UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE ENFERMAGEM Glauber Henrique Firme Santos Marcella Batista Mourão Noelle Elvira Bezerra Costa ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO PROCESSO DE REABILITAÇÃO DO PACIENTE COM LESÃO RAQUIMEDULAR: Uma Revisão Bibliográfica Governador Valadares 2009 GLAUBER HENRIQUE FIRME SANTOS MARCELLA BATISTA MOURÃO NOELLE ELVIRA BEZERRA COSTA ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO PROCESSO DE REABILITAÇÃO DO PACIENTE COM LESÃO RAQUIMEDULAR: Uma Revisão Bibliográfica Monografia para obtenção do grau de bacharel em Enfermagem, apresentada à Faculdade de Ciência da Saúde da Universidade Vale do Rio Doce Orientadora: Débora Moraes Coelho Governador Valadares 2009 GLAUBER HENRIQUE FIRME SANTOS MARCELLA BATISTA MOURÃO NOELLE ELVIRA BEZERRA COSTA ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO PROCESSO DE REABILITAÇÃO DO PACIENTE COM LESÃO RAQUIMEDULAR: Uma Revisão Bibliográfica Monografia para obtenção do grau de bacharel em Enfermagem, apresentada à Faculdade de Ciência da Saúde da Universidade Vale do Rio Doce Governador Valadares, 26 de novembro de 2009. Banca Examinadora Profª. Enfª. Débora Moraes Coelho - Orientadora Universidade Vale do Rio Doce Profª. Enfª. Clarisse Viana Alves Coelho Universidade Vale do Rio Doce Profª. Enfª. Sandra Maria da Silva Universidade Vale do Rio Doce Enfª. Aline Valeria de Souza Hospital São Lucas Dedicamos àquelas pessoas que acreditaram em nós, em especial a nossa família que em tudo nos apoiou, aos amigos da faculdade pela oportunidade de sonharmos juntos, aos professores por compartilhar o conhecimento e acima de tudo a Deus que é tudo nas nossas vidas. AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, o nosso Deus, que foi, é e será o nosso abrigo seguro, a todos os nossos familiares, pais, mães, irmãos e irmãs, avós, tios, primos, amigos, acima de tudo pela confiança e incentivo que nos deram e por serem o nosso refúgio. Aos colegas de faculdade, pela receptividade, pela amizade e acima de tudo por compartilharem conosco a experiência do aprender. Aos professores, verdadeiros mestres que tão bem nos prepararam para começar essa etapa de nossas vidas, por ministrarem tão bem o saber, proporcionando-nos o conhecimento. A nossa orientadora Débora M. Coelho, que não hesitou em nos ajudar a construir o nosso tão difícil e empolgante trabalho. E a todos que, direta ou indiretamente, ou mesmo no anonimato deixaram sua parcela de contribuição para a conclusão desse trabalho. “Quem decidir se colocar como juiz da verdade e do conhecimento é naufragado pela gargalhada dos deuses.” Albert Einstein RESUMO O trauma raquimedular é um problema de saúde pública que afeta inteiramente o meio familiar. Vem crescendo de forma assustadora no Brasil e no mundo, gerando diversas complicações, principalmente sociais e econômicas. O estudo, de natureza descritiva, visou detectar quais os principais agravos de saúde que a lesão medular causa no paciente portador desse trauma, descrever as atividades desenvolvidas pelo enfermeiro diante do processo de reabilitação desses pacientes e ainda identificar os diagnósticos de enfermagem segundo diagnóstico de NANDA. Tanto os problemas de saúde quanto às intervenções e prescrições de enfermagem foram obtidos de uma ampla lista de artigos, teses de mestrado, periódicos e livros associados, que foram analisados e descritos no presente trabalho. O trauma raquimedular independe de idade, gênero, raça, entre outras variáveis, o que facilita o seu acometimento. Dados revelam que a prevalência é de quatro homens para uma mulher com idade entre 18 a 35 anos. As principais causas são: acidentes automobilísticos, perfuração com arma de fogo, mergulho em águas rasas, quedas em geral, entre outros. Muitos estudos têm sido realizados para o avanço no tratamento desses pacientes. A enfermagem tem um papel fundamental na orientação, reabilitação e na aplicação de ações que geram maior qualidade de vida para esses pacientes e seus familiares. Palavras-Chaves: Lesão medular. Reabilitação. Atuação da enfermagem. ABSTRACT The spinal cord injury is a public health problem that affects entirely the family. It has been growing at an alarming rate in Brazil and the world, with several complications, mainly social and economic. The descriptive study aimed to detect the main grievances of the health issue in spinal cord injury patient with this trauma, describe the activities undertaken by nurses on the rehabilitation of these patients and identify the nursing diagnoses of NANDA diagnosis seconds. Both the health problems of interventions and nursing prescriptions were obtained from a comprehensive list of articles, masters theses, periodicals and books related, which were analyzed and reported here. The spinal cord injury depend on age, gender, race and other variables, which facilitates their involvement. Data show that the prevalence is four men to one woman aged between 18 and 35 years. The major causes are accidents, perforation with firearms, diving in shallow waters, decreases in general and others. Many studies have been done to advance in the treatment of these patients. Nursing has a key role in guidance, rehabilitation and implementation of actions that generate higher quality of life for these patients and their families. Keywords: Spinal cord injury. Rehabilitation. Nursing activities. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9 2 TRAUMA ................................................................................................................ 12 3 LESÃO MEDULAR ................................................................................................ 14 3.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL ........................................ 15 3.2 TIPOS DE LESÃO MEDULAR ............................................................................ 16 3.3 EPIDEMIOLOGIA ................................................................................................ 20 4 ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITAÇÃO 22 5 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM ......................... 26 5.1 ÚLCERA POR PRESSÃO ................................................................................... 26 5.2 DISFUNÇÃO INTESTINAL.................................................................................. 29 4.3 DISFUNÇÃO URINÁRIA ..................................................................................... 31 5.4 DISREFLEXIA AUTONÔMICA ............................................................................ 34 5.5 TROMBOSE ........................................................................................................ 36 5.6 EMBOLIA PULMONAR ....................................................................................... 37 5.7 DISTÚRBIOS DO HUMOR.................................................................................. 38 6 DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA .................................... 40 7 METODOLOGIA .................................................................................................... 44 8 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 45 REFERENCIAS ......................................................................................................... 47 9 1 INTRODUÇÃO O termo lesão medular é utilizado para se referir a qualquer tipo de lesão que ocorre nos elementos neurais que pertencem aos nervos, localizados dentro do canal da espinha dorsal, o canal medular. A maior parte das lesões medulares acontece devido a um traumatismo da coluna vertebral. Os traumas podem causar uma fratura do osso vertebral e acarretar uma compressão medular, ou uma ruptura dos ligamentos vertebrais com deslocamento dos ossos da coluna e pinçamento da coluna. O traumatismo também pode causar uma contusão da medula, acompanhada de edema, com hemorragia ou não, podendo provocar o rompimento da medula e suas raízes nervosas (RIBAS FILHO, 2002). A lesão pode ser completa ou incompleta. A lesão é completa quando não existe movimento voluntário abaixo do nível da lesão, e é incompleta quando há algum movimento voluntário ou sensação abaixo do nível da lesão. A medula pode também ser lesada por doenças como, por exemplo, hemorragias, tumores e infecções por vírus, afirma Brunner (2002). O aumento do contingente de deficientes físicos, especialmente o dos portadores de lesão raquimedular, é um fato alarmante no mundo atual. Na maioria dos casos essas lesões têm origem traumática, como a perfuração por arma de fogo (PAF), acidente automobilístico e queda, sendo as causas externas mais frequentes no Brasil (SPOSITO et al., 1986; SANTOS, 1989; FARO, 1991). Brunner (2002) mostra que a proporção mundial é de 9 a 50 casos por 1 milhão de pessoas, acometendo principalmente jovens com idade entre 18 e 35 anos. Segundo estudos já realizados observa-se a predominância masculina em relação ao sexo feminino na proporção de quatro homens lesionados para cada mulher (OLIVEIRA et al., 1996; DEFINO, 1999; MELLO et al., 2004). Estudos realizados na Rede Sarah (2002) mostraram que as complicações mais comuns encontradas em pacientes com lesão medular são as úlceras por pressão, disfunção urinária, disfunção intestinal, disreflexia autonômica, trombose, embolia pulmonar, distúrbios do humor e autoestima. Santos (1989) estudou os aspectos epidemiológicos do trauma raquimedular e apontou a necessidade de preparo mais específico do enfermeiro 10 para assistir esse tipo de população, já que o paciente pode apresentar sequelas associadas à essa lesão. Esse trauma é um evento grave, requerendo um planejamento cuidadoso de reabilitação, pelo qual os pacientes ficam parcialmente ou totalmente dependentes dos cuidados para executar as atividades diárias de vida (RIBAS FILHO, 2002). A reabilitação é um processo dinâmico, orientado para a saúde, que auxilia um indivíduo que está enfermo ou incapacitado para atingir seu maior nível possível de funcionamento físico, mental, espiritual, social e econômico. De acordo com Brunner (2002), o processo de reabilitação ajuda a pessoa a atingir uma aceitável qualidade de vida com dignidade, autoestima e independência. De