COMÉRCIO EXTERIOR DO ESTADO DO CEARÁ COM A CHINA: DESEMPENHO DAS RELAÇÕES COMERCIAIS NO PERÍODO RECENTE [email protected] APRESENTACAO ORAL-Comércio Internacional DIEGO RODRIGUES HOLANDA; MARIA CRISTINA PEREIRA DE MELO. UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ, FORTALEZA - CE - BRASIL. Comércio exterior do Estado do Ceará com a China: desempenho das relações comercias no período recente. Grupo de Pesquisa: Comércio internacional Resumo A participação da China no crescimento econômico mundial vem aumentando nos últimos anos. Esse crescimento de alguma forma afeta países emergentes como o Brasil. No período 2002-2009, o comércio bilateral Brasil-China cresceu de forma satisfatória, essa expansão foi bem superior ao que ocorreu no comércio internacional brasileiro. No Estado do Ceará, as exportações para a China cresceram durante todo o período analisado, mas a base exportadora é muito baixa. Para as importações o crescimento foi significativo, nos dois últimos anos, a China foi o maior parceiro comercial do Estado. O presente trabalho buscou analisar o comércio bilateral entre o Estado do Ceará e a China no período 20022009, pela ótica dos setores exportadores e importadores, intensidade tecnológica e dos produtos exportados e importados. Foram utilizados alguns indicadores de competitividade revelada, destacam-se: saldo simples da balança comercial e o índice de concentração das exportações e importações. Os dados foram obtidos pelo MDIC, FUNCEX e OMC. Constatou-se que a economia do Estado do Ceará está sendo beneficiada de forma mais lenta do que a Região Nordeste no que se refere às exportações. Apesar do crescimento expressivo dessas, a base exportadora ainda é muito baixa. Palavras-chaves: Comércio Exterior; Região Nordeste do Brasil; China. Foreign trade of the State of Ceará with China: the performance of trade relations in recent years. Abstract The involvement of China in the economic growth world has been increasing in the last years. This growth in anyway affect emerging countries such as Brazil. Ih the period 20021 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural 2008, the bilateral trade Brazil-China grew up of satisfactory way, this expansion was better than occurred in the international trade Brazilian. In the State of Ceará, the exports to China grow every year all period, but the export grounding still very lowest. To imports, the growth was significant in 2008, China was the greatest importer of Ceará. The present research searched to analyze the bilateral trade between the state of Ceará and China in the period 2002-2008, the optics of exported and imported sectors, and technological intensity and companies that marketed to the world and China in 2008. Some indicators of disclosed competitiveness had been used as: the simple balance of trade and concentration index of the exportations and importations. The informations obtained were disposed by MDIC, FUNCEX and WTO. It was still observed that the economy of Ceará state is favored in more slowly than the Northeast Region with the exportations. Despite the significant growth of the export base is still very slow. Key Words: Foreign Trade; Northeast Region of Brazil; China. 1. INTRODUÇÃO Nos últimos anos, a economia chinesa vem alcançando significativos índices de crescimento econômico, e nesse contexto, ocorreu expansão do comércio exterior brasileiro com esse País no período 2002-2009. Enquanto o PIB mundial cresceu 3,4% em 2007 (OMC, 2008), a China cresce em média próximo de 10% anualmente. Em 2007, a China foi o 2° País exportador mundial, exportou US$ 1.220 trilhões de dólares, e importou US$ 956 bilhões de dólares nesse mesmo ano, tornando-se o 3° maior importador mundial. Segundo Jabbour (2006, p.34), “O crescimento econômico chinês é marcado, além do aumento da produção, pela explosão do consumo”. A expansão do comércio bilateral Brasil-China ocorre em um cenário favorável para a economia brasileira, forte expansão da economia mundial entre 2002-2008 e crescimento das economias emergentes. O Brasil está sendo beneficiado, principalmente, pela