Departamento de Engenharia de Materiais AVALIAÇÃO TERMODINÂMICA DA USTULAÇÃO DE ALGUNS MINERAIS SULFETADOS Aluno: Rodrigo Fernandes Magalhães de Souza Orientador: Eduardo de Albuquerque Brocchi Introdução Os minerais sulfetados se constituem em uma importante matéria-prima no que diz respeito à obtenção de metais. Em diversos casos são transformados em óxidos que por sua vez são, subsequentemente, reduzidos. Todavia, sabe-se que também é possível a conversão de alguns sulfetos em metais, como no caso da metalurgia do cobre. E ainda, a obtenção de sulfatos pode se tornar uma alternativa atraente para certas matérias-primas. Dentro desse contexto, a definição das condições operacionais nos fornos de ustulação se faz necessária no sentido de que os produtos desejados sejam aqueles, de fato, obtidos. Objetivos Pode-se dizer que o objetivo do presente estudo está relacionado com a avaliação da influência de variáveis relevantes sobre os possíveis produtos formados durante a ustulação de alguns minerais sulfetados, uma vez que a termodinâmica das reações químicas pode contribuir de forma marcante na definição das condições operacionais de ustulação. Metodologia Selecionou-se um conjunto de minerais sulfetados que apresentam potencial interesse industrial e, em seguida, foi conduzida uma apreciação termodinâmica de alguns aspectos das reações envolvendo tais sulfetos: exotermicidade, redução e formação de sulfatos. Resultados e Discussões Exotermicidade das reações Dentre as características relevantes das reações de ustulação de sulfetos encontra-se o calor liberado pelas mesmas. A Figura 1 ilustra um conjunto dessas reações. Figura 1- Exotermicidade das reações de ustulação de alguns minerais sulfetados Observa-se que os sulfetos de ferro, em particular a pirrotita (Fe7S8), estão entre aqueles que viabilizam as maiores liberações de calor. Departamento de Engenharia de Materiais Redução direta para metal A obtenção do metal a partir da fase sulfeto é viável quando o óxido formado na ustulação oxidante apresenta, em seqüência, alta reatividade com o sulfeto original. Considerando que a etapa de oxidação é espontânea em praticamente todos os casos é importante apreciar a viabilidade de ocorrência da segunda etapa. A Figura 2 ilustra a variação da energia livre de Gibbs de tal etapa (reação) para os principais sulfetos. Pode-se observar que apenas os sulfetos de cobre (acima de 400oC), chumbo (acima de 850oC) e níquel (a partir do NiS2 e acima de 1000oC) apresentam tal tendência termodinâmica. Figura 2 - ΔGo das reações que viabilizam a obtenção dos metais a partir dos sulfetos Formação de sulfatos. Os diagramas de predominância apresentados na Figura 3 para os sistemas cobre, ferro e molibdênio indicam que a formação simultânea de sulfato(s) e óxido(s) é viável dependendo do sistema reacional. Por exemplo, sulfato de cobre e óxido de ferro é possível ao passo que o inverso (sulfato de ferro e óxido de cobre) não pode ser implementado. log pSO2(g) 0 Predominance Diagram for Cu-O-S System log pSO2(g) 0 CuSO4 CuO*CuSO4 CuS log pSO2(g) 0 Predominance Diagram for Fe-O-S System Predominance Diagram for Mo-O-S System FeSO4 -5 Fe2(SO4)3 -5 -5 MoS3 FeS2 -10 -10 -10 Fe2S3 Fe0.877S Cu2S -15 -15 -15 MoS2 FeS -20 Cu2O -20 -30 -30 -35 -35 -35 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 log pO2(g) MoO3 MoO2 -25 Cu(FCC) Constant value: T / °C = 600.00 MoO2.75 MoO2.875 MoO2.889 Fe3O4 -25 -40 -40 -20 Fe2O3 CuO -25 -30 Fe(A) Mo -35 -40 -40 -35 Constant value: T / °C = 600.00 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 log pO2(g) -40 -40 -35 Constant value: T / °C = 600.00 -30 -25 -20 -15 -10 -5 0 log pO2(g) Figura 3 – Diagramas de Predominância a 600°C para os sistemas de Cu, Fe ou Mo/O/S Conclusões As reações de ustulação de sulfetos possuem uma marcante exotermicidade, particularmente no caso dos sulfetos de ferro. A redução direta de sulfeto para metal é viável no caso dos sulfetos de cobre, chumbo e níquel. A formação simultânea de sulfato(s) e óxido(s) é viável dependendo das condições operacionais implementadas nos fornos de ustulação.