES) foi usada para avaliar motivações diferentes para comer pela nação e gênero. O MFES consiste de 12 ítens classificados em três subscalas: emocional, física e ambiental. O questionário usado no estudo também incluiu respostas sobre motivação dos participantes para perder peso, freqüência de dieta, presença prévia ou existente de desordens alimentares, e freqüência de exercícios. Os resultados não mostraram nenhuma diferença significante nas três subescalas MFES para homens nos EUA e no Japão. Para mulheres, porém, diferenças significantes foram vistas para todos as três subscalas. As mulheres nos EUA foram mais prováveis para começar a comer por razões emocionais, enquanto mulheres no Japão foram mais propensas a comer por razões físicas ou ambientais. As mulheres e homens nos EUA foram mais sujeitos que os Japoneses em comer em resposta a assistir TV ou cinema. Estes resultados sugerem que existem diferenças nacionais no ambiente cultural que podem pressionar motivações individuais para se alimentar. Como tal, percepções culturais variadas de alimentos devem ser consideradas em tentativas para entender mais completamente como a mecânica da transição da nutrição funciona dentro de um dado país. Por extensão, políticas de saúde e iniciativas de promoção de saúde pública que são projetadas para limitar os choques negativos da transição da nutrição podem se beneficiar de uma maior compreensão que percepções culturais sobre alimentos podem exercer influência individual na motivação para comer. Goya Wannamethee et al., Arch Intern Med 2003;163:1329-1336, maio de 2003 Consumo moderado de bebidas álcoolicas pode diminuir risco de diabetes em mulheres Consumo de quantidades moderadas de álcool pode ajudar a prevenir o diabetes tipo 2 em mulheres jovens. Mulheres que consumiram um ou dois drinks por dia tinham risco inferior em 58% para o desenvolvimento do diabetes comparado com abstêmias. O risco foi 33% menor em mulheres que tomaram uma média de um drink por dia. A associação entre consumo de bebida leve e moderado foi mais aparente com vinho ou cerveja, reportam os pesquisadores. Porém, bebendo mais de dois drinks por dia de bebida alcoólica mais pesada, o risco dobrou para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 em mulheres. Embora o consumo de bebidas leves a moderadas pareça abaixar o risco do diabetes, os pesquisadores assinalaram que o consumo de álcool leve a moderado não demonstrou estar associado com redução das causas de Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 03 (2003) 151 Continuação mortalidade em mulheres mais jovens. “Deste modo, isto parece ser uma justificativa para encorajar aqueles que regularmente não bebem a fazer isso para benefícios da saúde,” eles acrescentam. Os achados são baseados em entrevistas conduzidas com mais de 100.000 mulheres que participaram do Nurses Health Study II, um estudo em andamento projetado para avaliar as associações entre estilo de vida e fatores nutricionais e a ocorrência de doença. No início de 1989, quando as mulheres tinham 25 a 42 anos de idade, as participantes preencheram questionários a cada dois anos por 10 anos. Vários dos questionários incluíram perguntas sobre consumo de álcool. A idéia de que consumir bebidas leves a moderadas está associada com um menor risco de diabetes tipo 2 é biologicamente plausível, notaram os autores. O consumo de bebidas leves a moderadas poderia de alguma maneira realçar a sensibilidade à insulina da pessoa. Bruce A. Perkins et al., Harvard Medical School, Boston, Massachusetts, N Engl J Med. 2003;348:2285-2293, 2294-2303, 2349-2352, junho de 2003 Nova esperança para complicações microvasculares no diabetes tipo 1 Dois estudos publicados no New England Journal of Medicine oferecem esperança para aqueles com complicações microvasculares do diabetes tipo 1. O primeiro estudo mostra a regressão da microalbuminúria com o manejo agressivo do diabetes, e o segundo mostra que a terapia intensiva pode diminuir a velocidade de progressão da espessura da íntima e média da carótida. Regressão freqüente da microalbuminúria em pacientes com diabetes tipo 1 indica que elevada excreção urinária de albumina não implica inexoravelmente em nefropatia progressiva. Por seis anos, os autores acompanharam 386 pacientes com microalbuminúria persistente, definida como excreção urinária de albumina estimada em 30 a 299 µg/min em medidas repetidas durante os primeiros dois anos. A regressão da microalbuminúria, definida como uma diminuição de 50% na excreção urinária de albumina por um período de dois anos até o seguinte, teve uma incidência cumulativa de 58% (IC 95%, 52% - 64%) por seis anos. Preditores independentes de regressão foram microalbuminúria de curta duração, níveis de hemoglobina glicosilada menor que 8%, pressão sangüínea sistólica menor que 115 mmHg, e colesterol menor que 198 mg/dl com triglicerídeos menor que 145 mg/dl. O uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina não foi associado com a regressão da microalbuminúria. Comparado com os pacientes que não tiveram nenhum destes preditores positivos, aqueles que tiveram todos eles apresentaram um risco relativo para regressão de 3,0 (IC 95%, 1,5 – 6,0). As limitações do estudo incluem inclusão apenas de pacientes com diabetes tipo 1, insuficiência na identificação de fatores genéticos e outros, e inabilidade em determinar a contribuição relativa de cada fator de risco. O segundo estudo é uma parte do estudo Epidemiology of Diabetes Interventions and Complications (EDIC), do Diabetes Control and Complications Trial (DCCT). De 1.229 pacientes com diabetes tipo 1 que tiveram ultrasonografia das artérias carótidas interna e comum em 1994-1996 e novamente em 1998-2000, 611 foram randomizados para tratamento do diabetes convencional e 618 para tratamento intensivo. Depois de seis anos, a espessura das média e íntima foi significativamente maior em diabéticos do que em controles. Depois de ajuste para outros fatores de risco, a progressão da espessura das íntima e média foi significativamente menor no grupo intensivamente tratado do que naqueles que receberam tratamento padrão. A progressão da espessura das paredes foi 0,032 vs. 0,046 mm (p = 0,01) na artéria carótida comum, e -0,155 vs. 0,007 (p = 0,02) na espessura combinada 152 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 03 (2003) Continuação das artérias carótidas comum e interna. A progressão da espessura das íntima e média da carótida foi associada com idade, pressão sangüínea sistólica na linha base, tabagismo, relação do LDL com HDL-colesterol, taxa de excreção urinária de albumina, e média da hemoglobina glicosilada durante o DCCT. As limitações do estudo incluem falta de participação da coorte inteira de EDIC na ultrasonografia da carótida, prevalência desigual de tabagismo na coorte de EDIC e nos pacientes controle não diabéticos, e uso diferenciado de medicamentos entre os grupos de tratamentos. “Um acompanhamento de longa duração desta coorte revelará se a diminuição na progressão da espessura da íntima e média com terapia intensiva do diabetes traduz para uma redução clinicamente significante em eventos de doença cardiovascular,” escrevem os autores. Zulema Stolarza et al., VIII Latin American Congress of Vasculopathy, Risk Factors and Diabetic Foot, Buenos-Aires, Argentina, 21 de maio de 2003 Complicações crônicas do diabetes relacionadas à depressão Athene Lane et al., Digestive Disease Week 2003, 18-21 de maio de 2003, Orlando, Florida Erradicação de H. pylori pode resultar em ganho de peso significativo Complicações crônicas aumentam em quatro vezes a prevalência de depressão moderada a severa entre pacientes diabéticos tipo 1 e 2, detectaram pesquisadores argentinos. Os pesquisadores compararam 52 diabéticos com complicações não severas, como dor neuropática, estágios iniciais de falência renal ou retinopatia, com 66 pacientes portadores de diabetes sem complicaçãoes. A idade média de todos os pacientes foi 57,9 anos e o diabetes havia sido diagnosticado em média 12,2 anos antes. Escores no Inventário de Depressão de Beck mostraram depressão moderada a severo (escores maiores que 20) em 21,3 % de pacientes diabéticos com complicações crônicas, versus apenas 5% de diabéticos sem complicações. Além disso, depressão severa (escores maiores que 25) foi encontrada exclusivamente em 8,5% dos pacientes com complicações crônicas. A relação entre escores maiores no Inventário de Depressão de Beck e depressão moderada a severa permaneceu estatisticamente significativa depois de ajuste para idade e adesão à terapia. De acordo com Dra. Stolarza, o Inventário de Depressão de Beck ou outras escalas relacionadas para avaliar depressão poderiam se tornar uma ferramenta regular dos clínicos para avaliar pacientes diabéticos. “A detecção precoce e o tratamento da depressão certamente melhorarão o controle metabólico do diabetes,” disse ela. Ainda não é sabido se a depressão aparece principalmente como resultado das complicações ou depressão pré-existente alimenta o desenvolvimento das complicações, sendo mais provável uma combinação de ambos os fatores. A erradicação de Helicobacter pylori em pacientes com dor epigástrica resultou em um aumento significativo de peso, e isto ocorreu em uma população que já era com leve sobrepeso. O estudo divulgou achados sobre uma amostra de 10.537 indivíduos envolvidos no projeto Bristol Helicobacter, estudo baseado em uma comunidade, randomizado, controlado, projetado para avaliar os efeitos da erradicação do H. Pylori. Do número total de indivíduos envolvidos, 1.634 indivíduos testados foram positivos para H. pylori no teste de respiração uréia-C13. Estes indivíduos foram então randomizados para receber ou citrato de bismuto de ranitidina 400 mg duas vezes ao dia mais claritromicina 500 mg duas vezes ao dia por duas semanas ou placebo. A altura e o peso foram medidos na linha de base e em consulta de 154 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 03 (2003) Continuação acompanhamento a cada seis meses. Todos os indivíduos também responderam a um questionário sobre sintomas de dispepsia antes e após do tratamento. A média de massa corporal foi 77,2 kg na linha de base e 75,9 kg na marca de seis meses, com indivíduos em tratamento ativo ganhando uma média de 0,6 kg a mais que os indivíduos randomizados para placebo. No total, 19% dos pacientes recebendo tratamento ativo ganharam 3 kg ou mais, comparados com 13% dos pacientes recebendo placebo. Indivíduos que relataram o maior alívio de sintomas após a terapia de erradicação foram os mais prováveis a ganhar peso. “O ganho de peso foi presumivelmente o resultado do alívio dos sintomas,” disse o autor. 43rd Annual Conference American Heart Association’s on Cardiovascular Disease Epidemiology and Prevention, maio de 2003 Importância do café da manhã Gary D. Foster et al., N Engl J Med 2003;348:2057-2058, 2074-2081, 2082-2090, 2136-2137, 22 de maio de 2003 Benefício de dieta baixa em carboidrato é ainda incerto Pessoas que tomam café da manhã estão significativamente menos sujeitas a se tornarem obesas e diabéticas do que aqueles que não tomam. Segundo estudos apresentados no Congresso da American Heart Association, os cientistas concluíram que as taxas de obesidade e de síndrome de resistência à insulina eram de 35 a 50% mais baixas entre as pessoas que tomavam café da manhã todo dia comparadas com aqueles que frequentemente não tomavam. A controvérsia em torno dos benefícios da dieta baixa em carboidrato continua. Um teste de seleção aleatória mostrou nenhuma diferença em perda de peso por 12 meses para uma dieta baixa em carboidrato comparada com uma dieta convencional de perda de peso. Apesar da popularidade da dieta baixa em carboidrato, alta em proteína, alta em gordura (Atkins), poucos estudos controlados avaliaram a sua eficácia. Neste estudo de um ano, multicêntrico, controlado, 63 homens e mulheres obesos foram escolhidos aleatoriamente tanto para uma dieta baixa em carboidratos, alta em proteína, alta em gordura como para uma dieta convencional baixa caloria, alta em carboidrato, baixa em gordura. Para simular a situação que confrontam a maioria das pessoas que fazem dietas, houve um mínimo de contato profissional durante o estudo. A aderência foi fraca e a atrição era alta em ambos os grupos (41% no total). A média de perda de peso na dieta baixa em carboidrato foi maior que a dieta convencional por três meses (-6,8% ± 5,0% vs. -2,7% ± 3,7% do peso do corpo; p = 0,26). Depois de três meses, não houve nenhuma diferença significativa entre os grupos em colesterol total ou LDL. Durante a maior parte do estudo, entretanto, o aumento de concentrações de LDL-colesterol e a diminuição da concentração de triglicérides foram maiores no grupo da dieta baixa em carboidrato do que no grupo da dieta convencional. Em ambos os grupos, houve diminuição significativa na pressão sanguínea diastólica e na resposta de insulina a uma carga de glicose via oral. As limitações do estudo incluem a alta taxa de atrição, refletindo a dificuldade de um acordo a longo termo quando a terapia de dieta é dada com o mínimo de supervisão, incapaz de avaliar os efeitos sobre a função renal, a saúde óssea, a função cardiovascular, e tolerância a exercícios e a incapacidade para generalizar estas constatações para sujeitos com excesso de peso ou para sujeitos com obesidade com sérias doenças relacionadas a obesidade, tais como diabetes e hipercolesterolemia. A dieta baixa em carboidrato era associada com uma melhora maior em Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 03 (2003) Continuação 155 alguns dos fatores de risco para a doença coronariana. Estudos maiores são necessários para determinar a eficácia e segurança a longo prazo de dietas baixa em carboidrato, alta em proteína e gordura. Num segundo estudo, Frederick F. Samaha et al., do Philadelphia Veterans Affairs Medical Center na Pensilvânia, selecionaram aleatoriamente 132 sujeitos obesos severos para uma dieta baixa em carboidratos ou uma dieta restrita em caloria e gordura (baixa em gordura). A amostra do estudo incluiu 77 negros e 23 mulheres, 39% tinham diabetes e 43% tinham síndrome metabólica. O IMC médio era 43. Dos 132 sujeitos, 79 completaram o estudo de seis meses. Uma análise que incluía todos os sujeitos, com a última observação encaminhada para aqueles que desistiram, mostrou que a média de perda de peso foi -5,8 ± 8,6 kg no grupo de baixa em carboidrato e -1,9 ± 4,2 kg no grupo de baixa em gordura (p = 0,002). Independente do uso de medicamentos hipoglicemiantes ou hipolipemiantes, o grupo de baixo carboidrato também teve maior baixa nos níveis de triglicérides (-20% ± 43% vs. -4% ± 31%; p = 0,001). Em sujeitos não diabéticos, a sensibilidade à insulina melhorou mais no grupo de baixo carboidrato (6% ± 9% vs. -3% ± 8%; p = 0,01). Sujeitos obesos severos com alta prevalência de diabetes ou síndrome metabólica perderam mais peso durante seis meses numa dieta restrita em carboidratos do que em uma dieta restrita em calorias e gorduras, com melhora relativa na sensibilidade à insulina e níveis de triglicérides, mesmo depois de ajuste para a quantidade de peso perdido. Estas constatações devem ser interpretadas com cuidado, dada a pequena magnitude das diferenças total e entre os grupos sobre perda de peso, nestes sujeitos obesos e a curta duração do estudo. “Estes estudos, especialmente considerados juntos”, escreve o editorialista, “aumenta o nosso conhecimento sobre os efeitos da dieta baixa em carboidrato. É inoportuno, entretanto, que tanto esforço precise ser dedicado para avaliar as implicações de observações perdidas quando um aparentemente simples esforço para obter estudos sobre peso de acordo com protocolo de acompanhamento teria sido provavelmente bem-sucedido com a maioria dos participantes. Avaliações completas de pacientes, sem controle da aderência deles ao tratamento estudado, não merecem reconhecimento como boa prática de testes clínicos.” 158 O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 03 (2003) O Diabetes na Imprensa OMS quer acordo para combater a obesidade no mundo 28 dejunho de 2003 Depois de conseguir aprovar um tratado para restringir a venda mundial de tabaco, a Organização Mundial da Saúde (OMS) volta agora sua atenção para o que considera um outro grande problema de saúde pública: a obesidade. Especialistas da OMS têm conversado com representantes de governos, grupos de consumidores e executivos da indústria de alimentos para chegar a um consenso sobre a melhor forma de controlar as vendas de alimentos ricos em gordura, açúcar, sal e calorias. Em junho de 2003, especialistas da OMS se reuniram com representantes de gigantes da indústria, como Unilever, Coca-Cola, Pepsi, Nestlé e McDonald´s. Problemas relacionados a hábitos alimentares, derrame e diabetes, são as principais causas de morte no mundo, respondendo por 60% do total de 56,5 milhões de óbitos registrados anualmente. O especialista da OMS Derek Yach, responsável pelos programas para redução do consumo de tabaco e comidas pouco saudáveis, disse que a organização pretende elaborar recomendações globais que sirvam como diretrizes para a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis e para a prática de exercícios. Uma versão preliminar deverá estar pronta em setembro de 2003. A Associação do Açúcar, grupo que representa o setor, questionou as premissas científicas dos esforços da OMS. A associação já rejeitou, por exemplo, uma recomendação anterior para limitar a ingestão de açúcar a 10% da alimentação diária. Um grupo de 77 nações em desenvolvimento, praticamente todos grandes produtores de açúcar, expressou preocupação sobre o possível impacto da recomendação em seus mercados. Robert Davies. Diretor do Prince of Wales International Business Leaders Forum, que está levando à OMS o ponto de vista dos empresários, disse que os executivos inicialmente resistiam em cooperar. Mas que a atitude mudou nos últimos meses. Os executivos da indústria de alimentos acreditam que seu negócio já é pesadamente regulado e temem que se inviabilize com mais regras, segundo Davies. Eles propõem a auto-regulamentação, mas os grupos de consumidores rejeitam a proposta. Epidemia atinge até mesmo a França Foi-se o tempo em que os franceses se vangloriavam da elegância de seus corpos – esguios e, em alguns casos, beirando a anorexia – que tanto inspiraram os grandes costureiros da moda parisiense. O último estudo feito por O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 03 (2003) 159 pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm) revelou, para surpresa geral, que os franceses estão cada vez mais gordos. Entre 2000 e 2003, o percentual de obesos no país saltou de 9,6% para 11,3%. A França tem hoje mais de 5,3 milhões de obesos. E não é só: as pessoas acima do peso já somam 14,4 milhões. O estudo também revelou que o problema da obesidade e do excesso de peso é mais generalizado do que se imaginava: franceses de todas as idades e camadas sociais, de todas as categorias profissionais e regiões do país estão sendo atingidos. Entre 1997 e 2003, a população francesa engordou, em média, 1,7 kg por pessoa. O problema no Brasil Considerada uma epidemia mundial, a obesidade representa um problema sério nos países em desenvolvimento. No Brasil que se esforça para combater a fome, as complicações decorrentes da obesidade matam mais do que as relacionadas à falta de alimentos. De acordo com a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso), o excesso de peso é responsável pela morte de cem mil brasileiros por ano. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, pessoas de baixa renda são cada vez mais afetadas. Os maiores responsáveis por essa situação são o excesso de ingestão de álcool e uma dieta rica em carboidratos, gorduras e açúcar. Embora garantam uma sensação de saciedade, esses alimentos não suprem as necessidades nutricionais dos indivíduos e engordam muito. Diabetes: outra má notícia 09 dejulho de 2003 Pesquisadores da Universidade Harvard estabeleceram uma relação direta entre duas das doenças que mais matam nos dias de hoje: o diabetes tipo 2 e o câncer da mama. O estudo, publicado no Diabetes Care, mostra que as diabéticas são 17% mais propensas a desenvolver tumores malignos na mama do que as mulheres com níveis normais de açúcar no sangue. “É o primeiro trabalho que consegue provar, com dados bastante precisos, a forte influência de uma doença sobre a outra”, diz o endocrinologista Freddy Goldberg Eliaschewitz, pesquisador da USP. Os resultados da pesquisa de Harvard são provenientes de um universo riquíssimo em informações – o Nurse´s Health Study, uma extensa base de dados sobre a saúde feminina. Durante duas décadas, desde 1976, os médicos acompanharam cerca de 120.000 enfermeiras, de 30 a 55 anos. Para chegar à conclusão de que o diabetes tipo 2 é fator de risco para o câncer da mama, eles descartaram, nesse universo, a influência de fatores comprovadamente associados a esse tipo de tumor, como a herança genética, a obesidade e o sedentarismo. Ainda não se desvendou o mecanismo pelo qual o diabetes tipo 2 aumenta a probabilidade de câncer da mama. Os especialistas suspeitam que o elemento entre um e outro seja a insulina. Na fase de pré-diabetes, o organismo libera insulina em excesso e acredita-se que seja nesse momento que se forma o terreno propício ao aparecimento do câncer da mama. Isso porque a insulina é um hormônio que também atua na multiplicação celular. A exposição a quantidades exageradas da substância, por vários anos, pode estimular a multiplicação desordenada das células e, com isso, favorecer o surgimento do tumor. 160 O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 03 (2003) Associado aos piores hábitos da vida moderna, o diabetes tipo 2 é uma das doenças que mais tiram o sono dos médicos. De proporções epidêmicas, com 170 milhões de vítimas em todo o mundo, ele está associado a um grande número de problemas graves. Tão preocupante quanto a sua relação com o câncer de mama é a sua conexão com os distúrbios cardiovasculares. Três de cada pacientes cardíacos são diabéticos. “Há 20 anos, esse índice não ultrapassada os 12%”, diz o cardiologista Whady Hueb, do Instituto do Coração (Incor), de São Paulo. A forte ligação entre os males cardíacos e o diabetes motivou, em 2001, a criação de uma frente de investigação sobre o tema, envolvendo 37 instituições de pesquisa. Delas, apenas uma não é americana: O Incor, um dos centros mundiais de referência no tratamento e pesquisa de doenças cardiovasculares. Os resultados dessa operação conjunta devem sair em setembro de 2004. Dieta do Mediterrâneo evita câncer e males do coração 06 dejulho de 2003 Um estudo feito com mais de 22 mil pessoas que moram na Grécia provou os benefícios da chamada dieta do mediterrâneo, à base de queijos, cereais, azeite de oliva, peixes, verduras e legumes. A pesquisa, desenvolvida pela Universidade de Atenas e publicada no New England Journal of Medicine, mostra que esse tipo de alimentação ajuda a prevenir contra as mais diferentes causas de morte, principalmente contra problemas do coração e câncer. As pessoas que adotaram a dieta em suas vidas têm 33% a menos de risco de morrer de problemas de coração e 24% a menos de risco de morrer de câncer, segundo uma comparação feita com pessoas que adotam outros tipos de hábitos alimentares. A dieta do Mediterrâneo pode variar de país para país, mas costuma ser pobre em ovos, doces e carnes de aves e rica em vegetais, frutas, amendoim, legumes, cereais, azeite de oliva, queijos e iogurte, que fazem parte do cardápio quase que diariamente, assim como os peixes. O vinho tinto é consumido com moderação, durante as refeições. Apesar de acreditar-se por estudos anteriores que o azeite de oliva era o grande “benfeitor” dessa dieta, a pesquisadora que comandou o novo estudo, Antonia Trichopoulou, nega: “Não há uma comida específica que faz bem. Todos os alimentos combinados são responsáveis pelos benefícios proporcionados à saúde,” diz ela. “Componentes individuais dos alimentos têm efeitos pequenos sobre o organismo que só funcionam quando integrados a outros.” Outro estudo prova que há uma relação entre o que se come e a saúde da pessoa. Uma pesquisa da Universidade de Glasgow mostra que consumir fast-food desde cedo dificulta o combate ao envelhecimento. O estudo foi feito com pássaros que consumiram uma quantidade alta durantes as duas primeiras semanas de vida de fast-food e com isso desenvolveram menos antioxidantes e morreram mais cedo. Os cientistas acreditam que o mesmo processo acontece com humanos. Outra pesquisa do Instituto Nacional de Saúde Pública da Alemanha mostra que crianças pequenas que consomem regularmente alimentos à base de leite têm menos risco de desenvolver asma. O estudo analisou mais de 3.000 crianças com cerca de 2 anos. 162 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 03 (2003) Avanços terapêuticos e tecnológicos Linda Mackowiack et al., 63rd Scientific Sessions American Diabetes Association, New Orleans, 15 de junho de 2003 Variação noturna da glicose em pacientes usando glargina ao deitar e insulina NPH Controle da glicose em diabetes tipo 1 é uma meta difícil, especialmente durante a noite. Este estudo descritivo foi realizado para entender melhor o efeito noturno da glargina administrado ao deitar e da insulina NPH sobre a glicose. Para avaliar as condições da vida real, foi usado o sistema Medtronic MiniMed CGMS, versão 3.0, em pacientes diabéticos tipo 1 usando terapia intensiva de insulina (glargina ou insulina NPH ao deitar, insulina de curta ação (lispro, Novolog, regular) durante o dia, controle da glicose sanguínea 4 vezes/dia, ajuste das doses de insulina de curta duração em função da alimentação e níveis da glicose), n = 25 pacientes (18 glargina, 7 NPH), 13 homens, idade 48,1±12 anos, duração do diabetes 27±12 anos, AIC 8,1% (± 0,7). Os parâmetros controlados foram: consistência do site e horário de injeção, horário e composição do jantar, exercício, tratamento da glicose plasmática baixa. Glargina: 72 pacientes noturnos, glicose plasmática ao deitar 164±74 mg/dl, glicose plasmática de manhã 145±71 mg/dl, valor média da glicose medida por sensor 151±71 mg/dl, valor mínimo do sensor 77±44 mg/dl, valor máxima 232±89 mg/dl, leituras baixas (70 mg/dl 16±25%, leituras altas (140 mg/dl) 45±38%, número de taxas baixas por noite de paciente 0,7, tempo entre injeção até o pico da glicose 3,6±3,4 horas, tempo para o nadir da glicose 7,2±2,6 horas. NPH: 15 pacientes noturnos, glicose plasmática ao deitar 148±69 mg/dl, glicose plasmática de manhã 65±36 mg/dl, valor média da glicose medida por sensor 124±53 mg/dl, valor mínimo do sensor 77±44 mg/dl, valor máxima 211±72 mg/dl, leituras baixas (< 70 mgdl 27±30%, leituras altas (> 140 mg/ dl) 38±35%, número de taxas baixas por noite de paciente 0,7, tempo entre injeção até o pico da glicose 3,0±3,2 horas, tempo para o nadir da glicose 6,2±2,5 horas. Conclusão: CGMS revela uma grande variabilidade da glicose, ocorrendo entre a administração à noite e a medida de manhã nestes pacientes, mesmo após ajustes. Estes resultados, incluso o nadir de 7,2 horas para glargina e 6,2 horas para NPH, pode ter implicações par estabelecer objetivos seguros para o controle da glicose noturno com essas terapias. Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 03 (2003) Bruce Bode et al., 63rd Scientific Sessions American Diabetes Association, New Orleans, 15 de junho de 2003 163 Pacientes diabéticos tipo 1 podem temporariamente trocar a infusão continua de insulina subcutânea com insulina aspart para terapia de bolus com insulina aspart e insulina glargina A segurança e eficácia da infusão diária múltipla (MDI) de insulina aspart (Iasp) e de insulina glargina foram comparadas com a infusão continua de insulina subcutânea (CSII) com IAsp em um estudo multicêntrico, aberto, randomizado, cruzado, de pacientes adultos diabéticos tipo 1 anteriormente tratados com CSII (137 homens/63 mulheres; IMC (±DP) 26,9 ± 4,0 kg/m2; idade 43 ± 11 anos. Antes da randomização, todos os pacientes foram tratados durante uma semana com IAsp, na base da troca de uma unidade por uma unidade da insulina CSII pré-estudo. Pois 50 pacientes foram randomizados para terapia MDI (IAsp imediatamente antes de cada refeição e glargina ao deitar) e 50 pacientes continuaram com terapia CSII. Para os pacientes tratados por MDI, a dose de glargina foi igual à dose total de 24 horas de CSII. Após 5 semanas, os pacientes trocaram o tratamento por 5 semanas. Durante a última semana de tratamento de cada período de tratamento, os pacientes foram equipados com um sistema de monitoramento contínuo da glicose (CGS) durante 48 a 72 horas. O CGMS mostrou que a exposição à glicose foi significativamente menor com CSII do que com a terapia MDI, baseando-se sobre AUC da glicose e” 80 mg/ml, durante um perfil de glicose de 48 horas (CSII: 2059±1309 mg.hr/dl; MDI: 2687±1734 mg.hr/dl; p < 0,01). Os valores da frutosamina no final de cada período de tratamento foram significativamente menores com CSII do que com MDI (343±47 micromol/l vs. 355±50 micromol/l. respectivamente, p < 0,001). A incidência da hipoglicemia foi semelhante nos dois tratamentos. Uma percentagem semelhante de pacientes reportaram episódios hipoglicêmicos (CSII: 92%, MDI: 94%) e hipoglicemias noturnas (CSII: 73%, MDI: 72%). Os episódios de hipoglicemia maior foram poucos (csII: 2 episódios, MDI: 3 episódios). Conclusão: Tratamento CSII com IAsp resulta em exposição glicêmica menor sem aumento do risco de hipoglicemia quando comparado com tratamento MDI com IAsp e insulina glargina em pacientes diabéticos tipo 1. Pacientes diabéticos tipo 1 podem passar temporariamente do tratamento CSII ao MDI com segurança. Jeffrey M. Venstrom et al., School of Medicine, Nashville, Tennessee, 63rd Scientific Sessions American Diabetes Association, New Orleans, 15 de junho de 2003 O transplante de pâncreas para tratamento do diabetes ainda é controverso A sobrevida a longo prazo da pacientes diabéticos com função renal normal que efetuaram um transplante de pâncreas aparece menor do que a de pacientes similares que estão ainda na lista de espera e recebem uma terapia convencional, segundo este novo estudo. Ambos transplante de pâncreas e transplante de rim-pâncreas são associados com risco maior de morte em 4 anos em comparação com pacientes comparáveis tratados com remédios, segundo os autores. Mas o problema não é que o procedimento de transplante é perigoso. A taxa de mortalidade de pacientes com diabetes de longa duração, mesmo se eles estão doentes o suficiente para tentar um transplante, é muito baixo, segundo o autor. Os benefícios em termos de qualidade de vida podem favorecer o transplante mesmo se o risco de morte é elevado. Mais do que 80% dos pacientes diabéticos que recebem um novo pâncreas são insulinodepndentes em um ano. O problema é saber se o transplante é um procedimento seguro no que se refere à vida do paciente. Embora o número de transplantes tenha aumentado 164 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 03 (2003) Continuação em 5 vezes entre 1995 e 2002, o transplante de pâncreas para o paciente diabético com função renal normal é controverso. Aproximadamente 5% dos pacientes morrem no decorrer do primeiro ano, e não existe consenso no que se refere à técnica cirúrgica nem à melhor solução para prevenir rejeição. Os pesquisadores compararam as taxas de sobrevida a 4 anos em pacientes portadores de um transplante com pacientes ainda na lista de espera, sendo que as 2 populações são relativamente semelhantes, porque a alocação de pâncreas de cadáver é baseada sobre o tipo sanguíneo e o tempo na lista de espera, e não sobre a severidade da doença. Eles identificaram 11.572 pacientes listados por transplante de pâncreas de 1995 até 2000, dos quais 6595 foram transplantados. Os pacientes foram repartidos em grupos: transplante de pâncreas único, pâncreas após rim, ou transplante simultâneo de rim e pâncreas. O estudo confirmou que os pacientes que realizaram simultaneamente transplante de pâncreas e rim têm uma taxa melhor de sobrevida do que os outros. Mas um modelo estatístico Cox dependente do tempo mostrou que os pacientes que receberam um transplante único de pâncreas têm um risco 2,4 vezes mais elevado de morrer em um período de 4 anos do que os pacientes que estão ainda na lista de espera. E os que efetuaram o transplante de pâncreas após o rim têm um risco 60% mais elevado de morrer em 4 anos do que os pacientes não operados. A taxa de sobrevida a 4 anos, sem ajuste, é de 84% para pacientes transplantados, comparado com 92,1% para os da lista de espera. Et 85,2% dos pacientes que recebem pâncreas após rim são vivos após 4 anos, comparados com 88,1% dos da lista de espera. “Os pacientes da lista de espera têm uma taxa de sobrevida maior do que imaginamos”, disse o Dr. Venstrom, “e será difícil melhorar isso”. Segundo outros especialistas, este estudo pode dar a impressão que o transplante de pâncreas é perigoso, mas seria possível agora operar em primeiro lugar os pacientes os mais doentes. Tem também de considerar que os resultados a 4 anos são bastante diferentes em função do hospital. Na universidade de Minnesota, por exemplo, onde são realizados um terço dos transplantes de pâncreas dos Estados Unidos, a taxa de sobrevida a 4 anos é 90%, comparado com média nacional de 84%. A solução seria fazer um estudo randomizado controlado, o que seria muito caro e pouco ético, segundo os pesquisadores. Aaron I Vinik, Strelitz Diabetes Research Institutes, Eastern Virginia Medical School, Norfolk, 63rd Scientific Sessions American Diabetes Association, New Orleans, 15 de junho de 2003 Topiromato melhora a neuropatia periférica e a síndrome metabólica Em um pequeno estudo piloto, o anticonvulsivante topiromato aparece induzir o crescimento de novas fibras nervosas e aliviar os sintomas da neuropatia periférica. Também melhora a síndrome metabólica. O estudo foi realizado em 11 pacientes portadores de diabetes tipo 2 (idade média 59 anos). Todos os paciwentes apresentaram neuropatia da fibra-C, e diagnosticados com teste de neuropatia, sintomas nervosos e testes sensoriais quantitativos. A densidade de fibra nervosa intraepidermal foi determinada por teste imunohistoquímico. Todos os pacientes eram estabilizados com tratamento antidiabético padrão e tratamento contra a dor. Estudos anteriores já mostraram que doses elevadas de topiromato no início pode ser tóxico. Por isso, os pacientes receberam 25 mg/dia até chegar em 42 dias à dose máxima de 100 mg/dia. Receberam o tratamento durante 84 dias suplementários. No fim do estudo, o tamanho do dendrite e amplitude do nervo peroneal tinha aumentado, e os escores de neuropatia 166 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 03 (2003) Continuação total tinha diminuído de 14 para 11,8. E, resultado o mais importante, as fibras intra-epidérmicas tinham crescido. Os resultados complementares foram uma diminuição de 10% do colesterol total, de 100 mmHg da pressão arterial diastólica, e uma diminuição da HbA1c de 0,75% para 7,1%. Não foi observado alteração no IMC. O que, segundo os pesquisadores, mostra que as melhoras observadas na glicose são independentes das alterações do peso corporal observado em estudos animais. Em outro estudo internacional, foi observado que topiromato pode ajudar os pacientes que perderam peso a manter o peso atual. Neste estudo, 300 pacientes diabéticos que amagreceram com uma dieta de baixa caloria foram randomizados para receber 96 mg/dia ou 192 mg/dia de topiromato ou placebo. Após a 44 semanas de acompanhamento, os pacientes que receberam topiromato tinahm perdido 15-16% do peso corporal comparados com 9% do grupo placebo. E 72 a 75% do grupo topiromato têm mantido a perda de peso, contra 30% do grupo placebo. Os achados devem ser confirmados após uso de dose menor de topiromato, em razão dos efeitos adversos observados. Sung Hee Choi et al., Division of Endocrinology in the Department of Internal Medicine, Yonsei University College of Medicine, Seoul, Korea, 63rd Scientific Sessions American Diabetes Association, New Orleans, 15 de junho de 2003 Rosiglitazona diminui o risco de re-estenose em pacientes diabéticos O agente antidiabético rosiglitazona pode ajudar para prevenir a re-estenose após angioplastia. Em um estudo de 6 meses em 73 pacientes diabéticos, portadores de 97 stents, a taxa de re-estenose foi de 11,4% em pacientes tratados por rosiglitazona, contra 44,7% em pacientes recebendo placebo. Os pacientes, idade média 60 anos, foram randomizados para receber rosiglitazona 8 mg antes da instalação do stent, seguido por rosiglitazona 4 mg/dia durante 6 meses, ou placebo. Angiografia coronariana foi realizada no início e após 6 meses. Durante o estudo, os pacientes continuaram o tratamento antidiabético padrão com sulfoniluréias ou biguanidas, com doses ajustadas. Após 6 meses de acompanhamento, 4 dos 35 pacientes do grupo rosiglitazona apresentaram re-estenose das artérias, contra 17 dos 38 pacientes do grupo controle. Em conparação do número de stents implantados, os resultados foram semelhantes: 10,2% das 47 lesões tratadas por stents nos pacientes tratados apresentavam obstruções de 50% ou mais, comparado com 36% das 50 lesões tratados por stents no grupo controle (p < 0,001). Os efeitos adversos não são piores do que de outros tratamentos. O ganho de peso pode ser um problema, mas o peso corporal e os níveis da glicose plasmática não são significativamente diferentes entre os 2 grupos após 6 meses. Entretanto, os níveis de proteína C reativa foram significativamente menores no grupo rosiglitazona: 1,4 mg/l vs. 0,6 mg/l (p < 0,01). A proteine C reativa é um conhecido marcador da inflamação, ligado ao risco de doença cardíaca, e os achados sugerem que a rosiglitazona pode alterar os processos inflamatórios que favorecem a re-estenose. Os níveis de triglicérides foram também significativamente reduzidos no grupo rosiglitazona: a 6 meses a taxa diminuiu de 96 mg/dl vs. 83 mg/dl no grupo placebo. Também os níveis de ácido graxo livre diminuíram. O tratamento com rosiglitazona não só ajuda para regular os níveis da glicose em pacientes diabéticos mas também diminui o risco de reestenose e os problemas cardíacos associados. Não se sabe ainda se é seguro tratar com rosiglitazona pacientes não-diabéticos portadores de stents. Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 03 (2003) Science 2003;300:1574-1577, maio de 2003 167 Identificado novo alvo para agentes antidiabéticos Pesquisadores dos Estados Unidos identificaram uma proteína que pode servir como um novo alvo para drogas projetadas para tratar diabetes tipo 2. A proteína, conhecida como TRB3, é um homólogo de uma proteína achada nas moscas de frutas Drosóphilas tribbles. O enfoque em TRB3 foi o resultado de uma procura para identificar proteínas que modulam a atividade de Akt, o alvo principal da insulina que bloqueia a captação da glicose hepática quando a glicose estiver disponível a partir da alimentação. Os ratos carentes do gene Akt demonstraram uma resistência à insulina semelhante àquela vista em humanos com diabetes tipo 2. Os pesquisadores acharam que TRB3 age como um modulador negativo de Akt e que sua expressão está aumentada em condições de jejum. Ligandose ao Akt, TRB3 previne a enzima de ser ativada pela insulina, levando a uma captação aumentada de glicose a partir do fígado. Níveis hepáticos elevados de TRB3 RNA e proteína foram identificados em ratos diabéticos comparados com ratos tipo selvagem, reportam os autores. Superexpressão hepática de TRB3 foi associada com hiperglicemia e intolerância à glicose. Baseado nestes achados, os pesquisadores sugerem que TRB3 possa ser um “alvo atrativo para drogas no tratamento do diabetes tipo 2.” F. Guerrero-Romero et al., Exp Clin Endocrinol Diabetes 2003; 111(2):91-6, abril de 2003 Pioglitazona aumenta os níveis de magnésio plasmático em indivíduos intolerantes à glicose Embora as tiazolidinedionas e a suplementação de magnésio melhorem a ação da insulina e aumente o HDL-colesterol, a relação potencial entre magnésio sérico e as tiazolidinedionas tem recebido pouca atenção. Enfocando no aumento de magnésio sérico, 63 indivíduos foram registrados e aleatoriamente alocados para receber 30 mg de pioglitazona uma vez ao dia (grupo A) ou intervenção no estilo de vida (grupo B) durante 12 semanas. Os indivíduos foram escolhidos se fossem intolerantes à glicose, e excluídos se tivessem pressão sangüínea elevada, diabetes ou testes de função hepática anormal. Os resultados dos avaliadores eram desconhecidos pelo grupo avaliado. Dos 63 indivíduos escolhidos, 3 não terminaram (um do grupo A, e dois do grupo B) porque saíram da cidade. Então, 30 indivíduos em cada grupo, que satisfatoriamente completaram o acompanhamento, foram incluídos na análise de dados. Não existiu nenhum evento adverso sério ou efeitos colaterais devido a pioglitazona ou intervenção no estilo de vida. Na linha de base, os grupos não diferiram significativamente em níveis de magnésio sérico 1,73 ± 0,17 vs. 1,72 ±0,14 mg/dl, p = 0,80. Os indivíduos que receberam pioglitazona aumentaram significativamente seu magnésio sérico para 1,93±0,16 mg/dl considerando que no grupo de intervenção no estilo de vida o aumento foi de 1,74±0,25 mg/dl, p < 0,0001. Este estudo mostrou um aumento significante nos níveis de magnésio sérico de indivíduos intolerantes à glicose que receberam 30 mg de pioglitazona uma vez ao dia. T. Forst et al., Exp Clin Endocrinol Diabetes 2003;111(2):97-103, abril de 2003 Efeitos metabólicos da insulina lispro na hora da refeição em comparação com a glibenclamida no diabetes tipo 2 precoce A eficácia e a segurança da injeção de insulina lispro pré-prandial foi comparada com a administração oral de glibenclamida em pacientes com diabetes tipo 2 precoce. Neste estudo aberto, multicêntrico, 143 pacientes 168 Continuação Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 03 (2003) com aumento do peptídeo C estimulado por glucagon de pelo menos 0,4 nmol/ l foram randomizados para receber insulina lispro (LP) pré-prandial ou glibenclamida (GB) por 26 semanas. Setenta e cinco pacientes receberam LP (51 homens/24 mulheres; idade 40 a 70 anos, duração do diabetes 4,4±2,9 anos) e 68 pacientes receberam GB (39 homens/29 mulheres; idade 39 a 70 anos; duração do diabetes 4,3±3,4 anos). Depois de 12 semanas, as excursões médias de glicose sangüínea de 90 minutos foram 0,9±1,0 mmol/l para LP e 1,8±1,2 mmol/l para GB (p < 0,0001). Depois de 24 semanas, excursões médias de glicose sangüínea foram 1,0±1,1 mmol/l para LP e 1,7 ±1,2 mmol/l para GB (p = 0,002). Peso corporal diminuiu ligeiramente de 87,2±2,3 a 86,5 ±12,2 kg no grupo de LP e aumentou de 84,1±13,7 a 84,4±13,3 kg no grupo de GB. LP vs. GB induziu mudanças da linha de base ao ponto final no peptídeo C no jejum (nmol/l), níveis de proinsulina e insulina (pmol/l) foram -0,2±0,4 vs. 0,1±0,6 (p = 0,04), -11,2±26,0 vs. -1,1±17,3 (p = 0,03), e -27,8±147,4 vs. +32,6±286,2 (não significativo), respectivamente. HbA1c no início foi 7,5±1,0% para LP e 7,7±1,2 % para GB e não mudou significativamente em nenhum dos grupos durante a investigação. Nenhuma diferença significante foi observada entre os grupos no que diz respeito a episódios hipoglicêmicos. O tratamento com LP melhorou o controle pósprandial da glicose sangüínea mais do que GB sem aumento do peso corporal ou episódios hipoglicêmicos. Além disso, o uso de LP foi associado com uma diminuição no peptídeo C no jejum e nos níveis da proinsulina, sugerindo uma potencial regulação da produção de insulina endógena e melhorou a eficiência do processo da proinsulina. Servier 4 cores 170 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 03 (2003) William A. Marston et al., Diabetes Care 2003;26:1701-1705, junho de 2003 Dermagraft seguro e eficaz para tratamento das úlceras crônicas de pé diabético Dermagraft é seguro e eficaz para o tratamento de úlceras crônicas de pé diabético, de acordo com os resultados de um estudo multicêntrico, randomizado e controlado. Dermagraft é um substituto dérmico sintetizado através de bioengenharia, que os dados laboratoriais sugerem possuir dois principais mecanismos de ação. Isto permite deixar vivos os fibroblastos dérmicos humanos que depositam proteínas de matriz e facilitam angiogênese. Também promove uma matriz de colágeno pré-formado, receptores, e fatores de crescimento ligados que facilitam a migração das células epiteliais dos pacientes. Em 35 centros dos Estados Unidos, 314 pacientes com úlceras crônicas de pé diabético foram randomizados tanto para o tratamento com Dermagraft como para terapia convencional, que era idêntica com exceção da aplicação do Dermagraft. Todos os pacientes tinham permissão para estar nos ambulatórios com calçado redutor de pressão. Em torno da semana 12, 39 (30,0%) dos 130 pacientes de Dermagraft e 21 (18,3%) dos 115 controles tiveram fechamento completo do ferimento (p = 0,023). Análise interina revelou que o tratamento com Dermagraft foi mais efetivo em tratar úlceras de pelo menos seis semanas de duração. Embora a incidência global de eventos adversos tenha sido semelhantes em ambos os grupos, o grupo de Dermagraft teve significativamente menos eventos adversos relacionados à úlcera. Não houve nenhuma evidência de rejeição do Dermagraft, o que os autores atribuem à sua derivação do tecido neonatal humano com marcadores de tecido HLA não desenvolvidos. “É importante enfatizar que o Dermagraft deve ser usado junto com outros princípios padrão do cuidado da úlcera do pé diabético incluindo debridamento de rotina, pressão diminuída, controle de infecção, e diminuição da umidade do ferimento”, escrevem os autores. “Sem aderir à estes princípios importantes, a adição de um modalidade adjunta ativa é improvável resultar em taxas curativas melhoradas”. 39th annual meeting of the American Society of Clinical Oncology, Chicago, Illinois, 2 de junho de 2003 Estatinas reduzem risco de câncer As drogas hipocolesterolêmicas a base de estatinas estão associadas com uma redução estatisticamente significativa de 20% do risco de câncer. Porém os pesquisadores foram rápidos para acrescentar que é muito cedo para recomendar que pacientes tomem estes agentes para a prevenção do câncer. “Dado o número alto de pessoas já em uso de estatinas, o choque em saúde pública pode ser bastante considerável”, disse o investigador principal Matthijs Graaf, da University of Amsterdam. “Mas já que este é um estudo de caso controle, nós precisamos confirmação em um prospectivo estudo randomizado antes de nós podermos sugerir que pessoas tomem estes agentes para diminuição do risco de câncer.” O estudo, que comparou o risco de câncer incidente entre usuários de estatinas e usuários de outros medicamentos cardiovasculares, foi empreendido depois que estudos em animais mostraram que as drogas parecem ter atividade antitumor. Usando dados tirados de um banco de dados compreensivo que relaciona os registros de dispensação de medicamentos de farmácias comunitárias e registros provenientes de hospital de aproximadamente 300.000 residentes em oito cidades holandesas, o pesquisador identificou 3.080 pessoas com câncer e 16.711 controles sem sinais da doença. Os controles foram combinados para sexo, ano de nascimento, região geográfica, duração de acompanhamento, e dados indexados. Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 03 (2003) 171 Continuação Após ajuste para diabetes mellitus, número de hospitalizações, comorbidade, uso de outros medicamentos e hormônios sexuais, a análise mostrou que usuários de estatinas foram 20% menos prováveis para ter câncer (odds ratio ajustado [OR], 0,80; IC 95% 0,66 – 0,96). Quando visto pelo tipo de câncer, as reduções no risco foram estatisticamente significativas somente para o câncer de próstata e o carcinoma renal. Quando os dados foram analisados pela duração de uso, somente pessoas que tomaram estatinas por mais de quatro anos tiveram uma redução estatisticamente significativa (36%) no risco de câncer (OR ajustado, 0.64; 95 % CI, 0,44 – 0,93), enquanto aqueles que estavam sob terapia por menos tempo não tiveram nenhuma redução no risco. A dose cumulativa também foi um preditor: Só aquelas pessoas que tomaram mais de 1350 doses diariamente tiveram um risco significativamente reduzido - 40% (OR ajustado, 0,60; IC 95%, 0,40 – 0,91). Também, pacientes que pararam de tomar as drogas retornaram para o risco da linha de base de um em seis meses. Quase 80% dos pacientes tomaram simvastatina, enquanto 6,6% tomou pravastatina, 2,5% fluvastatina, 0,4% atorvastatina, e 10,9% uma combinação de drogas. Todas as drogas compartilham um mecanismo comum de ação, inibição do 3-hidroxi-3-metilglutaril-coenzima A redutase (HMG-CoA). E inibindo esta enzima reduz a produção endógena de mevalonato, ativando uma série de reações que em última instância resultam em diminuída atividade biológica de oncogenes. Estudos de laboratório mostraram que estatinas podem ativar apoptoses. A limitação mais importante do estudo é que dados sobre potenciais fatores de erro como dieta e tabagismo não foram disponibilizados. 12th Annual Meeting American Association of Clinical Endocrinologists, San Diego, California, 14 a 18 de maio de 2003 Os benefícios da pioglitazona no tratamento do diabetes Duas apresentações no Annual Meeting American Association of Clinical Endocrinologists mostram que pioglitazona, quando adicionado tanto a sulfoniluréia ou metformina, melhora significantemente o perfil lipídico bem como o controle glicêmico. Uma terceira apresentação mostrou que a mesma combinação de drogas não aumentou os níveis de transaminases do fígado e pode mesmo reduzir os níveis de ALT. Dois desses testes eram semelhantes, observando o efeito da pioglitazona nas lipoproteínas VLDL e níveis de ácido graxo livre (free fatty acid – FFA), um combinando com sulfoniluréia e o outro com metformina. Em ambos os testes, foi observada uma redução em VLDL e FFA. Em um estudo multicêntrico, duplo-cego, de duração de 24 semanas, foram comparados os efeitos da pioglitazona 30 mg ou 45 mg diariamente, combinado com sulfoniluréia, em 702 pacientes diabéticos. Comparados com níveis iniciais, os níveis de VLDL e de FFA caíram significativamente em 24 semanas. Houve também melhoras na HbA1c, glicose plasmática de jejum, triglicérides, HDL e LDL-colesterol. Comparado com o grupo de pioglitazona 30 mg, o grupo de pioglitazona 45 mg teve aumentos significantemente maiores em HDL. No segundo teste, um estudo desenhado de forma semelhante para 827 pacientes, pioglitazona 30 mg e 45 mg tiveram efeitos semelhantes quando combinados com metformina. No total, os dados de estudos usando pioglitazona em combinação tanto com metformina ou sulfoniluréias demonstraram diminuição significativa em FFA e VLDL, bem como em diminuição de triglicérides e aumento dos níveis de HDL-C. A terceira apresentação descreveu dois estudos multicêntricos, duplo-cegos, de 24 semanas que compararam os efeitos de 30 ou 40 mg pioglitazona diariamente 172 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 03 (2003) Continuação combinado com sulfoniluréia (702 pacientes) ou metformina (827 pacientes). Somente um paciente em cada teste teve aumento de ALT maior que três vezes do limite acima do normal, o que sugere nenhuma elevação de pioglitazona induzido nos níveis de ALT em combinações com metformina ou sulfoniluréia. Além disso, ambos os estudos mostraram pequenas reduções médias iniciais em níveis de ALT em todas as doses de pioglitazona. Em ambos diabetes do tipo 2 e obesidade há um aumento de prevalência de enzimas do fígado elevadas, relacionada a esteatose hepática não alcoólica. O tratamento com um sensibilizador à insulina tal como pioglitazona poderia diminuir o conteúdo de gordura intrahepática. Como previsto, as enzimas do fígado diminuíram. Bernard M. Sklar, Diabetes Care 2003;26:1685-1690, maio de 2003 Terapia combinada com nateglinida e rosiglitazona útil no diabetes tipo 2 A nateglinida (Starlix) beneficia diabéticos tipo 2 não controlados adequadamente com a rosiglitazona (Avandia) em tratamento único, de acordo com os resultados de um estudo multicêntrico duplo-cego. O estudo mostrou que a nateglinida produziu uma melhora significante na exposição glicêmica global em pacientes inadequadamente controlados apenas com a rosiglitazona, sem exacerbar efeitos colaterais conhecidos desta classe de medicamento, as tiazolidinedionas. Neste estudo de 24 semanas de 30 centros na América do Norte, 402 pacientes foram randomizados com diabetes tipo 2 e HbA1c entre 7% e 11% para tratamento com nateglinida (120 mg antes das refeições) ou placebo adicionado a monoterapia com rosiglitazona (8 mg uma vez ao dia). Todos os indivíduos foram diagnosticados previamente com diabetes tipo 2 pelo menos 1/2 página OHT cor 174 Continuação Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 03 (2003) seis meses antes e receberam monoterapia com rosiglitazona, dieta, e exercício por pelo menos três meses antes do engajamento. Mudança no HbA1c foi 0,0% ± 0,1% em pacientes tratados com placebo e -0,8% ± 0,1% em pacientes randomizados para nateglinida (de 8,3% até 7,5%; p < 0,0001 vs. placebo). Objetivo de HbA1c menor do que 7,0% foi alcançado em 38% dos pacientes tratados com a terapia combinada e em 9% dos pacientes que permaneceram com a monoterapia com a rosiglitazona (p < 0,001). No grupo nateglinida, níveis de glicose plasmática de jejum diminuíram 0,7 mmol/l, os níveis de glicose pósprandial após duas horas diminuíram 2,7 mmol/l, e os níveis de insulina de 30 minutos aumentaram 165 pmol/l, considerando que não existiu nenhuma mudança nestes parâmetros no grupo com placebo na linha de base (p < 0,001). Os dois agentes trabalham em uma forma complementar para tratar a falha dual no diabetes tipo 2. Enquanto a rosiglitazona reduz a resistência à insulina, nateglinida estimula a secreção de insulina na refeição e os alvos de glicose sangüínea pós-prandial. Mais de 70% de ambos os grupos tiveram um evento adverso. A maioria foi considerado leve a moderado com o mais comum sendo fadiga, infecção respiratória superior, infecção viral, tremor, ganho de peso, enxaqueca, e vertigem. Os eventos adversos sérios foram experimentados por seis pacientes no grupo de terapia combinada e 12 pacientes no grupo com monoterapia, mas apenas um evento adverso no grupo com monoterapia, piora na falência cardíaca, achou-se estar relacionado à medicação. Em pacientes cuja hiperglicemia esteve inadequadamente controlada com metformina (Glucophage), a nateglinida pode ser adicionada, mas não como substituto para metformina. Os pacientes cronicamente tratados com uma sulfoniluréia não deviam adicionar ou mudar para nateglinida. Nateglinida foi aprovada nos Estados Unidos em 2001 como monoterapia para o diabetes tipo 2 sem tratamento prévio com drogas e como terapia combinada com a metformina. LOWÇUGAR 1/2 COR Diabetes Clínica 03 (2003) 175 Produtos e novidades SCIL lança DRIM, novo kit completo de medição da glicose Fabricado na Europa, o aparelho Drim pesa apenas 60 gramas, marca data e hora, e contém: um glicosímetro DRIM, um lancetador, 25 tiras teste, 10 lancetas TechLite. As lancetas TechLite têm o diferencial das pontas trifacetadas e finas, o que proporciona uma punção suave, oferecendo muito mais conforto ao paciente. Pelikan Sun inova com o cartucho automatizado de lancetas A 50 Anunciado no 63th American Diabetes Association Scientific Sessions, em junho de 2003, o novo lancetador de Pelikan Sun permite efetuar todo o processo de punção com o mínimo de dor, com penetração reduzida, e procedimento ultra simplificado (um botão). O disco contém 50 lancetas estéreis, e é substituído após uso. 176 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 03 (2003) Bayer/Glaxo SmithKline lançam Levitra, novo tratamento da dificuldade de ereção.... A Bayer e a GSK lançam Levitra (vardenafil), novo medicamento oral indicado para os homens com dificuldade de ereção. Levitra apresenta bons índices de eficácia, até 92% [1] de melhora da ereção, com baixos índices de efeitos adversos devido a sua alta seletividade. A eficácia de Levitra também é comprovada em pacientes diabéticos, com índice de eficácia de 72% na melhora da ereção [2]. Levitra tem rápido início de ação: em média age em 25 minutos, podendo em muitos casos, começar a agir em até 15 minutos. Levitra age pelo tempo ideal, para uma noite de prazer.Levitra não tem sua ação prejudicada pela ingestão de álcool e não tem sua absorção diminuída quando administrado junto às refeições, o que garante maior liberdade, não alterando a rotina do casal. Levitra será comercializado em 3 apresentações 5, 10 e 20 em caixas de 4 comprimidos e, ainda, na exclusiva embalagem de 1 comprimido para a apresentação de 10 mg. Referências 1- Potempa AJ et al. Under flexible dosing, “real world” conditions, vardenafil improved erectile function in a broad population of men. Therapeutic Circles Presentation and Poster at EAU 2003. 2- Goldstein I et al – Vardenafil, a new highly selective PDE 5 inhibitor, improves erectile function in patients with diabetes mellitus. Diabetes 2001;50(S2):114 ...e Eli Lilly lança Cialis (tadalafila) A Lilly lançou recentemente no Brasil, Cialis, cujo princípio ativo é a tadalafila. O mecanismo de ação do medicamento é a inibição da fosfodiesterase 5 (PDE5). Quando ocorre a disfunção erétil, há uma redução do fluxo de sangue no pênis, e a enzima PDE5 é responsável por interromper o processo de ereção. O Cialis, por ser um inibidor seletivo da PDE5, age neste ponto e não permite a interrupção da ereção pela enzima PDE5, auxiliando os homens a alcançar e manter a ereção. Cialis surge como uma nova opção de tratamento para os homens com disfunção erétil. Por ter um efeito de até 36 horas mediante estímulo sexual, o casal pode escolher o melhor momento para ter relação sexual. Cialis começa a agir a partir de 30 minutos e é absorvido normalmente mesmo se ingerido com alimentos ou bebidas, sem prejuízo para sua eficácia. Quase 8 mil pacientes participaram de 90 estudos clínicos realizados para determinar o perfil de segurança e eficácia de Cialis, que provou ser bem tolerado e eficaz em melhorar a função erétil em uma ampla gama de pacientes com problemas de ereção. Os efeitos colaterais de Cialis, comuns à classe terapêutica, são dor de cabeça, intolerância gástrica, congestão nasal, dor nas costas e rubor facial. Estes efeitos são leves, transitórios e geralmente diminuem com a continuidade do tratamento. Assim como em outros inibidores da PDE5, o uso de Cialis é contra-indicado para pacientes que tomam nitratos ou para aqueles em que a atividade sexual, assim como atividades físicas em geral, possam ser desaconselhadas. 178 Resumos de trabalhos Diabetes e congressos Clínica -03Diabetes (2003) Clínica 03 (2003) Resumos de trabalhos e congressos P. Jakobi et al., J Perinat Med 2003;31(2):140-5, maio de 2003 Significado perinatal do diagnóstico de intolerância à glicose durante a gravidez com medidor de glicose portátil Objetivo: Avaliar o efeito em perinatal da substituição das medidas de glicose para o diagnóstico de diabetes mellitus gestacional em laboratórios centrais com aqueles obtidos por medidor de glicose portátil. Desenho: Foram coletadas simultaneamente amostras de sangue venoso para o teste de tolerância à glicose de 100g, e os níveis de glicose capilar do dedo medidos com um glicosímetro portátil em 180 pacientes grávidas. O manejo das pacientes foi de acordo com os resultados da glicose plasmática venosa. Posteriormente, as mulheres foram separadas em grupos de diagnóstico por ambos os métodos e os resultados foram comparados. Resultados: Usando os valores de glicose obtidos pelo medidor de glicose portátil em vez dos resultados atingidos no laboratório central, mais mulheres foram diagnosticadas com diabetes gestacional (33 vs. 25) e o resultado perinatal foi comparável. Conclusões: Os obstetras têm que identificar a intolerância à glicose durante a gravidez a fim de prevenir a macrossomia e suas complicações perinatais. Estas metas podem ser alcançadas com pelo menos a mesma eficácia apresentada no teste de tolerância à glicose de 100g com um medidor de glicose portátil assim como com os métodos de laboratório atuais. Tal abordagem poupa tempo e recursos e é mais conveniente tanto para os pacientes como para os provedores de saúde. S. Bo et al., Diabetes Metab 2003;29(2 Pt 1):175, abril de 2003 Obesidade ou diabetes: o que é pior para a mãe e para o bebê? Objetivos: O objetivo do presente estudo é avaliar os resultados da gravidez em uma coorte de mulheres grávidas caucasianas em relação ao seu índice de massa corporal e condição de tolerância à glicose; o papel da distribuição de gordura central, como indicada pela taxa de relação da circunferência da cintura e do quadril, também foi considerada. Métodos: Setecentas mulheres foram estudadas; elas tiveram diabetes gestacional ou tolerância à glicose prejudicada (250) ou normoglicemia (450). Entre elas 117 apresentaram sobrepeso/obesidade pré-gravidez (44 eram obesas), 133 hiperglicemia, mas peso normal, e 117 hiperglicemia e sobrepeso/ obesidade (42 eram obesas). Resultados: Hipertensão, cesariana e prevalência de bebês grande para a idade gestacional foram maiores em obesas (ambos com normoglicemia e hiperglicemia), principalmente naquelas com maior resumos 33.pmd 178 16/07/03, 16:15 180 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2003) ganho de peso gestacional e distribuição de gordura central (taxa de relação da circunferência da cintura/quadril > 0,90). Mulheres hiperglicêmicas com peso normal mostraram melhores resultados que mulheres obesas normoglicêmicas. Em um modelo de regressão logística múltipla, obesidade (OR = 10,6; IC 95% 5,00-22,54) estava diretamente relacionado a hipertensão, e preditores independentes de cesariana foram: hiperglicemia gestacional (odds ratio = 1,78; IC 95% 1,21-2,62), ganho de peso gestacional (OR = 1,06; IC 95% 1,02-1,10), e obesidade central (OR = 1,51; IC 95% 1,02-2,24), enquanto obesidade (OR = 4,48; IC 95% 2,30-8,71) ganho de peso gestacional (OR = 1,08; IC 95% 1,03-1,12) e distribuição de gordura central (OR = 1,81: IC 95% 1,12-2,93) estavam diretamente relacionados ao nascimento de bebês maiores, depois de múltiplos ajustes. Continuação Conclusões: Estes resultados sugerem que obesidade pré-gravidez e hiperglicemia gestacional foram fatores de risco independentes para a gestação e os resultados neonatais, enquanto distribuição de gordura central e ganho de peso gestacional exercem um papel adverso aditivo nestes resultados. M. Paile-Hyvarinen et al., BMC Fam Pract 2003;4(1):7, maio de 2003 Qualidade de vida e estado metabólico em mulheres diabéticas tipo 2 deprimidas e tratadas com paroxetina Introdução: A depressão é prevalente em pessoas com diabetes tipo 2 e afeta tanto o controle glicêmico quanto a qualidade de vida global. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da paroxetina no controle metabólico, na resumos 33.pmd 180 16/07/03, 16:15 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2003) 181 qualidade de vida e no bem-estar mental em mulheres levemente deprimidas com diabetes tipo 2. Métodos: Foram randomizadas 15 mulheres levemente deprimidas sem controle ótimo do diabetes tipo 2 para um tratamento de 10 semanas simples cego com paroxetina 20 mg por dia ou placebo. As medidas de eficácia primária foram controle glicêmico e qualidade de vida. A HbA1c foi usada como a medida de controle glicêmico. A qualidade de vida foi avaliada usando RAND36. Estado mental foi avaliado usando dois instrumentos de escore relacionados à clínica, a Escala de Ansiedade de Hamilton (HAM-A) e a Escala de Avaliação de Depressão de Montgomery-Asberg (MADRS), e um instrumento de escore relacionado ao paciente, Inventário de Depressão de Beck (BDI). Resultados: No fim do estudo nenhuma diferença significante na melhora da qualidade de vida foi encontrada entre grupos. Uma tendência para uma melhora no controle glicêmico foi encontrada no grupo com paroxetina (p = 0,08). Um aumento nos níveis do hormônio sexual ligado à globulina (SHBG) foi evidenciado no grupo com paroxetina (p = 0,01) como um sinal de melhora na sensibilidade à insulina. Existiu também uma tendência para uma maior eficácia da paroxetina em investigar as taxas de ansiedade e de depressão. Este achado foi baseado na tendência de um decréscimo superior dos níveis de cortisol no grupo com paroxetina (p = 0,06). Continuação Conclusão: A paroxetina tem um efeito benéfico nas medidas de sensibilidade à insulina e pode melhorar o controle glicêmico. Maiores estudos de longa duração são necessários para verificar os benefícios da paroxetina no diabetes tipo 2. Enquanto se espera por evidências mais conclusivas para a comprovação parece sensato aumentar o padrão do cuidado para o diabetes tipo 2 com a paroxetina mesmo nos pacientes que não preenchem os critérios de rotina psiquiátrica para se iniciar o tratamento com droga antidepressiva. MC Haver et al., Am J Obstet Gynecol 2003;188(5):1189-91, maio de 2003 Menstruações irregulares: fator de risco independente para o diabetes mellitus gestacional Objetivo: O objetivo foi determinar se uma história de menstruações irregulares prediz o diabetes mellitus gestacional independentemente de fatores de risco tradicionais. Desenho: Foram analisados características demográficas, índice de massa corporal, e história menstrual de 85 mulheres grávidas com diabetes mellitus gestacional e comparados com 85 indivíduos controle. Indivíduos com diabetes mellitus prégestacional, diabetes mellitus gestacional prévio, história familiar de diabetes mellitus, peso > 200 libras, com crianças com macrossomia prévia, ou nascimento de natimorto prévio foram excluídos. Resultados: As características demográficas entre pacientes e controles foram semelhantes. O índice de massa corporal foi maior entre os casos (26,5 kg/m2) vs. indivíduos controle (24,5 kg/m2, p = 0,004). Ciclos irregulares foram mais prevalentes nos casos (24% vs. 7%, p = 0,006). Com o uso do índice de massa corporal como fator de estratificação, irregularidade menstrual manteve uma forte associação com diabetes mellitus gestational (p = 0,014). Conclusão: Uma história de ciclos menstruais irregulares foi um prognosticador independente significativo de diabetes mellitus gestacional. Se uma triagem seletiva for implementada para o diabetes mellitus gestacional, tal história deve ser considerada na decisão de quem testar. resumos 33.pmd 181 16/07/03, 16:15 182 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2003) G. Charpentier et al., Diabetes Metab 2003;29(2 Pt 1):152, abril de 2003 Controle do diabetes e fatores de risco cardiovasculares em pacientes com diabetes tipo 2 Objetivos: Avaliar na França em 2001 o manejo e controle terapêutico do diabetes e dos fatores de risco cardiovasculares modificáveis em pacientes com diabetes tipo 2 recebendo cuidados de um especialista. Métodos: O estudo foi proposto para 575 diabetologistas da França. Os primeiros 8 pacientes consecutivos com diabetes tipo 2 tratados por drogas orais antidiabéticas (OADs) e/ou insulina que freqüentam consultórios de diabetologista foram eleitos para inclusão na pesquisa. Os seguintes dados foram coletados: demográficos, história diabética e cardiovascular, fatores de risco cardiovasculares, pressão sangüínea, últimas medidas registradas de HbA1c, LDL-colesterol e detalhes dos medicamentos para o diabetes e para distúrbios cardiovasculares. Resultados: 4.930 pacientes (53% homens), idade 62±11 anos, foram recrutados por 410 especialistas. A duração média do diabetes foi de 12±9 anos. 71% dos pacientes foram tratados com OADs, 18% com OAD + insulina e 9% com insulina apenas. HbA1c médio foi 7,6±1,6%; HbA1c foi d•6,5% em 27% dos pacientes, entre 6,6% e 8% em 39% dos pacientes, e > 8% em 34% dos pacientes. A pressão sangüínea média foi 140±16/80±9 mmHg. Na população de estudo como um todo a pressão sangüínea alvo (PS sistólico < 140 mmHg e PS diastólico < 80 mmHg) foi atingida em 29% dos pacientes. Entre os 3085 pacientes (63%) tratados para hipertensão, este alvo foi atingido em apenas 23% dos pacientes; 40% dos pacientes tratados para hipertensão receberam um único tratamento antihipertensivo, 36% receberam 2 tratamentos e 24% receberam 3 tratamentos ou mais. Entre os 1845 pacientes considerados pelos investigadores como não tendo hipertensão, a pressão sangüínea alvo foi atingida em 39%. Uma medida para LDL-colesterol estava disponível em 4036 pacientes (82%). 