modernização do seu parque produtivo, dado pelo dólar competitivo, e elevação dos preços internacionais das commodities agrícolas e metálicas, com alta demanda chinesa. Para a região nordeste, o comércio internacional com a China acompanhou a trajetória brasileira de forma mais lenta e concentrada em poucos setores. No início do período analisado, a China não figurava entre os principais parceiros comerciais dessa região, tornando-se, em 2009, um dos principais parceiros comerciais da região. A região Nordeste foi beneficiada pelo crescimento econômico da China, através do aumento dos preços das commodities agrícolas e metálicas no mercado mundial e a crescente demanda chinesa por essas commodities. Apenas dois Estados, Bahia e Maranhão, lideraram nas exportações para a China, em 2009. Para as importações, os Estados da Bahia, Ceará e Pernambuco, dominaram as importações nordestinas para a China no mesmo ano. Com o forte crescimento econômico da China e a entrada desse País na OMC na década 2000, é importante destacar a trajetória econômica da região Nordeste com esse País através das suas trocas comerciais e, principalmente, o Estado do Ceará onde a China 2 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural passou a ser o principal parceiro comercial do Estado no biênio 2008-2009, tornando-se o maior importador para o Ceará. 2. METODOLOGIA O objetivo geral é analisar o desempenho da evolução das relações comerciais entre o Ceará e a China, no período 2002-2009. • Avaliar a evolução comercial, em termos quantitativos, entre o Ceará e a China através do saldo simples da balança comercial no período (20022009). • Identificar os principais setores exportadores e importadores, com crescimento e participação no comércio com a China. • Quantificar as transações comerciais através do índice de concentração. • Identificar setores exportadores e importadores segundo a intensidade tecnológica. • Identificar os principais produtos exportados e importados em destaque no Ceará no ano de 2009. O período analisado corresponde ao intervalo 2002-2009, quando o comércio do Brasil com a China cresceu de forma expressiva e esse mesmo País tornou-se um dos principais parceiros comerciais do Brasil. No presente trabalho, expõe-se a evolução do comércio externo Brasil X China através do saldo simples da balança comercial: exportação e importação, principais setores exportadores e importadores, índice de concentração, intensidade tecnológica e a comercialização dos principais produtos agrícolas nesse comércio bilateral. No que diz respeito à qualificação das transações comerciais a partir de indicadores dos setores exportadores e importadores, serão utilizados os seguintes: o índice de concentração (IC) indica o grau de concentração das exportações por setor. O mesmo indicador usa-se para as importações. O valor do coeficiente de IC pode assumir grandezas de 0 a 100. IC=0 indica distribuição uniforme entre os diferentes setores comercializados. Esse caso corresponde ao grau de comercialização mais fraca. Utiliza-se o coeficente de Gini-Hirchman, expresso da seguinte maneira: X ICX = 100. ∑ i i X 2 Onde X representa as exportações totais da região e Xi as exportações do setor i. 3 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural A classificação dos setores exportadores e importadores segundo a intensidade tecnológica seguem aquela desenvolvida pela OCDE, quais sejam: produtos de baixa, média baixa, média alta e alta intensidade tecnológica. Os dados utilizados são do ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), através do sistema Alice, e a denominação de setores de (01-99) segue a metodologia da nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) utilizada pela Secretaria de Comércio Exterior (SECEX/MDIC). 