ECOAGRO - Roteiro de estudos

Propaganda
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA
ECONOMIA E ADMINISTRAÇÃO
AGROINDUSTRIAL–
ROTEIRO DE ESTUDOS
Profª Magda Aparecida Nogueira
Alegre – ES
2011
SUMÁRIO
UNIDADE 1 – ECONOMIA COMO CIÊNCIA ..............................................................
1
1.1. O estudo da economia – Definição ..........................................................................
1
1.2. Problema econômico fundamental ..........................................................................
1
1.3. A curva de possibilidades de produção (CPP) ........................................................
2
1.4. Custo de oportunidade .............................................................................................
4
1.5. Os fatores de produção ............................................................................................
4
1.6. Mercado ...................................................................................................................
4
1.7. Microeconomia x Macroeconomia ..........................................................................
5
UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS ............................
6
2.1. A demanda ...............................................................................................................
6
2.1.1. Conceito .........................................................................................................
6
2.1.2. Exceções à lei da procura ..............................................................................
7
2.1.3. Curva de demanda do mercado .....................................................................
7
2.2. A oferta ....................................................................................................................
8
2.3. O equilíbrio de mercado na concorrência perfeita ..................................................
9
2.3.1. Conceito .........................................................................................................
9
2.3.2. Tratamento matemático..................................................................................
10
2.4. Mudança no preço de equilíbrio de mercado em virtude de deslocamentos das
curvas de oferta e procura .......................................................................................
11
2.4.1. Deslocamentos das curvas de demanda .........................................................
11
2.4.1.1. Mudança na renda dos consumidores ..............................................
11
2.4.1.2 Mudanças nos preços de outros bens (Pz) ........................................
13
2.4.2. Deslocamentos da curva de oferta .................................................................
14
2.5. Elasticidade ..............................................................................................................
14
2.5.1. Definição .......................................................................................................
14
2.5.2. Elasticidade-preço da demanda (EPD) ..........................................................
14
2.5.2.1. Coeficiente de EPD ..........................................................................
15
2.5.2.2. Distribuição do coeficiente de EPD ao longo da curva de demanda
16
2.5.2.3. Fatores que influenciam a EPD .......................................................
17
2.5.2.4. Relação entre a EPD e a receita total (RT) do produtor ..................
18
2.5.2.5. Casos especiais de demanda linear ..................................................
19
2.6. Elasticidade-renda da procura (ER) .........................................................................
19
2.7. Elasticidade-cruzada da procura (ECP) ...................................................................
21
2.8. Elasticidade-preço da oferta (EPO) .........................................................................
22
UNIDADE 3 – ESTRUTURAS DE MERCADO ..............................................................
23
3.1. Introdução ................................................................................................................
23
3.2. Estruturas de mercado dos bens e serviços ..............................................................
23
3.2.1. Concorrência Pura ou Perfeita .......................................................................
23
3.2.2. Monopólio .....................................................................................................
24
3.2.3. Oligopólio ......................................................................................................
26
3.2.4. Concorrência monopolística ..........................................................................
27
3.3. Estruturas de mercado dos fatores de produção ......................................................
29
3.3.1. Concorrência Perfeita ....................................................................................
29
3.3.2. Monopsônio ...................................................................................................
29
3.3.3. Oligopsônio ...................................................................................................
30
Anexo da Unidade IV – Cartilha do CADE ..........................................................................
30
UNIDADE 4 – TEORIA FIRMA: TEORIA DA PRODUÇÃO E TEORIA DOS
CUSTOS ..................................................................................................
37
4.1. Teoria da produção ..................................................................................................
37
4.2. Maximização do lucro – a partir da função de produção ........................................
44
4.3. Teoria dos custos .....................................................................................................
48
4.4. Maximização do lucro – a partir da função de custos .............................................
54
UNIDADE 5 – TÓPICOS DE MACROECONOMIA ......................................................
62
5.1. Microeconomia e macroeconomia ..........................................................................
62
5.2. A medida do produto ...............................................................................................
63
5.3. Noções do crescimento e desenvolvimento econômico ..........................................
66
5.4. Desemprego .............................................................................................................
69
5.5. Inflação e nível geral de preços ...............................................................................
70
5.5.1. Perda do poder aquisitivo dos salários e outras rendas fixas ........................
72
5.5.2. Desorganização do mercado de capitais e aumento da procura por ativos
72
reais ...............................................................................................................