acordo com Faro (1996) a reabilitação faz parte dos cuidados de enfermagem enquanto um modelo assistencial, bem como uma especialidade. Conforme Demenech (1989), os esforços da reabilitação devem começar na fase inicial da lesão medular. A prevenção das complicações é de responsabilidade da enfermagem, sobretudo do enfermeiro, cujo cuidado físico assume grande importância. Foram considerados pelos enfermeiros, higiene e o conforto físico, mudança de decúbito e a reeducação vesical como cuidados imprescindíveis na prevenção de sequelas físicas no paciente com lesão medular. Segundo Sposito et al. (1986), os recursos modernos da medicina e o desenvolvimento de novas técnicas na assistência de enfermagem e fisioterapia, para esta clientela, têm permitido que um número cada vez maior desses pacientes consiga superar a fase aguda do trauma raquimedular. Considerando a gravidade desses casos e a grande dependência dos cuidados de enfermagem, exigiu-se desenvolver um estudo sobre a atuação do enfermeiro no processo de reabilitação do paciente com lesão medular, tornando-se relevante aprofundar conhecimentos que possam contribuir para nortear as ações de enfermagem, com a finalidade de prestar uma assistência especializada ao paciente lesado medular, promovendo a recuperação da sua saúde, auxiliando na reabilitação e prevenindo complicações, possibilitando, assim, que o mesmo reassuma sua autonomia, com retorno ao seu ambiente social. O objetivo deste estudo é refletir a atuação da equipe de enfermagem frente aos problemas causados em pacientes com lesão raquimedular, assim como as consequências dessa lesão na vida da vítima, com intuito de destacar e 11 descrever as principais atividades desenvolvidas pelo enfermeiro diante do processo de reabilitação desses pacientes, e ainda identificar os diagnósticos de enfermagem dos pacientes com lesão traumática, segundo diagnóstico de American Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008). 12 2 TRAUMA Ribas Filho (2002) define o trauma como uma entidade caracterizada por alterações estruturais ou desequilíbrio fisiológico do organismo, induzido pela troca de energia entre os tecidos e o meio. É uma lesão de extensão, intensidade e gravidade variáveis que pode ser produzida por agentes diversos (físicos, químicos, psíquicos, etc), e de forma acidental ou intencional, instantânea ou prolongada, em que o poder do agente agressor supera a resistência encontrada (FERREIRA, 1986). Atualmente, o trauma está sendo visto como o mal do século, representando um grande problema de ordem sócioeconômica que acompanha o homem desde suas origens. É um reflexo da evolução da humanidade e o problema de saúde mais antigo do qual o homem tem sido vítima. Constitui uma doença multissistêmica de caráter endêmico na sociedade moderna (FARO, 1996). Aproximadamente 60 milhões de pessoas sofrem algum tipo de traumatismo ao ano, contribuindo com uma em cada seis internações hospitalares. Este fato demonstra que o trauma constitui um dos principais problemas de saúde pública em todos os países, independente do desenvolvimento sócioeconômico, e corresponde à terceira causa de mortalidade no mundo, superado apenas pelas neoplasias e doenças cardiovasculares (HOYT et al., 2003). Os dados do Brasil (2006), corrobora com os de Hoyt et al. (2003),ao dizer que nos países desenvolvidos e no Brasil o trauma representa a terceira causa de morte, depois das doenças cardiovasculares e neoplasias, onde em 2005, 58.969 adultos entre 20 e 39 anos morreram em decorrência de trauma. Além dos milhares de indivíduos que morrem devido ao traumatismo, existem centenas de milhares de sequelados definitivos entre os quais se situam paraplégicos, tetraplégicos, cegos, amputados, entre outros (BRUNNER, 2002). Em razão da magnitude dos problemas decorrentes dos eventos traumáticos, este merece uma atenção especial em todos os níveis de assistência à saúde, principalmente na reabilitação, sendo também de fundamental importância a pesquisa em trauma para o avanço do conhecimento e obtenção de melhores resultados no tratamento dessa devastadora doença, afirma Tonello (1999). 13 A prevenção é a melhor conduta para essa realidade, porém quando ela ainda não é suficiente ou ainda não houve sensibilização da população e dos diversos segmentos da sociedade, algumas medidas mostram-se eficazes, como a criação dos serviços de atendimento pré-hospitalar e o treinamento dos profissionais da saúde para atuar no processo de reabilitação dos pacientes que adquiriram algum tipo de sequela (FARO, 1996). 14 3 LESÃO MEDULAR A lesão medular espinhal (LME) está entre as lesões mais graves que uma pessoa pode ter como experiência. Os efeitos pessoais e sociais são profundamente significantes, pois conferem incapacidade permanente a essas pessoas que são, em sua maioria, adultos e jovens (BRUNNER, 2002). O trauma raquimedular é uma agressão recebida na medula espinhal e pode ter uma variedade de etiologia, sendo traumática: infecciosa, tumoral, vascular, entre outras (BRUNNER, 2002). A medula pode ser lesada por corpos estranhos ou por processos relacionados a uma vascularização deficiente, levando à isquemia, hipóxia, edema, causando danos à mielina e aos axônios, conclui Smeltzer & Bare (1994). Os mesmos autores afirmam que, frequentemente, as vértebras mais envolvidas são a 5ª e a 7ª cervicais, a 12ª torácica e a 1ª lombar. Tais vértebras são as mais suscetíveis, pois há uma grande faixa de mobilidade nessas áreas da coluna. Segundo Staas et al. (1992) e Machado (1993), a agressão traumática na medula espinhal pode resultar em alterações da função motora, sensitiva e autonômica, além das psicossomáticas. A lesão raquimedular, apesar de não se constituir uma doença propriamente dita, agride fisicamente o corpo e de forma inesperada limita ou mesmo anula o uso e o controle das funções orgânicas. As perdas da condição saudável, de papéis e responsabilidades provocam mudanças nos hábitos e no estilo de vida do indivíduo e exige que o mesmo atribua novos significados à sua existência, adaptando-se às limitações físicas e às novas condições geradas, afirma Scramin (2006). Além de sua gravidade e muitas vezes irreversibilidade, a lesão medular exige um programa de reabilitação longo e oneroso, que na maioria dos casos não leva à cura, mas à adaptação do indivíduo à sua nova condição (SANTOS,1989). 15 3.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA MEDULA ESPINHAL Figura 1 – Foto demonstrativa da coluna vertebral. Fonte:Rede Sarah, 2009 Estudando a anatomia e a fisiologia da medula espinhal, Machado (1993) cita que medula significa miolo e indica o que está dentro. A medula espinhal fica dentro do canal vertebral e apresenta características macroscópicas e microscópicas. A observação macroscópica da medula espinhal permite identificar que ela é cilíndrica, ligeiramente achatada ântero posteriormente, tem duas dilatações na sua extensão (intumescência cervical e lombar), mede aproximadamente 45 cm no homem adulto. O limite cervical é com o bulbo e termina geralmente no nível da 2ª vértebra lombar (L2) (MOORE, 2001). 16 Até o 4° mês de gestação a medula ocupa todo o canal vertebral e a partir daí a medula espinhal passa a crescer mais lentamente que a coluna vertebral, exigindo que as raízes nervosas se prolonguem até encontrar os respectivos foramens intervertebrais, formando a calda equina abaixo de L2, define Valença (2009). Esta diferença causada entre o tamanho da medula espinhal e a coluna vertebral determina o afastamento dos segmentos medulares das vértebras correspondentes, como exemplo: se houver lesão da vértebra torácica 12 (T12), o seguimento da medula espinhal atingido será a lombar, e se houver lesão de uma vértebra lombar, somente será afetada a calda eqüina (MOORE, 2001). A medula espinhal é revestida pelas meninges: Dura - mater, aracnóide e pia – mater. (MOORE, 2001). De acordo com Moore (2001), em um corte transversal da medula espinhal pode se observar a substância branca envolvendo a substância cinzenta. Esta última tem a forma de uma borboleta e tem como componente mais importante os neurônios. A sustância branca é repleta de fibras que agrupadas formam os tactos e fascículos, formando as vias por onde passam os impulsos nervosos. Portanto, as vias são formadas pelos prolongamentos dos neurônios e podem ser ascendentes ou descendentes. A importância do conhecimento das características macroscópicas adicionado as microscópicas é determinar as consequências que podem resultar de uma LME em diferentes níveis da Medula espinhal e da coluna vertebral, bem como direcionar o planejamento da assistência ao paciente (SOUZA, 2001). Machado (1993) corrobora com Souza (2001), quando enfatiza que o conhecimento dos aspectos microscópicos é fundamental para a compreensão de que existe correlação entre a localidade anatômica de uma lesão e o sintoma clínico observado. 