58% destes pacientes tinham LDL-colesterol < 1,3 g/l, 29% tiveram valores entre 1,3 e 1,6 g/l, e 13% tiveram valores > 1,6 g/l. 52% dos pacientes não estavam recebendo qualquer agente redutor de lipídios, 28% foram tratados com estatinas, 19% com fibratos, e 1% com estatinas + fibratos. O LDL colesterol foi < 1,3 g/l em apenas 66% dos 646 pacientes com associação de doença coronariana cardíaca. Conclusão: De acordo com esta pesquisa de âmbito nacional, a prevalência de fatores de risco cardiovasculares permanece alta. Controle de glicemia, de LDL-colesterol e de pressão sangüínea não parece ser favorável. Isto é devido em parte à severidade do diabetes nestes pacientes vistos por especialistas; porém, ambas conscientização e aplicação de recomendações publicadas precisam ser reforçadas. Bautmans I et al., Department of Gerontology, Free University of Brussels, Bélgica, World Physical Therapy 2003, Barcelona, Espanha, 7 a 12 de junho de 2003 resumos 33.pmd 182 Interrelação entre o nível de capacidade física, atividade física e complicações crônicas em pacientes idosos portadores de diabetes tipo 2 Introdução: O diabetes tipo 2 representa um problema de saúde difundida, particularmente em idades mais avançadas. A epidemiologia, diagnóstico, patofisiologia, complicações médicas e tratamento do diabetes tipo 2 estão bem descritos na literatura. Em contraste existe uma carência de dados relativos à capacidade física e nível de atividade física de pacientes idosos com diabetes tipo 2. Relevância: Desde que inatividade física é considerada como um fator de 16/07/03, 16:15 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2003) 183 risco no desenvolvimento do diabetes tipo 2, a interrelação entre complicações médicas crônicas e a capacidade física e nível de atividade física destes pacientes pode ser importante na decisão clínica e prescrição do exercício. Indivíduos: 73 idosos (47 homens e 26 mulheres, idade 60-85 anos) pacientes ambulatoriais portadores de diabetes tipo 2 do Academic Hospital of the Free University de Bruxelas participaram do estudo. Métodos: O nível de atividade física foi avaliado usando a Yale Physical Activity Survey. Força de tração e caminhada de 6 minutos foram usados para avaliar o nível de capacidade física; a condição de saúde geral foi medida usando o MOS Short Form General Health Survey; as complicações médicas crônicas e resultados de análise de sangue e urina foram registrados. Análise: Testes estatísticos paramétricos foram utilizados quando os dados dos subconjuntos estavam distribuídos normalmente, em nenhum outro caso foram realizados testes paramétricosos. As correlações entre dados contínuos foram computados. Complicações médicas, atividade física e nível de capacidade físico foram dicotomizados e análisados em tabelas usando o teste χ2. Resultados: No geral, os participantes apresentaram um baixo nível de atividade física e de capacidade física. Interrelações significativas (p < 0,05) entre nível de atividade física, nível de capacidade física e incidência de complicações médicas crônicas foram encontrados. Pacientes idosos diabéticos tipo 2 com maiores níveis de atividade física e capacidade física apresentaram significativamente menos complicações microvasculares crônicas (retinopatia) e complicações macrovasculares (doença coronariana). Continuação Conclusão: A incidência de complicações médicas crônicas em pacientes idosos diabéticos tipo 2 está fortemente relacionada ao nível de atividade física e de capacidade física. Desde que intervenções de exercício físicos são efetivos em estabilizar a glicemia nestes pacientes, prescrição de exercício físico pode desempenhar um papel importante na prevenção das complicações médicas crônicas. Manheim C et al, Plantation Plaza Therapy Center. Charleston, South Carolina, World Physical Therapy 2003, Barcelona, Espanha, 7 a 12 de junho de 2003 resumos 33.pmd 183 Disfunção de tecido mole no diabetes mellitus Introdução: De acordo com a Organização Mundial de Saúde, aproximadamente 150 milhões de pessoas no mundo têm diabetes mellitus. Freqüentemente o paciente não é provido de quaisquer informações sobre o diabetes que não seja a necessidade de controlar os níveis de glicose sangüínea. Quando educação é promovida, o enfoque está nos efeitos tardios de difícil controle. Os problemas com a qualidade de vida são raramente mencionados. O propósito desta apresentação é descrever (a) o efeito do diabetes no tecido mole, (b) o papel do fisioterapeuta na educação do paciente e no tratamento da disfunção muscoesquelética do diabético, e (c) o uso de um liberador miofascial no programa de tratamento compreensivo para o paciente diabético. Relevância: Os problemas de tecido mole enfrentados pelos pacientes com diabetes são freqüentemente ignorados ou trivializados. Raramente o fisioterapeuta é consultado quando o paciente diabético começa a desenvolver problemas como fasciite plantar ou fibromialgia. Estes problemas de tecidos moles causam para o paciente uma redução da atividade física, fator importante no manejo dos níveis de glicose sangüínea. Descrição: Os níveis elevados de glicose sangüínea variáveis mesmo em pacientes sob controle ótimo de glicose sangüínea causam diminuição de elasticidade dos tecidos moles do corpo e perda na habilidade para responder eficientemente à demanda. As técnicas de estiramento podem causar ruptura das miofibrilas, futuramente limitando a habilidade do paciente de permanecer 16/07/03, 16:15 184 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2003) fisicamente ativo. Projetando um programa personalizado de auto-alongamento e tratando a deficiência orgânica crônica dos tecidos moles usando técnicas de liberação miofascial dá ao pacientes um modo adicional de administrar seu diabetes ativamente. Observações: A adição de liberação miofascial e educação sobre disfunção de tecido mole ajudou os pacientes descritos a recuperar e manter um nível mais alto de atividade física. Continuação Conclusões: Os níveis elevados de glicose sangüínea dos pacientes diabéticos afetam adversamente a elasticidade dos tecidos moles do corpo. A disfunção dos tecidos moles associada com diabetes mellitus pode melhorar eficazmente com intervenção precoce e tratamento por um fisioterapeuta. Van Rooijen AJ et al., Department of Physiotherapy, University of the Witwatersrand, Johannesburg, South Africa, World Physical Therapy 2003, Barcelona, Espanha, 7 a 12 de junho de 2003 Barreiras e expectativas de realizar atividade física em mulheres portadoras de diabetes mellitus tipo 2 Introdução: Estabelecer em uma coorte de pacientes mulheres com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) o conhecimento e as percepções de exercício, barreiras pessoais e ambientais para fazerem exercício e as expectativas dos resultados de realizar atividade física. Relevância: Os indivíduos com DM2 deviam ser encorajados para se tornarem crescentemente auto-responsáveis por seus próprios atos e vida produtiva e deste modo melhorar sua própria qualidade de vida. Pouco é sabido sobre as convicções de saúde e expectativas de resultados relativos à atividade física, com referência específica para a cultura de mulheres negras urbanas com DM2. Indivíduos: A amostra consistiu de 28 pacientes com idade entre 48 e 70 anos (média, DP = 60,2, 6,6) e 11 grupos étnicos, freqüentando o Hospital Mamelodi Hospital Diabetic Outpatient Clinic. A duração da doença variou de 1 até 22 anos e 82% dos pacientes estavam usando agentes hipoglicêmicos orais. Método: Os dados demográficos e qualitativos foram obtidos por meio de entrevistas de grupo de enfoque. Resultados: Todos os 28 indivíduos relataram que vinham fazendo suas tarefas domésticas e caminhando como modo de exercício. 61% dos indivíduos indicaram alívio da artrite como benefício do exercício. A barreira ambiental principal foi a ausência de um lugar conveniente (61%). Fadiga (36%) e artrite (36%) foram as principais barreiras pessoais para fazer exercícios. Todos os indivíduos indicaram uma melhor qualidade de vida e melhoria das capacidades funcionais como expectativas dos resultados de tomarem parte de um programa de exercícios. Os indivíduos tiveram atitudes positivas para exercícios, quiseram ter controle no programa e também esperaram a necessidade de um suporte social. Conclusões: Os indivíduos tiveram uma boa percepção do exercício, souberam os benefícios do exercício e desejaram ter uma maior qualidade de vida por se sentirem melhor e em melhor funcionamento diariamente. Porém, barreiras pessoais e ambientais podem contribuir para um risco de abandonar programas de exercícios se eles não forem direcionados. É claro nos resultados que uma abordagem de equipe coordenada é necessária para direcionar estas expectativas dos resultados. resumos 33.pmd 184 16/07/03, 16:15 185 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 03 (2003) Van Schie CHM et al., World Physical Therapy 2003, Barcelona, Espanha, 7 a 12 de junho de 2003 O efeito do equilíbrio e do treinamento fisioterapêutico no controle postural e no funcionamento físico em geral em pacientes diabéticos neuropáticos Introdução: A perda de sensibilidade causa distúrbios de equilíbrio em pacientes diabéticos com neuropatia periférica, aumentando o risco de quedas e feridas. Entretanto, intervenções para melhorar o equilíbrio e o funcionamento físico neste grupo de pacientes são raras. Métodos: Um estudo piloto foi executado comparando a eficácia da fisioterapia (FT) com intervenção específica de um biofeedback de equilíbrio (BF) para melhorar o equilíbrio e o funcionamento físico em geral. Indivíduos: Dezenove pacientes foram randomizados para um dos cursos de tratamento (9 para PT, 10 para BF), consistindo em oito sessões de treinamento de 30 minutos, duas vezes por semana. As avaliações do funcionamento físico em geral e do equilíbrio foram feitas anteriormente ao (Pré), imediatamente pós (Pós 1) e 4 semanas após (Pós 2) de conclusão do tratamento. Resultados: Após o treinamento foram observadas melhoras na taxa de equilíbrio (p < 0,0005), no tempo de caminha em degraus (p < 0,05), no número de “sentar/levantar” em 60 segundos (p < 0,05) e uma tendência para melhorar o tempo de caminhada (p = 0,08) em ambas as avaliações de Pós 1 e Pós 2. O teste de equilíbrio estático (95% de área traçada medido por uma plataforma de força AMTI na condição de olhos fechados) mostrou melhora somente no grupo BF (p < 0,05). PT BF Faixa de equilíbrio (cm) Média (SD) Tempo de caminha em escadas (sec) Média (IQR) Sentar/levantar (max repets em 60 sec) Média (IQR) Pré 15,8 (3,8) 16,9 (1,7) Pré 50,6 (38-91) 28,7 (22-38) Pré 16 (9-19) 21 (18-27) Pós 1 19,7 (2,9) 18,7 (2,1) Pós 2 19,8 (2,0) 18,9 (1,6) Pós 1 45,6 (36-58) 25,8 (19-38) Pós 2 43 (36-50) 26,9 (23-34) Pós 1 17,5 (14-19) 23,5 (21-29) Pós 2 18,5 (15-23) 23 (20-30) Conclusão: Estes resultados indicam que tanto PT como BF podem melhorar o funcionamento físico e o controle postural em pacientes diabéticos neuropáticos, com melhoras imediatas e mantidas, Entretanto PT parece mais efetivo na melhora do funcionamento físico em geral. resumos 33.pmd 185 16/07/03, 16:15 Dullius J / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX Diabetes 195 Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 03 (2003) 195~202 ARTIGO ORIGINAL Educação em diabetes tipo 1 através do PROAFIDI (programa orientado de atividades físicas para diabéticos) Diabetes education to type 1 through Proafidi (Oriented Program on Physical Activities to Diabetic People) Jane Dullius Coordenadora do PROAFIDI, Docente na Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília, Doutoranda em Ciências da Saúde, Mestre em Educação, Licenciada em Educação Física, Técnica em Alimentos PROAFIDI, FEF, Universidade de Brasília Resumo Com o objetivo de avaliar efeitos da participação de diabéticos tipo 1 maiores de 16 anos no PROAFIDI (Programa Orientado de Atividades Físicas para Diabéticos) quanto a aspectos da Educação em Diabetes, foi aplicado questionário estruturado, predominantemente qualitativo, para amostra de 18 indivíduos participantes de forma heterogênea. As respostas por auto-relato foram analisadas estatisticamente por média ponderada considerandose as diferenças referidas entre os momentos pós e pré-participação no PROAFIDI. Observou-se elevada melhoria em todos quesitos de variados aspectos de autocuidados, alimentação, atividade física, medicação, bem-estar em relação à condição, comprometimento com tratamento, etc. Destaca-se, entre outros, aumento relatado de 183% na freqüência de automonitorização, 79% no nível de conhecimentos sobre DM, 62% na segurança em realizar auto-ajuste insulínico, 46% no aproveitamento das consultas, 43% na compreensão sobre importância dos exames, 42% na confiança em seu tratamento. Conclui-se que programas como este (PROAFIDI) são ótimas formas de promover Educação em Diabetes. Palavras-chave: Educação em diabetes, atividade física, glicemia. Abstract Aiming to assess the effectiveness of PROAFIDI (Oriented Program on Physical Activities for Diabetic People) regarding Diabetes Education on diabetic people type 1 over 16 years old, a closed questionary, predominantly qualitative, have been applied to 18 individuals attending the program. The self-report answers were analised estatistically by weighted media, taking on account the differences between the moments after and before attending PROAFIDI. A great improvement was observed in all aspects of self-care, nutrition, physical activity, medication, well-being in relation to the diabetic condition, commitment to the treatment, etc. Among others things, an increase of 183% in the frequency of self-monitoring, 79% on the level of knowledge about DM, 62% on the confidence to cary out insulinic self-adjustment, 46% on the quality of the visits to the health-care team, 43% on the understanding of the importance of the clinical exams and 42% on the confidence on the treatment have been observed. It can be conclued that oriented programs like PROAFIDI are an excelent way to promove education on Diabetes Mellitus. Key-words: Diabetes education, physical activity, glycemia. Artigo recebido em 28 de abril de 2003; aceito em 15 de maio de 2003. Endereço para correspondência: Jane Dullius, SHCGN 715, Bloco J casa 5, 70770-710 Brasília DF, Tel: (61) 307-2609/9649-3044, E-mail: [email protected] 196 Dullius J / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX Introdução Diabetes Mellitus (DM) é uma condição que exige tratamento e atenção constante a múltiplos fatores e atinge a dinâmica de vida do portador em inúmeros aspectos. Preconiza-se ser o tratamento baseado em 3 pilares, sendo 5 os principais aspectos que o compõem e que não podem faltar na apropriada terapêutica: alimentação equilibrada, atividade física orientada e medicação quando necessário, acrescentados dos aspectos autocuidados (incluindo automonitorização glicêmica) e educação em diabetes, devendo todos estes aspectos ser individualizados [1-5]. Como afirmou Joslin em 1930, educação em DM é “o” fator fundamental para o sucesso do tratamento [1,3,6,7,8]. A informação e a educação em DM são um direito do diabético para melhorar sua qualidade de vida e são essenciais para afastar as errôneas e preconceituosas concepções existentes [9]. A tomada de consciência e o conhecimento resultante de um adequado processo de educação melhoram a vida do diabético, tornam-no mais confiante e capacitado em seu autocontrole e reduzem o número de hospitalizações, ausências ao trabalho e/ou escola, o risco de complicações, custos, etc. [10,11]. Dessa forma, é desejado do diabético seu envolvimento de forma ativa e consciente e, para isso, é necessário que esteja suficientemente bem educado em saúde e continuamente acompanhado [8,12,13,14,15], em especial o insulinodependente. Na verdade, é indispensável que se conscientize e se capacite em relação a seu papel fundamental no acompanhamento e ajustes do tratamento, desenvolvendo qualificação para independência quanto a seus comportamentos de cuidados com a saúde [1,12]. Sendo a atividade física adequada um dos pilares do tratamento da DM, devendo ser realizada constantemente [16-22], pensou-se avaliar se um programa regular e orientado de atividades físicas para diabéticos (PROAFIDI) poderia ser um adequado meio para acompanhamento do tratamento diabetológico e para promover, além de melhor controle e redução glicêmica [23], a educação em vários aspectos, como autocuidados, melhoria das condições clínicas, maior nível de conhecimento, capacitação para realizar auto-ajustes, conscientização sobre sua condição, melhor relacionamento com a equipe e a terapêutica, entre outros [24-31]. Salienta-se que a prática de exercícios deve ser orientada e individualizada para que se alcancem objetivos terapêuticos [16,32-35]. O professor de Educação Física, formado em curso superior, é um profissional da área de saúde que tem ampla formação didático-pedagógica, além de conhecimentos acadêmicos sobre fisiologia e outros que colaboram nesta área de estudo. Sabe-se, também, que é necessário tempo, disposição e conhecimento para que se possa conduzir um programa de Educação em Diabetes [8]. Além disso, a atividade física adequada favorece o controle glicêmico por aumentar a permeabilidade da membrana citoplasmática à ação da insulina [16,36-42]], a regulação lipídica e a redução ponderal e da hipertensão [19,43,44], estimula a irrigação sangüínea periférica [17,30,38,45], auxilia no tratamento de quadros de ansiedade e depressão [25,28,45,46], tende a favorecer o sistema imunológico [47], fortalece o sistema cardiovascular (diminuindo as chances de acidentes CV) [39]. E é enfatizado que a atividade física deve ser realizada pelo menos 3 vezes por semana e preferencialmente com acompanhamento, o que colocaria o responsável por ela em contato freqüente com o praticante diabético. Há uma grande onda de incentivo a que se criem e mantenham programas continuados de Educação em Diabetes para atendimento aos diabéticos, familiares e à sociedade em geral, bem como para orientação e atualização de profissionais [6,8,12,14,48], e isso especialmente após resultados de grandes estudos que mostraram a importância da manutenção quase normoglicêmica, como DCCT (1993) e outros [1,5,28]. Além disso, não só a qualidade e atualidade das informações devem ser observadas, mas também é preciso oferecer ao diabético um adequado programa que o motive a ser protagonista e o integre a seu tratamento, estando permanentemente disponível para cada demanda que ocorra [1,3,5,8]. E para facilitar e expandir o acesso à Educação em Diabetes, seria conveniente que tais programas fossem institucionalizados [12]. O educar em saúde deve ser visto como resultante de uma interação entre o educador ou emissor da mensagem, a mensagem, o educando (enfermo) ou receptor da mensagem e a avaliação da mensagem, o que possibilitaria ao diabético levar sua vida de forma relativamente autônoma, com capacidade de automanejo [49]. Mas ser educador exige compreensão de métodos e técnicas pedagógicas, percepção de que as pessoas e as situações são diversas e de que há necessidade de educação continuada, que essa não se faz pela mera transmissão de informações [1,4,6,12,48,49], além do que estas devem ser adaptadas à realidade avaliada dos educandos. É importante lembrar que as oscilações glicêmicas e outros eventos agudos e crônicos relacionados à diabetes ocorrem continuamente, todos os dias – daí a importância dos comportamentos de autocuidados, da automonitorização glicêmica e da disponibilização próxima de profissionais de saúde qualificados em diabetes para acompanhar e auxiliar o portador. Nisso em especial é afetado o diabético tipo 1, pois seu controle tende a ser muito mais hábil e freqüentemente – devido a fatores endógenos e psicológicos ligados à idade comumente mais jovem e ao uso de insulina exógena – mantém um estilo de vida mais instável, variado no seu dia-a-dia, o que afeta significativamente as dificuldades para o controle [14,16,18,19,20,22,28]. 197 Dullius J / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX Tabela I - Freqüência de automonitorização glicêmica antes e após o ingresso no PROAFIDI relatada pelos diabéticos. Quanto à automonitorização glicêmica, qual das seguintes situações abaixo mais se aproxima, em média, da sua realidade, quantas vezes você afere a glicemia por semana, dia ou mês? >4 p/dia Antes Após 1 3a4 p/dia 18-23/s. ± 3/dia 14-18/s. >2 /dia 10-14/s. < 2/dia 7-10/s. > 1 /dia 4-7/sem < 1 /dia 5-16/m. 2-4/sem 2-5/mês ± 1/sem < 2/mês eventual 1 1 2 1 2 3 2 3 3 8 1 4 1 3 Material e Métodos Resultados e Discussão Cada turma do PROAFIDI (divididas por idade, tipo de tratamento, interesses e condições físico-clínicas) tem atividades contínuas três vezes por semana no Centro Olímpico da Universidade de Brasília e a cada encontro há atividades físicas e esportivas bem variadas e curtas debates (15-25min) entre todos os participantes sobre temas de interesse sobre DM, coordenados por profissionais especializados e elencados a partir das demandas apresentadas pelos participantes, diabéticos, estudantes ou profissionais. O programa é gratuito e as aulas são dirigidas por professores de Educação Física e acompanhadas por monitores alunos da UnB. Este foi um projeto piloto. A amostra constituiu-se de 18 diabéticos tipo 1 participantes do PROAFIDI com freqüência média de 25 aulas (8 a 68) após abril/ 2001. Idade 17 a 50 (25 ± 7) anos, tempo de DM de 0,5 a 26 (12 ± 6) anos, em tratamento insulínico, indicados por seus médicos pessoais e autorizados à prática por estes. 55% do grupo cursavam o nível superior e 67% deles referiram sua condição financeira entre mediana a alta, sendo atendidos tanto na rede pública como privada. A freqüência média às aulas foi de 7/mês. Os alunos responderam, por auto-relato e individualmente, a questionário estruturado composto, salvo uma, por questões de abordagem qualitativa sobre diferentes temas abrangidos pela educação em DM. As questões referiam-se a dois momentos temporais: após seu ingresso no PROAFIDI e antes e, salvo a primeira de cunho quantitativo, disponibilizavam 5 opções nominais e ordinais de respostas com relativa regular distância intervalar. A estas respostas foram, para fins de análise, atribuídos valores numerais. Para análise estatística, as respostas de escala ordinal qualitativa foram quantificadas por média ponderada, atribuindo-se a cada possibilidade de resposta (A – B – C – D – E), respectivamente, os valores de 5 a 1, sendo 1 a resposta negativa ou pior condição e 5 a condição considerada ótima ou ideal para a situação, tendo assim os seguintes valores referentes a cada intervalo ou quadro de resposta: A (ideal) [4,21-5], B [3,41-4,2], C [2,61-3,4], D [1,812,6] e E [1-1,8]. Em todos os quesitos levantados, quando comparadas as respostas dadas a partir de suas percepções atuais em relação à situação antes e após o ingresso no PROAFIDI, houve importante melhora. Com relação à freqüência de aferição glicêmica por automonitorização (Vide Tabela I), houve aumento de 183%, passando de uma média (que já era relativamente alta) de 6 para 17 aferições glicêmicas por semana. Destaca-se que quase todos já possuíam o glicosímetro, no entanto não o utilizavam com a freqüência desejada. Antes do ingresso 11 não chegavam a realizar a aferição pelo menos uma vez por dia e, após, todos os 18 a realizavam. Sabe-se que um aumento na freqüência de automonitorização favorece o controle da glicemia e, assim, espera-se reduzir a incidência de complicações [2,12,13,14,15,28]. Questionados quanto a como avaliam seu nível de conhecimento sobre DM (Gráfico 1), os entrevistados consideraram uma melhora média de 79%, passando de D:’Pouco’ (2,19) para B:’Bom’ (3,89). Este avanço devese especialmente à oportunidade de intensa convivência entre os próprios diabéticos e com profissionais de saúde, o que os estimulou a compreender mais sua condição e trocar experiências com outros, corrigindo-se em seus erros – além de que a prática de atividades físicas exige conhecimentos e ajustes, pois afeta todos os demais aspectos do controle. Apesar do elevado grau de escolaridade média do grupo, o nível de desinformação era significativo. Destacam-se depoimentos que relatam, ao ingresso, saber muito sobre diabetes e, à medida que se envolvem com o PROAFIDI, descobrem que estavam em grande parte enganados. Perguntados se costumam carregar/portar o glicosímetro (Tabela II), observou-se um aumento na freqüência estimado em 72%, de D:’Poucas vezes’ (2,00) para B:’Freqüentemente’ (3,44). Este é um índice interessantíssimo, pois alguns haviam declarado somente transportar seu glicosímetro quando saíam para viagens de mais de 3 ou 4 dias afastados e, agora, a maioria o porta com freqüência – o que fortalece o incentivo à auto-observação e cuidados, pois passaram a melhor compreender que a glicemia sangüínea não é tão estável quanto pensavam ser e que é importante mantê-la próxima ao normal a maior parte do tempo. 198 Dullius J / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX Gráfico 1 - Nível de Conhecimentos sobre Diabetes Mellitus relatado comparando-se os momentos após o ingresso no PROAFIDI e antes Nível de Aproveitam ento das Consultas à Equipe de Saúde 1 Muito proveitosas 13 6 Proveitosas 5 8 Mais ou m enos proveitosas A N TES D EP O IS 0 2 Pouco proveitosas 0 1 Nada proveitosas 0 0 2 4 6 8 10 12 14 Núm ero de Sujeitos Questionados quanto à qualidade e nível de aproveitamento de suas consultas à equipe de saúde (Gráfico 2), responderam passar, em média, de Costuma carregar/portar o glicosímetro? C:’Mais ou menos proveitosas’ (3,22) para A:’Sim, Sempre Freqüentemente Às vezes Poucas vezes Não bem esclarecedoras e proveitosas’ (4,7), melhorando 46%. Um aluno comentou que o PROAFIDI Antes 1 3 9 5 proporciona mais discussões sobre diabetes, com a Após 5 5 4 2 1 vantagem de contar com outros diabéticos, o que é favorável. Esta melhoria na qualidade e aproveitamento Tabela III - Respostas dadas pelos diabéticos quanto à segurança das consultas irá refletir-se em melhor capacidade de que sentem para realizar auto-ajuste insulínico após o ingresso no questionar, compreender e interpretar as orientações PROAFIDI e antes disso. da equipe de saúde e, conseqüentemente, em melhor adesão ao tratamento e capacidade de adaptação Sente-se seguro para realizar auto-ajuste insulínico? consciente [10,1]. Sim Bastante Mais ou menos Pouco Não Sobre se conhecem os diferentes tipos de insulinas Antes 3 1 4 6 4 injetáveis e suas ações (Gráfico 3), responderam que, Após 8 4 4 2 em média, antes sabiam C:’Mais ou menos a diferença entre rápida e lenta’ (2,61, no limite com ‘Pouco’) e depois, B:’Bastante’ (3,78), melhorando cerca de 45% sua compreensão. É interessante observar que muitos Ao serem indagados sobre sua segurança em realizar sequer sabiam que a insulina injetável tinha um momento auto-ajuste insulínico (Tabela III), as respostas migraram, de início de ação, um período de ação mais intensa e um em média, de D:’Pouco’ (2,61) para A:’Sim’ (4,22), numa decréscimo e finalização da ação, apenas sabiam que ampliação média de 62%. Este foi um dos aspectos de precisavam tomá-la. Vários deles, por falta de adequada maior valorização, pois enquanto agora a maioria relata orientação, faziam sua aplicação insulínica da seguinte sentir-se seguro e nenhum respondeu ‘não’, com relação forma: 2/3 da dose ao acordar e 1/3 da dose antes do ao período antes de ingressar no PROAFIDI apenas 4 jantar, não se importando em que horas eram, se consideravam-se seguros (observe-se que a maioria é acordaram às 6:30 ou às 13 horas, se vão jantar às 18 ou de nível universitário e 55% apresentam mais de 12 anos às 2h da madrugada e se a glicemia está 65 ou 400mg/dl. de diabetes), o que reflete desejável maior autonomia e Esta orientação generalizada dada desta forma é capacidade de autocontrole, importante para a qualidade inadequada e temos observado ser bastante comum. de vida [1]. Perguntados se compreendem bem a importância de Tabela II - Freqüência relatada pelos diabéticos com relação ao porte do glicosímetro após e antes do ingresso no PROAFIDI. 199 Dullius J / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX Gráfico 2 - Nível de Aproveitamento nas Consultas à Equipe de Saúde relatado pelos diabéticos após o ingresso no PROAFIDI comparado com antes desse. Nível de Aproveitam ento das Consultas à Equipe de Saúde 1 Muito proveitosas 13 6 Proveitosas 5 8 Mais ou m enos proveitosas A N TES D EP O IS 0 2 Pouco proveitosas 0 1 Nada proveitosas 0 0 2 4 6 8 10 12 14 Núm ero de Sujeitos realizar exames laboratoriais freqüentes e quais realizar (Gráfico 3), apresentaram uma melhora de 43%, indo de D:’Pouco’ (3,00) para A:’Sim’ (4,28), o que demonstra melhor adesão e atenção ao controle do tratamento. No quesito confiança em relação ao tratamento e a seu acompanhamento (Gráfico 3), indicaram sentiremse 42% mais atentos e confiantes, passando de C (2,94) para B (4,17). Esta confiança é fundamental para o manejo da saúde em situações diferenciadas e para favorecer a adesão e a cooperação [1]. Foram indagados se, ao observarem uma anormalidade glicêmica (hiper ou hipoglicemia), sabiam interpretá-la com segurança e realizar os procedimentos necessários (Gráfico 3), ao que responderam, em média terem passado de C:’Mais ou menos’ (2,94) para B:’Bastante’ (4,11), numa melhora em torno de 40%. Isto traz à equipe de saúde maior possibilidade de confiar no diabético como capaz de auto-regular-se. Quanto a compreender a influência dos diferentes tipos de alimentos sobre sua saúde e se seus conhecimentos sobre alimentação são suficientes para o acompanhamento de sua dieta e para regulá-la (Gráfico 3), observou-se uma melhora de 29%, as respostas migrando, em média, de C:’Mais ou menos’ (2,72) para B:’Bastante’ (3,50). Dessa forma, espera-se melhor controle sobre as alterações glicêmicas e outras provocadas pela dieta, favorecendo a homeostasia. Perguntados com relação a sua vivência da condição de diabético (Gráfico 3), demonstraram uma aceitação aumentada em 28%, passando em média de B:’Aceita e procura se conformar’ (3,56, quase mais ou menos) para A:’Vive bem e tenta aprender’ (4,56). Um dos alunos relatou que “As trocas de experiências entre diabéticos no PROAFIDI foram muito importantes para conhecimentos pessoais e coletivos”. Dentre as questões qualitativas, este item, juntamente com a avaliação sobre o “aproveitamento das consultas”, foi o que alcançou mais ampla proximidade da resposta ideal (5) esperada, demonstrando a capacidade do PROAFIDI de promover o bem-estar em relação à condição diabética. Também os itens relativos à importância da manutenção de alimentação equilibrada e das atividades físicas para a saúde alcançaram quase a marca ideal (5), contudo já eram anteriormente bem estabelecidos, por isso não apresentaram tão alto percentual de diferença. Na questão: “Você sabe o que fazer em relação ao acompanhamento de sua diabetes para a prática de diferentes tipos de exercícios? Sente-se seguro?” (Gráfico 3), migraram a média das respostas de 3,22 (C:’Mais ou menos’) para 3,94 (B:’Bastante’), numa melhora indicada em torno de 22%. Interessante destacar que um aluno, que sempre se manteve muito ativo, revelou passar a ter receio da prática em certas situações e de alguns exercícios (como os anaeróbios), esclarecendo que deixou de entender genericamente que “exercício físico faz baixar a glicemia”. Questionados se realizavam auto-ajuste das doses de insulina (Gráfico 3), observou-se aumento relativo de 22%, de 2,72 para 3,33, permanecendo, contudo, a média das respostas no quadro C (“Às vezes”), havendo uma distribuição bastante equilibrada entre todos os quadros de respostas, com maior inclinação para D antes e para 200 Dullius J / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX Gráfico 3 - Alteração média observada com relação a alguns dos aspectos questionados, integrantes da Educação em Diabetes, a partir de relato pelos diabéticos participantes comparando-se os momentos atualmente após o ingresso no PROAFIDI e antes desse. O resultado máximo possível (5) corresponde à condição proposta como ideal e o referencial mínimo corresponde ao valor atribuído 1. Alteração m édia observada com relação aos aspectos questionados integrantes da Educação em Diabetes ANTES 3,18 Freqüência de visitas ao endocrinologista 3,59 DEPOIS 3,61 Atenção a sintomas e condições gerais de saúde 2,72 Realização de auto-ajuste das doses de insulina 4,28 3,33 3,22 Segurança para a prática de exercícios físicos 3,94 3,56 Qualidade da vivência da condição de diabético 2,72 Compreensão s/ efeito de diferentes alimentos 4,56 3,5 Capacidade para corrigir anormalidade glicêmica 2,94 Confiança em relação a seu tratamento e seguimento 2,94 4,11 4,17 3 Compreensão s/ importância de realizar diferentes exames 2,61 Conhecimentos sobre ação das insulinas injetáveis 1 2 4,28 3,78 3 4 5 Intervalos de variação entre Resultado m ínim o e Ideal B atualmente. Isto ressalta a importância da dependência da orientação médica para tal procedimento com segurança. Questionados se prestam atenção a seus sintomas e às condições gerais de sua saúde (pés, urina, pele, emoções, peso etc.) revelaram, em média passar de B:’Bastante’ (3,61) para A:’Sim, totalmente’ (4,28), num avanço médio de cerca de 19% (Vide Gráfico 3), importante indicativo de competência em relação à atenção ao tratamento [12]. Com relação à freqüência de visitas ao médico endocrinologista para acompanhamento do tratamento da diabetes (Gráfico 3), passaram, em média, de 2 a 3 para 3 a 4 consultas ao ano, num aumento em torno de 13% (3,18 ® 3,59). Observou-se, contudo, que, enquanto a maioria não alterou sua freqüência, uma minoria, com alta média de visitas médicas, relatou ter diminuído a freqüência de consultas devido a sentir-se menos inseguro. Dois (2) que haviam abandonado as consultas endocrinológicas voltaram a elas. Como já mencionado, questionados se compreendiam a importância da manutenção de uma alimentação equilibrada para sua saúde, suas respostas melhoraram, em média, 12% (4,06 ® 4,56). Quanto à compreensão sobre a importância das atividades físicas para sua saúde, indicaram melhora de 11%, passando de 4,17 para 4,61. Cabe ressaltar que os indivíduos pesquisados estavam inscritos por livre e espontânea vontade em um programa de atividades físicas, donde se espera que suas respostas iniciais já fossem altas em relação a este item. Quanto à capacidade de interpretar seus exames laboratoriais, à freqüência de visitas ao nutricionista, ao oftalmologista e à procura por outros profissionais de saúde, referiram uma pequena melhora nestas questões, entre 8 e 4,74%. Destaca-se que vários nunca haviam procurado um nutricionista e uns poucos relataram pretender fazê-lo a partir de então. A maioria permanece com visitas relatadas ao oftalmologista 1 vez ao ano. Conclusão Os pontos de maior destaque ficam por conta do expressivo aumento na freqüência de automonitorização, considerando, inclusive, a aquisição de glicosímetros por alguns que não o tinham ou, se o tinham, não o utilizavam há longa data, passando, a maioria, a transportá-lo consigo para quase todos os lugares a que se deslocam, o que antes raramente faziam – que sabemos, aumentando com isso, sua segurança e controle metabólico. Também se destaca o aumento indicado no nível de conhecimento sobre diabetes e sobre a ação de cada tipo de insulina injetável, bem como na segurança para realizar procedimentos de autocuidados como ajuste insulínico e para correções das oscilações glicêmicas. É extremamente significativo o fato de relatarem melhora na qualidade das consultas à equipe de saúde e na importância dada à realização de exames, pois sabemos que estes são importantes fatores que levam, como foi demonstrado, à maior confiança e segurança no acompanhamento de seu tratamento. Relatou-nos um Dullius J / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX dos diabéticos como conclusão ao questionário: “Um programa como este ajuda a esclarecer as questões relacionadas a diabetes.” Foram observadas melhoras significativas nos graus de compreensão sobre a influência dos alimentos, da dieta equilibrada e da prática de exercícios, devendo-se considerar seus tipos, o que favorece a capacidade de equilibração glicêmica e a atenção à saúde como um todo. Ressalta-se que, por ser este um programa em que o foco de atração é a atividade física, é claro que se esperava melhor nível de compreensão e interesse por este aspecto. Relataram, ainda, uma melhora média no nível de aceitação da condição de diabético, apesar da média deste grupo já se apresentar bastante elevada desde o princípio, expressando, também, um aumento na atenção às suas próprias condições gerais de saúde. Cabe destacar que este era um grupo bastante específico, com, em média, bom nível financeiro e de escolaridade. Contudo, mesmo neste, algumas respostas nos surpreenderam bastante, pois notamos, por exemplo, não haver, necessariamente, relação entre o tempo de diabetes instalado e o nível de conhecimento sobre a patologia e seus cuidados. Acreditamos que, e nisto estamos trabalhando, num grupo de menor nível sócioeconômico os índices de benefícios alcançados deverão ser ainda mais significativos, pois o trabalho no PROAFIDI é feito principalmente a partir das próprias demandas apresentadas pelos participantes e em linguagem no começo acessível a eles. Assim, observou-se muito ampla melhora em todos os aspectos analisados, confirmando a hipótese de que um programa orientado de atividades físicas dirigido por um profissional de Educação Física qualificado é um meio ótimo de proporcionar educação em diabetes. Agradecimentos Especiais agradecimentos à equipe do PROAFIDI, em especial à Profª. Kalina Bezerra e aos profs. e alunosmonitores do PROAFIDI, que auxiliaram na coleta e análise dos dados e na revisão do original. Também os agradecimentos ao prof. Edgar Hamann e a Eduardo Gomes pelo auxílio nos cálculos estatísticos e gráficos. Agradecimentos à empresa SCIL do Brasil que forneceu glicosímetros para o programa e apoio com a doação gratuita de 50 tiras para 15 diabéticos por 6 meses. Agradecemos também à Direção da Faculdade de Educação Física, do Centro Olímpico e do Decanato de Extensão pelo apoio prestado. Referências 1. Brunner & Suddarth. Avaliação e conduta de pacientes com Diabetes Mellitus. In: Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. Rio de Janeiro: Guanabara; 1993. p. 873-915. 2. Davidson M. Diabetes Mellitus. Rio de Janeiro: Revinter; 2001. 201 3. Perrasse AV. O Planejamento de um Programa de Educação em Diabetes. In: MS/SNPES. Educação em Diabetes. Brasil: Divisão Nacional de Doenças Crônico-Degenerativas do MS; 1989. p. 25-37. 4. Puig ML. 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Makoul G, Arntson P, Schofield T. Health Promotion in Primary Care: Physician – Pacient Communication and Decision Making about Prescription Medications. Soc Sci Med 1995;41(9):1241-1254. ¡ Grossi SA et al. / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX Diabetes 189 Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 03 (2003) 189~194 REVISÃO Terapia farmacológica oral em pacientes com diabetes mellitus do tipo 2: fundamentos para a enfermagem Oral pharmacologic therapies in type 2 diabetes mellitus: basis for nursing Sonia Aurora Alves Grossi*, Silvia Regina Secoli* *Profa. Dra. do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgica da Escola de Enfermagem da USP Resumo O artigo tem por objetivos: apresentar uma atualização sobre a terapia farmacológica oral para o controle glicêmico no diabetes mellitus do tipo 2 propondo medidas práticas para sua administração e, discorrer sobre o manejo da hiperglicemia na prática clínica salientando o papel da enfermagem. Palavras-chave: antidiabéticos orais, administração de medicamentos, enfermagem. Abstract The aim of this paper is to review the pharmacologic therapies in type 2 diabetes mellitus, propose practical recommendations for its use and discuss about the nursing role in the management of hyperglycemia in clinical practice. Key-words: oral antidiabetic agents, drug administration, nursing. Artigo recebido em 15 de abril de 2003; aceito em 15 de maio de 2003. Endereço para correspondência: Profa. Dra. Sonia Aurora Alves Grossi, Escola de Enfermagem da USP, Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 419, 05403-000 São Paulo. Tel: (11)3066-7543, Fax: (11)3066-7546, E-mail: [email protected] 190 Grossi SA et al. / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX Introdução Sulfoniluréias O diabetes mellitus do tipo 2(DM2), corresponde a 90% dos casos de diabetes e caracteriza-se pela diminuição na secreção e ação da insulina em nível celular. Ocorre na maior parte dos casos em adultos com antecedentes familiares e obesos sendo que, nestes últimos, a resistência à insulina em nível tecidual geralmente está presente [1,2,3]. As complicações agudas e crônicas decorrentes da doença resultam em incapacidade para a realização das atividades diárias e produtivas, comprometem a qualidade de vida sendo que o tratamento das mesmas é extremamente oneroso para o sistema de saúde [4,5]. Evidências a partir de observações clínicas, epidemiológicas e bioquímicas indicam que a manutenção de parâmetros glicêmicos e da pressão arterial próximos à normalidade podem reduzir a incidência e a severidade das complicações neuropáticas, macro e microvasculares [6,7]. Para alguns pacientes com DM2 o uso de intervenções não farmacológicas(atividade física, terapia nutricional, monitorização, educação e intervenções psicossociais) é suficiente para manter o controle glicêmico, entretanto, para a maioria deles o tratamento requer a administração de um ou mais antidiabéticos orais, insulina ou ambos. Além disso, é bastante comum que outros agentes farmacológicos sejam associados quando existem complicações e fatores de risco associados [8]. Assim sendo, este artigo tem por objetivos: apresentar uma atualização sobre a terapia farmacológica oral para o controle glicêmico no diabetes mellitus do tipo 2 propondo medidas práticas para sua administração e, discorrer sobre o manejo da hiperglicemia na prática clínica salientando o papel da enfermagem. Modo de ação Farmacoterapia no diabetes mellitus do tipo 2 Na farmacoterapia do DM2 são utilizados esquemas monoterápicos ou terapias combinadas. O Quadro 1 ilustra os cinco grupos químicos dos agentes antibiabéticos orais e os nomes genéricos dos representantes mais utilizados. Quadro 1- Grupo químico e nome genérico dos principais agentes antibiabéticos orais. As sulfoniluréias exercem a sua principal ação farmacológica sobre as células β das ilhotas pancreáticas, estimulando a secreção de insulina, especialmente no inicio da terapia, causando assim, a redução dos níveis sangüíneos de glicose. São capazes de aumentar o número de receptores de insulina nos músculos e nas células adiposas, além de reduzirem a produção de glicose hepática [8,9,10,11]. Por isso, são denominados na clínica como agentes hipoglicemiantes [8]. Classificação São classificadas em sulfas de primeira, segunda e terceira geração. A clorpropamida pertence ao grupo de primeira geração. Entre os antidiabéticos de segunda geração incluem-se a Glipizida, Glibenclamida e a Glicazida [8,9,10,11]. A glimepirida é o representante da terceira geração que se carateriza por possuir ação mais precoce e duradoura, possibilitando o uso em dose única[12]. Os antidiabéticos de segunda geração, quando comparados aos de primeira, apresentam menor possibilidade de interações com outras drogas e desencadeiam menos efeitos colaterais [9,10,11]. Farmacocinética A absorção desses agentes geralmente é rápida, não sendo afetada pela presença de alimentos no estômago. Porém, a glipizida é mais efetiva quando administrada com o estômago vazio. O inicio da ação, a duração do efeito e a meia-vida (t½) varia conforme a droga (Quadro 2). As sulfoniluréias são ácidos fortes e ligam-se fortemente às proteínas plasmáticas (70-90%) assim, aparecem implicadas em interações com outras drogas. São metabolizadas pelo fígado e excretados na urina, principalmente por secreção tubular [8,9,10,11]. Os pacientes idosos e aqueles com alterações renais apresentam prejuízo no processo de eliminação destes agentes [10,11]. Quadro 2 - Inicio e duração da ação e meia - vida dos sulfoniluréias Inicio da ação Duração Meia-vida - t ½ (h) da ação (h) (h) Clorpropamida 1 72 35 Glibenclamida 1.5 18 - 24 10 Metformina Glipizida 1 16 - 24 7 Repaglanida, Nateglinida Glicazida (13) * 24 10.4 Tiazolidinedionas Troglitazona, Pioglitazona, Rosiglitazona Glimepirida 2-3 24 2.5 Inibidor da α glicosidase Acarbose * A monografia do produto[12] não refere este parâmetro. Grupo químico Nome genérico Sulfoniluréias Clorpropamida, Glibenclamida, Glipizida, Glicazida, Glimepirida Biguanidas Metiglinidas Antidiabético Grossi SA et al. / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX Efeitos colaterais Biguanidas O efeito de hipoglicemia é comum a todos os agentes do grupo, porém, mais comum com as de ação prolongada como, por exemplo, a clorpropamida. Reações alérgicas, prurido, eritema foram observados com estes agentes. A clorpropamida pode ocasionar lesões graves, como Stevens Johnson e fotossensibilidade grave. O ganho de peso que ocorre é, provavelmente, secundário ao aumento da secreção de insulina. No tratamento com os agentes clorpropamida têm sido descrita a retenção hídrica com hiponatremia com secreção inapropriada do hormônio antidiurético, especialmente em pacientes com insuficiência cardíaca e hepática. Foram também observadas alterações gastrointestinais do tipo náuseas e vômitos. Alterações hematopoiéticas (agranulocitose, anemia aplástica e hemolítica) são raras, mas podem ser graves [8,9,10,11]. Modo de ação 191 O único representante do grupo, o antidiabético metformina, exerce seu efeito farmacológico aumentando a captação de glicose pelo tecido adiposo e muscular esquelético. Além disso, diminui a produção hepática de glicose, por meio da redução da glicogenólise e da absorção de glicose pelo intestino. Possui efeito adicional metabólico causado pela redução das concentrações de triglicérides, colesterol LDL e total, sendo associado com o aumento do colesterol HDL [8,9,10,11]. Cabe destacar que o modo de ação deste grupo químico é complexo e não foi, ainda, totalmente identificado. Na clínica, este agente recebe a denominação de anti-hiperglicêmico ou sensibilizador de insulina [8]. Farmacocinética Interações com outras drogas As sulfoniluréias tem o efeito hipoglicêmico modificado (potencializado ou reduzido) pela interação com várias drogas, conforme ilustra o Quadro 3 [8,14]. Quadro 3 - Sulfoniluréias e interações com outras drogas Grupo químico Sulfoniluréias Drogas que podem alterar os níveis séricos do hipoglicemiante é do efeito hipoglicêmico ê do efeito hipoglicêmico Álcool, Cumarínicos, Cloranfenicol, Fenilbutazona, Inibidores da monoamina oxidase, Miconazol, Salicilatos, Sulfonamidas, Sulfimpirazona, Trimetoprima. Corticosteróides, Diuréticos (tiazidas e diuréticos de alça) A metformina tem sua absorção lentificada pela presença de alimentos no estômago. A duração da ação é de aproximadamente 6 horas e a meia vida (t½) de 6 horas. Não se liga a proteínas plasmáticas, fato este que reduz a possibilidade de ocorrência de interação com outras drogas. A excreção é renal, portanto, pacientes renais podem apresentar acúmulo da droga no organismo [8-11]. Efeitos colaterais Os distúrbios gastrointestinais que incluem cólicas abdominais, náuseas e diarréia são os principais efeitos colaterais. Efeitos como agitação, cefaléia e gosto metálico na boca são menos comuns. A acidose lática é um efeito indesejado e raro de ocorrer, porém, potencialmente fatal. Desta forma, o uso da metformina em pacientes com doenças renais, pulmonares e cardíacas deve ser evitada, devido a possibilidade ampliada da ocorrência desse efeito. Na terapia de longo prazo com a metformina pode haver interferência na absorção da vitamina B12 [8-12]. Interações com alimentos/orientações para o paciente Interações com outras drogas A administração de vários agentes do grupo sulfoniluréias com alimentos causa atraso na absorção destes antidiabéticos [8]. Os pacientes devem ser aconselhados a ingerirem estas drogas de 30 minutos a 1 hora antes da alimentação, com o intuito de fazer coincidir o pico de ação da droga com o aumento dos níveis sanguíneos de glicose pós-prandial. Na ocorrência de alterações gástricas devido à ação das sulfoniluréias, os pacientes devem ser orientados a tomarem o medicamento junto com alimentos. A glipizida é a única sulfoniluréia que recomenda-se, de fato, a ingestão com o estômago vazio [8,13]. A metformina pode interagir com cimetidina, repaglinida e tetraciclina, causando no paciente aumento do efeito hipoglicêmico. Em contrapartida, a interação com os contraceptivos orais promove redução do efeito hipoglicêmico da droga [8,14]. Interações com alimentos/orientações para o paciente A administração com ou após a alimentação geralmente é recomendada para minimizar os distúrbios gástricos, apesar dos alimentos reduzirem a absorção da metformina [8,14]. 192 Grossi SA et al. / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX Metiglinidas Tiazolidinedionas Modo de ação Modo de ação As metiglinidas exercem seu efeito principal de hipoglicemia por meio da aumento da liberação de insulina do pancrêas, este efeito é glicose-dependente e declina com a queda nas concentrações sanguíneas de glicose. Além disso, são capazes de reduzirem as concentrações de triglicerídios e LDL-colesterol [12]. A redução glicêmica, em particular da elevação pós-prandial e da hemoglobina glicosilada é semelhante ao das sulfas glibenclamida e glicazida [3]. Esta classe engloba a troglitazona, rosiglitazona e pioglitazona. Atuam aumentando a sensibilidade à ação da insulina no tecido muscular, hepático e adiposo. Assim, favorecem à utilização da glicose pelos tecidos periféricos(muscular e adiposo) e reduzem a produção hepática de glicose [3]. São descritas como tendo efeito anti-hiperglicêmico ou sensibilizador de insulina [8]. Farmacocinética A absorção dos agentes deste grupo é rápida, sendo que apresentam-se altamente ligados à proteínas plasmáticas (> 99%), especialmente a albumina. São metabolizados pelo fígado e excretados primariamente pelas fezes [8]. A absorção pelo trato gastrointestinal é rápida e completa. O inicio da ação é de 25 a 50 minutos, a duração do efeito é de 2 a 3 horas e a meia vida de aproximadamente 1 hora. Possuem alta ligação as proteínas plasmáticas (>95%), favorecendo a precipitação de interação com outras drogas. A metabolização é hepática e menos de 1% da droga é excretada pelos rins [8]. Efeitos colaterais Os efeitos colaterais associados a terapia com repaglanida são infecções respiratórias baixas, cefaléia, distúrbios gastrointestinais, artralgia e dor lombar [8]. Farmacocinética Efeitos colaterais A elevação das enzimas hepáticas tem sido relatada como um dos principais efeitos colaterais. Danos hepáticos são geralmente reversíveis, mas insuficiência hepática, seguida de morte, apesar de rara, já foram relatadas na literatura. Outros efeitos incluem desconforto gastrointestinal, cefaléia, edema periférico e faringite [8]. Interações com outras drogas Interações com outras drogas Quadro 4 - Interações entre a repaglanida e outras drogas. A troglitazona é inibidora de várias enzimas do sistema citocromo P450. Entretanto, não existe na literatura o estudo detalhado de todas as possíveis interações entre a troglitazona e outras drogas que utilizam o mesmo sistema P450 para metabolização [8]. Antidiabético oral Interações com alimentos/orientações para o paciente O Quadro 4 ilustra as interações importantes do ponto de vista clínico entre a repaglanida e outras drogas [8]. Repaglinida Drogas que podem alterar os níveis séricos do hipoglicemiante é do efeito hipoglicêmico ê do efeito hipoglicêmico Álcool, Alopurinol, Anticoagulantes orais, Cimetidina, Colestiramina, Cloranfenicol, Fluconazol, Inibidores da monoamino oxidase, Salicilatos, Sulfonamidas. Álcool (uso crônico) Antiinflamatórios nãoesteroidais, Rifampicina. Interações com alimentos/orientações para o paciente Os alimentos afetam pouco a absorção da repaglinida, entretanto, aconselha-se que esta droga seja tomada 15 minutos antes das refeições [8]. Os alimentos aumentam a extensão da absorção da troglitazona em 30% a 85%, por isso, recomenda-se sua administração com alimentos [8]. Em relação à rosiglitazona e pioglitazona, a presença de alimentos pouco afeta as suas biodisponibilidades. Grupo inibidores da α-glicosidase Modo de ação Os agentes deste grupo de antidiabéticos orais exercem sua ação farmacológica por meio da inibição das enzimas alfa-glicosidase (maltase, isomaltase, glicoamilase e sucrase) presentes na borda em escova intestinal e da alfa-amilase pancreática. A inibição destes sistemas enzimáticos reduz a absorção de amido e Grossi SA et al. / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX dissacarídeos, tendo como conseqüência a atenuação do aumento pós-brandial de glicose sangüínea. Na clínica, estes agentes são conhecidos como anti-hiperglicêmicos [8,9,10,11]. Farmacocinética A acarbose não é bem absorvida, apesar disso o inicio da ação é imediato, a duração do efeito é de cerca de 6 horas e a meia-vida de 2 horas. A acarbose é metabolizada no trato gastrointestinal por bactérias intestinais e enzimas digestivas, e sua excreção é renal [8,9,10,11]. Efeitos colaterais Os distúrbios gastrointestinais que incluem diarréia, dor abdominal e flatulência são freqüentes no inicio da terapia ou ocorrem no aumento da dose da acarbose. Nos exames laboratoriais podem ser encontrados níveis elevados das transaminases (alanina amino-transferase - ALT e aspartato amino-transferase - AST), geralmente relacionados à dose ou ao peso corporal do paciente (< 60 kg). Outros efeitos incluem redução do hematócrito e do cálcio sérico [8,9,10,11]. Interações com outras drogas A acarbose co-administrada com a metformina causa redução da biodisponibilidade (cerca de 35%) desta. Assim, não devem ser administradas de modo concomitante [8]. Interações com alimentos/orientações para o paciente A acarbose pode ser administrada às refeições. Não foram relatadas interações com alimentos. O manejo da hiperglicemia na prática clínica e o papel da enfermagem O tratamento da hiperglicemia em pacientes com DM2 tem como objetivos aliviar os sintomas, reduzir a ocorrência de complicações agudas, proporcionar bem-estar assegurando vida de qualidade e, prevenir ou retardar as complicações a longo prazo da doença [15]. Esses objetivos, geralmente, são atingidos quando as metas de controle glicêmico forem mantidas ao longo dos anos de doença, ou seja, glicemias de jejum até 110mg/dl e hemoglobina glicosilada até o limite superior do método empregado para análise. A estratégia fundamental para o alcance dessas metas é a educação em diabetes, a qual, não se deve restringir à transmissão de conhecimentos, mas, enfocar basicamente as mudanças de comportamento 193 necessárias que incluem: modificações no estilo de vida (hábitos e planos alimentares, atividade física e suspensão do fumo); adequação do peso corporal, monitorização glicêmica e terapêutica medicamentosa. As abordagens terapêuticas medicamentosas devem levar em consideração a disfunção básica preponderante na ocorrência da hiperglicemia em cada paciente. Dessa forma, uma estimativa sobre o papel da resistência ou deficiência de insulina na patogênese da hiperglicemia pode ser útil na decisão sobre a modalidade terapêutica mais adequada [15]. Além disso, os níveis da glicemia pré e pós-prandiais, da hemoglobina glicosilada, a idade do paciente, o possível efeito do medicamento sobre o peso corporal, a presença de doenças concomitantes, a farmacocinética das drogas, os efeitos colaterais e as possíveis interações precisam ser criteriosamente avaliadas [3]. De maneira geral, em pacientes que não têm indicação inicial de insulinoterapia (glicemia de jejum menor ou igual a 270mg/dl), as diretrizes para o tratamento da hiperglicemia no DM2 indicam o uso de medicamentos orais, quando os níveis glicêmicos desejáveis não forem alcançados com o uso das medidas não farmacológicas [3]. As recomendações do último Consenso da Sociedade Brasileira de Diabetes [3], indicam o uso da acarbose como primeira alternativa terapêutica em pacientes com glicemias de jejum normal (menor que 110 mg/dl), porém com hemoglobina glicosilada aumentada, o que seria indicativo de hiperglicemia pós-prandial. Para pacientes com glicemias de jejum entre 110 e 140 mg/dl existe a indicação de tratamento com acarbose ou metformina, sendo esta última a droga de escolha para aqueles com índice de massa corporal acima de 25 kg/m2. Nos casos em que os níveis glicêmicos de jejum estiverem entre 141 a 270 mg/dl, a metformina ou as sulfoniluréias podem ser utilizadas, sempre levando em consideração o índice de massa corporal do paciente. Quando o controle glicêmico não for atingido pela monoterapia, existe a indicação de acrescentar um segundo agente. Se ainda assim, o paciente apresentar resposta inadequada é possível acrescentar um terceiro agente, insulina (ao deitar) ou insulinoterapia plena. O emprego de outros medicamentos como as metiglinidas e as tiazolinedionas poderá ser feito a critério médico. A avaliação da efetividade da terapêutica e de sua interação com o plano alimentar e a atividade física realizada pelo paciente é passível de ser avaliada por meio da monitorização da glicemia capilar. É de fundamental importância que o enfermeiro discuta com a equipe e com seus pacientes propostas de esquemas de monitorização domiciliar que sejam efetivos e passíveis de execução. A freqüência na realização da monitorização glicêmica domiciliar é determinada pelo grau de controle desejado ou esperado para cada paciente, grau de desconforto relatado, medicamentos 194 Grossi SA et al. / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX em uso, mudanças terapêuticas, aspectos financeiros, e presença de situações especiais. Em pacientes que fazem uso de insulina, durante a gestação ou na presença de intercorrências clínicas, a medida da glicemia deve ser realizada, idealmente, pelo menos quatro vezes ao dia (antes das refeições e ao deitar). Nos pacientes que utilizam somente agentes orais ou a associação deles com insulina noturna, a freqüência de monitorização ideal não é conhecida, mas deve ser suficiente para permitir o ajuste terapêutico visando o controle glicêmico desejável em situações normais e especiais e, deve ser discutida com a equipe. A compreensão pelo enfermeiro, sobre os aspectos importantes da terapia farmacológica usada em pacientes com DM2, amplia as possibilidades de intervenções efetivas no manejo da hiperglicemia. Assim, pode-se cuidar de maneira mais segura, minimizar a ocorrência de toxicidade, evitar interações adversas, planejar os cuidados de forma a maximizar a eficácia terapêutica dos medicamentos proporcionando maior conforto ao paciente [16]. Considerando que, o diabetes é doença crônica que exige toda uma vida de comportamentos especiais e, que cerca de 90% da demanda para o autocuidado é realizada pelo próprio paciente, é preciso que o enfermeiro seja capaz de capacitar pacientes e familiares para o manejo diário do diabetes envolvendo também as intervenções farmacológicas e a medida de sua efetividade no controle glicêmico. Ensinar estratégias para avaliar, prevenir, minimizar ou intervir em problemas relacionados com as drogas usadas é essencial para o desenvolvimento de autonomia nos pacientes. Quanto maior for a capacidade do paciente para resolver seus próprios problemas diários, maior será a adesão ao tratamento e consequentemente melhor o controle metabólico [17]. Referências 1. Setian N. Como aparece o diabetes mellitus.In: Setian N, Damiani D, Dichtchkenian V. Diabetes mellitus na criança e no adolescente: encarando o desafio. São Paulo: Sarvier; 1995. p. 3-8. 2. Lerário AC. 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[citado 2003 mar 10] Disponível em: URL: http://www.ids-saúde.org.br ¡ Marques SF / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX Diabetes 203 Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 03 (2003) 203~208 ARTIGO ORIGINAL Associação entre o estresse oxidativo e a nefropatia diabética: estudo bioquímico Association between oxidative stress and diabetic nephropathy: biochemical study Silvio Fernando Guideti Marques* *Biomédico, Mestre em Ciências Biológicas A/C: Bioquímica, Doutorando do Departamento de Cirurgia e Ortopedia da Faculdade de Medicina de Botucatu, FMB, da Universidade Estadual Paulista, UNESP Resumo O objetivo deste trabalho foi estabelecer a associação entre o estresse oxidativo e a nefropatia diabética. Foram utilizados 24 ratos, machos, adultos, Wistar (250 g), divididos em dois grupos (n=12): o grupo (A) foi considerado controle, recebendo dieta padrão e água ad libitum; os animais do grupo (B), chamado diabético, foram tratados com dose única de estreptozotocina (75 mg/kg, i.p.) para indução do diabetes mellitus. Após 15 dias de tratamento, animais diabéticos apresentaram glicosúria e aumento nas concentrações séricas de creatinina, uréia e glicose, caracterizando dano renal. De maneira análoga, foi observado elevação na concentração de hidroperóxidos no tecido renal de animais diabéticos, mesmo com o aumento nas atividades da superóxido dismutase (SOD) e glutationa peroxidase (GSH-Px), indicando que as alterações bioquímicas estariam diretamente associadas à formação de radicais livres. Estes resultados demonstram com mais exatidão a correlação entre o estresse oxidativo e as lesões renais tão freqüentes no diabetes mellitus. Palavras-chave: diabetes, estresse oxidativo, nefropatia. Abstract This work was aimed to establish the association between the oxidative stress and the diabetic nephropathy. Twenty-four male Wistar rats weighing 250 g were used. The animals were divided in two groups of twelve rats each. Control group (A) received pattern diet and water ad libitum; group (B), called diabetic, received a single injection (i.p.) of streptozotocin (75 mg/Kg) for induction of diabetes mellitus. After 15 days of treatment the diabetic animals presented glycosuria and increasedseric creatinine, urea and glucose concentrations characterizing renal damage. In a similar way elevation in hidroperoxide concentration was also observed in the renal tissue of diabetic animals in spite of the increase in the superoxide dismutase (SOD) and glutathione peroxidase (GSH-Px) activities indicating that biochemical alterations would be directly associated to the formation of free radicals. These results demonstrate with more accuracy the correlation between the oxidative stress and the very frequent renal lesions in diabetes mellitus. Key-words: diabetes, oxidative stress, nephropathy. Artigo recebido em 16 de maio de 2003; aceito em 5 de junho de 2003. Endereço para correspondência: Silvio Fernando Guideti Marques, Departamento de Cirurgia e Ortopedia, Faculdade de Medicina de Botucatu/ UNESP, Distrito de Rubião Júnior s/n, 18618-000 Botucatu SP, Tel: (14) 6802-6269/9798-5196, E-mail: [email protected] 204 Marques SF / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX Introdução O Diabetes Mellitus exerce um impacto de longo alcance, tanto sobre a saúde do indivíduo como sobre o sistema sanitário de qualquer país. No Brasil, a incidência é de 7,6% da população, no entanto, em zonas periféricas de São Paulo, algumas amostras revelaram incidência de 11%. Nos Estados Unidos afetam cerca de 6 a 7% da população total, ou aproximadamente 16 milhões de pessoas, e é estimado que a metade desses casos permanece não-diagnosticada. Neste país, o diabetes é o principal causador de novos casos de cegueira em indivíduos da faixa etária entre 20 e 74 anos. Mais de um terço dos pacientes sob diálise estão no estágio terminal da doença renal, secundária à nefropatia diabética. Entre 50 a 75% das amputações não-traumáticas de extremidades inferiores ocorrem em pacientes diabéticos [1,2]. As pessoas com diabetes têm probalidade 25 vezes maior de desenvolver cegueira, são 17 vezes mais propensas a sofrer de doença renal, têm 20 vezes mais chance de ter uma gangrena e 30 a 40 vezes maior probabilidade de sofrer uma grande amputação. O diabetes eleva, ainda, em duas vezes, nos homens, e quatro vezes nas mulheres, a chance de manifestar doença da artéria coronária, aumentando em duas vezes o risco de apoplexia, quando comparado a uma pessoa sem diabetes [2]. O Diabetes Mellitus, também denominado de diabetes açucarado ou diabetes sacarino, é uma desordem endócrina caracterizada por hiperglicemia devido à falta, absoluta ou relativa, de insulina ou resistência à mesma. Esta patologia, porém, não é caracterizada apenas pelo estado hiperglicêmico, mas também por diversas complicações, tais como: nefropatia, que induz ao dano renal; microangiopatia (anormalidade nas paredes de pequenos vasos); macroangiopatia (aterosclerose) [3] seguida de hiperlipidemia [4], hipertensão [5] e aumento da glicosilação protéica [6,7,8]. Por outro lado, diversos estudos têm associado o aumento na produção de radicais livres com o desenvolvimento das complicações crônicas do diabetes [9-15]. Os radicais livres ou espécies reativas do oxigênio (ERO) são átomos ou moléculas que possuem um elétron não-pareado na sua órbita externa, gerando um composto muito instável [16]. Indivíduos saudáveis apresentam mecanismos adequados de defesas antioxidantes, impedindo a ação tóxica das ERO sobre as células. Entretanto, quando há produção excessiva de ERO nos sistemas biológicos ocorre o estresse oxidativo [17]. Durante o estresse oxidativo, as ERO, tais como, radical superóxido (O2-), radical hidroxil (OH-) e peróxido de hidrogênio (H2O2), podem induzir danos nos tecidos, como a peroxidação dos lipídios insaturados das membranas celulares, ou organelas celulares. Tal peroxidação causa a perda das funções das mesmas, pela inativação de enzimas ligadas à membrana, aumento da permeabilidade não específica e finalmente lise celular [18]. Para impedir a ação tóxica das ERO, as células apresentam defesas antioxidantes, nas quais destacamse as enzimas superóxido dismutase (SOD - E.C. 1.15.1.1.), glutationa peroxidase (GSH-Px - E.C. 1.11.1.9.) e catalase (E.C. 1.11.1.6.). As células apresentam, também, defesas antioxidantes nãoenzimáticas como o sistema glutationa, a-tocoferol (vitamina E), ácido ascórbico, b-caroteno e metabólitos como a bilirrubina e urato [19,20]. Ha et al. [21], observando que o dano oxidativo do DNA estava aumentado em rins de diabéticos, sugeriram o envolvimento das ERO na nefropatia diabética. Estudos recentes demonstraram que o aumento na concentração de hidroperóxidos em rins e fígado de animais diabéticos estava associado com a diminuição nas atividades das enzimas antioxidantes [1,9,10,22]. Portanto, o presente trabalho teve por objetivos caracterizar a nefropatia diabética e estabelecer a correlação entre as lesões renais do diabetes e o aumento do estresse oxidativo neste tecido. Material e métodos Foram utilizados, no presente trabalho, ratos, machos, adultos, Wistar, sadios ao exame clínico, de 3 meses de idade, fornecidos pelo Biotério Central da UNESP “Campus de Botucatu”, os quais permaneceram durante todo o período experimental, à temperatura de 23°C, período claro-escuro de 12 horas, recebendo dieta padrão e água ad libitum. Os animais foram distribuídos em gaiolas de poliuretano, três animais por gaiola, marcados individualmente, permitindo, assim, o reconhecimento de cada animal por gaiola. Diariamente as gaiolas foram higienizadas. Os animais foram divididos em dois grupos experimentais, cada um representado por 12 indivíduos com pesos semelhantes (250 g). O grupo (A) foi considerado controle recebendo dieta padrão e água ad libitum. Aos animais do grupo (B), chamado diabético, foi administrada, em dose única de 75 mg/Kg [23], streptozotocin (STZ) prepara em tampão citrato de sódio (0,01 M e pH 4,5), administrada via intraperitonial (i.p.) para indução do diabetes mellitus. O consumo alimentar e a ingestão hídrica foram medidos diariamente. Semanalmente os animais de cada grupo foram pesados. Os animais, previamente anestesiados com “pentobarbital sódico” (30 mg/Kg, i.p.), foram sacrificados por fratura cervical e decapitação 15 dias após o tratamento. O sangue foi coletado em tubos de centrífuga, com auxílio de um funil. O soro foi separado por centrifugação a 3000 rpm, em centrífuga Benfer, e utilizado para a determinação das concentrações de proteína total [24], albumina [25], creatinina [25], glicose [26] e uréia [25]. Marques SF / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX 205 Os resultados foram apresentados como pela análise Além disso, vinte e quatro horas antes do sacrifício, de média ± desvio padrão, confrontados variância os animais foram mantidos em gaiolas metabólicas (ANOVA), seguida do teste de comparações múltiplas individuais, e a urina coletada foi utilizada para a de Tukey, com p < 0,05. determinação das concentrações de proteína total, albumina, creatinina e glicose. Resultados Para a avaliação do estresse oxidativo, os rins foram imediatamente retirados, lavados em solução salina As condições gerais dos animais foram normais gelada (NaCl 0,9%) e pesados. Em seguida foram durante todo o período experimental. Animais diabéticos extraídas pequenas porções de cada rim e mantidas a apresentaram maior consumo alimentar e ingestão hídrica, 4°C em cuba de isopor com gelo picado. porém, menor ganho de peso (Tabela I). Posteriormente, cada porção foi homogeneizada em Não foram observadas alterações significativas no Potter Elvehjem, com pistilo de teflon, com 5 mL de peso total dos rins entre os grupos estudados, contudo, tampão fosfato de sódio (0,1 M e pH 7,0). Os animais diabéticos apresentaram valores elevados na homogeneizados foram utilizados para a determinação relação entre o peso total do rim e o peso corporal em da concentração de proteína total e posteriormente relação ao grupo controle (Tabela I). centrifugados a 10000 rpm por 15 minutos, em Nenhuma diferença significativa foi observada nas centrífuga refrigerada a -4°C [27]. O sobrenadante concentrações de proteína total, albumina e creatinina foi utilizado para a determinação da concentração de na urina de animais diabéticos, entretanto, este grupo hidroperóxidos e atividades da superóxido dismutase apresentou aumento na concentração urinária de glicose e glutationa peroxidase. em relação ao grupo controle (Tabela II). A peroxidação dos lipídios das membranas celulares foi estabelecida através da determinação da concentração de hidroperóxidos, que foi Tabela I - Ingestão alimentar, ingestão hídrica, peso corporal, ganho de realizada através da oxidação do sulfato peso e peso do rim em ratos controle (A) e diabéticos (B). (*) diferença ferroso amonical. A amostra foi misturada e significativa em relação ao grupo controle (p < 0,05). incubada durante 30 minutos à temperatura Grupos ambiente com alaranjado de xilenol e butilato Parâmetros Analisados de hidrotolueno (BHT) em metanol 90% [28]. A B Os resultados foram expressos como nmol de Ingestão Alimentar (g/24 h/rato) 24,46 ± 2,37 45,74 ± 3,89 * BHT por grama de tecido (nmol/g tecido). Ingestão Hídrica (mL/24 h/rato) 42,15 ± 2,77 109,47 ± 8,32 * As atividades da superóxido dismutase Peso Corporal (g) 283,15 ± 7,54 217,66 ± 12,33 * foram determinadas fundamentadas na 78,94 ± 8,01 14,72 ± 2,61 * capacidade da enzima em inibir a redução do Ganho de Peso (g) 1,24 ± 0,03 1,16 ± 0,04 NBT (nitroblue-tetrazólio – Sigma) por radicais Peso do Rim (g) livres gerados pela hidroxilamina em meio Peso do Rim/Peso Corporal (g/kg) 4,38 ± 0,20 5,33 ± 0,26 * alcalino. Uma unidade da enzima foi definida como a quantidade de proteína necessária para diminuir 50% da velocidade de inibição da Tabela II - Concentrações de proteína total, albumina, creatinina e glicose redução do NBT, na ausência de amostra [29]. na urina de ratos controle (A) e diabéticos (B). (*) diferença significativa As atividades da glutationa peroxidase foram em relação ao grupo controle (p < 0,05). medidas através da oxidação da glutationa em Determinações bioquímicas Grupos presença de peróxido de hidrogênio. A A B glutationa oxidada (GSSG) formada através da 0,70 ± 0,06 0,76 ± 0,06 GSH-Px foi convertida em glutationa reduzida Proteína total (g/dl) Albumina (g/dl) 0,15 ± 0,02 0,17 ± 0,02 (GSH) na presença de glutationa redutase (GR) + e NADPH + H . Uma unidade da enzima (U) Creatinina (mg/dl) 110,57 ± 10,12 117,62 ± 8,41 será definida como a quantidade de enzima Glicose (mg/dl) 66,20 ± 7,34 747,43 ± 44,55 * necessária para oxidar 1mmol de GSH por minuto, que corresponde a 0,5 mmol de Animais diabéticos apresentaram elevação nas NADPH + H+ oxidado por minuto, com absorbância a concentrações séricas de creatinina, glicose e uréia em 412 nm [30]. relação ao grupo controle (Tabela III). Por outro lado, As leituras espectrofotométricas foram realizadas no nenhuma alteração significativa foi observada nas espectrofotômetro Pharmacia Biotech (England). Todos concentrações de proteína total e albumina no soro de os reagentes foram procedentes da Sigma (St. Louis, ratos diabéticos (Tabela III). MO, USA). 