5.5.3. Dificuldades para o financiamento do setor público .....................................
73
5.5.4. A indexação ...................................................................................................
74
5.6. Índices de preços .....................................................................................................
74
5.6.1. Índice de preços ao consumidor (IPC) ..........................................................
76
5.6.2. Mudança de base ...........................................................................................
77
5.7. Tópicos sobre inflação .............................................................................................
78
5.7.1. Inflação de demanda ......................................................................................
79
5.7.1.1. Causas do aumento da demanda agregada .......................................
80
5.7.1.2. Meios de se combater a inflação de demanda ..................................
80
Anexo da Unidade VI – A ilusão do crescimento .................................................................
81
UNIDADE 6: AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ................
84
6.1. Perfil do setor rural .................................................................................................
84
6.1.1. Conceito, composição e medida ....................................................................
84
6.1.2. Determinantes da produção rural ..................................................................
85
6.1.3. Peculiaridades do setor rural e suas conseqüências econômicas ...................
86
6.1.3.1. Dispersão do espaço rural ................................................................
86
6.1.3.2. Descontinuidade do fluxo de produção ...........................................
86
6.1.3.3. Duração do ciclo produtivo ..............................................................
87
6.1.3.4. Perecibilidade dos produtos .............................................................
87
6.1.3.5. Especificidade biotecnológica .........................................................
87
6.1.3.6. Risco bioclimático ...........................................................................
88
6.1.4. Como conviver com baixo retorno e alto risco .............................................
88
6.2. Teorias de desenvolvimento agrícola ......................................................................
89
6.2.1. Modelos de exploração de recursos ...............................................................
89
6.2.2. Modelo de conservação .................................................................................
90
6.2.3. Modelo de localização ...................................................................................
91
6.2.4. Modelo de difusão .........................................................................................
91
6.2.5. Modelo de insumos modernos .......................................................................
92
6.3. O papel da agricultura no desenvolvimento econômico ..........................................
92
6.3.1. Fornecimento de alimentos ..........................................................................
92
6.3.2. Transferência de capital .................................................................................
93
6.3.3. Liberação da mão-de-obra ..........................................................................
94
6.3.4. Geração de divisas .........................................................................................
94
6.3.5. Demanda de produtos industrializados ..........................................................
95
UNIDADE 7 – INTRODUÇÃO AOS MERCADOS DE FUTUROS E DE OPÕES .....
96
7.1. Introdução ...............................................................................................................
96
7.2. Tipos de contrato .....................................................................................................
96
7.2.1. Contrato à vista ..............................................................................................
96
7.2.2. Contrato a termo ............................................................................................
97
7.2.3. Contratos de opções .......................................................................................
97
7.2.4. Contratos futuros ...........................................................................................
98
7.2.4.1. Liquidação do contrato .....................................................................
98
7.3. Bolsas ......................................................................................................................
98
7.4. Participantes ............................................................................................................
99
7.4.1. Corretor .........................................................................................................
99
7.4.2. Hedger ...........................................................................................................
99
7.4.3. Especulador ...................................................................................................
99
7.5. Aspectos operacionais .............................................................................................
100
7.6. Hedge .......................................................................................................................
101
7.6.1. Hedge de compra............................................................................................
101
7.6.2. Hedge de venda .............................................................................................
102
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..............................................................................
103
UNIDADE 1 – ECONOMIA COMO CIÊNCIA
UNIDADE 1 – ECONOMIA COMO CIÊNCIA
1.1. O estudo da economia – Definição
Economia é a ciência social que estuda a produção, a circulação e o consumo dos bens e
serviços que são utilizados para satisfazer as necessidades humanas.
Em outras palavras, a economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a
sociedade decidem utilizar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços com a
finalidade de satisfazer às necessidades humanas infinitas.
Assim, pode-se dizer que o objeto de estudo da ciência econômica é a questão da
escassez, ou seja, como economizar recursos.
A escassez surge em virtude da restrição física de recursos e das necessidades humanas
ilimitadas. Essas últimas decorrem do crescimento populacional que renova as necessidades
básicas; do contínuo desejo de elevação do padrão de vida (status social); e da evolução
tecnológica que faz com que surjam novas necessidades.