3.2 TIPOS DE LESÃO MEDULAR Segundo Souza (2001), na avaliação de um paciente com LME, é importante determinar o nível da lesão óssea (coluna vertebral), o nível da lesão 17 neurológica (medula espinhal), o grau de comprometimento da medula espinhal (completo ou incompleto) e o tipo de trauma (contuso ou penetrante). O nível da lesão óssea afetada é determinada de acordo com a altura do comprometimento da coluna vertebral, que é formada em média, por 33 vértebras sendo 7 cervicais, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacrais e 4 ou 5 coccígeas, onde as lesões cervicais altas determinam tetraplegia (paralisia dos quatro membros; nas lesões cervicais baixas, observa-se paralisia dos membros inferiores e das mãos; nas torácicas, a paralisia é de membros inferiores, como demonstra a figura 2 (REDE SARAH, 2009). Segundo American Spinal Injury association - ASIA (1996), para avaliar o nível da lesão óssea, o exame habitualmente utilizado é o RX da coluna espinhal. Figura 2 – Segmentos nervosos Fonte: Rede Sarah, 2009. O nível neurológico é determinado através do exame neurológico que permite aos médicos classificar a lesão medular de uma pessoa dentro de uma extensiva variedade de tipos. Isso ajuda a determinar o prognóstico e estado atual do indivíduo em relação a LME (ASIA, 1996) . O exame neurológico possui tanto os exames obrigatórios quanto as medidas opcionais. Os elementos obrigatórios são usados para determinar o nível 18 neurológico sensitivo e motor gerando a contagem de pontos, e caracterizando o funcionamento sensitivo e motor para determinar se uma lesão é completa ou incompleta. As medidas opcionais, ainda que não sejam utilizadas na contagem, podem adicionar dados a uma descrição clínica do paciente (MACHADO, 1993). O exame tem dois componentes (sensitivo e motor), que são descritos separadamente. A porção requerida do exame sensitivo é completado, utilizando-se o teste da chave dos 28 dermátomos no lado direito e esquerdo do corpo. Em cada um dos pontos da chave dois aspectos da percepção são examinados: sensibilidade ao toque leve e a agulhada. O teste para a sensibilidade é realizado com uma agulha descartável e o toque leve é testado com um algodão (ASIA, 1996). Além do teste bilateral da chave de 28 pontos, o esfíncter anal externo também é testado para ajudar a determinar se uma lesão é completa ou não. Opcional, mas extremamente recomendado, é o exame com os elementos opcionais que incluem a percepção profunda da posição, pressão e dor (MACHADO, 1993). A porção requerida do exame motor é completada através do teste da chave muscular dos 10 miótomos (em ambos os lados do corpo). Como no exame sensitivo, a musculatura externa do esfíncter anal também é testada, para ajudar a determinar se uma lesão é completa ou não. Outros músculos são frequentemente testados mas não alteram a contagem de pontos que determinam o nível motor da lesão ou o grau de lesão. Como garantia, sugere-se que os seguintes músculos sejam testados: (1) diafragma, (2) deltóide e o (3) tendão do bíceps femoral. (ASIA, 1996) De acordo com Lianza et al. (2001), uma lesão completa, no plano transverso, é definida como ausência de função motora e sensitiva nos miótomos e dermátomos inervados pelos segmentos sacrais da medula. Na lesão incompleta há preservação da função motora e/ou sensitiva abaixo do nível neurológico, incluindo os segmentos sacrais. A American Spiral Injury Association (ASIA, 1996) descreveu uma escala de deficiência para definição da extensão das lesões medulares: ASIA A - Completa: nenhuma função sensorial ou motora nos segmentos sacrais, S4-S5. ASIA B - Incompleta: nenhuma função motora, porém alguma função sensorial é preservada abaixo do nível neurológico incluindo os segmentos sacrais,S4-S5. ASIA C - Incompleta: função motora preservada abaixo do nível neurológico e mais 19 da metade dos músculos, chave abaixo do nível neurológico têm grau de força muscular abaixo de 3. ASIA D - Incompleta: função motora preservada abaixo do nível neurológico e pelo menos metade dos músculos, chave abaixo do nível neurológico têm grau de força muscular maior ou igual a 3. ASIA E - Normal: funções motora e sensitiva normais . Para a determinação dos níveis neurológicos e do grau de comprometimento, o paciente deverá ser submetido ao exame físico com avaliação detalhada dos miótomos e dermátomos. ASIA (1996) define miótomo por coleção de fibras musculares inervadas pelo axônio motor dentro de cada raiz, dermátomo refere-se a área da pele inervada pelo axônio sensório dentro de cada raiz. São 10 miótomos e 28 dermátomos de cada lado do corpo. Em geral este exame é realizado na primeira avaliação do paciente e repetido frequentemente para comprovação da estabilidade do nível da lesão. Souza (2001) afirma que o médico é o responsável por esta avaliação na maioria das vezes, porém o enfermeiro é capaz de realizá-la após receber treinamento. Os termos paraplegia e tetraplegia são utilizados para definir e expressar a extensão da lesão medular. Onde paraplegia se refere à diminuição ou perda da função motora e/ou sensitiva dos segmentos torácicos, lombares ou sacrais (porém, não cervicais), secundários dos elementos neurais dentro do canal vertebral. O termo é corretamente usado para descrever lesões da cauda equina e do cone medular, porém não se usa para lesões do plexo lombosacral ou lesões dos nervos periféricos fora do canal neural. E tetraplegia se refere a diminuição ou perda da função motora e/ou sensitiva dos segmentos cervicais devido a lesão dos elementos neurais dentro do canal espinhal. A tetraplegia resulta em diminuição da função dos braços, bem como no tronco, pernas e órgãos pélvicos, não incluem lesões do plexo braquial ou dos nervos periféricos fora do canal neural (ASIA, 1996). O trauma pode ser classificado de acordo com seu mecanismo. Este pode ser contuso ou penetrante, no qual a transferência de energia e a lesão produzida são semelhantes em ambos os tipos de trauma. A única diferença é a perfuração da pele (SOUZA, 2001). 20 O trauma contuso ocorre quando há transferência de energia em uma superfície corporal extensa, não penetrando a pele. Existem dois tipos de forças envolvidas no trauma contuso: cisalhamento e compressão. O cisalhamento acontece quando há uma mudança brusca de velocidade, deslocando uma estrutura ou parte dela, provocando sua laceração. É mais encontrado na desaceleração brusca do que na aceleração brusca. A compressão é quando o impacto comprime uma estrutura ou parte dela sobre outra região provocando a lesão. Esta é frequentemente associada a mecanismos que formam cavidade temporária (BRUNNER, 2002). O trauma penetrante tem como característica a transferência de energia em uma área concentrada, com isso há pouca dispersão de energia provocando laceração da pele. Podendo encontrar objetos fixados no trauma penetrante, as lesões não incluem apenas os tecidos na trajetória do objeto, deve-se suspeitar de movimentos circulares do objeto penetrante. As lesões provocadas por transferência de alta energia, por exemplo, arma de fogo, não se resumem apenas na trajetória do PAF (projétil de arma de fogo), mas também nas estruturas adjacentes que sofreram um deslocamento temporário (BRUNNER, 2002). 3.3 EPIDEMIOLOGIA Em um estudo epidemiológico da LME, Faro et al (1996) mostraram que o número de portadores de lesão medular é um fato alarmante no mundo atual. No início do século XX, cerca de 95% das pessoas com lesão medular ocorrida em guerras morriam em poucas semanas devido a infecções do trato urinário e úlceras de decúbito. Embora a expectativa de vida atual ainda seja mais baixa do que a da população geral, a taxa de mortalidade decresceu drasticamente após a II Grande Guerra, de 30% nos anos 60, para 15% e 6% nas décadas de 1970 e 1980 (HARTKOPP et al., 1997). No Brasil há 130 mil indivíduos portadores de lesão medular e cada ano esta incidência vem aumentando devido aos acidentes automobilísticos e principalmente à violência (LIANZA, 1997). 21 Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE, 2000) revelaram pelo censo do ano 2000 um número crescente de indivíduos com deficiência física, cerca de 24,5 milhões de pessoas, representando 14,5% da população brasileira. Dados citados por Delfino (1999) relatam cerca de seis a oito mil casos de lesão medular por ano no país. Na maioria dos casos, tais lesões têm origem traumática, sendo ocasionado por perfuração por armas de fogo (PAF), acidente automobilístico e quedas, como causas externas mais freqüentes. As vítimas desses traumatismos são predominantemente adultos jovens, com idade variando entre 18 e 35 anos e na proporção de quatro homens para uma mulher (SPOSITO et al., 1986; SANTOS, 1989; FARO, 1991). Muitos estudos epidemiológicos têm sido feitos em todo o Brasil. Esses estudos revelam que as causas do trauma são diferentes em determinadas regiões do país. Na região centro-oeste observa-se uma maior prevalência nos traumas raquimedulares causados por acidentes de trânsito, em média 36 a 38 %; cerca de 30 a 32 % ocorreram por perfuração de arma de fogo (PAF); de 12 a 14 % por quedas e origens não traumáticas, e 8% por mergulho em águas rasas. O estudo mostrou que 58 % dos pacientes tiveram lesão ao nível torácico, 32 % ao nível cervical e apenas 10 % ao nível lombar (NOGUEIRA et al., 2002). Em São Paulo, observa-se uma maior predominância em traumas raquimedulares ocasionados por arma de fogo (30 a 35 %), 17 a 22 % por quedas em geral, e 8 a 13 % ocorre por acidentes de trânsito (FARO et al., 1996). A epidemiologia do trauma em Minas Gerais é diferente, em media 57% das lesões ocorrem por queda de altura, 25 % ocorrem por acidentes de transito, 10% por projétil de arma de fogo, menos de 10% por outros fatores (OLIVEIRA et al., 1996). 22 4 ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM DIANTE DO PROCESSO DE REABILITAÇÃO Para que os pacientes possam ser admitidos em um programa de reabilitação é imprescindível que estejam clinicamente estáveis, o que possibilita a internação na unidade de reabilitação, pois o objetivo é a adaptação destes à nova situação de vida, imposta por sequelas da patologia limitadora de suas funções motoras (SARAH, 2009). O paciente é o elemento chave da equipe de reabilitação. Ele é o foco do esforço da equipe e aquele que determina os resultados finais do processo (BRUNNER, 1993). A família é incorporada à equipe e é reconhecida como um sistema dinâmico que participa como um apoio contínuo, na solução de problemas e aprende a realizar cuidados contínuos necessários (CAFER, 2009). O enfermeiro tem papel expressivo junto aos demais profissionais reabilitadores da equipe, compreendendo uma assistência holística e compartilhada na qual binômio paciente-família tem o seu papel preservado junto à equipe de especialistas, papel este definido em sua expressão clínica e acadêmica, o significado de somar esforços, compartilhar responsabilidades, conhecimento, reconhecer os limites e enfatizar potencialidades e habilidades (GREVE et al, 1992). Cafer (2009) comenta que o enfermeiro reabilitador tem como compromisso garantir às pessoas com deficiências e incapacidades, assistência nos vários níveis de complexidade, utilizando métodos e terapêuticas específicos. Ainda, cabe-lhe subsidiar tecnicamente a implantação de serviços especializados de enfermagem em reabilitação na busca por melhores condições de vida, de integração social e na independência para as atividades básicas da vida diária das pessoas com deficiências, bem como a implementação de assistência especializada, pautada