206 Marques SF / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX Tabela III - Concentrações de proteína total, albumina, creatinina, glicose e uréia no soro de ratos controle (A) e diabéticos (B). (*) diferença significativa em relação ao grupo controle (p<0,05). Embora as condições gerais e o comportamento dos animais tenham permanecido normais durante o período experimental, foi observada diminuição do peso corporal em Determinações bioquímicas Grupos animais diabéticos (Tabela I). A perda de peso A B figura como uma das manifestações mais Proteína total (g/dl) 6,15 ± 0,62 6,24 ± 0,63 comuns do diabetes. Em resposta à falta de Albumina (g/dl) 2,27 ± 0,30 2,54 ± 0,31 glicose no interior das células, o organismo utiliza duas vias para manter o fornecimento de energia: Creatinina (mg/dl) 1,20 ± 0,09 1,99 ± 0,13 * o aumento da mobilização e utilização de gordura Glicose (mg/dl) 89,37 ± 10,44 277,60 ± 24,95 * e o catabolismo protéico, processos que Uréia (mg/dl) 41,40 ± 3,76 75,07 ± 3,15 * contribuem de maneira significativa para a perda de peso corporal no diabetes. Não foram observadas diferenças signifiTabela IV - Concentrações de proteína total e hidroperóxidos, e atividades cativas em relação ao peso total dos rins entre da superóxido dismutase (SOD) e glutationa peroxidase (GSH-Px) nos os grupos. Contudo, na avaliação da relação rins de ratos controle (A) e diabéticos (B). (*) diferença significativa em entre o peso do rim e o peso corporal, animais relação ao grupo controle (p < 0,05). diabéticos apresentaram valores elevados em Determinações bioquímicas Grupos relação ao grupo-controle, provavelmente associados ao dano renal e a diminuição na taxa A B de filtração glomerular [33]. Proteína Total (g/dl) 15,31 ± 1,27 12,74 ± 1,11 A função renal foi avaliada pela medida da Hidroperóxidos (nmol/g de tecido) 22,04 ± 2,24 37,48 ± 2,06 * excreção urinária de proteína total, albumina, SOD (U/mg de proteína) 132,13 ± 10,75 284,76 ± 12,49 * creatinina e glicose (Tabela II), assim como, pela GSH-Px (U/g de tecido) 4,27 ± 0,21 8,59 ± 0,56 * concentração sérica de uréia, proteína total, albumina, creatinina e glicose (Tabela III). A presença de globulinas na urina é um indicador Na Tabela IV estão apresentados os resultados obtidos sensível de dano nas células tubulares [34]. As globulinas nos rins. Embora não tenham sido observadas alterações são proteínas de baixo peso molecular que são filtradas significativas na concentração de proteína total, animais pelos glomérulos e freqüentemente reabsorvidas pelas diabéticos apresentaram elevação na concentração de células tubulares. No presente trabalho, animais diabéticos hidroperóxidos, assim como, aumento nas atividades da não apresentaram alterações significativas nas superóxido dismutase (SOD) e glutationa peroxidase concentrações urinárias de proteína total, albumina e (GSH-Px) em relação ao grupo controle. creatinina em relação ao grupo-controle. Por outro lado, quando a quantidade de glicose ofertada à reabsorção Discussão tubular ultrapassa a capacidade reabsortiva do mesmo, ocorre glicosúria. No presente trabalho foi observada A associação entre o estresse oxidativo e as intensa glicosúria em animais diabéticos (Tabela II), complicações do diabetes mellitus tem sido cada vez caracterizando o quadro de diabetes mellitus mais estabelecida. Durante o diabetes, a hiperglicemia descompensado [35]. persistente causa aumento na produção de radicais livres A concentração de creatinina no soro tem sido usada através da auto-oxidação de glicose e pela glicosilação como medida adequada da filtração glomerular. Na falha protéica não-enzimática [1,9,10,31]. ou diminuição do fluxo sangüíneo renal, ou como resultado Animais diabéticos apresentaram aumento na ingestão da diminuição na função do néfron pelo dano renal, ocorre hídrica, assim como no consumo alimentar, quando retenção no sangue de produtos do metabolismo. A comparados ao grupo-controle (Tabela I). Quando a glicemia concentração de creatinina sérica também permanece ultrapassa um limite de 180 mg/dL, esta começa a ser elevada na falha renal aguda, na qual a taxa de filtração eliminada pela urina (glicosúria). Nesta alteração, grandes glomerular é baixa e grandes volumes de urina refletem o volumes de água são eliminados juntamente com o excesso dano tubular. No presente trabalho, animais diabéticos de glicose (poliúria). Com o objetivo de repor a água perdida, apresentaram elevação na concentração sérica de ocorre ingestão excessiva de líquidos (polidipsia). Mesmo creatinina indicando dano renal associado com diminuição com hiperglicemia, como há uma redução na produção e/ na taxa de filtração glomerular [36]. ou ação da insulina, o diabetes caracteriza-se pela diminuição Quando comparados ao grupo-controle, animais relativa ou absoluta de glicose no interior das células, diabéticos mostraram um aumento na concentração provocando sensação de fome e grande ingestão de sérica de uréia. Ohara et al. [37] observaram elevação alimentos (polifagia) [32]. Marques SF / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX na concentração sérica de uréia em animais diabéticos. O acúmulo de uréia no soro indica redução na taxa de filtração glomerular, ou seja, redução na função dos glomérulos [35]. O envolvimento de radicais livres como facilitadores para o agravamento das complicações no diabetes mellitus tem sido amplamente relatado [9,10,11,12,13,14,15]. A susceptibilidade à ação dos radicais livres está presente em todos os componentes celulares, contudo, a membrana celular é o principal alvo por ser constituída em grande parte por ácidos graxos poliinsaturados. A peroxidação de lipídios de membranas celulares causa a perda das funções das mesmas, pela inativação de enzimas ligadas à mesma, aumento da permeabilidade não específica e finalmente a lise celular [38]. No presente trabalho, animais diabéticos apresentaram elevação na concentração de hidroperóxidos nos rins quando comparados ao grupo-controle (Tabela IV). No quadro de hiperglicemia prolongado, a produção de radicais livres se eleva através da auto-oxidação de glicose e pela glicosilação protéica não enzimática [1,9,10,31]. O aumento na concentração de hidroperóxidos nos tecidos é um marcador efetivo de lipoperoxidação. Por outro lado, organismos saudáveis possuem mecanismos adequados de defesa antioxidante no combate à ação tóxica dos radicais livres, contudo, quando há produção exagerada de radicais livres nas células, ocorre o estresse oxidativo [17]. No presente estudo, animais diabéticos apresentaram elevação nas atividades da superóxido dismutase (SOD) e glutationa peroxidase (GSH-Px) (Tabela IV). Desde que, a concentração de hidroperóxidos aumentou e as atividades da SOD e GSH-Px elevaram, pode-se sugerir uma produção excessiva de radicais livres em relação às defesas antioxidantes, caracterizando, portanto, o estresse oxidativo. Kakkar et al. [9,10] observaram aumento na produção de hidroperóxidos nos rins de animais diabéticos mesmo com a elevação nas atividades da SOD e GSH-Px, sugerindo que a atividade enzimática antioxidativa não foi suficiente para conter a lipoperoxidação. Portanto, a susceptibilidade renal ao ataque dos radicais livres poderia ser um fator determinante no desenvolvimento da nefropatia diabética. Além disso, as alterações bioquímicas observadas anteriormente, como a glicosúria e o aumento nas concentrações séricas de creatinina, glicose e uréia, estariam diretamente relacionadas ao estresse oxidativo nos rins. Conclusões Os resultados obtidos no presente trabalho permitem estabelecer com mais exatidão a correlação entre o estresse oxidativo e as complicações do diabetes mellitus, em que os rins são alvos constantes do ataque dos radicais livres durante a hiperglicemia prolongada. 207 Agradecimentos A Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo auxílio financeiro, sem o qual, este trabalho ficaria incompleto e amplamente prejudicado. Referências 1. Berg TJ, Nourooz-Zadeh J, Wolff SP, Tritschler H, Bangstad HJ, Hanssen KF. Hydroperoxides in plasma are reduced by intensified insulin treatment. 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Para este estudo, foram arrolados 51 pacientes diabéticos, sendo 44% do sexo feminino e 56% do sexo masculino, na faixa etária entre 40 e 75 anos, e tempo médio de diagnóstico de DM de 15,6 anos, todos apresentando quadro de anidrose e/ ou fissuras plantares. O estudo possibilitou verificar a ação hidratante e regeneradora dos AGE em associações, em membros inferiores de pacientes portadores de DM, além de analisar dados de freqüência quanto a complicações crônicas, alteração de arcos, anidrose, calosidades, erros de hábitos, lesões, etc, sinais estes tão presentes na anamnese desses pacientes, deixando aqui a proposição de se avaliar mais integralmente e em equipe multiprofissional, pacientes diabéticos, portadores do “Pé em Risco”. Palavras-chave: ácidos graxos essenciais, pé diabético. Artigo recebido em 15 de maio de 2003; aceito em 5 de junho de 2003. Endereço para correspondência: Vera Ligia Coimbra Lellis, Av. Giovani Gronchi, 6675/13F, 05724-005 São Paulo SP 210 Lellis VLC / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX Introdução Ácidos graxos são os ácidos orgânicos presentes em todas as gorduras, animais e vegetais. Podem ser classificados em saturados, monoinsaturados e poliinsaturados, dependendo do tipo de ligação química presente em cada um deles. O corpo humano tem a capacidade de sintetizar certos ácidos graxos saturados e monoinsaturados, porém, é incapaz de sintetizar os poliinsaturados, como o ácido linoleico (C18: 2-n6) e o ácido alpha-linolênico (C18: 3n3). Esses dois ácidos graxos, por exercerem funções importantes no organismo humano, são denominados de essenciais e estão divididos em duas famílias distintas: Ômega-6 (n-6) e Ômega-3 (n-3). E como são os únicos não sintetizados pelo organismo, devem ser obtidos através de alimentos de origens animais e vegetais. Doenças do coração, desordens neurológicas (neuropatia diabética) e processos inflamatórios e imunológicos, podem, também, estar associados à deficiência de ácidos graxos essenciais (AGE). Deficiências no suprimento de AGE (ou no seu metabolismo), acarretam vários sintomas como eczemas de pele, astenia, alopecia, diabetes, distúrbios de comportamento, artrites e reumatismo, retardo na cicatrização de feridas, degeneração de fígado e rins, desidratação cutânea (diminuindo a proteção natural a agentes bacterianos) e problemas circulatórios e cardíacos. Através de uma ação enzimática, o organismo humano converte os AGE em cadeias poli-insaturadas mais longas, com importantes funções nas células do cérebro, nas terminações nervosas, nos órgãos sensoriais, nas glândulas supra-renais e em todas as células. Os AGE tornam mais flexíveis as hemácias do sangue, promovendo uma fluidez sanguínea, resultando em uma melhor oxigenação e nutrição dos tecidos. Os AGE, em níveis normais, atuam como elementos de comunicação entre as células, são precursores de certas prostaglandinas, controlam o nível de colesterol, equilibrando-os, e favorecem a permeabilidade da pele. Os ácidos graxos poli-insaturados são substâncias básicas para o organismo humano sintetizar os lipídios dérmicos (ceramidas) e membranas celulares (fosfolipídios), como hormônios e autocóides (prostaglandinas). Os AGE, quando aplicados topicamente, trazem como vantagens: • Aumento da elasticidade da pele. • Redução da perda de água transepidermal. • Aumento da função protetora da pele. • Proteção contra o ressecamento e a perda de maciez. A pele é o maior órgão do corpo humano, cujos tecidos estão em constante recomposição. Os AGE, desempenham papel importante no processo de regeneração da pele lesionada ou com alteração na sua integridade. Os AGE de cadeia longa Ômega 3 (C20: 4), atuam como mediadores que estimulam a resposta inflamatória e agem como agentes quimio-táxicos. A presença dos AGE, desencadeia um processo enzimático que estimula a produção de prostaglandinas (PGE1 e PGE2), resultando na produção de colagenase, elemento essencial no processo de cicatrização. Este estudo clínico, mediante o exposto, tem como finalidade verificar objetivamente, 211 Lellis VLC / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX Este estudo foi desenvolvido no Hospital Brigadeiro/SUS/SP, no Ambulatório de Podologia, e para tanto foram arrolados 51 pacientes com presença de anidrose e/ou fissuras, que foram analisados e fotografados. O trabalho foi realizado em um período de 45 dias, sendo dividido em duas fases: Na primeira, com o uso diário do creme hidratante, e na segunda, sem o uso do hidratante. Metodologia A pesquisa teve duração de 45 (quarenta e cinco) dias. Nesse período os pacientes foram avaliados quinzenalmente e documentados (fotografados). através de análise e documentação, o uso tópico de um produto que contém, na sua formulação, os AGE sob a forma de triglicérides de óleos vegetais, alantoína, vitamina E e vitamina B5, além de outros componentes, em membros inferiores (pés), de pacientes portadores de Diabetes Mellitus (DM). O trabalho foi dividido em duas etapas A primeira, com duração de 30 (trinta) dias, período em que o paciente fez uso do creme hidratante Passionderme, 02 (duas) vezes ao dia, nos pés. E a Fig. 1 – A e B, início do protocolo registro fotográfico feito sem nenhum tipo de tratamento (T0) notar fissuras profundas. C e D, após uso (T1) de PASSIONDERME por 15 dias, 2 vezes ao dia. A B C D 212 Lellis VLC / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX sapatos abertos ou fechados, etc. • Que o produto não era uma medicação e sim um cosmético. A cada retorno quinzenal (marcos 1 e 2), foram avaliados: textura da pele (turgor), evolução do ressecamento e/ou fissuras, referências citadas pelo paciente quanto à melhora pós-uso do produto, comparação com outros hidratantes que tenham usado anteriormente, além de registro do caso pesquisado e realização do tratamento podológico completo necessário. Todos os podólogos auxiliares da pesquisa receberam um plano de trabalho, para que as informações ficassem uniformizadas. Após 30 (trinta) dias, iniciou-se a segunda etapa do trabalho. Os pacientes foram orientados a Fig. 2 – A e B, Após 30 dias de uso do creme Passionderme (T2). cessar o uso do produto, retornando em 15 Praticamente não há mais fissuras e a superfície plantar encontra-se bem (quinze) dias, sem o uso de qualquer outro hidratante, para serem avaliados pela última hidratada. vez (marco 3), finalizando a pesquisa. segunda, de 15 (quinze) dias, em que o paciente foi orientado a interromper o uso do hidratante Passionderme e a não utilizar qualquer outro creme ou loção. Na primeira avaliação (marco zero), foi aplicado um protocolo de avaliação e feita uma documentação fotográfica em cada um dos pacientes, que receberam as seguintes instruções: • Parar com qualquer outro creme ou loção que estivesse utilizando. • Aplicar o creme hidratante Passionderme, 02 (duas) vezes ao dia, nos pés. • Retornar a cada 15 (quinze) dias, para ser avaliado e documentado. • Não alterar os seus hábitos, como tempo e temperatura do banho, andar descalço, uso de meias, Resultados I. Após 15 (quinze) dias de uso diário do hidratante Passionderme foi constatado o seguinte resultado: Textura da pele Fig. 3 – C e D, Após 45 dias (T3). Período de 15 dias sem uso do creme Passionderme. Nota-se certa regressão. • 85% dos pacientes apresentaram melhor textura da pele. • 15% dos pacientes apresentaram textura da pele inalterada. Ressecamento e/ou fissuras da pele Fig. 4 – Na imagem A paciente sem nenhum tratamento, apresenta intensa anidrose plantar. Na imagem B o mesmo paciente após 15 dias de uso do creme Passionderme, evidencia-se melhora significativa da anidrose plantar. • 70% dos pacientes com ressecamento e/ou fissuras apresentaram melhora do quadro. • 30% dos pacientes com ressecamento e/ou fissuras apresentaram acentuada melhora do quadro. Quanto ao uso do produto • 40% dos pacientes se declararam satisfeitos com o produto, quanto à facilidade de aplicação, odor e tratamento (hidratação e fissuras). • 57% dos pacientes se declararam muito satisfeitos com o produto, quanto à facilidade de aplicação, odor e tratamento (hidratação e fissuras). • 3 % dos pacientes se declaram indiferentes com relação a outros hidratantes. 213 Lellis VLC / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX Fig. 5 – A1 (T0) sem uso do creme Passionderme. A-2 detalhe mostrando fissuras profundas. A-3 (T1) após uso do creme PASSIONDERME por 15 dias. A-4 (T1) detalhe mostrando melhora nas fissuras e melhor hidratação plantar. A1 A2 A3 A4 Fig. 6 – A1 (T0) sem uso do creme Passionderme, mostrando fissuras. A2 (T1) após uso do creme Passionderme por 30 dias, mostrando regressão nas fissuras e melhor hidratação plantar. A1 II. Após 30 (trinta) dias de uso diário do hidratante Passionderme, foi constatado o seguinte resultado: Textura da pele • 90% dos pacientes apresen-taram melhor textura da pele. A2 Ressecamento e/ou fissuras da pele • Todos os pacientes que haviam apresentado anteriormente melhora e melhora acentuada no quadro de ressecamento e/ou fissuras, mantiveram ou melhoraram o quadro. 214 Lellis VLC / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX Fig. 6 – A1 detalhe das pernas (T0) sem uso do creme Passionderme. A-2 detalhe mostrando fissuras. A3 e A4 (T1) após uso do creme Passionderme por 15 dias, mostrando melhora nas fissuras, melhor hidratação plantar e cutânea. A1 A2 A3 A4 Quanto ao uso do produto • 20% dos pacientes se declaram satisfeitos com o produto, quanto à facilidade de aplicação, odor e tratamento (hidratação e fissuras). • 77% dos pacientes se declararam muito satisfeitos com o produto, quanto à facilidade de aplicação, odor e tratamento (hidratação e fissuras). • 3% dos pacientes manti-veram sua indiferença com relação a outros hidratantes. III - Nos 15 (quinze) dias finais, quando os pacientes foram orientados a descontinuar o uso de qualquer produto, foi constatado o seguinte resultado: • 70% dos pacientes apresentaram manutenção da melhora na textura da pele. • 30% dos pacientes apre-sentaram moderada regressão na textura da pele e nos sinais de ressecamento, sugerindo que houve uma regeneração celular em grande parte dos casos. Conclusão Através da análise dos resultados observados, pudemos obter informações importantes, que nos sugere que a ação hidratante e regeneradora dos AGE em associações, em membros inferiores de pacientes diabéticos e portadores do “Pé em Risco”, é satisfatoriamente verificável, como pudemos constatar através da observação clínica e documental. (anexo II). Lellis VLC / Diabetes Clínica 03 (2003) XXX~XXX 215 Fig. 6 – A1 e B1 (T0) sem uso do creme Passionderme, mostrando fissuras. A2 e B2 (T1) após uso do creme Passionderme por 15 dias, mostrando regressão nas fissuras e melhor hidratação plantar. A1 A2 B1 B2 Bibliografia Secretaria de Estado da Saúde do Distrito Federal. Consenso Internacional sobre Pé Diabético. 2001. Bowker JH, Pfeifer MA. O pé diabético. São Paulo: Dilivros; 2002. p.198 – 212. Campbell DR et al. Tratamento do pé diabético. 6ªed. São Paulo: Interlivros; 1996. Krasner D, Kane D. Chronic Wound Care: A Clinical Source Book For Health Care Professional. 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Testes clínicos de cuidados pré-conceptivos para alcançar rigoroso controle de glicose sanguínea no período de preconcepção e durante o primeiro trimestre de gestação demonstraram reduções impressionantes nas taxas de malformação comparadas com crianças de mães diabéticas que não participaram de programas de cuidados pré-conceptivos. Infelizmente, gravidez não planejada acontece em cerca de dois-tercos de mulheres portadoras de diabetes, impedindo cuidados preconceptivos adequados e levando persistentes excessos de malformação em suas crianças. Para minimizar a ocorrência destas devastadoras malformações, cuidados padronizados para todas as mulheres com diabetes devem incluir: 1) Orientação sobre o risco de malformações associado com gravidez não-planejadas e controle metabólico inadequado e 2) uso de contraceptivo efetivo todo o tempo a menos que o paciente esteja sob um bom controle metabólico e tentando ativamente conceber. Não há métodos contraceptivos que sejam especificamente contra-indicados em mulheres portadoras de diabetes. Assim, a seleção de um método para um paciente individual deveria ser feita por um assistente que seja familiar com práticas prescritivas de contracepção, que use a mesma orientação aplicada a mulheres não-diabéticas. Porque o fracasso inesperado de contracepção pode levar a tão sérias complicações para uma criança de uma mulher diabética, a preferência deveria ser dada a métodos com alto grau de eficácia comprovada. Programa de cuidados pré-conceptivos Para evitar o excesso de abortos espontâneos e malformação congênita em crianças de mães diabéticas, cuidados e educação sobre o diabetes devem começar antes da concepção. Isto é melhor alcançado por uma equipe multidisciplinar que inclui um diabetologista, internista, ou um clínico geral especializado em gerenciamento de diabetes; um obstetra que administre gravidez de alto risco; educadores em diabetes incluindo uma enfermeira, um nutricionista e um assistente social; e outros especialistas, quando julgar necessário. No final, a mulher diabética precisa se tornar o membro mais ativo Atualização ADA 2003 / Diabetes Clínica 03 (2003) da equipe, convocando os outros integrantes para orientações e qualificações específicas para ajudá-la a atingir o seu objetivo de uma gravidez e um recémnascido saudável. O objetivo principal destas orientações é definir os elementos de um programa de cuidados preconceptivos. Este programa deveria ser suficiente para minimizar malformação congênita e assim, reduzir substancialmente os custos com a saúde. Este documento descreve o plano de tratamento intensivo recomendado para pacientes, baseado na avaliação de risco, promoção da saúde, e intervenção e traça estratégias efetivas da equipe para implementar o plano para antes e durante o começo da gravidez. O modelo de preconcepção no diabetes e cuidados com a saúde no início de gravidez descrito neste documento é interativo. Inclui quatro elementos principais: 1) educação do paciente sobre a interação do diabetes, gravidez e planejamento familiar; 2) educação em qualificações em auto administração do diabetes; 3) cuidados médicos e testes laboratoriais com base em fisica; e 4) orientação dada por um profissional da área de saúde mental quando se tratar de reduzir estresse e melhorar a adesão ao plano de tratamento do diabetes. Todos os quatro elementos são importantes para os pacientes alcancarem o nível de controle glicêmico necessário para evitar excesso de malformações congênitas e abortos espontâneos. Objetivos específicos do tratamento O resultado desejado da fase de preconcepção de cuidados é o de abaixar os valores do teste HbA1c para um nível associado com o desenvolvimento optimal durante a organogênese. Estudos epidemiológicos indicam que os valores de HbA1c até 1% acima do normal são associados com taxas de malformação congênita e abortos espontâneos que não são maiores que as taxas em gravidez não-diabética. Entretanto, taxas de cada complicação diminuem com níveis mais baixos de HbA1c. Assim, o objetivo geral para administrar a glicemia no período preconceptivo e durante o primeiro trimestre deveria ser o de obter o mais baixo nível possível de HbA1c sem indevido risco de hipoglicemia para a mãe. Em particular, níveis que são menores que 1% acima do grupo normal são desejáveis. Qualificações em auto-gerenciamento prática essenciais para alcançar este nível de controle de glicemia na preparação para a gravidez são as mesmas qualificações necessárias para qualquer programa de auto-gerenciamento de insulina: • Utilização de um plano de refeições apropriado; • Auto-monitoramento da glicose sanguinea; • Auto-administração de insulina e auto-ajuste de doses de insulina; 217 • Tratamento de hipoglicemia (paciente e membros da família); • atividade física; • Desenvolver técnicas para reduzir estresse e enfrentar o processo de negação. Visita inicial Histórico médico e obstétrico Um histórico completo é imperativo antes de planejar uma gravidez. Isto deve incluir, mas não se limitar a, o questionário para o que se segue: • Duração e tipo de diabetes (tipo 1 ou tipo 2); • Complicações agudas, incluindo histórico de infecções, cetoacidose, episódios de hipoglicemia; • Complicações crônicas, incluindo retinopatia, nefropatia, hipertensão, doença arteriosclerótica vascular e neuropatia autonômica e periférica; • Administração do diabetes, incluindo dietas com insulina, prévio ou atual uso de agentes orais de redução de glicose, dieta e resultados de automonitoramento da glicose, terapia nutricional e atividade física; • Condições e medicação médica concomitante, doença da tireóide em particular para pacientes com diabetes tipo 1; • Histórico de menstruação e gravidez, uso de contraceptivo; • Sistema de apoio, incluindo família e ambiente de trabalho. Exame físico Retinopatia diabética, nefropatia, neuropatia autonômica (especialmente gastroparesia), doença arterial coronariana (DAC) podem ser afetadas por or podem afetar os resultados de uma gravidez. Assim, o exame fisico deveria dar atenção particular para o seguinte: • Medir a pressão arterial, incluindo testes para mudanças ortostáticas. • Exame de fundo de olho por oftalmologista ou outro especialista de olhos que tenha conhecimento sobre complicações oftalmológicas do diabetes. • Exame cardiovascular para traçar doença cardíaca ou vascular periférica. Se encontrado, pacientes deveriam se submeter a teste para monitoração para DAC antes de tentar ficar grávida para garantir que elas possam tolerar as crescentes demandas cardíacas. • Exame neurológico, incluindo avaliação para sinais de neuropatia autonômica. 218 Atualização ADA 2003 / Diabetes Clínica 03 (2003) Avaliação laboratorial usaram as seguintes metas pré e pósprandial: A avaliação deveria focalizar a avaliação do controle metabólico e detecção de complicações diabéticas que podem afetar ou serem afetadas pela gravidez: • Teste HbA1c • Creatinina plasmática e excreção urinária de proteína total e/ou albumina (razão albumina/creatinina ou taxa de excreção de 24h). Pacientes com excreção de urina > 190 mg/24h demonstraram estar sob crescente risco de distúrbios de hipertensão durante a gravidez. Pacientes com excreção de proteína > 400 mg/24h estão também sob o risco de retardo do crescimento ultrauterino durante o período final da gravidez. Tratamentos não específicos são indicados, mas as pacientes deveriam ser orientadas sobre estes riscos. Uma vez que as pacientes não devem tomar inibidores da enzima de conversão da angiotensina durante a gravidez, estas avaliações devem ser realizadas depois destas drogas serem interrompidas. • Medição do TSH e/ou nível de tiroxina livre em mulheres com diabetes tipo 1 por causa da coincidência de 5-10% de hiper- ou hipotiroeidismo. • Outros testes como indicado por exame ou histórico físico. Antes das refeições: glicose sanguinea completa capilar 70-100 mg/dl (3,95,6 mmol/l), ou glicose plasmática capilar 80-110 mg/dl (4,4-6,1 mmol/ l) Plano de administração O plano inicial de administração deve incluir os seguintes componentes: • Orientação sobre o risco e prevenção de anomalias congênitas; complicações fetal e neonatal de diabetes materno; efeitos da gravidez em complicações diabéticas maternas; riscos de complicações obstétricas com freqüência elevada em gravidez diabética (especialmente em distúrbios de hipertensão); a necessidade de uma contracepção efetiva até a glicemia ficar bem controlada; e a relação custo-benefício entre cuidados preconceptivos e prevenção de malformações. • Escolha de terapia antihiperglicêmica. Insulina deve ser prescrita para pacientes diabéticos tipo 1 e tipo 2, porque a seguranca dos agentes antidiabéticos orais atuais disponíveis não é garantida durante o período inicial da gravidez. • Estabelecimento de um plano para alcançar um baixo risco de glicemia. O principal instrumento para avaliar o risco de malformação em crianças é o resultado do teste materno de HbA1c. Dois passos são recomendados para se alcançar uma concentração de baixo risco (<1% acima do grupo normal, mais baixo se possível). 1. Estabelecer metas para glicose auto-monitorada. Programas de cuidados preconceptivos bem-sucedidos Duas horas depois das refeições: glicose sanguinea completa capilar <140 mg/dl (< 7,8 mmol/l) após 2 horas, ou glicose plasmatica capilaria <155 mg/dl (< 8,6 mmol/l) após 2 horas Não há nenhum dado que sugere que o monitoramento de glicose após as refeições tem um papel específico no cuidado com a preconcepção em diabéticas além do que é necessário para atingir a meta para a HbA1c. Assim, a atenção na monitoração préprandial é recomendada na assistência a pacientes que auto-administram as doses de insulina. 2. Implementar um plano de tratamento e monitorar os níveis de HbA1c em intervalos de 1 a 2 meses até estabilização. Pois, orientar a paciente sobre o risco associado com o nível dela. Se ela não alcancar um nível de baixo risco de 1% acima do limite acima do normal, considerar a modificação do regime de tratamento, com a inclusão de monitoramento de glicose pósprandial. É importante observar que as metas glicêmicas possam necessitar modificações de acordo com o reconhecimento da paciente da hipoglicemia. Administrar pacientes não hospitalizadas é o foro apropriado para se alcançar as metas glicêmicas da preconcepção. Cuidados contínuos Depois da visita inicial, as pacientes devem ser acompanhadas em intervalos de 1 a 2 meses dependendo da capacidade delas de administrar o programa e da presença e ausência de condições médicas coexistentes. Contatos por telefone freqüentes para o ajuste de doses de insulina e outros aspectos do tratamento também é aconselhável. Uma vez que a paciente alcançou um controle estável de glicemia (baseado no teste de HbA1c) que seja o melhor que ela possa alcançar, então ela poderá ser orientada sobre o risco de malformação e abortos espontâneos. Se o risco, bem como o status de complicações diabéticas maternas e quaisquer condições médicas coexistentes são aceitáveis, então a contracepção pode ser interrompida. Se a concepção não ocorrer dentro de 1 ano, a fertilidade da paciente deve ser avaliada. Atualização ADA 2003 / Diabetes Clínica 03 (2003) Considerações especiais Hipoglicemia É óbvio que tentar alcançar um controle glicêmico normal em pacientes com diabetes tipo 1 aumenta o risco de hipoglicemia severa. A ocorrência de severos, freqüentes ou inexplicados episódios de hipoglicemia pode ser devido a um número de fatores, tais como contraregulação defectiva, falta de consciência sobre hipoglicemia, erros nas doses de insulina, ou excesso de consumo alcoólico. Não há prova concreta que tal hipoglicemia é um risco independente para o desenvolvimento do embrião humano. Há, entretanto, o risco evidente para a mãe. Assim, é imperativo que este risco seja explicado para a mulher com diabetes que contemple a gravidez e que os meios de prevenção sejam oferecidos a ela e a sua família. A inserção de familiares e pessoas mais próximas à paciente em ambas educação e administração é imperativo. Contato freqüente com a paciente para reajustamento do programa de tratamento é parte do programa de prevenção de hipoglicemia severa. Retinopatia A retinopatia diabética pode acelerar durante gravidez. O risco pode ser reduzido pela conquista gradual de um bom controle metabólico antes da concepção e por fotocoagulação a laser em mulheres com indicações padronizadas para aquela terapia. Assim, uma avaliação inicial ampla do olho é necessária antes da concepção e mulheres com diabetes pré-existente devem ser orientadas sobre o risco de desenvolvimento e/ou progressão de retinopatia diabética. Em grupos nos quais um especialista em retina não está a disposição, outros profissionais experientes são aceitáveis. A avaliação oftalmológica contínua deve ser prevista durante a gravidez de todas as mulheres com diabetes. Hipertensão Hipertensão é um distúrbio frequentemente concomitante de diabetes ou que pode agravar a doença. Pacientes com diabete tipo 1 frequentemente desenvolvem hipertensão em associação com nefropatia diabética, uma vez manifestado pela presença de uma grande quantidade de proteinuria. As pacientes com diabetes tipo 2 sofrem com freqüência de hipertensão como uma doença concomitante. Além disso, na gravidez induzida a hipertensão é um problema em potencial para a mulher com diabetes, em particular quando proteinuria > 190 mg/dia está presente antes da concepção ou no início da gravidez. Monitoramento ostensivo e controle de hipertensão no período preconceptivo é aconselhável, para reduzir o risco de piorar a nefropatia diabética ou o desenvolvimento de retinopatia ou arteriosclerose clínica. Inibidores ACE, ²-bloqueadores e diuréticos devem ser evitados em mulheres contemplando gravidez. 219 Nefropatia A avaliação inicial da função renal pela creatinina plasmática e algumas medidas de excreção de proteina urinária (razão albumina/creatinina ou excreção de albumina de 24h) devem ser realizadas antes da concepção e serem seguidas em intervalos regulares por causa do impacto potencial da gravidez sobre a proteinúria e o impacto da insuficiência renal no crescimento e desenvolvimento do feto. Mulheres com parada renal incipiente (creatinina plasmática > 3 mg\dl ou clearance da creatinina < 50 ml\min) devem ser orientadas de que gravidez pode induzir a uma permanente piora da função renal em 40% das pacientes. Em casos com nefropatia menos severa, a função renal pode piorar transitoriamente durante a gravidez, mas piora permanente ocorre a uma taxa não diferente da do estado pré-gravidez. Por isso, não deve servir como uma contra-indicação para a concepção ou gravidez. Como mencionado acima, a presença de proteinuria > 190 mg\24h antes ou durante o início da gravidez é associada com risco 3 vezes mais elevado de distúrbios de hipertensão na segunda metade da gravidez. Inibidores da ACE para tratamento de microalbuminuria devem ser descontinuados em mulheres que estão tentado ficar grávidas. Neuropatia A presença de neuropatia autonômica, particularmente manifestada por gastroparesia, retenção urinária, ignorância sobre hipoglicemia ou hipotensão ortostática pode complicar a administração do diabetes na gravidez. Estas complicações devem ser identificadas, avaliadas e tratadas antes da concepção. Neuropatia periférica, especialmente síndromes de compartimento tais como sindrome do túnel carpiano podem ser exacerbadas pela gravidez. Administração do início da gravidez A gravidez deve ser confirmada o mais cedo possível depois da concepção através de exame laboratorial (urinária ou HCG plasmática). A mulher deve ser avaliada por profissionais de saúde para reforçar metas e métodos de administração o que deve se manter essencialmente estável através do primeiro trimestre. 220 Atualização ADA 2003 / Diabetes Clínica 03 (2003) Diabetes Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 03 (2003) ATUALIZAÇÃO American Diabetes Association 2003 Recomendações para a prática médica Transplante de pâncreas para pacientes portadores de diabetes tipo 1 Transplantes de pâncreas bem-sucedidos demonstraram ser significativamente eficazes na melhoria da qualidade de vida de pessoas portadoras de diabetes, primeiro por eliminar a necessidade da insulina exôgena, frequentes medições diárias de glicose sangüínea, e muitas das restrições dietéticas impostas pela doença. O transplante pode também eliminar complicações agudas comumente vividas por pacientes diabéticos tipo 1 (ex.: hipoglicemia e hiperglicemia). Transplante de pâncreas só é parcialmente bem-sucedido na reversão de complicações de longo prazo. Entretanto este procedimento é realizado depois de 20 anos de duração de diabetes. Não há dados disponíveis para determinar se o transplante realizado no início do desenvolvimento da doença preveniria complicações, como seria previsto dado os resultados do DCCT. Transplante de pâncreas somente requer imunossupressão ao longo da vida para prevenir rejeição do enxerto e recorrência em potencial do processo autoimune que pode destruir de novo as células de ilhotas pancreáticas. Regimes imunossupressores usados em pacientes que sofreram transplante têm efeitos-colaterais cujas freqüência e severidade restringem seu uso em pacientes que têm sérias complicações progressivas de diabetes ou cuja qualidade de vida é inaceitável. Além dos efeitos colaterais de imunossupressão ao longo da vida, o procedimento por si só tem um grau significativo de doença e carrega um pequeno mas não negligenciável risco de mortalidade. Não se sabe se a taxa de mortalidade excede o que é inerente em pacientes que se submeteram a transplante de pâncreas, isto é, pacientes com mais de 20 anos de diabetes crônico que têm extremas oscilações em glicemia, complicações abertas diabéticas e pobre qualidade de vida. Transplante de pâncreas ou ilhotas deve ser realizado em centros de cuidados que oferecem um programa ativo de transplante de rim e equipados adequadamente para gerenciar as complexidades médico e psicossociais das necessidades de pacientes que sofreram transplante a longo prazo. Recomendações 1. O transplante de pâncreas dever ser considerado uma alternativa terapêutica aceitável para terapia contínua de insulina em pacientes diabéticos com iminente ou em fase terminal estabelecida de doença renal que tiveram ou planejam se submeter a um transplante de rim, porque uma bem-sucedida adição de um pâncreas não coloca em risco a sobrevivência do paciente, pode melhorar as condições do rim, e irá normalizar a taxa de glicemia. Tais pacientes precisam também respeitar as indicações médicas e os critérios para o transplante de rim e não correr o risco de cirurgias em excesso para o o procedimento de transplante duplo. O sistema federal de previdência e os planos de saúde devem cobrir esses tipos de procedimentos de transplante de pâncreas que respeitam estes critérios. O transplante de pâncreas pode ser feito simultaneamente ou subseqüente ao transplante de rim. A sobrevivência do enxerto do pâncreas é melhor quando feito simultaneamente ao transplante de rim. Atualização ADA 2003 / Diabetes Clínica 03 (2003) 2. Na ausência de indicações para transplante de rim, o transplante de pâncreas deveria ser considerado apenas uma terapia em pacientes que exibem estes três critérios: 1) um histórico de complicações metabólicas freqüentes, agudas e severas (hipoglicemia, hiperglicemia, cetoacidose) que requeiram atenção médica; 2) problemas clínicos e emocionais com terapia exôgena de insulina que são tão severos quanto capazes de incapacitar; 3) constante fracasso no gerenciamento de insulina para prevenir complicações agudas. Programas de orientação para assegurar uma avaliação multiciplinar objetiva da condição do paciente e a qualificação para 221 transplante devem ser estabelecidos e seguidos. Os planos de saúde só são apropriados onde tais orientações e procedimentos existem. 3. Os transplante de células de ilhotas pancreáticas contêm significativa vantagem em potencial em relação aos transplantes da glândula inteira. Entretanto, atualmente, transplantes de células de ilhotas são um procedimento experimental, que também requer sistemática imunossupressão e devem ser somente realizados dentro do conjunto de estudos de pesquisa controlados. 222 Recomendações Hipertensão 2003 / Diabetes Clínica 03 (2003) Diabetes Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 03 (2003) ATUALIZAÇÃO Relatório 2003 do comitê sobre prevenção, detecção, avaliação e tratamento da hipertensão arterial The seventh Report of the Joint National Committee on Prevention, Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure (JNC 7) Este relatório foi publicado em maio de 2003 pelo comitê de coordenação do Programa Nacional (EUA) de Educação da Pressão Sanguínea, administrado pelo National Heart, Lung and Blood Institute (NHLBI). As recomendações as mais importantes deste sétimo relatório são as seguintes: tratamento único ou em associação com drogas de outras classes. Publicamos a seguir o resumo das principais conclusões deste relatório. Classificação da pressão arterial - Em pessoas com idade 50 anos, a pressão sanguínea sistólica 140 mmHg é um fator de risco cardiovascular mais importante do que a pressão diastólica. - O risco de doença cardiovascular começa com pressão de 115/75 mmHg e dobra por cada incremento de 20/10 mmHg. - Indivíduos que apresentam pressão sistólica de 120 a 139 mmHg ou diastólica de 80 a 89 mmHg devem ser considerados como pré-hipertensos e necessitam uma intervenção no estilo de vida para prevenir a doença cardiovascular. - Os diuréticos tipo tiazídicos devem ser usados em pacientes com hipertensão não complicada, em A Tabela 1 mostra a classificação de Pressão Arterial (PA) para adultos com idade de 18 anos ou acima. Esta classificação é baseada na média de 2 ou mais medições da PA em posição sentada em cada de dois ou mais visitas de escritório. Em contraste com a classificação proposta no relatório do JNC 6, uma nova categoria chamada pré hipertensão foi adicionada, e hipertensão de estágios 2 e 3 foram combinadas. Pacientes com pré-hipertensão estão sob risco aumentado de progressão para hipertensão; aqueles nos grupos de 130\80 a 139\89 mmHg PA (BP) correm duas vezes o risco de desenvolver hipertensão como aqueles com valores mais baixos. Classificação e administração de Pressão Arterial para adultos com 18 anos ou mais Classif da PA PA sistólica, mmHg Normal < 120 PA diastólica mmHg Alteração do estilo de vida E < 80 incentivar Tratamento incial Pré-hipertensão 120-139 ou 80-89 Sim Sem drogas anti-hipertensivas Hipertensão estágio 1 140-159 ou 90-99 Sim Diuréticos tiazídicos; podem ser considerados inibidor da ACE, ARB, β-bloqueador, CCB ou associação Hipertensão estágio 2 ≥160 ou ≥100 sim 2 drogas em associação para a maioria (diurético tiazídico e inbidor ACE ou ARB ou β-bloqueador ou CCB Recomendações Hipertensão 2003 / Diabetes Clínica 03 (2003) Risco de doença cardiovascular A hipertensão afeta aproximadamente 50 milhões de indivíduos nos Estados Unidos e aproximadamente 1 bilhão de indivíduos no mundo inteiro. À medida que a população envelhece, a prevalência de hipertensão aumentará mais ainda a menos que medidas de prevenção eficazes sejam implementadas. Dados recentes do Estudo Framingham sugerem que indivíduos que são normotensivos aos 55 anos têm um risco de 90% durante toda sua vida de desenvolver hipertensão. A relação entre pressão arterial (PA) e o risco de doença cardiovascular (cardiovascular disease – CVD) é continuo, coerente e independente de outros fatores de risco. Quanto maior a PA, maior é o risco de infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca, derrame e doença do fígado. Para indivíduos entre 40 e 70 anos, cada incremento de 20 mmHg em PA sistólica ou 10 mmHg em PA diastólica dobra o risco de CVD em todo o grupo de PA de 115\75 a 185\115 mm Hg. A classificação da hipertensão reconhece esta relação e assinala a necessidade para o aumento de educação do público e profissionais de cuidados com a saúde para diminuir os níveis de PA e prevenir o desenvolvimento de hipertensão na população em geral. As estratégias de prevenção de hipertensão estão disponíveis para a conquista destes objetivos. Benefícios obtidos com a baixa na pressão arterial Em testes clínicos, a terapia anti-hipertensiva foi associada a 35% a 40% de reduções médias em derrame; 20% a 25% em infarto do miocárdio; e mais de 50% em insuficiência cardíaca. É estimado que em pacientes com hipertensão de estágio 1 (pressão arterial sistólica < 140159 mmHg e\ou pressão arterial diastólica < 90-99 mm Hg) e fatores adicionais de risco cardiovasculares, uma queda de 12 mmHg em PA sistólica por 10 anos prevenirá uma morte para cada 11 pacientes tratados. Na presença de CVD ou órgão-alvo danificado, somente 9 pacientes necessitaram desta redução de pressão arterial para prevenir uma morte. Taxas de controle de pressão arterial Hipertensão é o mais comum diagnóstico principal nos Estados Unidos com 35 milhões de consultas como diagnóstico principal. Taxas atuais de controle (PA sistólica < 140 mmHg e PA diastólica < 90 mmHg), embora melhores, estão ainda muito abaixo do objetivo de 50% de pessoas saudáveis em 2010; 30% são ainda inconscientes de que eles têm hipertensão. Na maioria dos pacientes, que controlam hipertensão sistólica, o que constitui um fator mais importante de risco para CVD do que a PA diastólica exceto em pacientes mais jovens 223 que 50 anos e acontece com mais freqüência em pessoas mais velhas, foi consideravelmente mais difícil do que controlar hipertensão diastólica. Testes clínicos recentes demonstraram que o controle efetivo de PA pode ser alcançado na maioria dos pacientes com hipertensão, mas a maioria requererá 2 ou mais drogas antihipertensiva. Quando médicos não conseguem prescrever modificações no estilo de vida, doses de medicação antihipertensiva adequada, ou associações apropriada de drogas, controle inadequado de PA pode acontecer. Medição precisa de pressão arterial no consultório O método de medição de pressão arterial com um instrumento apropriadamente calibrado e validado deve ser usado. Os pacientes devem sentar-se e ficar quietos por pelo menos cinco minutos numa cadeira e não em uma mesa de exame, com os pés no chão e com braços apoiados na altura do coração. A medição da pressão arterial na posição em pé é indicada periodicamente, especialmente naqueles sob risco de hipotensão de postura. Um bracelete de tamanho apropriado (um bracelete envolvendo pelo menos 80% do braço) deve ser usado para garantir precisão. Pelo menos duas medições devem ser feitas. PA sistólica é o ponto no qual o primeiro de dois ou mais sons é ouvido (fase 1) e PA diastólica é o ponto anterior ao desaparecimento dos sons (fase 5). Médicos devem fornecer aos pacientes, verbalmente e por escrito os números específicos e objetivos de PA deles. Monitoramento ambulatorial de pressão arterial O monitoramento ambulatorial da PA fornece informação durante atividades físicas e durante o sono. O monitoramento ambulatorial da PA é justificado na avaliação da síndrome do “jaleco branco” na ausência de órgão periférico lesado. É também importante para avaliar os pacientes com resistência aparente à droga, sintomas de hipotensão com medicações antihipertensiva, hipertensão episódica e disfunção autonômica. Os valores ambulatoriais para PA são geralmente mais baixos do que leituras clínicas. Indivíduos hipertensos acordados têm uma PA média > 135\85 mm Hg e durante o sono > 120\75 mmHg. O nível de PA usando monitoramento ambulatorial de PA se correlaciona melhor do que medições de consultório com lesões de órgão-alvo. O monitoramento ambulatorial de PA também fornece uma medida da porcentagem de leitura de PA que são elevadas, a carga total de PA e a extensão de redução de PA durante o sono. Na maioria dos indivíduos, a PA diminui para 10% a 20% à noite; naqueles em que tais diminuições não são presentes apresentam risco aumentado de eventos cardiovasculares. 224 Recomendações Hipertensão 2003 / Diabetes Clínica 03 (2003) Auto-medição de pressão arterial A auto-medição de PA pode beneficiar pacientes fornecendo informações sobre respostas à medicação antihipertensiva, melhorando a aderência à terapia, e na avaliação de hipertensão da síndrome do “jaleco branco”. Indivíduos com uma PA média > 135\85 mmHg medida em casa são geralmente consideradas hipertensos. Equipamentos de medições em casa devem ser verificados regularmente. Avaliação do paciente Avaliação de pacientes com hipertensão documentada tem três objetivos: (1) Avaliar o estilo de vida e identificar outros fatores de risco cardiovascular ou distúrbios concomitantes que podem afetar prognósticos e orientar tratamento (quadro 1); (2) Revelar causas identificáveis de PA elevada (quadro 2); e (3) Avaliar a presença e ausência de dano de órgão-alvo e CVD. Os dados necessários são adquiridos através de histórico médico, exame físico, testes laboratoriais de rotina e outros procedimentos de diagnóstico. Quadro1 Fatores de risco cardiovasculares Maiores fatores de risco Hipertensão Tabagismo Obesidade (IMC ≥ 30) Inatividade física Dislipidemia Diabetes mellitus Microalbuminuria ou GFR (taxa de filtração glomerular) estimado < 60 ml\min Idade (>55 anos para homens e > 65 anos para mulheres) Histórico familiar de doença cardiovascular prematura (homens < 55 anos ou mulheres < 65 anos) Quadro 2 Causas identificáveis de hipertensão Hipertensão induzida por droga Doença renal crônica Aldosteronismo primário Doença renovascular Tratamento crônico com corticóides ou síndrome de Cushing Feocromocitoma Coarctação da aorta Doença da tireóide ou da paratireóide Componentes da síndrome metabólica O exame físico deve incluir uma medição apropriada de PA, com verificação do braço controlateral; exame do fundo de olho, índice de massa corporal (medição da circumferência da cintura também pode ser útil); auscultação da carótida, abdominal e femoral; palpação da glândula tireóide; exame do coração e pulmão; exame do abdome para rim dilatado, massas, e pulsação aórtica anormal, palpação de extremidades inferiores para edemas e pulsos; avaliação neurológica. Testes laboratoriais e outros procedimentos de diagnóstico Testes laboratoriais de rotina recomendados antes de início do tratamento inclui um eletrocardiograma, exame de urina, glicose sanguínea e hematocrito, potássio plasmático, creatinina (ou a taxa correspondente estimada de filtração glomerular) e cálcio; perfil lipídico (depois de um jejum de 9 a 12 horas), incluindo LDL e HDLcolesterol e triglicérides. Testes opcionais incluem medição de excreção de albumina urinária o razão albumina\creatinina. Outros testes para causas identificáveis não são geralmente indicados a menos que o controle de PA não seja alcançado. Danos em órgão-alvo Tratamento Coração Hipertrofia ventricular esquerda Angina ou infarto do miocárdio anterior Revascularização coronáriana anterior Insuficiência cardíaca Cérebro Derrame ou ataque isquêmico Doença renal crônica Doença arterial periférica Retinopatia O objetivo máximo em saúde pública da terapia para hipertensão é a redução de mortalidade e morbidade cardiovascular e renal. Porque a maioria dos pacientes com hipertensão, especialmente aqueles com pelo menos 50 anos, alcançará o objetivo de PA diastólica uma vez que a PA sistólica esteja na mira, o foco principal deve ser alcançar o objetivo da PA sistólica. Tratar a PA sistólica e a diastólica para metas que são menores que 140\90 mmHg é associado a uma diminuição em complicações de CVD. Em pacientes com hipertensão com diabetes ou doença renal, o objetivo da PA é menor que 130\80 mm Hg. Recomendações Hipertensão 2003 / Diabetes Clínica 03 (2003) Modificações no estilo de vida A adoção de estilos de vida mais saudáveis por indivíduos é indispensável para a prevenção de PA elevada e uma parte indispensável do acompanhamento daqueles com hipertensão. Maiores modificações do estilo de vida mostraram diminuir a PA inclusive redução de peso naqueles indivíduos que estão com sobrepeso ou obeso; a adoção do plano alimentar Dietary Approaches to Stop Hipertension, o qual é rico em potássio e cálcio; redução por dieta à base de sódio; atividade física; e moderação no consumo de álcool. Modificações no estilo de vida diminuem a PA, aumentam a eficácia de droga antihipertensiva, e diminuem o risco cardiovascular. Por exemplo, a dieta tem efeito semelhante ao tartamento de droga única. Combinações de 2 ou mais modificações no estilo de vida pode alcançar ainda melhores resultados. Tratamento farmacológico Excelentes dados de resultados de testes clínicos provam que abaixar a PA com várias classes de drogas, incluindo inibidores da enzima de conversão da angiotensina (ACE), bloqueadores dos receptores da angiotensina (ARB), bloqueadores de canal de cálcio (CCB), e diuréticos do tipo tiazídico, irão todos reduzir as complicações causadas por hipertensão. Os diuréticos do tipo tiazídico têm sido a base da terapia antihipertensiva em muitos resultados de testes. Nestes testes, incluindo o publicado recentemente Antihypertensive and Lipid-Lowering Treatment to Prevent Heart Attack Trial, os diuréticos não foram virtualmente ultrapassados na prevenção de complicações cardiovasculares de hipertensão. A exceção é o segundo Australian National Blood Pressure Trial, que relatou resultados ligeiramente melhores em homens brancos com um tratamento que começou com um inibidor da ACE comparado com outro iniciado com diurético. Diuréticos aumentam a eficácia antihipertensiva de tratamentos com multidrogas, podem ser úteis no controle da PA, e são mais baratos que outros agentes antihipertensivos. Apesar destas constatações, os antidiuréticos continuam poucos usados. Os diuréticos do tipo tiazídicos devem ser usados como tratamento inicial para a maioria dos pacientes com hipertensão, tanto sozinho ou em associação com um de outras classes (inibidores da ACE, ARB, CCB) demonstraram ser benéficos em estudos randomizados controlados. Se uma droga não é tolerada ou contraindicada, então uma das outras classes provada reduzir eventos cardiovasculares deve ser usada no lugar. Alcançando o controle de PA em pacientes individuais A maioria dos pacientes com hipertensão requererá 2 ou mais medicação antihipertensiva para alcançar os objetivos deles em PA. A adição de uma segunda droga 225 de uma diferente classe deve ser iniciada quando o uso de uma única droga em doses adequadas não consegue alcançar o objetivo da PA. Quando a PA é maior que 20\10 mmHg acima do objetivo, deve se considerar a terapia inicial com 2 drogas, tanto como prescrições separadas ou em combinações de doses fixas. A iniciação de terapia com mais de um agente pode aumentar a possibilidade de atingir o objetivo de PA numa maneira mais oportuna, mas cuidado especial é indicado àqueles sob o risco de hipotensão ortostática, tal como pacientes com diabetes, disfunção autonômica, e para algumas pessoas mais velhas. O uso de drogas genéricas ou drogas combinadas devem ser consideradas na redução de custos com prescrições. Acompanhamento e monitoramento Uma vez que a terapia com droga antihipertensiva é iniciada, a maioria dos pacientes deve retornar para acompanhamento e ajuste de medicação em intervalos mensais até o objetivo for alcançado. Consultas mais freqüentes serão necessárias para pacientes com hipertensão de estágio 2 ou com complicações. Potássio plasmático e creatinina devem ser monitorados pelo menos 1 a 2 vezes por ano. Depois que a PA alcançou o objetivo e se estabilizou, consultas de acompanhamento podem ser feitas normalmente a intervalos de 3 a 6 meses. Comorbidades, tal como insuficiência cardíaca, doenças associadas, tais como diabetes, e a necessidade de testes laboratoriais influenciam a freqüência das consultas. Outros fatores de risco cardiovasculares devem ser tratados de acordo com seus objetivos respectivos, e evitar o tabaco deve ser promovido vigorosamente. Terapia com baixas doses de aspirina deve ser considerada apenas quando a PA é controlada, porque o risco de derrame hemorrágico é maior em pacientes com hipertensão incontrolada.61 Doença isquêmica do coração A doença do coração isquêmica é a forma mais comum de dano de órgão-alvo associada com hipertensão. Em pacientes com hipertensão e doença coronariana estável, a primeira droga escolhida é geralmente um b-bloqueador; alternativamente, os CCB de ação prolongada podem ser usados. Em pacientes com síndromes coronarianas agudas (angina instável ou infarto do miocárdio), a hipertensão deve ser tratada inicialmente com b-bloqueadores e inibidores ACE, com a adição de outras drogas como necessária para o controle de PA. Em pacientes com infarto micardíaco, inibidores da ACE, b-bloqueadores e antagonistas da aldosterona provaram ser mais benéficos. Administração intensiva das dislipidemias e tratamento com aspirina também são recomendados. Insuficiência cardíaca A insuficiência cardíaca, na forma de disfunção 226 Recomendações Hipertensão 2003 / Diabetes Clínica 03 (2003) ventricular sistólica e diastólica, resulta principalmente de hipertensão sistólica e doença cardíaca isquêmica. Controle meticuloso de PA e colesterol são as principais medidas de prevenção para aqueles sob alto risco de HF. Em indivíduos sem sintomas com disfunção ventricular demonstrável, inibidores ACE e b-bloqueadores são recomendados. Para aqueles com disfunção ventricular sintomática ou doença do coração no estagio final, inibidores ACE, βbloqueadores, ARB, e bloqueadores da aldosterona são recomendados junto com diuréticos de alça. Hipertensão diabética Combinações de 2 ou mais drogas são normalmente necessárias para se alcançar o objetivo da meta de PA de menos que 130\80 mmHg. Diuréticos tiazídicos, bbloqueadores, inibidores ACE, ARB e CCB são benéficos na redução de doença cardiovascular e derrame em diabéticos. O inibidor ACE – ou tratamentos baseados em ARB afetam favoravelmente a progressão da nefropatia diabética e reduz albuminúria mostraram-se capazes de reduzir a progressão para macroalbuminúria. Doença renal crônica Em pacientes com doença renal crônica, definida por tanto: (1) função excretória reduzida com uma taxa estimada de filtração glomerular de menos de 60 ml\min per 1,73 m² (correspondendo aproximativamente a uma creatinina de > 1.5 mg\dl [> 132,6 µmol\l] em homens ou > 1,3 mg\dl [>114.9 µmol\l] em mulheres) ou (2) a presença de albuminúria (> 300 mg ou 200 mg albumina por grama de creatinina), objetivos terapêuticos são para diminuir a deterioração da função renal e prevenir a doença vascular. A hipertensão aparece na maioria desses pacientes e eles devem receber a administração de PA agressiva, geralmente com 3 ou mais drogas para atingir os valores de PA visada menor que 130\80 mmHg. Os inibidores da ACE e ARB demonstraram efeitos favoráveis na progressão de doença renal diabética e não diabética. Um aumento limitado em creatinina plasmática de tanto quanto 35% acima da linha básica com inibidores da ACE ou ARBs é aceitável e não uma razão para adiar tratamento a menos que a hipercalemia se desenvolva. Com a doença renal avançada (taxa estimada de filtração glomerular < 30ml\min per 1,73 m², correspondendo a uma creatinina plasmática de 2,5-3,0 mg\dl [221-265 µmol\l], aumento das doses de diurético de alça são normalmente necessárias em associação com outras classes de drogas. Doença cerebrovascular Os riscos e benefícios de diminuição aguda de PA durante um derrame agudo não são ainda claros; o controle de PA a níveis intermediários (aproximadamente 160\100 mmHg) é apropriado até que a condição tenha se estabilizado ou melhorado. Taxas recorrentes de derrame são reduzidas pela associação de um inibidor da ACE e um diurético do tipo tiazídico. Obesidade e síndrome metabólica Obesidade (índice de massa corporal ≥ 30) é um fator de risco crescentemente prevalente para o desenvolvimento de hipertensão e CVD. A recomendação Adult Treatment Panel III para tratamento de colesterol define a síndrome metabólica como a presença de 3 ou mais das seguintes condições: obesidade abdominal (circunferência da cintura > 102 cm em homens ou 89 cm em mulheres), intolerância à glicose (glicose de jejum 110 mg\dl [6,1 mmol\l), PA de pelo menos 130\85 mmHg, triglicérides alto (150mg\dl [1,70 mmol\l]), ou HDL-colesterol baixo (< 40mg\dl [< 1,04 mmol\l] em homens ou < 50 mg\dl [< 1,30 mmol\l] em mulheres). Modificações intensivas no estilo de vida devem ser incentivadas por todos os indivíduos com síndrome metabólica, e tratamento com drogas apropriadas deve ser instituído para cada um de seus componentes como indicado. Hipertrofia ventricular esquerda A hipertrofia ventricular esquerda é um fator de risco independente que aumenta o risco de subseqüente CVD. A regressão de hipertrofia ventricular esquerda ocorre com administração agressiva da PA, incluindo perda de peso, restrição de sódio, e tratamento com todas as classes de agentes antihipertensivos exceto os vasodilatadores tipo hydralazine e minoxidil. Doença arterial periférica O risco de doença arterial periférica é equivalente ao risco de doença cardíaca isquêmica. Qualquer classe de drogas antihipertensiva pode ser usada na maioria de pacientes com doença arterial periférica. Outros fatores de risco devem ser administrados agressivamente e aspirina deve ser usada. Hipertensão em indivíduos mais velhos A hipertensão ocorre em mais de um terço de indivíduos depois dos 65 anos. Esta é também a população com as taxas mais baixas de controle de PA. Recomendações de tratamento para indivíduos idosos com hipertensão, incluindo aqueles com hipertensão sistólica isolada, devem seguir os mesmos princípios dos cuidados gerais de hipertensão. Em muitos indivíduos, baixas doses iniciais de drogas podem ser indicadas para evitar sintomas; entretanto, doses padrões e drogas múltiplas são necessárias na maioria dos indivíduos idosos para alcançar metas apropriadas de PA. Recomendações Hipertensão 2003 / Diabetes Clínica 03 (2003) Hipotensão postural Uma diminuição da PA sistólica em pé de mais de 10 mmHg, quando associada com tontura ou desmaio, é mais freqüente em pacientes idosos com hipertensão sistólica, diabetes, e naqueles tomando diuréticos, vasodilatadores (ex. nitratos, b-bloqueadores e drogas do tipo sildenafil), e algumas drogas psicotrópicas. PA nestes indivíduos deve também ser monitorada em posição vertical. Cuidados devem ser usados para evitar a depleção e acumulo excessivamente rápidos de drogas antihipertensivas. Demência Demência e deficiência cognitiva ocorre mais comumente em pacientes com hipertensão. Diminuição da progressão da deficiência cognitiva pode ocorrer com efetiva terapia antihipertensiva. Hipertensão em mulheres Contraceptivos orais podem aumentar a PA e o risco de hipertensão aumenta com a duração de uso. As mulheres tomando contraceptivos orais devem ter a PA verificada regularmente. O desenvolvimento de hipertensão é uma razão para considerar outras formas de contracepção. Em contraste, terapia hormonal de reposição não aumenta a PA. Mulheres com hipertensão que ficaram grávidas devem ser acompanhadas cuidadosamente por causa do aumento do risco para a mãe e feto. Methyl-dopa, bbloqueadores, e vasodilatadores são medicamentos preferidos para a segurança do feto. Inibidores de enzima de conversão da angiotensina e ARB não devem ser usado durante gravidez por causa do risco potencial de defeitos no feto e devem ser evitados em mulheres que são mais prováveis de ficarem grávidas. Pré-eclampsia, que ocorre depois da 20ª semana de gestação, é caracterizado pela piora da hipertensão, albuminúria, e hiperuricemia, algumas vezes com anomalias de coagulação. Em alguns pacientes, pré- eclampsia pode se declarar como urgência hipertensiva e pode requerer hospitalização, monitoramento intensivo, parto prematuro, terapia anticonvulsivante e antihipertensiva parenteral. Crianças e adolescentes Em crianças e adolescentes, a hipertensão é definida como PA que é, em medições repetidas, no percentil 95ª ou maior, ajustado para idade, altura e sexo. O quinto som de Korotkoff é usado para definir a PA diastólica. Clínicos devem ser alertados para a possibilidade de causas identificáveis de hipertensão em crianças (i.e. doença renal, coarctação da aorta). Intervenções no estilo de vida são fortemente recomendadas, com terapia farmacológica instituída para níveis maiores de PA ou se há resposta insuficiente a modificações de estilo de 227 vida. Escolhas de drogas antihipertensiva são semelhantes em crianças e adultos, mas doses eficazes para crianças são geralmente menores e devem ser ajustadas cuidadosamente. Inibidores de enzima de conversão da angiotensina e ARB não devem ser usados em gravidez ou por meninas sexualmente ativas. Hipertensão descomplicada não deve ser uma razão para restringir as crianças de participarem de atividades físicas, principalmente por causa de exercícios a longo prazo podem diminuir a PA. O uso de esteróides anabólisantes deve fortemente ser desincentivado. Intervenções vigorosas também devem ser conduzidas por outros existentes fatores de risco modificáveis (ex. tabagismo). Urgências hipertensivas Pacientes com elevações de PA e danos agudos de órgão-alvo, como encefalopatia, infarto do miocárdio, angina instável, edema pulmonar, eclampsia, derrame, traumatismo craniano, hemorragia arterial com risco de vida, ou dissecção aórtica) requerem hospitalização e tratamento com drogas parenterais. Pacientes com PA elevada mas sem danos agudos de órgão-alvo normalmente não requerem hospitalização, mas eles devem receber terapia antihipertensiva de combinação oral imediata. Eles devem ser avaliados e monitorados para danos de rim e de coração por hipertensão induzida e para causa identificáveis de hipertensão. Efeitos potenciais desfavoráveis dos tratamentos Os diuréticos tiazídicos devem ser usados com cautela em pacientes que têm gota ou que têm um histórico de hiponatremia significativa. b–bloqueadores devem ser geralmente evitados em indivíduos que têm asma, ou obstrução coronariana de segundo ou terceiro grau. Inibidores da ACE e ARBs não devem ser administrados em mulheres que provavelmente ficarão grávidas e são contra-indicados para aquelas que estão; inibidores da ACE não devem ser usados em indivíduos com histórico de angioedema. Antagonistas da aldosterona e diuréticos poupadores de potássio podem causar hipercalemia e devem geralmente ser evitados em pacientes que têm valores de potássio plasmático de mais de 5,0 mEq\l quando não tomam medicação. Melhorando o controle de hipertensão Aderência ao tratamento Modelos de comportamento sugerem que a mais eficaz terapia prescrita pelo mais cuidadoso clínico controlará hipertensão somente se o paciente estiver motivado a tomar o medicamento prescrito e estabelecer e manter um estilo de vida de promoção de saúde. Motivação aumenta quando os pacientes têm experiências positivas e confiam nos médicos. Solidariedade constrói confiança 228 Recomendações Hipertensão 2003 / Diabetes Clínica 03 (2003) e é um motivador potente. As atitudes do paciente são altamente influenciadas por diferenças culturais, crenças e experiências anteriores com o sistema de saúde. Estas atitudes precisam ser compreendidas para o clínico construir confiança e aperfeiçoar a comunicação com o paciente e familiares. O paciente e o clínico precisam concordar sobre os objetivos. Uma estratégia centrada no paciente para alcançar o objetivo e uma estimativa do tempo necessário para se alcançar o objetivo são importantes. Quando a PA está acima do objetivo, alterações no plano devem ser documentadas. A PA auto-monitorada também pode ser útil. A não aderência de pacientes à terapia cresce pelo mal-entendido da condição ou tratamento, negação da doença por causa da falta de sintomas ou percepção das drogas como símbolo de doença, a falta de envolvimento do paciente no plano de saúde, ou efeitos adversos inesperados de medicações. Os pacientes devem se sentir à vontade para contar ao clínico tudo que se refere e os medos de reações inesperadas e incômodas das drogas. O custo da medicação e a complexidade do tratamento (transporte, dificuldade do paciente com polifarmácia, dificuldade com marcação de consultas e exigências da vida competitiva) são barreiras adicionais que precisam ser ultrapassadas para alcançar o objetivo da PA. Todos os membros da equipe de cuidados médicos (ex. médicos, enfermeiras, assistentes, farmacêuticos, dentistas, nutricionistas, optometristas, e podólogos) precisam trabalhar juntos para influenciar e reforçar as orientações para aperfeiçoar os estilos de vida dos pacientes e controle de PA. Hipertensão resistente Hipertensão resistente é o impedimento de se alcançar o objetivo de PA em pacientes que estão aderindo a doses completas de um tratamento de 3 drogas apropriado que inclui um diurético. Depois de hipertensão potencial identificável, os clínicos devem explorar cuidadosamente as razões pelos quais o paciente não está no objetivo de PA. Atenção particular deve ser dirigida ao tipo e dose de diurético em relação à função renal. Consulta com um especialista em hipertensão deve ser considera se o objetivo de PA não pode ser alcançado. Desafios da saúde pública e programas comunitários Abordagens de saúde pública, tal como redução calórica, diminuição de gordura saturada e alimentos processados e oportunidades crescentes de atividade física em comunidades e escolas, podem ajudar para diminuir a PA média de uma população, assim reduzindo potencialmente a incidência, a morbidade, mortalidade, e o risco de um indivíduo se tornar hipertenso. Este se tornou especialmente crítico quando o índice de massa corporal de indivíduos nos Estados-Unidos aumentou para níveis epidêmicos. Atualmente, 122 milhões de adultos estão acima do peso ou são obesos, o que contribui para a elevação de PA e condições relacionadas. O JNC 7 endossa a resolução da American Public Health Association de que os fabricantes de alimentos e restaurantes reduzem sódio no abastecimento de alimentos em 50% durante a próxima década. Quando as intervenções de saúde pública são realizados tomando em conta a diversidade racial, étnica, cultural, lingüística, religiosa e fatores sociais, a possibilidade da aceitação pela comunidade aumenta. Estas abordagens de saúde pública podem oferecer uma oportunidade atraente para interromper e prevenir o círculo custoso contínuo do manejo da hipertensão e suas complicações. Diabetes Clínica 03 (2003) 8º Congresso Multiprofissional e Multidisciplinar em Diabetes São Paulo 25, 26 e 27 de julho de 2003 Sexta - 25/07/2003 - das 8h30 às 10h Abertura solene auditório principal - 08:30 às 10:00 / transmissão simultânea nas salas do 3º andar Sexta - 25/07/2003 - das 10h às 12h Simpósio 1- Políticas de Saúde em Diabetes Simpósio 5 - Sala 306 - Manuseio das Urgências do Paciente Diabético Hospitalizado Urgências Metabólicas: cetoacidose -hiperosmolaridade Controle metabólico do paciente diabético em eventos cardiovasculares agudos Controle metabólico pré, intra e pós operatório Manejo da hiperglicemia no paciente não diabético em unidade coronariana Manuseio de infecções graves no Diabetes Mellitus Diabetes Mellitus na América Latina e no Mundo Plano de Atenção ao Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial Ministério da Saúde Estratégias para o Diabetes da Secretaria de Estado da Saúde do Estado de São Paulo Estratégias dos Municípios na Assistência ao Paciente Diabético Atuação do CONASEMS Monitorização Laboratorial no Diabetes / Recursos Diagnósticos atuais: Visão crítica / Correlação clínico laboratorial Correlação clínico laboratorial: Discussão de casos Sexta - 25/07/2003 - das 14h às 18h Simpósio 7 - Sala 310 - Biologia Molecular Aplicada à Clínica Simpósio 2 - Teatro - Terapia Nutricional Semiologia do paciente diabético em suas várias fases avaliação nutricional Semiologia do paciente diabético em suas várias fases - anamnese nutricional Nutracêuticos no controle metabólico do Diabetes Controvérsias na conduta nutricional atualConceito de índice glicêmico dos alimentos Controvérsias na conduta nutricional atual Contagem de carboidratos Simpósio 3 - Sala 301 - Dislipidemias em Diabetes Os últimos consensos sobre hiperlipemias Aspectos atuais da fisiopatogenia das hiperlipemias em Diabetes Mesa redonda com participação dos congressistas Porque, Quem e Como tratar - Ampla Discussão Tratamento dietético da dislipidemia do diabético: Discussão e aspectos práticos Efeito do exercício físico no metabolismo lipídico do paciente diabético Simpósio 4 - Sala 305 - Atualização em Diabetes Mellitus na Infância e Adolescência Possibilidades etiológicas. O que tem mudado? Diabetes Mellitus Tipo 2 na infância e adolescência: Em quem suspeitar? Como conduzir? Complicações do Diabetes Mellitus Tipo 1- a partir de quando? Novas insulinas, novos métodos de administração. O que esperar? Tratamento intensivo do Diabetes Mellitus Tipo 1 Simpósios.pmd 186 Simpósio 6 - Sala 309 - Laboratório em Diabetes: Atualização Sinalização insulínica como o ponto-chave do metabolismo normal Neuroregulação da fome / saciedade: o papel da insulina e leptina Perspectivas terapêuticas para o Diabetes baseado no conhecimento da biologia molecular Simpósio 8 - Sala 310 - Cirurgia bariátrica no Diabetes Mellitus Tipo 2 Cirurgia Bariátrica: Histórico, indicações e complicações no Diabetes Mellitus Impacto metabólico da cirurgia sobre o Diabetes e co-morbidades Simpósio 9 - Sala 312 - Tolerância Alterada à Glicose (IGT), Glicemia de Jejum Alterada(IFG) e Hiperglicemia Pós- Prandial Estado atual dos conceitos de tolerância alterada à glicose e glicemia de jejum alterada, como risco para o desenvolvimento do Diabetes Controle da hiperglicemia pós- prandial / com secretagogos orais Controle da hiperglicemia pós- prandial com insulinas de ação rápida Simpósio 10 - Sala 312 - Novas insulinas como opções para o controle do Diabetes Insulinas basais, com especial referência para a insulina Glargina no Diabetes do Tipo 1 e 2 Insulinas de ação rápida: Lispro vs. Aspart ? Simpósio 11 - Sala 208 - Atuação de Enfermagem: Atualização Hipoglicemias: Avaliação,condutas e prevenção 16/07/03, 16:30 Diabetes Clínica 03 (2003) Hiperglicemia, cetoacidose e hiperosmolaridade: Intervenções de enfermagem Aspectos práticos da insulinoterapia Oficina: canetas, seringas, agulhas, insulinas Sábado - 26/07/2003 - das 08h às 12h Simpósio 12 - Teatro - Novas Interfaces da Terapia Nutricional Novas Interfaces da Terapia Nutricional Prevenção de Diabetes Tipo 2: A alimentação pode intervir? Resistência à insulina do Diabetes gestacional e prevenção da evolução de Diabetes Mellitus Tipo 2 A ação da leptina, insulina, resistina e grelina no paciente diabético Terapia nutricional no paciente crítico diabético Simpósio 13 - Sala 301 - Abordagem em 2003 do Hipertenso com Nefropatia Diabética Aspectos epidemiológicos da hipertensão arterial e nefropatia diabética Determinantes da hipertensão arterial na nefropatia diabética Aspectos patológicos da evolução natural da nefropatia