3. UMA AVALIAÇÃO DAS RELAÇÕES COMERCIAIS ENTRE O ESTADO DO CEARÁ E A CHINA Nos últimos anos, o comércio exterior do Estado do Ceará apresentou trajetória ascendente no valor de suas exportações, mas esse crescimento ocorre de forma mais lenta que o Brasil e a Região Nordeste. Diferentemente da década de 1990, na qual o Estado do Ceará apresentou um desempenho especial se comparado aos demais Estados da Região Nordeste (MELO e FONTENELE, 2004). As exportações para o Mundo cresceu 98% no período 2002-2009. Para a China, o crescimento das exportações foi de cálculo expressivo, cresceu 3.585% no mesmo período, no entanto a base era muito baixa no ano de 2002. Em 2009, a participação das exportações do Estado do ceará para a China ficou em 3,10% e, esse País ficou na 7° posição nos principais destinos das exportações em 2009 do Estado do Ceará. A economia cearense ao longo de sua história teve participação irrelevante no comércio exterior brasileiro. Pouco contribuiu para a economia brasileira em termos de participação no comércio externo do País. Nos anos analisados, o Ceará mostra trajetória crescente tanto nas suas exportações quanto nas suas importações para o mercado mundial, com destaque para os últimos três anos, na qual suas exportações ultrapassaram US$ 1 bilhão de dólares, marca registrada pela primeira vez na história (MDIC). As exportações registraram um aumento em 98% no ano de 2009 se comparado a 2002. Para as importações, o crescimento foi de 93% em 2009 comparativamente ao início do período analisado. O saldo da balança comercial foi superavitário no triênio 2003-2005, apresentando déficits comerciais nos outros anos do período. Em 2009, o déficit comercial atingiu US$ 150 milhões de dólares. Esse crescimento do comércio internacional do Ceará é um reflexo do que vem ocorrendo com a economia brasileira e a região Nordeste, apresentando valores das exportações e das importações crescentes nos últimos anos. Para a China, as exportações tiveram um aumento em 3.585% no ano de 2009 em relação ao início do período. As importações obtiveram um aumento em menor proporção do que as exportações, chegando a 826%, no último ano da série. Apesar desse alto crescimento das exportações para a China, em termos de valores, o Ceará exportou US$ 33 milhões de dólares para a China em 2009. Esse valor é inexpressivo se comparado às importações provenientes desse mesmo País. No ano de 2009, as importações atingiram US$ 182 milhões de dólares. 4 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Durante todo o período, o Ceará apresentou déficits comerciais com a China. Nos últimos três anos, o saldo ficou negativo em mais de US$ 100 milhões de dólares, em 2008, atingindo o seu maior valor, US$ 309 milhões. (Tabela 1). Para entender o impacto da inserção dos produtos chineses no Ceará, é importante ver a participação da economia desse País no Estado do Ceará nos anos analisados. Em 2002, apenas 0,17% das exportações cearenses tinham como destino a China. Já no ano de 2009, a participação desse País passa para 3,10%. Nas importações, houve um crescimento bem mais significativo. Em 2002, 3,10% das importações do Estado do Ceará tinha como origem a China. No ano de 2008, essa participação chinesa chega a 21,38%. No Estado do Ceará, a China ocupava a 33° posição nos principais destinos das suas exportações, em 2002. No ano de 2009, passa a ocupar a 7° colocação nos principais destinos. Para as importações, a China ocupava em 2002 apenas a 7° posição das principais origens das importações do Ceará. No biênio 2008-2009, passa a ser o maior parceiro comercial do Estado. Tabela 1 - Ceará: Evolução do Saldo da Balança Comercial (2002-2009) (US$) Mundo China Ano 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Exportações 545.023.335 762.602.719 861.567.940 933.589.116 961.874.415 1.148.357.273 1.276.970.342 1.080.166.034 Importações 635.909.703 540.776.879 572.739.266 588.483.556 1.098.177.457 1.405.682.616 1.558.556.598 1.230.289.236 Saldo Exportações Importações -90.886.368 908.816 19.695.076 221.825.840 3.025.533 27.307.281 288.828.674 10.293.227 37.655.302 345.105.560 15.505.342 41.891.049 -136.303.042 20.161.773 68.610.546 -257.325.343 23.925.093 187.641.181 -281.586.256 24.080.844 333.262.990 -150.123.202 33.493.146 182.490.194 X China/ X M China/ M Saldo Mundo (%) Mundo (%) -18.786.260 0,17 3,10 -24.281.748 0,40 5,05 -27.362.075 1,19 6,57 -26.385.707 1,66 7,12 -48.448.773 2,10 6,25 -163.716.088 2,08 13,35 -309.182.146 1,89 21,38 -148.997.048 3,10 14,83 Fonte: Brasil, 2010. Elaboração Própria. Como observado na Tabela 2, no período 2002-2009, as exportações apresentaram movimentos de concentração e desconcentração para a China bem maior do que para o Mundo. Em 2005, o índice de concentração alcançou seu menor valor para o Mundo e, para a China, o seu valor mais baixo foi no ano de 2002, início do período analisado. Para as importações, o índice de concentração para o mundo varia muito pouco durante o intervalo de tempo analisado. Em 2009, atingindo o seu menor valor e no ano de 2006 o seu maior valor. Já para a China, há um movimento maior de concentração e desconcentração. Em 2009, houve uma maior diversificação das importações da China para o Ceará. 5 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Tabela 2 - Ceará: Índice de Concentração das Exportações e Importações (2002-2009) Mundo China ANO ICX ICM ICX ICM 2002 37,85 39,09 53,33 61,56 2003 37,44 34,97 90,69 62,97 2004 37,06 33,91 65,04 52,05 2005 36,50 34,82 70,35 41,47 2006 37,56 47,83 69,54 32,56 2007 38,82 39,95 63,92 34,09 2008 39,18 31,46 59,11 49,04 2009 41,18 29,09 60,25 30,62 Fonte: Brasil, 2010. Elaboração Própria. 4. PRINCIPAIS SETORES EXPORTADORES E IMPORTADORES COM EVIDENCIA NO CEARÁ As exportações do Ceará para a China são concentradas em apenas cinco setores: (41) Peles, Exceto a Peleteria (Peles com Pelo), e Couros, (21) Preparações Alimentícias Diversas, (25) Sal, Enxofre, Terras e Pedras, Gesso, Cal e Cimento, (68) Obras de Pedra, Gesso, Cimento, Amianto, Mica, etc., e (15) Gorduras, Óleos e Ceras Animais ou Vegetais, etc. Esses cinco setores corresponderam a 94,42% das exportações do Estado do Ceará para a China no ano de 2009 e, apenas dois setores respondem por 73% das exportações nesse mesmo ano. (Tabela 3). O Setor (41) Peles, Exceto a Peleteria (Peles com Pelo), e Couros, desde 2004 sempre teve uma participação relevante no total exportado do Ceará para a China. Em 2003, a participação desse setor atingiu o seu menor valor, menos de 1% do total das exportações. Nos últimos três anos, o setor (21) Preparações Alimentícias Diversas passou a figurar entre os principais setores exportadores, com participação de 13,36% em 2007, 19,92% no ano de 2008 e 16,60% em 2009. Tabela 3 - Ceará: Principais Setores Exportadores de 2009 (2002-2009) (Participação) NCM Setores 2002 2003 0,0433 0,0001 41 Peles, Exceto a Peleteria (Peles com Pelo), e Couros 0,0000 0,0000 21 Preparações Alimentícias Diversas 0,0000 0,9051 25 Sal, Enxofre, Terras e Pedras, Gesso, Cal e Cimento 0,3928 0,0394 68 Obras de Pedra, Gesso, Cimento, Amianto, Mica, etc. 0,2708 0,0354 15 Gorduras, Óleos e Ceras Animais ou Vegetais, etc. 0,7069 0,9800 Total 2004 2005 2006 2007 2008 2009 0,2289 0,0000 0,5983 0,0000 0,0087 0,8359 0,6831 0,0000 0,0231 0,0000 0,0569 0,7632 0,6804 0,0000 0,0657 0,0154 0,0525 0,8140 0,6158 0,1326 0,0037 0,0247 0,0525 0,8292 0,5461 0,1992 0,0570 0,0649 0,0357 0,9029 0,5640 0,1660 0,0916 0,0716 0,0512 0,9442 Fonte: Brasil, 2010. Elaboração Própria. Na Tabela 4, encontra-se o crescimento por 2009, dos setores com exportação para a China. Dentre os principais setores exportadores com maior crescimento no período, é 6 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural identificado três que figuraram entre os principais exportadores com participação nesse mesmo período: (41) Peles, Exceto a Peleteria (Peles com Pelo), e Couros, que cresceu 48.030,49% no período, e torna-se o maior exportador no ano de 2009. O segundo setor é (68) Obras de Pedra, Gesso, Cimento, Amianto, Mica, etc., encontra-se na 4°posição dos setores em crescimento e, por último, o setor (15) Gorduras, Óleos e Cearas Animais ou vegetais, etc., que cresceu, aproximadamente, 700% durante o período analisado. Os setor (64) Calçados, Polainas e Artefatos Semelhantes, obteve apenas um crescimento pontual. Assim, não figurando entre os principais setores exportadores para a China. Tabela 4 - Ceará: Setores Exportadores com Crescimento de 2002/2009 NCM 41 64 15 68 Setores Peles, Exceto a Peleteria (Peles com Pelo), e Couros Calçados, Polainas e Artefatos Semelhantes, e Suas Partes Gorduras, Óleos e Ceras Animais ou Vegetais, etc. Obras de Pedra, Gesso, Cimento, Amianto, Mica, etc. 2003/ 2002 2004/ 2003 2005/ 2006/ 2007/ 2008/ 2009/ 2004 2005 2006 2007 2008 2009/ 2002 0,86 695094,99 449,52 129,51 107,40 89,25 143,64 48030,49 0,00 - 360,37 121,60 247,73 67,82 3905,54 43,53 83,48 986,84 119,98 118,51 68,51 199,35 696,30 33,39 0,00 - 190,59 264,58 153,25 671,36 Fonte: Brasil, 2010. Elaboração Própria. Setorialmente, as importações do Ceará provenientes da China se destacaram em 06 setores correspondendo a 70% das importações e 15 setores corresponderam a 90,29% desse comércio bilateral Ceará-China. O Setor (72) Ferro Fundido, Ferro e Aço, apresenta trajetória ascendente na sua participação no triênio 2006-2008. No último de 2009, essa participação correspondeu a 13,30% das importações do Estado para a China. Vale ressaltar que, entre 2002-2005, esse setor não tem participação relevante nas importações desse Estado. Outro setor a ser destacado é (29) Produtos Químicos Orgânicos. Esse setor tem participação em declínio durante o período. Em 2002, o setor (29) Produtos Químicos Orgânicos, tinha participação de 60% das importações. Já, em 2009, essa participação encontra-se próximo de 11,45%. Assim, figurando na 4°posição nos principais setores importadores do Ceará. (Tabela 5). 7 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Tabela 5 - Ceará: Principais Setores Importadores de 2009 (2002-2009) (Participação) NCM Setores 2002 2003 0,0025 0,0041 84 Reatores Nucleares, Caldeiras, Máquinas, etc., Mecânicos 0,0000 0,0000 72 Ferro Fundido, Ferro e Aço 0,0457 0,0829 85 Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos, Suas Partes, etc. 0,5996 0,5939 29 Produtos Químicos Orgânicos 0,0000 0,0008 55 Fibras Sintéticas ou Artificiais, Descontínuas 0,0004 0,0077 87 Veículos Automóveis, Tratores, etc. Suas Partes/ Acessórios 62 Vestuário e Seus Acessórios, Exceto de Malha 0,0000 0,0000 0,0247 0,0007 90 Instrumentos e Aparelhos de Óptica, Fotografia, etc. 54 Filamentos Sintéticos ou Artificiais 0,1075 0,1884 0,0125 0,0000 60 Tecidos de Malha 64 Calçados, Polainas e Artefatos Semelhantes, e Suas Partes 0,0238 0,0029 0,0223 0,0000 42 Obras de Couro, Artigos de Correeiro ou de Seleiro, etc. 52 Algodão 0,0044 0,0049 0,0000 0,0014 70 Vidro e Suas Obras 28 Produtos Químicos Inorgânicos, etc. 0,0081 0,0099 0,8515 0,8977 Total 2004 2005 2006 2007 2008 2009 0,0235 0,0000 0,2366 0,4481 0,0033 0,0073 0,0000 0,0120 0,0992 0,0000 0,0211 0,0081 0,0387 0,0011 0,0102 0,9091 0,0624 0,0000 0,1045 0,3621 0,0222 0,0648 0,0078 0,0215 0,0942 0,0059 0,0150 0,0017 0,0006 0,0047 0,0050 0,7722 0,0527 0,1103 0,1194 0,2278 0,0931 0,0771 0,0214 0,0491 0,0541 0,0021 0,0110 0,0112 0,0054 0,0055 0,0097 0,8499 0,0707 0,2258 0,1550 0,1181 0,1029 0,0699 0,0066 0,0215 0,0554 0,0305 0,0073 0,0108 0,0046 0,0066 0,0043 0,8900 0,0688 0,4608 0,0757 0,0979 0,0579 0,0464 0,0112 0,0130 0,0174 0,0285 0,0140 0,0098 0,0138 0,0080 0,0048 0,9281 0,1770 0,1330 0,1156 0,1145 0,0812 0,0751 0,0347 0,0330 0,0324 0,0293 0,0252 0,0145 0,0130 0,0129 0,0116 0,9029 Fonte: Brasil, 2010. Elaboração Própria. Os setores que mais cresceram nesse período são: (70) Vidro e Suas Obras, crescimento apenas eventual, pois não figura entre os principais setores, (87) Veículos Automóveis, Tratores, etc. Suas Partes/ Acessórios, (84) Reatores Nucleares, Caldeiras, Máquinas, etc., Mecânicos. (95) Brinquedos, Jogos, Artigos P/ Divertimento, Esportes, etc., e por último, (82) Ferramentas, Artefatos de Cutelaria, etc. de Metais Comuns. (Tabela 6). Tabela 6 - Ceará: Setores Importadores com Crescimento de 2002/2009 NCM 70 87 84 95 82 94 73 52 69 85 Setores Vidro e Suas Obras Veículos Automóveis, Tratores, etc. Suas Partes/ Acessórios Reatores Nucleares, Caldeiras, Máquinas, etc., Mecânicos Brinquedos, Jogos, Artigos P/ Divertimento, Esportes, etc. Ferramentas, Artefatos de Cutelaria, etc. de Metais Comuns Móveis, Mobiliário Médico-Cirurgião, Colchões, etc. Obras de Ferro Fundido, Ferro ou Aço Algodão Produtos Cerâmicos