Ambientes Heterogêneos Ambientes Heterogêneos Da mesma forma que modelamos variação genotípica para examinar seleção natural, devemos modelar heterogeneidade ambiental para estudar como populações se adaptam. Consideremos duas dimensões de heterogeneidade: ambientes podem variar no espaço e no tempo. Temporal Física - grão ambiental - como organismos percebem a heterogeneidade ambiental. Grão ambiental Ambiente de grão fino - quando o indivíduo percebe heterogeneidade ambiental ao longo de sua vida Ambiente de grão grosso - quando o indivíduo permanece em um único ambiente ao longo de sua vida, mas o ambiente é diferente entre demes ocupando locais (ou tempo) diferentes. São extremos de uma distribuição contínua. Espécies de “grão-fino” e espécies de grão-grosso (Levine) Espécies de “grão-fino” e espécies de grão-grosso (Levine) • Ambiente heterogêneo • Ambiente heterogêneo • Adaptação pode ocorrer de duas formas básicas: • Adaptação pode ocorrer de duas formas básicas: – Adaptação ocorre pela média dos ambientes – Adaptação ocorre pela média dos ambientes – adaptação ocorre diferenciada em cada ambiente – adaptação ocorre diferenciada em cada ambiente Ambientes Heterogêneos Grão ambiental Podemos distinguir: • grão grosso espacial • grão grosso temporal • grão fino espacial ou temporal Coevolução - importante aspecto do ambiente é se existem espécies interagindo. Ocorre quando uma evolui em resposta à mudança de outra espécie. Grão Grosso Espacial Um ambiente que seja subdividido em parcéis ou habitats que induzem respostas diferentes em valores adaptativos de diferentes genótipos. Assumimos que genótipos vivem em apenas um destes habitat ao longo de sua vida. Modelo de Levene de locus único, 2 alelos com valores adaptativos: AA = vi Aa= 1 aa=wi Chamemos de ci a proporção da população total que vem do habitat i. Exemplo de seleção macia. 1 Grão Grosso Espacial Modelo de Levene assumiu então uma população panmíctica, de acasalamento aleatório com zigotos distribuídos em modelo de ilha com m = 1. Freqüência alélica no começo: p2 2pq q2 e mudança de freqüência alélica no habitat i será: Δp = paA,i/Wi Em que aA,i é excesso médio e Wi é o valor adaptativo médio relativo no habitat i Grão Grosso Espacial Δp = p ∑ ci Δpi = p ∑ i i ci ( pvi + 1 − p − wi ) wi O polimorfismo está protegido nestes ambiente espacialmente heterogêneo quando a média harmônica dos valores adaptativos dos homozigotos for menor que a dos heterozigotos. Isso faz sentido porque quando um dos alelos é raro, quase todas suas cópias estarão em heterozigotos, que tem valor adaptativo de 1. Grão Grosso Espacial Tende a ampliar condições nas quais polimorfismos são protegidos. Não requer vantagem do heterozigoto para ser protegido. Modelo de Levene considera seleção macia e que genótipo de indivíduos que vivem em um habitat não afetam probabilidade de sobrevivência geral. Grão Grosso Espacial Δp = p ∑ ci Δpi = p ∑ i i ci ( pvi + 1 − p − wi ) wi Mesmo este modelo simples já é bastante complexo. Levene considerou apenas condições que mantenham polimorfismo protegido - será positivo quando p ≈ 0 e negativo quando p ≈ 1. Fugindo das fórmulas um pouco, temos que: • Quando a média harmônica do valor adaptativo de aa é menos que 1(wAa), o alelo A está protegido. Grão grosso Espacial Problema para se estimar c (proporção da população total que vem do habitat i) torna difícil estimar valores reais. Mesmos valores adaptativos podem resultar em processos completamente distintos Grão Grosso Espacial E se considerarmos seleção dura – o tamanho da prole de uma população depende da composição genética dessa população. Neste caso, Δp dependerá da média aritmética dos valores adaptativos nos habitat, e não na média harmônica. Não há diferença, portanto, dessa condição e dos modelos em que não há heterogeneidade ambiental. Sob seleção dura, as condições para manutenção de polimorfismos protegidos não são ampliadas. 