diabética Abordagem multiprofissional não medicamentosa do paciente hipertenso com nefropatia diabética / Análise dos estudos sobre o tratamento dos pacientes com hipertensão arterial e nefropatia diabética Simpósio 14 - Sala 305 - Tratamento Combinado Esquemas e Associações Escolha e adequação dos anti-diabéticos orais e nas combinações Associação da Nateglinida e Metformina: Estudos Clínicos Falência e insulinização do diabético Tipo 2 Simpósio 15 - Sala 305 - Apresentação da Insulina Glargina: LANTUS - Características Insulina Glargina: avanço real no tratamento do Diabetes: Apresentação Insulina Glargina: Experiência clínica no Diabetes Mellitus Tipo 1 e 2 Simpósio 16 - Sala 306 - Educação - Técnicas Educativas Técnicas didático pedagógicas interativas conceituação teórica - conhecendo e vivenciando algumas técnicas: * de apresentação * de aquecimento * de discussão em grupo * de demonstração * de estudo dirigido * de tempestade de idéias Técnica de simulação / dramatização / Técnica de fechamento 1º Encontro de Educadores IDF - SACA - FENAD Simpósio 20 - Sala 208 - Atuação de Enfermagem: Monitorização da Glicose Instrumentos para monitorização / A Importância do diário terapêutica Automonitorização - do Ideal no Real / Oficina uso dos glicosímetros: características, tecnologia, possibilidades interpretação Sábado - 26/07/2003 - das 14h às 18h Simpósio 21 - Teatro - Avanços em Obesidade, Aterosclerose e Síndrome Metabólica A Síndrome metabólica no Diabetes Mellitus Tipo 1 Desafios no tratamento daobesidade no Diabetes Mellitus Tipo 2 A síndrome metabólica como fator de risco maior de aterosclerose Grandes estudos de prevenção de aterosclerose Discussão de caso clínicode paciente diabético vs.aterosclerose Simpósio 22 - Sala 301 - Oftalmopatias Valorização das queixas oftalmológicas na clínica Como preservar a visão / Tratamento da retinopatia diabética Saúde pública ocular - Teoria e prática Atividade interativa: convidados especiais respondem Simpósio 23 - Sala 305 - Aspectos Atuais da Hiperglicemia Pós- Prandial Hiperglicemia pós-prandial: Importância fisiopatológica / Hiperglicemia pósprondial e mortalidadecardiovascular no Diabetes Mellitus: Epidemiologia / Opções terapêuticas nocontrole da hiperglicemia pós-prandial Simpósio 24 - Sala 305 - Como melhorar o controleglicêmico no Diabetes Mellitus Tipo 2 Insulinas bifásicas: Novo tratamento fisiológico do Diabetes MellitusTipo 2 Simpósio 25 - Sala 306 - Prevenção do Diabetes Mellitus É possível prevenir o Diabetes Mellitus Tipo 1? / Estudo STOP Evidências na prevenção da doença cardiovascular em Diabetes Emilianópolis São Paulo a Framinghan Brasileira Estudo XENDOS Orlistat na prevenção do Diabetes Mellitus Tipo 2 Mudanças no estilo de vidana prevenção do Diabetes Mellitus Tipo 2: Diabetes Prevention Program - outros estudos Simpósio 26 - Sala 309 - Pé Diabético: Atualidades Diagnósticas, Terapêuticas e Preventivas Simpósio 17 - Sala 309 - A Neuropatia e os Pés no Diabetes: Atualidades Diagnósticas, Terapêuticas e Preventivas Úlceras neuropáticas e neuroisquêmicas: por que classificar? Avaliação do Pé em risco pela baropodometria computadorizada Revascularização: onde estamos? / Bases da reabilitação fisioterapêutica no pé diabético / Curativos O que há de novo? Visão panorâmica da neuropatia diabética / Diagnóstico diferencial da dor neuropática / Tratamento da dor neuropatica / Consequências da nãoprevenção / Infecções no pé neuro-isquêmico: como abordar Simpósio 27 - Sala 310 - Disfunção Erétil - Doenças EndoteliaisInibidores da PDE Simpósio 18 - Sala 310 - Genética do Diabetes Mellitus Genética do Diabetes Mellitus Tipo 1 / Diabetes Mitocondrial: Diagnóstico Clínico e molecular / Diabetes Mellitus Tipo MODY: Diagnóstico clínico e molecular / Panorama atual das alterações genéticas no Diabetes Tipo 2 Perspectiva da terapia celular no Diabetes Mellitus Tipo 1 Simpósio 19 - Sala 312 - Transplante de Pâncreas Diferentes tipos de transplantes - Indicação e Experiência Mundial Tendência em transplante de Pâncreas no Brasil e no Mundo Transplante renal isolado ou transplante de pâncreas rim no diabético em insuficiência renal crônica Experiência UNIFESP Progressos no transplante de Ilhotas Simpósios.pmd 187 Epidemiologia da disfunção erétil / Fisiopatologia da Disfunção erétil no Diabetes / Disfunção endotelial fosfodiesterases e a segurança de seu bloqueio / Resultados do Citrato deSildenafil no Diabetes tipo 1 Estudo multicentricointernacional / Estágio atual dos inibidoresda PDEs 5 Simpósio 28 - Sala 312 - Novas Perspectivas Sobre os Efeitos do Exercício no Diabetes Execício físico e Diabetes:Estado da arte / Exercício físico,dislipidemia e estresseoxidativo nodiabético / Efeitos da dietaassociada ao exercíciofísico na obesidade / Importância da avaliaçãocardiológica e funcionalna prescrição de exercício para o diabético Simpósio 29 - Sala 208 - Educação em Diabetes Técnicas Ludopedagógicas Apresentação da teoria / Apresentação de técnicasludopedagógicas 16/07/03, 16:30 Diabetes Clínica 03 (2003) 1º Caça palavras / 2ºCódigo cifrado / 3ºJogo da memória / 4ºJogo dos alimentos Circuito - Trabalho de Grupo em Sistema de Rodízio / Oficina: trabalho interativo / vivência de técnicas ludopedagogicas / Importância da atuação interdisciplinar no tratamento não farmacológico do diabético Domingo - 27/07/2003 - das 08h às 12h Simpósio 30 - Teatro - Marketing de Alimentose os Produtos Alimentícios - Estratégias de Comunicação Índice glicêmico e contagemde carboidratos dos produtos diet & Light na orientação dietética / A criança diabética e oslanches escolares, como orientar / para oconsumo adequado? / Ingredientes de nova geraçãoalimentos funcionais: a importância das fibras parao Diabetico. Podemos realmente dividiros alimentos em categorias saudáveis e não saudáveis? / Estilos de vida saudável esua influência na qualidadede vida do Diabético Simpósio 31- Sala 301 - Diabetes Mellitus e Infecções Dislipidemia na infecção por HIV / AIDS / Lipodistrofia na infecção por HIV / AIDS / Diabetes Mellitus na infecção por HIV / AIDS Fatores favorecedoresde infecções / Prevenção vacinal de infecções Simpósio 32 - Sala 305 - O Diabetes e a Doença Cardiovascular O endotélio e o Diabetes / Qual o papel da disglicemiana aterogênese Hipertrigliceridemia: qualé a sua relação com amacroangiopatia diabética Alterações cardíacas provocadas pelo Diabetes Mellitus Noções fundamentais para oclínico diagnosticar e manejara insuficiência vascularperiférica dopaciente diabético Simpósio 33 - Sala 306 - Limites e Possibilidadesno Manejo do Diabetes Mellitus Tipo 1 Monitorização da glicemiacomo estratégia de ajustesterapêuticos: avaliação deesquemas simplificados / Abordagem nutricional nacriança e adolescente com Diabetes: implicações práticas / Estratégias de intensificação dainsulinoterapia utilizandoesquemas simplificados demonitorização glicêmica / Liga de controle do Diabetes Mellitus da disciplina deendocrinologia do HCFMUSP:experiência com criançase adolescentes / Insulinoterapia intensiva e individualizada: Autonomiado paciente no manejo Simpósio 34 - Sala 309 - Hipoglicemias: Diagnóstico e Conduta Hipoglicemias não-diabéticas do adulto: Diagnóstico e Tratamento Manuseio da hipoglicemia durante o tratamento do Diabetes Mellitus Simpósio 35 - Sala 309 - Terapia com Bomba de Infusão Aspectos básicos Acompanhamento e resultados / Controle nutricionalatravés da contagemde carboidratos / Workshop Simpósio 36 - Sala 310 - Sexualidade no Diabetes Mellitus Diabetes na gravidez:diagnóstico eacompanhamento -atualizações Anticoncepção na mulher com Diabetes Mellitus: amelho r conduta contra-indicações / Menopausa da mulher comDiabetes Mellitus: tratarou não. E como tratar. / Abordagem psicológica dasexualidade nos portadoresde Diabetes Mellitus / Epidemiologia dadisfunção sexual feminina Simpósio 37 - Sala 312 - A Importância do Tratamento Odontológicona Abordagem Multidisciplinar do Paciente Diabético Conceitos básicos defisiopatologia do DiabetesMellitus para o cirurgião dentista Manifestações bucais: Como diagnosticar e tratar / Considerações psicológicas para ocirurgião dentista frente ao paciente diabético Considerações sobre o tratamento ortodônticono paciente diabético Tratamento periodontal e sua influência no controle metabólico do paciente portador de Diabetes Simpósio 38 - Sala 208 - AvançosTerapeuticos-Lançamentos Novo hipolipemianteno tratamento dahipercolesterolemia - Ezetimibe (Levitra )® Vardenafil Simpósios.pmd 188 Avanço no tratamento oralda disfunção erétil - TADALAFILA (CIALIS) Insulina inalada - Exubera Insulina Inalada AERX,DETERMIR,LIRAGLUTIDE (GLP1) Domingo - 27/07/2003 - das 14h às 18h Simpósio 39 - Teatro - Educação Nutricional como Ferramenta Terapêutica Educação nutricional em Diabetes Tipo 1 e 2 : O que o educador deve saber? / Estudos de Educação / Nutricional em Diabetes: Resultados e Perspectivas / Como orientar a análise de rótulos de alimentos industrializados / Oficinas: apresentação de um caso clínico / elaboração da prescrição / dietética em grupo / Discussão e correção do caso clínico Simpósio 40 - Sala 301- Diferentes Abordagens Psicológicas em Portadores de Diabetes Mellitus Abordagem dos problemas psiquiátricos no paciente portador de Diabetes O processo do adoecer do diabético: Uma visão psicossomática Abordagem psicológica do portador de Diabetes no hospital geral A psicologia na Educação para pacientes portadores de Diabetes Técnicas corporais atuando na sexualidade da mullher diabética Simpósio - 41 - Sala 305 - Terapias Complementares Principais dermatopatias em portadores de Diabetes / Mellitus Diagnóstico e tratamentos atuais / Antioxidantes e antiradicais livres na prevenção / das complicações no Diabetes Mellitus / Dieta do Tipo Sanguíneo no tratamento e prevenção do Diabetes / Importância da desintoxicação (omotoxicologia) no tratamento / e na prevenção das complicações do Diabetes / Ervas medicinais no Diabetes Mellitus Simpósio 42 - Sala 306 - A Intervenção Fisioterapêutica Múltipla no Diabetes A ação fisioterapêutica clássica no Diabetes Tipo 2 / Reabilitação de amputados com Neuropatia Diabética / Cuidados na assistência fisioterapêutica / do paciente portador de Diabetes Tipo 2 / A abordagem fisioterapêutica na cicatrização de feridas Diabéticas: dérmicas e epidérmicas / Principais orientações fisioterapêuticas preventivas nas complicações vasculares no Diabetes Simpósio 43 - Sala 309 - Farmacoeconomia e Atenção Farmacêutica Atenção farmacêutica / Farmacoeconomia / Farmacoeconomia em Diabetes / Atualização do mercado / de produtos para diabéticos O dia-a dia dos diabéticos / Insulinas: 1- Transporte e Armazenagem; 2 - Tipos de Insulinas; 3- Sistemas de aplicação Simpósio 44 - Sala 310 - FENAD Ações - Planejamento Apresentação das Associações presentes / Apresentação das atividades e ações desenvolvidas nas Associações / Centros / Revisão e planejamento de atividades 2003 / 2004 / Dia Mundial do Diabetes / Discussão de Leis Simpósio 45 - Sala 312 - Tratamento Odontológico em Portadores de Diabetes Associado com Outras Doenças Sistêmicas / Pacientes diabéticos e cardiopatas / hipertensos na clínica odontológica: Planejamento e tratamento / Infecção oral no paciente diabético / Avaliação para encaminhamento cirúrgico ambulatorial e cirúrgico hospitalar Pacientes portadores de discrasias sanguíneas e Diabetes Exames laboratoriais: Quando pedir e como interpretá-los Simpósio 46 - Sala 208 - Exercício Físico e Diabetes Síndrome plurimetabólica: Exercício físico na prevenção e tratamento Exercício físico no paciente Diabético: / Aspectos psicológicos Atleta diabético / Mesa redonda multiprofissional: Exercício no Diabetes Tipo 1 / Mesa redonda multiprofissional: Exercício no Diabetes Tipo 2 16/07/03, 16:30 Normas de publicação Diabetes Clínica A revista Diabetes Clínica é uma publicação com periodicidade bimestral e está aberta para a publicação e divulgação de artigos científicos das áreas relacionadas ao Diabetes e patologias associadas. Os artigos publicados em Diabetes Clínica poderão também ser publicados na versão eletrônica da revista (Internet) assim como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros que surjam no futuro, sendo que pela publicação na revista os autores já aceitem estas condições. A revista Diabetes Clínica assume o “estilo Vancouver” (Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical journals, N Engl J Med. 1997; 336(4): 309-315) preconizado pelo Comitê Internacional de Diretores de Revistas Médicas, com as especificações que são resumidas a seguir. Ver o texto completo em inglês desses Requisitos Uniformes no site do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), www.icmje.org, na versão atualizada de outubro de 2001. Os autores que desejarem colaborar em alguma das seções da revista podem enviar sua contribuição (em arquivo eletrônico/e-mail) para nossa redação, sendo que fica entendido que isto não implica na aceitação do mesmo, que será notificado ao autor. O Comitê Editorial poderá devolver, sugerir trocas ou retorno de acordo com a circunstância, realizar modificações nos textos recebidos; neste último caso não se alterará o conteúdo científico, limitando-se unicamente ao estilo literário. 1. Editorial Trabalhos escritos por sugestão do Comitê Científico, ou por um de seus membros. Extensão: Não devem ultrapassar três páginas formato A4 em corpo (tamanho) 12 com a fonte English Times (Times Roman) com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc; a bibliografia não deve conter mais que dez referências. 2. Artigos originais São trabalhos resultantes de pesquisa científica apresentando dados originais de descobertas com relaçaõ a aspectos experimentais ou observacionais, e inclui análise descritiva e/ou inferências de dados próprios. Sua estrutura é a convencional que traz os seguintes itens: Introdução, Métodos, Resultados, Discussão e Conclusão. Texto: Recomendamos que não seja superior a 12 páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. Tabelas: Considerar no máximo seis tabelas, no formato Excel/ Word. Figuras: Considerar no máximo 8 figuras, digitalizadas (formato .tif ou .gif) ou que possam ser editados em Power-Point, Excel, etc. Bibliografia: É aconselhável no máximo 50 referências bibliográficas. Os critérios que valorizarão a aceitação dos trabalhos serão o de rigor metodológico científico, novidade, interesse profissional, concisão da exposição, assim como a qualidade literária do texto. 3. Revisão São trabalhos que versem sobre alguma das áreas relacionadas ao diabetes, que têm por objeto resumir, analisar, avaliar ou sintetizar trabalhos de investigação já publicados em revistas científicas. Quanto aos limites do trabalho, aconselha-se o mesmo dos artigos originais. 4. Atualização ou divulgação São trabalhos que relatam informações geralmente atuais sobre normas e eventos.pmd 229 Black 229 tema de interesse dos profissionais de diabetes (novas técnicas, legislação, por exemplo) e que têm características distintas de um artigo de revisão. 5. Relato de caso São artigos de representan dados descritivos de um ou mais casos explorando um método ou problema através de exemplo. Apresenta as características do indivíduo estudado, com indicação de sexo, idade e pode ser realizado em humano ou animal. 6. Comunicação breve Esta seção permitirá a publicação de artigos curtos, com maior rapidez. Isto facilita que os autores apresentem observações, resultados iniciais de estudos em curso, e inclusive realizar comentários a trabalhos já editados na revista, com condições de argumentação mais extensa que na seção de cartas do leitor. Texto: Recomendamos que não seja superior a três páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. Tabelas e figuras: No máximo quatro tabelas em Excel e figuras digitalizadas (formato .tif ou .gif) ou que possam ser editados em Power Point, Excel, etc Bibliografia: São aconselháveis no máximo 15 referências bibliográficas. 5. Resumos Nesta seção serão publicados resumos de trabalhos e artigos inéditos ou já publicados em outras revistas, ao cargo do Comitê Científico, inclusive traduções de trabalhos de outros idiomas. 6. Correspondência Esta seção publicará correspondência recebida, sem que necessariamente haja relação com artigos publicados, porém relacionados à linha editorial da revista. Caso estejam relacionados a artigos anteriormente publicados, será enviada ao autor do artigo ou trabalho antes de se publicar a carta. Texto: Com no máximo duas páginas A4, com as especificações anteriores, bibliografia incluída, sem tabelas ou figuras. PREPARAÇÃO DO ORIGINAL 1. Normas gerais 1.1 Os artigos enviados deverão estar digitados em processador de texto (Word, Wordperfect, etc), em página de formato A4, formatado da seguinte maneira: fonte Times Roman (English Times) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc. 1.2 Numere as tabelas em romano, com as legendas para cada tabela junto à mesma. 1.3 Numere as figuras em arábico, e envie de acordo com as especificações anteriores. As imagens devem estar em tons de cinza, jamais coloridas, e com qualidade ótima (qualidade gráfica – 300 dpi). Fotos e desenhos devem estar digitalizados e nos formatos .tif ou .gif. 1.4 As seções dos artigos originais são estas: resumo, introdução, material e métodos, resultados, discussão, conclusão e bibliografia. O autor deve ser o responsável pela tradução do resumo para o inglês e o espanhol e também das palavras-chave (key-words). O envio deve ser efetuado em arquivo, por meio de disquete, zipdrive, CD-ROM ou e-mail. Para os artigos enviados por correio em mídia magnética (disquetes, etc) anexar uma cópia impressa e 16/07/03, 16:44 Normas de publicação Diabetes Clínica 230 identificar com etiqueta no disquete ou CD-ROM o nome do artigo, data e autor, incluir informação dos arquivos, tais como o processador de texto utilizado e outros programas e sistemas. 2. Página de apresentação A primeira página do artigo apresentará as seguintes informações: - Título em português, inglês e espanhol. - Nome completo dos autores, com a qualificação curricular e títulos acadêmicos. - Local de trabalho dos autores. - Autor que se responsabiliza pela correspondência, com o respectivo endereço, telefone e E-mail. - Título abreviado do artigo, com não mais de 40 toques, para paginação. - As fontes de contribuição ao artigo, tais como equipe, aparelhos, etc. 3. Autoria Todas as pessoas consignadas como autores devem ter participado do trabalho o suficiente para assumir a responsabilidade pública do seu conteúdo. O crédito como autor se baseará unicamente nas contribuições essenciais que são: a) a concepção e desenvolvimento, a análise e interpretação dos dados; b) a redação do artigo ou a revisão crítica de uma parte importante de seu conteúdo intelectual; c) a aprovação definitiva da versão que será publicada. Deverão ser cumpridas simultaneamente as condições a), b) e c). A participação exclusivamente na obtenção de recursos ou na coleta de dados não justifica a participação como autor. A supervisão geral do grupo de pesquisa também não é suficiente. 4. Resumo e palavras-chave (Abstract, Key-words) Na segunda página deverá conter um resumo (com no máximo 150 palavras para resumos não estruturados e 200 palavras para os estruturados), seguido da versão em inglês e espanhol. O conteúdo do resumo deve conter as seguintes informações: - Objetivos do estudo. - Procedimentos básicos empregados (amostragem, metodologia, análise). - Descobertas principais do estudo (dados concretos e estatísticos). - Conclusão do estudo, destacando os aspectos de maior novidade. Em seguida os autores deverão indicar quatro palavras-chave para facilitar a indexação do artigo. Para tanto deverão utilizar os termos utilizados na lista dos DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) da Biblioteca Virtual da Saúde, que se encontra no endereço internet seguinte: http://decs.bvs.br. Na medida do possível, é melhor usar os descritores existentes. normas e eventos.pmd 230 Black 5. Agradecimentos Os agradecimentos de pessoas, colaboradores, auxílio financeiro e material, incluindo auxílio governamental e/ou de laboratórios farmacêuticos devem ser inseridos no final do artigo, antes as referências, em uma secção especial. 6. Referências As referências bibliográficas devem seguir o estilo Vancouver definido nos Requisitos Uniformes. As referências bibliográficas devem ser numeradas por numerais arábicos entre parênteses e relacionadas em ordem na qual aparecem no texto, seguindo as seguintes normas: Livros - Número de ordem, sobrenome do autor, letras iniciais de seu nome, ponto, título do capítulo, ponto, In: autor do livro (se diferente do capítulo), ponto, título do livro (em grifo - itálico), ponto, local da edição, dois pontos, editora, ponto e vírgula, ano da impressão, ponto, páginas inicial e final, ponto. Exemplo: 1. Phillips SJ. Hypertension and Stroke. In: Laragh JH, editor. Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management. 2nd ed. New-York: Raven press; 1995. p.465-78. Artigos – Número de ordem, sobrenome do(s) autor(es), letras iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto. Título do trabalha, ponto. Título da revista ano de publicação seguido de ponto e vírgula, número do volume seguido de dois pontos, páginas inicial e final, ponto. Não utilizar maiúsculas ou itálicos. Os títulos das revistas são abreviados de acordo com o Index Medicus, na publicação List of Journals Indexed in Index Medicus ou com a lista das revistas nacionais, disponível no site da Biblioteca Virtual de Saúde (www.bireme.br). Devem ser citados todos os autores até 6 autores. Quando mais de 6, colocar a abreviação latina et al. Exemplo: Yamamoto M, Sawaya R, Mohanam S. Expression and localization of urokinase-type plasminogen activator receptor in human gliomas. Cancer Res 1994;54:5016-20. Os artigos, cartas e resumos devem ser enviados para: Jean-Louis Peytavin Atlantica Editora Rua da Lapa, 180/1103 - Lapa 20021-180 Rio de Janeiro RJ Tel: (21) 2221 4164 E-mail: [email protected] 16/07/03, 16:44 231 Calendário de Eventos OUTUBRO DE 2003 JULHO DE 2003 8 a 12 de outubro 25 a 27 de julho 8 Congresso brasileiro multiprofissional e multidisciplinar Hot Topics in Endocrinology em diabetes Coronado, CA UNIP, Av Marques de São Vicente, 3001, São Paulo SP www.endo-society.org/scimeeting/hot-topics.cfm o Informações: ANAD NOVEMBRO DE 2003 Tel: (11) 5549 6704/6559 12 a 15 de novembro www.anad.org.br VIIIo Congresso Brasileiro de Nutrologia AGOSTO DE 2003 Centro de Convenções, Goiânia GO Informações: (17) 3524 4929 / 523 9732 / 523 3645 6 a 10 de agosto 30th Annual Meeting of the American Association of Diabetes Educators Salt Palace Convention Center, Salt Lake City, Utah 26 a 30 de novembro Tel: (312) 424 2426 XIVº Congresso Brasileiro de Diabetes www.aadenet.org Centro de Convenções - Goiânia GO Informações: Evento All 7 a 9 de agosto Av. República do Líbano, 1914/ sala 17 XIIo Congresso da Sociedade Brasileira de Hipertensão Setor Oeste 74115-070 Goiânia GO Pirâmide Palace Hotel, Natal RN Email: [email protected] Tel: (84)234-6175 falar com Astréia ou Iracy E-mail: [email protected] JUNHO DE 2004 4 a 8 de junho de 2004 24 a 29 de agosto 64th Annual Scientific Sessions of the American th 18 Internacional Diabetes Federation Congress Diabetes Association Paris, França June 4-8, 2004 Informações: Prof. Dr. Gerard Cathelineau, Hopital Saint-Louis, 1 avenue Claude Orange County Convention Center, Orlando, Florida Vellefaux, 75010 Paris, França www.diabetes.org Tel : +33 1 4249 9697 www.idf.org SETEMBRO DE 2004 5 a 9 de setembro 27 a 29 de agosto 40th Annual Meeting of th European Association 2a CONUTRI – Congresso de Nutrição da Unifenas for the Study of Diabetes Alfenas – MG Munich, Alemanha Tel: (35) 3299-3128 www.easd.org E-mail: [email protected] Informações: [email protected] SETEMBRO DE 2003 SETEMBRO DE 2005 30 de setembro a 2 de outubro 19 a 24 de setembro XIV Curso Nacional de Atualização em Endocrinologia e Metabologia 18th International Congress of Nutrition Centro de Convenções do Palácio da Cultura - Campo Grande MS Durban, África do Sul Informações: [email protected] Informações: [email protected] normas e eventos.pmd 231 Black 16/07/03, 16:44 Diabetes Clínica JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Índice (vol.7 nº 4 - 2003) 233~304 EDITORIAL Manifesto da Frente Parlamentar da Saúde. ........................................................................................................................ 235 INFORMES DO DIABETES NO MUNDO. ................................................................................................................... 236 O DIABETES NA IMPRENSA. ........................................................................................................................................ 244 AVANÇOS TERAPÊUTICOS E TECNOLÓGICOS. ................................................................................................... 251 PRODUTOS E NOVIDADES. .......................................................................................................................................... 259 Novomix 30 Flexpen (Novo-Nordisk), Soymilke Ômega (Olvebra), Stevita RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS. ........................................................................................................ 263 ARTIGOS ORIGINAIS E REVISÕES A conscientização sobre a importância da prática de atividades físicas para crianças diabéticas através da dramatização do metabolismo da glicose, Daniel Marcon, Carla Tatiane Pretto da Rosa, Diogo Romani de Oliveira, Eliane Carla Kraemer, Márcia Ramos, Michele Sabrina Giani, Nilseu Paulo Tortelli, Solange Maria Cechin. .................................................................................................................... 276 Associação entre obesidade e doenças crônicas não transmissíveis em uma população idosa (Brasília-DF), Paula Nascente Rocha Mendes, Rosemeire Victoria Furumoto. ....................................................................................... 281 Características clínicas da hospitalização de diabéticos em um Hospital Geral, José Otavio Alquezzar Gozzano, Eduardo Bertolli, Giovanna Campos Paranhos, Janaína Margutti dos Santos. ....... 287 ATUALIZAÇÃO A importância da hemoglobina glicada (A1c) para a avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos: aspectos clínicos e laboratoriais. ......................................................................................................................................................... 291 NORMAS DE PUBLICAÇÕES. ....................................................................................................................................... 301 CALENDÁRIO DE EVENTOS. ....................................................................................................................................... 303 indice.pmd 233 04/09/03, 18:25 Diabetes Clínica JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Diabetes Clínica é um jornal multidisciplinar sobre os aspectos médicos, psicológicos e sociais do diabetes e dos distúrbios associados. Para os especialistas Diabetes Clínica é um veículo de informação e formação continuada sobre o conhecimento científico da doença, a atualidade da prática clínica no tratamento do diabetes e das patologias associadas. Diabetes Clínica edita artigos científicos selecionados pelo editor científico, o conselho consultivo e profissionais de reconhecido saber na área. O objetivo do jornal é favorecer a discussão interdisciplinar em todas as questões relativas à diabetologia, bem como através de suas diferentes sessões idealizadas pelo editor científico, informar de uma maneira rápida, atual e sintética os múltiplos aspectos dos estudos em diabetes. Diabetes Clínica Editor científico : Dr. Fadlo Fraige Filho, presidente da FENAD e ANAD, Professor Titular de Endocrinologia Faculdade de Medicina ABC Diretora comercial: Lilian Fanny de Castilho Editor: Dr. Jean-Louis Peytavin, faculdade de Medicina de Lyon (França) Conselho Consultivo Psicóloga Ada Verônica da Silva Maciel (SP) Dr. Adolpho Milech (RJ) Dr. Airton Golberg (RS) Dra. Alcina Vinhais (BA) Dra. Ana Míriam G. Carboni (SP) Dr. Antônio Carlos Lerário (SP) Dr. Arual Augusto da Costa (SP) Dr. Balduíno Tschiedel (RS) Nutricionista Celeste Elvira Viggiano (SP) Prof. Ed. Física Cláudio Cancelliéri (SP) Dr. Edgard d’Ávila Niclewicz (PR) Dr. Freddy Goldberg Eliaschewitz (SP) Dra. Geisa Macedo (PE) Dra. Hermelinda Pedrosa (DF) Dr. João Roberto de Sá (SP) Dr. José Egídio Paulo de Oliveira (RJ) Dr. Leão Zagury (RJ) Dr. Marcos Tambascia (SP) Dr. Nelson Rassi (GO) Dr. Orsine Valente (SP) Enfermeira Paula Pascali (SP) Dra. Reine Marie Chaves (BA) Dr. Saulo Cavalcanti da Silva (MG) Dr. Sérgio Atala Dib (SP) Apoios IDF - SACA - International Diabetes Federation South America Central America SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes Faculdade de Medicina ABC - São Paulo FENAD - Federação Nacional de Associações de Diabéticos ANAD - Associação Nacional de Assistência ao Diabético COREN-SP - Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo COSEMS-SP - Cons. de Secretarías Municipais de Saúde ATLANTICA EDITORA Editor executivo Dr. Jean-Louis Peytavin [email protected] Marketing René Caldeira Delpy Jr. [email protected] Administração Bárbara de Assis Jorge Editoração e arte Andréa Vichi Colaborador da redação Guillermina Arias Rio de Janeiro Rua da Lapa, 180 / 1103 20021-180 Rio de Janeiro RJ Tel/Fax: (21) 2221-4164 E-mail: [email protected] São Paulo FENAD - Federação Nacional de Associações de Diabéticos e ANAD Associação Nacional de Assistência ao Diabético Rua Eça de Queiroz, 198 04011- 031 São Paulo - SP tel: (11) 5572-6559 fax: (11) 5549-6704 http://www.anad.org.br [email protected] Praça Ramos Azevedo, 206/1910 01037-010 - São Paulo - SP Tel: (11) 3361-5595 / 3362-2097 ISSN 1517-6428 © ATMC - Atlântica Editora Ltda Av. São João, 56 sala 7 12940-000 Atibaia – SP Assinatura 12 edições: R$ 174,00 tel: (21) 2221-4164 www.atlanticaeditora.com.br I.P. (Informação publicitária) As informações são de responsabilidade dos anunciantes Copyright © ATMC – Atlantica Editora Ltda Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Em razão do avanço rápido das ciências médicas, o Editor recomenda que uma verificação independente do diagnóstico e doses dos medicamentos seja realizada. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética médica, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. indice.pmd 234 04/09/03, 18:25 Diabetes Clínica 235 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Editorial Manifesto da Frente Parlamentar da Saúde Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho Nesta edição apresento a vocês o manifesto da Frente Parlamentar da Saúde por entender que o assunto é da mais alta importância e também porque com certeza reflete o pensamento de todos nós. Vamos apoiar! - Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho, Coordenador e Editor Científico, Diabetes Clínica editorial.pmd 235 A saúde pública acumulou, durante décadas, uma enorme dívida para com a nação brasileira. A oferta de saúde universal, digna e de qualidade para todo cidadão tornou-se a meta principal do SUS desde a promulgação da Constituição de 1988. O resgate desta dívida social teve importante avanço com a aprovação no ano de 2000 da Emenda Constitucional no 29 que, após 8 anos de tramitação no Congresso Nacional e graças à mobilização de todos os atores comprometidos com a saúde pública (usuários, prestadores de serviços públicos e privados, classe política, gestores e autoridades), vinculou receitas orçamentárias para a saúde nos três níveis de governo (federal, estadual e municipal), sinalizando um efetivo compromisso dos governantes com o setor da saúde, à semelhança do que já vinha acontecendo com a educação há 20 anos. A Frente Parlamentar da Saúde, integrada por 200 deputados federais e 18 senadores de todos os partidos políticos, em Assembléia Geral realizada em 2 de julho de 2003, na Câmara dos Deputados, decidiu, por unanimidade, repudiar toda e qualquer proposta apresentada no contexto da Reforma Tributária que pretenda retirar recursos orçamentários destinados às áreas sociais (saúde, educação e seguridade). As propostas de desvinculação de 20% das receitas da União (DRU), dos Estados (DRE) e dos municípios (DRM) golpeiam mortalmente os setores sociais do país retirando, em 2004, 12 bilhões de reais da saúde e 16 bilhões de reais da educação, e afrontam a vontade majoritária da nação representada pelo Congresso Nacional que aprovou a Emenda Constitucional no 29 com apenas 4 votos contrários entre seus 594 membros. A Frente Parlamentar da Saúde não permitirá que reuniões de cúpula, fora do âmbito do Congresso Nacional, e do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social sejam utilizadas como instrumentos de pressão sobre os representantes legitimamente eleitos, para retirar direitos sociais arduamente conquistados pelo povo brasileiro, e utilizará todos os instrumentos políticos e regimentais para impedir a aprovação das desvinculações orçamentárias constitucionais, assim como lutará também para manter na Lei de Diretrizes Orçamentárias / 2004 a proibição de contingenciamento dos orçamentos destinados à área social, aprovada pela Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional. 04/09/03, 18:25 236 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 04 (2003) Informes do Diabetes no Mundo Prof. Dr. Fadlo Fraige Filho Estudo STOP: Evidências na prevenção da doença cardiovascular em diabetes O estado hiperglicêmico pós-prandial tem suscitado inúmeras pesquisas nos últimos anos, considerando que todas as complicações do diabetes estão relacionadas com os picos hiperglicêmicos que são maiores após a ingestão de alimentos. O próprio parâmetro de medida do controle glicêmico, que é a hemoglobina glicosilada A1c, se correlaciona com os níveis de hiperglicemias pós-prandiais e não com as glicemias de jejum. Para tomarmos em conta a importância do estado pós-prandial, uma pessoa normal, em média com as suas refeições habituais, fica 9 horas em estado pós-prandial, e se os alimentos forem ricos em gorduras, esse estado pós-prandial se estende para 15 horas. Pouco se sabe, ainda, pois agora surgem os primeiros trabalhos, de uma evidência que para mim é muito clara e óbvia, que é a hiperlipidemia pósprandial. A analogia que fizemos com glicemias de jejum e pós-prandiais é perfeitamente comparável com a mensuração dos lípides nessas duas circunstâncias. Já se conhecem as conseqüências da hiperglicemia pós-prandial [1] e [2] em que existem alterações do endotélio, vasoconstrição, liberação de citoquininas inflamatórias com aumento de interleucinas, proteína C reativa, geração de radicais livres, glicosilação de proteínas e alteração do metabolismo lipídico. Este caracterizado pelas hipertrigliceridemias pós-prandiais que diminuirão as lipoproteínas de alta densidade, alterando as de baixa densidade, que se tornam pequenas e densas, propiciando o dano vascular, com formação das placas ateroscleróticas. Por essa razão o estado hiperglicêmico está correlacionado com as doenças cardiovasculares, principalmente com o enfarto agudo do miocárdio com alta prevalência em diabetes. Norhammar [3] mostra esta prevalência em 35% de pessoas com IGT (intolerância à glicose) e 31% em pacientes com diabetes não diagnosticado. Existem relatos dessa prevalência de até 40% de enfarte do miocárdio em pessoas com diabetes, por vezes sendo este episódio a primeira manifestação no diagnóstico da doença, elevando o risco de morte prematura. Daí a importância do diagnóstico precoce e tratamento do estado hiperglicêmico pós-prandial. O estudo DECODE [4] mostra e conclui cabalmente que a mortalidade cardiovascular está correlacionada com o estado hiperglicêmico pós-prandial. Muitos outros trabalhos se seguiram com a mesma conclusão, mostrando que a hiperglicemia pós-prandial é o melhor preditor de mortalidade por doença cardiovascular e também para outras doenças como o câncer. O uso da acarbose diminui a glicemia e a insulinemia pós-prandial aumentando a sensibilidade dos tecidos à insulina. Esses resultados foram informe 34.pmd 236 04/09/03, 18:25 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 04 (2003) Continuação Referências: 1. Ceriello A. Diabetes Metab Res Rev 2000 2. Esposito K et al. Circulation 2002. 3. Rorhermman A et al. Lancet 2002. 4. DECODE. Diabetes Epidemiology Collaborator Analisys of Diagnostic Criteric – Lancet 1999;354:617-621 5. STOP NIDDM – Chiasson JL et al. Diabetes Care 1998;21:1720-1725. 237 avaliados no estudo STOP NIDDM [5], em que se concluiu haver uma redução de 24,8% na transformação de indivíduos IGT (intolerantes à glicose) para diabetes mellitus tipo 2 com o uso de acarbose (baseado em teste de tolerância oral a glicose – TTOG) e redução de 34,6 % baseado em dois TTOG. Nesse mesmo estudo realizado em intolerantes à glicose, mostrou um índice de 29,5% de indivíduos com IGT que retornaram aos níveis de tolerância normal à glicose (TNG). Podemos concluir que o Estudo STOP reduz a progressão de IGT para diabetes mellitus e aumenta o retorno a TNG (tolerância normal à glicose). À luz dos conhecimentos atuais podemos afirmar que a acarbose reduz o risco da doença cardiovascular, diminuindo a glicemia pós-prandial. Ainda do estudo STOP ao avaliar o perfil lipídico concluir-se que o tratamento com acarbose resulta numa diminuição estatisticamente significante dos níveis do LDL-colesterol e no aumento do HDL-colesterol. No estudo de meta-análise do STOP os pacientes tratados com acarbose tiveram uma redução estatisticamente significante da incidência do infarto do miocárdio (91%), bem como a diminuição da média da pressão arterial sistólica e diastólica, avaliados acima de três anos após a randomização no estudo. Redução de 34% de aparecimento da hipertensão arterial e de 49% em qualquer doença cardiovascular. Todos estes dados direcionam o tratamento para o controle da hiperglicemia pós-prandial que sabemos ser extremamente deletéria ao organismo, por isso justificando todos os meios e medicamentos para o controle desta situação, sendo acarbose o meio simples e altamente eficaz como auxiliar no tratamento de todas as pessoas com diabetes. Por isso justifica-se o uso da acarbose na prevenção do diabetes e no controle da hiperglicemia pós prandial. CADE concede parecer final favorável à aquisição da Biobrás pela Novo Nordisk 6 de agosto de 2003 O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) anunciou o parecer favorável, aprovando a compra da Biobrás pela Novo Nordisk, após aproximadamente um ano e meio da assinatura de um acordo entre as duas empresas. O órgão manteve no parecer as duas condições relacionadas aos concorrentes já recomendadas pela Secretaria de Acompanhamento Econômico (SEAE), pela Secretaria de Direito Econômico (SDE) e pela Procuradoria Federal do CADE em seus pareceres. A primeira condição é que seja retirada uma cláusula de não-concorrência entre as empresas, pela qual os antigos controladores da Biobrás, que possuem a patente para a produção de insulina recombinante não poderiam atuar no mercado por três anos. A segunda é que a Câmara do Comércio Exterior (Camex) do Ministério do Desenvolvimento retire as sobretaxas impostas às importações de insulina, como forma de aumentar a competitividade no mercado. Mesmo no aguardo da decisão final do CADE, alguns investimentos já vinham sendo feitos na Biobrás, com o objetivo de aumentar sua capacidade de produção de insulinas em aproximadamente 60%, além de transformar sua fábrica de Montes Claros em pólo de exportações para a América Latina e outros países. Entre as novidades para o segundo semestre, está o início da operação de embalagem do antidiabético oral NovoNorm. A fábrica de Montes Claros irá receber os comprimidos do medicamento da Europa. O medicamento será embalado no Brasil e exportado, inicialmente para os países da América Latina, e alguns países da Europa e Ásia, e posteriormente em nível global. Em 2004, duas outras linhas de embalagem desse produto devem entrar em operação. informe 34.pmd 237 04/09/03, 18:25 238 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 04 (2003) Gianfrancesco F, J Clin Psychopharmacol 2003;23(4):328-35 Diabetes tipo 2 induzido por anti-psicóticos: evidência a partir de uma base de dados de saúde A evidência sugere que alguns anti-psicóticos podem induzir o diabetes tipo 2 em pacientes. O objetivo deste estudo foi avaliar a associação de tratamentos anti-psicóticos com diabetes tipo 2 dentro de uma ampla base de dados relativa a saúde. Dados com declarações de pacientes com psicose, aproximadamente 2 milhões de casos, foram analisados usando regressão logística. Foram comparadas as freqüências de pacientes recentemente tratados por diabetes tipo 2, que não foram tratados com anti-psicóticos, e entre pacientes tratados com quetiapina, risperidona, olanzapina, e anti-psicóticos. Baseado nos resultados das experiências de vários meses de tratamento com anti-psicóticos, os pacientes quetiapine e risperidona receberam tratamento para diabetes tipo 2 que foram abaixo dos que não foram tratados com antipsicóticos (não estatisticamente significativo); pacientes tratados com antipsicóticos convencionais foram equivalentes aos que não foram tratados com anti-psicóticos; somente a olanzapina teve resultados que foram significativamente maiores do que os pacientes não tratados com antipsicóticos (p = 0,0247). Os resultados baseados em 8 meses de observação para a preexistência de diabetes tipo 2 e assumindo 12 meses de tratamento anti-psicótico foram: rispidona = 0,660 (95% IC 0,311-1,408); olanzapina = 1,426 (95% IC 1,046-1,955); quetiapina = 0,976 (95% IC 0,422-2,271); e anti-psicóticos convencionais = 1,049 (95% CI 0,688-1,613). O relatório e experiências prospectivas, e outros estudos retrospectivos, implicaram, consideravelmente, olanzapina e clozapina como motivo ou exacerbação de diabetes tipo 2. Poucos implicaram risperidona enquanto que casos de diabetes com quetiapina foram limitados. Este estudo sustenta recentes resultados com risperidona vs. olanzapine e fortalece casos com quetiapina. Estudos adicionais são necessários para avaliar a associação de tratamento anti-psicótico com diabetes tipo 2. Abu-Elheiga L, Proc Natl Acad Sci U S A Agosto 14, 2003 Camundongo Acety1-CoA carboxylase 2 mutante é protegido contra obesidade e diabetes induzido por alta taxa de gordura/ dietas com alta taxa de carboidratos Malonyl-CoA, originado por acetyl-CoA carboxilases ACC1 e ACC2, é a chave metabólica no controle da síntese de ácido graxo e oxidação em resposta as mudanças na dieta. ACC2 está associada à mitocôndria, e o rato Acc2(-/-) tem um período de vida normal e alto índice de oxidação de ácido graxo e acumula menos gordura. Rato mutante alimentado com dietas com alta taxa de gordura e alta taxa de carboidratos pesavam menos do que seus companheiros WT, acumularam menos gordura, e mantiveram níveis normais de insulina e glicose, enquanto que ratos WT tornaram-se diabéticos tipo 2 com estados hiperglicêmicos e hiperinsulinêmicos. Os índices de oxidação dos ácidos graxos no músculo solear e nos camundongos hepatócitos Acc2(/-) foram significativamente mais altos do que os dos companheiros WT e não foram afetados pela adição de insulina. Os níveis mRNA de proteínas desacopladoras (UCPs), foram significativamente altos em adipose, coração (UCP2), e tecidos musculares (UCP3) de camundongos mutantes comparados com aqueles dos WT. O aumento nos níveis na UCP junto com o aumento de oxidação de ácido graxo pode jogar um papel importante na regulamentação do gasto de energia. Os resultados sugerem que ACC2 joga um papel importante no controle da oxidação de ácido graxo e é um potencial objeto na terapia contra a obesidade e doenças relacionadas. informe 34.pmd 238 04/09/03, 18:25 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 04 (2003) MMWR Morb Morta Rel semanal 2003 15;52(32):764-9 239 Prevalência de atividade física, incluindo atividades para melhorar o estilo de vida entre adultos – USA, 2000-2001 Atividades físicas regulares ajudam na prevenção da obesidade, doenças coronárias, hipertensão, diabetes, câncer de colo, e mortalidade prematura. Durante os anos 1986 - 2000, o Behavioral Risk Factor Surveillance System (BRFSS) incluiu questões que mediam atividades físicas durante o lazer (exercícios primários ou esportes). Registros anteriores mostram que uma atividade física apropriada para aumentar a aptidão cardio-respiratoria incluía participação numa atividade de intensidade vigorosa (i.e., > ou =20 minutos por dia, > ou =3 dias por semana). O American College of Sports Medicine concluiu que os adultos poderiam ganhar benefícios na saúde após um mínimo de 30 minutos de atividade de intensidade moderada durante a maioria dos dias da semana. Várias atividades físicas tanto domésticas como de transporte e algumas atividades de lazer, podem ser importantes para avaliar. Em resposta a recomendação da expansão da atividade física e incluir atividades de estilo de vida relacionado à saúde, novas questões sobre atividades físicas foram desenvolvidas pela BRFSS. Depois de um teste, cognitivo, válido e seguro, as novas questões referentes a atividades de lazer foram usadas em 2001 BRFSS. Um debate separado, permitiu a localização de inatividade física, durante as horas de descanso através dos anos, e foi usado nos questionários de 2000 e 2001 da BRFSS para comparar e determinar a estimativa prevalecente de adultos que se engajaram em atividades físicas, de acordo com as recomendações das pesquisas de ambos anos. Os resultados indicam que mesmo com uma atividade física mais completa do que a usada anteriormente, a maioria dos adultos americanos não são ativos fisicamente nos níveis que podem auxiliar a saúde. Howard Hughes Medical Institute, Joslin Diabetes Center, Harvard Medical School, Boston, Massachusetts, J Neurosci 2003;23(18):7084-92 Deficiência do substrato do receptor de insulina prejudica o crescimento do cérebro e promove a fosforização das proteínas tau International Diabetes Federation, junho de 2003 Predisposição a diabetes do tipo 2 Resistência à insulina e diabetes pode produzir doença neuro-degenerativa, porém a ligação molecular entre estas enfermidades é desconhecida. Muitos fatores são responsáveis pelo crescimento e a sobrevivência do cérebro, incluindo fatores de crescimento insulin-like (IGF) sugerindo cascatas que são mediadas pela fosforização da tirosina das proteínas do substrato do receptor de insulina (IRS). Irs2 indica a mediação da ação da insulina periférica e a função pancreática da célula b, e sua falha causa diabetes no camundongo. Neste estudo, revelamos dois importantes papeis para Irs2 no cérebro de camundongo. Primeiro, a interrupção do gene Irs2 reduziu em 50% a proliferação dos neurônios durante o desenvolvimento, o que desassociou o crescimento no cérebro de Irs1 - dependente do crescimento do corpo. Segundo, agrupamento neurofibrilar contendo proteínas tau fosforizadas acumulado no hipocampo de um camundongo Irs2, sugerindo que Irs2 é neuroprotetora. Logo, desordem do Irs2 da insulina IGF revela uma ligação molecular entre diabetes e doenças neuro-degenerativas. Os filhos de mães que contraíram diabetes tipo 2 durante a gravidez possuem grande risco de desenvolver diabetes tipo 2 durante a vida adulta. No entanto, é difícil distinguir claramente entre os fatores genéticos e fatores metabólicos informe 34.pmd 239 04/09/03, 18:25 240 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 04 (2003) Continuação associados com o ambiente no útero diabético durante a gravidez. Para desconsiderar os fatores genéticos em diabetes tipo 2, os pesquisadores observaram o impacto de exposição ao diabetes durante a gravidez em crianças de mães desenvolvendo diabetes tipo 1. Adultos descendentes de pessoas com diabetes tipo 1, os quais não eram diabéticos e não predispostos a diabetes tipo 1 (anticorpo negativo) foram estudados. Os resultados mostraram que os filhos dessas mães apresentavam baixa secreção de insulina em resposta a glicose, o mesmo ocorreu com os pais portadores de diabetes tipo 1 (um grupo controlado compreendido de pessoas não expostas à diabete no útero). Além disso, 30% das mães com diabetes apresentaram intolerância à glicose. Este estudo sugere que a exposição ao diabetes do tipo 1 no útero resulta em uma predisposição de crianças a diabetes do tipo 2. Victor Henderson et al., Universidade de Arkansas, JAMA 2003;289:26512662,2663-2672,2673-2684,27172718, maio de 2003 A combinação estrógeno-progestin associada com aumento do risco de demência informe 34.pmd 240 A terapia de combinação de estrógeno com progestin é associada ao aumento do risco de derrame e demência e não favorece progresso na função cognitiva, segundo três relatórios. Baseados nestes resultados da Women´s Health Initiative (WHI - Iniciativas para a Saúde da Mulher) e no Women´s Health Initiative Memory Study (WHIMS - Iniciativas para a Saúde da Mulher e Estudo da Memória), os pesquisadores sugerem que esta combinação deve ser reservada para os sintomas de menopausa. Os editores resumem a categoria de nossa atual compreensão e apontam onde a falta de provas existe. “A combinação de estrógeno e progestin em mulheres mais velhas parece aumentar o risco de derrame e demência de todas as causas”, segundo Victor Henderson, professor de geriatria e neurologia da Universidade de Arkansas. “Estes resultados estão dentro de um contexto de um grande teste de seleção aleatória, controlado, assim eles têm que ser levados a sério mesmo que eles apresentem resultados diferentes dos resultados profetizados há alguns anos”. O estudo WHI de estrógeno mais progestin foram descontinuado em julho de 2002 por causa do aumento do risco causado na saúde das mulheres que recebiam esta combinação de hormônio, incluindo um risco maior de câncer de mama invasivo, infarto do miocardio e trombose venosa. Os três estudos foram feitos com grandes amostras, duplo-cegos, controlados por placebo. Todas as mulheres no WHIMS tinham a idade de 65 anos e mais, e foram escolhidas aleatoriamente para receber doses diárias de 0,625 mg de estrógeno conjugado com 2,5 mg de acetato de medroxyprogesterone ou placebo. Em um estudo sobre o risco de demência no teste WHIMS, 4.532 mulheres na pós-menopausa com idade de 65 anos ou mais, sem demência provável, foram registradas entre maio de 1996 e dezembro de 1999. Linha de base e avaliação anual incluíram uma avaliação clínica e teste Modified Mini-Mental State Examination (3MSE) que testa orientação espacial e temporal, memória imediata e atrasada, função executiva, fluência verbal, raciocínio abstrato, praxis e habilidades visual-construcional. Mulheres com sucessivas consultas sugerindo possível falha cognitiva se submeteram a testes neuropsicológicos para fluência verbal e memória e a avaliações de medicos experientes em diagnosticar demência. Mulheres que se pensava ter possível demência também tiveram tomografia computadorizada do cérebro e testes sangüíneos para excluir as possíveis causes reversíveis de declínio cognitivo e demência. O risco de demência provável no grupo estrógeno mais progestin era duas vezes mais no grupo do placebo (razão de perigo [HR], 2.05; IC 95%, 1,21– 04/09/03, 18:25 242 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 04 (2003) Continuação 3,48; p = 0,01). De 61 mulheres diagnosticadas com provável demência, 40 (66%) eram do grupo estrógeno mais progestin e 21 (34%) do grupo do placebo. Provas de aumento de risco no grupo estrógeno mais progestin apareceram um ano depois da escolha aleatória e permaneceram por mais de cinco anos de continuação. Entretanto, o risco absoluto de desenvolver demência era relativamente pequeno: 23 casos adicionais de demência por 10.000 mulheres tratadas com estrógeno mais progestin por um ano. Estas constatações foram descritas como inesperadas e em impressionantes contrastes em relação a maioria das pesquisas anteriores sobre o efeito da terapia de hormônio para doença de Alzheimer e demência. O estudo da função cognitiva em WHIMS avaliou 4.381 mulheres que foram avaliadas pelo menos uma vez entre 1995 e 2002. Mulheres no grupo de estrógeno-progestin tiveram aumentos médios menores no acompanhamento total do que as mulheres no grupo placebo (p = 0,03), mas estas diferenças não eram clinicamente significativas. Um substancial e clinicamente importante declínio de no mínimo dois DP no teste ocorreu em 6,7% do grupo de terapia hormonal e em 4,8% do grupo placebo (p = 0,008). Uma parte do estudo WHI estudou efeito do estrógeno mais progestin sobre derrame isquêmico e hemorrágico. O WHI era um estudo multicêntrico, duplocego, controlado por placebo, no qual participaram 16.608 mulheres com idade entre 50 a 79 anos. Os pacientes receberam 0,625 mg de estrógeno/dia mais 2,5 mg de acetato de medroxyprogesterone por dia, e a média de tratamento foi de 5,6 anos. Derrames ocorreram em 151 pacientes (1,8%) no grupo estrógeno mais progestin e em 107 pacientes (1,3%) no grupo de placebo, produzindo um aumento de risco global de 31% para derrame total (HR, 1,31; IC 95%, 1,02–1,68; ou HR, 1,50 ajustado para aderência; IC 95%, 1,09–1,90). Derrames isquêmicos contavam com 79,8% do total, com aumento de risco de 44% para terapia hormonal comparado com placebo (HR, 1,44; IC 95%, 1,09–1,90). O risco para derrame hemorrágico não era significantemente diferente entre os grupos. “O estudo de derrame não contradiz realmente as crenças predominantes na comunidade médica,” disse Dr. Henderson. “Não havia realmente nenhuma evidência forte de que a terapia hormonal teria um efeito benéfico sobre o derrame, assim a maioria não esperou um benefício dramático para o derrame, embora tenha sido para a doença de Alzheimer. A terapia hormonal pode ter ambos os efeitos positivo e negativo em fatores vasculares que envolvem inflamação, coagulação, e trombólise, assim o efeito final sobre o risco vascular pode ser mais difícil de prever.” Zaldi Tan et al., Harvard University, Boston, American Geriatrics Society 2003 Annual Scientific Meeting, Baltimore, Maryland, 14 a 18 de maio de 2003 Baixa densidade mineral óssea ligada a demência em mulheres informe 34.pmd 242 Mulheres idosas com baixa densidade mineral óssea (Bone Mineral Density – BMD) têm aumento de risco para desenvolver demência. A mesma relação entre BMD e declínio de memória não se apresenta em homens. Pesquisas anteriores mostraram que a queda na produção de estrógeno na menopausa acelera perda óssea em mulheres, e que a BMD que uma mulher carrega para a velhice é um “marcador para exposição de estrógeno para a vida toda,” disse Dr. Tan. Consequentemente, se uma mulher tem uma baixa BMD em seus 70 anos, “isto pode significar que (sua) exposição de estrógeno durante a (sua) vida não é tão alto quanto deveria ser,” ele acrescenta. Pesquisa anterior também sugeriu que estrógeno pode proteger o cérebro de perda de memória. Portanto, alta BMD pode indicar altos níveis de estrógeno para toda vida o que, por sua vez, protege contra declínio cognitivo. Entretanto, estudos complementares são necessários antes que os clínicos 04/09/03, 18:25 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 04 (2003) 243 comecem usar tomodensitometria para a previsão de risco de demência em uma mulher. No novo estudo, dr. Tan e sua equipe registrou BMDs em 987 homens e mulheres, com média de idade de 76 anos, os acompanhou por até 13 anos e observou quem desenvolveu demência. Foi concluído que mulheres com o mais baixo BMD eram duas vezes mais prováveis do que as outras de desenvolver mais tarde doença de Alzheimer ou outra demência. Em homens, entretanto, BMD adiantada não tinha nenhuma relação com o risco de demência, sugerindo que mudanças no estrógeno pode ter um efeito diferente em homens do que em mulheres. Embora as constatações sugerem que o estrógeno pode proteger contra demência em mulheres, Dr. Tan observou que pesquisas anteriores mostraram que o estrógeno não ajuda no tratamento destas condições uma vez que elas se desenvolvem. Bin Sun, Meng Tan, James Malone, American Diabetes Association, 63nd Scientific Sessions, New Orleans, 13 a 17 de junho de 2003 Relação entre A1C e monitoramento individual de glicose Meta-análise de 12 estudos clínicos A relação entre A1C e o monitoramento individual de glicose no sangue (BG) é importante para o paciente portador de diabetes atingir o objetivo A1C através determinados níveis diários BG. No entanto, uma grande quantidade de informação BG é necessária para estabelecer uma relação confiável e saudável. Fizemos uma meta-análise para determinar esta relação. Dados de estudos obtidos de 12 clínicas mundiais com pessoas portadoras de diabetes que usam uma variedade de terapias, abrangendo do agente oral a terapias intensivas de insulina foram coligadas para examinar a correlação entre A1C e monitoramento individual da BG. Foram analisados 1620 indivíduos de 26 países tanto com o tipo 1 ou 2 de diabetes. A1C e dados de BG e vários períodos de tempo foram analisados por cada indivíduo sem levar em consideração a terapia dele/dela. Regressão de peso e análise correlativos foram executados para cada período de tempo de BG individual e também para todas as pré-refeições, pós-refeições e a média de BG diária. Todas as correlações foram muito significantes (p < 0,01). Entre os períodos de tempo da BG individual, 2 horas pós-jantar teve a maior correlação com A1C (r = 0,63). Jejum e pós-refeições tiveram as menores correlações (r = 0,48). Todas as BGs pré-refeições e todas as pós-refeições tiveram igualmente altas correlações (r = 0,65). Os resultados desta meta-análise indicaram que após 2 horas pós-refeição noturna a glicose no sangue é o melhor prognóstico de A1C, e jejum e pós-refeição a BG teve o menor valor prognóstico. A média diária de BG (DABG) é o melhor composto de BG prognóstico de A1C, com pré-refeição e pós-refeição BG tendo igual valor em prognosticar A1C. A relação entre DABG e A1C é: DABG (mmol) = 1,30 x A1C-1,1. Tempo Jejum Pré-almoço Pré-jantar Ao deitar Todas as pré-refeições Média diária BG (DABG) r 0,48 0,52 0,56 0,53 0,65 Tempo Pós-café da manhã Pós-almoço Pós-jantar Noite 3:00hs Todas as pós-refeições R – coeficiente de correlação informe 34.pmd 243 04/09/03, 18:25 r 0,56 0,48 0,63 0,51 0,71 244 O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 04 (2003) O Diabetes na Imprensa O Estado de São Paulo 17 de julho de 2003 imprensa 34.pmd Farmácia delivery: até 37% mais barata De cinco anos para cá, quem precisa adquirir medicamentos com freqüência conta com mais comodidade na hora de fazer suas compras. São as farmácias e drogarias que funcionam por meio de sistemas de entrega - os chamados delivery. Além do conforto de se fazer as compras de casa, elas também oferecem a vantagem de vender remédios por preços bem menores do que aqueles cobrados pelas drogarias tradicionais. É o caso do Zoloft, que custa, na média, R$ 56,41 nas delivery - 37,7% menos do que os R$ 90,56 cobrados, em média, pelas farmácias tradicionais. Para comparar os preços cobrados pelas drogarias tradicionais e pelas delivery, o JT fez uma lista com vinte medicamentos e pesquisou os preços cobrados por eles em seis empresas três farmácias tradicionais e três delivery. O que se concluiu foi que, calculandose uma média dos preços cobrados por elas, as delivery oferecem vantagens na maior parte dos casos. Em 17 dos produtos pesquisados, a média de preços cobrados pelas delivery é menor do que os das tradicionais. Levando-se com conta os preços individuais, porém, o que se percebe é que as delivery oferecem descontos melhores para medicamentos de uso contínuo, como aqueles vendidos para diabéticos e hipertensos, por exemplo - que, não raro, são também os mais caros. No caso de medicamentos mais populares, como Novalgina e Cataflam, é comum uma ou outra rede tradicional oferecer preços mais atraentes do que as delivery, em razão de promoções que elas praticam eventualmente. As maiores drogarias delivery do mercado vendem todos os tipos de medicamentos, desde o mais popular analgésico até aqueles que só são vendidos com receita médica. Pela entrega dos produtos, que geralmente é feita no dia seguinte ao do pedido, elas cobram uma taxa. O segredo para os bons preços, de acordo com as empresas, é a negociação que fazem com seus fornecedores. “O delivery funciona por conta da parceria com a indústria”, resume o diretor da Arp Med, Guilherme Andrade Leme da Rocha. “Algumas redes tradicionais fazem boas promoções, mas com prazo de validade. Nossos preços são menores o tempo todo”, garante ele. Na Arp Med, os medicamentos são vendidos com desconto médio de 25% a 27%, com relação ao preço máximo estipulado em tabela pelo governo. O frete custa R$ 2,20, independentemente da região da cidade em que a pessoa mora e da quantidade de produtos que ela vai comprar. O proprietário da Farmalivery, Fernando Menezes, diz que cobra preços, em média, de 20% a 30% mais em conta do que os de tabela. A taxa de entrega é de R$ 1,50 para a cidade de São Paulo e de R$ 2,50 para pedidos feitos de outros municípios. A Farmalivery não trabalha, ainda, com medicamentos que são vendidos com receita. Isso só passará a ser feito depois que a empresa abrir uma loja própria - uma exigência da Vigilância Sanitária. 244 04/09/03, 18:25 246 O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 04 (2003) Diabetes: Velha luta, novo ataque A diabete é uma doença traiçoeira. Na maioria dos casos, os sintomas surgem aos poucos. Boca seca, sede em excesso, vontade frequente de urinar e cansaço. Com o tempo, ela mina as forças do organismo e compromete a qualidade de vida. Podem ocorrer complicações que levam ao infarto, insuficiência renal, cegueira e até a morte. No Brasil, calcula-se que dez milhões de pessoas sejam vítimas do problema. No mundo, o número chega a 150 milhões. Apesar da gravidade do problema, a medicina ganha cada vez mais batalhas. Uma das boas notícias vem da área de medicamentos. O laboratório Aventis Pharma lança nesta semana, no Brasil, e em vários outros países a Lantus, a primeira insulina com ação 24 horas a chegar ao mercado. É uma ajuda e tanto. Diferentemente das insulinas disponíveis até agora, com ação média durante 16 horas, a glargina (princípio ativo da droga) irá manter os níveis do hormônio normais e constantes durante todo o dia, imitando o que acontece em um organismo sadio. Portanto, o remédio evita o desequilíbrio dos níveis da glicose e da própria insulina. Para os pacientes que precisam tomar pelo menos duas doses do hormônio por dia, a Lantus é um grande alívio. A partir de agora, eles poderão injetar o hormônio apenas uma vez – o que significa menos desconforto –, além de terem a certeza de que a diabete estará controlada 24 horas por dia. Há outra vantagem. O remédio diminui bastante as chances de ocorrência das crises de hipoglicemia (baixa taxa de açúcar no sangue), cujos sintomas são mal-estar, tontura, desmaio e, em casos graves, até coma. O efeito colateral é comum às drogas atuais. Após o pico de atuação desses remédios, há uma queda abrupta de sua ação no sangue, o que pode provocar a hipoglicemia. O mesmo benefício em relação às crises foi observado pelo endocrinologista Freddy Goldberg, do Hospital Heliópolis, em São Paulo. Num trabalho feito com 36 pacientes, ele comparou os efeitos da Lantus e de uma insulina com ação de 16 horas. “O grupo que usou a glargina teve 50% menos crises de hipoglicemia”, garante o médico. Esses estudos fizeram parte de um protocolo amplo de pesquisas, iniciado por aqui em 1998. Ao todo, 20 centros brasileiros participaram dos testes, que reuniram 700 pacientes. Os resultados comprovaram a eficácia da droga. Para seu efeito ser ainda melhor, os médicos poderão associá-la a insulinas de efeito ultrarápido, tomadas antes das refeições. A Lantus é vendida desde 2000 na Alemanha, chegou em 2001 aos Estados Unidos e no final do ano passado desembarcou na Inglaterra e na Irlanda. Outros laboratórios, porém, estão na corrida para produzir insulinas com efeito 24 horas. Um deles é o Novo Nordisk. O produto da empresa dinamarquesa está em fase de análise pelas agências de liberação de remédios e tem previsão de chegar às farmácias no ano que vem. Algumas empresas estão realizando estudos promissores sobre a eficácia de uma insulina inalada. O paciente inalaria o hormônio antes das refeições. Por enquanto, os testes clínicos estão indo bem, mas ainda não se sabe quando o produto estará disponível. No futuro, talvez os diabéticos também possam contar ainda com a pílula de insulina. A invenção é do laboratório GlaxoSmithKline. A empresa garante que a droga estará à disposição em 2006. Outra frente de pesquisa é o desenvolvimento de remédios que, além de controlar a diabete, previnam suas possíveis complicações. Um dos alvos, por exemplo, é combater a diabete tipo 2 e duas de suas principais consequências: problemas cardíacos e acidente vascular cerebral (derrame). “Cerca de 80% dos diabéticos tipo 2 morrem de infarto ou derrame”, afirma Simão Lottenberg, do Hospital das Clínicas 20 de agosto de 2003 imprensa 34.pmd 246 04/09/03, 18:25 O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 04 (2003) 247 de São Paulo. O remédio rosiglitazona, da Glaxo, é um dos candidatos a essa múltipla ação. A droga é usada contra a diabete, mas nos últimos anos percebeu-se que ela teria um efeito protetor diretamente nos vasos sanguíneos, o que contribuiria para a prevenção das complicações no coração e no cérebro. Um estudo americano mostrou que o produto reduz em 35% a mortalidade de diabéticos por infarto e derrame. Outras complicações graves, como lesão nos olhos e problemas nas pernas e pés, também poderão ser solucionadas no futuro – a empresa Eli Lilly está procurando criar uma droga que iniba a ação da enzima PKC, responsável por essas consequências. Remédios assim poderão evitar que muitos pacientes apelem para recursos mais agressivos, como o transplante de pâncreas ou de pâncreas-rins (indicado para situações nas quais os rins praticamente não funcionam mais). “Essa é uma saída para resolver o problema”, diz João Roberto de Sá, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Na instituição, foram atendidos 55 casos de transplante duplo com sucesso. Na semana passada, outra modalidade de transplante foi realizada em Campina Grande do Sul, no Paraná. Pela primeira vez no Brasil, foi retirada uma porção mínima de um pâncreas de uma doadora viva. A doação foi de filha para mãe. A paciente, de 49 anos, entrava em coma toda semana por causa da doença. “Ela teria de esperar por um doador-cadáver por no mínimo dois anos”, explica João Eduardo Nicoluzzi, um dos médicos que participaram do procedimento. A medicina pesquisa ainda a viabilidade do transplante de ilhotas de pâncreas (estruturas onde estão as células produtoras de insulina). Há vários estudos no mundo. No Brasil, um dos centros à frente dessa empreitada é o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, em parceria com a Universidade de São Paulo. O paciente recebe uma injeção de ilhotas, retiradas do pâncreas de um doador saudável. “É preciso realizar muitos estudos para saber se o tratamento dará certo”, ressalta o endocrinologista Freddy Goldberg, também coordenador médico do Núcleo de Terapias Celulares do Instituto de Química da USP. Por enquanto, a operação foi feita em uma paciente, que está bem. Os transplantes de pâncreas e de ilhotas só são indicados para casos extremos. Essas conquistas foram possíveis graças ao melhor entendimento da doença. Recentemente, por exemplo, a Sociedade Brasileira de Diabetes divulgou um novo consenso sobre como deve ser o tratamento da enfermidade. Nele, há a orientação de realização, no mínimo a cada três meses, de um exame para medir as taxas da chamada hemoglobina glicosilada, considerada um ótimo indicador da evolução da doença. “Quando está elevada, as chances de o doente ter problemas decorrentes da diabete aumentam”, explica José Egidio de Oliveira, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes. Também foi reforçada a necessidade de ficar de olho nos níveis de colesterol ruim, pressão arterial e triglicérides (outro tipo de gordura). “São fatores que podem piorar as consequências da doença”, afirma Fadlo Fraige Filho, presidente da Associação Nacional de Assistência ao Diabético. O Estado de São Paulo 19 de julho de 2003 imprensa 34.pmd Pesquisa identifica droga para diabetes A busca de medicamentos específicos para cada tipo de doença está chegando também ao diabetes, um dos grandes filões da indústria farmacêutica. Depois de pesquisar mais de 120 mil compostos sintéticos, cientistas dos laboratórios Roche identificaram um composto que acelera a ação de uma enzima que, além de estimular o pâncreas a produzir mais insulina, também inibe a liberação de 247 04/09/03, 18:25 250 O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 04 (2003) glicose no fígado. O trabalho foi publicado esta semana na revista Science. A expectativa é que a nova droga, chamada apenas de RO-28-1675, comece a ser testada em seres humanos dentro de um ano. Ela seria específica para portadores de uma forma de diabetes tipo 2 (MODY2), a de adultos, que aparece cedo e se caracteriza pela alta crônica das taxas de açúcar. O composto acelera a ação de uma enzima chamada glucoquinase (GK), que aparece alterada nos portadores da doença. Quinases são enzimas que “ligam” outras proteínas, transferindo uma molécula de ATP de uma para outra – ATP é o composto que funciona como baterias para a célula. Hoje são conhecidas 520 quinases diferentes, todas com a mesma função – a de transportar energia -, mas cada uma atuando sobre moléculas específicas. A glucoquinase é quem dá o primeiro passo no processo de quebra da glicose no organismo. Como ela não funciona bem nos diabéticos, o açúcar se acumula no sangue. O medicamento foi testado em camundongos e ratos com diabete. Segundo os autores do trabalho, hoje são necessário dois medicamentos para que o doente controle suas taxas de açúcar. Uma das vantagens do composto é que ele ajuda a controlar as taxas de açúcar após as refeições. Nos pacientes com MODY2, o fígado se encarrega de produzir açúcar mesmo quando o doente reduz o consumo desse tipo de alimento, dificultando o controle. A diabete vem crescendo no mundo inteiro ao lado da epidemia de obesidade, além disso, a de tipo 2, que costumava aparecer após os 50 anos, está sendo diagnosticada cada vez mais cedo. Retirada de gene desenvolve resistência a diabetes em ratos 3 de setembro de 2003 imprensa 34.pmd 250 Os cientistas já sabiam que ratos modificados geneticamente podiam comer muito sem engordar. Mas agora uma equipe norte-americanos descobriu que esses mesmos animais desenvolveram resistência ao diabetes. O gene retirado das cobaias é conhecido como SCD-1. Sem ele, os animais parecem imunes aos efeitos de dietas com alta concentração de calorias e gordura. “Acreditamos que essas cobaias possam estar protegidas contra diabetes”, afirma James Ntambi, professor de bioquímica na universidade de Wisconsin-Madison e de nutrição em Steenbock, na edição desta semana da revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences. A descoberta dá pistas bioquímicas importantes para o tratamento da doença, que afeta 7,6% dos brasileiros, segundo a Associação Nacional de Assistência ao Diabético. Segundo Ntambi, o gene produz uma enzima chamada SCD, que afeta a produção de ácidos graxos. Como os humanos possuem genes equivalentes ao SCD-1, a descoberta explica porque algumas pessoas, que podem não ter o gene, permanecem magras e sem diabetes mesmo com uma dieta rica em calorias e gorduras. “Começamos a suspeitar que indivíduos obesos têm uma expressão acentuada dessa enzima”, afirma o cientista. “Se você reduzir a expressão dela, você reduz a expressão de gordura.” A descoberta do gene e sua influência no organismo pode levar ao desenvolvimento de remédios para prevenir tanto a diabetes, quanto a própria obesidade. 