Máquinas, Aparelhos e Materiais Elétricos, Suas Partes, etc. 2003/ 2002 2004/ 2003 2005/ 2004 2006/ 2005 2007/ 2006 7826,24 2555,87 232,25 3224,08 139,40 1024,87 49,06 157,52 28,05 251,21 103,73 478,37 191,74 332,75 131,04 985,87 194,81 247,90 788,25 295,62 138,30 367,18 365,74 173,74 244,02 87,62 235,05 147,59 1036,08 862,44 85,62 87,08 403,18 149,28 137,72 9679,17 19,86 915,84 1079,01 1,65 1545,65 234,05 330,59 0,00 - 1073,67 393,59 49,12 187,28 354,83 2008/ 2009/ 2007 2008 2009/ 2002 213,68 88,61 469133,00 118,04 88,53 166643,66 172,77 140,96 66927,49 130,92 33,01 18932,44 161,39 19,05 13282,51 867,70 29,58 11805,32 50,08 47,68 2840,74 532,03 51,23 2757,72 91,43 113,11 2397,43 86,80 83,56 2340,65 Fonte: Brasil, 2010. Elaboração Própria. A economia cearense é marcada pela produção de produtos de baixa intensidade tecnológica, isso se reflete no seu comércio exterior. Na Tabela 7, encontra-se a participação do comércio cearense com o mundo segundo a intensidade tecnológica. Durante o período analisado, a maior participação das exportações em setores de (B) Baixa Intensidade Tecnológica foi predominante nesse período. Em todos os anos, essa participação ultrapassou 85% das exportações do Estado do Ceará para o Mundo, com destaque para o ano de 2002, em que essa fatia chegou a 92,94%. Com isso, é notada a forte concentração das exportações nesses setores. 8 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Os setores de (MA) Média Alta Intensidade Tecnológica e (MB) Média Baixa Intensidade Tecnológica obtiveram participação irrelevante nas exportações do Ceará. Para as importações, a participação é concentrada nos setores de (MA) Média Alta Intensidade Tecnológica, (MB) Média Baixa Intensidade Tecnológica e (B) Baixa Intensidade Tecnológica. Em todos os anos analisados, a participação ficou acima de 90% das importações desse Estado para o Mundo. Tabela 7 - Ceará: Participação do Comércio Cearense com o Mundo Segundo a Intensidade Tecnológica 2004 2005 2002 2003 INTENSIDADE TECNOLÓGICA X M X M X M X ALTA (A) 0,0000 0,0090 0,0031 0,0000 0,0004 0,0000 0,0000 MÉDIA ALTA (MA) 0,0251 0,4625 0,3772 0,0301 0,2150 0,0205 0,0333 MÉDIA BAIXA (MB) 0,0251 0,2234 0,1996 0,0685 0,3812 0,0719 0,0716 BAIXA (B) 0,9294 0,3048 0,4197 0,8965 0,4031 0,8970 0,8876 SEM DEFINIÇÃO (S/D) 0,0000 0,0003 0,0004 0,0001 0,0003 0,0001 0,0001 2009 2006 2007 2008 INTENSIDADE TECNOLÓGICA X M X M X M X ALTA (A) 0,0027 0,0008 0,0156 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 MÉDIA ALTA (MA) 0,1230 0,1959 0,3291 0,0603 0,0312 0,0492 0,0398 MÉDIA BAIXA (MB) 0,6390 0,5237 0,3177 0,0619 0,0802 0,0773 0,0723 BAIXA (B) 0,2353 0,2793 0,3371 0,8615 0,8717 0,8537 0,8681 SEM DEFINIÇÃO (S/D) 0,0001 0,0002 0,0005 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 M 0,0063 0,2316 0,5048 0,2571 0,0002 M 0,0203 0,3720 0,3045 0,3028 0,0003 Fonte: Brasil, 2010. Elaboração Própria. Como acontece com as exportações do Ceará para o Mundo, para a China, a participação é concentrada nos setores de (MB) Média Baixa Intensidade Tecnológica e (B) Baixa Intensidade Tecnológica, correspondendo a aproximadamente 100% das exportações desse Estado. Dentre os setores de (B) Baixa Intensidade Tecnológica que alavancaram essa participação, destacam-se: (41) Peles, Exceto a Peleteria (Peles com Pelo), e Couros, e (21) Preparações Alimentícias Diversas, que, em 2009, tiveram participação significante nas exportações do Ceará para a China. Nas importações, o quadro é revertido, no triênio 2002-2004 as importações de setores de (MA) Média Alta Intensidade Tecnológica obtiveram participação acima de 70% nas importações do Estado e, entrando em declínio a partir de 2004. Somente os setores de (MA) Média Alta Intensidade Tecnológica, (MB) Média Baixa Intensidade Tecnológica e (B) Baixa Intensidade Tecnológica, responderam por quase 100% das importações no período analisado. (Tabela 8). O Estado do Ceará apresenta poucas vantagens no comércio bilateral Ceará-China, fato este que é notado na evolução da balança comercial no período, apresentando déficits em todos os anos. Um ponto importante é a falta de commodities agrícolas e metálicas no Ceará, muito demandado pela China na sua fase atual de expansão da sua economia. Assim, exportando apenas produtos tradicionais de sua economia. 