2 Grão Grosso Espacial Grão Grosso Espacial Levene considera modelo de ilha com m = 1, considerando m < 1 temos fluxo gênico restrito. Neste caso, e com seleção macia, temos polimorfismos protegidos: Quando existir ao menos um nicho em que wi < 1 - m Contraste de modelo com seleção macia e seleção dura. Ou 1 <1 [1 − (1 − wi ) / m] ∑c i i Quando p ≈ 0, maioria aa, poucos Aa. Condições para proteger A dependerão dos heterozigotos. Grão Grosso Espacial Quando existir ao menos um nicho em que wi < 1 - m Ou 1 <1 ∑ ci [1 − (1 − wi ) / m] i Se houver um habitat no qual o heterozigoto é suficientemente favorecido sobre o genótipo predominante para sobrepujar o fluxo gênico, o alelo está protegido. Quanto menor m, maiores as condições para proteção do polimorfismo. No limite (m = 0), se existir ao menos um habitat em que o heterozigoto for favorecido, o alelo se manterá. Mesmo se não houver, haverá proteção do polimorfismo se a condição da média harmônica se mantiver. Grão Grosso Espacial Com seleção dura, existirá polimorfismo protegido se: Quando existir ao menos um nicho em que ωi ≤ 1 – m, onde ωi = (1-m)wi + mΣziwi Ou ∑c i 1 <1 [1 − (1 − ωi ) / m] i À medida que m fica próximo de 0, ωi converge em wi. Ou seja, com fluxo gênico muito restrito, distinção ecológica entre seleção dura e macia torna-se irrelevante para as condições sob as quais a heterogeneidade espacial protege polimorfismos. Grão Grosso Espacial Quando existir ao menos um nicho em que wi < 1 - m Ou ∑c i 1 <1 [1 − (1 − wi ) / m] i Em geral, heterogeneidade espacial de grão grosso, em conjunto com fluxo gênico restrito, aumenta condições nas quais polimorfismos são protegidos sob seleção macia. E se olharmos para esse problema sob a ótica da seleção dura? Grão Grosso Espacial Interação entre ecologia (seleção dura ou macia), estrutura populacional (m) e seleção natural definem resultado da seleção. Mesmo o conhecimento completo da heterogeneidade espacial dos valores adaptativos e das condições ecológicas não permitem determinar o processo evolutivo. À medida que m diminui, populações apresentam cada vez mais adaptações para o ambiente local, e não global. No limite, são as condições locais que determinam se polimorfismos estarão ou não protegidos. 3 Grão Grosso Espacial Resposta evolutiva a heterogeneidade ambiental emerge do balanço de seleção favorecendo diferenciação local contra o fluxo gênico que diminui a diferenciação local. Podemos ver este contraste na diferenciação entre ecótones – mudança abrupta entre ambientes distintos (com seleção diferente) e gradientes – mudança gradual no espaço de um ambiente para o outro. Não existe escala geográfica absoluta que distingüa um do outro porque tal distinção depende do organismo, como ele se move e como se reproduz no espaço. Grão Grosso Espacial m bΔ Grão Grosso Espacial O balanço entre fluxo gênico e seleção é dado por: lc = d m bΔ b = inclinação dos valores adaptativos na zona de transição Δ = é a distância de transição entre os 2 ambientes. d = distância média de dispersão ℓc = comprimento da variação das freqüências alélicas e representa a escala espacial sobre a qual a seleção é efetivamente balanceada pelo fluxo gênico. Clinas Genéticos A medida ℓc é diretamente proporcional ao fluxo gênico e inversamente proporcional à intensidade de mudança espacial nos valores adaptativos e escala sobre a qual os valores adaptativos mudam. Se ℓc < Δ, o organismo sente a transição como um gradiente, e a adaptação a ambientes intermediários é possível. Se ℓc > Δ, o organismo sente a transição como um ecótone, uma vez que a transição entre 2 ambientes ocorre em uma escala