1.2. Problema econômico fundamental
Como visto no subitem anterior, a economia estuda a relação que os homens têm entre si
na produção dos bens e serviços necessários à satisfação dos desejos e aspirações da sociedade.
O problema surge porque as necessidades humanas são infinitas ou ilimitadas e os recursos
produtivos (ou fatores de produção) que a sociedade conta para efetuara fabricação de bens e
serviços são finitos ou limitados. Isto leva à seguinte proposição:
Por mais rica que a sociedade seja (por mais recursos produtivos de que disponha), os
fatores de produção serão sempre escassos para efetivar a fabricação de todos os bens e serviços
que ela deseja.
Por isso, torna-se necessário fazer escolhas sobre o que e quanto, como e para quem
produzir.
O que e quanto produzir – a sociedade deve decidir se produz mais bens de consumo
ou bens de capital.
Como produzir – essa decisão depende da disponibilidade de recursos de cada país,
que deve decidir se serão utilizados métodos de produção capital-intensivos, mão-de-obra
intensivos ou terra intensivos.
Para quem produzir – a sociedade deve decidir quais os setores serão beneficiados na
distribuição do produto: trabalhadores, capitalistas ou proprietários de terra? Agricultura ou
indústria? Mercado interno ou mercado externo? Região norte ou sul?
1
UNIDADE 1 – ECONOMIA COMO CIÊNCIA
1.3. A curva de possibilidades de produção (CPP)
A CPP é um recurso utilizado para ilustrar o problema de escassez. Façamos uma
simplificação da realidade, para entendermos o conceito:
Suponhamos que uma empresa possua:
10 máquinas
40 trabalhadores
E que possua apenas 2 produtos na linha de fabricação:
Cadeira Alfa
Cadeira Beta
Suponhamos também que, por um determinado prazo de tempo:
A empresa não possa comprar mais máquinas;
A empresa não possa contratar mais trabalhadores;
Não haja nenhuma inovação tecnológica;
somente 2 produtos são passíveis de fabricação.
O diretor da empresa encomenda ao engenheiro responsável pelo departamento de
produção um levantamento de quais são as possibilidade de produção da empresa utilizando-se
plenamente e da forma mais eficiente possível todos os fatores de produção da empresa.
O engenheiro fez então o seguinte levantamento:
Cadeira Alfa
Cadeira Beta
20
0
18
1
15
2
11
3
6
4
0
5
Se todos os recursos produtivos da fábrica fossem utilizados somente para a produção da
cadeira Alfa, obter-se-iam 20 unidades da mesma.
Caso se desejasse produzir 1 unidade de Beta, recursos produtivos alocados na fabricação
da cadeira Alfa deveriam ser deslocados para Beta e haveria uma perda de 2 unidades de Alfa.
Aumentos sucessivos na produção de Beta levariam a reduções também sucessivas na
fabricação de Alfa até atingir-se um outro ponto limite: caso todos os fatores fossem utilizados
na produção de Beta, obter-se-iam 5 unidades deste tipo de cadeira.
2
UNIDADE 1 – ECONOMIA COMO CIÊNCIA
Assim, o seguinte gráfico pode ser montado1:
B
5
(6,4)
4
(11,3)
3
(15,2)
2
(18,1)
1
0
6
11
15
18
20 A
Algumas constatações podem ser tiradas da análise do gráfico da CPP:
1) A produção de Beta é mais difícil que a de Alfa pois a produção máxima possível de
Beta é de 5 unidades e a de Alfa é de 20.
2) Os pontos da CPP expressam a quantidade máxima possível da produção de um dos
bens, dada a produção do outro. Assim, se for produzida 11 unidades de Alfa só se
pode produzir 3 unidades de Beta.
3) Um ponto dentro da curva significa uma produção abaixo ou aquém das possibilidades
de produção. Se a empresa produzir 6 unidades de Alfa e 3 de Beta, ela pode aumentar
Alfa ou Beta sem diminuir a produção do outro bem.
4) Um ponto fora da curva significa uma produção acima ou além das possibilidades da
empresa. Por exemplo, 11 de Alfa e 4 de Beta. Esse ponto só poderia ser atingido se:
(a) houvesse aumento na quantidade dos fatores de produção, (b) houvesse uma
inovação tecnológica. No entanto, ambas foram supostas constantes.
