um grão de areia - Externato da Luz

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UM GRÃO DE AREIA
Na imensidão de um areal de uma praia qualquer, um grão de areia parece não ter
qualquer importância, mas quem assim pensa, não tem a ideia que um todo é um somatório
de pequenas parcelas, todas de igual importância.
Uma pessoa no mundo, está posicionada na Humanidade da mesma forma.
Sempre que há uma vida perdida, mesmo que nasça um novo Ser Humano, perde-se
sempre a experiência da vida que acabou.
A importância das coisas e de um qualquer ser vivo, não resultam da sua dimensão.
A história de “Um grão de areia” da minha praia preferida de Porto Santo, demonstra o
significado do que disse.
No mês de Agosto rumei à Ilha Dourada com os meus pais, destino preferido da
minha família, mas sobretudo da minha mãe, para descansar de um ano de trabalho.
Sem poder esperar fui para a praia a correr, deliciando-me com o Oceano Atlântico que ali
é mais quente do que em qualquer lugar do Continente, com uma ondulação divertida, que
por vezes provoca alguns acidentes embaraçosos.
Nesse primeiro dia de férias, com a emoção e por vezes falta de atenção que me
descrevem, não vesti os calções de banho com o devido cuidado e com a agitação do mar,
perdi-os por alguns momentos.
Foi com alegria que os recuperei do “meu” Mar de Porto Santo, mas com a pressa
com que os vesti, com eles veio uma imensidão de areia, que me apressei a tentar tirar pelo
incómodo que me causava.
Fui praticamente eficaz, mas não na sua totalidade e a minha mãe também não, pelo
que, lá ficou escondido nas malhas do fato de banho um pequeno grão de areia que sem eu
saber, me acompanhou nas férias e comigo viajou para o Continente.
Esqueci o assunto, até que um dia estava triste e um pouco abatido, sem vontade de fazer
nada e algo desmotivado.
O mar, a natação e o mergulho, são algo que me dá prazer, por me sentir livre, por
me descontraírem e por me permitirem contactar com a natureza que tanto admiro.
Fui sem hesitar vestir os calções de banho, e por estranho que pareça, reparei num pequeno
grão de areia perdido no fundo da minha gaveta da roupa.
Naquele dia estava particularmente atento a pormenores, por estar mais triste ou se calhar
mais observador.
O primeiro impulso foi o de deitar fora o que aparentemente nada valia, mas de
repente, lembrou-me o episódio ridículo de estar numa praia com tanta gente á minha volta
e eu de repente sem calções, de toda a atrapalhação do momento e da emoção com que os
reencontrei, mesmo todos cheios da incómoda areia.
Comecei a rir mesmo sozinho e com as minhas memórias e um mergulho na praia,
a minha tristeza foi-se e a boa disposição e o optimismo que me caracterizam voltaram.
Resolvi conservar no fundo da minha gaveta aquele aparente insignificante “grão de areia”,
porque me ajudou a relembrar um momento feliz da minha vida, devolveu-me a boa
disposição com devemos abraçar cada dia em que estamos vivos e com saúde, mesmo que
a vida nos traga algumas dificuldades e obstáculos para atravessar.
Como aquele pequeno grão de areia, coisas e pessoas que julgamos insignificantes
e por vezes nem dos rostos nos lembramos, tornam a nossa vida possível e confortável.
Acredito que a vida é feita de pequenos nadas, que todos somos muito importantes,
qualquer que seja o seu sexo, idade, raça, profissão ou religião.
João Fernandes
6ºAno C
Nº529
Externato da Luz
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