no binômio indivíduo-família frente às incapacidades impostas e, para tanto, na qualidade de um educador (CAFER, 2009). Thomas (1990) e Guerra (2000) citam que o enfermeiro reabilitador tem competência técnica e atitudinal, oriundas da sua prática assistencial e acadêmica, para implementar assistência de qualidade às pessoas com deficiência física, seja em unidades de internação, ambulatórios, domicílio. Estão capacitados para atender 23 aos pacientes com grandes e múltiplas incapacidades decorrentes de lesões medulares. O enfermeiro de reabilitação é especialista no cuidado direto à pessoa com deficiência física e com incapacidade. Esse profissional avalia a condição de saúde do paciente e ajuda a determinar metas a curto, médio e longo prazo (DELISA, 1993). As necessidades dos pacientes são observadas por toda a equipe de reabilitação, para que as ações sejam direcionadas a cada um e também para se ter parâmetro para o dimensionamento de pessoal, considerando o tempo gasto para sua manutenção básica o que, conforme o caso pode exigir por volta de 10 horas diárias de Enfermagem, a quantidade e a qualidade de assistência exigida (GUERRA, 2000). De acordo com Faro (1991), conforme o percurso histórico do enfermeiro de reabilitação e investigações já realizadas cabe a ele, dentro da sua formação, avaliar clinicamente, intervir e acompanhar os resultados de pacientes ou pessoas com deficiências físicas e incapacidades, desde a fase aguda com as seguintes necessidades e/ou demanda por cuidados: - no uso de medidas específicas para a promoção da independência; - no uso de medicamentos; - no uso de equipamentos e adaptações necessárias à comunicação, locomoção, alimentação, eliminações, vestuário e higiene corporal, cuidados dermatológicos, todos eles voltados à reabilitação holística do indivíduo. Os principais problemas e intervenções de Enfermagem no âmbito da reabilitação de deficientes físicos, durante a internação, referem-se à manutenção da integridade física e motora (GREVE et al., 1992). Assim, o enfermeiro deve implementar um programa preventivo e efetivo de mudança de decúbito e posicionamento no leito e na cadeira de rodas, com ênfase para evitar deformidades e/ou úlceras por pressão, sobretudo em membros inferiores e nas regiões mais comuns como a occiptal, sacra, cotovelos, joelhos e calcâneos. A periodicidade para a mudança de decúbito varia entre 2 a 4 horas, bem como os posicionamentos adequados às condições do paciente (MADUREIRA, 2000). Os pacientes devem ser orientados pela equipe de enfermagem, durante a internação, sobre a importância do autocuidado, sobretudo quanto à higiene 24 corporal, alimentação e hidratação, estabelecendo conjuntamente metas dentro das possibilidades do momento (GUERRA, 2000). Destacam-se também o autocuidado voltado à reeducação das eliminações vesicais e intestinais segundo condições funcionais, físico-motoras, sociais e familiares (MADUREIRA, 2000). Tonello (1999) estabelece programas de treinamento ao binômio paciente-família (cuidador familiar). Outras orientações pertinentes à esfera biopsicoespiritual são direcionadas à família e ao paciente, estimulando a participação nos cuidados, reconhecendo os limites e as possibilidades de cada um. A cada nova internação, o enfermeiro executa o Processo de Enfermagem que é constituído de exame físico e entrevista, sendo que a partir daí é realizado o levantamento de dados específicos relacionados à deficiência física e incapacidades que nortearão as ações da Enfermagem especializada para a assistência à pessoa com deficiência física (GEORGE,1993). Durante a entrevista devem ser verificados os hábitos de vida relacionados à alimentação, hidratação, eliminação urinária e intestinal, bem como o padrão atual dessas últimas. (MADUREIRA, 2000). Greve et al. (1992) ressalta que outros dados específicos devem ser identificados, os quais são relacionados à avaliação uro-dinâmica, conhecimento e realização de manobras de esvaziamento vesical, intestinal, cateterismo vesical intermitente – técnica limpa, medicamentos utilizados no momento e habilidades físico-motoras voltadas à manutenção desses hábitos e atreladas às atividades de vida diárias (AVDs), vestuário, transferências, posicionamentos no leito e em cadeira de rodas, além do uso de órteses e verificação da adequação das mesmas. Por meio do exame físico, observa-se também as condições gerais de pele e anexos, presença ou não de deformidades. A avaliação de enfermagem necessita de uma abordagem holística. O estado físico, mental, emocional, espiritual, social e econômico devem ser considerados no ato da internação (GEORGE, 1993). A partir do histórico de enfermagem se estabelecem os problemas levantados e realiza-se a prescrição de enfermagem para nortear as ações da equipe de enfermagem. Através das anotações desenvolvimento dos pacientes (GREVE et al.,1992). que se acompanha o 25 De acordo com Zago (1992) é importante que sejam criadas condições favoráveis à promoção de independência ao paciente. Deve haver percepção pelo enfermeiro reabilitador em saber o que o paciente tem condições de realizar sozinho, mesmo que com dificuldade, e aquilo que há necessidade de auxílio. Segundo Machado (2003) compete ao enfermeiro especializado em reabilitação, como todo profissional enfermeiro, supervisionar e orientar toda equipe de Enfermagem em Reabilitação; realizar escala de folgas e dimensionamento de pessoal; supervisionar e controlar o Processo de Enfermagem e "Primary Nurse", para que se cumpra adequadamente conforme princípios da instituição; realizar avaliação holística do paciente e acompanhamento de seu desenvolvimento na reabilitação; realizar relacionamento terapêutico; integração dos funcionários entre si e com os pacientes; intermediador da enfermagem com os demais componentes da Equipe de reabilitação (fisioterapeuta, fono-audiólogo, terapeuta ocupacional, e outros). Por fim, compete ao enfermeiro planejar reuniões de treinamento e aprimoramento dos funcionários que atuam com reabilitação; atuar em conjunto com a Educação Continuada para melhoria da assistência prestada; treinar e avaliar funcionário admitido na equipe de reabilitação; realizar do processo de enfermagem; avaliar e acompanhar o paciente no que diz respeito à sua evolução na reabilitação; orientar quanto aos cuidados com alimentação, higiene, eliminações; auto-cuidado à família e acompanhantes; realizar curativos específicos que requerem atenção especial (MACHADO, 2003). 26 5 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E O PAPEL DA ENFERMAGEM Os pacientes que sofreram lesão na medula espinhal, na maioria das vezes se tornam dependentes de cuidados especiais devido às inúmeras manifestações clínicas e consequências da lesão, e essas manifestações ocorrem de acordo com o nível e classe da lesão. (BRUNNER, 2002) A lesão medular espinhal, com as consequentes perdas de motricidade e sensibilidade, causa uma série de perdas funcionais e incapacidades que precisam ser abordadas de forma adequada para prevenção de complicações e incapacidades secundárias, dentre as quais se destacam as úlceras de pressão, disfunção urinária, doenças gastrointestinais e cardiocirculatórias (NOGUEIRA et al., 2002). 5.1 ÚLCERA POR PRESSÃO Úlceras por Pressão ou Escaras de Decúbito são áreas de necrose localizadas na pele e tecidos subcutâneos decorrentes da falta de oxigenação e nutrição desses tecidos, provocada pela compressão ao nível das proeminências ósseas do corpo em pacientes que permanecem acamados e imóveis numa mesma posição por longos períodos (FARO, 1996). Nos pacientes com lesão medular ocorre às úlceras por pressão por estes permanecerem deitados por longos períodos sem poderem se movimentar espontaneamente, com isso o peso do corpo exerce pressão sobre as proeminências ósseas e, consequentemente, a pele adquire coloração esbranquiçada decorrente da isquemia na área da compressão. Caso essa pressão não seja periodicamente aliviada, através das mudanças de decúbitos desses pacientes, a área de coloração esbranquiçada evolui para um estágio de sofrimento tecidual adquirindo um aspecto cianótico seguido de formação de bolhas que se rompem facilmente e necrosam, produzindo escaras ou úlceras por pressão (NOGUEIRA et al., 2002). 27 De acordo com Faro (2006), tais úlceras tendem a aumentar de tamanho se a região não for protegida adequadamente, sobretudo se não for eliminada a pressão sobre a área por meio da mudança de posição do paciente. Se essa compressão for eliminada pela mudança de decúbito do paciente, essa área de coloração esbranquiçada dará lugar a uma área de coloração avermelhada devido a hiperemia reativa que ocorre como resposta ao súbito aumento do fluxo de sangue na região antes comprimida. Os sintomas ou sinais de alerta que antecedem a formação da escara são: área cutânea de coloração pálida ou avermelhada, manchas escuras de cor roxa e bolhas. Quando apalpadas pela primeira vez, essas manchas se apresentam mornas se comparadas com a pele ao redor, sendo que mais tarde elas tendem a tornar-se frias caracterizando sinal de desvitalização dos tecidos (SCRAMIN, 2006). Os primeiros sinais geralmente aparecem nas áreas ao nível de proeminências ósseas, tais como: região sacra, ísquios, calcâneos, cotovelos, joelhos, escápulas, região occipital, entre outras. Por esse motivo, nas mudanças de decúbitos deve-se observar o aspecto e a integridade da pele ao nível dessas áreas de proeminências ósseas (REDE SARAH, 2009). São quatro as opções mais comuns para as mudanças de decúbitos como ventral, dorsal, lateral direito e lateral esquerdo (SCRAMIN, 2006). É importante ressaltar que as escaras podem desenvolver-se em poucos dias e progredir rapidamente se não forem tratadas adequadamente. Quando o tratamento não é adequado frequentemente as escaras infeccionam, crescem em extensão e profundidade, podendo o processo infeccioso estender-se até ao plano ósseo tornando a cura muito demorada e extremamente difícil (LESAO MEDULAR, 2009). A úlcera por pressão pode levar a osteomielite, septicemia e óbito. Acarreta perdas funcionais e financeiras ao paciente e familiar, bem como transtornos físicos e psicológicos que impedem a participação dos indivíduos nos programas