5) Resumindo: aumentos na produção de um bem, se a empresa estiver trabalhando em
pontos situados na CPP, só poderão ser efetuados à custa de decréscimos na produção
do outro.
Esse exemplo pode ser aplicado à sociedade, sendo que, essa, para obter mais de um bem
A, precisa sacrificar a produção do bem B.
1
O gráfico não está em escala, o que não interfere, no entendimento.
3
UNIDADE 1 – ECONOMIA COMO CIÊNCIA
1.4. Custo de oportunidade
O custo total de qualquer escolha que fazemos é tudo aquilo que precisamos abrir mão
quando praticamos um ato. Esse custo é chamado de custo de oportunidade do ato, porque
abrimos mão da oportunidade de fazer outras coisas.
Assim, o custo de oportunidade de qualquer escolha é o valor da melhor alternativa
sacrificada quando da prática de um ato. Em outras palavras, o custo de oportunidade é o valor
econômico da melhor alternativa sacrificada ao se optar pela produção de um determinado bem
ou serviço.
Considerando o exemplo do subitem anterior, tem-se que o custo de oportunidade é a
quantidade perdida do bem Alfa que a sociedade precisa incorrer para aumentar a produção de
Beta. Da mesma forma o custo de oportunidade de se produzir uma unidade a mais de Beta é o
que se tem que deixar de produzir de Alfa.
1.5. Os fatores de produção
Os fatores de produção são classificados, pela maioria dos economistas, em 3 categorias:
1) Recursos naturais ou insumos – se incorporam no produto. Ex.: madeira, aço,
etc.
2) Mão-de-obra ou trabalho
3) Capital ou fatores de produção – são utilizados na produção do produto, mas
não se incorporam ao produto. Ex.: máquinas, ferramentas, etc.
1.6. Mercado
Um mercado são unidade econômicas individuais composta por compradores e
vendedores, ou seja, é um grupo de compradores e vendedores que têm potencial para negociar.
Os economistas vêem a economia como um conjunto de mercados, sendo que, há o
mercado de laranjas, de automóveis, de móveis, de madeira etc.
No passado o mercado era o local onde haviam trocas de produtos (escambo). Hoje –
principalmente com o advento da internet –, não há necessidade de local físico para que as trocas
ocorram e nem que compradores e vendedores se conheçam pessoalmente.
Em se tratando dos compradores e vendedores, esses podem ser
1) Famílias ou pessoas – compram produtos e vendem o trabalho
2) Firmas – compram serviços, insumos, máquinas e vendem produtos
3) Órgão do governo – compram serviços, insumos, máquinas e vendem saúde,
educação etc.
4
UNIDADE 1 – ECONOMIA COMO CIÊNCIA
Os mercados podem ser de dois tipos básicos: mercados de competição perfeita e
mercados de competição imperfeita
Mercados de competição perfeita (ou mercados competitivos) – são aqueles em que os
compradores ou vendedores individuais têm de aceitar o preço como dado. (Há muitos
compradores e vendedores de pequeno porte e o produto é padronizado). Exemplo típico:
produtos agrícolas.
Mercados de competição imperfeita
– compradores ou vendedores individuais têm
alguma influência sobre o preço do produto. Na unidade 3, veremos com mais detalhe os tipos de
mercado que se enquadram nessa classificação.
1.7. Microeconomia x Macroeconomia
Microeconomia – é o ramo da teoria econômica que estuda o funcionamento do mercado de
um determinado produto ou grupo de produtos, ou seja, o comportamento dos compradores e
vendedores de tais bens, tais como mercado de automóveis, de produtos agrícolas, etc.
Ex.: mercado de automóveis, mercado de carros populares, mercado de computadores,
mercado de palmtops, preço de livros, geração de empregos no setor atacadista, etc.
Macroeconomia – é o ramo da teoria econômica que estuda o funcionamento da economia
como um todo, procurando identificar e medir as variáveis que determinam o volume da
produção total, o nível de emprego e o nível geral de preços do sistema econômico, bem como a
inserção do mesmo na economia mundial.
Ex.:PIB, nível geral de preços, inflação, taxa de desemprego
5
UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS
UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS
O modelo de oferta e demanda foi criado para explicar como os preços são determinados
em mercados perfeitamente competitivos. No entanto, para a maioria dos mercados, ela dá uma
boa indicação do que está acontecendo.