espacial menor do que o fluxo gênico individual em relação à seleção. Qualquer situação pode resultar em uma clina genética – mudança gradual de freqüências gaméticas no espaço geográfico. Em um ecótone, populações distantes da transição tenderão a se fixar para um dos alelos, mas populações próximas terão freqüências alélicas intermediárias. A largura desta clina será da ordem de ℓc. No caso de um gradiente, existe maior potencial para diferenciação geográfica para um dado s. Populações na zona de transição podem mostrar adaptações locais, o que faz a largura desta zona ser maior do que ℓc e tender a Δ. Clinas Genéticos Clinas Fenotípicos lc = d lc = d m bΔ Note que a equação acima diz que não existe diferença absoluta entre um gradiente e uma ecótone. Não apenas diferentes espécies podem sentir a mesma heterogeneidade física (Δ) de formas diferentes, mas mesmo loci diferentes em uma mesma espécie podem responder diferentemente à mesma heterogeneidade, por causa de b. Mudanças graduais de freqüências fenotípicas ou fenótipos médios ao longo do espaço. A interação de genótipos com ambientes que estão mudando pode resultar em relações complexas entre clinas genéticos e fenotípicos. Certas situações podem levar clinas genéticos e fenotípicos em direções opostas. 4 Heterogeneidade temporal de grão grosso Heterogeneidade temporal de grão grosso Da mesma forma que a população pode mover no espaço, pode mover no tempo por reprodução. O ambiente pode estar mudando à medida que as gerações vão se sucedendo, com isso, o valor adaptativo associado à um genótipo pode mudar ao longo das gerações. O pool gênico não muda instantaneamente em resposta à uma alteração no ambiente, e sim em taxa proporcional à magnitude dos excessos médios dos gametas. Dessa forma, geralmente leva um tempo para que as freqüências alélicas se ajustem, o que é influenciado pela arquitetura genética. Evolução pode se tornar difícil de se prever, pois depende de uma arquitetura genética potencialmente modificável, estrutura populacional e fatores históricos. Estado genético atual da população pode não ser o mais adaptado ao ambiente atual. Heterogeneidade temporal de grão grosso Heterogeneidade temporal de grão grosso A distinção entre a heterogeneidade temporal de grão grosso entre gerações e a de grão fino dentro de uma geração depende da escala de tempo relativa das mudanças ambientais e das gerações. Considere, por exemplo, as mudanças climáticas, que podem ser grão fino para humanos, mas grão grosso para espécies que se reproduzem várias vezes no ano. A seleção temporal de grão grosso tem modelo muito semelhante à seleção competitiva dada anteriormente. Apesar destes modelos lidarem com situações biológicas distintas, eles têm formas matemáticas idênticas. Ou seja, modelos de seleção cíclica são dependentes de freqüência e podemos estimar quais as condições que levam à proteção de polimorfismo quando não existe dominância: v1 > v2 v12 ⇒ v1v2 < 1 w1 > w2 w12 ⇒ w1w2 < 1 Heterogeneidade temporal de grão grosso Heterogeneidade de grão grosso v1 > v2 v12 ⇒ v1v2 < 1 w1 > w2 w12 ⇒ w1w2 < 1 Polimorfismo é protegido quando a média geométrica dos valores adaptativos dos homozigotos ao longo do ciclo temporal são menores do que a dos heterozigotos. Como outras seleções dependentes de freqüência, têm potencial para múltiplos equilíbrios, para violar FFTNS e para apresentar comportamento dinâmico caótico. Além disso, tempo entre mudanças pode levar a situações mal adaptadas. Heterogeneidade de grão grosso e assimilação genética podem tornar SBT mais provável. Se uma população muda, espacial ou temporalmente, para um ambiente novo, uma nova paisagem adaptativa será encontrada. O novo ambiente pode induzir novas respostas fenotípicas nas normas de reação dos genótipos na população que ali se inicia. Mesmo se no início o ambiente induz variantes fenotípicos aleatórios, a maior Vp torna mais provável que algum fenótipo favorável exista. 