04/09/03, 18:25 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 04 (2003) 251 Avanços terapêuticos e tecnológicos Cindy J. Rubin, Luigi Meneghini, Miranda Pans, Fred T. Fiedorek, American Diabetes Association, 63nd Scientific Sessions, New Orleans, 13 a 17 de junho de 2003 Cindy J. Rubin, Joseph Soufer, Anne Pieters, Fred T. Fiedorek, American Diabetes Association, 63nd Scientific Sessions, New Orleans, 13 a 17 de junho de 2003 avanços 34.pmd 251 Glipizida/metformina com segundo tratamento em portadores de diabetes tipo 2: eficácia, segurança, e tolerância Esta terapia associada tornou-se importante para o tratamento em pacientes portadores de diabetes tipo 2 os quais foram incapazes de conseguir adequadamente o controle glicêmico com monoterapia. Este estudo randomizado, duplo-cego, multicêntrico, avaliou a eficácia e segurança de glipizida/metformina (G/M) como segundo tratamento em 247 pacientes portadores de diabetes tipo 2, não controlados adequadamente com sulfoniluréia (HbA1c e” 7,5%). Os pacientes foram designados ao tratamento com G/M 5/500 mg, glipizida (G) 30 mg, ou metformina (M) 500 mg. Doses de G/M ou M foram ajustadas baseadas na resposta glicêmica durante as primeiras 8 semanas. Depois de 18 semanas de terapia duplo-cego, os pacientes recebendo G/M apresentaram uma baixa significativa de HbA1c e uma redução significativa da glicemia de jejum comparado com G e M. Uma grande proporção de pacientes do grupo G/M conseguiram HbA1c d” 7% comparado com G e M. A freqüência de ocorrência gastrointestinal foi comparável entre todos os grupos de tratamento e, um dos pacientes G/M desistiu devido a hipoglicemia. Em resumo, estes resultados demonstram a eficácia e segurança de G/M como segundo tratamento para pacientes portadores de diabetes tipo 2, não controlados com sulfoniluréias. Glipizida/metformina como primeiro tratamento em portadores de diabetes tipo 2: Eficácia, segurança, e tolerância O uso de 2 agentes antidiabéticos orais para observar a resistência da insulina e a disfunção progressiva da célula β, oferece vantagens no controle da glicemia aos pacientes portadores de diabetes tipo 2. Este estudo multicêntrico, randomizado, duplo-cego avaliou, como primeiro tratamento, a eficácia e a segurança de glipizida/metformina (G/M) vs. metformina (M) e glipizida (G) monoterapias. Os pacientes portadores de diabetes tipo 2 que não foram adequadamente controlados (HbA1c > 7,5% e £ 12%), apenas com dieta e exercícios, (n = 868) foram randomizados para 1 a 5 tratamentos durante 24 semanas: G/M 1,25/250 mg, G/M 2,5/250 mg, G/M 2,5/250 mg, G/M 2,5/ 500 mg, M 500mg, ou G 5 mg. As doses foram ajustadas baseadas na resposta glicêmica durante as primeiras 12 semanas. Os resultados G/M 1,25/250 mg 04/09/03, 18:25 252 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 04 (2003) Continuação não foram discutidos devido à interação qualitativa com G para HbA1c. Na 24ª semana os pacientes experimentaram uma redução significativa da HbA1c, comparado com M e G. Sintomas de hipoglicemia foram mais predominantes com um controle melhor e mais rápido, mas houve algumas desistências devido a hipoglicemia, e 1 paciente precisou de intervenção médica dentro dos pacientes medicados com G/M ou G. Ocorrências gastrointestinais foram sem relevância dentro do tratamento dos grupos. Em resumo, a principal eficácia de G/M oferece a oportunidade de encontrar os objetivos glicêmicos em pacientes portadores de diabetes do tipo 2 controlados inadequadamente somente com a dieta e exercícios. American Diabetes Association, 63nd Scientific Sessions, New Orleans, 13 a 17 de junho de 2003 O perfil farmacocinético e glicodinâmico da insulina glulisina em função da administração da injeção sub-cutânea em várias partes do corpo Insulina glulisina é o mais novo análogo da insulina humana de ação rápida com maior velocidade na atividade de efeito e menor duração de ação do que a insulina regular humana. Este estudo compara o efeito das injeções em várias partes do corpo no que se refere à farmacocinética (PK), farmacodinâmica e bio-disponibilidade absoluta da insulina glulisina com 0,1 IU/kg de peso corporal em subcutâneo, administração na coxa, no deltoides ou áreas abdominais, assim como depois de aplicar uma injeção intravenosa 0,1 IU/kg de peso corporal de insulina glulisina. 16 voluntários saudáveis do sexo masculino (idade 19-28 anos, massa corporal: 21-26 kg/m2) foram selecionados e submetidos a clamp euglicêmico em um estudo de centro único, aberto, cruzado randomizado. A concentração de soro (C) e o índice de infusão da glicose (GIR) tempo de curva foram analisado pelo máximo C (Cmax) tempo para Cmax ( Tmax), máximo GIR (GIRmax), tempo para GIRmax (tmax), e área abaixo de C e GIR tempo de curvas para o final do clamp (AUC 0 final clamp), assim como tempo de residência (MRT) e duração da ação (td). Os dados mostram que a absorção e a bio-disponibilidade absoluta da insulina glulisina foram similares sem levar em conta as partes do corpo onde eram aplicadas a injeção SC, apesar de que da rota abdominal foi associada a uma maior velocidade de liberação da insulina. Lawrence Blonde, Jenifer Wogen, Charles Kreilick, Andrea Seymour, American Diabetes Association, 63nd Scientific Sessions, New Orleans, 13 a 17 de junho de 2003 avanços 34.pmd 252 Tratamento com gliburida/metformina reduz muito mais A1C do que gliburida + metformina nos pacientes portadores de diabetes tipo 2 A mudança em A1C proveniente do tratamento com gliburida/metformina (G/M) foi comparado com aquela co-administrada com metformina (Gly+Met) em pacientes portadores de diabetes tipo 2 que foram os primeiros a usar a combinação oral da terapia. Pacientes no tratamento com a nova terapia em associação com G/M ou Gly+Met entre agosto de 2000 e Julho de 2001 foram identificados pela reunião de dados obtidos das reclamações administrativas farmacêuticas (Medco Health Solutions, Inc.) e resultados de laboratório clínico (Quest Diagnostics). Foram selecionados pacientes tiveram medidas A1C antes e entre 76-194 dias do inicio da terapia. Pacientes que faziam uso de insulina a qualquer hora ou outro agente antidiabético oral foram excluídos do estudo. O principal resultado foi a mudança da A1C basal estatisticamente ajustada para co-variáveis, incluindo a A1C basal e dosagem. A contagem final incluindo 950 pacientes recebendo G/M e 471 tomando Gly+Met deu 04/09/03, 18:25 254 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 04 (2003) Continuação um resultado de A1C basal de 9,19% e 9,05%, respectivamente. Apesar de que pacientes G/M tiveram resultados mais baixos na dosagem diária da droga do que Gly+Met (6 vs. 10 mg de gliburida, p < 0,0001; 893 vs. 1297 mg de metformina, p < 0,0001), pacientes G/M experimentaram um ajuste significativamente maior na redução do resultado de A1C basal de 2,02% vs. 1,49% para pacientes Gly+Met (p < 0,0001). A diferença é importante para pacientes com A1C ³ 8%, com redução de resultados em A1C de 2,93% para G/M vs. 1,92% para Gly+Met (p < 0,0001). G/M também foi responsável para uma redução significativa de A1C em pacientes com A1C < 8% (0,54% para G/M vs. 0,23% para Gly+Met, p = 0,0017). Os pacientes foram mais aderentes com G/M comparado ao Gly+Met (84% vs. 76%, p < 0,0001), mas esta diferença não se levou em conta com uma grande redução de A1C. Concluindo, o tratamento G/M produz uma redução significativamente maior em A1C com baixas doses de droga do que o feito Gly+Met, especialmente quando a base é A1C e” 8%. Outros estudos devem determinar se fatores adicionais, tais como diferenças na farmacocinética da gliburida, são responsáveis pelo aumento de controle glicêmico com o tratamento G/M. American Diabetes Association, 63nd Scientific Sessions, New Orleans, 13 a 17 de junho de 2003 Farmacocinética da metformina de liberação prolongada vs. metformina de liberação imediata em indivíduos saudáveis A farmacocinética da metformina de liberação prolongada (GXR) foi comparada com a de liberação imediata (GIR) em indivíduos de sexo masculino e feminino (N = 16) durante 5 semanas (aberto, dose múltipla). Depois de 3 semanas, todos os indivíduos receberam consecutivamente 7 dias de tratamento (TRT) com 1x500mg GXR/dia, 2x500mg GXR/dia, e 3x 500 mg GXR/dia. Durante a quarta semana, 8 os pacientes receberam 4x500 mg GXR/dia e 8 receberam 2x500mg GIR; eles receberam o tratamento alternado durante a 5ª. semana. Amostras de sangue foram coletadas durante 24 horas após a administração. Como as doses GXR aumentaram numa proporção 1:2:3:4, resultando numa concentração de metformina no plasma (Cmax), os valores da área abaixo da curva (AUC) aumentaram na proporção de 1:1,8:2.4:3.0 e 1:2.0:2.7:3.2, respectivamente, implicando em menos aumentos proporcionais nestes parâmetros farmacocinéticos com a dose. O tempo de concentração máxima de metformina no plasma (Tmax) e os valores para GXR foram atrasados 34 hs relativoamente ao GIR. Em resumo, 2000 mg GXR/dia demonstrou atraso de metformina Tmax, equivalente AUC, e levemente alta Cmax referente a 1000 mg BID GIR/dia. Estes resultados, junto com variabilidade intra-individual entre GXR e GIR, sugere que GXR é adequada para a administração diária. International Diabetes Federation, junho de 2003 Lentes de contato como medida dos níveis de glicose no sangue Pesquisadores da Universidade de Pittsburgh (USA) desenvolveram lentes de contato aptas para medir os níveis de glicose. Esta lente contém na esquina dela, um sensor químico de glicose que é adequado para uso de todos os pacientes, precisem ou não de correção na visão, e permitiria não-invasores monitorando os níveis de glicose graças à umidade no olho. As lentes provavelmente estarão no mercado dentro dos próximos 3 anos e permitirão aos pacientes portadores de diabetes realizar sem sofrimento o monitoramento de seus próprios níveis de glicose simplesmente pela comparação da cor do sensor com uma tabela de cores. avanços 34.pmd 254 04/09/03, 18:25 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 04 (2003) 255 Estudo de fase I com adesivo de liberação de insulina 28 de maio de 2003 A empresa Altea anunciou que havia começado um estudo de fase I para testar seu adesivo dérmico micropore AT1391 para liberação de insulina. O estudo avalia as características farmacocinéticas e farmacodinâmicas do AT1391, que foi testado em 15 a 20 diabéticos nos Estados Unidos. O estudo deverá ser completado antes do final do ano. AT1391 emprega um sistema tecnológico de microporação chamado Altea’s PassPort, que combina uma rede de filamentos extremamente finos com um adesivo que contém insulina. Depois da aplicação na pele, a rede é pulsada com um ativador manual para criar minúsculos buracos na camada mais externa da pele. A insulina, ou outra proteína, peptídeo ou droga de molécula pequena, subseqüentemente é liberada através dos buracos na pele. AT1391 é o primeiro de uma série de medicamentos sendo desenvolvidos no Altea Therapeutics para permitir a médicos e pacientes administrar drogas e vacinas que são atualmente apenas capazes de serem administradas usando injeções,” disse Dr. Eric Tomlinson, Altea. O sistema de liberação deveria provavelmente ser usado inicialmente em pacientes diabéticos tipo 2. Novo método de administração de genes em pílulas para induzir a produção de insulina 1 de maio de 2003 A primeira patente para um método de administração de genes normais em pílula para indução de produção de insulina em pessoas portadoras de diabetes foi recentemente anunciada pela Universidade da Califórnia, São Francisco. Algumas vezes referida como uma “pílula de gene” (gene pill) a administração oral de genes normais é o resultado de uma longa pesquisa. Agora, os pesquisadores da UCSF demonstraram com sucesso que o DNA bruto tomado via oral pode encontrar o seu caminho dentro das células revestindo o aparelho intestinal, para preparar aquelas células para expressar proteínas, tais como insulina, mesmo que elas não sejam especializadas para tal função. A técnica tem o potencial de fornecer aos pacientes mais de 50 proteínas normalmente secretadas pelo organismo para o sangue e que os pacientes recebem agora por injeção nos músculos, inclusive insulina, hormônio do crescimento, fatores sanguíneos para tratar hemofilia e eritropoietina para tratamento de anemia. Genteric, firma de biotecnologia em Alameda, Califórnia, tem um acordo exclusivo de licença, para o mundo inteiro, com a Universidade para usar o método para pesquisa de drogas. Administração oral de genes difere das demais técnicas de terapia genética. Geralmente, a terapia genética tenta corrigir a doença através do uso de um vírus modificado ou outro microscópico veículo de entrega com o objetivo de fornecer uma terapia permanente ou tratamento para a doença. Administração de genes via oral tem a intenção de fornecer terapia a curto prazo através da colocação de um gene terapêutico especificamente criado com DNA normal em células que revestem o aparelho intestinal, fazendo com que elas expressem uma proteína desejada para ser secretada no sangue – no caso desta patente, a insulina. As células que contêm o gene terapêutico continuariam a expressar a proteína somente durante os poucos dias em que elas se mantêm na parede do intestino antes de serem excretadas diariamente pelo organismo e substituídas por novas células. Na realidade, genes terapêuticos se manteriam “fora” do corpo na superfície do aparelho gastro-intestinal quando eles passam através do organismo. Como conseqüência, os genes passam relativamente rápido avanços 34.pmd 255 04/09/03, 18:25 256 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 04 (2003) Continuação pelo organismo criando menos oportunidade para acessar a corrente sanguínea ou para entrar em outras células, incluindo aquelas do ovário ou testículos. Administração regular de novos genes via oral forneceria produção contínua de insulina, e a remoção natural das células afetadas permitiriam que as doses fossem ajustadas ou interrompidas facilmente. Para demonstrar a validade do método, os pesquisadores da UCSF tiveram que mostrar, entre outros obstáculos, que nem os ácidos do estômago nem as enzimas do intestino destruiriam o DNA. Ulrich Werner, Manfred Gerlach, Michael Hofmann, Gerhard Seipk, American Diabetes Association, 63nd Scientific Sessions, New Orleans, 13 a 17 de junho de 2003 Insulina glulisina é o mais recente análogo da insulina humana com um perfil de ação rápida: estudo cruzado em cachorros normoglicêmicos Mark Feinglos, George Dailey, William Cefalu, Kwame Osei, John Tayek, Ione Kourides, American Diabetes Association, 63nd Scientific Sessions, New Orleans, 13 a 17 de junho de 2003 Eficácia da administração de 2,5 mg de glipizida GITS em pacientes portadores de diabetes tipo 2 não controlada por metformina avanços 34.pmd 256 Insulina glulisina (HMR1964), o mais recente análogo da insulina humana produzido pela tecnologia de recombinação do DNA, foi desenvolvido para uso clínico como insulina de ação rápida devido ao perfil de difusão rápida desde o momento da aplicação da injeção subcutânea até quando chega à circulação. A absorção rápida da insulina glulisina pela corrente sanguínea conduzirá para um início de ação mais rápido e de curta duração comparada com insulina humana regular (RHI). Este estudo cruzado com clamp euglicêmico usando cachorros normoglicêmicos avaliou as propriedades farmacodinâmicas da insulina glulisina para remover constantemente a infusão da glicose da circulação comparada com a insulina lispro e RHI. Todos os tipos de insulina foram administrados de forma subcutânea com uma dosagem de 0,3 IU/kg de peso corporal. A euglicemia foi conseguida pelo controle de tempo dos níveis de glicose no sangue e um ajuste manual permanente do índice de infusão de glicose. Ambas insulinas glulisina e lispro tiveram um início de ação mais rápido do que a RHI. Além disso, tanto a insulina glulisina quanto a lispro apresentaram um pico mais rápido e um tempo mais curto de ação do que a RHI. Não houve nenhuma diferença estatística no tempo de ação das insulinas glulisina e lispro. Em resumo, este estudo em cachorros demonstrou que o tempo de ação da insulina glulisina e lispro são similares, e ambas têm um tempo de ação mais rápido do que a RHI. Pacientes obesos portadores de diabetes tipo 2 foram iniciados na administração de metformina para prevenir ganho de peso. No entanto, normalmente a monoterapia não pode manter o controle adequado de glicose. Então, avaliamos a administração de 2,5 mg de glipizida GITS (GXL) em pacientes com diabetes tipo 2 com HbA1c entre 7 e 8,5% para uma dose de 1000 mg ou maior de metformina durante 3 meses. 61 indivíduos receberam 2,5 mg GXL diariamente, e 61 receberam placebo durante 16 semanas em um estudo duplo-cego, randomizado. Os indivíduos foram comparados por idade, raça e IMC. No grupo GXL, HbA1c diminuiu de 7,4 ± 0,1% (SEM) para 6,8 ± 0,1% entre o início e o final (16 semanas), enquanto no grupo placebo HbA1c diminuiu de 7,64 ± 0,1% para 7,46 ± 0,1%; a mudança de -0,7% no GXL se comparada com -0,2% no grupo placebo foi muito significativa (p = 0,0002). No final no grupo tratado GXL 70% dos indivíduos tiveram HbA1c < 7,0% e 04/09/03, 18:25 258 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 04 (2003) Continuação 26,7% < 6,5%; em contraste, no grupo tratado-placebo 28,3% tiveram HbA1c < 7,0%, e 6,7% < 6,5%. As diferenças na porcentagem de indivíduos conseguirem o objetivo de níveis HbA1c foram muito significativas (p < 0,0001 e p = 0,0003, respectivamente). Da mesma forma, no grupo GXL o FPG reduziu de 155 ± 4 mg/dl para 132 ± 4 entre o início e o final, enquanto no grupo placebo o FPG foi de 156 ± 4 para 153 ± 5; a diferença na redução no FPG entre o grupo GXL e placebo foi significativa (p = 0,0002). Os níveis de insulina de jejum foram similares em ambos grupos GXL e placebo e sem mudanças de tratamento. Durante o estudo, não houve nenhuma mudança relevante no IMC de ambos grupos. Os indivíduos tratados por GXL (15%, 9/61) tinham mais hipoglicemia do que o grupo tratado por placebo (3%, 2/61). Nenhum paciente teve episódio de hipoglicemia severa. Concluindo, a administração de 2,5 mg /GXL a pacientes portadores de diabetes tipo 2 inadequadamente controlados com a monoterapia metformina resultou em um aprimoramento significativo no controle da glicose, com a maioria dos indivíduos conseguindo um HbA1c < 7% e por volta de 25%, < 6,5%. Este aprimoramento no controle da glicose foi conseguido com um modesto aumento da hipoglicemia leve. Julie A Rood, Errol M. Gould, Alexander R. Cobitz, American Diabetes Association, 63nd Scientific Sessions, New Orleans, 13 a 17 de junho de 2003 O grande benefício em administrar metformina em pacientes controlados inadequadamente com monoterapia máxima de rosiglitazona (8 mg/dia) avanços 34.pmd 258 O UKPDS demonstrou que depois de 3 anos de tratamento monitorado, mais que 50% dos diabéticos tipo 2 necessitarão fazer uso de um segundo agente para manter o controle glicêmico. O objetivo desta análise retrospectiva, aberta, foi investigar o grande aprimoramento no controle da glicemia que poderia ser obtido através da administração da dose máxima de metformina (MET) na população diabética do tipo 2, os quais não conseguiram o controle glicêmico adequado via monoterapia máxima. Os pacientes que falharam na monoterapia de dosagem máxima MET (2,5 g/dia, n = 56) passaram para rosiglitazona (RSG) (8 mg/dia) e tratamento durante 26 semanas, e continuaram inadequadamente controlados. Estes pacientes foram subseqüentemente submetidos a um estudo aberto para observar os benefícios glicêmicos de MET (acima de 2,5 g/ dia durante um período de 3-6 semanas) em pacientes administrados com RSG 4 mg/dia. Depois de 12 semanas de tratamento combinado, a HbA1c média diminuiu de 9,8 ± 0,28% (n = 56) para 7,3 ± 0,17% (n = 45), uma redução de aproximadamente 2,2% relativo ao início do tratamento combinado. Glicose plasmática de jejum (FPG) diminuiu de 223 ± 7,70 mg/dl (n = 56) para 143 ± 5,53 mg/dl (n = 45). No final deste período, o tratamento foi estendido para dar aos pacientes a opção de continuar o tratamento. Depois de 30 meses de tratamento combinado, HbA1c foi reduzido posteriormente para 6,9 ± 0,24 (n = 21), mostrando uma redução total de aproximadamente 2,6% relativo ao início do tratamento combinado. FPG foi reduzida posteriormente para 135 ± 7,42 mg/dl (n = 20), uma redução total de aproximadamente 78 mg/dl relativo ao início do tratamento combinado. Concluindo, os pacientes que não conseguiram atingir o objetivo glicêmico tanto na monoterapia MET como RSG, a adição de uma dosagem máxima de metformina para dose máxima de RSG, resultou em um aprimoramento significativo no controle glicêmico. Estes resultados sustentam o benefício glicêmico de tratamento combinado com RSG e MET nos diabéticos do tipo 2 com necessidade de tratamento com mais de um agente oral anti-diabético. 04/09/03, 18:25 Diabetes Clínica 04 (2003) 259 Produtos e novidades Novo-Nordisk: Pré-mistura de insulina Novomix 30 Flexpen com o primeiro sistema de aplicação descartável NovoMix 30 FlexPen é uma insulina bifásica com perfil de ação fisiológico. Seu grande benefício é permitir um melhor controle dos níveis de glicose no sangue, fator decisivo para redução do risco de complicações de longo prazo do diabetes tipo 2. A partir de setembro de 2003, A Novo Nordisk disponibiliza para o mercado brasileiro o NovoMix 30 FlexPen - uma pré-mistura de análogo de insulina com o primeiro sistema de aplicação descartável. NovoMix 30 é uma prémistura de análogo de insulina que contém 30% de insulina aspart (com ação ultra-rápida em forma solúvel) – para controlar a glicemia após as refeições. A base dos 70% restantes da composição do NovoMix 30 é a protamina, insulina cristalizada de ação intermediária (lenta) que controla os níveis de glicose no sangue entre as refeições. Outra grande diferença é a introdução de FlexPen, sistema descartável de aplicação de insulina. O sistema FlexPen já vem com a insulina NovoMix 30 em um formato que dispensa até mesmo a colocação da insulina em seu interior. Trata-se do sistema de aplicação descartável preferido pelos pacientes em outros países onde já está disponível (Europa). O grande benefício do NovoMix 30 FlexPen é permitir um melhor controle dos níveis de glicose no sangue, fator decisivo para redução do risco de complicações de longo prazo do diabetes tipo 2, tais como: distúrbios de visão e renais, problemas circulatórios e doença cardiovascular. Estudos da Associação Européia para o Estudo de Diabetes (European Association for the Study of Diabetes - EASD) apontaram que a utilização de NovoMix®30 FlexPen™ como segundo medicamento combinado a um antidiabético oral proporciona um melhor controle de glicose no sangue (glicemia). Um dos estudos, do Royal Liverpool University Hospital em Liverpool - Reino Unido, comparou NovoMix®30 FlexPen™ com outro produto similar. A pesquisa envolveu 137 pacientes com diabetes tipo 2, que já haviam sido tratados anteriormente com insulina. Cada participante foi aleatoriamente designado para usar um dos dois tratamentos durante um período de 12 semanas, e depois alternou para o outro tratamento durante mais 12 semanas. Os resultados apontaram que 75% dos pacientes preferiram o NovoMix®30 FlexPen™ pela facilidade no preparo e na aplicação de uma dose, legibilidade da escala de dosagem e confiança ao administrar injeções de insulina. “A grande preferência pelo NovoMix30 FlexPen confirma a combinação como especialmente adequada para pessoas com diabetes tipo 2, principalmente para aquelas que vão iniciar a terapia com insulina para o melhor controle do diabetes. Além da facilidade de uso do sistema FlexPen, o novo análogo de insulina de dupla ação, NovoMix 30, também fornece um começo simples para a obtenção de um controle eficaz da glicose”, afirma José Machado de Assis Moura, diretor médico para a região da América Latina e Caribe da Novo Nordisk do Brasil. N Produtos.pmd 259 04/09/03, 18:25 260 Produtos e Novidades - Diabetes Clínica 04 (2003) Olvebra: leite de soja Soymilke Ômega Soymilke Ômega é o leite de soja não-transgênica da Olvebra, aprovado pela ANAD. Pode ser usado por pessoas que não podem ou não querem tomar o leite animal. Possui o maior teor de ácidos graxos poliinsaturados, ômega 3 e 6, contidos naturalmente no produto. Além de isoflavonas, também naturais da soja. Foi enriquecido com cálcio e vitaminas antioxidantes. Soymilke Ômega, tem muitos benefícios, dentre eles: • Formulado com extrato de soja, matéria-prima de melhor absorção • Contém 30% a mais de Ômega 3 e 6, naturais da soja, do que outros produtos que foram enriquecidos com estes ácidos graxos. Estes atuam na prevenção contra doenças cardiovasculares, como trombose e aterosclerose e na redução do colesterol total e LDL-colesterol. Aumenta os níveis de HDLcolesterol • Rico nas vitaminas antioxidantes A, C, B6 e E • Enriquecido com a L-metionina, aminoácido que melhora a qualidade da proteína da soja • Possui pH ao redor de 7. Auxilia nos casos de hiper acidez gástrica • Não contém glúten, portanto pode ser indicado para pessoas portadoras de doença celíaca • Não contém sacarose, assim pode ser indicado para pacientes diabéticos • Sem lactose e caseína. Pode ser indicado para pessoas intolerantes à lactose e alérgicos à caseína • Rico em cálcio. Ajuda na prevenção e tratamento da osteoporose OHT N Produtos.pmd 260 04/09/03, 18:25 262 Produtos e Novidades - Diabetes Clínica 04 (2003) • Com isoflavonas naturais da soja. Estas atuam no equilíbrio hormonal. Pode ser usado como tratamento preventivo ou terapêutico para mulheres com TPM e no período do climatério. • Segundo estudos, a isoflavona só é bem aproveitada quando está intrínseca no alimento, uma vez que precisa da proteína e algumas vitaminas para ser absorvida. Em forma isolada não tem a mesma eficácia. Quantos aos níveis de isoflavonas, se fala para prevenção: 45 a 60mg/dia, e para uso terapêutico: em média 100mg/dia. Um copo de Soymilke Ômega oferece 45mg de isoflavonas. Stevita, nova opção de adoçante Para adoçar pratos e bebidas os consumidores com restrição de açúcar já encontram no mercado um produto 100% natural, o único no mercado que tem como componente adoçante somente a stevia. O Stevita não é metabolizado pelo organismo, não é calórico e ainda realça o sabor dos alimentos, e não altera a glicemia, e nem interfere no controle. O Stevita pode ser utilizado tanto nos alimentos quentes como frios, sem perda de suas propriedades, e é comercializado nas versões líquida, pó e culinária. Meditronic N Produtos.pmd 262 04/09/03, 18:25 Resumos de trabalhos Diabetes e congressos Clínica 03 - Diabetes (2003) Clínica 04 (2003) 263 Resumos de trabalhos e congressos Carey PE et al., Horm Metab Res 2003; 35(6):372-6 Efeito da insulina na leptina plasmática e na massa corporal em diabéticos tipo 2 Objetivos: Este estudo teve como objetivo definir a relação entre as mudanças na leptina plasmática e mudanças na massa corporal, insulina plasmática e controle da glicose sanguínea no sangue durante 12 meses através de um estudo cruzado de uma dose diária de Ultratard ou 2 doses diárias de insulina Insulatard. Pacientes e métodos: Leptina plasmática do jejum e insulina foram medidas durante um estudo multicêntrico, cruzado envolvendo 60 indivíduos diabéticos tipo 2 (glicose do jejum > 8mM). Depois de 2 meses, passaram por dois períodos de 6 meses de tratamento administrados com insulina Insulatard ou Ultratard. Resultados: A média da leptina plasmática aumentou, significativamente, em ambos grupos depois que foi investigada a terapia com insulina (12,8 ± 8,1 para 22,9 ± 13,1 mg/ml no grupo de Insulatard; 12,1 ± 7,2 para 19,2 ± 12,3 mg/ml no grupo Ultratard. O peso também aumentou significativamente nos dois grupos (82,4 ± 14,3 kg para 88,8 ± 14,3 kg e 82,2 ± 15,3 kg para 85,3 ± 15,2 kg respectivamente). O aumento na leptina plasmática correlacionou bem com o aumento no peso (R = 0,416, p = 0,001), e esta correlação continuou depois do ponto de cruzamento. Leptina plasmática foi correlacionada com IMC durante o estudo (R = 0,540, p = 0,000). Conclusão: O aumento mantido na massa corporal, apesar do aumento substancial na leptina plasmática, sugere que uma ou outra resistência à ação hipotalámica da leptina se desenvolve quando a terapia da insulina é iniciada no diabetes tipo 2. Ezenwaka CE. East Afr Med J 2003;80(4):175-80 Controle metabólico de pacientes portadores de diabetes tipo 2 tratados freqüentemente com sulfoniluréias em países em desenvolvimento Objetivo: Relatórios anteriores sugerem que as drogas usadas atualmente no tratamento de diabetes tipo 2, não sustentam o controle glicêmico. Observou-se o controle metabólico nos pacientes diabéticos tipo 2, predominantemente, tratados com drogas sulfoniluréias nos primeiros cuidados clínicos em países em desenvolvimento. Material e métodos: Foram selecionados aleatoriamente, 179 (117 do sexo feminino e 62 do masculino) pacientes diabéticos tipo 2. Foram medidas massa corporal, altura, pressão sanguínea, circunferência da cintura e quadril e amostras de sangue de jejum foram tiradas para a hemoglobina glicosilada resumos 34.pmd 263 04/09/03, 18:25 264 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 04 (2003) (HbA1c) e determinação de glicose, insulina e lipídios. Insulina de jejum e concentração de glicose foram usados para observar a resistência e sensibilidade (%S) usando o método da avaliação do modelo HOMA. Resultado: Dos 179 pacientes estudados, 87% do sexo masculino e 92% do feminino foram tratados com sulfoniluréias enquanto que 13% e 9% de pacientes homens e mulheres respectivamente foram submetidos à dieta e/ou ou exercícios. Os pacientes femininos tiveram uma prevalência significativamente maior de obesidade do que os masculinos, e despeito níveis similares de glicose de jejum e HbA1c, as mulheres e pacientes de um grupo étnico das Índias Orientais tiveram índices significativos maiores de prevalência de resistência à insulina, hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia e redução de HDL-colesterol do que os homens e pacientes de origem africana respectivamente. Continuação Conclusão: Os resultados mostraram controle metabólico deficiente entre os pacientes, particularmente, do sexo feminino e pacientes de um grupo étnico das Índias Orientais. Al-Ragum SN et al., School of Physiotherapy, Dalhousie University, Halifax, Canadá, World Physical Therapy 2003, 7 a 12 de junho de 2003, Barcelona, Espanha Ajustes de equilíbrio antecipado usados por idosos saudáveis ou com neuropatia diabética durante teste de descida de degraus Introdução: Conduzir uma comparação preliminar das estratégias de controle do equilíbrio antecipado usadas durante a iniciação do teste de descida de degraus por idosos saudáveis e idosos com neuropatia periférica diabética sob condições visuais normais e reduzidas. lowçugar resumos 34.pmd 264 04/09/03, 18:25 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 04 (2003) 265 Relevância: A neuropatia periférica, que reduz a força distal e a sensibilidade, é uma complicação diabética comum associada com incidência aumentada de quedas e feridas relacionadas à quedas. Essas quedas estão associadas com atividades rotineiras como descer um degrau. É possível que uma redução visual tanto sozinha como em combinação com uma diminuição da propriocepção podem modificar o controle do equilíbrio durante a descida de degraus, contribuindo deste modo para o risco de quedas em escadas. Indivíduos: Dois grupos de indivíduos foram testados: idosos com neuropatia periférica diabética (n = 10), idade 70,2 ± 4,1 anos (SD médio) e idosos não diabéticos (n = 15) idade 70,5 ± 5,0 anos. Ambos os grupos tinham função cognitiva, visual, e vestibular semelhantes mas foram diferentes em sua propriocepção periférica. Materiais e métodos: Cada indivíduo desceu um passo para baixo (11 cm de altura) sob condições padronizadas. Perfis do centro de Pressão (CP) no plano frontal foram quantificados em termos de posição inicial, e estabelecimento de deslocamento latente para o pé de equilíbrio. A duração de passo, e o tempo de reação de resposta para a acuidade visual, foi registrado. Análises: Uma análise ANOVA mista de três fatores foi usada para testar as diferenças significativas nas variáveis dependentes como função dos grupos, condições, e testes durante o início do teste de descida de degraus. O nível de significância foi fixado em p < 0,05. Resultados: A duração de passo foi a mesma para ambos os grupos. Ambos os grupos centraram a posição inicial de CP entre os dois pés. Não existiu nenhum efeito sistemático de condição leve em quaisquer das variáveis dependentes (p > 0,05). O tempo de reação do grupo diabético, 1,150 s ± 0,271 (DP médio), foi significativamente mais longo que o tempo de reação do grupo controle, 0,954 s ± 0,195 (p < 0,05). O centro de início de pressão latente foi –0,589 s ± 0,165 para o grupo controle e –0,730 s ± 0,294 para o grupo diabético (p > 0,05). Continuação Conclusões: Este grupo de idosos saudáveis iniciou seus ajustes posturais aproximadamente meio segundo antes da descida de degraus, enquanto idosos com neuropatia periférica diabética leve e moderada tenderam a iniciar os ajustes posturais antes do início do movimento primário para descida do degrau, ambos sob condições leves. Esta tendência, junto com o tempo de reação mais longo, suporta a teoria de que uma estratégia de equilíbrio mais cautelosa, compensa as reduções na propriocepção e permite o grupo diabético compensar seu peso corporal entre os dois pés antes de erguer o pé de equilíbrio do chão. Kazuhiro Izawa et al., Department of Rehabilitation Medicine, St. Marianna University School of Medicine Hospital. Kanagawa, Japão, World Physical Therapy 2003, 7 a 12 de junho de 2003, Barcelona, Espanha resumos 34.pmd 265 Resposta cronotrópica diminuída ao exercício em pacientes com infarto agudo do miocárdio e diabetes mellitus tipo 2 Introdução: Este estudo foi empreendido em pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM) portadores de diabetes tipo 2 (DM2) para investigar a resposta cronotrópica diminuída ao exercício. Indivíduos: Setenta e um indivíduos com IAM entraram no estudo, 30 com DM2 e 41 com idade e índice de massa corporal determinados, não diabéticos (controle). Materiais e métodos: Um mês depois do início do IAM, estes pacientes efetuaram teste de exercício cardio-respiratório em protocolo de esteira. O limite anaeróbico (EM), e o pico de consumo de oxigênio (pico VO2) foram 04/09/03, 18:25 266 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 04 (2003) determinados como indicadores de capacidade de exercício. A concentração de norepinefrina plasmática (NE) foi medida em amostras de sangue obtidas em 2 momentos: durante o descanso do pré-exercício e logo depois de um pico de exercício. A mudança na concentração de NE durante o exercício como índice de atividade nervosa simpática foi calculada como uma porcentagem: DNE = [(NE durante o exercício)-(valor de descanço)]/(valor de descanço) x 100. A mudança na taxa cardíaca (HR) durante o exercício foi calculada como uma diferença simples: DHR = [(pico de HR)-(HR em repouso)]. O índice de resposta cronotrópica ao exercício foi então quantificado como DHR/DNE durante o exercício. Análises: As análises estatísticas foram realizadas com o software estatístico SPSS 9.0J (SPSS Japão, Inc.), e o valor de p < 0,05 foi considerado significativo. As características e os resultados dos pacientes foram comparados pelo teste-t não pareado para fatores paramétricos e pelo teste χ2 para fatores não paramétricos. A análise de regressão foi usada para correlacionar o DHR e VO2 em AT, pico de VO2, e entre DHR/DNE e VO2 em AT, pico de VO2. Resultados: Nenhuma diferença significativa entre os grupos na fração de ejeção no repouso ou HR em pico de exercício foi observado. Porém, VO2 em AT, pico de VO2, ∆HR, e ∆HR/∆NE foram significativamente menores no grupo DM2 do que no grupo controle. ∆HR correlacionado com VO2 em AT (r = 0,49, p < 0,001) e com pico de VO2 (r = 0,53, p < 0,001) em todos os indivíduos. Também, DHR/DNE foi correlacionado com VO2 em AT (r = 0,42, p < 0,001) e com pico de VO2 (r = 0,44, p < 0,001) em todos os indivíduos. Continuação Conclusões: Os pacientes com IAM portadores de DM2 tiveram respostas cardiorrespiratórias alteradas para os testes de exercício máximo e sub-máximo e resposta cronotrópica alterada ao exercício, embora sua função cardíaca em repouso estivesse semelhante àquela de pacientes não DM IAM. Tabusadani M et al., Division of Physical therapy, Institute of Health Sciences, Faculty of Medicine, Hiroshima University, Japão, World Physical Therapy 2003, 7 a 12 de junho de 2003, Barcelona, Espanha resumos 34.pmd 266 A resposta ao consumo de oxigênio de pacientes diabéticos tipo 2 no princípio de exercício examinado pelo coeficiente de variação dos intervalos R-R Introdução: O propósito do presente estudo foi investigar a influência da neuropatia diabética em resposta ao consumo de oxigênio no princípio do exercício em pacientes diabéticos tipo 2. Relevância: Embora exercício terapêutico seja indicado para pacientes diabéticos, tem sido relatado ser complicado com a neuropatia diabética. Investigando a associação entre neuropatia diabética e resposta circulatória no exercício, no presente estudo, pode ser uma diretriz no manejo do risco de exercício terapêutico para pacientes diabéticos. Indivíduos: Os indivíduos foram 8 pacientes homens com diabetes tipo 2 (grupo DM) e 8 homens saudáveis não diabéticos (grupo controle). Método: Todos os indivíduos realizaram uma taxa de exercício constante por 6 minutos nas intensidades de 80% de seu limite ventilatório. O coeficiente de variação dos intervalos R-R (CVr-r) foi calculado a partir do eletrocardiograma em repouso e foi usado como um índice de função nervosa autônoma. A constante de tempo (tau) e a amplitude do estado de repouso da resposta cinética para a captação de oxigênio e a taxa cardíaca foram calculadas usando um modelo mono-exponencial sob taxa de exercício constante. Análises: O CVr-r, tau VO2, tauHR e VO2max foram comparados entre o 04/09/03, 18:25 Resumos de trabalhos e congressos - Diabetes Clínica 04 (2003) Continuação 267 grupo DM e o grupos normais usando um teste-t não pareado. As correlações entre CVr-r, tau VO2, tauHR e VO2max dos grupos foram analisadas usando teste de coeficiente de correlação único de Pearson. A significância estatística foi aceita com p < 0,05. Resultados: 1) CVr-r e VO2max foram significativamente menores no grupo DM do que no grupo normal. TauHR e tauVO2 foram significativamente maior no grupo DM do que no grupo normal. 2) TauVO 2 e tauHR foram significativamente correlacionados positivamente em ambos os grupos, considerando que CVr-r e tauVO2 foram significativamente correlacionados negativamente em ambos os grupos. 3) VO2max e tauHR/tauVO2 foram significativamente correlacionados negativamente apenas no grupo normal. Conclusão: Estes resultados sugerem que a hipofunção do nervo vago pode levar a resposta da taxa cardíaca e a resposta do consumo de oxigênio retardado no princípio do exercício, resultando em uma capacidade de resistência cardiorrespiratória reduzida. Desde que CVr-r reflete tauVO2 em ambos os grupos, ele pode ser usado como um índice da resposta circulatória no princípio do exercício como também um critério de avaliação para a neuropatia diabética. Al-Mandeel Mariam et al, Department of physical therapy, Kuwait University, World Physical Therapy 2003, 7 a 12 de junho de 2003, Barcelona, Espanha Manejo da úlcera plantar diabética por laser e alívio da pressão Propósito: O propósito deste relato de caso é documentar o bem sucedido curativo de úlcera plantar crônica neuropática de diabético tipo 2 tratado com laser e palmilha. Relevância: A cicatrização da úlcera plantar crônica causada pelo diabetes mellitus é um problema clínico complexo e desafiador. O laser tem sido provado ser bioefetivo e acelerar o processo curativo em pacientes com úlcera. Indivíduos: Homem com idade de 45 anos, diagnosticado como diabetes mellitus insulino dependente com úlcera plantar crônica (3 anos) nas imediações da articulação calcâneonavicular e dos ossos cubóides, medindo 2x2 cm e 95 mm de profundidade. Métodos: A terapia de laser recebida pelo paciente com comprimento de onda de 675 nm e contato de energia de 9,8 J/cm2 para 14 sessões e uma palmilha projetada para aliviar a pressão no pé foi colocada dentro do calçado do paciente. O tamanho e profundidade do ferimento foram medidos por seringa e guia de medição de ferimento. Foi usada filmadora digital para registrar as imagens semanais. Os parâmetros de andadura espaço-temporal foram avaliados antes e depois da terapia através medidor de andadura computadorizado preso ao paciente. Resultados: O tamanho do ferimento reduziu rapidamente nas primeiras 2 semanas para 1,8x1,00 cm com 0,50mm de profundidade para um fechamento total no fim de 14 sessões. Melhoras dramáticas nos parâmetros de andadura do paciente (comprimento e tempo da passada, tempo de suporte único e velocidade de caminhada) na caminhada preferencial e rápida antes e após a terapia foi documentada. Conclusão: As úlceras de pé diabético complicadas podem ser eficazmente tratadas por uma combinação de terapia de laser e alívio da pressão. resumos 34.pmd 267 04/09/03, 18:25 268 Resumos do congresso Diabetes da ANAD Clínica- 03 Diabetes (2003)Clínica 04 (2003) Resumos do congresso da ANAD 8º Congresso Brasileiro multidisciplinar e multiprofissional em diabetes, São Paulo, 25 a 27 de julho de 2003 Camila Maciel de Oliveira, Jairo Roberto Ferreira Júnior, Raul Dias dos Santos Filho, Ana Paula Marte Chacra, José Ramires, Tânia Leme da Rocha Martinez, Antônio Ricardo Toledo Gagliardi, Clínica de Dislipidemias – InCor HC FMUSP e Faculdade de Medicina de Itajubá Endereço para correspondência: Dra. Camila Maciel de Oliveira, Av. São Vicente de Paula, 880/01, 37500000 Itajubá MG. Tel: (35) 36238392/99461903, [email protected] Comparação entre o perfil lipídico de pacientes dislipidêmicos portadores de diabetes mellitus e síndrome metabólica Introdução: Múltiplas anormalidades no metabolismo de ácidos graxos representam conseqüências sobre a homeostase da glicose no diabetes mellitus. Sugere-se que essas anormalidades possam ter importante papel na patogênese da resistência insulínica por interferir no transporte de glicose e/ou na ativação da hexoquinase. Objetivo: Comparar o perfil lipídico de pacientes dislipidêmicos portadores de diabetes mellitus (DM) e síndrome metabólica (SM). Materiais e métodos: Foram avaliados 310 pacientes do ambulatório de Dislipidemia do InCor, no período de janeiro de 2002 a janeiro de 2003. O diagnóstico de SM é feito pela presença de pelo menos 3 dos 5 critérios seguintes: obesidade abdominal, TG > 150mg/dl, HDL-C < 40 mg/dl nos homens e < 50 mg/dl nas mulheres, pressão arterial > 130/85 mmHg e glicemia de jejum > 110mg/dl. Considerou-se diabético o paciente que possuísse glicemia de jejum > 126 mg/dl, excluindo pacientes que apresentassem concomitantemente SM. Apenas o grupo DM estava em uso de medicação hipolipemiante. Os resultados estão expressos como média ± DP da média. Resultados: Foi observada faixa etária média mais elevada em portadores de DM (58 anos) e SM (57 anos) quando comparados ao controle (50 anos, p < 0,001). Ao se comparar o perfil lipídico destes pacientes, verificou-se níveis inferiores de CT em diabéticos (222,61 ± 61,15) e SM (232,0 ± 62,05) (vs. 248,5 ± 50,46; p < 0,05). O mesmo ocorreu com níveis de LDL-C (121,23 ± 40,69 para DM; 141,5 ± 46,44 para SM; e 161,0 ± 49,0 para o grupo controle; p < 0,05). Porém, com relação ao TG, pacientes diabéticos (316,04 ± 354,31) e com SM (255,0 ± 538,0) apresentaram valores mais elevados (vs 132,0 ± 223,87; p < 0,05). Níveis de HDL-C foram inferiores no grupo SM (39,0+9,57) quando comparados aos demais grupos (46,62 ± 13,06 para DM e 52,0 ± 14,25 para controle). Conclusões: Pacientes portadores de diabetes e síndrome metabólica apresentaram valores inferiores de CT e LDL-C, entretanto níveis elevados de TG estiveram presentes. resumos ANAD.pmd 268 04/09/03, 18:25 Resumos do congresso da ANAD - Diabetes Clínica 04 (2003) Cintia Cristina Batista de Mitri, Glaucia Aparecida dos Reis Moreno, Dra. Maria Regina Torloni, Estudante de Fisioterapia, Universidade Bandeirante de São Paulo. Endereço para correspondência: Cíntia Cristina Batista de Mitri, Rua Ana Maria Moreira Coronado, 116, 07400-000 Aruja SP, Tel: (11) 46532809, E-mail: [email protected] 269 Tratamento fisioterapêutico para gestantes diabéticas internadas Introdução: A gestação, embora considerada um processo fisiológico, pode desencadear fenômenos patológicos e modificações sistêmicas, é um período de grandes mudanças na vida da mulher. Quando a ela se associa uma patologia e existe a necessidade de internação os conflitos tendem a se acentuar. Algumas desordens metabólicas também trazem danos ao período gravídico. Dentre várias vamos pesquisar o Diabetes Mellitus e gestacional, que vai caracterizar a gestação como sendo de alto risco, por acarretar graves conseqüências tanto para a mãe, feto e para o recém-nascido, isto quando não houver o controle adequado dos níveis glicêmicos durante o período gestacional. Um dos recursos terapêuticos para assistir o controle do metabolismo das gestantes diabéticas tem sido realizado através da prática de exercícios. Objetivos: Este estudo teve como objetivo, avaliar o efeito de um protocolo de exercícios no controle do nível glicêmico. Metodologia: O presente estudo trata-se de apresentações de 4 casos de gestantes diabéticas internadas e acompanhadas no período de fev/maio 2003. Foram incluídas estantes a partir do 2 trimestre gestacional, gestantes diabéticas tipo 1, 2 e gestacional. Foram excluídas pacientes com hipertensão arterial, patologias obstétricas, ortopédicas e respiratórias associadas, e que apresentassem picos hiperglicêmicos, hipoglicêmias, picos hipertensivos. Foi aplicado um protocolo de exercícios ativos moderados (60% VO2 máxima), três vezes por semana, com duração de 60 minutos cada atendimento. Variáveis independentes: idade materna, peso, idade gestacional, tipo de diabetes. Variáveis dependentes: FC, FR, PA, glicose sanguínea aferida pelo glicosímetro Advantage aferidos antes e após os exercícios. Resultados: Observou-se nos 4 casos uma modificação nos níveis glicêmicos, tanto na glicemia pré-exercício e pós-exercício, porém tendo comportamentos diferentes. Conclusão: Apesar das dificuldades no atendimento das gestantes, o estudo mostrou que nos 4 casos, o objetivo de reduzir a taxa de glicemia pode ser alcançado. Eliane Carla Kraemer, Daniel Marcon, Carla Tatiane Pretto da Rosa, Diogo Romani de Oliveira, Márcia Ramos, Michele Sabrina Giani, Nilseu Paulo Tortelli e Solange Cechin, Estudante de Educação Física, Universidade de Caxias do Sul, RS Endereço para correspondência: Rua Francisco Getúlio Vargas, 1130, 95001-970 Caxias do Sul, RS, Tel: ( 54 ) 2182213, E-mail: [email protected] resumos ANAD.pmd 269 O estudo da atividade física para portadores de diabetes tipo 1: a experiência do departamento de Educação Física da Universidade de Caxias do Sul – RS Introdução: O diabetes mellitus acarreta uma disfunção no metabolismo dos carboidratos, com conseqüentes alterações lipídicas e protéicas. Para que a glicose possa ser utilizada eficientemente e contribuir para o controle do diabetes, faz-se necessária a presença de oxigênio nas reações químicas de quebra da glicose, razão pela qual preconizam-se exercícios aeróbicos na prescrição da atividade física para a diminuição da glicemia. Objetivos: O Grupo de Estudos sobre Atividade Física para Portadores de Diabetes Mellitus Insulino-Dependente, que é um projeto de extensão vinculado ao Departamento de Educação Física da UCS, tem como objetivo a promoção de ações educativas com enfoque na orientação de atividades físicas, para que sejam adotadas como uma rotina, contribuindo para o controle da doença e para a inserção social dos participantes. 04/09/03, 18:25 270 Resumos do congresso da ANAD - Diabetes Clínica 04 (2003) Metodologia: Nos encontros semanais do grupo de estudos são realizados estudos, pesquisas e debates, além da elaboração de atividades físicas e recreativas que são desenvolvidas mensalmente com um grupo de aproximadamente 25 crianças e com seus familiares. Resultados: A análise dos resultados dos controles glicêmicos realizados diariamente, juntamente como as declarações dos pais, evidenciam de forma contundente a redução, tanto de seus índices quanto dos transtornos causados pelo diabetes, a elevação da auto-estima e a socialização das crianças. Continuação Conclusões: As atividades físicas regulares têm se consolidado como uma alternativa rápida e eficiente para o tratamento de crianças e adolescentes portadores de diabetes mellitus insulino-dependente, auxiliando na manutenção do peso ideal, na minimização de ansiedades e na promoção do bem-estar de todos os participantes. Eliane Sena Fernandes da Cruz*, Nerilda Martins Miranda de Lima, Margarida Maria Santana da Silva *Nutricionista, Programa Hiperdia, Prefeitura Municipal de Viçosa Endereço para correspondência: Eliane Sena Fernandez da Cruz, Rua Dr Horta, 63, 36570-000 Viçosa, MG, Tel: (31)38926013, E-mail: [email protected] resumos ANAD.pmd 270 Conhecendo o paciente diabético do programa Hiperdia em Viçosa MG Introdução: O Ministério da Saúde/Brasil tem estimulado a implementação do Programa Hiperdia com ações de intervenção para diminuição do impacto na morbimortalidade cardiovascular desencadeada pelo Diabetes Mellitus (DM) e ou Hipertensão Arterial. Objetivo: Este trabalho objetivou conhecer o perfil do paciente diabético atendido no Hiperdia de Viçosa-MG. Metodologia: Este estudo longitudinal, com dados coletados de 02 a 12/2002, refere-se a pacientes de 20 a 59 anos, sendo 47,3% do sexo feminino, todos necessariamente atendidos por médicos e nutricionistas em Unidade Básica de Saúde do SUS. Os parâmetros avaliados foram peso, altura, glicemia de jejum, glicemia pósprandial, hemoglobina glicosilada, atividade física, pressão arterial e número de consultas. Foram avaliados os 120 pacientes inscritos no programa, sendo que 60% destes tinham comparecido a 5 ou mais consultas. Resultados: Pelo perfil da hemoglobina glicosilada constata-se que 62,5% dos pacientes ingressaram no programa com adequado controle de glicemia, com melhora para 70% após acompanhamento. Dos pacientes cadastrados 40% estavam com o IMC adequado ao entrarem para o programa, no período estudado este percentual subiu para 45,3%. Observou-se ainda um aumento de 25% no número de pacientes que passaram a realizar alguma atividade física regular. Conclusão: Este estudo inicial indica um efeito positivo do programa, que deverá ser avaliado continuamente, incluindo análise de alterações na morbimortalidade do município. 04/09/03, 18:25 Resumos do congresso da ANAD - Diabetes Clínica 04 (2003) Emilene Coco dos Santos Profa. de Educação Física, especialista em Condicionamento Físico, Orientadora Física Unimed Vitória, ES Endereço para correspondência: Rua Ottilia Grijó 75, 29040-290 Vitória ES, Tel: (27) 33221268, E-mail: [email protected] 271 Intervenção multidisciplinar e o diabetes mellitus Introdução: É comum anunciar-se que um estilo de vida saudável significa alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos e equilíbrio emocional. O que pouco se afirma é que essa receita deva começar na infância para que seja incorporada como hábito e mantido por toda a vida. Objetivo: Analisar a evolução glicêmica em diabéticos tipo 1 e 2, com idades entre 20 e 80 anos, inseridos num programa multidisciplinar (nutrição, psicologia e educação física) de uma empresa privada de saúde – Vitória ES, com reuniões semanais, realizando ou não atividade física. Metodologia: A amostra (n = 47) foi dividida a partir da análise da ficha de adesão como grupo controle, que somente recebiam orientações da equipe multidisciplinar, sem comprometimento com a prática da atividade física; e grupo exercício - além da orientação teórica, comprometiam-se com a prática regular da atividade física. Foi utilizada a glicemia em jejum e capilar. Resultado: Verificou-se que no final dos três meses do programa: no grupo controle, 12,5% (3 clientes) reduziram a glicemia, 79,2% (19 clientes) aumentaram-na e 8,3% (2 clientes) mantiveram-na. No grupo exercício, 82,6% (19 clientes) reduziram a glicemia, 13% (3 clientes) aumentaram-na e 4,4% (1 cliente) a manteve. Conclusão: Estes resultados permitem concluir que o exercício físico é de grande importância na redução glicêmica do indivíduo diabético. Esther Almeida da Silva*, Hugo Rodrigues, Jane Dullius *Acadêmica de Psicologia pela Universidade Católica de Brasília (UCB), monitora do PROAFIDI, Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília Endereço para correspondência: QS 7 Rua 216 Casa 10, 72030-160 Taguatinga Sul DF, Tel: (61) 5678308, E-mail: [email protected] resumos ANAD.pmd 271 Percepção familiar acerca dos portadores de diabetes, participantes do programa de atividades físicas para diabéticos – PROAFIDI Introdução: O presente trabalho surgiu ante a necessidade de investigar idéias formadas na família do portador de diabetes acerca deste e influências familiares no tratamento da DM. Objetivos: Investigar quais as percepções familiares que influem no tratamento. Metodologia: Analisaram-se questionários de indivíduos DM 1, respondidos por familiares. As questões abrangiam: modo como percebem aceitação pessoal do diabético com relação à DM; como lidam ou aceitam a existência desta; se conversam sobre o assunto, o porquê, com que freqüência e qual percepção têm a respeito do diabético. Resultados: 71.43% dos respondentes não vêem o diabético como doente, nem o consideram assim, mas acreditam que levam a vida tentando não piorar, 28.57% acreditam que o mesmo parece ser muito saudável e se comporta como tal. Conclusão: Conclui-se que as famílias dos participantes apresentam uma percepção favorável acerca da condição dos seus membros, o que pode influir em uma adesão mais eficaz do tratamento. Ademais, isso é um salto qualitativo na perspectiva terapêutica, pois demonstra que a concepção de saúde não se encontra atrelada apenas à ausência de doença, mas considera também os aspectos relacionais e interpessoais inerentes à experiência humana. 04/09/03, 18:25 272 Resumos do congresso da ANAD - Diabetes Clínica 04 (2003) Fabiana Pisciottani*, Livia Silveira Fernandes da Silva*, Profa. Dra. Carmen Elisa Villaboas Tapia** *Acadêmica de Enfermagem da PUCCampinas, **Professora e Doutora da Faculdade de Enfermagem da PUC-Campinas Endereço para correspondência: Fabiana Pisciottani, Rua Augusta Parreira Belinteni 160, Vl. Castelo Branco, 13061-340 Campinas, SP, Tel: (19) 32291324, E-mail: [email protected] Dr. Fábio Batista*, Dr. Michael Pinzur** *Pós Graduando e Integrante do Setor de Medicina e Cirurgia do Pé da Escola Paulista de Medicina / UNIFESP e Membro do Grupo do Pé Diabético do LESF, Fellow at Loyola University Chicago e Hines Veterans Administration Hospital (Serviço de Pé Diabético e Amputados), **Professor do Departamento de Ortopedia e Reabilitação da Loyola University Chicago e Chairman do Comitê de Diabetes da American Orthopaedic Foot & Ankle Society Endereço para correspondência: Fábio Batista, Rua Amambaí 1453, 02115-002 São Paulo SP, Tel: (11)69549260, E-mail: [email protected] resumos ANAD.pmd 272 O autocuidado e a teoria de Orem: O papel do enfermeiro Introdução: A educação é o princípio básico do tratamento do indivíduo diabético. Utilizaremos a teoria de Orem para sustento de nossas reflexões; a autora expõe que autocuidado “é a prática das ações que os indivíduos iniciam e executam por si mesmos para manter a vida, a saúde e o bem estar.” Os requisitos para o autocuidado são: aceitar e buscar assistência, aprender a conviver com sua patologia, estar consciente dos efeitos e estados da patologia, levar em conta e regular os efeitos desconfortáveis das medidas de cuidados prescritos, proporcionando desenvolvimento pessoal. Objetivos: Verificar na literatura escrita e eletrônica dos últimos dez anos os aspectos mais relevantes do papel do enfermeiro no autocuidado do indivíduo portador de diabetes. Metodologia: Pesquisa de caráter bibliográfico, com dados obtidos através de periódicos, livros, bem como em fontes como BIREME - MEDLINE. Resultados: O papel do enfermeiro consiste em auxiliar e coordenar as práticas do autocuidado, orientando e apoiando os pacientes a exercitarem o mesmo, verificando ainda os problemas surgidos, auxiliando as famílias a criarem sistemas que preencham as necessidades do autocuidado e avaliando a suficiência e eficiência do autocuidado. Estudo epidemiológico das úlceras e deformidades adquiridas nos pés diabéticos Introdução: As mudanças metabólicas atribuídas ao diabetes mellitus costumam afetar múltiplos sistemas orgânicos. Pacientes portadores de diabetes apresentam número aumentado de injúrias se comparados aos pacientes não diabéticos, além de demonstrarem maior morbidade e mortalidade associadas às lesões e à evolução do tratamento submetido. As complicações que afetam os diabéticos são numerosas e devastadoras, sobretudo no que se refere ao envolvimento dos membros inferiores. Estimase que mais de 85% das amputações dos membros inferiores são desenvolvidas secundariamente às deformidades e ulcerações oriundas da evolução dos pés diabéticos. Objetivo: Este estudo tem como objetivos apresentar as deformidades mais comuns e as principais características das úlceras encontradas nos pés de pacientes diabéticos. Material e Métodos: 202 pacientes adultos e diabéticos foram selecionados aleatoriamente e avaliados durante os ambulatórios de pé diabético do Departamento de Ortopedia e Reabilitação da Loyola University Chicago e Hines Veterans Administration Hospital, onde foi dada ênfase à presença ou não de deformidades e úlceras nos pés desses doentes, bem como suas principais características. Resultados e Conclusões: Os resultados demonstraram que não existe evidência de deformidade patognomônica nos pés diabéticos, entretanto os dedos em garra e em martelo foram as deformidades mais comumente encontradas; 44% dos pacientes avaliados apresentavam úlceras nos pés em atividade, onde 69% delas exibiam características neuropáticas. Concluímos que, frente às deformidades e às características das úlceras encontradas, a prevenção é o melhor tratamento em adição a um programa coordenado de educação do paciente diabético, avaliação clínica, acompanhamento apropriado e adequado planejamento de proteção desses pés. 04/09/03, 18:25 Resumos do congresso da ANAD - Diabetes Clínica 04 (2003) Jane Dullius, Docente na Faculadade de Educação Física da Universidade de Brasilía, Doutoranda em Ciências da Saúde (Terapêutica Diabetes) Endereço para correspondência: Jane Dullius, SHCGN 715 Bloco J Casa 05, 70770-710 Brasília DF, Tel: (61) 307 2609, E-mail: [email protected] 273 Perfil das práticas físicas, orientações e interesses dos diabéticos ingressantes no PROAFIDI Introdução: Atividade física (AF) personalizada é parte importante no tratamento do diabetes mellitus (DM) devendo ser orientada por Profissional de Educação Física (PEF) especialmente qualificado, devido a suas inúmeras interferências e especificidades sobre a saúde dos diabéticos. Incidência do tipo 1 é maior em jovens, que têm características peculiares diferenciadas. Objetivos: Definir perfil dos DM1 que procuraram o Programa Orientado de Atividades Físicas para Diabéticos (PROAFIDI-UnB) Metodologia: Coletados dados por entrevista estruturada dos 23 primeiros ingressantes: idades 17-54 anos (± 23), tempo DM 0,4-38 anos (±14), todos em acompanhamento médico e participando por livre vontade. Resultados: Nível de conhecimento sobre o assunto demonstrou-se entre pouco e razoável. Modalidades mais solicitadas: recreação, jogos de bola, escalada, alongamento, caminhada, aeróbica, hidroginástica, tênis, pólo aquático. A quase totalidade já praticava ou havia praticado atividades regulares e/ou intensas. Independente do tempo de DM, nenhum sabia ajustar adequadamente insulina, alimentação e glicemia às atividades físicas. 83% não receberam orientações suficientes por parte da equipe médica sobre cuidados necessários para prática de exercícios; nenhum era ou fora acompanhado adequadamente por PEF qualificado, sendo 3 autodidatas. Conclusão: É necessária maior formação de PEF adequadamente qualificado para atender a esta área e melhor divulgação sobre o valor deste trabalho, bem como subsídios atualizados para esta orientação. Karine Brito Matos Santos*, Andressa de Sousa Prado, Luciana Souza Farias, Tania Henrique Santos, Valdinalva Marques de Souza *Enfermeira do Programa de Saúde da Família, pós-graduada em Saúde Pública - Habilitação Sanitarista pelo Convênio UESC/FIOCRUZ, Secretaria Municipal de Saúde de Vitória da Conquista-BA Endereço para correspondência: Karine Brito Matos Santos, Rua Laudicéia Gusmão, 343/102, Centro, V. Conquista - BA, Tel: (77) 421-0396, Email: [email protected] resumos ANAD.pmd 273 Prevalência oculta de diabetes mellitus, numa unidade de saúde da família de Zona Rural, Município de Vitória da Conquista - BA Introdução: Este trabalho surgiu a partir da observação do baixo índice de diabéticos na área de abrangência da Equipe de Saúde da Família de José Gonçalves I, zona rural do município de Vitória da Conquista - Ba. Na implantação da equipe, em janeiro/2000 eram cadastrados 21 diabéticos correspondendo a uma taxa de prevalência de 0.67%. Sabe-se que a taxa de prevalência na Bahia é 8% e na região do Sudoeste varia de 2 a 5%. Objetivos: Acreditando na falta de diagnóstico, foi elaborada uma Programação Operativa em saúde, com o objetivo geral de detectar novos casos de Diabetes Mellitus e conhecer o perfil epidemiológico da área de abrangência, intensificando o acompanhamento aos portadores da doença, a fim de evitar complicações e/ou retardar a progressão das já existentes. Metodologia: Para isso, foram utilizadas três grandes linhas de ação: 1- Identificar a população de risco (pessoas que possuem dois ou mais fatores de risco); 2- Realizar busca ativa, através de glicemia capilar, encaminhando para confirmação laboratorial os casos suspeitos; 3Desenvolver atividade educativa com diabéticos e familiares, promovendo mudanças nos hábitos de vida e intensificando o acompanhamento destes, através de visita domiciliar, exames laboratoriais, consultas, avaliação odontológica e encaminhamento ao especialista, quando necessário. Resultados: Durante o primeiro semestre de 2003, foram realizadas 335 glicemias capilares, encontrando cerca de 100 resultados alterados (30%), 04/09/03, 18:25 274 Resumos do congresso da ANAD - Diabetes Clínica 04 (2003) dos quais 16% foram confirmados laboratorialmente, elevando a prevalência para 1,47%. Continuação Conclusão: Os achados deste estudo comprovam que é possível um diagnóstico precoce, promovendo um impacto na qualidade de vida da população acompanhada. Kátia Cristina da Cruz Portero*, Marino Cattalini, Marlene Trigo, Natália Castilho, Daniele Azanha de Carvalho, Larissa Marques, Érica Encinas Debiazi *Nutricionista, Doutoranda em endocrinologia pela FMUSP Endereço para correspondência: Kátia Cristina da Cruz Portero, Rua José Garcia de Carvalho 300, 16400210 Lins SP, Tel: (14) 35324442, Email: [email protected] Caracterização das pessoas participantes da 4a campanha nacional gratuita em diabetes no Município de Lins - SP Introdução: A prevalência e a incidência do diabetes mellitus (DM) na população brasileira vêm crescendo e podem ser observados por meio de repercussões sociais e econômicas traduzidas pela incapacidade para o trabalho em decorrência das complicações crônicas, mortes prematuras devido à falta de conhecimento sobre a doença, absenteísmo, os altos custos associados ao controle e tratamento da patologia, bem como de suas complicações. Em vista disso, o sistema de saúde tem sido impulsionado a realizar o diagnóstico precoce desta doença. Objetivo: Realizar avaliação nutricional e caracterizar as pessoas que participaram da 4a Campanha Nacional Gratuita em Diabetes, de detecção, orientação, educação e prevenção das complicações. Metodologia: Foram realizados 987 exames de glicemia na população pela Associação de Diabetes de Lins e 147 avaliações nutricionais pelo Curso de Nutrição da UNIMEP, nas quais foram identificadas as seguintes informações: sexo, idade, ocupação, peso, estatura, IMC e presença de fatores de risco para o desenvolvimento de diabetes. Resultados: Os exames de glicemia realizados diagnosticaram 5,3% de casos novos de DM. Dos indivíduos que passaram por avaliação nutricional, 67,3% pertenciam ao sexo masculino, 63,9% apresentavam entre 30 e 60 anos e 28,6% mais de 60 anos, 25,2% apresentavam diabetes, 14,3% tolerância à glicose diminuída e grande parte das pessoas apresentava sobrepeso ou obesidade (65,3%). Dentre os fatores de risco para o DM foram identificados que 97,3% apresentavam idade superior a 30 anos, 54,4% apresentavam história familiar de diabetes, 43,5% apresentavam hipertensão arterial e 28,6% apresentavam obesidade. Conclusão: O diagnóstico precoce e a educação em saúde, enquanto medida de prevenção ou retardo do DM, são ferramentas importantes para a redução dos custos paras os serviços de saúde, uma vez que as intervenções focalizam aspectos múltiplos metabólicos, incluindo a tolerância à glicose diminuída, hipertensão arterial, obesidade, hiperlipidemia. Luciana Ghiraldelli*, Walmyr R. de Mello *Fonoaudióloga, Universidade Federal de São Paulo Endereço para correspondencia: Av: Leôncio de Magalhães 1092/14, 02042-001 São Paulo SP, Tel: (11) 69796977, E-mail: : [email protected] resumos ANAD.pmd 274 Implicações fonoaudiológicas do diabetes mellitus Introdução: A fonoaudiologia é a ciência que estuda o processo de comunicação, desde a concepção do pensamento, até a sua expressão, tanto na oralidade, quanto na escrita. Além do trabalho direto com todas as estruturas envolvidas no processo de produção da fala e por continuidade as envolvidas no processo de deglutição. Objetivo e método: O objetivo deste estudo é buscar as possíveis interfaces entre o trabalho fonoaudiológico e as manifestações presentes no paciente 04/09/03, 18:25 Resumos do congresso da ANAD - Diabetes Clínica 04 (2003) 275 portador de Diabetes Mellitus tipo 1 e tipo 2, através da revisão narrativa de textos compilados. Resultados: Vários estudos vêem buscando estabelecer se o défict auditivo presente em indivíduos portadores de Diabetes Mellitus é uma das manifestações de tal quadro. Tais estudos partiram do pressuposto de que se a angiopatia e a neuropatia periférica são complicações do Diabetes e se todos os nervos periféricos são vulneráveis a tais mecanismos, se pode hipotetizar que talvez afete a via auditiva e o oitavo par craniano, causando assim déficit auditivo. Uma das manifestações do Diabetes é a diminuição do fluxo salivar que pode acarretar em uma dificuldade em tornar o bolo alimentar coeso, dificultando a ejeção do bolo para a faringe e proporcionar o engasgo ou até a penetração e/ou aspiração laríngea. Esta também é responsável pelo aumento na incidência de cáries, de doenças periodontais e de lesões de mucosa. Além de tornar a alimentação um processo doloroso, fato que pode restringir a ingestão alimentar, tais alterações podem fazer com que o indivíduo mude seu padrão articulatório, na tentativa de não sentir dor e de melhorar a inteligibilidade. Continuação Conclusões: As principais interfaces de intervenção fonoaudiológica no paciente portador de Diabetes Mellitus estão no trabalho no gerenciamento da audição, visando à prevenção de significativos déficits auditivos, e no gerenciamento da deglutição, na prevenção de riscos de aspiração e de alterações mastigatórias e de fala. resumos ANAD.pmd 275 04/09/03, 18:25 Marcon D et al. / Diabetes Clínica 04 (2003) 276~280 276 Diabetes Clínica Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 04 (2003) 276~280 ARTIGO ORIGINAL A conscientização sobre a importância da prática de atividades físicas para crianças diabéticas através da dramatização do metabolismo da glicose Diabetic child conscientization about physical activities through glucose metabolism dramatization Daniel Marcon*, Carla Tatiane Pretto da Rosa, Diogo Romani de Oliveira, Eliane Carla Kraemer, Márcia Ramos, Michele Sabrina Giani, Nilseu Paulo Tortelli, Solange Maria Cechin Professor de Educação Física, especialista em ciências e jogos desportivos, professor do Departamento de Educação Física da Universidade de Caxias do Sul, coordenador do Grupo de Estudos sobre Atividades Físicas para Portadores de Diabetes Mellitus Insulino-dependente Resumo Esse trabalho teve como principal objetivo a educação e a conscientização da criança portadora de diabetes mellitus insulino-dependente sobre a doença. Através de uma encenação prática do metabolismo da glicose, um grupo de crianças portadoras de diabetes, juntamente com seus familiares e com a equipe interdisciplinar formada por professores e alunos da UCS, interpretava personagens específicos, como o fígado, o pâncreas, a glicose, as células e a corrente sangüínea. Mediante a leitura de um texto, foram simuladas as diferentes manifestações do metabolismo do portador de diabetes em distintos momentos. Os resultados dessa atividade evidenciaram uma mudança de paradigma da interpretação da criança diabética e de seus familiares sobre suas condições e possibilidades, proporcionando a todos uma vida com menos culpas, mais alegre e feliz. Palavras-chave: educação, atividade física Abstract The main objective of this work was education and awareness of child with diabetes mellitus type 1 about the disease. Through a practical stage on glucose metabolism, a group of diabetic children, together with their family and with an interdisciplinar crew formed by teachers and students of the UCS, interpreted specific personages, as liver, pancreas, glucose, cells and sanguine chain. By means of text reading, different manifestations of diabetes metabolism at different periods had been simulated. The results of this activity had evidenced a paradigm change of interpretation of diabetic child and their family on their conditions and possibilities, providing to all an happy and without guilt life. Key-words: education, physical activity. Artigo recebido em 31 de julho de 2003; aceito em 15 de agosto de 2003. Endereço para correspondência: Daniel Marcon, Universidade de Caxias do Sul, rua Francisco Getúlio Vargas, 1130 CP 1352 bairro Petrópolis 95001-970 Caxias do Sul RS, Tel: (54) 2182213, Fax: (54) 2182201, E-mail: [email protected] artigo 02 Daniel Marcon.pmd 276 04/09/03, 18:25 Marcon D et al. / Diabetes Clínica 04 (2003) 276~280 Introdução O diabetes mellitus é definido por vários autores como um distúrbio heterogêneo primário do metabolismo dos carboidratos com múltiplos fatores etimológicos que incluem uma deficiência absoluta ou relativa da produção de insulina pelas células â das ilhotas de Langerhans do pâncreas, ou resistência à insulina. Quando a insulina produzida é insuficiente, a glicose não é absorvida pelas células, provocando a elevação de seus níveis no sangue, cuja taxa normal, em jejum, varia entre 70 a 110 mg/dl. Todas as manifestações do diabetes levam à hiperglicemia, que é o aumento da glicose sanguínea acima dos níveis normais, podendo até alterar o metabolismo das proteínas e das gorduras. A hiperglicemia apresenta como principais inconvenientes: a sede, o aumento da micção, náuseas, vômito, dor abdominal, sonolência, respiração rápida, pele seca e rosada, inconsciência e, podendo inclusive, provocar o coma hiperglicêmico ou diabético. Além disso, devido à disfunção do metabolismo da glicose, as crises de hipoglicemia, caracterizada pela redução da glicemia abaixo dos níveis normais tanto no sangue, quanto no fígado podem manifestar-se durante a realização de atividades físicas, ou caso seja administrada uma dose incorreta de insulina injetável, tendo como conseqüências: o adormecimento dos lábios e da língua, fraqueza, esgotamento, sonolência, tremores, fome, visão embaçada, palpitações, náuseas, dor de cabeça, sudorese, confusão mental, andar cambaleante, palidez, fala ininteligível, irritação, mudança de comportamento, falta de concentração e incoerência. O grau de insuficiência do hormônio insulina classifica o diabetes em dois grupos principais: o diabetes mellitus insulino-dependente, ou tipo 1, e o diabetes mellitus não insulino-dependente, ou tipo 2. Responsável pela minoria dos casos, o diabetes tipo 1 é o mais agressivo deles, pois o pâncreas é incapaz de produzir insulina ou é capaz de produzir quantidades tão pequenas que são necessárias injeções desse hormônio para o restabelecimento dos níveis normais. Inicialmente chamada de “diabetes juvenil” por manifestar-se no inicio da puberdade, a enfermidade acomete a suas vítimas uma rotina penosa, que envolve controles diários das taxas de glicose no sangue, aplicações regulares de insulina subcutânea e inúmeras privações alimentares. Já no diabetes tipo 2 existe a produção de insulina, e o principal motivo que faz com que os níveis de glicose no sangue permaneçam altos está na incapacidade das células de utilizar toda insulina secretada pelo pâncreas. Assim, uma pequena quantidade de glicose presente no sangue é aproveitada por essas células, devido ao mau funcionamento de seus receptores, caracterizando a “resistência insulínica”. Segundo anúncios recentes da Organização Mundial da Saúde, as proporções da doença já são de uma artigo 02 Daniel Marcon.pmd 277 277 pandemia. Em 1985, as vítimas do diabetes somavam 30 milhões em todo o mundo, e hoje já são mais de 170 milhões. No Brasil existem aproximadamente 10 milhões de diabéticos, e um número equivalente de outros portadores que desconhecem seu diagnóstico positivo. Nas próximas duas décadas é prevista a duplicação destes números, em virtude, fundamentalmente, do sedentarismo e dos maus hábitos alimentares, o que levará o diabetes a tornar-se a principal causa de morte nos cinco continentes. Objetivos Diante de dados de tamanha relevância para a saúde pública, e conscientes de nosso papel frente a tal problema, enquanto professores de educação física enaltecemos a necessidade de prevenção, tratamento e conscientização da criança diabética através de ações educativas que envolvam elas próprias e seus familiares. Além das alterações fisiológicas, vários autores enfatizam os transtornos emocionais causados pelo diagnóstico diabético, decorrentes, na grande maioria dos casos, da falta de informações sobre a doença, fato que deve receber especial atenção dos médicos e dos professores de educação física que atenderão aos pacientes, principalmente no âmbito escolar. Em muitas das escolas de ensino básico no Brasil, não são raras as situações em que as crianças diabéticas são discriminadas por seus colegas, e até mesmo pelos professores de educação física que, por não saber como proceder com esse aluno, o orienta para que não participe da aula. Ainda mais grave é o professor não levar em consideração o diabetes de seu aluno e, por não possuir conhecimento do diagnóstico ou por não saber como proceder, ministrar uma aula em que pode expô-lo a situações de extremo risco para sua saúde, e inclusive para sua vida. No intuito de ampliar a divulgação e a atenção dedicada aos pacientes, foi formado, na Universidade de Caxias do Sul, um grupo interdisciplinar composto por professores e acadêmicos integrantes dos departamentos de educação física, medicina, enfermagem, serviço social, nutrição e psicologia, que desenvolve atividades de ensino, pesquisa e extensão universitária com o projeto, o qual atende aproximadamente 25 crianças portadoras de diabetes mellitus insulino-dependente catalogadas em Caxias do Sul e cidades vizinhas. Visando aumentar nosso conhecimento sobre a doença, foi criado junto ao departamento de educação física da universidade, um grupo de estudos sobre atividade física para diabéticos, onde são realizadas investigações por meio de análises bibliográficas e estudos de campo, e, com base nos resultados, são planejadas atividades físicas, educativas e recreativas, as quais são desenvolvidas mensalmente com as crianças e com seus familiares. 