Silva Filho LS Hemoglobinopatias

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Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia
versão impressa ISSN 1516-8484
Rev. Bras. Hematol. Hemoter. v.24 n.04 São José do Rio Preto out./dez. 2002
http://dx.doi.org/10.1590/S1516-84842002000400008
CARTA AO EDITOR / LETTER TO EDITOR
Hemoglobinopatias em trabalhadores expostos à riscos
ocupacionais
Hemoglobinopathies in workers exposed to occupational
hazards
Isaac L. Silva FilhoI; Miguel B. FarahII; Marilda S. GonçalvesIII; Marcos K.
FleuryIV
Fundação Oswaldo Cruz- RJ
Universidade Federal Fluminense
III
Fundação Oswaldo Cruz - BA / Universidade Federal da Bahia
IV
Universidade Federal do Rio de Janeiro
I
II
Endereço para correspondência
ABSTRACT
Hemoglobinopathies have been considered the most frequent hereditary disease in
Brazilian population, constituting a Public Health problem.
This paper reports on screening in workers at FIOCRUZ-RJ., exposed to some
hazards factors such as, chemical substances, radiation, excessive cold and heat
etc., with the objective of evaluating the impact of these factors in carriers of
hemoglobinopathies, mainly in sickle cell trait (AS).
Sr. Editor,
As hemoglobinopatias são as doenças mais freqüentes na população brasileira,
constituindo um problema de saúde pública em nosso meio (1). No maior estudo
populacional realizado no Brasil, pelo Centro de Referência de Hemoglobinas, foram
analisadas mais de 100.000 amostras de sangue de vários estados e cidades
brasileiras. Constatou-se que para uma população estimada de 140 milhões, cerca
de 10 milhões seriam portadores de hemoglobinas anormais. Estima-se que para
cada 3 milhões de crianças que nascem anualmente no Brasil, 90.000 serão
portadoras de talassemia, 63.000 do traço falciforme, 1.500 de anemia falciforme,
970 de doença falciforme e 260 serão portadores de talassemia maior (2,3).
Diante destes fatos; fica evidente a importância médica das hemoglobinopatias em
nosso País e a necessidade de fomentos visando o rastreamento dessas
hemoglobinas anormais na população, através da triagem em neonatos, gestantes,
Centros de Saúde, colégios e bancos de sangue.
A legislação brasileira que regulamenta a Saúde Ocupacional no país, em sua
Norma Regulamentadora no 7 - NR7, MT/Br, 1994, cita a obrigatoriedade de serem
realizados exames periódicos nos indivíduos expostos ocupacionamente à algumas
substâncias químicas como a anilina e o nitrobenzeno, dentre outras. A dosagem da
metahemoglobina é o indicador biológico utilizado para monitorar esses
trabalhadores (4), levando-se em consideração que o seu aumento pode refletir
danos oxidativos à hemoglobina. Naoum, sugere que a dosagem da
metahemoglobina deve merecer destaque nos portadores das síndromes
falcêmicas, pois ela é um marcador biológico importante da oxidação eritrocitária
(3). Patrícia Souza, em recente estudo, concluiu que a simples presença da
hemoglobina S, independente de seu genótipo e de sua concentração, é suficiente
para produzir a metaemoglobinização da hemoglobina e demonstrou uma maior
intensidade oxidativa em portadores de Hb AS em comparação com Hb AA (5).
O portador do traço falcêmico, em condições normais, não apresenta manifestações
clínicas ou laboratoriais (6). Contudo, a morbidade desta anomalía depende de
fatores ambientais, sendo relatado na literatura, desde pequenos danos à saúde até
manifestações clínicas graves, inclusive a morte dos indivíduos portadores desta
condição (7, 8, 9, 10, 11)
O presente estudo apresenta uma triagem para detecção de hemoglobinopatias em
2049 trabalhadores da Fundação Oswaldo Cruz - RJ., incluidos em um Programa de
Controle Médico de Saúde Ocupacional, realizado pelo Núcleo de Saúde do
Trabalhador (NUST), obtendo os seguintes resultados : Sete genótipos para
hemoglobinas anormais foram identificadas, dentre eles estão, o traço falciforme
(A/S), heterozigose para as hemoglobinas C e D (A/C, A/D), anemia falciforme
(S/S),  tal.,  tal. menor (AA2) e a interação da tal. com o traço falciforme (AS/
tal.).
Os resultados encontrados confirmam a alta freqüência de algumas
hemoglobinopatias nas populações brasileiras, principalmente o traço falciforme
(AS).
O objetivo deste rastreamento é estudar qual a importância ocupacional de alguns
fatores de risco, como a exposição a substâncias químicas, radiações ionizantes,
frio e calor excessivo e etc, nos portadores de hemoglobinopatias, principalmente
os portadores do traço falciforme, dentre os trabalhadores da FIOCRUZ - RJ.
Referências Bibliográficas
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Bras. hematol. hemot. 2000; 22: 05-22. [ Links ]
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24, de Dezembro de 1994. Diário Oficial, Brasília, 30 de Dezembro de 1994.
Seção 1, p.21278-21279
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Endereço para correspondência
Isaac Lima da Silva Filho
Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ-RJ.- Instituto de Pesquisa Clínica Evandro
Chagas - IPEC - Setor de Hematologia
Av Brasil, 4365. Manguinhos
21045-900. Rio de Janeiro. RJ. Brasil
Fone: (21) 2598-4260. Ramal 109
e-mail: [email protected]
Recebido: 19/08/2002
Aceito: 10/09/2002
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