5 Heterogeneidade de grão grosso Heterogeneidade de grão fino Uma maior Vp torna mais provável que algum fenótipo favorável exista. Isso pode iniciar processo de assimilação genética e estimular mudança para novo pico adaptativo. Tais tendências evolutivas são aumentadas quando a variação ambiental induzida é sujeita à herança epigenética, p.ex., padrões de metilação diferentes. Em várias situações, a heterogeneidade de grão fino não precisa de tratamento especial, pois pode ser considerada como modelo de valor adaptativo constante. Cada indivíduo na população passa pela mesma seqüência temporal de heterogeneidade de grão fino. – Não diferente de modelo estudado antes de valor adaptativo constante, e equações anteriores são válidas. – Modelo dependente de freqüência não ocorre. Heterogeneidade de grão fino Heterogeneidade de grão fino Em várias situações, a heterogeneidade de grão fino não precisa de tratamento especial, pois pode ser considerada como modelo de valor adaptativo constante. Cada indivíduo na população tem amostra independente de seqüências temporais de ambientes ao longo da vida. Em várias situações, a heterogeneidade de grão fino não precisa de tratamento especial, pois pode ser considerada como modelo de valor adaptativo constante. Cada indivíduo na população tem amostra independente de seqüências temporais de ambientes ao longo da vida. – Diferenças de valor adaptativo entre indivíduos com mesmo genótipo em uma geração. – Valor genotípico do valor adaptativo é a média dos indivíduos com genótipo ij, mas isso não implica que eles tem que ter o mesmo fenótipo. – Variância ambiental acomoda flutuações de valor adaptativo entre indivíduos que se devem à amostragem em variação ambiental de grão fino. – Nem mesmo existe pressuposto que Ve seja a mesma, pois apenas os valores genotípicos do valor adaptativo que na maioria das vezes determinam a evolução. Heterogeneidade de grão fino Heterogeneidade de grão fino Em várias situações, a heterogeneidade de grão fino não precisa de tratamento especial, pois pode ser considerada como modelo de valor adaptativo constante. Mas existem exceções em que a variação ambiental do valor adaptativo afetará o processo evolutivo. Uma exceção é para mutações novas. Como vimos, deriva tem papel fundamental da determinação do que ocorre com novas mutações, mesmo em populações de tamanho infinito. Deriva tem papel fundamental da determinação do que ocorre com novas mutações, mesmo em populações de tamanho infinito. Da mesma forma, as forças aleatórias geradas pela heterogeneidade de grão fino no valor adaptativo também tem papel importante na determinação de uma nova mutação. Aaprogênie= 1+s V = 1+s+σ2 aaprogênie = 1 V=1 V=1 Populaçãoprogênie = 1 6 Heterogeneidade de grão fino Aaprogênie= 1+s aaprogênie = 1 Populaçãoprogênie = 1 V = 1+s+σ2 V=1 V=1 Heterogeneidade de grão fino Quando s é próximo de 0, a probabilidade de sobrevivência de A é: 2s Pr (A sobrevive) = 1 + s + σ s2 Isso causa desvio da expectativa de Poisson de que se todos indivíduos Aa tivessem o mesmo valor adaptativo 1+s, sua média e variância no número de prole seria 1+s. Quando não existe heterogeneidade, a equação acima reduz para 2s/(1+s) ≈ 2s pois s ≈ 0. Valor adaptativo constante é caso especial dessa fórmula mais geral. Quando existe heterogeneidade, a probabilidade de novo mutante sobreviver diminui em relação a situação sem heterogeneidade (pois σ2 > 0). Se existirem 2 mutações com valor adaptativo idêntico, a que tiver σ2 menor terá maior chance de se manter na população. Heterogeneidade de grão fino Heterogeneidade de grão fino Se