04/09/03, 18:25 Marcon D et al. / Diabetes Clínica 04 (2003) 276~280 278 O tratamento do diabético tem por objetivo manter o equilíbrio metabólico e o peso ideal, prevenir as complicações provocadas pela hipo e hiperglicemia, e a redução da dependência à insulina. Visto que as atividades físicas aeróbicas desempenham importante papel na regulação do metabolismo da glicose, elas são indicadas e realizadas com as crianças e com seus familiares, além de orientações sobre suas características e benefícios, esclarecimentos de dúvidas, desmistificação de alguns mitos referentes à prática de exercícios pelos diabéticos e a criação de uma cultura voltada para a prática constante de atividades físicas. Material e métodos Como as atividades práticas, principalmente aquelas que utilizam a expressão corporal, geralmente são muito eficientes para a educação de crianças, foi planejada uma dramatização com o objetivo de simular o metabolismo da glicose, através de uma encenação, com a participação de todos os integrantes do projeto, das crianças e de seus familiares. O espaço destinado para a realização da encenação foi dividido da seguinte forma: em um canto o fígado, onde o primeiro grupo de crianças com coletes verdes se imaginava moléculas de glicose; no canto oposto o pâncreas, onde o segundo grupo de crianças com coletes amarelos se imaginava moléculas de insulina; nos outros dois cantos estavam os pais, dois a dois e de mãos dadas, imaginando-se as células; um terceiro grupo de crianças com uma roupa vermelha simulava a corrente sanguínea; e um professor representava a seringa. Cada um destes locais foi decorado com cartazes e organizado por um responsável. Mediante a leitura do texto, que fazia referência às diferentes manifestações do metabolismo da glicose, com e sem diabetes, com e sem atividade física, com e sem Fig. 1 - 1o passo. artigo 02 Daniel Marcon.pmd 278 hipo e hiperglicemia, todos os participantes interpretavam seu papel. O texto, juntamente com os passos que orientaram a dramatização, é descrito abaixo (os passos apresentados a seguir descrevem o que era realizado, e não eram lidos): No dia trinta de novembro do 2002, durante um passeio realizado ao laboratório do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, destinado ao estudo do diabetes mellitus, da Universidade de Caxias do Sul, fomos convidados para participar da experiência do doutor Han’s Gully, que tinha como objetivo reduzir-nos a dimensões microscópicas para que pudéssemos ser introduzidos no organismo humano. Fomos introduzidos no organismo de Samy, uma menina não diabética. Através da corrente sanguínea percorremos o organismo de Samy e conhecemos detalhadamente seu fígado, suas células e seu pâncreas. A corrente sanguínea, contendo algumas moléculas de glicose, passa pelo pâncreas onde capta moléculas de insulina, levando-as para as células. Chegando lá, a insulina, servindo como uma chave, abre a célula permitindo a entrada da glicose. Por estar com uma quantidade reduzida de glicose, a corrente sanguínea segue até o fígado onde normaliza seus níveis dando seqüência ao metabolismo, caracterizando a contribuição da atividade física para o consumo do glicogênio hepático. 1o passo: A corrente sanguínea entra e permanece girando pela sala. 2 o passo: A corrente sanguínea retira todas as moléculas de glicoses do fígado e todas as moléculas de insulinas do pâncreas, e as leva para as células. 3 o passo: Concluída a via metabólica, todas as moléculas de glicose regressam para o fígado, permanecendo duas delas junto da corrente sanguínea, a qual sai da sala juntamente com todas as moléculas de insulina. Depois de transitar por todos os órgãos e conhecer suas funções, fomos retirados do organismo de Samy e introduzidos no organismo de Han’s Júnior, um menino diabético. A corrente sanguínea, contendendo algumas moléculas de glicose, segue para o pâncreas tentando obter insulina. Como ela não está disponível, a corrente sanguínea, ao passar repetidas vezes pelo fígado, começa a armazenar moléculas de glicose e a se sobrecarregar progressivamente, levando-a a um estado hiperglicêmico. 4o passo: a corrente sanguínea passa pelo fígado captando algumas moléculas de glicose de cada vez, tenta obter insulina no pâncreas, mas como ela não está ali, segue para as células e tenta deixar a glicose. Nesse momento as células se recusam a receber a glicose e o processo é reiniciado, continuando até que toda a glicose esteja no sangue. 04/09/03, 18:25 Marcon D et al. / Diabetes Clínica 04 (2003) 276~280 Nesse momento, através da administração de insulina, são restabelecidas as reservas desse hormônio no pâncreas. 5o passo: A insulina, juntamente com a seringa, entra na sala, dá uma volta completa, entra no pâncreas e a seringa sai da sala. A corrente sanguínea passa novamente pelo pâncreas, onde agora absorve moléculas de insulina, levando-as até as células, ocorrendo o mesmo processo visto no organismo de Samy, ou seja, a insulina, servindo como uma chave, abre a célula liberando a entrada da glicose. 6 o passo: A corrente sanguínea retira todas as moléculas de glicose do fígado e todas as moléculas de insulina do pâncreas, e as leva para as células. Através das atividades cotidianas, a glicose é consumida e os níveis de insulina são reduzidos. 7o passo: A insulina sai da sala e permanece junto à seringa. A glicose também sai da sala e a corrente sanguínea fica com algumas moléculas de glicose. Nesse momento, Júnior faz uma refeição e reabastece suas reservas de glicose no fígado. 8o passo: Todas as moléculas de glicose regressam para o fígado, ficando duas com a corrente sanguínea. Para comprovar os benefícios da atividade física o professor de educação física Tedy Body convidou Júnior para um passeio de bicicleta pela universidade. Durante essa atividade pudemos perceber que a permeabilidade das células para a glicose foi aumentada, reduzindo seus níveis no sangue e diminuindo a necessidade de aplicação de insulina. Sendo assim, os níveis de glicose puderam ser regulados, comprovando que a atividade física realizada regularmente pode reduzir o número de aplicações diárias de insulina. 9o passo: a corrente sanguínea retira todas as moléculas de glicose do fígado e todas as moléculas de insulina do pâncreas, e as leva para as células. Fig. 2 - 9o passo. artigo 02 Daniel Marcon.pmd 279 279 O professor Tedy orientou Júnior sobre a atividade física dizendo que: deve ser realizada com tênis e roupas confortáveis, em terreno limpo e plano, que não requeira muito esforço físico e que ele beba água freqüentemente. Além disso, Tedy alertou Júnior que a hipoglicemia pode ser causada durante os exercícios intensos ou de longa duração. Os primeiros sintomas que ele pode sentir são: fraqueza, tontura e visão embaçada. Júnior não deu ouvidos a Tedy e prosseguiu pedalando. Pouco tempo depois ele começou a sentir-se fraco e tonto. 10o passo: todas as glicoses saem da sala e todos os demais participantes encenam fraqueza, fatiga e tontura. Por isso ele teve que parar a atividade para comer. 11o passo: todas as glicoses entram na sala e se dirigem ao fígado. Retornando ao laboratório, fomos expelidos do organismo de Júnior através de um espirro induzido pelo doutor Han’s Gully. 12o passo: a corrente sanguínea sai da sala, concluindo a atividade. Resultados Finalizada a encenação, foi realizado um debate com todos os participantes. Pelos relatos emocionados dos pais, que manifestaram seu agradecimento pela realização da atividade, ficou evidenciada sua importância para a educação das crianças, possibilitando uma nova interpretação sobre sua penosa rotina de privações, medos e preconceitos. Conclusões Trazendo para a prática uma situação incômoda vivida pelas crianças diabéticas, a aceitação da doença se torna mais fácil e natural, ao mesmo tempo em que são derrubados alguns tabus referentes à prática de atividades físicas por diabéticos. Além disso, através da reconstrução de sua interpretação sobre o diabetes, as crianças são estimuladas a ter uma vida normal e a praticar atividades físicas regularmente, convivendo harmoniosamente com o diabetes. As atividades desenvolvidas nesse projeto oferecem às crianças o contacto com outros portadores da mesma patologia, proporcionando a integração de todos, servindo como um auxílio para a minimização de suas ansiedades, promoção de sua auto-estima e socialização. Como os exercícios aeróbicos, os quais estimulam o metabolismo das gorduras, são desenvolvidos durante os encontros e orientados para que sejam realizados sistematicamente, a manutenção do peso ideal das crianças é uma constatação relatada pelos pais e pela equipe médica responsável. Visto que o exercício estimula e regulariza a produção do 04/09/03, 18:26 Marcon D et al. / Diabetes Clínica 04 (2003) 276~280 280 hormônio insulina pelo pâncreas, a redução gradual da dependência à insulina é outra relevante constatação no decorrer das atividades. A consciência do papel que assumimos na vida dessas crianças e de seus familiares nos estimula para continuar com o projeto, visando à ampliação do número de crianças até que alcancemos a totalidade da população infantil e juvenil de diabéticos de nossa região. Ao mesmo tempo, buscamos o estreitamento de nossas relações com as escolas de Caxias do Sul e região, através de palestras e pequenos cursos ministrados aos professores de educação física, com o objetivo de esclarecer, desmistificar e divulgar a atividade física para os diabéticos, bem como a realização de encenações, como a anteriormente relatada, com os estudantes e com seus professores, para que todos interpretem o diabetes como uma doença a qual qualquer pessoa está suscetível e que necessita de cuidados especiais, entretanto, que não exclui ninguém da prática desportiva. Dessa maneira, esperamos que as alarmantes perspectivas atuais não se concretizem no futuro, e que as crianças diabéticas desfrutem de uma vida promissora, saudável e feliz. artigo 02 Daniel Marcon.pmd 280 Referências 1. American Diabetes Association. Diabetes de A a Z. São Paulo: JSN; 1998. 2. Arduino, Francisco. Duque Flv, Rodrigues, Jaime. Diabetes Mellitus. Rio de Janeiro: Atheneu; 1962. 3. Bettarello A, Mott CB. Pancreatites. São Paulo: Sarvier; 1978. 4. Brasil – Ministério da Saúde – Secretaria de Assistência à Saúde. 2ª ed. Manual do 5. diabetes. Brasília, 1993. 6. Cancelliéri C. Diabetes e atividade física. Jundiaí: Fontoura; 1999. 7. Fonseca AL. Dicionário de especialidades farmacêuticas. 29ª ed. Rio de Janeiro: EPUC; 2001. 8. Franco Z. Viva em paz com seu diabetes. Rio de Janeiro: Cruzeiro; 1965. 9. Gonçalves ER. Complicações crônicas do diabetes. Belo Horizonte: Health; 1996. 10. Gordon NF. Diabetes: seu manual completo de exercícios. São Paulo: Physis; 1997. 11. Silveira Neto E. Atividade física para diabéticos. Rio de Janeiro: Sprint; 2000. 12. Sänsken P, Fose C. Tudo sobre diabetes. São Paulo: Andrei; 2000. ¡ 04/09/03, 18:26 Rocha Mendes PN et al. / Diabetes Clínica 04 (2003) 281~286 Diabetes Clínica 281 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 04 (2003) 281~286 ARTIGO ORIGINAL Associação entre obesidade e doenças crônicas não transmissíveis em uma população idosa (Brasília-DF) Association of obesity and untransmissible chronic diseases in an elderly population (Brasilia-DF) Paula Nascente Rocha Mendes*, Rosemeire Victoria Furumoto** *Acadêmica em Nutrição pela Universidade de Brasilia (UnB), **Professora Adjunto do Departamento de Nutrição da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasilia (UnB) Resumo Objetivos: Conhecer o estado nutricional e a prevalência de diabetes mellitus (DM), hipertensão arterial sistêmica (HAS) e dislipidemias em idosos, e verificar a existência ou não de associação entre obesidade e estas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Material e métodos: Neste estudo transversal, foram selecionados 91 pacientes com 60 anos ou mais atendidos em um centro de saúde de Brasília (DF). Os dados obtidos para análise foram utilizados em formulários específicos para o atendimento nutricional dos pacientes. Resultados: Verificou-se que 69% dos idosos apresentam sobrepeso/obesidade e a prevalência de DM, HAS e dislipidemias foi de 62,6, 46,2 e 36,6%, respectivamente. Encontrou-se associação entre obesidade e DM (p = 0,03) e HAS (p = 0,000006). Conclusão: O envelhecimento da população associado à alta prevalência de excesso de peso e DCNT alertam os profissionais de saúde para a necessidade de um trabalho interdisciplinar e de estudos de abrangência nacional a fim de direcionar as ações do serviço de saúde. Palavras-chave: idosos, nutrição, doenças crônicas, antropometria. Abstract Objective: To verify the nutritional status and the prevalence of diabetes mellitus (DM), systemic arterial hypertension and dislipidemias in elderly, as well as to verify if there is an association or not between obesity and these non-transmitable chronic diseases. Material and methods: In this transversal study, 91 patients attended at a health center in Brasília (DF), 60 or more years old were selected. The data obtained for analysis were used in specific forms for patient nutricional assistance. Results: It was verified that 69% of elderly are obeses or with overweight. DM prevalence, hypertension and dislipidemias was 62,6, 46,2 and 36,6%, respectively. Obesity was associated with DM (p = 0,03) and Hypertension (p = 0,000006). Conclusion: With the epidemiological transition that implicates in an increase of the elderly population associated with high prevalence of obesity and DCNT is an alert to the need of interdisciplinary work and national survey in order to define the strategic actions of the health service. Key-words: elderly, nutrition, chronic diseases, anthropometry. Artigo recebido em 15 de junho de 2003; aceito em 15 de julho de 2003. Endereço para correspondência: Profa. Dra. Rosemeire Victoria Furumoto, Campus Universitário Darcy Ribeiro, Asa Norte 70910-900 Brasília DF, Tel: (61) 327-2111, E-mail: [email protected] artigo 03 Rosemeire.pmd 281 04/09/03, 18:26 282 Rocha Mendes PN et al. / Diabetes Clínica 04 (2003) 281~286 Introdução Tem-se observado, nas últimas décadas, o envelhecimento da população brasileira [1] e associado a isso está ocorrendo uma transição demográfica e epidemiológica no país [2]. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou, em 2002, que 5,2% da população do Distrito Federal possuía 60 anos ou mais, ou seja, 104.832 idosos. Dados fornecidos pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS) referentes à expectativa de vida apontam para 68,3 anos em 2002, sendo que houve um aumento deste indicador em 1,4 anos comparando-se com dados de 1996 [3]. Em países em desenvolvimento, como o Brasil, esta transição foi rápida, de maneira que o setor de saúde pública não passou pela reestruturação necessária para atender adequadamente este segmento populacional, o que acabou provocando uma sobrecarga deste setor. A PNSN [4] revelou que houve alteração do estado nutricional dos idosos nos últimos 15 anos, com redução de 30% no grupo de baixo peso e aumento dos casos de sobrepeso e obesidade [5]. A elevada prevalência de desvio nutricional na população idosa resultante do ambiente em que reside, agravadas pelas condições socioeconômicas, pelas alterações fisiológicas inerentes à idade e pela incapacidade progressiva observada em realizar atividades rotineiras. Nesse contexto, há uma influência no padrão alimentar do idoso refletindo em déficit ou excesso de nutrientes que pode ocasionar desnutrição ou sobrepeso/obesidade [6]. A alimentação não saudável da população, com elevado consumo de carboidratos simples e gorduras [4], juntamente com sedentarismo e outros fatores de risco contribuem para elevada mortalidade em idosos em decorrência de doenças cardiovasculares, hipertensão arterial sistêmica (HAS), dislipidemias e diabetes mellitus (DM). Apesar disso, sabe-se que existe sub-registro de mortalidade por DM nas declarações de óbito de idosos. Isso porque o diabetes, muitas vezes, é registrado como causa associada e não como causa básica do óbito, o que pode distorcer as características demográficas dos idosos diabéticos [2]. Salienta-se ainda a simultaneidade patológica observada nesse grupo populacional [2]. O DM, por exemplo, apresenta grande associação com obesidade, dislipidemia, hiperuricemia e defeitos de coagulação, que elevam o risco de mortalidade, constituindo a Síndrome Plurimetabólica ou Metabólica [7]. Uma outra associação comprovada e muito comum pode ser observada entre HAS e DM, o que contribui para que Santello [8] qualifique tal paciente como “hipertenso diabético”. Há correlação também entre DM, doenças cardiovasculares (DCV) e outras patologias com o volume de tecido artigo 03 Rosemeire.pmd 282 gorduroso corpóreo, e intimamente relacionado com o padrão de distribuição central deste tecido adiposo [9]. A obesidade, dessa forma, é um fator ambiental também para outras doenças e estritamente relacionado com HAS. Ayres [10] em estudo realizado em Piracicaba, São Paulo, com população adulta, conclui que 38% dos hipertensos apresentavam obesidade. Logo, uma nutrição adequada tem papel fundamental no tratamento da maioria destas doenças crônicas não transmissíveis no envelhecimento [11]. Um componente alimentar diretamente relacionado com fatores de risco para doenças cardiovasculares e alteração no perfil lipídico é o colesterol [12]. Outro componente que deve ser monitorado cuidadosamente pelo nutricionista é o índice glicêmico dos alimentos a fim de contribuir para o controle da glicemia especialmente em pacientes diabéticos, e ainda por relacionar-se com o nível de triglicerídios no sangue [13]. Apesar da escassez de estudos realizados com idosos, verifica-se por parte da sociedade e dos profissionais de saúde uma mobilização no sentido de colaborar para melhoria da qualidade de vida desta faixa etária, uma vez que o envelhecimento da população requer demanda específica e complexa de serviços sociais e de saúde [3]. Assim, o objetivo deste estudo é conhecer a prevalência das principais doenças que acometem este grupo e a associação destas com algumas variáveis de risco, como sobrepeso/obesidade. Sendo assim, a atenção dietética na área de Saúde Pública é fundamental a fim de prevenir patologias e melhorar o estado nutricional desses pacientes. Material e Métodos A população estudada contituiu-se de idosos, com idade acima de 60 anos, conforme o ponto de corte estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para países em desenvolvimento, atendidos em ambulatório de Nutrição, em um Centro de Saúde de Brasília. Os dados desse estudo, de delineamento transversal, foram coletados no período de fevereiro a dezembro de 2000. Estes dados foram coletados de um formulário de consulta utilizado pela nutricionista responsável pelo atendimento local, e são referentes à idade, sexo, peso, altura e patologias diagnosticadas. Classificou-se o estado nutricional dos idosos segundo índice de massa corporal (IMC), obtido pela divisão do peso (kg) pelo quadrado da altura (m), a saber, de acordo com a OMS: magreza severa (IMC < 16), magreza moderada (16 £ IMC £ 17), magreza leve (17 £ IMC £ 18,5), eutrofia (18,5 £ IMC £ 24,9), sobrepeso grau I (25 £ IMC £ 29,9), sobrepeso grau II (30 £ IMC £ 39,9) e sobrepeso grau III (IMC e” 40). Para melhor compreensão dos resultados, as tabelas presentes neste 04/09/03, 18:26 Rocha Mendes PN et al. / Diabetes Clínica 04 (2003) 281~286 trabalho contem somente as faixas de IMC obtidas pela classificação antropométrica da amostra, ou seja, as tabelas pos-teriores não contem faixas de IMC em que nenhum indivíduo da amostra se enquadrava. Os dados foram tabulados em planilhas do Excel e as análises estatísticas realizadas no EPI-INFO – versão 6.04 (janeiro de 2001), desenvolvido pelo US Department of Health and Human Services – Public Health Service – Center for Disease Control and Prevention (CDC). A associação entre variáveis foi considerada estatisticamente significativa quando p < 0,05. 283 Masculino 20 22% Feminino 71 78% entre as faixas etárias indicou que 64 indivíduos (70,3%) possuíam de 60 a 69 anos, 21 (23,1%) estavam entre 70 e 79, e 6 (6,6%) possuíam 80 anos ou mais. Com relação ao sexo, houve predomínio do sexo feminino, perfazendo 78% da amostra. Observou-se que 42,2% dos idosos são aposentados e trata-se de uma população com baixo grau de escolaridade, sendo que 30,8% dos idosos nunca freqüentaram a escola, 42,8% freqüentaram por um período de 1 a 8 anos, e 26,4%, mais de 8 anos (Tabela I). As doenças pesquisadas foram diabetes mellitus, hipertensão arterial e dislipidemias, e verificou-se que mais de metade dos idosos são diabéticos (62,6%), 46,2% são hipertensos e 36,3% possui alteração no perfil lipídico, que pode ser hipercolesterolemia ou hipertrigliceridemia (Tabela II). O estado nutricional da amostra segundo o índice de massa corporal (IMC) indica apenas 1% de baixo peso, 29% de eutrofia, e uma grande parcela (70%) com sobrepeso/obesidade (Fig. 1). Pacientes com sobrepeso/obesidade, ou seja, que possuem IMC superior ou igual a 25kg/m2 apresentam 78,9, 97,5 e 72,7% dos casos diagnosticados de DM, HAS e dislipidemias (Tabela III). 60 a 69,9 anos 64 70,30% Fig. 1 - Distribuição dos idosos de acordo com o Índice de Massa Corporal (Brasília-DF). 70 a 79,9 anos 21 23,10% 6 6,60% Analfabeto 28 30,80% 1 a 4 anos 28 30,80% 5 a 8 anos 11 12% Mais de 8 anos 24 26,40% Resultados Foram avaliados 91 pacientes de 60 a 87 anos, com idade média de 67,3 anos. A distribuição dos indivíduos Tabela I - Características socioeconômicas dos idosos estudados em Brasília (DF). Variáveis n % Sexo (n = 91) Idade (n = 91) 80 anos ou mais Escolaridade (n = 91) Profissão (n = 90) Aposentado 38 42,20% Outros 52 57,80% Tabela II - Prevalência de patologias diagnosticadas na população idosa estudada (Brasília-DF). Patologias n % A análise dos dados indicou a existência de associação entre prevalência de DM (p = 0,03) e HAS (p = 0,000006) com o IMC. Assim, verifica-se um Dislipidemia (n= 91) 33 36,30% aumento significativo do percentual de DM e HAS à medida em que o IMC Tabela III - Distribuição das patologias diagnosticadas de acordo com o IMC (Brasília-DF). se eleva, conforme a Tabela III. Não foi IMC (kg/m²) < 16 18,5 a 24,9 25 a 29,9 30 a 39,9 £ 40 verificado, porém, Variáveis n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) neste estudo, assoDiabetes mellitus 1 (1,7%) 11 (19,3%) 15 (26,3%) 30 (52,6%) 0 (0%) ciação entre prevalênHipertensão Arterial Sistêmica 0 (0%) 1 (2,4%) 12 (29,3%) 27 (65,8%) 1 (2,4%) cia de dislipidemias e Dislipidemias 0 (0%) 9 (27,3%) 10 (30,3%) 14 (42,4%) 0 (0%) IMC (p=0,79) . Diabetes mellitus (n= 91) 57 62,60% Hipertensão arterial sistêmica (n= 91) 41 45% artigo 03 Rosemeire.pmd 283 04/09/03, 18:26 284 Rocha Mendes PN et al. / Diabetes Clínica 04 (2003) 281~286 Tabela IV - Distribuição das patologias diagnosticadas de acordo com o IMC e sexo (Brasília-DF). Sexo masculino (n=20) IMC (kg/m²) < 16 18,5 a 24,9 25 a 29,9 30 a 39,9 £ 40 Variáveis n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) Diabetes mellitus (n=18) 0 (0%) 4 (22,2%) 10 (55,5%) 4 (22,2%) 0 (0%) Hipertensão Arterial Sistêmica (n=8) 0 (0%) 0 (0%) 5 (62,5%) 3 (37,5%) 0 (0%) Dislipidemias (n=6) 0 (0%) 0 (0%) 5 (83,3%) 1 (16,6%) 0 (0%) Tabela V - Distribuição das patologias diagnosticadas de acordo com o IMC e sexo (Brasília-DF). Sexo feminino (n=71) IMC (kg/m²) < 16 18,5 a 24,9 25 a 29,9 30 a 39,9 £ 40 Variáveis n (%) n (%) n (%) n (%) n (%) Diabetes mellitus (n=39) 1 (2,5%) 7 (17,9%) 5 (12,8%) 26 (66,6%) 0 (0%) Hipertensão Arterial Sistêmica (n=33) 0 (0%) 1 (3%) 7 (21,2%) 24 (72,7%) 1 (3%) Dislipidemias (n=27) 0 (0%) 9 (33,3%) 5 (18,5%) 13 (48,1%) 0 (0%) Quando estas prevalências foram analisadas separadamente em cada sexo, observou-se que a tendência do aumento de prevalência em função do aumento de IMC se mantém, sendo mais evidente esta associação no sexo masculino (Tabela IV). Observou-se que os pacientes do sexo masculino com IMC maior ou igual a 25kg/m2 apresentavam 77,7, 100 e 100% dos casos de DM, HAS e dislipidemias, respectivamente (tabela IV). Já nas idosas com sobrepeso/ obesidade houve prevalência das mesmas doenças em 79,4, 96,9 e 66,6% dos casos, nesta ordem (Tabela V). Discussão A análise dos dados obtidos indica que a amostra possui baixo nível de escolaridade, sendo a maioria aposentada, o que condiz com o local de seleção da amostra, que é um centro de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). Um dado obtido, preocupante em termos de saúde pública, é um percentual de 70% de sobrepeso/obesidade, sendo que 43,3% se refere a IMC de 30 a 39,9kg/m2, que indica risco aumentado de co-morbidades, e apenas 1% de baixo peso. Estes dados confirmam a tendência verificada pela PNSN (1989) [4] apontando redução na prevalência de baixo peso e aumento considerável de excesso de peso. Coitinho et al. [14] alertou em seu estudo que praticamente metade de idosos brasileiros possuíam sobrepeso/obesidade. Outro estudo revela a prevalência elevada de desvio nutricional, incluindo sobrepeso/obesidade e desnutrição, na população idosa em vários países [6]. Vários são os fatores que condicionam o estado nutricional dos idosos e se relacionam com alterações fisiológicas próprias do envelhecimento, enfermidades artigo 03 Rosemeire.pmd 284 e situação socioeconômica e familiar [15]. A prevalência de 62,6% de DM encontrada nesta amostra foi semelhante a resultados obtidos em outros estudos analisados. Mendonça e Jorge [12], por exemplo, encontraram 7,5% de DM já diagnosticado em pessoas acima de 50 anos, enquanto outro estudo [16], apesar de ter analisado uma pequena amostra, encontrou 63,63% de HAS na faixa etária de 60 a 69 anos e de 100% em indivíduos com 70 anos ou mais. Ruiz et al. [17] encontraram 23,7% de prevalência HAS e 6,6% de DM em idosos. Além disso, obteve-se associação significativa entre doença hipertensiva e mortalidade por doenças cardiovasculares, não havendo, porém, associação significativa (p > 0,05) entre esta e diabetes. Mesmo assim, a HAS é considerada fator de risco para mortalidade por doenças cardiovasculares para homens, e DM para mulheres [17]. Analisando-se os pacientes diabéticos, hipertensos e dislipidêmicos observou-se que 78,9, 95,1 e 72,7% deles possuíam excesso de peso, o que confirma a associação entre sobrepeso/obesidade e estas patologias, além de contribuir positivamente para a suspeita de que se trata de um problema de saúde pública no Brasil [18]. Confirmando estes dados, Martins et al. [18] encontraram 56,6% de dislipidemias em pessoas com 60 anos ou mais, e o fator de risco mais relevante associado a isto é a obesidade isolada ou associada. O sexo do indivíduo não é considerado propriamente um fator de risco, mas a mortalidade ocorre de forma singular em cada sexo. Por isso, Ruiz et al. [17] aconselha avaliar os dados separadamente em cada sexo a fim de se obter uma análise mais apropriada. Este estudo concluiu que apesar de haver aumento na prevalência de DCNT em função do aumento de IMC em ambos os sexos, esta é mais evidente no sexo masculino, já que um sobrepeso em homens, IMC de 25 a 29,9kg/m2, acarreta prevalência 04/09/03, 18:26 Rocha Mendes PN et al. / Diabetes Clínica 04 (2003) 281~286 alta de DCNT, enquanto em mulheres uma prevalência semelhante é encontrada em IMC de 30 a 39,9kg/m2. Assim o sobrepeso em homens significa pior prognóstico que em mulheres. Deve-se, nesse sentido, observar se existe uma procura e preocupação maiores com a saúde por parte das mulheres do que pelos homens. Conclusão O envelhecimento da população é um fato inegável e, por isso, este grupo etário deve receber atendimento em saúde pública direcionado para suas peculiaridades fisiológicas, psicossociais e nutricionais. A mudança no padrão do estado nutricional dos idosos em que se verifica aumento de sobrepeso/obesidade é preocupante para os profissionais de saúde, uma vez que esta condição está associada à prevalência de DCNT. Estas promovem prejuízo na qualidade de vida dos idosos e aumento nos investimentos governamentais decorrentes de uso de medicamentos, internações e outros. Os nutricionistas têm, nesse contexto, papel essencial tanto na prevenção quanto no tratamento de desvio nutricional e DCNT. Apesar de as conclusões deste estudo não devem ser extrapoladas para todos os idosos da população, uma vez que este avaliou uma amostra restrita, são necessários estudos semelhantes a este, porém de representatividade nacional, a fim de se conhecer o estado nutricional dos idosos brasileiros e a prevalência das DCNT. Somente assim será possível direcionar as ações de saúde pública, englobando campanhas preventivas e terapêuticas, com o objetivo de proporcionar melhoria no estado de saúde para os idosos e obter resultados positivos pela intervenção nutricional a nível primário. 285 Referências 1. Monteiro CA, Mondini L, Medeiros de Souza AL, Popkin BM. The nutrition transition in Brazil. Eur J Clin Nutr 1995;49:105-13. 2. Coeli CM, Ferreira LGFD, Drbal MM, Veras RP, Camargo Jr KR, Cascão AM. Mortalidade em idosos por diabetes mellitus como causa básica e associada. Rev Saúde Pública 2002;36(2):135-40. 3. Organización Panamericana de la Salud. Boletín Epidemiológico: Tendencias Demográficas y de Mortalidad en la Región de las Américas, 1980-2000. OPS 2002;23(3). 4. Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição. Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN) 1989: condições nutricionais da população brasileira: adultos e idosos. Brasília: Ministério da Saúde, 1991. 39p. 5. Campos MTFS, Monteiro JBR, Ornelas APRC. Fatores que afetam o consumo alimentar e a nutrição do idoso. Rev Nut 2000;13(3):157-165. 6. Campos MTFS. Efeitos da suplementação alimentar em idosos. In: Campos MTFS, Monteiro JBR, Ornelas APRC. Fatores que afetam o consumo alimentar e a nutrição do idoso. Rev Nut 2000;13(3):157-165. 7. Hsueh WA, Quiñones MJ, Creajer MA. Endothelium in resistente and diabetes. In: Farias Uruguai PR. Hipertensão arterial e diabetes mellitus no idoso. Diabetes Clínica 2003; 01:43-46. 8. Santello JL. Considerações sobre alguns aspectos do tratamento do hipertenso diabético. Rev Bras Hipertens 2002;9:273-79. 9. Kissebah AH, Krakower GR. Physiological Reviews. In: Cabrera MAS, Jacob Filho W. Obesidade em idosos: prevalência, distribuição e associação com hábitos e co-morbidades. Arq Bras Endocrinol Metab 2001;45(5):494-501. 10. Ayres, JEM. Prevalência de hipertensão arterial na cidade de Piracicaba. Arq Bras Cardiol 1991; 57(1):33-36. 11. Rosemberg IH, Berry EM. 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Além disso, é essencial reestruturar as diretrizes do grupo de idosos, incentivando a realização de palestras que enfoquem noções de alimentação saudável e especificidades para cada doença. Se for o caso, estes idosos devem ser encaminhados para outros grupos de atendimento, com diabéticos e hipertensos. Uma outra sugestão é a revitalização do grupo de convivência dos idosos da Vila Planalto a fim de que os idosos tenham um atendimento acessível em local que não o centro de saúde, pois isso permite maior interesse por parte do grupo e até melhor adesão às reuniões. Com finalidade preventiva é importante fazer um trabalho associado de educação nutricional para gestantes e crianças também. Muitas gestantes que apresentam ganho ponderal excessivo durante a gravidez não conseguem, após o parto, retornar ao peso pré-gestacional, e podem se tornar idosas com sobrepeso/obesidade. Crianças devem ser orientadas, por meio de trabalho de promoção de saúde, juntamente com seus pais e responsáveis, pois é durante a infância que os hábitos alimentares são formados. artigo 03 Rosemeire.pmd 285 04/09/03, 18:26 286 Rocha Mendes PN et al. / Diabetes Clínica 04 (2003) 281~286 13. Liu et al. Dietary glycemic load assessed by food-frequency questionnaire in relation to plasma high-density-lipoprotein cholesterol and fasting plasma triacylglycerols in postmenopausal women. Am J Clin Nutr 2001;73:560-6. 14. Coitinho DC, Leão MM, Recine E, Sichieri R. Pesquisa nacional sobre saúde e nutrição: condições nutricionais da população brasileira. In: Campos MTFS, Monteiro JBR, Ornelas APRC. Fatores que afetam o consumo alimentar e a nutrição do idoso. Rev Nut 2000; 13(3):157-165. 15. Nogués R. Factors que afectan la ingesta de nutrientes em el anciano y que condicionam su correcta nutrición. In: Campos MTFS, Monteiro JBR, Ornelas APRC. Fatores que afetam o consumo artigo 03 Rosemeire.pmd 286 alimentar e a nutrição do idoso. Rev Nut 2000;13(3):157-165. 16. Sabry MOD, Sampaio HAC, Silva MGC. Hipertensão e obesidade em um grupo populacional no Nordeste do Brasil. Rev Nut 2002;15(2):132-145. 17. Ruiz T, Sanchéz MD, Fioravante AM, Pique XC. Some predictors of cardiovascular mortality among the elderly population of Botucatu (SP). Arq Bras Cardiol 2001; 77(4):349-54. 18. Martins IS, Coelho LT, Matos IMS, Mazzilli RN, Trigo M, Wilson D. Dislipidemias e alguns fatores de risco associados em uma população periférica da região metropolitana de São Paulo, SP – Brasil. Um estudo piloto. Rev Saúde Pública 1989; 23(3): 236-43. ¡ 04/09/03, 18:26 Alquezzar Gozzano JO et al. / Diabetes Clínica 04 (2003) 287~290 Diabetes Clínica 287 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 04 (2003) 287~290 ARTIGO ORIGINAL Características clínicas da hospitalização de diabéticos em um Hospital Geral Clinical parameters in hospitalization of diabetic patients José Otavio Alquezzar Gozzano*, Eduardo Bertolli**, Giovanna Campos Paranhos**, Janaína Margutti dos Santos** *Professor Doutor da Disciplina de Clínica Médica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Faculdade de Medicina de Sorocaba, **Acadêmicos do Curso de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – Faculdade de Medicina de Sorocaba Resumo Introdução: O aumento da incidência de diabetes e a suas complicações em termos de morbi-mortalidade são importantes. Os objetivos desta pesquisa é conhecer o motivo da internação dos diabéticos e suas intercorrências. Metodologia: Foram estudadas as internações durante quatro meses de diabéticos num hospital geral. Resultados: 44 diabéticos, doentes há 10,75±7,86 anos, tendo como principais causas de internação: nefropatias (18,18%), crise hipertensiva (4,54%), AVC (6,81%), insuficiência coronariana (15,91%) e descontrole do DM (6,81%). Dos fatores de risco estudados o que apresentou significância estatística foi a hipertensão arterial (HAS). Conclusões: Metade das internações dos pacientes diabéticos relacionam-se com complicações vasculares. O fator mais importante é a HAS, pois na sua presença as complicações vasculares são mais significativas. Palavras-chave: Complicações diabéticas, hipertensão arterial. Artigo recebido em 31 de julho de 2003; aceito em 15 de agosto de 2003. Endereços para correspondência: Eduardo Bertolli, Rua Itapicuru 380/63, Perdizes 05006-000 São Paulo SP, Giovanna Campos Paranhos, Rua Sete de Setembro 820/52, Centro 18035-002 Sorocaba SP, Tel: 15-91090983/11-91728678, E-mail: [email protected] artigo 04 José Otávio.pmd 287 04/09/03, 18:26 288 Alquezzar Gozzano JO et al. / Diabetes Clínica 04 (2003) 287~290 Abstract Introduction: It has been known that diabetes mellitus is a disease which incidence has been increasing in the last few years. As a chronic pathology with important complications, especially vascular ones, the consequences for patients are significant. Objectives: To identify diabetes mellitus as a risk factor for other diseases as well as the most important pathologies associated to them. Also, to determinate the best way of treatment for outpatient, giving the view of what is necessary for the follow-up and therapeutic planning outside of health services. Material and methods: For the study we had interviewed inpatients from a terciary hospital who had qualified themselves as diabetics during October and November of 2002, and from March to June of 2003. It was studied personal characteristics, present cause of hospitalization, knowledge of disease appearance, other treatments, risk factors among other important data. Results: In a 44 patients group, 33,4% were men and 63,6% were women, who has discovered themselves as diabetic for 10,75 ± 7,86 years. The main reasons for hospitalization were renal diseases (18,18%), cardiac diseases (15,91%), vasculocerebral accidents (6,81%), hipertensive crises (6,45%) and diabetes complications (6,81%). Once separated in two groups, the first one was composed by 21 inpatients who had been hospitalized by diabetes or complications; and the second one was composed by 23 inpatients, whose hospitalization was due to other diseases. The analysis of age, time of diabetes, sex, treatment and risk factors did not show estatiscally significant diferences. The blood hipertension was present in 19 inpatients from the first group and in 12 from the other group (p < 0,005) Conclusions: A half part of the hospitalizations from diabetic are related with vascular complications. Even though, the groups are very close to each other. The only factor which can be determinated as important is blood hypertension, because when present, the vascular complications tend to be more significant. Key-words: Diabetes complications, arterial hypertension. Introdução O diabetes mellitus (DM) é uma doença de caráter hereditário, plurimetabólico que compromete a produção e utilização da insulina pelo organismo, com envolvimento brando ou grave do pâncreas [1,2]. O DM vem aumentando de incidência de maneira importante nos diferentes países nos últimos anos, adquirindo características endêmicas [3]. Por ser patologia sistêmica com complicações significativas, principalmente na esfera vascular, as repercussões na morbidade e mortalidade são importantes [4,5]. A principal etiologia para essa morbi-mortalidade dos diabéticos seria a aterosclerose [6,7]. Observa-se o comprometimento crônico e degenerativo de órgãos como coração [8,9], cérebro [10], rins [11] e retina [12]; sendo que a associação de DM com hipertensão arterial sistêmica (HAS) levaria a um pior prognóstico [13,14,15]. Há ainda a hipótese de que DM, HAS, dislipemia e obesidade fazem parte de uma única síndrome chamada plurimetabólica, definida como um conjunto de anormalidades caracterizadas pela resistência celular à ação periférica da insulina [16,10]. Existe ainda, o relato de outras conseqüências do DM, como manifestações reumatológicas [17]. artigo 04 José Otávio.pmd 288 Porém, muitas vezes esse comprometimento é pouco sintomático, de modo que a maioria das internações não é decorrente do DM em si, mas sim de suas complicações [13,18,19, 2]. Para conhecer o perfil dos diabéticos que são internados, quais os motivos que o levaram para o hospital, suas características clínicas, modo de tratamento pregresso, e uma melhor orientação para os serviços estarem aptos a atendê-los, propomos esta investigação com pacientes internados em um hospital geral. Objetivos Estudar os pacientes hospitalizados no Hospital Leonor Mendes de Barros, Sorocaba – SP, para saber quais eram diabéticos e o motivo da internação e então separá-los em grupos: No primeiro os internados por diabetes ou suas complicações. No segundo, por motivos que não esses; e estudar as diferenças entre os grupos. Metodologia Amostra: Todos os pacientes internados no hospital em dois períodos diferentes entre outubro e novembro 04/09/03, 18:26 Alquezzar Gozzano JO et al. / Diabetes Clínica 04 (2003) 287~290 de 2002 e entre fevereiro e abril de 2003 foram investigados quanto à presença de DM, e passaram a fazer parte desta investigação. Desenho do trabalho: Trata-se de estudo prospectivo feito através da aplicação de questionário por algum dos autores. Todos os pacientes adultos internados na Enfermaria de Clínica eram investigados. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (CEP-PUC/SP). Métodos: Foram avaliados idade, sexo, motivo da internação, tratamento realizado fora do hospital, local, dieta, terapia, acompanhamento, e presença de outras comorbidades e complicações do DM, como acidente vascular cerebral (AVC), HAS, insuficiência coronariana e retinopatia. Análise dos dados: Os dados são mostrados segundo a sua freqüência e com as médias com desvios padrões. Resultados A amostra foi constituída de 44 diabéticos, com idade de 56,75 ± 16,56 anos (17 a 88 anos). Do total, 16 (33,4%) eram homens e 44 (63,6%) eram mulheres, que sabiam ser diabéticos há 10,54 ± 8,08 anos (uma semana a 25 anos). Entre as causas da internação foram encontrados 8 pacientes (18,18%) com nefropatia sendo que destes, 6 (13,64%) com insuficiência renal crônica (IRC), 2 (4,54%) com crise hipertensiva, 3 (6,81%) com acidente vascular cerebral (AVC), 7 (15,91%) com insuficiência coronariana e 3 (5,61%) pelo descontrole do DM. Outras causas foram pneumonia, cirrose, bronquite, reumatismo, anemia. Foram separados então os pacientes em 2 grupos, aqueles internados por complicações vasculares do DM, quer renal, cerebral ou coronariana, e aqueles com internação por outras patologias que não estas. O primeiro grupo ficou constituído de 21 (47,7%) pacientes e o segundo com 23 (52,8%). A idade dos pacientes com complicações foi de 56,52 ± 13,57 e a dos sem complicações de 54,22 ± 18,82, sem diferença estatística. O tempo de DM foi de 10,75 ± 7,86 anos no primeiro grupo e para 10,35 ± 8,45 no segundo, sem diferença estatística. Quanto ao sexo, para os pacientes com complicações temos 13 mulheres e 8 homens e para os sem complicações temos 15 mulheres e 8 homens. Desta maneira temos 2 grupos de pacientes bastante semelhantes quanto as suas características. para o grupo com complicações - 2 não realizavam tratamento e 19 o realizavam, para o grupo sem complicações - 3 não realizavam e 20 realizavam. Sem diferença estatística. Quanto ao local do tratamento não houve diferença estatística, sendo que os principais locais de acompanhamento eram ambulatório, clínica ou unidade básica de saúde. Quanto à realização de exames de rotina, no grupo com complicações - 5 não os realizavam e 16 os realizavam; no outro grupo - 3 não os realizavam e 20 os realizavam, diferença sem significância. Sobre uso de medicação, no primeiro grupo - 1 não usava e 20 usavam enquanto que no grupo sem complicações - 4 não usavam e 19 usavam, diferença sem significado estatístico. Ainda quanto à medicação, 9 do primeiro grupo faziam uso de aspirina regularmente, contra 6 do grupo sem complicações, diferença sem significado estatístico. Analisando a dieta, no grupo com complicação - 17 a observavam enquanto que no grupo sem complicações, apenas 15, sem diferença estatística. Na consideração dos fatores de risco, tabagismo e etilismo, também não se pode identificar diferenças estatísticas entre os grupos. O sedentarismo também não apresentou diferença estatística entre ambos. A presença de dislipemia entre os grupos não foi estatisticamente diferente, sendo que 9 pacientes em cada grupo sabiam ter dislipemia. A HAS esteve presente em 19 (90,47%) pacientes com complicações e ausente em 2, e no grupo sem complicações esteve presente em 12 (52,17%) e ausente em 9, com qui-quadrado de Pearson de 7,736 e p de 0,005. Gráfico 1 - Presença de HAS nos grupos estudados. A análise das variáveis consideradas revelou: Quanto ao tratamento realizado antes da internação, artigo 04 José Otávio.pmd 289 289 04/09/03, 18:26 290 Alquezzar Gozzano JO et al. / Diabetes Clínica 04 (2003) 287~290 Conclusões Referências Metade das internações de pacientes diabéticos resultam das complicações vasculares conseqüentes ao DM, enquanto que na outra metade os motivos não estão relacionados com este tipo de complicações da doença. As principais complicações do DM relacionam-se ao acometimento tanto da macrocirculação, quanto da microcirculação. O reflexo disso são as lesões cardíacas, neurológicas ou renais. Vale ressaltar que tal acometimento se faz de forma crônica e degenerativa, de modo que esses pacientes deverão estar sempre controlando a doença. Os grupos que fizeram parte deste estudo não diferem quanto ao tempo de doença, idade, freqüência com que fazem o tratamento, ou a dieta. Os fatores de risco considerados clássicos para a doença vascular, como o tabagismo, o uso de bebidas alcoólicas e o sedentarismo também não foram diferentes entre os grupos estudados. O único fator que se pode determinar como importante foi a presença da HAS. A ação sinérgica entre essas duas entidades torna as complicações vasculares mais significativas aumentando assim sua morbi-mortalidade. Os pacientes com complicações clínicas vasculares tinham mais freqüentemente a presença da hipertensão arterial do que o grupo sem essas complicações. Então nesta amostragem, dos fatores de risco para a doença vascular que teriam maior peso e significado clínico temos que considerar a HAS como a mais importante. Dessa maneira os diabéticos com HAS devem ser manipulados com um grande rigor terapêutico sempre associando a terapia das duas patologias, pois essa associação está relacionada às doenças vasculares mais freqüentes e agressivas. O clínico que cuida dos diabéticos deve estar atento e saber que a grande maioria dos diabéticos não se internará por descompensação do DM, mas pelas suas complicações ou por patologias que não se relacionam diretamente com ele. 1. Guse C. Pé em risco: prevenção das complicações secundárias ao diabetes. [Tese]. Curitiba; 2001. 2. Zaupa C, Zanoni JN. Diabetes mellitus: aspectos gerais e neuropatia diabética. Arq Ciências Saúde UNIPAR 2000; 4(1):19-25. 3. Lelario AC. Diabete melito: aspectos epidemiológicos. Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo 1998; 8(5):885-91. 4. 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San Juan de Dios 2000; 47(6):377-80. ¡ artigo 04 José Otávio.pmd 290 04/09/03, 18:26 Diabetes Clínica 04 (2003) 291~300 Diabetes Clínica 291 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 04 (2003) 291~300 ATUALIZAÇÃO Documento preliminar de consenso A importância da hemoglobina glicada (A1c) para a avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos: aspectos clínicos e laboratoriais G G G G G G Grupo Interdisciplinar de Padronização da Hemoglobina Glicada – A1c (GIP - A1c) Dr. Antonio Roberto Chacra, Presidente da ALAD; Dr. Fadlo Fraige Filho, Presidente da FENAD, Dr. José Egidio P. de Oliveira, Presidente da SBD; Dra. Valéria Guimarães Presidente da SBEM; Dr. Adagmar Andriolo, Dr. Álvaro Rodrigues Martins, Dra. Maria Elizabete Mendes, Dra. Marilene Melo, Dr. Murilo Melo, Dr. Nairo M. Sumita Sociedade Brasileira de Patologia Clínica, Dr. Augusto Pimazoni Netto Coordenação Editorial, Consultor Médico para Assuntos de Educação e Controle do Diabetes Associação Latino-Americana de Diabetes (ALAD), Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC), Federação Nacional das Associações de Diabéticos (FENAD) Introdução A hemoglobina glicada, também denominada hemoglobina glicada, é conhecida ainda como HbA1c e, mais recentemente, apenas como A1c. Embora seja utilizada desde 1958 como uma ferramenta de diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos, o método que utiliza a A1c passou a ser cada vez mais empregado e aceito pela comunidade científica após 1993, depois de ter sido validado através dos dois estudos clínicos mais importantes sobre a avaliação do impacto do controle glicêmico sobre as complicações crônicas do diabetes: os estudos Diabetes Consenso.pmd 291 Control and Complications Trial (1993) e o UKPDS – United Kingdom Prospective Diabetes Study (1998). Atualmente, a manutenção do nível de A1c abaixo de 7% é considerada como uma das principais metas no controle do diabetes. Os dois estudos supramencionados indicaram que as complicações crônicas começam a se desenvolver quando os níveis de A1c estão situados permanentemente acima de 7%. O objetivo deste Documento de Consenso sobre a importância da A1c no controle do diabetes é fornecer um conhecimento básico abrangente, de maneira simplificada, sobre este importante exame laboratorial. Visa também definir recomendações de 04/09/03, 18:26 292 Diabetes Clínica 04 (2003) 291~300 padronização de métodos laboratoriais devidamente validados, bem como discutir os métodos alternativos que possam ser utilizados na prática diária para a avaliação do controle glicêmico. Parte 1 : aspectos clínicos Como a hiperglicemia prolongada pode levar às complicações crônicas em pacientes diabéticos No decorrer dos anos ou das décadas, a hiperglicemia prolongada promove o desenvolvimento de lesões orgânicas extensas e irreversíveis, afetando os olhos, os rins, os nervos, os vasos grandes e pequenos, assim como a coagulação sangüínea. Os níveis de glicose sangüínea persistentemente elevados são tóxicos ao organismo, através de três mecanismos diferentes: mediante a promoção da glicação de proteínas, através da hiperosmolaridade e por meio do aumento dos níveis de sorbitol dentro da célula, conforme apresentado na ilustração abaixo [1]. Conceito de Hemoglobina glicada A automonitoração da glicose sangüínea (AMGS) fornece informação útil para o controle diário do diabetes. Entretanto, estes testes não são capazes de fornecer ao paciente e à equipe de atendimento de saúde uma avaliação quantitativa e confiável da glicemia durante um período de tempo prolongado. A hemoglobina glicada (A1c) é formada através de uma reação irreversível entre a glicose sangüínea e a hemoglobina, como resultado do processo de glicação, o qual liga a glicose sangüínea a muitas proteínas do corpo. Este é o mesmo processo de glicação envolvido no desenvolvimento das complicações crônicas, explicado anteriormente. O exame de A1c demonstrou-se capaz de prognosticar o risco de desenvolvimento de muitas das complicações crônicas do diabetes, do mesmo modo que as determinações de colesterol podem predizer o risco de desenvolvimento de doença cardiovascular [2,3]. Utilidade dos testes de A1c A hemoglobina glicada (A1c) deve ser medida rotineiramente em todos os pacientes com diabetes mellitus para documentar o grau de controle glicêmico. As metas de tratamento devem ser baseadas em resultados de estudos clínicos prospectivos e randomizados, tais como o DCCT e o UKPDS. Esses estudos mostraram uma correlação entre o controle glicêmico, quantificado por determinações seriadas de A1c e os riscos de desenvolvimento e progressão das complicações crônicas do diabetes [3]. Nível de evidência desta recomendação: A Consenso.pmd 292 Freqüência recomendada para a realização dos testes de A1c A quantidade de glicose ligada à hemoglobina é diretamente proporcional à concentração média de glicose no sangue. Uma vez que os eritrócitos têm um tempo de vida de aproximadamente 120 dias, a medida da quantidade de glicose ligada à hemoglobina pode fornecer uma avaliação do controle glicêmico médio no período de 60 a 90 dias antes do exame (ver tabela 2). Este é o propósito dos exames de hemoglobina glicada, sendo mais freqüente a avaliação da hemoglobina A1c (HbA1c). Em virtude dos resultados do exame fornecerem informação retrospectiva sobre dois ou três meses precedentes, a realização de um teste de HbA1c a cada três meses fornecerá dados que expressam a glicose sangüínea média no passado recente (2 ou 3 meses antes do exame). Os exames de A1c deverão ser realizados regularmente em todos os pacientes com diabetes; primeiramente para documentar o grau de controle glicêmico em sua avaliação inicial e, subseqüentemente, como parte do atendimento contínuo do paciente. Freqüência recomendada dos testes de A1c Os testes de A1c devem ser realizados pelo menos duas vezes ao ano para todos os pacientes diabéticos e quatro vezes por ano (a cada 3 meses) para pacientes que se submeterem a alterações do esquema terapêutico ou que não estejam atingindo os objetivos recomendados com o tratamento vigente [3]. Nível de evidência desta recomendação: B Para se entender melhor o tipo de informação proporcionado pelos testes de glicemia e os testes de A1c, podemos dizer que a glicemia fornece informações correspondentes ao nosso “saldo bancário atual”, no momento do teste, enquanto que a A1c corresponde ao nosso “saldo bancário médio” nos últimos 2 a 3 meses antes do teste. Fig. 2 - A1c – moléculas de glicose ligadas à molécula de hemoglobina. 04/09/03, 18:26 Diabetes Clínica 04 (2003) 291~300 293 Tabela 1 - correlação entre os níveis de ALc e os níveis médios de glicose plasmática de jejum + pós-prandial (*) A. Nível de A1c (%) Interpretação Nível médio de glicose sangüínea correspondente (mg/dl) Faixa de resultados normais 100 Meta para o tratamento de acordo com a American Diabetes Association 170 4 65 5 6 7 135 8 205 9 240 10 Ação sugerida# 275 11 310 12 345 ( ) * = Os resultados de glicose sangüínea média têm valores 10-15% menores do que os resultados de glicose plasmática. A maioria dos medidores de glicose sangüínea são calibrados para leitura de resultados como glicose plasmática. # = De acordo com a referência 6. Correlação entre o nível de A1c e os níveis médios de glicose sangüínea Fig. 3 - A1c e risco relativo de complicações microvasculares: DCCT [4] O estudo Diabetes Control and Complications Trial (DCCT) (4) forneceu a validação da A1c como uma ferramenta de prognóstico para as complicações crônicas e também uma padronização do método laboratorial, através da criação do assim denominado “método de referência do DCCT”. Com base nos estudos DCCT e UKPDS (United Kingdom Prospective Diabetes Study) [5], estabeleceu-se que os níveis de A1c acima de 7% estão associados com um risco maior de complicações crônicas. Por esta razão, o conceito de tratamento por objetivos define 7% como o limite superior do valor aceitável para um paciente com diabetes bem controlado. A tabela 1 a seguir fornece uma correlação entre os níveis de A1c e os níveis médios de glicose sangüínea correspondentes [6]. Fig. 4 - A1c e risco relativo de complicações micro e macrovasculares: UKPDS [5] Níveis recomendados de A1c Níveis de A1c acima de 7% estão associados a um risco progressivamente maior de complicações crônicas. Por isso, o conceito atual de tratamento do diabetes por objetivos define 7% como o limite superior acima do qual está indicada a revisão do esquema terapêutico em vigor (4,5). Nível de evidência desta recomendação: A As figuras 3 e 4 mostram o impacto do mal controle glicêmico sobre o risco relativo de complicações microvasculares no estudo DCCT e do risco de complicações micro e macrovasculares no estudo UKPDS [4,5]. Consenso.pmd 293 04/09/03, 18:26 294 Diabetes Clínica 04 (2003) 291~300 A meta de <7% de A1c é aplicável a alguns métodos laboratoriais mas não a todos disponíveis Esta é uma questão muito importante: na realidade, a meta de se atingir um nível <7% é válida para o denominado “método de referência do DCCT”, que utilizou uma metodologia baseada em diferenças na carga iônica (HPLC = cromatografia líquida de alto desempenho ou cromatografia de troca iônica). Com intuito de se evitar problemas na interpretação dos níveis de A1c, obtidos pelos diversos métodos laboratoriais, foi criada uma força-tarefa especial: o National Glycohemoglobin Standardization Program (http://web.missouri.edu/~diabetes/ngsp.html), patrocinado em parte pela American Diabetes Association. Este programa promove a padronização das determinações do teste de A1c, em conformidade com o método de referência do DCCT. Métodos laboratoriais para determinação da A1c Os laboratórios médicos devem utilizar apenas os métodos de ensaio certificados pelo National Glycohemoglobin Standardization Program (NGSP) com rastreabilidade de desempenho analítico ao método de referência do DCCT. Além disso, os laboratórios que dosam a A1c devem participar de programas de ensaios de proficiência implementados por entidades oficiais [3]. Nível de evidência desta recomendação: B Adaptada de referência 7 O impacto de qualquer variação significativa (em sentido ascendente ou descendente) na glicemia média será “diluído” dentro de três ou quatro meses, em termos de níveis de A1c. A glicemia mais recente causará o maior impacto nos níveis de A1c. Tempo para o retorno ao normal dos níveis de A1c depois da normalização dos níveis de glicose sangüínea mediante tratamento adequado Os níveis de A1c não retornam ao normal imediatamente após a normalização dos níveis de glicose sangüínea, demorando de 8 a 10 semanas, aproximadamente, para serem totalmente normalizados [7], como mostra a figura 5. Nesta ilustração, o nível “normal” para a A1c em função do método laboratorial utilizado situa-se entre 8% e 8,5% e não os 7% do método padrão do DCCT, defendido neste Consenso. Isto significa que para a avaliação da eficácia do tratamento, os níveis de A1c deverão ser avaliados somente após um a dois meses depois do início ou da modificação da terapia. Antes disto, os níveis de A1c não refletirão o verdadeiro efeito do tratamento, o qual poderá ser verificado através da avaliação dos níveis de glicose sangüínea, a qual reage mais rapidamente ao início ou à alteração da terapia. Fig. 5 - Taxa de redução de A1c em pacientes bem controlados com tratamento adequado. Adaptado de referência 7. O impacto das glicemias mais recentes é maior do que o das “mais antigas” sobre os níveis de a1c Tradicionalmente, a A1c tem sido considerada como representativa da média ponderada global das glicemias médias diárias (incluindo glicemias de jejum e pósprandial) durante os últimos 2 a 3 meses. Na verdade, a glicação da hemoglobina ocorre ao longo de todo o período de vida do glóbulo vermelho, que é de aproximadamente 120 dias, porém dentro destes 120 dias, a glicemia recente é a que mais influencia o valor da A1c. De fato, os modelos teóricos e os estudos clínicos sugerem que um paciente em controle estável apresentará 50% de sua A1c formada no mês precedente ao exame, 25% no mês anterior a este e os 25% remanescentes no terceiro ou quarto meses antes do exame [7]. Tabela 2 - Impacto das glicemias mais recentes versus as “mais antigas” sobre os níveis de A1c 1 mês antes 50% 2 meses antes 3 meses antes 25% 25% Data da coleta de sangue para o teste de A1c Consenso.pmd 294 4 meses antes As avaliações de A1c não substituem os exames de glicemia na avaliação do controle glicêmico A A1c e a glicemia são ambas muito importantes para a avaliação do controle glicêmico e fornecem informações diferentes sobre os níveis de glicose sangüínea. Os resultados de A1c refletem a glicemia média dentro de dois ou três meses precedentes. Por outro lado, os níveis glicêmicos revelam o nível de glicose sangüínea real na data e hora específica em que o exame for realizado. 04/09/03, 18:26 Diabetes Clínica 04 (2003) 291~300 A combinação de determinações de A1c e testes de glicemia fornecerá aos pacientes e médicos as informações que necessitam para avaliar-se continuamente a eficácia da terapia para o diabetes. 295 glicose plasmática. A hemoglobina glicada acumula-se dentro dos eritrócitos, apresentando, portanto uma vida média dependente da deles [15]. Nomenclatura Os níveis de A1c, isoladamente, não devem ser utilizados para o diagnóstico do diabetes O diagnóstico do diabetes deve obedecer às diretrizes recomendadas, as quais são definidas pelas diversas sociedades de diabetes ao redor do mundo. Existem regras muito específicas para a interpretação dos níveis glicêmicos visando diagnosticar-se o diabetes e outras condições relacionadas, tais como o pré-diabetes. Portanto, a avaliação dos níveis glicêmicos em condições específicas é o único método validado para o diagnóstico do diabetes. Os níveis de A1c nunca foram utilizados nem validados para o propósito de diagnóstico desta condição. É claro que um indivíduo que apresente níveis de A1c de 10% ou 11% certamente será um diabético. Mas, mesmo neste caso, para se efetuar um diagnóstico definitivo de diabetes, deverão ser seguidas as diretrizes recomendadas, com base nos níveis glicêmicos. Deve-se ter em mente que a determinação dos níveis de A1c é a melhor opção para a avaliação do controle glicêmico em médio e longo prazo. Entretanto, este processo não é indicado para o diagnóstico do diabetes. Parte 2 - Aspectos laboratoriais Recomendações para a determinação de hemoglobina glicada As terminologias comumente empregadas na prática clínica e laboratorial são: hemoglobina glicosilada, hemoglobina glucosilada, hemoglobina glicada, glicohemoglobina, hemoglobina glicosilada ou glicada fração rápida, HbA1c, A1c , A1C, A1c, entre outros [15]. Este Consenso adota as terminologias “hemoglobina glicada” e “A1c” como as mais adequados para este parâmetro. Do ponto de vista químico mais restrito, o termo hemoglobina glicosilada deveria ser utilizado se a reação entre a glicose e a hemoglobina fosse dependente da ação de enzimas, enquanto que o termo hemoglobina glicada faz referência à reação não catalizada por enzimas. A glicação refere-se ao processo de condensação entre a glicose e a proteína [15]. As outras frações da hemoglobina A1 originam-se da ligação de outros elementos ao aminoácido valina presentes no N-terminal da cadeia beta da hemoglobina A: A1a1 (frutose-1,6-difosfato), A1a2 (glicose-6-fosfato) e A1b (ácido pirúvico). No indivíduo normal a fração HbA1c representa aproximadamente 80% da hemoglobina A1 [15]. Quando o processo de glicação ocorre em outros pontos da cadeia beta ou da cadeia alfa, resulta na molécula de hemoglobina glicada A0. O resultado da somatória de todas as frações da hemoglobina A1 com a A0 resulta na hemoglobina glicada total [15]. Análise laboratorial Fase pré-analítica Definição A hemoglobina glicada é formada pela reação não enzimática da glicose com o grupo amino terminal N da cadeia b da hemoglobina A (2,15). Processo de síntese A primeira fase da condensação da glicose com a hemoglobina é reversível e origina um composto intermediário denominado pré-A1c, HbA1c lábil, aldimina ou base de Schiff. A segunda fase resulta num composto estável denominada de cetoamina estável, não mais dissociável, agora denominada de HbA1c [15]. O glóbulo vermelho é livremente permeável à molécula de glicose, sendo que a hemoglobina fica exposta, praticamente, às mesmas concentrações da Consenso.pmd 295 — Fontes de variações biológicas Algumas hipóteses devem ser consideradas quando o resultado da hemoglobina glicada não se correlacionar adequadamente com o estado clínico do paciente. • As doenças que cursam com anemia hemolítica ou estados hemorrágicos podem resultar em valores inapropriadamente diminuídos por encurtarem a sobrevida das hemácias [16,17]. • A anemia por carência de ferro, vitamina B12 ou folato pode resultar num valor inapropriadamente elevado por aumentar a sobrevida das hemácias [16,17]. • É importante ressaltar que as situações que interferem na sobrevida média das hemácias, na realidade, 04/09/03, 18:26 296 Diabetes Clínica 04 (2003) 291~300 diminuem sensivelmente o poder diagnóstico da hemoglobina glicada em refletir a média ponderada dos níveis pregressos de glicose e não devem ser consideradas como interferentes diretos sobre a metodologia utilizada. • A presença de grandes quantidades de vitaminas C e E é descrita como fator que pode induzir resultados falsamente diminuídos por inibirem a glicação da hemoglobina [17]. • Hipertrigliceridemia, hiperbilirrubinemia, uremia, alcoolismo crônico, ingestão crônica de salicilatos e opiáceos podem interferir em algumas metodologias produzindo resultados falsamente elevados [8,17,18]. Os pacientes em estado de uremia podem produzir um composto quimicamente modificado, denominado hemoglobina carbamilada, resultado da ligação da uréia a hemoglobina [8,17,18]. • A dosagem de hemoglobina glicada em pacientes portadores de hemoglobina variante heterozigótica (exemplos: hemoglobina S, C, Graz, Sherwood Forest, D, Padova), resulta valores falsamente elevados ou rebaixados, conforme a metodologia aplicada [3,8,9,13]. O método de HPLC pode identificar a presença de hemoglobina anômala, permitindo uma análise mais crítica do resultado obtido [8,9,13]. Os métodos de imunoensaio não são capazes de detectar a presença de hemoglobinas variantes [8,9,13]. • A quantificação da hemoglobina glicada não é aplicável nas hemoglobinopatias homozigóticas, independente da metodologia utilizada, em função da ausência de hemoglobina A (8,9). Esta condição necessita ser rastreada e confirmada pelos métodos usuais para o estudo das hemoglobinopatias [8]. Nestas situações, exames alternativos, tais como frutosamina e albumina glicada podem ser úteis [8,9]. • A base de Schiff, que é a fração lábil da hemoglobina glicada, pode representar importante interferente na dosagem. O laboratório deve se certificar acerca da interferência deste composto na metodologia adotada. Para as metodologias afetadas pela fração lábil, deve-se seguir, rigorosamente, as instruções do fabricante para remoção deste interferente [17]. • Nota: Os níveis de hemoglobina glicada não são influenciados pelos seguintes parâmetros: sexo, raça, variação sazonal e durante o transcurso de doenças agudas [17]. A amostra ideal é obtida coletando-se sangue total com EDTA obtida por venopunção ou sangue capilar. A coleta com heparina também é aceitável [17]. Em geral, as amostras de sangue total são estáveis durante uma semana a 4 o C, e 12 meses a -70 o C (descongelar apenas uma vez). As amostras não são estáveis a -20oC [17]. Fase analítica O laboratório deve avaliar as características da população alvo, em particular, a prevalência de portadores de hemoglobinopatias ou falência renal antes de optar por uma metodologia. a) Fundamentos metodológicos para dosagem de hemoglobina glicada Os métodos atualmente disponíveis para dosagem da hemoglobina glicada incorporam um dos seguintes fundamentos [7,12,15,16]: 1. Baseados na diferença na carga iônica: Cromatografia de troca iônica (HPLC), técnica de microcromatografia em minicolunas contendo resina de troca iônica, eletroforese em gel de agarose. 2. Baseados nas características estruturais: Imunoensaio turbidimétrico, cromatografia de afinidade utilizando derivados do ácido borônico. 