9 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Tabela 8 - Ceará: Participação do Comércio Cearense com a China Segundo a Intensidade Tecnológica 2002 2003 2004 2005 INTENSIDADE TECNOLÓGICA X M X M X M X ALTA (A) 0,0000 0,0000 0,0000 MÉDIA ALTA (MA) 0,0000 0,7414 0,7280 0,0000 0,7443 0,0152 MÉDIA BAIXA (MB) 0,3928 0,0142 0,0119 0,6819 0,0196 0,9645 0,1008 BAIXA (B) 0,6072 0,2407 0,2571 0,3181 0,2333 0,0355 0,8840 SEM DEFINIÇÃO (S/D) 0,0037 0,0030 0,0027 2006 2007 2008 2009 INTENSIDADE TECNOLÓGICA X M X M X M X ALTA (A) 0,0001 0,0000 0,0003 MÉDIA ALTA (MA) 0,5552 0,4508 0,3107 0,0009 0,0002 0,0005 MÉDIA BAIXA (MB) 0,1548 0,2910 0,4870 0,1639 0,1867 0,0930 0,1253 BAIXA (B) 0,2894 0,2569 0,2003 0,8349 0,8130 0,9065 0,8747 SEM DEFINIÇÃO (S/D) 0,0005 0,0012 0,0017 - M 0,0000 0,6472 0,1299 0,2222 0,0008 M 0,0041 0,5403 0,1704 0,2842 0,0009 Fonte: Brasil, 2010. Elaboração Própria. 5. PRINCIPAIS PRODUTOS EM DESTAQUE NO ESTADO DO CEARÁ EM 2009 A economia cearense, historicamente, é marcada por vender produtos de baixo valor agregado e importar produtos de maior valor agregado. Podem-se identificar alguns produtos da pauta exportadora cearense para a China os quais estão concentradas em setores tradicionais da economia cearense e com forte segmento para a economia rural. Na tabela 9, foram identificados os dez principais produtos exportados para a China no ano de 2009. Este conjunto corresponde a 95% das exportações do Estado do Ceará para aquele destino no mesmo ano. Dentre os dez principais produtos exportados, nove deles são localizados nos principais setores exportadores do Estado e apenas o produto Outros Minérios de Manganês que corresponde a 3% das exportações do Ceará para a China em 2009 não figura entre os principais setores para a exportação do estado. Dos principais produtos exportados do Ceará em 2009, quatro são provenientes do setor (41) Peles, Exceto a Peleteria (Peles com Pelo), e Couros, e a participação dos dez principais produtos exportados é 95% de tudo o que o Ceará exportou em 2009. (Tabela 9). Tabela 9 - Ceará: principais Produtos Exportados Para a China em 2009 (%) Ord Descrição 2009 Total dos Principais Produtos Importados (10) 95,45 1 Outs. Couros/Peles, Int. Bovinos, Prepars. etc. 40,75 2 16,57 Complementos Alimentares 3 Granito Cortado em Blocos ou Placas 7,69 4 Outs. Couros/Peles, Int. Bovinos, Pena Fl. Prepars. 7,42 5 Placas/Folhas Ou Tiras, de Mica Aglomerada/Reconstituída. 7,16 6 5,37 Outs. Couros Int. Bovinos, "Wet Blue”, S<=2,6m2. 7 Ceras Vegetais 4,12 8 Outros Minérios de Manganês 3,09 9 Outs. Couros/Peles, Bovinos, Incl. Búfalos, Úmidos. 1,81 10 Mica em Bruto ou Clivada em Folhas, Lamelas Irregulares. 1,46 Fonte: Brasil, 2010. Elaboração Própria. 10 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Para os principais produtos importadores, dez produtos concentram 29,59% das importações do Estado do Ceará para a China em 2009. Na tabela 10, foram identificados os principais produtos da pauta importadora cearense no ano de 2009. Dentre os principais produtos importados, três são provenientes do setor (72) Ferro fundido, Ferro e aço. Tabela 10 - Ceará: principais Produtos Importados Para a China em 2009 (%) Ord Descrição Total dos Principais Produtos Importados (10) 1 Outs. Máquinas e Apars. P/Esmagar, etc. Subst. Miner. Sólida 2 Outs. Fio-Máquinas de Ferro/Aco, N/Ligado, Sec. Circ. D<14mm 3 Fibras de Raiom Viscose, não Cardadas, não Penteadas, etc. 4 Lamin. Ferro/Aco, L>=6dm, Galvan. Outro Proc. E<4.75mm 5 Outras Partes e Acess. P/Motocicletas Incl. Ciclomotores 6 Metamidofós 7 Motor Eletr.Universal, Pot>37. 5w 8 Paration-Metila (Metil Paration) 9 Partes e Acess. P/Contadores de Eletricidade 10 Lamin.Ferro/Aco, A Frio, L>=6dm, em Rolos, 0.5mm<=E<=1mm 2009 29,59 5,08 3,63 3,17 3,12 3,08 2,98 2,46 2,18 1,98 1,90 Fonte: Brasil, 2010. Elaboração Própria. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS No período 2002-2009, o comércio exterior brasileiro apresentou crescimento satisfatório, o valor das suas exportações cresceu 153% durante o período, enquanto as importações cresceram no mesmo ritmo 170%. Esse crescimento foi determinado pela expansão do comércio bilateral com a China, aumento dos preços das commodities agrícolas e metálicas no mercado mundial e elevada demanda chinesa por essas commodities. O crescimento do valor das exportações para a China foi ainda mais significativo, cresceu 700% durante o período. O valor das importações acompanhou esse crescimento em um ritmo mais acelerado do que as exportações, incrementaram cerca de 925%, em 2009, se comparado com o início do período analisado. A participação das exportações brasileiras para a China é concentrada em poucos setores, destacam-se: (26) Minérios, Escorias e Cinzas, (12) Sementes e Frutos Oleaginosos, Grãos, Sementes, etc., e (27) Combustíveis Minerais, Óleos Minerais, etc. Ceras Minerais, com participação de 74% das exportações brasileiras para a China no ano de 2009. Essas exportações estão concentradas em setores de (MB) Média Baixa Intensidade Tecnológica e (B) Baixa Intensidade Tecnológica. 11 Campo Grande, 25 a 28 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural A concentração das importações é bem menor do que as exportações. Dois setores são destaques nas importações da China para o Brasil: (85) Máquinas, Aparelhos e Matérias Elétricos, Suas Partes, etc. e (84) Reatores Nucleares, Caldeiras, Máquinas, etc., Mecânicos, com participação de 53% das importações em 2009. As importações são concentradas em setores de (MA) Média Alta Intensidade Tecnológica. O comércio exterior do estado do Ceará com a China é significativo no período, as exportações cresceram de forma satisfatória, passando o mesmo País a ocupar a 7° posição nos principais destinos de suas exportações do Ceará no ano de 2009, enquanto as importações cresceram de forma satisfatória. No biênio 2008-2009, o Estado do Ceará tem como principal origem de suas importações a China, em outras palavras, atingiu 14,83% do valor das compras é proveniente desse País. Em todos os anos do período o comércio bilateral Ceará-China é deficitário. Nos três últimos anos, o saldo ficou negativo em mais de US$ 100 milhões de dólares, atingindo o seu maior valor em 2008, US$ 309 milhões de dólares. Setorialmente, as exportações para a China são concentradas em setores tradicionais da economia cearense, diferentemente do que ocorreu no Brasil e na Região Nordeste, que exportou basicamente commodities. As principais empresas exportadoras para a China em 2009 também são de produtos tradicionais da economia cearense. Durante o período 2002-2007, a pauta exportadora cearense não apresentou produtos com alta demanda chinesa. Já no biênio 2008-2009, o quadro é revertido de forma tímida. O Estado do Ceará exportou produtos do setor (26) Minérios, Escorias e Cinzas, com alta demanda chinesa e com destaque nas exportações brasileiras para o mesmo país. Conclui-se que a economia do Estado do Ceará está sendo beneficiada de forma mais lenta que a Região Nordeste no que se refere às exportações. Apesar do crescimento expressivo dessas, a base exportadora ainda é bastante baixa e essas exportações são concentradas em setores tradicionais da economia cearense e possuem baixo valor agregado, produtos pouco diversificados. Nas importações o quadro é revertido, no biênio 2008-2009, a China tornou-se o maior parceiro comercial do Estado. 7. BIBLIOGRAFIA BRASIL. Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Aliceweb, 2010. Disponível em: <http//:www.mdic.gov.br>. Acesso em: 17 de março de 2010. FONTENELE, Ana Maria; MELO, Maria Cristina Pereira. Inserção internacional da economia cearense: potencialidades e limites para o crescimento. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 2004. FONTENELE, Ana Maria; MELO, Maria Cristina Pereira. Desempenho externo recente da região Nordeste do Brasil: uma avaliação da competitividade e potencialidades de expansão dos setores exportadores estaduais. 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