existirem 2 mutações com valor adaptativo idêntico, a que tiver σ2 menor terá maior chance de se manter na população. Mesmo mutações que têm s diferentes, se uma mutação for suficientemente tamponada contra variação, ela poderá ter maior chance de se manter na população. E como fica nossa noção de neutralidade? Seleção não estará favorendo genótipos com maior valor adaptativo, mas sim os que tiverem melhor tamponamento contra flutuações de valor adaptativo. A importância da variância dentro do genótipo induzida por heterogeneidade aumenta quando o tamanho populacional é finito. Neste caso, a variância do valor adaptativo dentro do genótipo não fica completamente mensurada mesmo considerando toda a população. Resultado similar ocorre quando focamos em caracteres que contribuem ao valor adaptativo, e não neste propriamente dito. Nestes, quando genótipos diferem na habilidade de tamponar a heterogeneidade de grão fino, a seleção favorecerá genótipos com maior capacidade de tamponamento. Heterogeneidade de grão fino Coevolução Tema consistente: seleção de grão fino favorece genótipos mais tamponados contra flutuações de valor adaptativo. Isso costuma ser alcançado pela maior plasticidade de outros caracteres, que se tornam mais sensíveis à variação de grão fino, como na manutenção de temperatura corpórea em mamíferos. Resposta ao ambiente depende não apenas do estado do ambiente, mas também ao tempo de exposição à este estado. Quanto mais um ambiente é encontrado, mais importante fica ter alto valor adaptativo nele. Valores adaptativos derivam de como genótipos interagem com o ambiente, que freqüentemente inclui outras espécies, que não são estáticas. Evolução em uma espécie pode criar um ambiente em modificação em outra. Coevolução – quando duas ou mais espécies adaptam-se mutuamente a si mesmas através de interações interespecíficas. A medida σ2 mede a variância no coeficiente de seleção induzida pela heterogeneidade de grão fino. 7 Coevolução Coevolução – quando duas ou mais espécies adaptam-se mutuamente a si mesmas através de interações interespecíficas. O critério relevante de uma interação é se o valor adaptativo relativo de uma espécie é influenciado pelas interações com indivíduos de outras espécies Coevolução Exemplo pode ser visto com Heliconius – Larvas se alimentam de espécies diferentes de Passiflora – Geralmente espécies simpátricas usam plantas diferentes, indicando neutralismo. – Adultos usam fontes similares para néctar e pólen, indicando competição entre adultos. – Qualquer caráter que aumente capacidade competitiva e eficiência de forrageamento deve ser selecionada. Coevolução O critério relevante de uma interação é se o valor adaptativo relativo de uma espécie é influenciado pelas interações com indivíduos de outras espécies. Tais interações podem ter grande impacto evolutivo mesmo se a dinâmica populacional não for afetada. O alvo de uma interação interespecífica pode ser o indivíduo, mas a unidade de seleção geralmente é bem menor. Várias unidades diferentes podem ser influenciadas pela interação entre indivíduos de espécies diferentes, e cada uma pode responder diferentemente à interação. Coevolução Podemos ver tais características no modelo abaixo que mede a função de valor adaptativo na espécie 1: w(θ12) = 1 + a1(k1 - N1 - θ12N2) em que a1 é uma constante para a espécie 1 k1 é a quantidade de recursos disponível à espécie 1 N1 é a densidade de indivíduos conspecíficos da espécie 1 usando o recurso. N2 é a densidade de indivíduos da espécie 2 θ12 é mede o impacto competitivo de indivíduos da espécie 2 em relação à espécie 1. Coevolução Coevolução w(θ12) = 1 + a1(k1 - N1 - θ12N2) Tal equação atribui valor adaptativo ao fenótipo θ12 Assumimos que θ12 tenha alguma herdabilidade na espécie 1 e a resposta