2.1. A demanda
2.1.1. Conceito
A demanda de um determinado bem é dada pela quantidade de bem que os compradores
desejam adquirir num determinado período de tempo. Ela será representada pelo símbolo DX.
A demanda do bem x depende de uma série de fatores, dos quais, os economistas
consideram como os mais relevantes:
O preço do bem x (Px);
A renda do consumidor (Y);
O preço de outros bens (Pz);
Os hábitos e gostos dos consumidores (H).
Matematicamente, pode-se expressar a demanda do bom de x pela seguinte expressão:
Dx = f(Px, Y, Pz, H, etc.)
em que a letra f significa que Dx é função de e a palavra etc. abarca as outras possíveis
variáveis.
A demanda do bem x é, portanto, a resultante da ação conjunta ou combinada de todas
essas variáveis.
Assim, por exemplo, caso se deseja saber o que ocorre com a demanda do bem x se o
preço do mesmo aumentar, é preciso supor que todas as demais variáveis que influenciam a
demanda permaneçam com o mesmo valor, de modo que a variação da demanda seja atribuível
exclusivamente a variação de preço.
Nesse caso, podemos reescrever a demanda do bem x como sendo apenas a função do
preço de x, já que as demais variáveis ficam com seu valor inalterado:
Dx = f (Px)
A esta relação denominaremos de função da demanda do bem de x e à sua representação
gráfica será chamada de curva de demanda do bem x.
Supondo-se que o bem x seja perfeitamente divisível, sua curva de demanda
provavelmente assumirá o formato a seguir:
6
UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS
Preço do bem x ($)
10
8
0
100
120
Quantidade procurada
Matematicamente, pode-se dizer que a demanda do bem x é uma função inversa ou
decrescente do seu preço.
Embora seja perfeitamente aceitável ao bom senso comum que a quantidade procurada
do bem x varie inversamente ao seu preço, os economistas justificam tal comportamento da
demanda em função de dois efeitos:
a) Efeito-renda – quando o preço do bem x aumenta, o consumidor fica, em termos reais,
mais pobre e, portanto, irá reduzir o consumo do bem; o inverso ocorrerá se o preço do bem x
diminuir.
b) Efeito-substituição – se o preço do bem x aumenta e o de outros bens fica constante, o
consumidor procurará substituir o seu consumo por outro bem similar; se o preço diminuir, o
consumidor aumentará o consumo do bem x às expensas da diminuição do consumo dos bens
sucedâneos.
2.1.2. Exceções à lei da procura
Há duas exceções à lei da procura: os chamados bens de Giffen e bens de Veblen.
Os bens de Giffen são bens de pequenos valor, porém de grande importância no
orçamento dos consumidores de baixa renda. Ex.: pão, arroz e farinha.
Os bens de Veblen são bens de consumo ostentatório, tais como obras de arte, jóia,
tapeçarias e automóveis de luxo.
Tanto os bens de Giffen como os de Veblen têm curvas de demanda com inclinação
positiva, ou seja, ascendentes da esquerda para a direita.
2.1.3. Curva de demanda do mercado
Tudo o que foi exposto até agora referia-se ao consumidor individual, mas vale também
para o mercado como um todo, já que a curva de demanda do mercado resulta de agregação das
curvas individuais.
7
UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS
Assim, por exemplo, se o mercado for composto por dois consumidores (A e B), Ter-seia:
Px
Px
Px
10
10
10
8
8
8
0
20
40
Qx
0
15
Consumidor A
28
Qx
Consumidor B
0
35
68
Qx
Mercado
2.2. A oferta
Q quantidade do bem x, por unidade de tempo, que os vendedores desejam oferecer no
mercado constitui a oferta do bem x. Similarmente à demanda, a oferta também é influenciada
por diversas variáveis, entre elas:
a) o preço do bem x (Px);
b) preço dos insumos utilizados na produção (Pi);
c) tecnologia (T);
d) preço de outros bens (Pz).
Matematicamente, pode-se expressar a oferta do bem x (Ox) pela seguinte função:
Ox = f (Px . Pi . T . Pz . etc.)
OBS.: etc. = refere-se a outras possíveis variáveis que possam influenciar a oferta.