de reabilitação e atividades sociais. A prevenção e o tratamento das úlceras por pressão são mandatórias em qualquer programa de reabilitação. Os fatores de risco para desenvolvimento da úlcera são espasticidade, deformidades, anemia e falta de cuidados e orientação (NOGUEIRA et al., 2002). A manutenção da integridade da pele e de tecidos subjacentes é fundamental para uma boa reabilitação. Essa é uma responsabilidade da equipe de 28 enfermagem, no entanto, se tratando de lesão da medula espinhal todos os profissionais da equipe de reabilitação devem estar atentos. As úlceras por pressão são indicadores da qualidade da assistência dos serviços de saúde, pois a maior parte delas pode ser prevenida com adoção de medidas adequadas e educação dos profissionais, pacientes e familiares (NOGUEIRA et al. 2002). Faro (1996) comentam que a prevenção da úlcera de pressão é feita com mudanças periódicas de decúbito, que podem ser auxiliadas por camas giratórias, colchões e assentos especiais para cadeiras de rodas, que não substituem, porém, as mudanças periódicas de decúbito. A ausência de sensibilidade nos indivíduos acometidos requer cuidados especiais, boa nutrição, higiene rigorosa, hidratação cutânea e uso apropriado de órteses. Na vigência de uma úlcera por pressão, são necessários curativos diários, liberação de pressão na área acometida, debridamento periódico dos tecidos necrosados, uso de cremes, antibióticos e cirurgias plásticas (NOGUEIRA et al. 2002). De acordo com Machado (2009), o enfermeiro durante um processo de reabilitação deve: a) observar diariamente a pele do paciente para detectar possíveis áreas comprometidas; b) realizar massagem com creme hidratante em região glútea, face posterior das coxas, pés e artelhos. Evitar massagens nas áreas com manchas roxas ou bolhas, pois isto indica o início da escara e a massagem nestas circunstâncias vai causar mais danos que benefícios; c) fornecer aos pacientes protetores de espuma nas áreas de maior risco (proeminências ósseas); d) orientar para que os joelhos sejam mantidos afastados de contato direto um com o outro; e) utilizar sempre o colchão de ar do tipo "caixa de ovo inflável" ou o colchão d'água que apóiam o corpo de forma suave e uniforme, ajustando-o com perfeição em toda a sua extensão, sem causar pressão excessiva nas áreas mais vulneráveis; f) realizar mudança de decúbito no paciente a cada 2 horas, sendo conveniente um horário por escrito para se evitar esquecimentos; g) manter o paciente fora do leito sempre que possível; 29 h) usar técnicas adequadas para transferência do paciente da cama para cadeira e vice-versa; i) usar aparelhos como o trapézio ou o lençol do forro da cama para movimentar; j) evitar cruzar os membros do paciente para não obstruir o fluxo sanguíneo desse segmento corporal; k) exercitar o paciente fazendo movimentos passivos nas articulações das mãos, braços, pés e pernas. Solicitar orientação e acompanhamento de fisioterapeuta especializado em lesão medular; l) oferecer alimentos apetitosos e ricos em proteínas: carnes, frangos, peixes, leite e seus derivados, vitaminas e sais minerais. Os cardápios devem alternar carnes vermelhas, frangos e peixes durante a semana. Solicitar orientação dietética de nutricionista; m) oferecer liquido ao paciente que deve ingerir aproximadamente 2 litros de líquidos por dia; n) manter sempre uma higiene adequada do paciente, a pele deverá ser limpa no momento que sujar. Evitar água quente e usar um sabonete suave hidratante para não causar irritação ou ressecamento da pele; o) manter a cama sempre limpa, seca e os lençóis bem esticados e livres de resíduos de alimentos; p) encaminhar o paciente para tomar sol por curtos períodos (30 a 40 minutos) preferencialmente no período das 7 às 10 horas da manhã, nunca em horas de maior intensidade; q) fornecer muito carinho e amor ao paciente. Não deixá-lo deitado ou sentado sobre a ferida e observar se as medidas de prevenção mencionadas estão sendo efetivamente colocadas em prática. 5.2 DISFUNÇÃO INTESTINAL A lesão medular determina alterações no controle intestinal, onde na lesão medular de nível mais alto o distúrbio está principalmente relacionado com tendência a constipação intestinal crônica (prisão de ventre) e na lesão medular 30 mais baixa o distúrbio está relacionado com tendência à incontinência fecal (eliminação acidental de fezes). Embora na maioria das lesões medulares não seja possível a recuperação do controle intestinal, um programa de reeducação pode fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horário, tornando mais fáceis as atividades fora de casa (REDE SARAH, 2009). Essa alteração intestinal ocorre devido à interrupção dos nervos da medula espinhal. As mensagens advindas da porção retal para o cérebro não conseguem passar pelo bloqueio na altura da lesão, o que pode resultar em movimentação intestinal insuficiente e acarretar constipação e impactação fecal. Os efeitos da imobilidade dessa musculatura variam dependendo do nível e da extensão da lesão. O mecanismo de esvaziamento intestinal é coordenado pelo nível medular S2 a S4 e a lesão a este nível deve incapacitar o desenvolvimento da defecação automática afirma (FARO et al. 1996). Tonello (1999) recomenda uma alimentação balanceada e uma hidratação adequada. Três refeições por dia (café da manhã/almoço/jantar) são recomendadas para que se tenha massa fecal suficientemente volumosa. A ingesta hídrica (aproximadamente de 2,5 a 3 litros) torna menos consistente o bolo fecal, facilitando sua eliminação. Quando ocorre constipação, deve-se ingerir mais líquidos, o que não se restringe somente à água, mas também sucos de frutas, vitaminas, leite e iogurtes. Devem-se evitar chás e refrigerantes porque são constipantes e provocam flatulência. Figueiredo (2004) afirmou que a reabilitação envolve a utilização de técnicas e ações interdisciplinares, como o esforço conjunto de todos os profissionais e familiares, dentro e fora das instituições e que deve ter como objetivo comum a melhora e/ou a reabilitação das funções diminuídas ou perdidas para preservar a capacidade de viver de cada indivíduo envolvido na ação de cuidar. Na disfunção intestinal pode utilizar a manobra de Rosing que é a massagem feita várias vezes no abdômen, no sentido da direita para a esquerda e de baixo para cima com leve compressão durante 20 a 30 minutos após as refeições. Durante as manobras, o paciente é orientado a adotar a posição sentada, e caso o equilíbrio permita, deve ficar inclinado para a frente. Para a prevenção de lesões cutâneas pode se adaptar espumas no assento sanitário e, por isso, é aconselhável evitar comadres e urinol. Caso as manobras não funcionem, está indicada a estimulação retal: introduz-se o dedo, se possível enluvado e lubrificado, 31 suavemente no ânus com movimentos de "vaivém" durante 5 minutos. Caso não haja êxito com a prática, recomenda-se o supositório de glicerina de acordo com a prescrição médica (FIGUEIREDO, 2004). Tanto o enfermeiro como o paciente ou o cuidador devem sempre observar e registrar o aspecto (cor e odor), o volume aproximado das fezes, considerando-se também o aspecto do abdômen (TONELLO, 1999). De acordo com Machado (2009), o enfermeiro durante um processo de reabilitação deve: a) orientar o paciente quanto a uma reeducação alimentar; b) orientar quanto a ingestão de alimentos ricos em fibras, para facilitar o trânsito intestinal; c) ofertar de 2,5 a 3 litros de líquido diariamente para melhora do trânsito intestinal e para a hidratação do paciente; d) fornecer as refeições ao paciente sempre no mesmo horário para que o mesmo habitue o intestino quanto às evacuações; e) levar o paciente ao banheiro todos os dias em um mesmo horário para habituar o intestino quanto às evacuações; f) realizar estímulo retal ou supositório de glicerina, caso não haja episódios de evacuação por mais de três dias; g) realizar a manobra de Rosing, após as refeições, para estimular a descida do bolo fecal; h) anotar aspecto, cor, odor, volume e características das fezes; i) realizar higiene da região anal após as evacuações. 4.3 DISFUNÇÃO URINÁRIA O sistema urinário, formado pelos rins, ureteres, bexiga e uretra, é o responsável pela produção, armazenamento e eliminação da urina. A urina é produzida pelos rins, sendo conduzida pelos ureteres e armazenada na bexiga, que é uma bolsa muscular coletora. Quando essa bolsa muscular coletora fica repleta de urina, esse músculo, por um mecanismo reflexo, se contrai e a urina é eliminada através da uretra (micção). No momento em que o músculo da bexiga se contrai, o 32 esfíncter da uretra se relaxa para permitir a saída da urina. Este é um processo fisiológico normal controlado pelo sistema nervoso autônomo que coordena o funcionamento sinérgico entre a bexiga e a uretra (BRUNNER, 2002). Figura 3 – Sistema Urinário Fonte: Rede Sarah, 2009. Durante o enchimento da bexiga, a musculatura permanece relaxada para receber e armazenar a urina proveniente dos rins, enquanto o músculo do esfíncter da uretra permanece contraído para evitar a saída da urina coletada na bexiga. Por outro lado, quando o músculo da bexiga se contrai para eliminar o seu conteúdo, o esfíncter da uretra se relaxa para permitir a eliminação da urina. Para que esse mecanismo automático aconteça normalmente é preciso haver coordenação nervosa entre o músculo da bexiga e do esfíncter da uretra. Quando esse mecanismo não ocorre de maneira integrada, acontece o que se chama dissinergismo vésico-esfincteriano (SPENCER, 1991). Se os músculos da bexiga e o do esfíncter da uretra se contraírem ao mesmo tempo, haverá um esforço maior da musculatura da bexiga para tentar vencer a resistência do esfíncter da uretra. Esse esforço leva, com o tempo, a um enfraquecimento da parede da bexiga, bem como a formação de divertículos na parede da bexiga havendo refluxo de urina da bexiga para os rins, colocando em risco a função renal que é uma grave complicação (BRUNNER, 2002). O cérebro e os nervos provenientes da medula espinhal são responsáveis pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfíncter uretral, o que possibilita um 33 controle eficaz da urina através do sistema urinário. Um traumatismo de coluna com lesão medular pode