3. Baseados na reatividade química: Método colorimétrico baseado na formação do 5hidroximetilfurfural (5HMF). Atenção para com potenciais interferências Os laboratórios devem certificar-se das potenciais interferências na metodologia utilizada, incluindo as hemoglobinopatias e os derivados quimicamente modificados, que podem afetar os resultados do teste de A1c. Ao selecionar o método de ensaio, os laboratórios devem considerar o risco potencial destas interferências e a prevalência destas moléstias no grupo populacional do paciente avaliado. Nível de evidência desta recomendação: A Consenso.pmd 296 04/09/03, 18:26 Diabetes Clínica 04 (2003) 291~300 297 Metodologia de referência do Consenso A metodologia de referência adotada por este Consenso é a cromatografia líquida de alta performance conhecida pela sigla HPLC (high-performance liquid chromatrography) ou, em português, cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE). Esta definição apoia-se nos estudos do DCCT (Diabetes Control and Complications Trial) e UKPDS (United Kingdom Prospective Diabetes Study Group) [3,4,9,16,17]. b) Conjuntos diagnósticos comerciais (kits) recomendados: Recomenda-se que os laboratórios incorporem a sua rotina os métodos certificados pelo NGSP (National Glycohemoglobin Standardization Program). No website da NGSP (http://www.missouri.edu/ ~diabetes/ngsp.html), estão descritas as informações referentes ao processo de certificação e uma lista mensalmente atualizada dos conjuntos diagnósticos comerciais (kits) certificados, visto que os certificados têm validade de um ano [10]. Na tabela 1 estão listados os conjuntos diagnósticos certificados pelo NGSP, atualizado em agosto de 2003. Tabela 1 - Conjuntos diagnósticos certificados pelo NGSP Nome do fabricante Método / Instrumento Metodologia A. Menarini Diagnostics Hi AUTO A1c–HA 8121 DCCT Calibr. HPLC troca iônica Hi AUTO A1c–HA 8140 DCCT Calibr. Hi AUTO A1c–HA 8160 DCCT Calibr. ABX Diagnostics ABX Diagnostics HBA1C WB Hemolysat / Cobas Mira Imunoensaio (HbA1c / Hb * 0.789 + 0.341) ABX Diagnostics HBA1C WB Whole Blood / Cobas Mira (HbA1c / Hb * 0.832 + 0.307) Axis-Shield PoC AS NycoCard HbA1c NycCard Reader II, Sold by Primus Corp. in the US Cromatografia de afinidade – Ácido borônico Bayer Corporation DCA 2000+ Imunoensaio RA-1000 Beckman Coulter Synchron LX Bio-Rad Laboratories Variant HbA1c Program Imunoensaio Synchron CX HPLC troca iônica Variant II HbA1c Program D-10 HbA1c and Dual Program for HbA1c Dia STAT HbA1c Program Bio-Rad Laboratories GmbH Variant II HbA1c Short Program, S2X- Method HPLC troca iônica Variant II HbA1c Dualkit, b-Thal (A1c) DiaSTAT/M Variant HbA1c One Cartridge Variant II Dualkit, A1c-Dual Dade Behring HA1C Dimension Arx Imunoensaio HA1C Dimension Xpand HA1C Dimension RxL Drew Scientific Ltd. G15 HbA1c (%) = (1.13 * HbA1c) – 0.43 HPLC troca iônica DS5 HbA1c (%) = (1.32 * HbA1c) – 1.03 Metrica, Inc. A1cNow Imunoensaio Primus Corporation Boronate Affinity, CLC385 (HbA1c calibr.) HPLC – ácido borônico Consenso.pmd 297 04/09/03, 18:26 298 Diabetes Clínica 04 (2003) 291~300 Boronate Affinity, CLC385 (HbA1c calibr.) capillary collection; DTI lot#80056550 Boronate Affinity, CLC330 (HbA1c calibr.) Boronate Affinity, CLC330 (HbA1c calibr.) capillary collection; DTI lot#80056550 Boronate Affinity PDQ CLC385 (HbA1c calibr.) Sold by Drew as the DS 2200 Boronate Affinity, PDQ (HbA1c calibr.) capillary collection; DTI lot#80056550 Boronate Affinity PDQ Plus (HbA1c calibr.) Sold by Drew as the DS 2200 + Boronate Affinity PDQ Plus (HbA1c calibr.) capillary collection; DTI lot#80056550 Provalis Dianostics Ltd. Glycosal HbA1c HaemaQuant Sold by Bio-Rad as Micromat II, Sold by Cholestech Corp. as Cholestech GDX Roche Diagnostics GmbH Integra HbA1c / Cobas Integra 700 Whole blood (HbA1c / Hb * 87.6 + 2.27) Cromatografia de afinidade – Ácido borônico Imunoensaio Integra HbA1c / Cobas Integra 700 Hemolysate (HbA1c / Hb * 87.6 + 2.27) Imunoensaio Integra HbA1c (hemolysate) Cobas Integra 400 (HbA1c / Hb * 87.6 + 2.27) Integra HbA1c (Whole Blood) Cobas Integra 400 (HbA1c / Hb * 87.6 + 2.27) Integra HbA1c (hemolysate) Cobas Integra 800 (HbA1c / Hb * 87.6 + 2.27) Integra HbA1c (Whole Blood) Cobas Integra 800 (HbA1c / Hb * 87.6 + 2.27) Tinaquant HbA1c II (hemolysate) Hitachi Modular P (HbA1c / Hb * 87.6 + 2.27) Tinaquant II / HbA1c (hemolysate) Hitachi 917 hemolysate (HbA1c / Hb * 87.6 + 2.27) Tinaquant II / HbA1c (hemolysate) Hitachi 912 (HbA1c / Hb * 87.6 + 2.27) Sebia Hydragel 7/15 HbA1c, Hydrasys Eletroforese Tosoh Corporation A1c 2.2 Plus HLC-723 GHbV- A1c 2.2 Plus Ver.4.12E HPLC troca iônica A1c 2.2 HLC-723 V A1c 2.2 Ver.4.12 G7 HbA1c Variant Analysis Mode (2.20min) Ver.1.07 G7 HbA1c Standard Analysis Mode (1.2min) Quadro 1 - Lista dos conjuntos diagnósticos comerciais certificados pelo NGSP atualizado em agosto de 2003. Fonte: http://www.missouri.edu/~diabetes/ngsp.html Chemistry), para dosagem da hemoglobina glicada [11,16]. Estas metodologias ainda não são aplicáveis, em larga escala, na rotina dos laboratórios, em função do elevado custo destes equipamentos. Métodos laboratoriais para determinação da A1c Os laboratórios clínicos devem utilizar os métodos de ensaio certificados pelo National Glycohemoglobin Standardization Program (NGSP), com rastreabilidade de desempenho analítico ao método de referência do DCCT (HPLC). Os laboratórios que dosam a A1c devem participar de programas de ensaios de proficiência implementados por entidades oficiais [3]. Nível de evidência desta recomendação: B Teste rápido para automonitoração da hemoglobina glicada: Os métodos rápidos certificados pelo NGSP podem ser indicados aos diabéticos. No Brasil ainda são pouco difundidos e apresentam custo elevado. c) Outros métodos: Espectrometria de Massas com Ionização por Nebulização Elétrica (ESI-MS – Electrospray Ionization Mass Spectrometry) e Eletroforese Capilar: Os métodos da cromatografia de afinidade e troca iônica acoplada ao ESI-MS e HPLC acoplado à eletroforese capilar são métodos de referência aprovados pelo IFCC (International Federation of Clinical Consenso.pmd 298 d) Desempenho e controle de qualidade Recomenda-se que o coeficiente de variação interensaio da hemoglobina glicada seja inferior a 5%, embora o percentual ideal seja inferior a 3%. É desejável que o laboratório utilize dois sangues controles (níveis elevado e baixo) no início e ao final da rotina diária. Os controles comerciais liofilizados podem apresentar inconvenientes dependentes do método utilizado, em razão do efeito da matriz. Recomenda-se que o laboratório clínico desenvolva e mantenha controles de qualidade interno e externo, com a finalidade de monitorar o desempenho do método em uso. 04/09/03, 18:26 Diabetes Clínica 04 (2003) 291~300 299 Coeficientes de variação Os laboratórios devem atingir níveis inferiores a 5% (idealmente menor que 3%) para o coeficiente de variação interensaio nos métodos de ensaio para A1c. Recomenda-se que pelo menos dois sangues controles (níveis elevado e baixo) sejam avaliados como uma medida independente do desempenho do ensaio. Os laboratórios devem confirmar os resultados de amostras abaixo do limite inferior do intervalo de referência ou acima de 15%. Se a base de Schiff (fração lábil da hemoglobina glicada) interferir com o método de ensaio, esta deve ser removida antes do ensaio. Nível de evidência desta recomendação: C e) Intervalo de referência Para as metodologias certificadas pelo NGSP, o intervalo de referência deve situar-se entre 4% a 6%, com variação inferior a 0,5% (10). A utilização de metodologia certificada pelo NGSP com rastreabilidade de desempenho analítico em relação aos estudos do DCCT, permite adotar o valor inferior a 7% como meta para o efetivo controle do paciente diabético. Importante ressaltar que este valor não é considerado valor de referência, mas um valor no qual os riscos de desenvolvimento de complicações da doença não são significantemente elevados (4,5,6,12,14,16,17,18). f) Critérios de repetição durante o ensaio laboratorial Os resultados abaixo do limite inferior da referência necessitam de repetição para confirmação. Se o resultado baixo for confirmado, sugere-se que o laboratório faça contato com o médico solicitante para obtenção de dados adicionais do paciente acerca de suspeita de doença hemolítica, hemorragia ou hemoglobina variante. Os resultados acima de 15% devem ser repetidos e, se confirmados, a hipótese da presença de hemoglobina variante deve ser considerada [16,17]. Nestas circunstâncias, o laboratório pode analisar esta amostra por uma segunda metodologia, sujeita a menor grau interferência, ou realizar a pesquisa de hemoglobina variante [16,17]. Importante Este Consenso define que o valor de meta para os resultados obtidos com conjuntos diagnósticos comerciais não certificados pelo NGSP, será o resultado da somatória do limite superior do valor de referência mais uma unidade. Fase pós-analítica O laudo laboratorial deve informar o tipo de material analisado, a metodologia utilizada e o intervalo de Consenso.pmd 299 referência. O laboratório deve acrescentar no laudo um dos textos a seguir, conforme método utilizado: Textos padronizados sugeridos para expressão de resultados dos testes de A1c I. Para os métodos certificados pelo NGSP:Texto sugerido: “O método utilizado nesta dosagem de hemoglobina glicada (citar entre parênteses o nome do fabricante e método ou instrumento utilizado), está certificado pelo NGSP(National Glycohemoglobin Standardization Program). A meta a ser alcançada no nível de hemoglobina glicada, para o efetivo controle do Diabetes Mellitus, deve ser inferior a 7%”. II. Para os métodos não certificados pelo NGSP:Texto sugerido: “O método utilizado nesta dosagem de hemoglobina glicada (citar entre parênteses o nome do fabricante e método ou instrumento utilizado), NÃO está certificado pelo NGSP(National Glycohemoglobin Standardization Program). A meta a ser alcançada no nível de hemoglobina glicada, para o efetivo controle do Diabetes Mellitus, deve ser inferior a ’ x,y’ %”. Nota: O valor de “x,y” será o resultado da somatória do limite superior do valor de referência estabelecido para o método, mais uma unidade. Metas futuras • Estimular as sociedades científicas nacionais da área laboratorial, a inclusão da hemoglobina glicada na lista de parâmetros ofertados nos respectivos ensaios de proficiência. • Criação de um grupo de “laboratórios de referência” capacitado a realizar análises utilizando a mesma metodologia pré-estabelecida. O resultados das amostras seriam consolidados e, serviriam de comparação para outros laboratórios estabelecerem um fator de conversão, visando obtenção de valores numericamente equivalentes, mesmo utilizando métodos distintos. • Criação de um laboratório nacional de referência em hemoglobina glicada capacitado a fornecer materiais de referência para calibração, bem como avaliar e 04/09/03, 18:26 300 Diabetes Clínica 04 (2003) 291~300 certificar conjuntos diagnósticos comerciais e sistemas analíticos disponíveis no mercado. • Estimular a discussão, entre os diversos fabricantes de reagentes e equipamentos, laboratórios clínicos e as sociedades científicas visando ações para controle e melhoria permanentes da qualidade das análises laboratoriais. Referências 1. Lang F. Hormones - Late Complications of Prolonged Hyperglycemia (Diabetes Mellitus) – In: Silbernagl, S. and Lang, F.; Color Atlas of Pathophysiology. New York: Thieme Stuttgart; 2000. p. 291. 2. Tests of Glycemia in Diabetes – Position Statement – American Diabetes Association – Diabetes Care 2003;26:S106-S108. 3. Sacks DB et al. Guidelines and Recommendations for Laboratory Analysis in the Diagnosis and Management of Diabetes Mellitus - The National Academy of Clinical Biochemistry - Laboratory Medicine Practice Guidelines, 2002. Disponível on line em: http:/ /www.nacb.org/lmpg/diabetes_lmpg_pub.stm 4. DCCT Research Group. Diabetes Control and Complications Trial (DCCT). The effect of intensive treatment of intensive treatment of diabetes on the development and progression of longterm complications in insulin-dependent diabetes mellitus. N Engl J Med 1993;329:977-986. 5. UK Prospective Diabetes Study Group: intensive blood glucose control with sulphonylureas or insulin compared with conventional treatment and risk of complications in patients with type 2 diabetes. Lancet 1998;352:837-853. 6. American Diabetes Association: Standards of Medical Care for Patients With Diabetes Mellitus - Position Statement - Diabetes Care 2002;25 (Suppl 1):S33-S-49. 7. Chandalia HB, Krishnaswamy PR. Glycated Hemoglobin – Consenso.pmd 300 Current Science 2002;83(12):1522-1532. 8. Bry L Chen PC, Sacks DB. Effects of hemoglobin variants and chemically modified derivates on assay for glycohemoglobin. Clin Chem 2001;47:153-163. 9. Khuu HM, Robinson CA, Goolsby K, Hardy RW, Konrad RJ. Evaluation of a fully automated high-performance liquid chromatography assay for hemoglobin A1c. Arch Pathol Lab Med 1999;123:763-767. 10. List of NGSP certified methods (updated 7/03, listed by date certified) [on line]. Disponível em http://www.missouri.edu/ ~diabetes/ngsp.html [2003 jul 25]. 11. Peterson KP, Pavlovich JG, Goldstein D, Little R, England J, Peterson CM. What is hemoglin A1c ? An analysis of glycate hemoglobins by electrospray ionization mass spectrometry. Clin Chem 1998;44:1951-1958. 12. Pimazoni Netto A. A importância clínica da hemoglobina glicosilada (A1C) para a avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos. São Paulo: Aventis Pharma; 2003. 13. Roberts WL, Chiasera JM, Ward-Cook KM. Glycohemoglobin results in samples wiht hemoglobin C or S Trait: a comparison of four test systems. Clin Chem 1999; 45:906-909. 14. Rohlfing CL, Wiedmeyer HM, Little RR, England J, Tennill A, Goldstein D. Defining the relationship between plasma glucose and HbA1c: Analysis of glucose profiles and HbA1c in the diabetes control and complications trial. Diabetes 2002;25(2):275-278. 15. Sacks DB. Carbohydrate. In: Burtis CA, Ashwood ER eds. Tietz textbook of clinical chemistry. Philadelphia: W.B. Saunders Company; 1999. p.750-808. 16. Sacks DB. Hemoglobin variants and hemoglobin A1c analysis: Problem solved?. Clin Chem 2003;49:1245-1247. 17. Sacks DB, Bruns DE, Goldstein DE, MacLaren NK, McDonald JM, Parrott M. Guidelines and recomendations for laboratory analysis in the diagnosis and management of diabetes mellitus. Clin Chem 2002;48:436-472. 18. Weykamp CW, Miedema K, Haan T, Doelman CJA. Carbamylated hemoglobin interference in glycohemoglobin assays. Clin Chem 1999;45:438-440. ¡ 04/09/03, 18:26 Normas de publicação Diabetes Clínica A revista Diabetes Clínica é uma publicação com periodicidade bimestral e está aberta para a publicação e divulgação de artigos científicos das áreas relacionadas ao Diabetes e patologias associadas. Os artigos publicados em Diabetes Clínica poderão também ser publicados na versão eletrônica da revista (Internet) assim como em outros meios eletrônicos (CD-ROM) ou outros que surjam no futuro, sendo que pela publicação na revista os autores já aceitem estas condições. A revista Diabetes Clínica assume o “estilo Vancouver” (Uniform requirements for manuscripts submitted to biomedical journals, N Engl J Med. 1997; 336(4): 309-315) preconizado pelo Comitê Internacional de Diretores de Revistas Médicas, com as especificações que são resumidas a seguir. Ver o texto completo em inglês desses Requisitos Uniformes no site do International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), www.icmje.org, na versão atualizada de outubro de 2001. Os autores que desejarem colaborar em alguma das seções da revista podem enviar sua contribuição (em arquivo eletrônico/e-mail) para nossa redação, sendo que fica entendido que isto não implica na aceitação do mesmo, que será notificado ao autor. O Comitê Editorial poderá devolver, sugerir trocas ou retorno de acordo com a circunstância, realizar modificações nos textos recebidos; neste último caso não se alterará o conteúdo científico, limitando-se unicamente ao estilo literário. 1. Editorial Trabalhos escritos por sugestão do Comitê Científico, ou por um de seus membros. Extensão: Não devem ultrapassar três páginas formato A4 em corpo (tamanho) 12 com a fonte English Times (Times Roman) com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc; a bibliografia não deve conter mais que dez referências. 2. Artigos originais São trabalhos resultantes de pesquisa científica apresentando dados originais de descobertas com relaçaõ a aspectos experimentais ou observacionais, e inclui análise descritiva e/ou inferências de dados próprios. Sua estrutura é a convencional que traz os seguintes itens: Introdução, Métodos, Resultados, Discussão e Conclusão. Texto: Recomendamos que não seja superior a 12 páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. Tabelas: Considerar no máximo seis tabelas, no formato Excel/ Word. Figuras: Considerar no máximo 8 figuras, digitalizadas (formato .tif ou .gif) ou que possam ser editados em Power-Point, Excel, etc. Bibliografia: É aconselhável no máximo 50 referências bibliográficas. Os critérios que valorizarão a aceitação dos trabalhos serão o de rigor metodológico científico, novidade, interesse profissional, concisão da exposição, assim como a qualidade literária do texto. 3. Revisão São trabalhos que versem sobre alguma das áreas relacionadas ao diabetes, que têm por objeto resumir, analisar, avaliar ou sintetizar trabalhos de investigação já publicados em revistas científicas. Quanto aos limites do trabalho, aconselha-se o mesmo dos artigos originais. 4. Atualização ou divulgação São trabalhos que relatam informações geralmente atuais sobre normas e eventos.pmd 301 301 tema de interesse dos profissionais de diabetes (novas técnicas, legislação, por exemplo) e que têm características distintas de um artigo de revisão. 5. Relato de caso São artigos de representan dados descritivos de um ou mais casos explorando um método ou problema através de exemplo. Apresenta as características do indivíduo estudado, com indicação de sexo, idade e pode ser realizado em humano ou animal. 6. Comunicação breve Esta seção permitirá a publicação de artigos curtos, com maior rapidez. Isto facilita que os autores apresentem observações, resultados iniciais de estudos em curso, e inclusive realizar comentários a trabalhos já editados na revista, com condições de argumentação mais extensa que na seção de cartas do leitor. Texto: Recomendamos que não seja superior a três páginas, formato A4, fonte English Times (Times Roman) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobre-escrito, etc. Tabelas e figuras: No máximo quatro tabelas em Excel e figuras digitalizadas (formato .tif ou .gif) ou que possam ser editados em Power Point, Excel, etc Bibliografia: São aconselháveis no máximo 15 referências bibliográficas. 5. Resumos Nesta seção serão publicados resumos de trabalhos e artigos inéditos ou já publicados em outras revistas, ao cargo do Comitê Científico, inclusive traduções de trabalhos de outros idiomas. 6. Correspondência Esta seção publicará correspondência recebida, sem que necessariamente haja relação com artigos publicados, porém relacionados à linha editorial da revista. Caso estejam relacionados a artigos anteriormente publicados, será enviada ao autor do artigo ou trabalho antes de se publicar a carta. Texto: Com no máximo duas páginas A4, com as especificações anteriores, bibliografia incluída, sem tabelas ou figuras. PREPARAÇÃO DO ORIGINAL 1. Normas gerais 1.1 Os artigos enviados deverão estar digitados em processador de texto (Word, Wordperfect, etc), em página de formato A4, formatado da seguinte maneira: fonte Times Roman (English Times) tamanho 12, com todas as formatações de texto, tais como negrito, itálico, sobrescrito, etc. 1.2 Numere as tabelas em romano, com as legendas para cada tabela junto à mesma. 1.3 Numere as figuras em arábico, e envie de acordo com as especificações anteriores. As imagens devem estar em tons de cinza, jamais coloridas, e com qualidade ótima (qualidade gráfica – 300 dpi). Fotos e desenhos devem estar digitalizados e nos formatos .tif ou .gif. 1.4 As seções dos artigos originais são estas: resumo, introdução, material e métodos, resultados, discussão, conclusão e bibliografia. O autor deve ser o responsável pela tradução do resumo para o inglês e o espanhol e também das palavras-chave (key-words). O envio deve ser efetuado em arquivo, por meio de disquete, zipdrive, CD-ROM ou e-mail. Para os artigos enviados por correio em mídia magnética (disquetes, etc) anexar uma cópia impressa e 04/09/03, 18:26 Normas de publicação Diabetes Clínica 302 identificar com etiqueta no disquete ou CD-ROM o nome do artigo, data e autor, incluir informação dos arquivos, tais como o processador de texto utilizado e outros programas e sistemas. 2. Página de apresentação A primeira página do artigo apresentará as seguintes informações: - Título em português, inglês e espanhol. - Nome completo dos autores, com a qualificação curricular e títulos acadêmicos. - Local de trabalho dos autores. - Autor que se responsabiliza pela correspondência, com o respectivo endereço, telefone e E-mail. - Título abreviado do artigo, com não mais de 40 toques, para paginação. - As fontes de contribuição ao artigo, tais como equipe, aparelhos, etc. 3. Autoria Todas as pessoas consignadas como autores devem ter participado do trabalho o suficiente para assumir a responsabilidade pública do seu conteúdo. O crédito como autor se baseará unicamente nas contribuições essenciais que são: a) a concepção e desenvolvimento, a análise e interpretação dos dados; b) a redação do artigo ou a revisão crítica de uma parte importante de seu conteúdo intelectual; c) a aprovação definitiva da versão que será publicada. Deverão ser cumpridas simultaneamente as condições a), b) e c). A participação exclusivamente na obtenção de recursos ou na coleta de dados não justifica a participação como autor. A supervisão geral do grupo de pesquisa também não é suficiente. 4. Resumo e palavras-chave (Abstract, Key-words) Na segunda página deverá conter um resumo (com no máximo 150 palavras para resumos não estruturados e 200 palavras para os estruturados), seguido da versão em inglês e espanhol. O conteúdo do resumo deve conter as seguintes informações: - Objetivos do estudo. - Procedimentos básicos empregados (amostragem, metodologia, análise). - Descobertas principais do estudo (dados concretos e estatísticos). - Conclusão do estudo, destacando os aspectos de maior novidade. Em seguida os autores deverão indicar quatro palavras-chave para facilitar a indexação do artigo. Para tanto deverão utilizar os termos utilizados na lista dos DeCS (Descritores em Ciências da Saúde) da Biblioteca Virtual da Saúde, que se encontra no endereço internet seguinte: http://decs.bvs.br. Na medida do possível, é melhor usar os descritores existentes. normas e eventos.pmd 302 5. Agradecimentos Os agradecimentos de pessoas, colaboradores, auxílio financeiro e material, incluindo auxílio governamental e/ou de laboratórios farmacêuticos devem ser inseridos no final do artigo, antes as referências, em uma secção especial. 6. Referências As referências bibliográficas devem seguir o estilo Vancouver definido nos Requisitos Uniformes. As referências bibliográficas devem ser numeradas por numerais arábicos entre parênteses e relacionadas em ordem na qual aparecem no texto, seguindo as seguintes normas: Livros - Número de ordem, sobrenome do autor, letras iniciais de seu nome, ponto, título do capítulo, ponto, In: autor do livro (se diferente do capítulo), ponto, título do livro (em grifo - itálico), ponto, local da edição, dois pontos, editora, ponto e vírgula, ano da impressão, ponto, páginas inicial e final, ponto. Exemplo: 1. Phillips SJ. Hypertension and Stroke. In: Laragh JH, editor. Hypertension: pathophysiology, diagnosis and management. 2nd ed. New-York: Raven press; 1995. p.465-78. Artigos – Número de ordem, sobrenome do(s) autor(es), letras iniciais de seus nomes (sem pontos nem espaço), ponto. Título do trabalha, ponto. Título da revista ano de publicação seguido de ponto e vírgula, número do volume seguido de dois pontos, páginas inicial e final, ponto. Não utilizar maiúsculas ou itálicos. Os títulos das revistas são abreviados de acordo com o Index Medicus, na publicação List of Journals Indexed in Index Medicus ou com a lista das revistas nacionais, disponível no site da Biblioteca Virtual de Saúde (www.bireme.br). Devem ser citados todos os autores até 6 autores. Quando mais de 6, colocar a abreviação latina et al. Exemplo: Yamamoto M, Sawaya R, Mohanam S. Expression and localization of urokinase-type plasminogen activator receptor in human gliomas. Cancer Res 1994;54:5016-20. Os artigos, cartas e resumos devem ser enviados para: Jean-Louis Peytavin Atlantica Editora Rua da Lapa, 180/1103 - Lapa 20021-180 Rio de Janeiro RJ Tel: (21) 2221 4164 E-mail: [email protected] 04/09/03, 18:26 303 Calendário de Eventos SETEMBRO DE 2003 26 a 30 de novembro XIVº Congresso Brasileiro de Diabetes 13 de setembro Centro de Convenções - Goiânia GO Grupo de Estudo Multidisciplinar em Diabetes Informações: Pestana Rio Atlântica Hotel – Av. Atlântica, 2964 Evento All Rio de Janeiro RJ Av. República do Líbano, 1914/ sala 17 Informações: (21) 2247-0867 / 2247-0735 Setor Oeste 74115-070 Goiânia GO E-mail: [email protected] Email: [email protected] JUNHO DE 2004 26 a 28 de setembro IX Encontro Gaúcho de Diabetes Hotel Intercity Caxias do Sul RS 4 a 8 de junho de 2004 Informações: E-mail: [email protected] 64th Annual Scientific Sessions of the American Diabetes Association 30 de setembro a 2 de outubro June 4-8, 2004 XIV Curso Nacional de Atualização em Orange County Convention Center, Endocrinologia e Metabologia Orlando, Florida Centro de Convenções do Palácio da Cultura www.diabetes.org Campo Grande MS Informações: [email protected] OUTUBRO DE 2003 SETEMBRO DE 2004 5 a 9 de setembro 40th Annual Meeting of th European Association 8 a 12 de outubro for the Study of Diabetes Hot Topics in Endocrinology Munich, Alemanha Coronado, CA www.easd.org www.endo-society.org/scimeeting/hot-topics.cfm Informações: [email protected] NOVEMBRO DE 2003 SETEMBRO DE 2005 12 a 15 de novembro 19 a 24 de setembro VIIIo Congresso Brasileiro de Nutrologia 18th International Congress of Nutrition Centro de Convenções, Goiânia GO Durban, África do Sul Informações: (17) 3524 4929 / 523 9732 / 523 3645 Informações: [email protected] normas e eventos.pmd 303 04/09/03, 18:26 Diabetes Clínica JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Índice (vol.7 nº 5 - 2003) 305~380 EDITORIAL Manifesto de integração e melhoria da atenção integral ao diabetes mellitus no Brasil. ................................................. 307 INFORMES DO DIABETES NO MUNDO. ................................................................................................................... 310 O DIABETES NA IMPRENSA. ........................................................................................................................................ 323 AVANÇOS TERAPÊUTICOS E TECNOLÓGICOS. ................................................................................................... 326 PRODUTOS E NOVIDADES. .......................................................................................................................................... 336 Lantus (Aventis), Panetone Diet (Village), Soya Diet Mult Fiber (Support), Bolinho Light (Suavipan) RESUMOS DE TRABALHOS E CONGRESSOS. ........................................................................................................ 338 ARTIGOS ORIGINAIS E REVISÕES Programa de educação alimentar para pacientes diabéticos, Grasiela Konkolisc Pina de Andrade, Roberta Panighel Silva, Erica Cristina da Silva Lopes. ..................................... 351 Tratamento cirúrgico da neuro-artropatia de Charcot: Apresentação de técnicas e resultados preliminares, Fábio Batista, Augusto C. Monteiro. ................................................................................................................................... 358 Benefícios do exercício no manejo de pacientes diabéticos, Carla da Silva Macedo. ........................................................................................................................................................ 367 ATUALIZAÇÃO Dermatoses do diabetes mellitus, Maura Simões Bressan, Isabela Di Domenico Mattos, Vivian Fanny Delgado Silva, Viviane Scarpa da Costa Neves, Thaís de Paula Sickler, Fábio Puppo Nogueira. ........................................................... 373 NORMAS DE PUBLICAÇÕES. ....................................................................................................................................... 378 CALENDÁRIO DE EVENTOS. ....................................................................................................................................... 380 indice.pmd 305 16/10/03, 18:11 Diabetes Clínica JORNAL MULDISCIPLINAR DO DIABETES E DAS PATOLOGIAS ASSOCIADAS Diabetes Clínica é um jornal multidisciplinar sobre os aspectos médicos, psicológicos e sociais do diabetes e dos distúrbios associados. Para os especialistas Diabetes Clínica é um veículo de informação e formação continuada sobre o conhecimento científico da doença, a atualidade da prática clínica no tratamento do diabetes e das patologias associadas. Diabetes Clínica edita artigos científicos selecionados pelo editor científico, o conselho consultivo e profissionais de reconhecido saber na área. O objetivo do jornal é favorecer a discussão interdisciplinar em todas as questões relativas à diabetologia, bem como através de suas diferentes sessões idealizadas pelo editor científico, informar de uma maneira rápida, atual e sintética os múltiplos aspectos dos estudos em diabetes. Diabetes Clínica Editor científico : Dr. Fadlo Fraige Filho, presidente da FENAD e ANAD, Professor Titular de Endocrinologia Faculdade de Medicina ABC Diretora comercial: Profª. Lilian Fanny de Castilho Editor: Dr. Jean-Louis Peytavin, faculdade de Medicina de Lyon (França) Conselho Consultivo Psicóloga Ada Verônica da Silva Maciel (SP) Dr. Adolpho Milech (RJ) Dr. Airton Golberg (RS) Dra. Alcina Vinhais (BA) Dra. Ana Míriam G. Carboni (SP) Dr. Antônio Carlos Lerário (SP) Dr. Arual Augusto da Costa (SP) Dr. Balduíno Tschiedel (RS) Nutricionista Celeste Elvira Viggiano (SP) Prof. Ed. Física Cláudio Cancelliéri (SP) Dr. Edgard d’Ávila Niclewicz (PR) Dr. Freddy Goldberg Eliaschewitz (SP) Dra. Geisa Macedo (PE) Dra. Hermelinda Pedrosa (DF) Dr. João Roberto de Sá (SP) Dr. José Egídio Paulo de Oliveira (RJ) Dr. Leão Zagury (RJ) Dr. Marcos Tambascia (SP) Dr. Nelson Rassi (GO) Dr. Orsine Valente (SP) Enfermeira Paula Pascali (SP) Dra. Reine Marie Chaves (BA) Dr. Saulo Cavalcanti da Silva (MG) Dr. Sérgio Atala Dib (SP) Apoios IDF - SACA - International Diabetes Federation South America Central America SBD - Sociedade Brasileira de Diabetes Faculdade de Medicina ABC - São Paulo FENAD - Federação Nacional de Associações de Diabéticos ANAD - Associação Nacional de Assistência ao Diabético COREN-SP - Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo COSEMS-SP - Cons. de Secretarías Municipais de Saúde FENAD - Federação Nacional de Associações de Diabéticos e ANAD Associação Nacional de Assistência ao Diabético Rua Eça de Queiroz, 198 04011- 031 São Paulo - SP tel: (11) 5572-6559 fax: (11) 5549-6704 http://www.anad.org.br [email protected] ATLANTICA EDITORA Editor executivo Dr. Jean-Louis Peytavin [email protected] Marketing René Caldeira Delpy Jr. [email protected] Administração Bárbara de Assis Jorge Ingrid Haig Editoração e arte Andréa Vichi Colaborador da redação Guillermina Arias Rio de Janeiro Rua da Lapa, 180 / 1103 20021-180 Rio de Janeiro RJ Tel/Fax: (21) 2221-4164 E-mail: [email protected] São Paulo Praça Ramos Azevedo, 206/1910 01037-010 - São Paulo - SP Tel: (11) 3361-5595 / 3362-2097 ISSN 1517-6428 © ATMC Ltda Assinatura 12 edições: R$ 174,00 tel: (21) 2221-4164 www.atlanticaeditora.com.br I.P. (Informação publicitária) As informações são de responsabilidade dos anunciantes Copyright © ATMC – Atlantica Editora Ltda Nenhuma parte dessa publicação pode ser reproduzida, arquivada ou distribuída por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia ou outro, sem a permissão escrita do proprietário do copyright, Atlântica Editora. O editor não assume qualquer responsabilidade por eventual prejuízo a pessoas ou propriedades ligado à confiabilidade dos produtos, métodos, instruções ou idéias expostos no material publicado. Em razão do avanço rápido das ciências médicas, o Editor recomenda que uma verificação independente do diagnóstico e doses dos medicamentos seja realizada. Apesar de todo o material publicitário estar em conformidade com os padrões de ética médica, sua inserção na revista não é uma garantia ou endosso da qualidade ou do valor do produto ou das asserções de seu fabricante. indice.pmd 306 16/10/03, 18:11 Diabetes Clínica 307 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Editorial Manifesto de integração e melhoria da atenção integral ao diabetes mellitus no Brasil Iniciativa: FENAD – Federação Nacional das Associações e Entidades de Diabetes Considerando o impacto econômico e as conseqüências relacionadas a morbimortalidade que o Diabetes mellitus causa ao sistema de saúde pública do país, autoridades e organizações, discriminadas no final deste documento, reunidas em São Paulo, durante a realização do 8º Congresso Brasileiro Multidisciplinar e Multiprofissional em Diabetes, promovido pela ANAD – Associação nacional de Assistência ao Diabético, recomendam e ratificam o contido na Declaração das Américas no que diz respeito a medidas preventivas, assim como garantias de tratamento adequado: 1. Alimentação Saudável: que permita manutenção de peso e evite obesidade, mantendo os hábitos alimentares regionais de preferência. 2. Atividade física: atividade física como promotora de peso saudável e prevenção do sedentarismo com pelo menos 30´ (trinta minutos), na maioria dos dias da semana. 3. Educação: promover ações de educação continuada aos portadores e seus familiares e população de risco com implementação de programa de educação permanente que vise À capacitação dos profissionais de saúde da área de acordo com as normas preconizada pelo Ministério da Saúde e Entidades das áreas inclusive através dos veículos de comunicação social. 4. Detecção: promover ações permanentes de detecção e diagnóstico precoce de Diabetes mellitus e Hipertensão arterial. 5. Tratamento: garantia de acesso aos portadores de Diabetes, ao serviço (público ou não) de saúde. • Garantia de medicamentos e demais insumos necessários que visam à assistência integral ao Diabético preconizado pelas Entidades de Diabetes e Ministério da Saúde. • Assegurar e garantir a distribuição permanente de medicamentos e insumos necessários para o bom controle. • Monitorar junto as Secretarias Municipais de Estado de Saúde e Ministério da Saúde a distribuição dos recursos disponíveis no programa de assistência permanente básica, assegurando a disponibilização dos medicamentos às pessoas com Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial. 6. Prevenção das complicações: promover ações de detecção precoce das complicações, (retinopatia, nefropatia, doenças cardiovasculares, neuropatias e pé diabético) encaminhamento e tratamento assegurados e oportunos para diminuir a morbi mortalidade por esses casos. 7. Avaliação permanente da qualidade da assistência prestada ao portador de Diabetes. 8. Manter e implementar ações permanentes do sistema de informação em Diabetes Mellitus e Hipertensão Arterial, disponibilizando seus resultados editorial.pmd 307 16/10/03, 18:11 308 para os gestores, profissionais de saúde e público em geral, de forma contínua, possibilitando o aprimoramento contínuo das ações de saúde. As recomendações visam além proporcionar melhor qualidade de vida aos portadores de Diabetes, sensibilizar as autoridades governamentais, sociedades civis e científicas no compartilhamento das responsabilidades e ações. FENAD – Federação Nacional das Associações e Entidades de Diabetes, Dr. Fadlo Fraige Filho OPAS – Organização Pan Americana de Saúde, Dr. Alberto Barceló Ministério da Saúde, Drª Rosa Sampaio CONASEMS e COSEMS-SP, Marília Berzins Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo / Departamento de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Dr Carlos A. Machado Coordenação da Área Técnica de Doenças Não Transmissíveis da DIR de Presidente Prudente, Jaime de O. Gomes Secretaria de Saúde de Barueri, Maria José Estevanato Secretaria Municipal de São João da Boa Vista, Luíza M. Ferreira Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo, Sueli Ilkiu Programa Agita São Paulo – CELAFISCS, Dr. Mário M. Bracco FENAPHA – Federação Nacional das Associações de Portadores de Hipertensão Arterial, Gerson Cassiano APAH – Associação paulista de Assistência ao Hipertenso, Dra Maria da C. Ribeiro SBEM – Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Dra. Maria Silva Sucupira ABESO – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade, Dr. Amélio F. H. Mattos Sociedade Brasileira de Cardiologia/ FUNCOR (Fundo de Aperfeiçoamento e Pesquisa em Cardiologia), Dr. Celso Amodeo SBD – Sociedade Brasileira de Diabetes, Dr. Antonio Carlos Lerário Deputado Roberto Gouveia, Representado por: Cláudia Afonso editorial.pmd 308 16/10/03, 18:11 310 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 05 (2003) Informes do Diabetes no Mundo Federação Internacional de Diabetes; Paris, França 24-29 de setembro de 2003 Mais de 300 milhões de pessoas correm o risco de desenvolver diabetes Mais de 300 milhões de pessoas correm na atualidade o risco de desenvolver diabetes, conforme o Diabetes Atlas, da Federação Internacional de Diabetes (IDF). Calcula-se que por volta de 314 milhões de pessoas do mundo inteiro, ou seja, 8,2% da população adulta, tem alteração da tolerância à glicose (ATG), estado que costuma preceder o diabetes. “Esta é a primeira vez que se recopilaram dados mundiais sobre a alteração da tolerância a glicose,” disse George Alberti, presidente da IDF. “Estas cifras nos oferecem um panorama mais claro do que nos depara no futuro a carga do diabetes; e confirmam que caminhamos para uma das maiores catástrofes sanitárias que o mundo jamais viu”. As pessoas com diminuição da tolerância a glicose correm um alto risco de evolucionar para o diabetes tipo 2 e desenvolver uma doença cardiovascular. Por volta de 70% dos que tem ATG podem evolucionar até desenvolver diabetes. Além disso, os cálculos indicam que é de se esperar que, para 2025, o número de pessoas com ATG passem a alcançar os 472 milhões – 9% da população adulta. “As cifras de ATG somam-se a situação já alarmante do diabetes”, comentou Alberti. Por volta de 194 milhões de pessoas do mundo inteiro, ou 5,1% da população adulta, tem diabetes e espera-se que esta cifra aumente até chegar aos 333 milhões (6,3%) para 2025, de acordo as cifras do novo informe. Por volta de dois terços procedem de paises em vias de desenvolvimento, onde se espera que as cifras aumentem com rapidez. “A carga social e econômica da doença será intolerável se os governos não tomarem conhecimento agora”, disse Alberti. “Sabemos que até um 25% dos gastos do setor de atendimento às doenças agudas de algumas comunidades deve se dedicar ao diabetes e suas complicações a longo prazo.” O diabetes tipo 2 abrange entre 85% e 95% de todos os casos de diabetes dos paises desenvolvidos e representa uma porcentagem ainda maior nos paises em desenvolvimento. É o resultado, na maioria dos paises, das rápidas mudanças culturais e sociais, do envelhecimento da população, do aumento da urbanização, das mudanças nos hábitos alimentares, do decréscimo da atividade física e de outros padrões pouco saudáveis de estilo de vida e comportamento. A mudança de estilo de vida é um fenômeno mundial que está aparecendo tanto nas nações desenvolvidas como nas emergentes, onde é mais predominante nas áreas urbanas. O risco de desenvolver diabetes tipo 2 também está estritamente vinculado a uma crescente prevalência de obesidade. Informes recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Grupo de Trabalho Internacional para a Obesidade (IOTF – International Obesity Task Force) indicam que por volta de 58% dos casos de diabetes de todo o mundo se pode atribuir a um índice de informe 35.pmd 310 16/10/03, 18:11 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 05 (2003) 311 Continuação massa corporal (IMC) acima dos 21 kg/m2. No entanto, existem dados que nos fazem pensar que, nos paises ocidentais, por volta de 90% dos casos de diabetes tipo 2 se pode atribuir ao aumento de peso. “É preocupante observar que o maior número de pessoas afetadas pelo diabetes e a ATG se encontra dentro da faixa etária economicamente produtiva, dos 40 aos 59 anos”, informou Piere Lefèbvre, presidente eleito da IDF. Além disso, por volta de um 10% a mais de mulheres do que homens se encontram afetados pelo diabetes e por volta de um 20% a mais de mulheres que de homens tem ATG. Observou-se também uma nova tendência ao aumento do número de casos de diabetes tipo 2 em crianças no mundo inteiro, vendo-se alguns afetados na idade tão precoce como os 8 anos. Enquanto que no passado o diabetes tipo 2 afetava apenas a indivíduos de idade mais avançada, hoje se reconhece cada vez mais que o diabetes tipo 2 em crianças está se convertendo num problema sanitário mundial de resultados potencialmente graves. Estudos recentes demonstraram que em alguns casos o diabetes tipo 2 se pode prevenir através de mudança de estilo de vida ou com medicação. “O tempo se esgota”, disse Lefèbvre, “se não atuamos agora para deter o aumento do diabetes, existe um importante risco de que os governos e os sistemas de seguro social fracassem na hora de garantir uma atenção adequada para os milhões de pessoas que se encontrarão afetadas em 2025.” 18th Congress of the International Diabetes Federation, Paris, France, 24-29 de agosto de 2003 Resultados do estudo DAWN: resistência psicológica a insulina O estudo DAWN (Diabetes, Atitudes, Desejos e Necessidades) mostrou que muitas pessoas com diabetes tipo 2, que ainda não tentaram o tratamento com insulina, têm tantas preocupações sobre a administração de insulina que podem impedir a iniciação da terapia necessária. Enquanto diabetes tipo 2 pode freqüentemente ser inicialmente tratada com uma dieta apropriada, exercícios e agentes orais hipoglicemiantes, muitas pessoas nessas condições, eventualmente, necessitam o tratamento com insulina para conseguir bons níveis de controle de glicose no sangue (controle glicêmico), que é crítico para a redução de risco em complicações futuras. No entanto, muitas pessoas atrasam o tratamento com insulina devido aos seus medos de agulhas, referente ao estigma social com o uso de seringas, preocupados com as inconveniências e restrições das injeções diárias. Estas barreiras ao tratamento com insulina incluem “resistência psicológica a insulina” (PIR) e resulta na esquivança ao tratamento por ambas pessoas com diabetes e médicos, conforme foi apresentando no estudo DAWN: • Das pessoas com diabetes tipo 2 que não aplicam insulina, 57% se preocupam com o ter que começar, e 48% acham que não seguirão o tratamento corretamente; apenas 23% acreditam que a insulina os ajudariam a melhorar seu próprio gerenciamento do diabetes. • 60% dos profissionais da área da saúde (HCPs) acham que a maioria de seus pacientes estão preocupados na iniciação da insulina; e 42% de médicos atrasam a insulina até que ela seja “absolutamente essencial.” • Estas atitudes e percepções podem ser elementos importantes no atraso do uso de insulina que pode manter as pessoas com diabetes de ser possível de administrar seu diabetes efetivamente. • Mundialmente, ocorrem divergências entre médicos quanto à resistência na iniciação da insulina. A maior resistência foi experimentada na Índia, Espanha e Alemanha e menor resistência na Escandinávia e Holanda. informe 35.pmd 311 16/10/03, 18:11 312 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 05 (2003) • Pessoas com diabetes tipo 2, que ainda não fazem uso da insulina, têm uma visão mais negativa e preocupações com relação ao tratamento com insulina do que aquelas já em tratamento com insulina. Continuação Enquanto o momento exato do inicio do tratamento com insulina pode prevenir conseqüências sérias na saúde de pessoas com diabetes, uma pesquisa recente mostrou que no diabetes tipo 2 é benéfica em termos de qualidade de vida, funções cognitivas e bem estar. Estas descobertas sugerem que a divulgação sobre a existência de opções de tratamento com insulina e os vários benefícios do tratamento, podem ser um importante passo para superar o atraso no tratamento com insulina no diabetes tipo 2. As demandas de viver com diabetes são desgastantes e implica numa mudança no estilo de vida de forma permanente e penetrante, incluindo uma dieta rigorosa, exercícios, um regime contínuo de monitoramento de glicose no sangue, medicamentos e consultas com profissionais da área de saúde. No final, muitas pessoas passam pela experiência de longo período de stress emocional – esta carga psicossocial é substancial. O estudo DAWN mostrou que: • 50% das pessoas com diabetes estão constantemente com medo que as suas condições piorem. • 17% sentem que o tratamento é muito complicado. • 33% estão cansados de cumprir com a medicação. • 33% se sentem estressados como resultado do seu diabetes. • Médicos acreditam que 17% das pessoas com diabetes tipo 2 têm depressão. Como conseqüência, muitas pessoas se desestimulam e entram numa cascata negativa com menor interesse no autocuidado, menor controle glicêmico e complicações adicionais – apenas para exacerbar seus sentimentos de mal estar. Pessoas com diabetes têm maior probabilidade de sofrer de doenças psicológicas. Depressão, por exemplo, é pelo menos duas vezes mais comum entre as pessoas com diabetes e é sempre associado com o controle glicêmico inadequado. Frank M. Sacks, Expert Group on HDL Cholesterol, American Journal of Cardiology, 15 de julho de 2002 O papel do HDL-colesterol na prevenção e tratamento de doenças coronarianas Ampla evidência confirma a importância do HDL-colesterol para o risco de doenças coronarianas (CHD). Aumentar os níveis do HDL-colesterol deve ser considerado importante, assim como é reduzindo o LDL-colesterol, para prevenir CHD. Para isso, propomos as seguintes recomendações. • HDL-colesterol e” 40mg/dl (³ 1,0 mmol/l) é recomendado como meta para pacientes com doenças cardiovasculares mas com alto risco, e especialmente naqueles com diabetes tipo 2 ou características da síndrome informe 35.pmd 312 16/10/03, 18:11 314 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 05 (2003) metabólica, e particularmente obesidade abdominal com valores altos de insulina do jejum. Continuação • Mudanças no estilo de vida que incluem o abandono do tabagismo, perda de peso, dieta moderada em gordura insaturada do que baixa gordura, e exercícios regulares devem estimular para alcançar esta meta do colesterol HDL. • Considerações devem ser dadas ao tratamento “fibrate” para pacientes com baixo HDL-colesterol e baixo risco de LDL-colesterol, definido como o começo para o tratamento com medicamentos para reduzir o LDL de acordo com as normas reconhecidas. • Estas recomendações também devem ser aplicadas para pacientes que não necessitam o tratamento com estatinas para reduzir o LDL-colesterol, e para aqueles que estão sendo tratados com estatinas de acordo com as atuais normas nacionais ou internacionais. Diabetes Care 26:2785-2790, 2003 Consumo moderado de álcool reduz o risco de diabetes tipo 2 O objetivo deste estudo foi investigar o consumo de álcool em relação a incidência de diabetes tipo 2. O estudo consistiu de 22,778 gêmeos do Finnish Twin Cohort. Este coorte foi recopilado em 1975 e incluiu todos os gêmeos do mesmo sexo nascido na Finlândia antes de 1958. Informação sobre álcool, tabagismo, dieta, exercícios físicos, condições médicas e sociais foram obtidas através de questionários administrados em 1975, 1981, e 1990. Através da ligação dos registros nacionais dos hospitais da alta do paciente e da medicação prescrita, foram identificados durante 20 anos de acompanhamento, 580 casos de diabetes tipo 2. Os resultados mostraram que o consumo moderado de álcool (5–29,9 g/ dia nos homens e 5–19,9 g/dia nas mulheres) tende a ser associado a reduzida incidência de diabetes tipo 2 comparado com baixo consumo (< 5 g/dia). As estimativas foram baixas no sobrepeso (IMC 25,0 kg/m2) sujeitos (risco relativo 0,7, IC 95% 0,5–1,0 [homens]; 0,6, 0,3–1,1 mulheres]). Alto consumo de álcool (20 g/dia) foi associado com um aumento na incidência de diabetes tipo 2 em mulheres magras (2,9, 11–7,5) mas não em mulheres e homens com sobrepeso. Nas mulheres, que bebiam em excesso, o álcool foi associado com o aumento da incidência de diabetes tipo 2 (2,1, 1,0–4,4). Análise de discordância entre pares de gêmeos confirmam a redução de risco em consumidores moderados comparados com baixo consumo dos seus irmãos gêmeos (odds ratio 0,5, IC 95% 0,2-1,5). Dos resultados foi considerado que o consumo moderado de álcool pode reduzir o risco de diabetes tipo 2. Por outro lado, excesso e alto consumo de álcool podem aumentar o risco de diabetes tipo 2 nas mulheres. Kazuo Eguchi et al., Journal of the American Heart Association, 22 de setembro de 2003 Acidentes vasculares cerebrais silenciosos detectados em 82% dos pacientes com diabetes e hipertensão Ataques cerebrais ocorrem quando os menores vasos sanguíneos do cérebro ficam bloqueados. Apesar deles não causar os sintomas clássicos de ataque, tais com dor de cabeça, tontura ou perda de controle, ataques múltiplos silenciosos – também chamados de infartos cerebrais silenciosos (SCIs) – aumentam o risco para futuro ataque. informe 35.pmd 314 16/10/03, 18:11 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 05 (2003) 315 Continuação Infartos cerebrais silenciosos são marcadores de hipertensão relacionada com dano no cérebro e ataques assintomáticos. Além do risco de ataque, existe uma maior evidência que os SCIS múltiplos estão estritamente associados com problemas cognitivos, demência vascular e a doença de Alzheimer. Pesquisadores realizaram ressonância magnética do cérebro (IRM) e monitoração durante 24 horas da pressão sanguínea em 360 pacientes japoneses (134 homens e 226 mulheres, idade média 67 anos) com pressão sanguínea elevada mas sem sintomas. Destes, 159 também eram portadores de diabetes. Nenhum dos pacientes tinha sido diagnosticado com outras doenças cardiovasculares. Os pesquisadores monitoraram a pressão sanguínea de cada paciente por 24 horas enquanto eles estavam sem medicação e fazendo as atividades normais diárias da semana. Os pacientes usaram um manguito para medir a pressão sanguínea que inflava automaticamente e registrava a pressão sanguínea e o pulso a cada 30 minutos. IRMs do cérebro foram analisadas para verificar a presença de infartos cerebrais silenciosos, visíveis como bloqueadores nas pequenas artérias direcionando para a profunda substância branca no cérebro. Evidência de ataques cerebrais silenciosos foi detectada em 82% dos pacientes com diabetes e hipertensão e em 58% destes com apenas hipertensão. Três ou mais SCIS foram encontrados em 62% dos pacientes diabéticos e hipertensos e em 35 % destes com apenas hipertensão. Os participantes tiveram mais propensão a ter uma ou mais SCIs quando eram idosos, tinham diabetes, e tinham sofrido hipertensão por 10 anos ou mais. Além disso, sendo homem, ou tendo uma elevada pressão sanguínea sistólica durante a monitorização, os participantes tinham maior propensão a ter SCIS múltiplo. Se for diagnosticado que o paciente tem SCIs múltiplo, um controle rígido de pressão sanguínea é essência e o paciente deve ser tratado como se ele já tivesse tido um ataque clínico. Isto pode incluir a administração de medicamentos anti-agregantes (tais como aspirina) ou anti-coagulantes. Quando a hipertensão é tratada em pessoas com diabetes, a meta é uma pressão sanguínea menor do que 130/80 mmHg, sugere a American Heart Association e o Joint National Committee Report no tratamento de alta pressão sanguínea, edição de maio de 2003. De acordo com o American Heart Association, entre 40 % e 60% das pessoas com diabetes têm pressão sanguínea elevada. Am J Clin Nutr 2003;78:671-672, 734-741 Aumento da proteína alimentar melhora controle da glicose em diabéticos tipo 2 Pesquisas sobre dieta de proteínas não resultam em um aumento na concentração de glicose em pessoas com ou sem diabetes tipo 2, apesar disso os aminoácidos resultantes podem ser usados para neoglicogênese. Os efeitos metabólicos de uma dieta alta em proteína foram comparados com aqueles da dieta prototípica saudável (controlada), que é normalmente recomendada por muitas organizações cientificas. Doze sujeitos sem tratamento para o diabetes tipo 2 consumiram uma dieta alta em proteína e uma dieta controlada por 5 semanas cada, separadas por um período de 2 a 5 semanas. A relação de proteína para carboidrato e gordura foi 30:40:30 na dieta alta em proteína e 15:55:30 na dieta controlada. Peso permaneceu estável durante todo o estudo. Usando a concentração da glicose de jejum como base para determinar a área abaixo da curva, teve um 40% de redução na média de 24 horas da glicose informe 35.pmd 315 16/10/03, 18:11 318 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 05 (2003) Continuação depois da dieta alta em proteína. Pacientes com dieta alta em proteína também melhoraram na redução da hemoglobina glicosada (0,8% vs. 0,3%; P < 0,05); melhor índice de mudança de excesso de tempo (P < 0,001); e baixo triacilglicerol de jejum (p < 0,03). Insulina, peptídeo-C e concentração livre de ácidos graxos foram similares em ambas as dietas, microalbumina e clearance da creatinina foram sem mudanças. Uma dieta elevada em proteínas reduz a glicose no sangue após as refeições em pessoas com diabetes tipo 2 e melhora além de tudo o controle de glicose. No entanto, estudos prolongados são necessários para determinar os possíveis efeitos colaterais e a aceitabilidade da dieta prolongada. Archives of International Medicine, outubro de 2003 Novos estudos mostram que aspirina pode prevenir doenças do coração e morte provocada por infartos e problemas vasculares Médicos vinham prescrevendo aspirina para ajudar vitimas de ataque cardíaco de ter segundos ataques, mas pesquisa liberada recentemente mostra que este remédio pode ser um fator preventivo contra qualquer problema existente de coração. De acordo com um estudo publicado nos Archives of Internal Medicine, tomar uma aspirina por dia pode reduzir o primeiro ataque cardíaco em 32% e pode reduzir os riscos que acompanham o ataque cardíaco, acidente e morte vascular por 15%. Aspirina afina o sangue e impede a coagulação, que pode levar ao acidente cardíaco ou acidente vascular cerebral. O estudo avaliou 5 experimentos anteriores com aspirina com 55.580 participantes, 11.466 deles sendo mulheres. O estudo concluiu que mais de 150.000 acidentes cardíacos e primeiros acidentes cerebrais podem ser impedidos a cada ano fazendo uso do tratamento com aspirina. A estimativa é que apenas 1/3 dos quase 65 milhões de americanos com risco de doenças cardíacas tomam aspirina. Os melhores candidatos para o tratamento preventivo são homens acima dos 40 e mulheres acima dos 50 com uma ou mais das seguintes características: obesidade, tabagismo, pressão sanguínea alta, colesterol, diabetes ou história familiar de acidentes cardíacos e cerebrais. Os médicos podem prognosticar o risco de uma pessoa de ter acidente cardíaco. Aqueles com mais de 10 % de risco de acidente cardíaco ou cerebral dentro dos próximos 10 anos devem tomar 81 mg (uma dose de aspirina infantil) a 325 mg de aspirina diária. Além disso, os pacientes devem exercitar, controlar e reduzir peso e abaixar o colesterol. Apenas a aspirina não é suficiente. Os médicos observaram que a aspirina também tem efeitos colaterais. Ela pode causar hemorragia e corroer o revestimento do estomago. Qualquer pessoa que tenha historia de gastrite ou úlcera deve pesar os riscos e benefícios. Outros efeitos colaterais importantes incluem insuficiência renal e hemorragia cérebral. Os pacientes devem parar de tomar aspirina no caso de extração de dentes ou alguma cirurgia antes destes procedimentos. No entanto, aspirina pode ser uma resposta rápida para uma pessoa que está experimentando um acidente cardíaco ou cerebral. Caso o individuo tome rapidamente uma aspirina de 325 mg, ele pode aumentar a chance de sobreviver. Não precisa nem engolir a aspirina, apenas colocar debaixo da língua que ela será absorvida. Ela reduz a taxa de mortalidade em 23%. informe 35.pmd 318 16/10/03, 18:11 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 05 (2003) Journal of the American Medical Association, 1 de outubro de 2003 319 Risco de diabetes nas crianças ligado ao tempo de introdução de cereais na alimentação Este resultado de dois estudos sugere que talvez os pais possam reduzir o risco de diabetes obedecendo às fases de alimentação do bebê, o que sugere esperar até depois da idade de 3 meses para a introdução de comidas sólidas. Diabetes tipo 1 é uma doença auto-imune com a qual o corpo produz anticorpos contra ele mesmo, neste caso, contra as células que produzem insulina no pâncreas. Crianças que são diagnosticadas com altos níveis desses auto-anticorpos são propensas a desenvolver diabetes. Para o estudo de auto-imunidade do diabetes nas crianças (DAISY), Dr. Jill M. Norris, da University of Colorado Health Sciences Center em Denver, registrou quase 1200 crianças que estavam com alto risco de diabetes tipo 1, devido a seu histórico genético e familiar. Trinta e quatro recém nascidos, acima da média de idade de 4 anos, deram positivos para auto-anticorpos da pancreatite. A probabilidade de desenvolver auto-anticorpos foi 4 vezes mais alta nos bebês que começaram a se alimentar com cereais antes de 3 meses de idade ou depois de 7 meses, comparados com aqueles que começaram durante os meses de 4 a 6 meses. Entretanto, Dr. Anette-G. Ziegler et al. do Diabetes Research Institute de Munique, Alemanha, registraram acima de 1600 recémnascidos que tinham pais portadores de diabetes tipo 1 e fizeram o estudo BABYDIAB. 85 crianças desenvolveram auto-anticorpos da pancreatite com 5 anos de idade. Neste estudo, o risco de desenvolver auto-anticorpos foi 5 vezes maior para bebês que tinham recebido comida contendo glúten antes de 3 meses, comparado com aqueles que não foram alimentados com glúten antes da idade de 3 a 6 meses. A introdução precoce de alimentos contendo glúten deve ser evitada em crianças que são geneticamente predispostas ao diabetes tipo 1. Os autores insistiram no interesse destes achados e advertiram para não interpretar erroneamente a evidência como “os cereais causam diabetes nos bebês”. J Am Coll Cardiol 2003;42:1044-1052 Insulina melhora a performance nos exercícios em diabéticos com insuficiência cardíaca Apesar de poucos relatórios mostrarem os benefícios da insulina em diabéticos com doenças do coração, nenhum analisou os efeitos da insulina na eficiência dos exercícios ventilatórios e absorção de oxigênio. Os achados atuais, foram baseados num estudo cruzado de 18 pacientes com diabetes tipo 2 e insuficiência cardíaca. Vários parâmetros de exercícios respiratórios foram medidos depois que foi dado ao cliente insulina ou infusão salina. Na linha base, eficiência nos exercícios ventilatórios, absorção de oxigênio, e outros parâmetros foram propostos. Uma hora após ter dado insulina, uma melhora nos dois principais parâmetros e outros foram anotados. Os benefícios continuaram sendo observados 6 horas após a infusão de insulina, e desapareceram em 24 horas. Esta melhora na performance dos exercícios foram relacionados à hemoglobina glicada e glicose de jejum. Os resultados indicaram que insulina causa uma melhora prolongada na performance de exercícios físicos através de ativação de múltiplos fatores, entre eles a facilidade da condução de gás parecendo ser predominante. informe 35.pmd 319 16/10/03, 18:11 320 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 05 (2003) Journal of the American College of Cardiology, 17 de setembro de 2003 Agentes antidiabéticos disfarçam a gravidade do acidente cardíaco Quando uma pessoa parece estar tendo um acidente cardíaco, médicos fazem um eletrocardiograma para saber o índice de gravidade do ataque e decidir se o tratamento com decoagulante é necessário. Agora, sulfoniluréias, tais como gliburida ou glipizida, diminuem a magnitude do aumento na atividade elétrica do coração, a chamada elevação do segmento ST, que ocorre durante o acidente cardíaco. O estudo incluiu 88 pacientes diabéticos que sofreram um acidente cardíaco na coorte Framingham. 40 deles tomavam sulfoniluréias e 48 tomaram outros tipos de drogas para reduzir os níveis da glicose. Mais da metade dos pacientes (53%) no grupo sulfoniluréias não teve mudanças no nível de segmento ST que faria que eles fossem candidatos para o tratamento decoagulante, comparado com apenas 29% de pacientes tomando outras drogas antidiabéticas (grupo controle). Além disso, encontraram evidência que os dois grupos foram tratados de formas diferentes. Enquanto agentes decoagulantes foram dados a 40% dos pacientes no grupo controle, apenas 20% dos pacientes tratados com sulfoniluréias receberam tal tratamento. Este é o primeiro estudo que sugere que a redução da elevação do segmento ST no eletrocardiograma durante um acidente cardíaco ocorre em pacientes diabéticos tratados com sulfoniluréias. Dr. Ademir Junior, especialista em Síndrome do Ovário Policístico pela Universidade da Virgínia (EUA), Dermatologia Clínica e Cirúrgica pela Academia Brasileira de Dermatologia informe 35.pmd 320 Síndrome dos ovários policísticos pode complicar com o diabetes Pesquisas médicas realizadas nos últimos 10 anos por universidades americanas e européias apontam que algumas pacientes com a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) podem futuramente desenvolver o diabetes. “A diminuição da capacidade de uma mulher em responder à ação da insulina resulta no aumento da produção ovariana de andrógenos, agravando ou precipitando o aparecimento dos ovários policísticos e até do diabetes, se o problema não for diagnosticado e tratado corretamente.” A afirmação é do doutor Ademir Junior, dermatologista e especialista em SOP. Segundo o especialista, essa predisposição das pacientes com a SOP em evoluir o quadro para o diabetes explica-se pela maior quantidade de insulina que o seu organismo necessita para compensar a resistência desse hormônio, fazendo com que o excesso leve ao estresse do pâncreas e conseqüentemente ao diabetes. “Este dado é tão importante que cerca de 40% das mulheres obesas com SOP acabam contraindo o diabetes após a 4ª década de vida. Há também casos de mulheres não obesas, portadoras de SOP e resistentes à insulina, que também apresentam riscos de desenvolver a doença”, explica o doutor Ademir Jr. De acordo com Ademir Jr. uma das medicações que mais ganha força nas prescrições para SOP está relacionada com a melhora do metabolismo da insulina. “Desta forma, a paciente consegue diminuir a produção de insulina, melhorando o quadro de SOP, prevenindo o desenvolvimento do diabetes e suas complicações”, explica. A alimentação também é fundamental no tratamento da SOP, quando o quadro evolui para o diabetes. “A paciente com Síndrome dos Ovários Policísticos deve utilizar-se de proteínas, que auxiliam na melhora dos problemas menstruais, ajudam na regulação da glicose no sangue, melhora o metabolismo, queimam gordura e fornecem energia. As carnes magras, peixes, leite desnatado e derivados são boas fontes destas 16/10/03, 18:11 322 Informes do Diabetes no Mundo - Diabetes Clínica 05 (2003) proteínas. Batatas e determinadas frutas como melões, mamão, melancia, vegetais e cereais são boas fontes de carboidratos, mas devem ser ingeridos moderadamente”, orienta. Continuação Dicas: A mulher portadora da Síndrome dos Ovários Policísticos deve evitar: - excesso de cereais (arroz, feijão, ervilha, milho e farinhas em geral) - oleaginosas (castanha de caju, nozes, avelãs, amêndoas, pistache) - excesso de sal. Utilizar o sal light. E preferir : - carnes magras (contra-filé, peito de frango, peixes) - queijos brancos (ricota, cottage, queijo fresco e mussarela light) - frutas e sucos de frutas - uso de adoçantes artificiais. informe 35.pmd 322 16/10/03, 18:11 O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 05 (2003) 323 O Diabetes na Imprensa GAZETA MERCANTIL Dia do voluntariado 29 de setembro de 2003 Os cerca de mil funcionários da Springer Carrier trabalharam sábado voluntariamente (dia do voluntariado) em favor do instituto da Criança com Diabetes do Rio Grande do Sul. Os colaboradores contribuíram com sua mão de obra e a Springer Carrier, com materiais e componentes, o que totalizou uma doação de 60 toneladas de refrigeração em equipamentos de arcondicionado do tipo janela e centrais (grande porte). Na soma das contribuições, mão de obra, materiais e instalação, a doação superou os R$ 80 mil. O Instituto propiciará o atendimento a crianças e adolescentes em regime de Hospital-Dia, além de cumprir a importante missão de ser o centro de referência para os 400.000 diabéticos de tipo 2 no estado. A obra já está pronta, com 4.800 m2 e conforto térmico. A instituição atenderá gratuitamente pelo SUS. Em 2002, o Dia do Voluntariado contribuiu com a construção do Hospital da criança Santo Antônio. O Estado de São Paulo Pequenos conquistam seu lugar ao sol 30 de setembro de 2003 Depois de botar o pé na argila e moldar a primeira palmilha, o empresário de Franca, Geraldo Ribeiro Filho, de 58 anos, descobriu a fórmula ideal para uma modesta produção de calçados brancos voltados para profissionais de saúde. Pesquisou na Europa e Espanha e decidiu criar um sapato qui imitasse a sensação de caminhar descalço na areia. “Ele dá total apoio à planta do pé”. Produzia dez pares por dia e vendia, por encomenda, a médicos. Aos poucos adaptou o produto. Lançou uma linha de calçados antiestressantes e recomendados para quem sofre de diabetes, a Diabetes Line, oferecida para graus diferentes da doença e em modelos para homens e mulheres. Assim começa a história da Opananken, uma fabricante de calçados da região de Franca SP, que hoje tem na lista de seus clientes países como Japão, EUA, Líbano, Portugal, Bolívia, Costa Rica. A empresa produz 2 mil pares por dia e vem ganhando mais mercado desde que começou a participar de feiras, há uma ano e meio. “O sapato é feito e todo forrado em couro de ovelhas, sem sintético, e a palmilha é espessa, de poliuretano. Ele não tem emendas, principalmente na parte dianteira, conta com forro sem divisória, em peça única”, diz o pai da idéia. “Ele é feito de forma especial, não causando ferimentos nos pés, o que é um alívio para quem sofre de diabetes, com dificuldade de circulação sangüínea no pé e, consequentemente local de difícil cicatrização”, diz Geraldo. imprensa 35.pmd 323 16/10/03, 18:11 324 O Diabetes na Imprensa - Diabetes Clínica 05 (2003) Os americanos pagam US 220 por um par de calçados masculino da Opananken. No Brasil pode ser comprado por volta de R$ 130,00, diz Sebastião Donizeti Siqueira, diretor comercial da empresa. Recentemente a empresa despachou um contêiner com 3300 pares da linha voltada para diabéticos para o Japão. A política de saúde da Europa e dos EUA ajuda. Nesses locais, o governo dá dos calçados por ano para quem sofre de diabetes. Dois remédios em um 1 de outubro de 2003 imprensa 35.pmd As pesquisas médicas das últimas décadas produziram tratamentos extraordinários para uma série de doenças. De distúrbios cardiovasculares a depressão e diabetes, as vítimas de males crônicos podem contar com remédios pais potentes e seguros. Mas convencer o paciente a tomá-los pelo resto da vida ainda é um desafio para os médicos e para a indústria farmacêutica. A taxa média de adesão aos tratamentos permanece incrivelmente baixa, como mostra um levantamento feito pela OMS (no caso do diabetes, a taxa de adesão seria só de 15%). Há duas razões básicas para isso. Em primeiro lugar, o custo dos remédios é elevado. Para se ter uma idéia, o tratamento à base de estatinas contra o colesterol alto não sai por menos de 70 reais por mês. O outro problema é que, não raro, o paciente tem de tomar vários remédios por dia, o que é uma chatice sem tamanho. E esse aborrecimento é um bom pretexto para que se abandone a prescrição médica. A indústria farmacêutica começa a lançar mão de alternativas para facilitar a vida dos pacientes crônicos. O laboratório brasileiro Medley lança em outubro o Prevencor, para prevenção de distúrbios cardiovasculares, que associa em uma mesma embalagem ácido acetilsalicílico e sinvastatina. O principal atrativo dessa combinação é o preço. O tratamento à base de Zocor, nome comercial da sinvastatina simples, pode custar até R$ 94 por mês. Isso somado a uma aspirina por dia eleva o preço do tratamento para cerca de R$ 100. O Prevencor custa bem menos do que isso: varia de R$ 29 a R$ 53, em função da dosagem. Há novidades também para os diabéticos. Está chegando ao mercado brasileiro o Avandamet, da GlaxoSmithKline, que combina duas substâncias para controle do diabetes tipo 2 em um único comprimido: uma que estimula a produção de insulina e outra que combate a resistências do organismo a esse hormônio. O preço, segundo o fabricante, será equivalente ao de apenas um dos dois medicamentos. 324 16/10/03, 18:11 326 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 05 (2003) Avanços terapêuticos e tecnológicos BA Lipsky, C Norden. 18th Congress of the International Diabetes Federation, Paris, France, 24-29 de agosto de 2003 Tratamento da úlcera do pé diabético: Linezolid é clinicamente superior a amiopenicilina/inibidores da β-lactaminase Objetivo: Infecções no pé são comuns e gera complicações sérias no diabetes, e freqüentemente levam a amputação. Elas são, predominantemente, causadas por bactérias (coccus) aeróbicas gram-positivo, às vezes em combinação com gram-negativas e/ou anaeróbicas. As bactérias gram-positivas estão se tornando incrivelmente resistentes, mundialmente, aos antibióticos mais conhecidos, especialmente β-lactams, que são os agentes usados com mais freqüência. Linezolid é o novo oxazolidinone ativo contra todas as bactérias gram-positivas, incluindo Staphylococcus aureus resistente a meticilina (MRSA). Comparamos os resultados do tratamento com linezolid IV contra amino/β-LI (ampicillin-sulbactam IV ou amoxicillin-clavulanate via oral) para o pé infetado com úlcera como parte de um longo estudo controlado, randomizado, multinacional. Material e métodos: Em 45 lugares de 8 países, pacientes com vários tipos de infecção no pé foram submetidos a um exame médico, incluindo avaliação médica, curetagem e realização de cultura da feridas, testes laboratoriais e Raio-X. Eles foram randomizados (2:1) para receber tanto linezolid como o amino/b-LI. Vancomycin pode ser adicionado ao amino/β-LI caso o MRSA seja duvidoso e com propagação de microorganismos (cultura). Os pacientes podem ser tratados pela via IV ou oral. Resultados: Entre 361 pacientes avaliados, 283 (78%) tinham o pé infetado com úlcera; 190 foram randomizados com linezolid, 93 com amino/b-LI. A taxa geral de cura foi significantemente maior nos pacientes tratados com linezolid do que com amino/β-LI (81% vs.68%, p < 0,001). A terapia inicial foi oral em 74% e pacientes externos para 57%, e apresentavam isquemia no pé 43%. A duração média total da terapia foi 17 dias em cada grupo. Conclusão: Neste extenso estudo, controlado, randomizado, o índice clínico total de cura para pé diabético com úlcera foi estatisticamente melhor para o agente linezolid do que para o de amino/β-LI. Isto foi surpreendente, já que, o estudo era apenas para demonstrar estatisticamente a equivalência. Os resultados foram similares para os pacientes tratados com IV vs. oral, como pacientes externos vs. hospitalizados, e para aqueles com/sem isquemia no pé. Linezolid (oral ou IV) parece ser uma boa escolha para o tratamento dessas infecções, especialmente se gram-positivos resistentes são suspeitos ou isolados. avanços 35.pmd 326 16/10/03, 18:11 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 05 (2003) G. Lepore et al., 18th Congress of the International Diabetes Federation, Paris, France, 24-29 de agosto de 2003. 