Assumindo-se a hipótese do caeteris paribus2:
Ox = f (Px)
Expressão que é denominada função de oferta do bem x; a sua representação gráfica,
mostrada a seguir, é denominada de curva do bem x.
2
A expressão caeteris paribus significa tudo mais constante. Nesse caso, quer dizer que, tudo o que não for preço de
X, é considerado constante.
8
UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS
Preço do bem x ($)
10
8
0
100 120
Quantidade ofertada
A oferta do bem x é uma curva ascendente da esquerda para a direita, mostrando que,
quanto maior o preço, maior será a quantidade que os produtores desejarão oferecer no mercado.
A oferta do bem x é portanto, uma função direta ou crescente do preço.
2.3. O equilíbrio de mercado na concorrência perfeita
2.3.1. Conceito
A oferta e a demanda do bem x conjuntamente determinam o preço de equilíbrio no
mercado de concorrência perfeita. O preço de equilíbrio é definido como o preço que iguala as
quantidades demandadas pelos compradores e as quantidades ofertadas pelos vendedores, de tal
modo que ambos os grupos fiquem satisfeitos. Veja o gráfico a seguir:
Px
Demanda
Oferta
Excedente
20
14
Escassez
10
40
60
100
150
170
Qx
O gráfico apresenta as curvas de demanda e oferta do bem x e sua interação no mercado.
O preço e a quantidade de equilíbrio somente serão alterados no mercado se ocorrer um
deslocamento das curvas de oferta e procura.
9
UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS
No exemplo acima tem-se que o equilíbrio de mercado se dá ao preço de $14,00. Nesse
ponto as quantidades ofertadas e demandadas são iguais, sendo essas de 100 unidades.
Nota-se que quando o preço sobe acima do preço de equilíbrio, passa a haver excedente
de produto no mercado, ou seja, a oferta passa a ser maior que a demanda. Para que o excedente
cesse, o preço deve reduzir voltando ao equilíbrio ou pelo menos tendendo a ele.
Já para preços abaixo do preço de equilíbrio tem-se escassez de produto, devido a
demanda ser maior oferta. Para que a escassez cesse é necessário que o preço suba tendendo
assim ao equilíbrio.
2.3.2. Tratamento matemático
Embora os economistas refiram-se às curvas de demanda e de oferta, estas também
podem ser expressas linearmente.
QDx = 280 – 4Px (demanda)
QOx = – 20 + 2Px (oferta)
Px
QDx = 280 – 4Px
QOx = – 20 + 2Px
30
280 – (4 x 30) = 160
- 20 + (2 x 30) = 40
40
280 – (4 x 40) = 120
- 20 + (2 x 40) = 60
50
280 – (4 x 50) = 80
- 20 + (2 x 50) = 80
60
280 – (4 x 60) = 40
- 20 + (2 x 60) = 100
Observando-se a tabela acima, percebe-se facilmente que o preço de equilíbrio é $50.
Para se obter o preço de equilíbrio, seria mais fácil igualar-se as quantidades demandadas
e ofertadas (já que o preço de equilíbrio iguala as duas quantidades).
280 - 4Px = 20 + 2Px
Para encontrar a quantidade de equilíbrio basta
300 = 6Px
substituir o preço encontrado ao lado em uma
Px = 300/6
das duas funções:
Px = 50
Qx = – 20 + 2Px
Qx = – 20 + 2 (50)
Qx = 80
10
UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS
2.4. Mudança no preço de equilíbrio de mercado em virtude de
deslocamentos das curvas de oferta e procura
2.4.1. Deslocamentos das curvas de demanda
A curva de demanda se desloca em relação à sua posição original quando uma daquelas
variáveis que supusemos constantes quando traçamos a curva mudar de valor. Ela se deslocará
para a direita da posição original quando a mudança do valor da variável antes suposta constante
contribuir para aumentar a demanda e para a esquerda da posição original quando contribuir para
diminuir a demanda.
2.4.1.1. Mudança na renda dos consumidores
Bens normais
Bens normais são aqueles cujo consumo aumenta à medida que a renda do consumidor se
eleva.