comprometer essa comunicação entre o cérebro e o sistema urinário, e a eliminação da urina armazenada na bexiga deixará de ser automática, o que representa um sério problema para o paciente, pois o cérebro e os nervos provenientes da medula espinhal são responsáveis pelo mecanismo coordenado entre a bexiga e o esfíncter uretral, o que possibilita um controle eficaz da urina através do sistema urinário (BRUNNER, 2002). A bexiga neurogênica varia de acordo com o tipo e o nível da lesão, causando incontinência urinária, havendo a necessidade de orientações médicas e cuidados para o esvaziamento adequado. As complicações mais comuns são, infecções urinárias, cálculos renais e vesicais e fístulas uretro-escrotais. O cuidado urológico apropriado diminui complicações e permite que o paciente tenha melhor controle do esvaziamento vesical, facilitando sua reintegração social (GREVE et al., 1992). Dependendo do nível da lesão medular, a bexiga pode passar a apresentar dois tipos de problemas: bexiga espástica e bexiga flácida. A primeira ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade menor de urina do que antes da lesão medular, e o músculo da bexiga passa a ter contrações involuntárias com perdas frequentes de urina, sendo mais comum nas lesões medulares acima do nível sacral (BRUNNER, 2002). A segunda ocorre quando a bexiga passa a acumular uma quantidade maior de urina do que antes da lesão medular, porque o músculo da bexiga não se contrai mais e isso faz com que grande quantidade de urina fique retida, ocorrendo em maior frequência nas lesões medulares ao nível sacral (abaixo de T12). O diagnóstico do tipo de bexiga é importante para a definição do tipo de tratamento a ser instituído em regime de internação hospitalar para reabilitação (LESÃO MEDULAR, 2009). De acordo com Machado (2009) o enfermeiro durante um processo de reabilitação deve: a) utilizar sondas de demora para esvaziamento da bexiga; b) limpar ao redor da área onde o cateter penetra no meato uretral (junçãocateter) com água e sabão durante o banho diário, para retirar os resíduos; c) evitar o uso de talco e sprays na área perineal; d) evitar a tração sobre o cateter durante a limpeza; 34 e) trocar sondas a cada 7 dias; f) avaliar sinais de retenção urinária e comunicar ao médico responsável; g) realizar esvaziamento da bexiga com sonda vesical de alívio de acordo com a prescrição médica; h) fornecer variedades de líquidos, de preferência os que promovem a diurese espontânea; i) ofertar de 2 a 3 litros de líquidos diariamente; j) ensinar a família técnicas de estimulação suprapubica, Crede e Valsalva; k) lavar as mãos antes de manipular a sonda; l) lavar a bolsa coletora uma vez ao dia, com água e sabão ou água e cloro (cândida); quando desconectar a bolsa da sonda, bloquear a sonda com uma gaze estéril, para que a urina não vaze; m) manter a bolsa coletora sempre abaixo do nível da cama, e não deixar que ela fique muito cheia, para evitar que a urina retorne para dentro da bexiga; n) evitar que a perna do paciente fique apoiada na sonda, porque estará ocluida, e a urina não sairá da bexiga; o) observar sempre que não houver urina na bolsa coletora, verificando se não há dobras ou obstruções no sistema. 5.4 DISREFLEXIA AUTONÔMICA É uma emergência aguda que ocorre em pacientes com lesão medular como resultado de respostas autônomas acentuadas aos estímulos que são inócuos em indivíduos normais (BULECHEK, 1985). Segundo Rede Sarah (2009), disreflexia autonômica é uma complicação freqüente nas lesões cervicais e pode ocorrer também nas lesões medulares acima de T6. Qualquer estímulo que, normalmente, causaria dor e desconforto na pessoa sem lesão, na pessoa que não sente dor e desconforto por causa de uma lesão medular pode causar uma crise de disreflexia. Smeltzer & Bare (1994) afirmam que inúmeros estímulos podem desencadear esse reflexo, como a distensão vesical, sendo a causa mais comum, 35 estimulação da pele (tátil, dolorosa, térmica), distensão de órgãos viscerais, especialmente intestino, devido a constipação e impactação e unhas encravadas. Isso pode ocorrer vários meses depois do trauma tendo maior incidência em tetraplégicos. Esse sintoma tem sido uma das principais causas da necessidade de atendimento médico de pacientes com lesão raquimedular, pois causa desconforto ao paciente e á família (SOUZA, 2001). De acordo com Demenech (1994), os sinais e sintomas mais frequentes de disreflexia autonômica são: cefaléia, pontos brilhantes visuais, visão borrada, obstrução nasal, frequência cardíaca baixa. Pode ocorrer também manifestações acima do nível da lesão como arrepios, sudorese e manchas vermelhas na pele. O tratamento passa a ser emergencial quando ocorre elevação e descontrole da pressão arterial, sendo o sinal clínico de maior perigo (LESÃO MEDULAR, 2009). De acordo com Machado (2009), o enfermeiro durante o processo de reabilitação deve: a) colocar imediatamente o paciente sentado; b) registrar pulso e pressão arterial para avaliar a eficácia das intervenções; c) esvaziar imediatamente a bexiga através de sondagem de alívio; d) promover lavagem intestinal ou fleetenema, considerando uma possível constipação como causa do evento; e) eliminar qualquer outro estímulo que possa se constituir num evento desencadeador, como objetos injuriando a pele ou uma corrente de ar frio, bem como roupas e calçados apertados; f) administrar o tratamento medicamentoso (alfa e beta bloqueador e miorrelaxante) conforme prescrição médica. 36 5.5 TROMBOSE Uma complicação comum do LME é a trombose venosa profunda, relacionada ao imobilismo e a perda dos reflexos vasomotores. O diagnóstico muitas vezes é clínico, pois pode evoluir de forma silenciosa pela falta de sensibilidade (GREVE et al, 1992). Quando o corpo não é movimentado regularmente, existe a possibilidade de ocorrer o aparecimento de um coágulo de sangue chamado trombo. O trombo formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo. Se isso ocorrer, ele passa a ser chamado de êmbolo e um dos lugares mais comuns para um êmbolo se hospedar é o pulmão - embolia pulmonar (REDE SARAH, 2009). De acordo com Bulechek (1985), a presença de Trombose Venosa Profunda (TVP) é avaliada através da mensuração da panturrilha e constatada caso haja aumento significativo na circunferência desse segmento. Segundo Rede SARAH (2009), os sinais mais frequentes de trombose são: panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada do que a outra. Na presença dessas alterações, avaliação médica e tratamento adequado se fazem necessários. Conforme Smeltzer & Bare (1994), a terapia com doses baixas de anticoagulantes é iniciada para evitar a TVP e a embolia pulmonar. É indicado o uso de meias elásticas, a execução de exercícios fisioterápicos que promovam amplitude de movimento, uma hidratação adequada e a anulação de estímulos báricos externos nos membros inferiores decorrentes da flexão dos joelhos enquanto o paciente está acamado. Diante dessa grave complicação, impõe-se um diagnóstico e tratamento precoces, além de uma vigilância cuidadosa e contínua do paciente ainda na fase de trombose, a fim de ser instituída a terapêutica mais adequada para salvar o paciente (GREVE et al., 1992). De acordo com Machado (2009), o enfermeiro durante o processo de reabilitação deve: a) manter o paciente em posicionamento adequado no leito com elevação dos membros inferiores; 37 b) realizar movimentação passiva dos membros do paciente e área afetadas bem como a panturrilha e áreas edemaciadas; c) realizar massagem nos membros afetados com o intuito de melhorar a circulação; d) orientar ao paciente quanto á importância da utilização de meias elásticas; e) solicitar exercícios fisioterápicos; f) orientar ao paciente quanto a uma maior hidratação para melhora da circulação sanguínea; g) mensurar e anotar a circunferência da panturrilha diariamente; h) observar sinal de calor e edema em MMII diariamente. 5.6 EMBOLIA PULMONAR A embolia pulmonar ocorre quando um coágulo (trombo), que está fixo numa veia do corpo, se desprende e vai pela circulação até o pulmão, onde fica obstruindo a passagem de sangue por uma artéria. A área do pulmão suprida por essa artéria poderá sofrer alterações com repercussões no organismo da pessoa, podendo causar sintomas. Às vezes, mais de um trombo pode se deslocar, acometendo mais de uma artéria (BRUNNER, 2002). De acordo com Lanza (2001), os principais sintomas de embolia pulmonar são: encurtamento da respiração ou falta de ar, dor torácica, tosse de aparecimento súbito seca ou com sangue, ansiedade, febre baixa e batimentos cardíacos acelerados. Existem algumas situações que facilitam o aparecimento de tromboses venosas, que causam as embolias pulmonares. A trombose é o surgimento de um trombo nas veias. Normalmente ocorre nas pernas, coxas ou quadris. Quando este trombo se desprende, vai para a circulação e acaba-se trancando numa artéria do pulmão, podendo ou não causar problemas. Se for pequeno, poderá até não causar sintomas, mas se for de tamanho razoável, poderá causar dano pulmonar ou, até mesmo, a morte imediata (LANZA, 2001). As principais fontes de embolização são as veias profundas da coxa e da pélvis acometidas por trombose (GOLDHABER, 2001). Os mecanismos 38 responsáveis pela trombose não estão totalmente esclarecidos e a clássica Tríade de Virchow (estase venosa, lesão endotelial e hipercoagulobilidade) não justificam todos os mecanismos (KNOBEL, 1999). A incidência de trombose venosa profunda (TVP) é de 10 a 20% e tromboembolismo pulmonar (TEP) 4 a 10% em casos de traumatismo raquimedular e politraum (LANZA, 2001). A prevenção ocorre através do uso de medicações como anticoagulantes em doses preventivas em pacientes que ficarão acamados por um longo período. Já os pacientes com menor comprometimento dos membros, deverão exercitar as pernas através de exercícios fisioterápicos. Os indivíduos que quase não se movimentam têm mais chances de ter um tromboembolismo pulmonar (LANZA, 2001). De acordo com Machado (2009), o enfermeiro durante o processo de reabilitação deve: a) avaliar os sinais vitais do paciente de 6/6 horas; b) realizar massagem 2 vezes ao dia em pacientes acamados; c) orientar quanto á importância do uso da meia elástica; d) administrar medicação anticoagulante de acordo com a prescrição médica; e) observar e relatar sinas e sintomas sugestivos de embolia pulmonar. 