à seleção é dada pelo FTNS. Este é modelo linear de valor adaptativo em relação à θ12. Logo o valor adaptativo é uma função decrescente de θ12, e S é negativo. Se houver alguma herdabilidade para esta medida de competição, R também será negativo, indicando que a seleção natural reduzirá θ12. w(θ12) = 1 + a1(k1 - N1 - θ12N2) Se houver alguma herdabilidade para esta medida de competição, R também será negativo, indicando que a seleção natural reduzirá θ12. A mesma pressão estará atuando na espécie 2, mas no sentido oposto, de forma que haverá favorecimento de estratégias que: – aumentem a habilidade competitiva em relação à outra espécie; – criem especialização a parte do recurso que a outra não tenha acesso 8 Coevolução Coevolução Mas adultos de Heliconius também têm gosto ruim para predadores e coloração aposemática e embora haja grande diversidade, existe mimetismo Mulleriano entre espécies simpátricas - coloração de aviso similar. Benefício mútuo de presas apresentarem mesma coloração de aviso favorece surgimento de mimetismo Mulleriano. Modelo de coevolução de mimetismo Mulleriano: Ni - densidade da espécie i, constante física determinada pela disponibilidade recurso às larvas. Fenótipos recessivos associados a genótipos aa e bb em supergenes com alelos dominantes A e B. Predadores percebem semelhança: A_ e B_ > A_ e aa ou B_ e bb > A_ e bb ou B_ e aa; Não percebem semelhança entre aa e bb. Coevolução Coevolução 1 > a,c > b,d > 0 O valor adaptativo deve ser proporcional ao número de indivíduos se assemelhando a tal fenótipo versus um coeficiente medindo o grau de semelhança. Assim temos que: Note que o valor adaptativo dentro da espécie é dependente de freqüência e de densidade da espécie 1 e da 2. a A = Gaa [(1 − a )(1 − 2Gaa ) N1 + (c − b)(1 − Gbb ) N 2 + dGbb N 2] Acima temos o excesso médio de A, e como: 1 > a,c > b,d > 0 Temos que ele é sempre positivo quando Gaa<½. Quando Gaa>½ o alelo A pode aumentar em 1 se o termo interespecífico for suficiente grande para sobrepujar a desvantagem intraspecífica de ter o alelo raro em 1. Como é razoável supor que nenhuma das espécies seja parecida no começo do processo, temos que será a força interespecífica que irá permitir tal processo. Coevolução Coevolução Quando aa e bb forem próximos de 1 no início, aA será positivo quando: dN > (1 − a ) N Quando aa e bb forem próximos de 1 no início, aA será positivo quando: Ou seja, quando a semelhança interespecífica do fenótipo dominante em 1 e o fenótipo recessivo em 2 (balanceado pela densidade de 2) for maior do que a falta de semelhança (1-a) do fenótipo dominante em 1 em relação ao fenótipo recessivo de 1 (balanceado pela densidade em 1). Curso da evolução na espécie 1 dependerá da combinação de fatores intra e interespecíficos e a coevolução ocorrerá apenas quando estes forem fortes. Além disso, se uma espécie for muito mais comum do que a outra, esta inequalidade é provável de ser verdadeira apenas para a espécie mais rara. Logo, coevolução, em que espécies estarão evoluindo para um padrão comum, é mais provável quando densidades são comparáveis. É importante lembrar que tais processos podem ocorrer simultaneamente em unidades de seleção diferentes. 2 1 dN 2 > (1 − a ) N1 9 Coevolução Evolução da Senescência Para estes modelos, assumimos que fenótipo mutualista seria dominante, e se ele fosse recessivo as condições seriam muito mais restritas. Neste caso, freqüências baixas dos alelos no início iriam, muito provavelmente, estar associadas a pressões muito baixas favorecendo o aumento da freqüência deste alelo na população. Isso pode ser explicação porque grande parte de alelos associados a mimetismo Mulleriano nestas borboletas são dominantes ou co-dominantes. Evolução da Senescência Devemos responder à estas perguntas: Porque envelhecemos? Seleção natural não deveria favorecer fenótipos que não perdessem vigor ou capacidade reprodutiva com a idade? Como podem haver vantagens evolutivas para tais indivíduos? Evolução da Senescência x Comecemos com população que não fica velha, mas não é imortal. d = probabilidade de indivíduo morrer em uma unidade de tempo - independente da escala temporal. mb = probabilidade de se acasalar versus o número de descendentes por uma unidade de tempo - também independente da escala temporal. Probabilidade de indivíduo viver até idade x: l x = ∏ (1 − d ) = (1 − d ) x i =0 A taxa reprodutiva total de um indivíduo será: ∞ ∞ x =0 x =0 R0 = ∑ l x mb = mb∑ (1 − d ) x = mb d E seu parâmetro Malthusiano? Medida de valor adaptativo que leva em consideração tanto o número de progênie quanto quão rápido eles são produzidos x l x = ∏ (1 − d ) = (1 − d ) x i =0 Evolução da Senescência x l x = ∏ (1 − d ) = (1 − d ) x i =0 A taxa reprodutiva global de um indivíduo será: ∞ ∞ mb R0 = ∑ l x mb = mb∑ (1 − d ) = d x =0 x =0 x E seu parâmetro Malthusiano será: ∞ ∞ x =0 x =0 1 = ∑ e − rx l x mb = mb∑ [(1 − d )e − r ]x = mb 1 − (1 − d )e − r ⇒ r = ln(1 − d ) − ln(1 − mb) quando d e mb forem números pequenos, r ≈ mb - d. Evolução da Senescência Suponha agora que uma mutação ocorra de tal forma que indivíduos que a possuírem morrerão à idade n-1. A Taxa reprodutiva global desse mutante será: n −1 R ' 0 = mb ∑ (1 − d ) x = x =0 mb [1 − (1 − d ) n ] d Para valores altos de n e qualquer d < 1 (ou seja, que alguma morte ocorra), o termo (1 - d)n tende a 0, e portanto o termo nos colchetes tende a 1. Dessa forma, se n é suficientemente alto, R0 ≈ R’0 e a mutação é seletivamente neutra se medida pela taxa reprodutiva global. 10 Evolução da Senescência R0 ≈ R’0 Dessa forma, se n é suficientemente alto, ea mutação é seletivamente neutra se medida pela taxa reprodutiva global. O mesmo pode ser demonstrado para o parâmetro Malthusiano. Conquanto a senescência seja adiada para uma idade avançada, o fenótipo mutante será neutro. Mutações neutras podem se fixar dado um tempo suficientemente longo, o que destruirá o fenótipo de não envelhecimento da população inicial. Evolução da Senescência Evolução da Senescência A seleção não será capaz de impedir a evolução da senescência por deriva elevando à fixação de alelos quase neutros com efeitos deletérios em idade avançada. Mesmo doenças genéticas letais são efetivamente neutras quando surgimento do fenótipo é suficientemente tardio. Evolução da Senescência n −1 Consideremos uma outra classe de mutações agora: A mutação mata seu portador na idade n -1, mas aumenta a reprodução jovem de mb para mb’ de tal forma que mb’ > mb - pleiotropia antagonista. A taxa de reprodução global destes indivíduos será: n −1 R"0 = mb ' ∑ (1 − d ) x = x=0 mb ' [1 − (1 − d ) n ] d R"0 = mb ' ∑ (1 − d ) x = x=0 mb ' [1 − (1 − d ) n ] d Da mesma forma que antes, o termo em colchetes tende a 1 quando n aumenta. Se idade de surgimento de efeitos deletérios for tarde o suficiente, a R”0 será aproximadamente mb’/d que é maior do que R’0= mb/d. Podemos mostrar tal efeito também no parâmetro malthusiano. Por qualquer critério, este mutante pleiotrópico será favorecido por seleção natural se efeitos deletérios tiverem aparecimento tardio. Evolução da Senescência A evolução da senescência será determinada tanto por mutações neutra de efeito tardio, quando por mutações antagonisticamente pleiotrópicas sendo positivamente selecionadas. Mais uma vez vemos que a perspectiva gamética se sobrepõe à perspectiva individual para permitir entender a dinâmica do processo: Seleção favorece aos fenótipos que transmitem mais gametas, mesmo ao preço da senescência dos próprios indivíduos, que são os carreadores temporários destes gametas. 11