327 Infusão de insulina subcutânea e aplicação múltipla diária de glargina como insulina base são melhores do que o tratamento tradicional com várias aplicações diária de insulina Objetivo: Foi avaliada, num grupo paralelo, aberto, com um ano de duração, a eficácia de dois métodos de tratamento intensivo de insulina [1)CSII vs. 2)MDI com lispro em cada refeição + glargina] em 32 pacientes tipo 1 que foram tratados com MDI (insulina regular ou lispro antes de cada refeição+NPH como insulina base) pelo menos durante um ano. Material e métodos: 16 pacientes diabéticos tipo 1 (37,7 ± 11,2 anos; 8 homens, 8 mulheres; duração de diabetes tratados com CSII (19,6 ± 9,2 anos), recebendo lispro com taxas de infusão múltipla basal + bolus nas refeições (grupo CSII) foram comparados com 16 pacientes tipo 1 (42,9 ± 15,6 anos; 7 homens, 9 mulheres; duração do diabetes 14,7 ± 11,1 anos) tratados com várias injeções diárias de insulina com lispro a cada refeição combinado com glargina (grupo glargina). Todos os pacientes, a cada 3 meses tanto no ano antes do estudo como no ano do tratamento, foram avaliados: HBA1c, glicose do jejum, colesterol total e HDL, triglicerídeos, requerimento de insulina, episódios de hipoglicemia crítica. Comparamos a resposta do CSII e MDI com glargina analisando (usando a comparação estatística não-pareada – teste de Mann-Whitney) as diferenças entre as medidas variáveis antes e depois dos dois tratamentos. Resultados: No grupo CSII comparado com o tradicional tratamento MDI teve uma redução significativa de HBA1c (9,2 ± 1,6% durante o tradicional MDI vs. 8,2 ± 1,2% durante CSII, p < 0,001), glicose plasmática do jejum (11,9 ± 3,5 vs. 8,1 ± 2,8 mmol/l, p < 0,001), triglicerídeos (100,9 ± 41,6 vs.85,5 ± 41,4, p < 0,05), episódios críticos de hipoglicemia (0,37 vs. 0,12 por paciente/ano, p < 0,005) requisição de insulina (50,4 ± 18 vs. 40,1 ± 13,1 U/dia, p < 0,001). No grupo glargina, comparado com o tratamento tradicional MDI, teve uma redução de HBA1c (8,5 ± 1,3 vs. 7,9 ± 1,2%. P < 0,001, glicose plasmática do jejum (12,3 ± 3,9 vs. 10,5 ±3,1 mmol/l, p < 0,001), triglicerídeos (90,6 + 50,8 vs. 77,0 ± 39,3 mg/dl, p < 0,05) episódios críticos hipoglicêmicos (0,43 vs. 0,18 episódios por paciente/ano, p < 0,05). A dose de insulina não foi modificada (44,0 ± 11,1 vs. 43,1 ± 11,1 U/dia n.s). Não houve nenhuma mudança significativa nem no IMC nem no grupo CSII (24,7 ± 4,2 vs. 24,6 ± 4 kg/m2) ou no grupo glargina (22,8 ± 2,9 vs 22,9 ± 3 kg/m2 ). Não se registrou nenhuma diferença significativa no aumento de HBA1c, glicose plasmática do jejum, triglicerídeos, episódios críticos de hipoglicêmicos. Apenas requerimento de redução de insulina foi extremamente significativo no grupo CSII do que no grupo glargina (-0,3 ± 3,3 U/dia vs. -0,9 ± 0,3 U/dia, respectivamente, p < 0,001). Conclusão: Tanto CSII e MDI com lispro+ glargina aumentaram o controle metabólico e reduziu hipoglicemia crítica nos pacientes diabéticos tipo 1, que são insatisfatoriamente controlados em MDI usando NPH como insulina base. K. Busch et al., 18th Congress of the International Diabetes Federation, Paris, France, 24-29 de agosto de 2003 Administração da insulina glargina com terapia oral em pacientes portadores de diabetes tipo 2 permite flexibilidade na dosagem e melhora do controle glicêmico com redução de hipoglicemia comparada com insulina NPH Objetivo: Pacientes com diabetes tipo 2 pode necessitar insulina se as drogas orais anti-diabéticas (OADs) oferece controle glicêmico inadequado. Uma dose diária (manhã ou ao deitar) de insulina glargina (Lantus) oferece um avanços 35.pmd 327 16/10/03, 18:11 328 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 05 (2003) Continuação controle de glicose durante 24 horas e facilita alcançar o objetivo dos níveis de HBA1c < 7%. A eficácia e segurança de combinação OAD (glimeperide) com insulina glargina pela manhã ou ao deitar vs. insulina NPH ao deitar foi avaliada neste estudo randomizado, multicêntrico, multinacional. Materiais e métodos: Informação sobre insulina glargina foi incorporada para avaliar seus efeitos vs. insulina NPH, independentemente do horário da injeção. Um total de 695 pacientes foram randomizados; 463 receberam insulina glargina e 232 insulina NPH por 24 semanas. Resultados: Não houve diferenças durante o tratamento (insulina glargina vs. insulina NPH) em: sexo; índice de massa corporal (28,6 vs. 28,9 kg/m2 ); duração do diabetes (10,2 vs. 9,9 anos); duração da anterior terapia OAD (8,0 vs. 8,3 anos); níveis de C-peptídeo (1,00 vs. 1,07 nmol/l); níveis de base de HBA1c (9,1 vs 9,1%); e glicose do jejum (FBG: 12,1 vs. 12,2 nmol/l). Pacientes tratados com insulina glargina eram mais jovens vs. tratados com insulina NPH (60,3 vs. 61,8 anos; p = 0,039). A redução de HBA1c foram maiores com insulina glargina vs. insulina NPH (1,11 vs. 0,83%; p = 0,026). Comparados com insulina NPH, os pacientes tratados com insulina glargina também experimentaram poucos episódios de hipoglicemia sintomática (57,9 vs. 49,7%; p = 0,036) e noturna (38,2 vs. 19,7%; p = 0,001). Os valores FBG no final do estudo foi o mesmo (16,9 mmol/l; p= não significante [NS]. Pacientes tratados com insulina glargina teve baixos valores de glicose média diária vs. pacientes recebendo insulina NPH baseado no perfil de glicose no sangue ponto-8 (8,9 vs. 9,7 mmol/l; p < 0,001). A dose de insulina foi aumentada de 19,7 vs. 17,8 IU (insulina glargina vs. insulina NPH ; p = NS), com doses finais de insulina de 39,5 vs. 36,8 IU (p = NS). Conclusão: Pacientes controlados, inadequadamente, com OADs, têm melhor controle metabólico com baixos níveis de HbA1c e hipoglicemia noturna menos sintomática quando tratados com insulina glargina, dose única, subcutânea (manhã ou ao deitar) vs. insulina NPH. Insulina glargina permite flexibilidade na dose única diária administrada ao mesmo horário todos os dias. T Pieber et al. 18th Congress of the International Diabetes Federation, Paris, France, 24-29 de agosto de 2003 Tratamento com insulina detemir permite flexibilidade no horário de administração em pacientes diabéticos tipo 1 Objetivo: O prolongado e previsível perfil do tempo de ação da insulina detemir (IDet) sugerem, que esta insulina basal análoga poderia ser administrada bem antes de deitar e, continuar fornecendo insulina suficiente durante a noite e nas primeiras horas da manhã sem o risco de aumentar a hipoglicemia noturna. Por isso, o objetivo desta investigação foi comparar o efeito de dois diferentes horários de administração com IDet e com a tradicional administração de insulina NPH em pacientes com diabetes tipo 1. Material e métodos: Este estudo, randomizado, aberto, multinacional, de 16 semanas de duração, com grupo paralelo incluindo 400 sujeitos com diabetes tipo 1 (idade média: 40 anos, duração do diabetes: 15 anos, IMC: 25,2 kg/m2, HBA1c: 8,07%). Os pacientes receberam tratamento diário, 2 vezes ao dia, com IDet tanto pela manhã como antes de jantar (IDetm+d‘) N = 139) ou pela manhã e ao deitar (IDetm+b’ N = 129) ou NPH manhã ou ao dietar (N = 132). Todos os grupos receberam insulina aspart às refeições. Resultados: Depois de 16 semanas de tratamento HbA1c reduziu ~ 0,4% pontos em todos os grupos e houve comparação entre os três tratamentos, (IDetm+d: 7,67%, NPH: 7,73%, p = 0,6). Baixas de glicose plasmática do jejum foram observadas com ambas IDetm+d’ (9,8 vs. 11,1 mmol/l , p £ 0,006) e IDetm+b (9,1 vs. 11,1 mmol/l, p < 0,001), comparado a NPH, enquanto os dois grupos IDet não houve diferença (p = 15). Além disso, baixa sujeita a avanços 35.pmd 328 16/10/03, 18:11 330 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 05 (2003) Continuação variação em cada medição de glicose no sangue do jejum foi observado em ambos grupos IDet (SD para IDetm+d: 2,5 e IDetm+b: 2,6 mmol/l) comparado ao NPH (SD: 3,1 mmol/l, p < 0,001) sem nenhuma diferença significativa entre os dois grupos IDet. O perfil, dez pontos, com glicose no sangue foram similares durante o dia mas diferia durante a noite com baixos níveis de glicose no grupo IDetm+d no período entre jantar e café da manhã (p = 0,043), comparado com os outros dois grupos. A flutuação da glicose (área entre a curva glicêmica e nível médio) durante 24 horas baseado em um monitoramento continuo de glicose foi menor com IDet (ambos grupos combinados) do que com NPH (46,5 vs. 54,3 mmol/l * h p = 0,04). Após 16 semanas, peso médio corporal (ajustado para a base e mudança para HbA1c) foi menor com IDET do que com NPH (IDetm+d: p < 0,001, IDetm+b: p = 0,050) com mudanças de -0,6 kg (IDetm+b) 0,1 kg (IDetm+b), 0,7 kg (NPH), respectivamente. O risco de hipoglicemia foi similar nos três grupos em tratamento (diurno p = 0,52 e durante a noite p = 0,58). Tratamento com IDet e NPH ocasionou aumento para os perfis similares. Conclusão: Tratamento com insulina detemir resultou em baixa e menor variação de níveis de glicose do que NPH, e a insulina detemir pode ser administrada tanto pela manhã e ao jantar, ou manhã e ao deitar, com o mesmo controle glicêmico, de acordo a necessidade individual do paciente. PD Home et al., 18th Congress of the International Diabetes Federation, Paris, France, 24-29 de agosto de 2003 Insulina detemir melhora o controle glicêmico, com menos ganho de peso, e permite flexibilidade quando comparada com insulina NPH Objetivo: O perfil prolongado e o tempo de ação prognosticado da insulina detemir (IDet) deveriam permitir flexibilidade no horário de administração sem aumentar o risco de hipoglicemia noturna. Administração de IDet em horários fixos durante o dia, em vez de horários variados em associação com as refeições e ao deitar, pode prover uma insulina basal mais estável e eliminar as fontes de variação do regime inerente. Portanto, o objetivo desta investigação foi comparar o efeito da administração de IDet em dois horários diferentes e a administração com insulina NPH em pacientes com diabetes tipo 1. Material e métodos: Este estudo, randomizado, aberto, multinacional, de 16 semanas de duração, com grupo paralelo incluindo 408 sujeitos com diabetes tipo 1 (idade média: 40 anos, duração do diabetes: 17 anos, IMC 25,2 kg/m2; HbA1c 8,60%). Os indivíduos receberam IDet duas vezes ao dia ambas com intervalo de 12 horas (IDet 12h n = 137) ou manhã e ao deitar (IDetm+b n = 139) ou NPH manhã e ao deitar (n = 132). Todos os grupos receberam insulina aspart nas refeições. Resultados: Depois de 16 semanas de tratamento, houve, estatisticamente, uma significativa diferença em HbA1c entre os grupos combinados IDet e o grupo NPH (-0,18%; IC 95%; [0,34;-0,02], (p = 0,027). Apesar de HbA1c não foi significativamente diferente entre os três grupos na análise total (p = 0,082), tendeu a ser mais baixo em ambos grupos IDet: (IDet12h 7,75%, IDet m+b 7,78%) do que no grupo NPH (7,94%). Baixa glicose no plasma do jejum (IDet12h 9,7, IDetm+b 8,9, NPH 11,2 mmol/l, p < 0,001) e diminuição sujeita a variação (SD) em glicose no sangue do jejum monitorizado individualmente (IDet 12h 3,0, IDetm+b 2,9, NPH 3,5 mmol/l, p < 0,001 foi conseguido em ambos grupos comparados a NPH. Flutuação do glicose (área entre a curva glicêmica individual e seu nível médio) durante 24 horas baseado no monitoramento continuo da glicose tendeu a ser mais baixo com IDet ( ambos grupos combinados) do que com NPH (57,3 vs. 63,8 mmol/l.h, p = 0,065). O risco de hipoglicemia durante a noite foi 33% mais baixo no grupo IDetm+b do avanços 35.pmd 330 16/10/03, 18:11 332 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 05 (2003) Continuação que no grupo NPH (p < 0,001), mas similar no IDet12h e os grupos NPH. O perfil de todos as formas de glicose no sangue durante a noite tendeu a diferir entre os três grupos (p = 0,054); o nível de glicose no sangue no grupo IDet 12h foi menor do que dos outros dois grupos. Ganho de peso, ajustado para a mudança em HbA1c, foi significativamente menor nos grupos IDet comparado com NPH (IDet12h 0,02, IDetm+b 0,24, NPH 0,86 kg, p = 0,018). Conclusão: Tratamento com insulina detemir pode resultar em melhora do controle glicêmico e menos ganho de peso comparado ao NPH. O horário de administração de insulina detemir pode ser flexível e adaptado às necessidades do paciente. Dixon JB, O´Brien PE. Diabetes Care 2002;25:358-363 Resultados sobre a saúde de vários sujeitos obesos portadores de diabetes tipo 2 um ano após cirurgia laparoscópica de banda gástrica ajustável Objetivo: Examinar os resultados da perda de peso em 50 sujeitos diabéticos, após um ano de cirurgia laparoscópica da banda gástrica ajustável. Materiais e métodos: Um grupo de 50 pacientes (17 homens, 33 mulheres) com diabetes tipo 2, a partir de um total de 500 pacientes, foram estudados durante o pré-operatório e novamente 1 ano após a cirurgia. Resultados: Peso e IMC (significa ± DP) durante o pré-operatório foram 137 ± 30kg e 48,2 ± 8kg/m2, respectivamente, com um ano o peso e a IMC foram 110 ± 24kg e 38,7 ± 6kg/m 2, respectivamente. Houve melhora significativa em todas as medidas do metabolismo da glicose. Remissão do diabetes ocorreu em 32 pacientes (64%), e a principal melhora do controle da glicose ocorreu em 13 pacientes (26%); metabolismo na glicose não mudou em 5 pacientes (10%). HbA1c foi 7,8 ± 3,2% pré-operatório e 6,2 ± 2,7% com 1 ano (p < 0,001). Remissão de diabetes foi prognosticado com grande perda de peso e uma pequena história de diabetes (pseudo r2 = 0,44, p < 0,001). Melhora do diabetes foi relacionada ao aumento da sensibilidade da insulina e função da célula b. Perda de peso foi associada com a melhora significativa no nível de triglicerídeos do jejum, nível de colesterol HDL, hipertensão, sono, depressão, avaliação da aparência, e saúde relacionada com a qualidade de vida. Primeiras complicações ocorreram em 6% dos pacientes (infecção do ferimento em 4%, aparelho respiratório em 2%), e complicações posteriores ocorreram em 30% dos pacientes (prolápso gástrico em 20%, erosão da banda, e tubing leaks em 4%). Todas as complicações posteriores foram revisadas cirurgicamente com muito sucesso. Conclusão: Cirurgia moderna laparoscópica para perda de peso demonstrou que é efetiva no gerenciamento de vários problemas relacionados com a saúde de vários indivíduos diabéticos tipo 2. A cirurgia deveria ser considerada como uma intervenção prematura. Iñigo Sáenz de Tejada et al., Diabetes Care 2002;25:2159-2164 Resultados do tadalafil em homens diabéticos com disfunção erétil Objetivo: Avaliar a eficácia e segurança do tadalafil administrado quando necessário antes da atividade sexual por homens com diabetes e disfunção erétil (ED). Material e métodos: Homens com diabetes tipo 1 ou tipo 2 e como mínimo 3 meses de histórico de ED foram randomizados e distribuídos em três grupos: avanços 35.pmd 332 16/10/03, 18:11 334 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 05 (2003) Continuação placebo (n = 71), tadalafil 10 mg (n = 73), ou tadalafil 20 mg (n = 72) administrado uma vez ao dia por 12 semanas. Mudanças da base de acordo com o índice médio da função erétil domínio do International Index of Erectile Function (IIEF) e mudanças da base, na proporção de “sim” as respostas da questão 2, “Você foi capaz de penetrar”, e 3, “Você foi capaz de completar o ato?” do Sexual Encounter Profile foram os primeiros resultados. Resultados: Um total de 191 (88%) de 216 pacientes completou o estudo. O tratamento com tadalafil melhorou, consideravelmente, todas as primeiras variáveis de eficácia, sem considerar o nível de base da HbA1c.. Tratamento com tadalafil também melhorou, consideravelmente, o número de resultados secundários e porcentagem de respostas positivas de uma avaliação global sobre uma questão analisando a melhora na ereção. Tratamento com tadalafil não altera o nível médio de HbA1c. Tadalafil foi bem tolerado, com dor de cabeça e dispepsia sendo as reações adversas mais freqüentes do tratamento. Conclusão: Tratamento com tadalafil melhorou, consideravelmente, a função erétil e foi bem tolerado por homens com diabetes e ED. Am J Cardiol 2003;92:538-543 Gemcabene aumenta o HDL-colesterol e reduz os níveis de LDL-colesterol Um novo agente que altera os lipídios, gemcabene, aumenta com segurança os níveis de colesterol e reduz os níveis de LDL-colesterol e triglicerídeos em pacientes com baixo HDL-colesterol. Gemcabene, cujos mecanismos de ação ainda têm que ser estabelecidos, aumenta os níveis de HDL-colesterol e reduz o LDL-colesterol, triglicerídeos e os níveis de apoliproteina C-III nos ratos, e a fase I dos estudos mostrou que a droga é bem tolerada nas doses acima de 1500 mg/dia. Foram investigadas a eficácia e tolerância do gemcabene nas doses de 150 a 900 mg diária em 161 pacientes com níveis de HDL-colesterol abaixo de 35 mg/dl em um estudo controlado por placebo de 12 semanas. O principal parâmetro de eficácia avaliado foi a porcentagem de mudança da linha base nos níveis plasmáticos de HDL-colesterol, porque melhoras clínicas do HDL-colesterol HDL pode reduzir os riscos de doenças coronárias além daqueles conseguidos com a redução de LDL-colesterol. Pacientes com níveis de triglicerídeos e” 200 mg/dl foram tratados com 150 mg de gemcabene diariamente e tiveram um aumento de 18% nos níveis de HDL-colesterol e 27% de redução nos níveis de triglicerídeos plasmáticos. Pacientes tratados com doses mais altas de gemcabene não experimentaram aumentos importantes no HDL-colesterol, e pacientes com níveis de triglicerídeos abaixo de 200 mg/dL não experimentaram nenhuma mudança significativa nos níveis de HDL-colesterol e triglicerídeos. Apesar da linha base dos níveis de triglicerídeos, gemcabene em dose elevada (600 e 900 mg/dia) reduz significativamente o LDL-colesterol plasmático, apolipoproteina B, e não o HDL-colesterol. Perfis de efeitos colaterais foram similares para gemcabene e placebo e todos as dosagens do gemcabene foram bem toleradas. Um intrigante resultado deste teste é a grande beneficio que gemcabene pode ter nos pacientes com elevado colesterol não HDL. Devido a inclusão de mais partículas aterogênicas, alguns estudos sugeriram que este colesterol pode ser o melhor prognóstico de risco nas doenças coronárias do que apenas o LDL-colesterol. avanços 35.pmd 334 16/10/03, 18:11 Avanços Terapêuticos e Tecnológicos - Diabetes Clínica 05 (2003) Philip Schauer et al., Ann Surg 2003;238:467-485, outubro de 2003 335 Bypass gástrico resolve mais do que 80% dos casos de diabetes tipo 2 Bypass gástrico em Y de Roux por laparoscopia resulta em uma perda de peso substancial e resolve mais do que 80% dos casos de diabetes tipo 2, de acordo com os resultados deste estudo. Os pesquisadores sugerem que esta cirurgia bariátrica deve ser considerada padrão no cuidado dos diabéticos tipo 2 com obesidade mórbida. Muitos pacientes que passaram por uma cirurgia bypass conseguiram um excelente controle glicêmico bioquímico e foram capazes de obter benefícios clínicos ou tirar proveito dos melhores, se não de todos, medicamentos antidiabéticos, incluindo insulina. Pacientes jovens com menor gravidade da doença tendem a ganhar mais com a cirurgia evitando anos de doença progressiva e debilitante. Na University of Pittsburgh Medical Center entre 1997 e 2002, 1160 pacientes passaram por uma cirurgia bypass gástrico em Y de Roux, incluindo 240 pacientes com glicose do jejum elevado e diabetes tipo 2. Dos 191 (80%) desses pacientes que estavam disponíveis para acompanhamento, a idade média na cirurgia foi 48 anos (26-67 anos) e índice médio de massa corporal (IMC) foi 50,1 kg/m2. 75% dos pacientes eram mulheres: 65% necessitavam de agentes hipoglicêmicos orais e 27% também precisavam de insulina. Vinte meses depois da cirurgia, a média da perda do excesso de peso foi 60% e a média do IMC foi 34 kg/m 2. Glicose plasmática de jejum e hemoglobina glicosada melhoraram em 83% dos pacientes e esta melhora foi significativa em 17%. Houve um decréscimo significativo em 80% dos pacientes no uso de agentes orais antidiabéticos, e 79% necessitaram menos insulina. Apesar de que todos os pacientes tinham resolução clínica ou melhora em diabetes, aqueles com menor duração (menos que cinco anos) e com dieta controlada para diabetes tipo 2 tiveram a maior taxa de resolução depois da cirurgia. Durante anos de acompanhamento de 310 pacientes, não houve novas ocorrências ou re-ocorrências de diabetes tipo 2. Quase 1/3 dos pacientes abandonou, permanentemente, os medicamentos antidiabéticos depois de receber alta no hospital, mesmo antes eles puderam experimentar uma perda significativa. Os efeitos impressionantes da cirurgia bypass em pacientes diabéticos tipo 2 com obesidade mórbida levantaram uma discussão para reduzir o limiar da intervenção cirúrgica para obesidade moderada ou suave. avanços 35.pmd 335 16/10/03, 18:11 336 Diabetes Clínica 05 (2003) Produtos e novidades Village lança Panetone Diet Para o próximo Natal, os portadores de diabetes terão direito a Panetone Diet, sem adição de açúcar, lançado em parceria por Village e ANAD. Este novo panetone sem gosto residual, com muitas frutas, fibras e redução de calorias (e selo de aprovação da ANAD), será disponível em supermercados e grandes lojas a partir do dia 16 de novembro. Support lança Soya Diet Multi Fiber A Support Produtos Nutricionais - empresa do grupo holandês Royal Numico, especialista em nutrição clínica e infantil - lança no mercado nacional o Soya Diet Multi Fiber, uma dieta completa, rica em proteína isolada de soja, sem sacarose, indicada como terapia de nutrição enteral ou oral, bem como suplementação nutricional. Encontrada em embalagens de 400 e 800 g - sabor baunilha - a terapia com Soya Diet Multi Fiber é indicada em casos de risco nutricional, desnutrição leve, anorexia e convalescença associadas à necessidades de fibras. O produto também é recomendado para idosos, cardiopatas, pacientes neurológicos, entre outros. Em função do exclusivo mix de seis fibras da Support Produtos Nutricionais - que contém 60% de fibras solúveis - Soya Diet Multi Fiber proporciona inúmeros benefícios para os pacientes como manutenção e regularização do trânsito intestinal, prevenção e complemento de tratamento das doenças cardiovasculares e do diabetes, estimulação do trofismo intestinal, prevenção da osteoporose e manutenção da função imunológica do intestino. A proteína isolada de soja rica em isoflavonas - presentes em Soya Diet Multi Fiber contribui para a diminuição dos níveis de colesterol, câncer de próstata, mama e colo-retal, osteoporose e pode até reduzir os sintomas da menopausa. Presentes nas frutas, vegetais, produtos de grãos integrais e legumes, a ingestão recomendada de fibras alimentares para adultos é de 20-35 g de fibras/dia, sendo que para crianças a quantidade recomendada é a idade mais 5 g de fibras/dia. Uma refeição rica em fibras é processada mais lentamente, o que promove saciedade precoce e, freqüentemente, possui menor densidade calórica, reduzindo o teor de gorduras e açúcares de adição. Todas estas características são pontos importantes também para a prevenção da obesidade. A soja tem sido empregada como alimento funcional pela possibilidade de prevenir e tratar várias doenças crônicas, principalmente devido a dois N Produtos.pmd 336 16/10/03, 18:11 Produtos e Novidades - Diabetes Clínica 05 (2003) 337 componentes: proteínas e isoflavonóides. Em 1999, o FDA (Food and Drug Administration - órgão regulador dos Estado Unidos) publicou um documento comprovando a eficiência da proteína de soja em reduzir o colesterol plasmático e o risco de doença coronariana, passando a indicar o consumo mínimo diário de 25g de proteína de soja por dia [1]. 1. Tose H et al. Valor da soja como alimento funcional nas doenças cardiovasculares ateroscleróticas. Ver. Brás Nutr Clin 2000;14:316-320. Suavipan lança Bolinho Light chocolate e morango Estes novos bolinhos, adoçados com splenda e sem adição de açúcar, são apresentadosa em duas versões, com sabor chocolate ou morango. O peso da unidade, em embalagem individual, é de 40 gramas, com 30% menos calorias, 50% menos gordura e 40% menos colesterol. Aventis lança Lantus (insulina glargina) As principais características da insulina glargina (Lantus) lançada em setembro no mercado brasileiro por Aventis são as seguintes: - Perfil de atuação de 24h - Regular - Sem picos de ação, imitando a secreção basal da insulina natural do pâncreas de uma pessoa sem diabetes. - Devido a seu tipo de ação, a glargina apresenta menos episódios de hipoglicemias do que a insulina NPH. - Uma aplicação diária, melhorando a adesão do paciente. - Solução clara dando maior regularidade e previsibilidade de ação (a NPH é uma suspensão que muitas vezes não é homogeneizada antes da aplicação). - Não pode ser misturada a outras insulinas e outras soluções. - Não pode ser usada via endovenosa. - Não deve ser usada em pacientes grávidas. - Excelentes resultados em diabetes tipo 1 quando combinada com insulinas regulares ou ultra rápidas antes das refeições. (Não foram feitos estudos em crianças menores de 6 anos). - Excelentes resultados no diabetes tipo 2 quando combinada com antidiabéticos orais. - Quando das necessidades de aumentar a quantidade de Insulina apresenta muito menor índice de hipoglicemias quando comparada à NPH. - Menos hipoglicemia com menor quantidade de Insulina (20 a 30 % menos) – não levando a aumento de peso. Apresentação : - Frasco de 10 ml (1ml = 100 unidades) para uso em seringas de insulina - “Refil” de 3 ml para uso em caneta descartável Optiset N Produtos.pmd 337 16/10/03, 18:11 338 Resumos do congresso Diabetes da ANAD Clínica- 05 Diabetes (2003)Clínica 05 (2003) Resumos de trabalhos e congressos CA Abbott et al., 18th Congress of the International Diabetes Federation, Paris, France, 24-29 de agosto de 2003 Validade do teste do monofilamento no pé para neuropatia em 15.692 pacientes diabéticos Objetivo: Examinar os métodos para diagnóstico de neuropatia periférica em diabetes clínicas no UK incluindo avaliação da insensibilidade plantar por monofilamento de 10g (MF) e/ou índice de neuropatia (NDS) e” 6/10. Nosso objetivo é determinar a validade do monofilamento (MF) testando o pé diabético comparado com avaliações estabelecidas de neuropatia. Material e métodos: Durante 4 anos avaliamos 15.692 pacientes diabéticos para diagnosticar a neuropatia periférica num programa voltado para o público em geral usando: filamento Semmes Weinstein 1g, 10g e 75g a 3 plantar e 1 lado(s) dorsal nos dois pés; (b) NDS. Resultados: Prevalência de neuropatia, definida por NDS ³ 6, insensibilidade plantar com MF 10g e insensibilidade dorsal com MF 10g, foi 21,3%, 17,1% e 3,8%, respectivamente. A contagem exata de MF entre o pé direito e esquerdo foi muito alta a 93,6% (kappa = 0.83, p < 0,0001) para a posição dorsal e 85,7% (kappa = 0,77 para a posição plantar. No entanto, o índice exato de MF caiu para 46,9% (kappa = 0.17, p < 0.0001 comparando as posições dorsal e plantar, apesar de que aumentou para 86,3% (kappa = 0,30, p < 0,0001) usando insensibilidade com MF 10g como corte. Analises de regressão logística confirmaram a grande relação entre NDS e insensibilidade dorsal para MF 10g probabilidade = 10,6 [88-12,8 IC 95%, p < 0,0001 e NDS e insensibilidade plantar para MF 10g (probabilidade = 9,1 [8,3-10,0, p < 0,0001]). O valor positivo prognosticado de insensibilidade dorsal de MF 10g comparado com NDS ³ 6 foi 71,5, enquanto que para o de insensibilidade plantar foi 58,5%. Todos os três testes de neuropatia foram intensamente associados com a história da úlcera do pé: insensibilidade dorsal, índice de probabilidade = 6,05 [4,9-7,5]; NDS e” 6 = 4,5 [3,9-6,2]; insensibilidade plantar = 4,4 [3,7-5,1] (p < 0,0001). Conclusão: Apesar dos monofilamentos Semmes-Weinstein serem instrumentos reproduzíveis, o valor positivo prognosticado dos filamentos de 10g para definir neuropatia durante os testes em massa é muito diferente entre a área dorsal e plantar. Testar tanto o plantar como o dorsal é recomendado, no entanto, existe uma relação com a ulceração do pé. R. Izzillo et al, 18th Congress of the International Diabetes Federation, Paris, France, 24-29 de agosto de 2003 A angioplastia transluminal percutânea (PTA) como primeiro tratamento em pé diabético com isquemia severa e úlcera Objetivo: A cirurgia de bypass arterial provou sua eficiência e salvamento do membro do pé diabético com isquemia sévera e úlcera. Recentemente resumos 35.pmd 338 16/10/03, 18:11 Resumos do congresso da ANAD - Diabetes Clínica 05 (2003) 339 Continuação PTA foi proposta como alternativa terapêutica devido ao risco peri-operatório do procedimento cirúrgico. Porém a efetividade na isquemia crítica no pé continua em controvérsia. Este estudo tem como objetivo avaliar a eficiência em termos do índice de salvamento do membro e o tempo de cicatrização do PTA como primeiro tratamento do pé diabético ulcerado com isquemia crítica, e identificar os fatores que determinam a efetividade da PTA. Material e métodos: 32 pacientes diabéticos com úlcera no pé nos estágios C ou D (grau 2 ou 3) foram hospitalizados em uma unidade especializada. Idade média: 67; diabetes tipo 2: 84%: duração média de diabetes: 22 anos; pressão transcutânea de oxigênio (TcPO2): 15 mmHg. A PTA foi usada sempre que um radiologista e um cirurgião vascular concordavam que era possível. Os pacientes foram acompanhados até a cicatrização ou pelo menos durante 12 meses. Este coorte foi comparado com o histórico (n = 27) dos que foram submetido à cirurgia de bypass arterial como primeiro tratamento. Resultados: A PTA foi avaliada como possível em 25 pacientes (78%). A média de 1,6 lesão/pacientes foi tratada. Falha técnica imediata em 2 casos. Resultados clínicos inferiores em 9/25 (36%) conduzindo a 5 segundos bypass, 4 locais sem bypass arterial apropriado. Bons resultados clínicos em 13/25 (25%). No final do estudo: índice de salvamento do membro: 68%; morte: 20%. O único fator significativo que prognosticou o primeiro resultado com sucesso (sem necessidade de bypass nem amputação) é a integridade de pelo menos uma artéria do pé (pedal dorsal ou plantar comum) (p < 0,03). O índice de salvamento do membro (LSR) e o índice de cicatrização (HR) entre os pacientes que podem ter benefícios a partir da primeira cirurgia de bypass (n = 23), não foram significativamente diferentes daquelas obtidas do coorte histórico (primeira cirurgia de bypass): LSR = 21/23 após PTA comparado com 26/27 após primeira cirurgia de bypass; HR: 44% e 50% respectivamente a 6 meses, e 86% e 89% a 18 meses. CV Phenekos et al, Department of Endocrinology, Metabolism and Diabetes Center Red Cross Hospital, Athens, Greece Os efeitos da dieta mediterrânea na pressão sanguínea e perfil lipídio dos pacientes DM2 resumos 35.pmd 339 Objetivo: Foram estudados 58 pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) para determinar o efeito de 28 dias de consumo de dieta grega mediterrânea (rica em fibras, ácidos graxos mono e poliinsaturados e carboidratos complexos). Material e métodos: Parâmetros antropométricos e bioquímicos foram avaliados em 35 homens (M ± DP) 61,6 ± 1,57 anos e 23 mulheres 58,8 ± 1,97 anos com DM2, em tratamento com dieta ou/e agentes orais hipoglicêmicos . A refeição, rica em óleo de oliva, vegetais e frutas, foi preparada e fornecida diariamente por empresas comerciais, no contexto de um grande projeto de pesquisa com apoio da Secretaria de Pesquisa e Tecnologia da Grécia. A dieta foi isocalórica para que os pacientes não pudessem reduzir o seu peso durante este período. O IMC e Hb1c dos pacientes foi menos do que 28 e 7%. Os parâmetros antropométricos e bioquímicos foram avaliados antes e depois do final do período de 28 dias de dieta. Foi aplicado o teste pareado de Wilkoxon para análise estatística. Todos os valores foram expressos na média ± DP. Resultados: Foi observado que nos homens diabéticos que seguiram a dieta, o IMC não teve uma mudança significativa mas o perímetro da cintura e a proporção da cintura ao quadril foram reduzidos consideravelmente (p < 0,02). A pressão sistólica sanguínea caiu de 137,5 ± 1,96 para 129,3 ± 1,7 mmHg, (p = 0,0001) e a diastólica de 83,2 para 80 ± 1,2 mmHg (p = 0,006). Na 16/10/03, 18:11 340 Resumos do congresso da ANAD - Diabetes Clínica 05 (2003) mulher diabética teve uma redução significativa no perímetro do quadril (111,2 ± 1,8 vs. 109,2 ± 2,0 cm, p = 0,02) mas não teve mudança no IMC, perímetro da cintura e proporção da cintura ao quadril. Apenas uma queda significativa na pressão sistólica do sangue também foi observado (138,6 ± 3,1 vs. 128,4 ± 2,0 mmHg, p = 0,001). Houve uma redução considerável, tanto no homem como na mulher, nos níveis de apolipoproteína-B (homem 114,1 ± 4,1 vs. 98,9 ± 4,1 mg/dl, p = 0,0003, mulheres 109,2 ± 7,7 vs. 99,8 ± 7,1mg/dl, p = 0,01) enquanto que o LDL, HDL, colesterol total e triglicerídeos não mudaram. Conclusão: Concluiu-se que, mesmo num pequeno período de consumo da dieta mediterrânea, podem surgir efeitos na pressão sangüínea e nos níveis de apolipoproteína, os quais são acompanhados por mudanças nos parâmetros antropométricos que são considerados fatores de risco para doenças cardiovasculares. CN Manes et al., 18th Congress of the International Diabetes Federation, Paris, France, 24-29 de agosto de 2003 Elevada prevalência de ulceração no pé na região balcânica Objetivo: A epidemiologia da ulceração no pé continua não sendo bem entendida devido à ausência de estimativas não confiáveis da verdadeira prevalência nas regiões não industrializadas. Este estudo multicêntrico comprometeu-se a identificar a prevalência do pé diabético e os principais fatores de risco relacionados à neuropatia diabética periférica (NDP) em pacientes atendidos em clinicas diabéticas de todos os países da Região Balcânica. Material e métodos: Os dados foram obtidos de 1491 sujeitos diabéticos (idade média: 56,4 ± 13,7 anos e duração média de diabetes 10 ± 8,1 anos), homens 774 (52%), 1160 do tipo 2 (78%). O diagnóstico de neuropatia diabética foi baseado em exame clínico padronizado aplicado em cada centro. Foi usado um sistema de contagem para avaliar deficiências motora e sensorial em ambas pernas (reflexos do tendão – máximo 8 e redução da sensação de pânico, toque, frio e vibração – máximo 8 - respectivamente) . NDS ³ 3 estabeleceu o diagnóstico de neuropatia. Resultados: A prevalência da ulceração no pé foi 7,5% (DP = 1,4) e deficiência motor (MS e” 1) 35,7% (DP = 1,24) e deficiência sensorial (NS ³ 2) 43,2% (SE = 1,2). Idade média e tempo de duração do diabetes foi significantemente alta em pacientes com ulcera (60,5 ± 11,8 vs. 55,7 ± 13,8 e 11,9 ± 1,3 vs. 9,1 ± 2,4 anos respectivamente, (p < 0,05 nos dois casos). A ulceração no pé foi mais prevalecente na população do sexo masculino do que no feminino (7,8 % vs. 6,8%, p < 0,05). Além disso a ulceração no pé é mais comum em pacientes com deficiência motora (MS ³ 1 reflexos reduzidos) (15% vs. 5% p < 0,05) e deficiência sensorial (NS e” 2) (22,96% vs. 8,9% p < 0,05). A probabilidade de pacientes com reflexos reduzidos ou sensações reduzidas em adquirir uma úlcera é 3,5 e 2,36 respectivamente. A prevalência não interfere se é fumante ou não fumante. Conclusão: O presente estudo mostrou que fatores intrínsecos relacionados com a neuropatia, tais como pequenas anormalidades na função motora e sensorial que são detectáveis na vida diária são importantes fatores de risco para a ulceração no pé. Outra hipótese é que fatores de risco intrínsecos podem também contribuir para esta alta prevalência de úlcera. Estratégias devem ser direcionadas para ambos grupos acima com predisposição de úlcera do pé. resumos 35.pmd 340 16/10/03, 18:11 342 Resumos do congresso da ANAD - Diabetes Clínica 05 (2003) B Glowinska et al., 18th Congress of the International Diabetes Federation, Paris, France, 24-29 de agosto de 2003 Seletinas na patogênese e diagnóstico das alterações ateroscleróticas precoces em criancas e adolescentes diabéticos tipo 1 Objetivos: Seletinas são um grupo de moléculas de adesão, cujo papel é amarrar os leucócitos no endotélio. Elas são responsáveis de uma aderência fraca e transitória permitindo as células escorregar na parede vascular. O que significa que as seletinas têm um papel importante nos estágios precoces do processo aterosclerótico. Crianças portadoras de diabetes tipo 1 são particularmente predispostas a este processo. O objetivo do estudo foi avaliar níveis de seletinas E, L e P em crianças e adolescentes portadores de diabetes tipo 1 e tentar responder se as seletinas – e quais delas – podem ser úteis para prognosticar o risco cardiovascular nestes jovens pacientes. Material e métodos: Foram estudados 28 crianças e adolescentes diabéticos tipo 1, idade 15,3 ± 2,6 anos, duração de diabetes 8,3 anos (4-15), com HbA1c média 8,7% (5,6-12,3%). Em 10 pacientes foi confirmada uma microalbuminúria persistente. O grupo controle consistiu em 15 crianças e adolescentes saudáveis, magros, idade 15,4 ± 2,2 anos. Níveis de seletinas E, P e L foram avaliados por métodos imunoenzimático (kits ELISA). Resultados: No grupo estudado, encontramos níveis significativamente elevados de E-seletina (83 ± 25 ng/ml), comparado ao grupo controle (64 ± 20 ng/ml, p < 0,05). O nível de L-seletina foi de 1519 ± 290 ng/ml, sem diferença significativa com o grupo controle (669 ± 295 ng/ml). O nível de Pseletina foi de 617 ± 419 ng/ml, semelhante ao resultado encontrado no grupo controle (669 ± 295 ng/ml). Análise de correlação mostrou uma relação significativa entre E-seletina e IMC (r = 0,23, p < 0,05) e a pressão sangüínea diastólica (r = 0,24, p < 0,05). Não encontramos diferenças significativas nos níveis de seletinas em relação com o controle metabólico da doença ou de suas complicações. Conclusão: Os jovens pacientes diabéticos tipo 1 apresentaram níveis elevados de E-seletina. O nível de E-seletina é correlato com IMC e pressão sangüínea diastólica. Nível elevado de E-seletina pode confirmar a disfunção endotelial nestes jovens pacientes e pode ser um marcador precoce da aterosclerose. resumos 35.pmd 342 16/10/03, 18:11 Diabetes Clínica- 03 (2003) Clínica 05 (2003) Resumos do congresso da ANAD Diabetes 343 Resumos do congresso da ANAD II Parte 8º Congresso Brasileiro multidisciplinar e multiprofissional em diabetes, São Paulo, 25 a 27 de julho de 2003 (A 1ª parte dos resumos foi publicada na edição anterior, v7nº4, julho/agosto de 2003) Camila Maciel de Oliveira, Jairo Roberto Ferreira Júnior, Raul Dias dos Santos Filho, Ana Paula Marte Chacra, Tânia Leme da Rocha Martinez, Antônio Ricardo Toledo Gagliardi, Clínica de Dislipidemias InCor HC FMUSP e Faculdade de Medicina de Itajubá. Endereco para correspondência: Dra Camila Maciel de Oliveira, Av. São Vicente de Paula, 880/01, 37500-000 Itajubá MG, Tel: (35) 36238392, Email: [email protected] resumos ANAD.pmd 343 Avaliação dos níveis glicêmicos de pacientes acompanhados em ambulatório de referência para dislipidemias Introdução: Diabetes mellitus tipo 2 (DM2) constitui um grupo de doenças metabólicas crônicas caracterizadas por hiperglicemia resultante de defeitos na secreção e/ou no mecanismo de ação da insulina, destacandose como uma das principais causas de dislipidemias secundárias na clínica diária. Objetivos: Comparar o perfil lipídico, o IMC e a circunferência abdominal de pacientes com diagnóstico de intolerância à glicose (IG) ou DM2 e pacientes com níveis glicêmicos dentro da normalidade. Materiais e métodos: Os pacientes foram diagnosticados como IG ou DM-2. Considerou-se obesidade abdominal circunferência superior a 88 cm em mulheres ou 102 cm em homens. O índice de massa corporal (IMC) foi estabelecido a partir da relação entre o peso (kg) e o quadrado da altura (metros) dos pacientes. Resultados: Dos 683 pacientes, 62 (09%) possuíam IG e 141 (20%) DM2. O IMC foi significativamente superior nos grupos IG (29,09 ± 4,82; p < 0,05) e DM2 (29,78 ± 4,97; p < 0,001). Verificou-se circunferência abdominal aumentada em 76% dos casos de DM-2 (p < 0,001) e em 65% de IG. Os níveis de LDL apresentaram-se inferiores no grupo DM-2 (123,5 vs 138,3; p < 0,001) juntamente com os níveis de HDL (45,3 vs. 50,6; p < 0,001), porém TG mostrou elevação significativa quando comparado ao controle (318,5 vs. 190,3; p < 0,001). Conclusões: O grupo DM2 apresentou uma maior proporção de pacientes com obesidade abdominal, hipertensão arterial e síndrome metabólica, além de valores elevados de IMC e níveis de TG quando comparado ao grupo controle. Observou-se ainda níveis reduzidos de HLD-C e LDL-C neste grupo, o que está de acordo com a literatura. 16/10/03, 18:11 344 Resumos do congresso da ANAD - Diabetes Clínica 05 (2003) Fábio Batista*, Michael Pinzur** *Médico, Pós Graduando e Integrante do Setor de Medicina e Cirurgia do Pé da Escola Paulista de Medicina / UNIFESP e Membro do Grupo do Pé Diabético do LESF, Fellow at Loyola University Chicago e Hines Veterans Administration Hospital ( Serviço de Pé Diabético e Amputados), **Professor do Departamento de Ortopedia e Reabilitação da Loyola University Chicago e Chairman do Comitê de Diabetes da American Orthopaedic Foot & Ankle Society Endereço para correspondência: Dr. Fábio Batista, Rua Amambaí 1453, 02115-002 São Paulo, SP, Tel: (11)69549260, E-mail: [email protected] Avaliação do perfil educacional do paciente diabético referente ao cuidado com os pés Introdução: Os pacientes diabéticos estão sob alto risco de desenvolverem lesões nos pés além de grande potencial para a perda parcial ou total do membro inferior. O envolvimento multidisciplinar no cuidado com os pés diabéticos na presença de medidas preventivas e o encorajamento na educação dos pacientes, tem sido proposto como maneira de melhorar os resultados na abordagem dos pés diabéticos. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi avaliar a habilidade do entendimento, compreensão e adesão às instruções dadas aos pacientes diabéticos referentes às complicações e formas de prevenção das lesões que acometem os membros inferiores, sobretudo os pés desses pacientes. Material e Métodos: 200 pacientes adultos e diabéticos foram selecionados aleatoriamente do programa de educação ao paciente diabético, avaliados durante os ambulatórios de pé diabético do Departamento de Ortopedia e Reabilitação da Loyola University Chicago e Hines Veterans Administration Hospital, no que se refere ao cuidado com os pés. A todos os pacientes foi aplicado questionário com 10 questões simples e diretas referentes a passos importantes e cruciais no controle e prevenção das lesões nos pés e eventuais amputações, como lavar os pés diariamente e secá-los bem especialmente entre os dedos; hidratação da pele; auto exame diário dos pés; uso de meias limpas; como cortar as unhas; uso de calçados corretos; controle clínico do diabetes e visitas regulares ao médico familiarizado na abordagem das patologias dos pés. Resultados e Conclusões: Os resultados mostraram que a maioria dos pacientes do estudo, 82%, apresentaram conhecimento satisfatório no que tange às medidas de prevenção da evolução drástica dos pés diabéticos sem controle e seguimento adequado. Concluímos que programas de educação do paciente diabético associado à adequada abordagem terapêutica, faz-se de suma importância no controle e diminuição dos altos índices de amputações decorrentes de complicação do diabetes. Nara Veras Guimarães*, Dra. Renata Pekelman**, Cláudia Graziadei dos Santos***, Geraldo Tcacenco*** Nutricionista, **Médica Geral Comunitária, ***Enfermeira, ****Clínico Geral, Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre, Unidade Sanitária Rubem Berta Endereço para correspondência: Nara Veras Guimarães, Rua Riveira, 485, 90670-160 Porto Alegre, RS, Tel: (51)33323816, E-mail: [email protected] Viva bem com o diabetes Introdução: Este projeto consiste em um conjunto de ações integradas, multidisciplinares, em grupos, que tem por objetivo dar apoio aos pacientes diabéticos e seus familiares, atendidos pela Unidade de Saúde Rubem Berta desde 1999. Objetivos: Dar suporte emocional, educativo e social, que possibilitem incentivar aos pacientes diabéticos e seus familiares a realizar as mudanças no estilo de vida necessárias ao bom controle da doença. Justificativa: Constatamos ao longo dos anos de trabalho em Saúde Pública, que pelo fato do diabetes ser uma doença crônica, cujo tratamento envolve mudanças no estilo de vida, e a necessidade de sustentá-las cotidianamente, tem-se dificuldade em manter a adesão dos pacientes ao tratamento apenas em consultas individuais, gerando conseqüentemente o agravamento da doença. Metodologia: Este trabalho se compõe, no momento, de três espaços grupais diferentes com interesses afins e complementares, por onde os pacientes circulam conforme seus interesses - Viva bem com o Diabetes Este grupo já existe há quatro anos com freqüência quinzenal, e se propõe resumos ANAD.pmd 344 16/10/03, 18:11 Resumos do congresso da ANAD - Diabetes Clínica 05 (2003) 345 a dar suporte emocional e educativo aos pacientes diabéticos e seus familiares através de dinâmicas de grupo, trabalhos corporais, relato e troca de experiências, dramatizações, palestras e atividades educativas. Conta atualmente com 20 participantes. Continuação - Oficina de culinária terapêutica Espaço de grupo onde nos propomos a trabalhar e viabilizar na prática, mudanças de hábitos alimentares. Trocamos e experimentamos receitas de pratos adequados à prevenção e tratamento do diabetes, da hipertensão, obesidade e dislipidemias utilizando a cozinha como espaço pedagógico. A freqüência é mensal. - Ginástica terapêutica Reúne exercícios físicos específicos e especializados a pessoas com diabetes, doenças osteomusculares, cardiovasculares e outros. Após os exercícios são realizadas palestras interativas sobre temas relevantes de saúde. A freqüência é semanal. Paula Helena Ortiz Lima*, Débora Cristina Damasceno, Gustavo Tadeo Volpato, Kleber Eduardo de Campos, Maricelma Silva Soares Souza, Sílvio Fernando Guideti Marques *Bióloga, Unesp-Botucatu SP Endereço para correspondência: Paula Helena Ortiz Lima, Rua Mariana Jaquieta Santos, 336/ casa 03, 18600-00 Botucatu, SP, Tel: (14) 68246296, E-mail: [email protected] Fatores que interferem na via de sinalização de insulina para o transporte de glicose intracelular Introdução: O receptor de insulina pertence à família de receptores com atividade tirosina-quinase intrínseca. Após a ligação da insulina, seu receptor sofre autofosforilação em múltiplos resíduos de tirosina, resultando na ativação da quinase do receptor e conseqüente fosforilação do substrato do receptor de insulina (IRS).A fosforilação e as interações proteína-proteína utilizadas pela insulina são fundamentais para transmitir o sinal do receptor em direção aos efeitos celulares finais, dentre eles a translocação de vesículas contendo GLUT4 do “pool” intracelular para membrana plasmática e ativação da síntese de proteínas e glicogênio. Objetivo: O objetivo desta revisão foi investigar os fatores que podem interferir na via de sinalização insulínica, levando à resistência à insulina e ao Diabetes mellitus tipo 2 Metodologia: Foram analisados os artigos relevantes que contribuíam para esclarecimento dos interruptores da via de sinalização insulínica para o transporte de glicose intracelular. Discussão: A fosfatidilinositol-3-quinase (PI3-quinase) apresenta um importante papel na translocação do GLUT-4. Em indivíduos obesos, resistentes à insulina e com diabete, a ativação da PI3quinase pela insulina é reduzida. O principal defeito na sinalização pode estar na seqüência proximal para a ativação da PI3-quinase. Isto se deve à concentração de fosforilação no receptor insulínico e da IRS-1, que também está diminuída em indivíduos com obesidade e naqueles com diabete. A inibição da Rad também pode inibir a translocação das vesículas de GLUT-4, embora esta enzima se encontre aumentada na musculatura de pacientes diabéticos tipo 2. Conclusão: Perturbações na função insulínica e/ou no comando da secreção, tais como inibição da sinalização do receptor, aumento crônico da concentração de ácidos graxos livres e de glicose, alteração da glicólise e fosforilação do receptor em serina, contribuem para a má translocação do GLUT-4 intracelular e diminuição da capacidade de fosforilação do receptor em tirosina. Conseqüentemente, podendo causar resistência à insulina e Diabetes mellitus Tipo 2. resumos ANAD.pmd 345 16/10/03, 18:11 346 Resumos do congresso da ANAD - Diabetes Clínica 05 (2003) Paulo Sérgio da Silva Santos*, Walmyr Ribeiro de Mello *Cirurgião Dentista, Santa Casa de São Paulo Endereço para correspondência: Dr. Paulo Sérgio da Silva Santos, Av. Dr. Altino Arantes, 648/101, 04042-003 São Paulo, SP, Tel: (11)36669683, E-mail: [email protected] Uso do selante de fibrina em cirurgia bucal de paciente diabético Introdução: Uma das principais preocupações do cirurgião dentista frente a um procedimento cirúrgico em paciente diabético é a reparação tecidual. Na busca de aperfeiçoamento desta reparação, além dos cuidados cirúrgicos convencionais optou-se pelo uso do selante de fibrina para aceleração da cicatrização. Objetivo: O objetivo deste trabalho é demonstrar a eficiência da reparação tecidual quando utilizado o selante de fibrina em cirurgia odontológica. Metodologia: Selecionada uma paciente portadora de DM tipo II (mal controlada) e Mieloma Múltiplo, com quadro de periodontite severa, submetida à exodontias múltiplas (4 elementos), sendo aplicado no trans-operatório o selante de fibrina em cavidades cirúrgicas. Resultados: A paciente apresentou pós-operatório sem sangramentos e reparação tecidual em 15 dias. Conclusão: A utilização do produto em loja cirúrgica bucal de paciente diabético proporciona aceleração do processo de reparação tecidual. Pedro Osmar Flores de Noronha Figueiredo*, Jane Dullius A consciência corporal como facilitadora na adesão ao tratamento do diabetes *Licenciado Educação Física-UnB; Monitor PROAFIDI, Brasília, DF Introdução: Neste estudo buscaremos nos ater à exploração do ser humano integral, sua relação com o diabetes, e como o diabetes é parte integrante desse ser humano. Exploramos como, a partir da consciência corporal, podemos perceber o diabetes, aceitá-lo como participante e compreendermos os benefícios de aderir um estilo de vida mais condizente com nossa realidade corporal, através de uma adesão consciente, interiorizada e comprometida com um tratamento que vise um real estado de saúde e bem estar. Demonstrar que, ao participarem de um programa de atividades físicas diversificadas e orientadas, o diabético desenvolve uma melhor percepção corporal e, conseqüentemente, amplia seus comportamentos de autocuidados em relação a diabetes e sua adesão ao tratamento. Metodologia: Pesquisa exploratória utilizando coleta de dados por meio de questionário qualitativo estruturado aplicado a 20 diabéticos tipos 1 e 2, participantes regulares do PROAFIDI há no mínimo um mês. Resultados: Após participarem do PROAFIDI, os diabéticos perceberam a importância em anotar as diversas variáveis que influenciam a glicemia, além de perceberem cada vez mais, por si próprios, quando estava alta ou baixa. Passaram a se considerar mais conscientes e cuidadosos, respeitando mais seu próprio corpo e comprometimento com o tratamento. Os participantes perceberam uma contínua alteração em sua própria-percepção, interferindo positivamente no autocontrole e na adequada adesão. Ao ingressarem, os participantes se consideravam 50% responsáveis pelo seu tratamento, hoje se consideram 86,70% responsáveis. Endereço para correspondência: Pedro Osmar Flores de Noronha Figueiredo, SHIN QL 09 conjunto 02 casa 15 Lago Norte, 71515-225 Brasilia, DF, Tel: (61)3682790, E-mail: [email protected] Conclusão: Ficou constatado que os participantes aumentaram sensivelmente sua própria-percepção, auxiliando-os na adesão a um tratamento adequado. resumos ANAD.pmd 346 16/10/03, 18:11 Resumos do congresso da ANAD - Diabetes Clínica 05 (2003) Raphael del Roio Liberatore Junior, Luis Alberto de Souza Ciorlia, Adriana Mendonça Caetano, Janaina Amoriele, Sabrina Fernandes Rodrigues Atividades institucionais - Centro Integrado de Medicina Ocupacional e Preventiva Endereço para correspondência: Dr. Raphael del Roio Liberatore Junior, Av. Alberto Andalo, 3342, 15015-000 S. José do Rio Preto SP, Tel: (17) 231-1124, E-mail: [email protected] 347 Controle do diabetes em convenio médico - Experiência com o tratamento por equipe multiprofissional Introdução: A literatura é bastante redundante em relação à importância do controle metabólico de portadores de diabetes mellitus. A redução da ocorrência de complicações, tanto agudas como crônicas, norteiam a formação de equipes multiprofissionais para o tratamento de diabéticos. Objetivos: Este trabalho tem por objetivo mostrar a experiência e os resultados iniciais após 5 meses de funcionamento de um programa multiprofissional de atendimento de diabéticos fundado, mantido e coordenado por um convênio médico não governamental. Metodologia: Todos os resultados de glicemias e de hemoglobinas glicosiladas realizadas nos usuários do convênio foram resgatados junto aos laboratórios de apoio. Os indivíduos que apresentaram valores acima de 126 mg/dl de glicemia e todos os que realizaram dosagem de hemoglobina glicosilada foram inicialmente resgatados e posteriormente pareados. Resultados: 652 portadores de diabetes foram convocados para participarem do programa e destes, 196 iniciaram as aulas de orientação e 91 usuários completaram as aulas e estão em seguimento. A média de hemoglobina glicosilada inicial era de 11,4% (método de micro-colunas, valor normal de 4,6 a 7,2). Neste grupo, em 40 usuários (que colheram nova amostra de HbA1c), após 5 meses de seguimento a média de hemoglobina glicosilada reduziu-se para 10,3%. Conclusâo: A formação de equipes multriprofissionais pelos convênios médicos pode promover não apenas uma melhora das condições de vida de seus usuários, mas também uma importante redução nos gastos futuros com o tratamento das complicações. Raul Corrêa Silva Alves Bragança*, Jane Dullius *Acadêmico de Educação Física UnB, monitor do PROAFIDI Endereço para correspondência: Raul Corrêa Silva Alves Bragança, Rua 42 Casa 21, 70.000 São Sebastião DF, Tel: (61)335.8241, E-mail: [email protected] resumos ANAD.pmd 347 Perfil das crianças participantes do PROAFIDI–UnB Introdução: É importante levantar parâmetros que direcionem nosso atendimento a fim de estabelecermos estratégia eficaz de trabalho. Objetivamos verificar perfil das crianças participantes do Programa Orientado de Atividades Físicas para Diabéticos (PROAFIDI). Metodologia: Questionário fechado respondido por 08 crianças (marçomaio/2003). Dados cadastrais relativos às aulas coletados pelos pesquisadores. Resultados: Idade: 09–12 anos (média: 10±1); tempo de diabetes: 1–10 (média: 5±3); série escolar: 3a–6a; número de aulas: 3–41 (média: 24±13); freqüência média: 2x/sem. Esquema de insulinização: NPH/Lenta manhã e noite, ajustes freqüentes com UR/R – 50%; NPH/Lenta 3X/dia, ajustes freqüentes com UR/R – 25%; Glargina 1X/dia – 25%; média aplicações/ dia: 1x = 12,5%, 3x = 50%, 4x = 25%, 5x = 12,5%; média unidades/dia: 16–62 (média: 32±16). 62,5% fazem 6 refeições/dia, demais 3 a 5 refeições. Declaram fazer média 5 aferições glicêmicas/dia. Atividades físicas mais solicitadas: escalada, piscina, bicicleta, brincadeiras de correr, acrobacias, dança, tênis/bete, capoeira. Assuntos mais requeridos para debates: festaslanches, alimentação, alimentos-diet, insulinização, histórias de diabéticos. Todos afirmaram gostar de participar do PROAFIDI e que este ajuda no controle do diabetes, 75% gostam muito e 62,5% que ajuda muito. Glicemia Inicial: 48–495 (média 200 ± 53) mg/dl. Glicemia Final: 36–434 (média 139 ±3 8) mg/dl. 16/10/03, 18:11 348 Resumos do congresso da ANAD - Diabetes Clínica 05 (2003) Conclusão: Estes resultados serviram para observar assuntos e atividades de maior interesse, diferenças nos tratamentos, variações nas glicemias, não sendo possível supor seus valores, e motivações das crianças pelo PROAFIDI. Continuação Renata Giudice de Oliveira*, Vanessa Ferreira Matsuoka, Luciana Tavares de Almeida, Maria Beatriz Sayeg Freire * Nutricionista - Samcil Planos de Saúde, SP Endereço para correspondência: Renata Giudice de Oliveira, Av. Guilherme Giorgi, 404, 03422-000 São Paulo SP, Tel: (11) 33512949, E-mail: [email protected] Diabetes tipo 2: colocando em prática a educação e promoção da saúde Introdução: O indivíduo com diabetes não tem um órgão adoecido, mas está doente como um todo e a presença desta patologia traz consigo alterações e transformações não só orgânicas como também no modo de vida e nas relações sociais destas pessoas. Visando contribuir para que o indivíduo com diabetes possa lidar melhor com a doença, um Plano de Saúde em São Paulo criou um espaço para a abordagem do diabetes em grupo de orientação com equipe multidisciplinar. Objetivos: Avaliar as impressões dos pacientes sobre sua participação em grupo de orientação,conhecer a opinião destes pacientes sobre a formatação e o conteúdo das reuniões e sobre as contribuições dadas pela equipe ao processo educativo. Metodologia: Foram realizados 10 encontros com periodicidade quinzenal, contando com a participação de 29 pacientes de ambos os sexos divididos em dois grupos de 15. Ao término da intervenção foi aplicado um questionário a fim de conhecer a opinião dos pacientes sobre os elementos acima citados e também para a mensuração informal de eventuais mudanças de comportamento. Resultados: 69% dos participantes consideraram o número de reuniões razoável, 70% acharam proveitosa a duração da reunião; 81% consideraram oportunas as ligações feitas pelos profissionais para lembrá-los sobre as reuniões; 65% nunca haviam participado de grupos de diabetes anteriormente; 96% dos pacientes referem ter aprendido alguma coisa nova durante a intervenção e mudado algum elemento em sua alimentação. 81% acreditam que houve melhoria no seu estado de saúde em geral, sendo que 92% passaram a cuidar mais dos pés. 73% dos pacientes referem identificar os sintomas de hipo e hiperglicemia. Conclusão: O grupo foi bem aceito pelos participantes quanto ao conteúdo e quanto à formatação sendo uma ferramenta interessante no controle do diabetes por considerar o indivíduo diabético parte da equipe de tratamento. Renata Giudice de Oliveira*, Maria Beatriz Sayeg Freire, Vanessa Ferreira Matsuoka, Luciana Tavares de Almeida, Alessandra Nunes Faria, Vivian Goes Bezerra, Mário Gonçalves Lhano * Nutricionista - Samcil Planos de Saúde, SP Endereço para correspondência: Renata Giudice de Oliveira, Av. Guilherme Giorgi, 404, 03422-000 São Paulo, SP, Tel: (11) 33512949, E-mail: [email protected] resumos ANAD.pmd 348 Avaliação de parâmetros antropométricos e hemoglobina glicosilada (HbA1c) de pacientes atendidos em grupo de orientação em diabetes tipo 2 Introdução: Desde agosto de 2001, tem-se realizado um trabalho multidisciplinar com pacientes diabéticos associados a um Plano de Saúde em São Paulo. Foi montado um Serviço de Diabetologia, dividido em Ambulatório para atendimento individual e Grupos de Orientação para o acompanhamento em equipe formada por médico, nutricionista e psicóloga. Este trabalho descreverá os resultados de dois grupos realizados na instituição. Objetivos: Descrever o perfil dos pacientes do grupo, descrever o trabalho multidisciplinar realizado pela equipe e avaliar a evolução de parâmetros antropométricos e HbA1c. 16/10/03, 18:11 Resumos do congresso da ANAD - Diabetes Clínica 05 (2003) 349 Metodologia: Foi elaborado um programa com 10 reuniões quinzenais enfocando temas como alimentação, medicamentos, complicações e atividade física. Os pacientes realizavam a cada reunião uma pré-consulta de enfermagem para verificar o peso, a altura, a glicemia capilar e a pressão arterial. Após a palestra, os pacientes eram avaliados pelo médico para a verificação de exames e ajustes de medicação. Os exames de HbA1c foram solicitados no início e no término da intervenção ou obtidos através dos prontuários de consultas individuais. Resultados: Foram avaliados 19 pacientes, com idade média de 61,3 anos. Não houve variação significante do peso e da pressão arterial. A HbA1c média no início foi de 8,92% e no final foi de 7,78%, sendo marginalmente significante. No início da intervenção 42,1% dos pacientes estava com a HbA1c dentro dos valores de referência do método (5,3-8,0%) e no final, 73,68% dos participantes encontravam-se dentro destes valores. Continuação Conclusão: O trabalho em grupo multidisciplinar é uma estratégia válida para a melhoria do controle glicêmico de portadores de diabetes tipo 2. Rita Batista Santos Modelos de autocuidado em diabetes mellitus Enfermeira, Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ Introdução: Estudo sobre as representações, opiniões e atitudes dos sujeitos sobre o diabetes mellitus (DM) e a relação entre seu autocuidado e trabalho permitiu a construção de categorias teóricas e abstratas, subdivididas em subcategorias. Metodologia: Estudo de caso qualitativo com 7 portadores de DM. Designou-se o nome de flores para apresentar os sujeitos obedecendo a garantia do anonimato e do sigilo das respostas. A coleta de dados deu entre os meses de julho a outubro de 1999. A entrevista, a observação no local de trabalho e o relato oral de vida foram complementados por um diário de campo e pelas informações contidas nos seus prontuários. Dentre outras, as medidas de autocuidado destacaram-se como indícios da representação sobre modelos elementares de explicação sobre o DM e seu autocuidado no trabalho. Procedeu-se à Análise Temática (terceira fase) dos relatos de observação, a transcrição das entrevistas, as análises dos documentos e as demais informações disponíveis.A redação do relatório finalizou a pesquisa com a simples apresentação desses dados e sua interpretação. Resultados: As medidas adotadas para o autocuidado foram realização de exames laboratoriais (7 sujeitos), uso de chás e remédios caseiros (6 sujeitos), seguimento do regime terapêutico (medicamentoso, total de 4 sujeitos), a religião (2 sujeitos) e cuidados com a alimentação (3 sujeitos). Destacaramse os modelos elementares de explicação do DM em contraposição ao modelo biomédico, a saber - modelo exógeno de explicação das formas elementares da doença; disciplina e obediência às orientações da enfermeira; representação em relação ao médico; alimentação e uso de plantas medicinais; e representação do tratamento de cunho religioso ou modelo etiológico e terapêutico mágicoreligioso. Endereço para correspondência: Praia de Botafogo, 484/405, 22250-040 Rio de Janeiro, RJ, Tel: (21) 22465056, E-mail: [email protected] Conclusão: Conclui-se que tais modelos são ponto de partida, desafio e ao mesmo tempo necessidade de compreensão, explicação e atuação da enfermeira para promoção do autocuidado. resumos ANAD.pmd 349 16/10/03, 18:11 350 Resumos do congresso da ANAD - Diabetes Clínica 05 (2003) Rodrigo Eijhi Ito*, Daniel Rotta, Daniel Oliveira, Vivian Fonseca, Gustavo Oliveira, Teresa Bartholomeu, Taís Tinucci, Cláudia Forjaz *Estudante de Educação Física, Escola de Educação Física e Esporte da USP Endereço para correspondência: Rodrigo Eijhi Ito, Av. Prof. Mello Moraes, 65, 05508-900 São Paulo SP, Tel: (11) 30913136, E-mail: [email protected] Risco cardiovascular e prática de atividades físicas de indivíduos diabéticos frequentadores de parque públicos Introdução: Os diabéticos são frequentemente instruídos a praticar exercícios físicos, entretanto torna-se importante avaliar os riscos e benefícios dessa prática, principalmente quando executada sem supervisão. Objetivo: O objetivo desse estudo foi comparar o risco cardiovascular e a prática de atividade física de diabéticos e não diabéticos freqüentadores de parques públicos de São Paulo. Metodologia: Foram avaliadas 749 pessoas em 7 parques, sendo que 56 (7%) tinham diabetes. A avaliação constou de um questionário (dados pessoais, problemas cardíacos, medicamentos, sintomas, fatores de risco e atividade física) e medidas (peso, estatura, pressão arterial, índice cintura/quadril-ICQ). Resultados: Os diabéticos apresentaram incidência significantemente maior de problemas cardíacos (32 vs. 11%), hipertensão (55 vs. 23%), sobrepeso (50 vs. 39%), obesidade (21 vs. 13%) e ICQ médio ou alto (89 vs. 64%). Quanto à atividade física, os diabéticos tinham mais recomendação médica para essa prática (59 vs 32%, P < 0,05), sendo que 77% deles praticavam exercícios regularmente e todos faziam atividades aeróbias. Essa atividade era praticada principalmente com intensidade moderada (60%) e com duração de pelo menos 180 min semanais (56%). Comparando-se os diabéticos bem ativos (41%) e os totalmente sedentários (23%) verificou-se que a prevalência de homens era maior nos ativos e, além disso, os ativos apresentavam menor associação de outros fatores de risco cardiovascular e menos sintomas (13 vs. 54%). Conclusão: Assim como na população diabética geral, os diabéticos que freqüentam os parques públicos apresentam mais risco cardíaco que os indivíduos não diabéticos, entretanto a maior parte desses indivíduos faz atividade física regularmente de forma adequada e, essa prática, mesmo sem supervisão, resulta em menor risco cardiovascular pela redução de sintomas cardiovasculares e da associação de outros fatores de risco. resumos ANAD.pmd 350 16/10/03, 18:11 Pina de Andrade GK et al. / Diabetes Clínica 05 (2003) 351~357 Diabetes Clínica 351 Jornal Multidisciplinar do Diabetes e das Patologias Associadas Diabetes Clínica 05 (2003) 351~357 ARTIGO ORIGINAL Programa de educação alimentar para pacientes diabéticos Alimentar education program for diabetic patients Grasiela Konkolisc Pina de Andrade*, Roberta Panighel Silva**, Erica Cristina da Silva Lopes*** *Nutricionista,**Acadêmica do Curso de Nutrição da Unisc (Centro Universitário São Camilo),***Nutricionista Coordenadora do Departamento de Nutrição da ANAD (Associação Nacional de Assistência ao Diabético) e UGP (Unidade Gerontológica Paulista) Resumo O presente estudo objetivou desenvolver um programa de educação alimentar para diabéticos. Este foi ministrado em 5 encontros, com a participação de 29 associados da ANAD. No primeiro encontro realizou-se avaliação nutricional e aplicação de questionário para caracterizar a população e rastrear dúvidas. Nos encontros seguintes, foram ministradas aulas que abordaram grupos específicos da pirâmide alimentar adaptada ao diabético. O grupo era predominantemente do sexo feminino, idade superior a 55 anos, com diabetes tipo 2 e alta prevalência de sobrepeso/obesidade. Como instrumentos de avaliação, foram utilizadas a assiduidade e a escala hedônica facial, que verificaram a satisfação quanto ao programa; e dinâmicas desenvolvidas em aula, que analisaram a fixação do conteúdo. Nestes três critérios, os encontros foram considerados satisfatórios, o que permite concluir que os objetivos foram atingidos, reforçando a importância de um programa de educação alimentar para diabéticos, pois o esclarecimento das dúvidas dos portadores pode ajudar na melhoria da qualidade de vida. Palavras-chave: Educação alimentar, autocontrole do paciente, qualidade de vida. Abstract The aim of this study is to develop an alimentary education program for diabetic patients. It was ministered in 5 meetings, with the participation of 29 members of ANAD. At the first meeting there was a nutritional evaluation and a questionnaire application to characterize the population and to inquire about doubts. In the following meetings, it was ministered classes that approached specific groups of the alimentary pyramid adapted to diabetic people. The group was mainly of the feminine sex, with 55 years or more, diabetic type 2 and high prevalence of overweight/ obesity. As evaluation instruments, it was used assiduity and facial hedonic scale, that verified the program satisfaction; and dynamics developed in class, that analyzed the fixation of the content. In these three approaches, the meetings were considered satisfactory, what allows to conclude that the objectives were reached, reinforcing the importance of an alimentary education program for diabetic people, because the elucidation of the patient’s doubts can help in the improvement of the life quality. Key-words: Alimentary education, patient’s self-control, life quality. Artigo recebido em 15 de junho de 2003; aceito em 15 de julho de 2003 Endereço para correspondência: Grasiela Konkolisc Pina de Andrade, Rua Professora Altina Maynard de Araújo, 893 Parque São Domingos 05125-040 São Paulo SP, Tel: (11) 3904-2544 / 9875-5267, E-mail: [email protected] artigo 05 Grasiela.pmd 351 16/10/03, 18:11 352 Pina de Andrade GK et al. / Diabetes Clínica 05 (2003) 351~357 Introdução Educação alimentar e diabetes O Diabetes Mellitus tem se tornado um dos maiores problemas de saúde pública deste século [1], uma vez que está associado a complicações que comprometem a produtividade, qualidade de vida e sobrevida dos indivíduos, além de envolver altos custos no seu tratamento e das suas complicações [2,3,4]. O diabetes é uma doença crônico-degenerativa que, atualmente acomete cerca de 150 milhões de pessoas no mundo [5] e estimativas recentes sugerem que o número de diabéticos aumente para 220 milhões até o ano de 2010 [6]. Na América Latina a projeção para este mesmo ano é de mais de 20 milhões de diabéticos diagnosticados [5]. Há alguns anos, o doente crônico era visto com fatalismo e derrota. A partir desse conceito, era considerado um ser incapaz e, deste modo, isolado da própria família e, conseqüentemente, alienado da sociedade. Apesar de ainda não existir cura para certas doenças, há uma preocupação crescente em proporcionar ao indivíduo uma melhor coexistência possível com a sua deficiência [11]. Nos últimos anos houve consideráveis modificações nas recomendações nutricionais para indivíduos com diabetes mellitus. Planos alimentares baseados na avaliação nutricional do indivíduo e no estabelecimento de objetivos terapêuticos específicos, levando em consideração aspectos nutricionais, médicos e psicossociais, substituíram as dietas com distribuição calórica padronizada dos macronutrientes [3,12]. A importância da educação alimentar A educação alimentar é um processo que capacita o indivíduo a aplicar os conhecimentos da ciência da Nutrição e outros relacionados à dieta e saúde na prática alimentar. O objetivo, em longo prazo, é habilitar os indivíduos a tomar decisões sobre nutrição de acordo com conhecimentos científicos, assim como também com seus próprios objetivos, valores, estilo de vida e necessidades fisiológicas e/ou patológicas. O intuito final é a melhora do estado nutricional e da saúde [7]. O papel do nutricionista como educador é, antes de tudo, contribuir para que o homem conquiste condições de vida mais humana, favoráveis ao desenvolvimento pleno das potencialidades físicas, intelectuais, emocionais e espirituais [8]. A educação alimentar é, portanto, um processo poderoso e dinâmico na prevenção e tratamento de diversas patologias e na melhora da saúde do indivíduo [7], sendo apontada como estratégia de ação a ser adotada prioritariamente em saúde pública para conter o avanço de doenças crônico-degenerativas [9]. No entanto, existem algumas limitações no processo de educação em saúde e nutrição que acarretam na pouca efetividade de alguns programas como agentes de mudança do comportamento alimentar inadequado. Isto se deve a alguns fatores como: inexistência de uma filosofia de educação em Nutrição abrangente. O que resulta em atividades e mensagens conflitantes, competitivas e superpostas, que geram confusão e apatia; o reconhecimento inadequado da necessidade de promover educação em Nutrição considerando as características sócio-econômico-culturais da população; desenvolvimento de programas com o objetivo exclusivo apenas de fornecer informação; conteúdos que não correspondem às necessidades sentidas pela população-alvo; transmissão de mensagens que freqüentemente não atingem o receptor, em função da utilização inadequada de métodos e recursos de ensino [10]. artigo 05 Grasiela.pmd 352 O diabetes é uma doença pela qual os indivíduos são responsáveis por 95% dos seus próprios cuidados, por isso, é importante que eles adquiram conhecimentos sobre as ferramentas de autocuidado para as decisões diárias. Assim sendo, o objetivo geral da orientação nutricional é auxiliar o indivíduo a fazer mudanças em seus hábitos alimentares, favorecendo o melhor controle metabólico [13]. Sem dúvida é através da educação que os pacientes poderão melhorar a sua qualidade de vida, permitindo sua plena integração na sociedade, com vantagens econômicas para ambos, o paciente e a sociedade [11]. Deve-se considerar que os conhecimentos e habilidades necessários para executar as recomendações nutricionais não podem ser adquiridos em uma sessão e, portanto, a educação alimentar deve ser um componente em andamento do cuidado do diabetes [14]. Mudança no estilo de vida é difícil de ser obtida, mas pode ocorrer se houver uma estimulação constante ao longo do acompanhamento, não apenas na primeira consulta [3]. A utilização da pirâmide alimentar destinada a população em geral, como forma de orientação para a escolha de uma dieta nutricionalmente adequada, é a mais freqüente escolha entre os nutricionistas e educadores em saúde, uma vez que a educação alimentar em diabetes preconiza basicamente uma dieta equilibra