5.7 DISTÚRBIOS DO HUMOR Muitos indivíduos que sofrem lesão medular, e que como consequência do trauma adquirem algum tipo de sequela, como a paralisia, seja ela total ou parcial, apresentam distúrbio de humor. Devido á mudança repentina em sua vida, muitos não aceitam as novas limitações (MADUREIRA, 2000). O distúrbios do humor, particularmente a ansiedade e a depressão, são frequentes em pacientes com lesão medular. A integração precoce em programas de reabilitação e socialização, incluindo atividades esportivas, diminui consideravelmente a incidência desses problemas (REDE SARAH, 2009). De acordo com Machado (2009), o enfermeiro durante o processo de reabilitação deve: 39 a) estimular o paciente a expressar seus sentimentos, para atenuar a ansiedade; b) oferecer ao paciente e seus familiares um local apropriado para se encontrarem com os componentes da equipe terapêutica; c) informar ao paciente sobre o seu estado e suas capacidades, esclarecendo suas dúvidas. 40 6 DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM SEGUNDO NANDA O diagnóstico de enfermagem é o momento de análise e interpretação criteriosa de dados para julgar necessidades, problemas, preocupações e respostas humanas do cliente. Em todas as profissões o diagnóstico precede a ação. É dessa forma que os profissionais identificam as necessidades e planejam suas decisões em relação a determinada situação ( CARPENITTO, 2002). À enfermagem compete a responsabilidade de diagnosticar respostas humanas relacionadas à saúde ou a atividades cotidianas. A partir dos problemas levantados e já conhecidos, o enfermeiro pode prever complicações e agir na prevenção das mesmas ou no controle, se não for possível evitá-las. O diagnóstico de enfermagem é domínio da enfermagem, ou seja, trata-se de uma atividade que os enfermeiros têm qualificação legal para tratar e responsabilizar-se. É base para planejamento de intervenções e acompanhamento da evolução do estado de saúde do cliente (CRUZ, 1993). A Associação Norte Americana dos Diagnósticos de Enfermagem (NANDA) desenvolveu um sistema de classificação dos diagnósticos que propõe a universalização dos problemas encontrados nos pacientes pelos enfermeiros e diante das várias definições surgidas na literatura, afirmando que o diagnóstico de enfermagem é um julgamento clínico sobre as respostas do indivíduo, da família ou da comunidade aos problemas de saúde/processos vitais, reais ou potenciais. O diagnóstico de enfermagem proporciona seleção das intervenções de enfermagem visando ao alcançe dos resultados pelos quais a enfermeira é responsável (CARPENITTO, 2002). O diagnóstico de enfermagem, quando usado corretamente, torna-se um facilitador das ações de enfermagem, pois indica quais as intervenções devem ser realizadas de acordo com as necessidades dos pacientes (CRUZ, 1993). De acordo com Cafer et al. (2005), McCloskey, (2004) e North American Nursing Diagnosis Association - NANDA (2008), os diagnósticos de enfermagem para pacientes com lesão raquimedular são: a) mobilidade física prejudicada; b) déficit no autocuidado para banho e higiene; c) déficit no auto-cuidado pra vestir-se e arrumar-se; 41 d) disfunção sexual; e) risco para infecção; f) risco para integridade da pele prejudicada; g) incontinência urinária; h) constipação; i) ansiedade; j) integridade da pele prejudicada; k) risco pra disreflexia autonômica; l) déficit no auto-cuidado pra alimentar-se; m) déficit de conhecimento; n) retenção urinária; o) dor. Fatores relacionados segundo American Nursing Diagnosis Association – NANDA (2008): a) prejuízos sensorioperceptivos; b) prejuízos neuromusculares; c) força e resistência diminuída; d) força, controle e massa muscular diminuídos; e) dor; f) prejuízo musculoesquelético; g) prejuízo perceptivo ou cognitivo; h) ansiedade grave. Características definidoras segundo American Nursing Diagnosis Association – NANDA (2008): a) capacidade limitada para desempenhar as habilidades motoras grossas e finas; b) incapacidade de chegar à fonte de água; c) incapacidade de lavar o corpo ou parte do corpo; d) incapacidade de pegar artigos para banho; e) capacidade prejudicada de por/ tirar/ fechar/ obter roupas; f) incapacidade de colocar roupas na parte superior do corpo. 42 Fatores de risco segundo American Nursing Diagnosis Association – NANDA (2008): a) exposição a patógenos aumentada; b) procedimentos invasivos; c) destruição de tecidos e exposição ambiental aumentada; d) defesas primárias inadequadas; e) imibilização física; f) proeminências esqueléticas; g) sensibilidade alterada. Assim, as 26 intervenções da Nursing Interventions Classification (NIC) apontadas para os diagnósticos de enfermagem mais frequentemente indicados para o paciente com lesão medular são as seguintes: a) terapia com exercícios: deambulação; b) terapia com exercícios: mobilidade articular; c) posicionamento; d) banho; e) assistência no auto-cuidado: banho e higiene; f) vestir; g) cuidados com os cabelos; h) assistência no auto-cuidado: vestir-se/arrumar-se; i) aconselhamento sexual; j) controle de infecção; k) proteção contra infecção; l) controle de pressão sobre áreas do corpo; m) prevenção de úlcera de pressão; n) cuidados na incontinência urinária; o) controle da constipação/impactação; p) redução da ansiedade; q) cuidados com local de incisão; r) supervisão da pele; s) cuidados com lesões; t) controle da disreflexia; u) alimentação; v) assistência no auto-cuidado: alimentação; 43 w) ensino: processo da doença; x) cateterização vesical; y) cuidados na retenção urinária; z) controle da dor. 44 7 METODOLOGIA O presente estudo tratou-se de uma pesquisa bibliográfica e este tipo de investigação, segundo SIQUEIRA (2002), precede todo o estudo mais aprofundando de uma questão científica. Seu principal objetivo é identificar e sistematizar o que já foi publicado sobre o tema estudado. Consistem na seleção, leitura e sistematização do material da pesquisa em pauta. Do ponto de vista da abordagem do problema, a pesquisa foi realizada de forma qualitativa, pois não apresentou rigidez em sua condução. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem, (SIQUEIRA, 2002). Assim, realizou-se à a partir da leitura e análise das literaturas cientificas: obras de divulgação em enfermagem, publicações periódicas, indexadas nas bases de dados, Scientific eletronic library online – Fapesp, SCIELO alem de sites oficiais como www.bireme.br, www.pucminas.br, do ano de 1996 a 2009. Os descritores utilizados no momento da busca foram: enfermagem, reabilitação, lesão medular, processo. Este procedimento possibilitou a explicação do objetivo da pesquisa e estabeleceu as relações entre as informações cientificas e o objetivo da pesquisa, bem como a verificação e sua consistência em relação ao que é apresentado pelos principais teóricos sobre o tema e a delimitação das contribuições culturais e cientificas desta pesquisa. O avanço do processo da pesquisa bibliográfica deve ser clara a partir da leitura: 1. exploratória sobre o tema, verificando a bibliografia editada a seu interesse à pesquisa; 2. seletiva, determinando o material de fato interessante à pesquisa em função dos objetivos de investigação delineado; 3. analítico, ordenando e sumariando as informações contidas nas fontes afim de obter respostas em relação ao tema de pesquisa proposto. Após a análise iniciou-se a dissertação da pesquisa. 45 8 CONCLUSÃO Partindo do princípio de que o cuidar do corpo humano exige, necessariamente, um olhar para a dimensão total do ser, inclusive de sua essência existencial, torna-se imprescindível, para os profissionais da enfermagem, uma maior conscientização acerca do importante papel que desempenha ao interferir no espaço de privacidade das pessoas dependentes de intervenções, como aqueles que apresentam deficiência física. E de acordo com a literatura estudada o número de casos de indivíduos que adquirem como sequela a lesão medular vem crescendo. Os enfermeiros devem se atualizar diante do tratamento de reabilitação desses pacientes, onde a reabilitação físico-motora não pode ser entendida como uma complementação ao tratamento do deficiente físico. Trata-se de um processo de cuidar precoce, abrangente, holístico enquanto um modelo assistencial, essencialmente educativo. Por meio da Sistematização da Assistência, o enfermeiro reabilitador desenvolve um Plano de Cuidados destinados a facilitar a reabilitação, restaurar e manter níveis saudáveis de vida e evitar complicações. Através desse estudo conclui-se que o enfermeiro, ao assistir o paciente com trauma raquemedular, desenvolve um papel fundamental de educador, bem como de implementador de cuidados, conselheiro e consultor, muitas vezes o responsável pelo planejamento geral de reabilitação. O ensino sobre o auto-cuidado deve ser reforçado durante a internação devido a complexidade das alterações oriundas da lesão medular, pelo qual se sabe que a reabilitação não visa a cura total do paciente, mas sim uma forma de torná-lo mais independente para realizar as atividades de vida diária, permitindo a convivência com a incapacidade de maneira digna e com melhor qualidade de vida. Conclui-se também que em casos de TRM, deve-se considerar que a reabilitação tenha início no momento do acidente, pois envolve a aprendizagem do paciente e da família diante de uma vida completamente diferente. A partir daí, o maior desafio é a prevenção das complicações ou de incapacidades secundárias que, se contornadas, melhoram gradativamente o potencial funcional dos pacientes. Por isso, se faz necessário um planejamento dos cuidados a serem prestados, ressaltando que as maiores complicações em pacientes lesionados são 46 úlcera de pressão e infecção do trato urinário, que são evitadas a partir do momento que este paciente seja assistido devidamente, tanto pela equipe de enfermagem quanto por um parente cuidador. Os principais problemas e intervenções de Enfermagem no âmbito da reabilitação de deficientes físicos, durante a internação, se referem à manutenção da integridade física e motora. Consequentemente à diminuição ou ausência da mobilidade e sensibilidade, cuidados específicos e de caráter preventivo, são relevantes ao bem estar do paciente. A assistência de Enfermagem na reabilitação tem como principais objetivos auxiliar o paciente a se tornar independente o máximo que puder dentro de suas condições, promover e incentivar o auto-cuidado através de orientações e treinamento de situações, preparar o deficiente físico para uma vida social e familiar da melhor maneira possível e com qualidade. Com o enfoque na realização das atividades da vida diária (AVD) da maneira mais independente possível, torna-se necessário que o enfermeiro reabilitador conheça os hábitos e o estilo de vida do paciente no contexto da família e da sociedade. Esta atuação compreende o auto-cuidado para a capacidade de vestir/despir, alimentar-se, fazer higiene pessoal e íntima, prevenir deformidades de articulação, complicações respiratórias e vasculares. Por fim, conclui-se que o enfermeiro tem um papel fundamental durante todo o processo de reabilitação, uma vez que pacientes bem acompanhados por toda a equipe, desde a fase aguda com um programa de reabilitação integral, instaurado de forma precoce, tem maiores chances de não ter complicações e uma vida de maior qualidade. 47 REFERENCIAS AMERICAN SPINAL INJURY ASSOCIATION - ASIA. International Standards for Neurological and Functional Classification of Spinal Cord Injury. Chicago, 1996. BRASIL. Ministério da Saúde. Informações em saúde: assistencia em saúde (2006). Disponível em: < http://www.datasus.gov.br >. Acesso em: 18 mai. 2009. BRUNNER, L.S.; SUDDARTH, D.S. Princípios e práticas de reabilitação. In: SMELTZER, S.C.; BARE, B.G. Brunner & Suddart: tratado de enfermagem médicocirúrgica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1993. p. 181- 207. BRUNNER, L. S., et al. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgico. 9. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. BULECHEK, G.M. Nursing interventions: treatments nursing diagnoses. Philadelphia: Saunders, 1985. CAFER,C. R.; BARROS, A. L. B. L. Diagnóstico de enfermagem e proposta de intervenções para pacientes com lesão medular. Disponível em:< htp://www.scielo.org.br > Acesso em: 17 fev 2009. CARPENITTO, L. J. Diagnósticos de enfermagem: aplicação à prática clínica. 8.ed., Porto Alegre: Artes Médicas, 2002. Coenen AC, Ryan P, Sutton J. Mapping nursing interventions from a hospital information system to the Nursing Interventions Classification (NIC). Nurs Diagn 1997; 8(4):145-51 CRUZ, I. C. F. da. Diagnóstico de enfermagem: Estratégia para sua formulação e validação. São Paulo, 1993. 157p. Tese (Doutorado) – Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo. Disponível em: < http://br.geocites.com/enfermagem web/avaliacao.htm > Acesso em: 12 set. 2009. DEFINO, H. L. A. Trauma raquimedular. Medicina, Ribeirão Preto, v.32,n.4, p.388400,out-dez.1999. 48 DELISA, J. A.; BRUCE, M.G. Rehabilitation medicine: principles and practice. Philadelphia: Lippincott; 1993. DEMENECH, A.A. Lesado medular - uma ajuda. Enfoque., v.17 n.1, p. 19-25, 1989. DEMENECH, A. A.; FREIRES, L. M. Disreflexia autonomica: uma emergência ou näo? Rev. bras. enferm., v. 37, n. ¾, p.247-250, jul./dez. 1994. FARO, A.C.M. Estudo das alterações da função sexual em homens paraplégicos. São Paulo, 1991. 98 p. Dissertação (Mestrado) - Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo. FARO, A.C.M., et al. Assistência de enfermagem ao paciente com traumatismo raquimedular. In: VENTURA, M. de F. et al. Enfermagem ortopédica. São Paulo: Ícone, 1996. p.175-89. FARO, A. C. M. Autonomia, dependência e incapacidades: aplicabilidade dos conceitos na saúde do adulto e do idoso. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto para o Desenvolvimento da Saúde. Universidade de São Paulo. Fundação Telefônica. Manual de enfermagem. São Paulo: Ministério da Saúde, 2006. p. 137140. FERREIRA, A.B.H. Trauma In: Novo Dicionário da língua portuguesa. 2.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira ,1986. FIGUEIREDO, N.M.A.; MACHADO, W. O que é reabilitação. In: FIGUEIREDO, N.M.A.; MACHADO, W.C.A.; TONINI, T. Cuidando de clientes com necessidades especiais, motora e social. São Paulo: Difusão Enfermagem, 2004. p. 1-2. GEORGE, J.B. Teorias de enfermagem: fundamentos para a prática profissional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993. GOLDHABER, Z.S. Pulmonary Embolism, In: BRAUNWALD, E; ZIPES, D.P.; LIBBY, P. [eds]:. Heart Disease a Textbook of Cardiovascular Medicine. 6. ed, Philadelphia: W.B.Saunders Company, 2001, p.52. GREVE, J.M.D.A., et al. Clinical fundaments for rehabilitation treatment in a spinal cord injury. Rev Paul Med., n. 110, p. 78-81, 1992. 49 GREVE, J.M.DA. Fundamentos clínicos do tratamento de reabilitação na lesão medular. Âmb Hosp., v.67 n.6, p.55-74,1994. GUERRA, C.I.C.O. Fatores de risco para o desgaste do cuidador familiar de paciente na fila do transplante cardíaco. [dissertação] São Paulo: Escola de Enfermagem da USP; 2000. HARTKOPP, A., et al. Survival and cause of death after traumatic spinal cord injury. A long-term epidemiological survey from Denmark. Spinal Cord, n. 35, p. 76-85. 1997. HOYT, D.B.; COIMBRA, R.; WINCHELL, R.J. Tratamento de trauma agudo. In: Townsend Jr CM, editores. Sabinston tratado de cirurgia: as bases biológicas da prática cirúrgica moderna. 16. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. p. 339340. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2000: Características gerais da população. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br > Acesso em: 09 abr. 2009. KNOBEL, E.; BARUZZI, A.C. Condutas no Paciente Grave. 2. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 1999. p.197-210. LANZA, A. M. EMBOLIA PULMONAR. Disponível em:< htp://www.scielo.org.br > Acesso em: 12 set. 2009. LESÃO MEDULAR. Disponível em: < http://www.lesãomedular.com.br > Acesso em: 14 mai 2009. LIANZA, S.; CASALIS, M. E.; GREVE, J. M. D.; EICHBERG, R. A lesão medular. In: LIANZA, S. (Org.). Medicina de Reabilitação. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2001. p. 299-322 LIANZA, S. Órtese de propulsão recíproca modelo Argo - método de avaliação, tratamento e análise de resultados na reeducação da locomoção em pacientes com lesão medular [tese]. São Paulo: Faculdade de Ciências Médicas; 1997. Disponível em:< htp://www.scielo.org.br >. Acesso em: 25 fev. 2009. MACHADO, A. B. M. Neuroanatomia funcional. 2.ed, Belo Horizonte: Atheneu, 1993. cap 15, p.151-162. 50 MACHADO, W.C.A. O papel do enfermeiro no cuidar de clientes portadores de deficiência. [online]. São Paulo: Entre Amigos – Rede de Informações sobre Deficiência; [s.d.]. Disponível em: < http://www.entreamigos.com.br/textos/reabili/ opapel.html > Acesso: 19 jun. 2009. MADUREIRA, N.C.M. O saber-fazer do cuidador familiar da pessoa com deficiência física: um estudo no pré e trans-reabilitação. [dissertação] São Paulo: Escola de Enfermagem da USP; 2000. MCCLOSKEY. J, BULECHEK, G.M. Classificação das intervenções de enfermagem - NIC. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. MELLO, M. T. et al. Considerações sobre aspectos psicológicos em indivíduos lesados medulares. In: FREITAS, P. S.; CIDADE, R. E. Educação Física e Esportes para Deficientes – coletânea. Brasília: INDESP, 2004. MOORE, Keith L.; DALLEY, Arthur F. Anatomia orientada para a Clínica. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. NOGUEIRA, P.C.; CALIRI, M.H.L.; SANTOS, C. Fatores de Risco e Medidas Preventivas para úlcera de pressão no Lesado Medular. Experiência da Equipe d Enfermagem do HCFMRP – USP. Medicina (Ribeirão Preto), n. 35, p.14-23, 2002. North American Nursing Diagnosis Association - NANDA. Diagnósticos de enfermagem da NANDA : definições e classificação 2007-2008. Porto Alegre: Artmed, 2008. OLIVEIRA, P.A.S., et al. Traumatismos da coluna torácica e lombar Avaliação epidemiológica. Rev. Bras. Ortop., v. 31, n. 9, p. 771-776, Set. 1996. REDE SARAH de Hospitais de Reabilitação. Mapa da morbidade por causas externas. Disponível em: < http://www.sarah.br >. Acesso em: 18 ago. 2002. REDE SARAH de Hospitais de Reabilitação. Mapa da morbidade por causas externas. Disponível em: < http://www.sarah.br >. Acesso em: 18 mar. 2009. RIBAS FILHO, J.M.; MALAFAIA, O.; CAMPOS, A.C.L., et al. Estudo da prevalência dos óbitos por trauma nos principais pronto-socorros de Curitiba no período de abril de 2001 a abril de 2002. Rev Méd Paraná, v.2, n.60, p.45-48, 2002. 51 SANTOS, L.C.R. dos. Lesão traumática da medula espinhal: estudo retrospectivo de pacientes internados no Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo entre 1982-1987. São Paulo, 1989. 102 p. Dissertação (Mestrado) - Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo. SCRAMIN A.P. Convivendo com a tetraplegia: da necessidade de cuidados à integralidade no cotidiano de homens com lesão medular cervical [dissertação]. Maringá: Universidade Estadual de Maringá; 2006. SIQUEIRA, Sueli. O trabalho e a pesquisa científica na construção do conhecimento. Governador Valadares: UNIVALE, 2002. SMELTZER, S.C.; BARE, B.G. Brunner & Suddarth: Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1994. 4v SOUZA, R.C.; DIAS, A.; SCATENA, M.C.M. Reabilitação: uma análise do conceito. Nursing., v.34, n.4, p. 26-30, 2001. SPENCER, A.P. Anatomia humana básica. 2 ed. São Paulo: Manole, 1991. SPÓSITO, M.M.de M., et al. Paraplegia por lesão medular: estudo epidemiológico em pacientes atendidos para reabilitação. Rev. Paul. Med., v. 104, n. 4, p. 196-202, 1986. STAAS JUNIOR, N. E., et al.Reabilitação do paciente com traumatismo raquimedular. In : DELISA ,J.A. Medicina de reabilitação. São Paulo: Manole ,1992. cap 32. p.735-762. THOMAS, J.; FLANNERY, J. Education for rehabilitation nursing. Rehabil Nurs., v.15, n.2, p.83-85, 1990. TONELLO, A. S. Aspectos da reeducação intestinal em lesados medulares. [dissertação]. São Paulo (SP): Escola Paulista de Medicina da UNIFESP; 1999. VALENÇA, Tatiane Dias Casimiro Valença. Coluna Vertebral. Disponível em: < http://www.wgate.com.br/conteudo/medicinaesaude/fisioterapia/traumato/coluna_vert ebral2.htm > Acesso em: 20 ago 2009. 52 ZAGO, M. M. F. O papel do enfermeiro hospitalar no ensino do paciente. Rev. Esc. Enferm. USP, v. 26, n.3, p.359-394, 1992.