Suponha-se que um determinado nível de renda dos consumidores, a curva de demanda
do bem x apresente os seguintes pares e quantidades procuradas:
Px
QPx
10
100
11
90
12
81
13
76
O gráfico seria o seguinte:
Px
Demanda
13
12
11
10
76
81
90
100
Qx
11
UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS
Caso a renda dos consumidores se eleve, provavelmente eles aumentarão também as
quantidades demandadas do bem x de tal forma que, para os possíveis níveis de preços:
R = 1.000
R = 1.200
Px
QPx
QP’x
10
100
110
11
90
100
12
81
90
13
76
81
Com esse aumento na renda a curva de demanda desloca-se para a direita, passando a ser
D’x, conforme a seguir:
Px
13
12
11
10
Dx
76
81
90
100
D’x
110
Ox
Bens inferiores
Bens inferiores são bens cuja demanda diminui quando o nível de renda do consumidor
aumenta e aumenta quando o consumidor fica mais pobre.
Se o bem x for um bem inferior, o aumento de renda dos consumidores reduz a sua
demanda, a curva desloca-se para a esquerda e o preço e a quantidade de equilíbrio diminuem,
conforme o gráfico a seguir.
12
UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS
Px
O
P1
P2
D
Q2 Q3 Q1
D’
Qx
Fazendo a análise passo-a-passo tem-se que um aumento na renda leva a demanda de um
bem inferior a se deslocar para a esquerda. Quando isso ocorre, a demanda passa a ser Q2, isto é,
menor que a oferta que permanece Q1, havendo assim, excesso de produto no mercado. Para que
o excedente seja escoado o preço cai até atingir o novo equilíbrio P2. Dessa forma passa-se a ter
uma nova quantidade de equilíbrio Q3, menor que a anterior.
2.4.1.2 Mudanças nos preços de outros bens (Pz)
Um determinado bem Z pode Ter as seguintes relações com o bem x:
a) Z é um bem de consumo independente de x;
b) Z é substituto de x;
c) Z é complementar de x.
Bens substitutos
São aqueles bens em que o consumo de um deles exclui o consumo do outro. A
substituição não precisa ser total, basta o fato de ele comprar maiores quantidades de manteiga
implicar um certa redução do seu consumo de margarina.
Bens complementares
São os bens cujo consumo é feito geralmente de forma simultânea. Da mesma forma que
a substituibilidade, a complementaridade não precisa ser total, ou seja, o consumo de um
implicar necessariamente no consumo do outro, bastando que o consumo de ambos seja
associado de alguma forma. Exemplo: pão e manteiga.
13
UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS
2.4.2. Deslocamentos da curva de oferta
A curva de oferta se desloca em relação à sua posição original quando uma daquelas
variáveis que foram supostas constantes ao se traçar a curva mudar de valor. Se a mudança do
valor da variável aumentar a oferta, ela se deslocará para a direita e de diminuir, para à esquerda
da posição original.
2.5. Elasticidade
2.5.1. Definição
Na teoria econômica, o termo elasticidade significa sensibilidade. Dessa forma, ao se
dizer que a demanda do bem x é elástica em relação a seu preço significa dizer que os
consumidores do bem x são sensíveis a alterações em seu preço. Assim, caso este aumente, os
consumidores diminuirão de forma significativa o seu consumo. Ex.: carne, roupa e carro.
Já quando se afirma que a demanda do bem é inelástica, quer-se dizer que os
consumidores desse bem mudarão muito pouco a sua quantidade procurada, mesmo que o preço
se eleve substancialmente. Ex.: arroz e sal.
Nesta unidade serão estudados quatro conceitos de elasticidade:
a) Elasticidade-preço da demanda;
b) Elasticidade-renda da demanda;
c) Elasticidade-cruzada da demanda; e
d) Elasticidade-preço da oferta.
2.5.2. Elasticidade-preço da demanda (EPD)
A EPD indica a mudança percentual na quantidade demandada em resposta à mudança
percentual nos preços.
Para entender o conceito, suponha o seguinte comportamento da demanda de dois bens A
e B:
Demanda de A
Demanda de B
PA
QA
PB
QB
1º Momento
10
100
20
80
2º Momento
12
60
24
76
Observe que ambos os produtos, A e B, tiveram seus preços majorados em 20%. No
entanto, o comportamento da quantidade demandada foi diferente:
14
UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS
QA diminuiu 40%
QB diminuiu 5%
Isso significa que:
A demanda de A é elástica, isto é, sensível a variações de preços; e
A demanda de B é inelástica, isto é, pouco sensível a variações de preços.
2.5.2.1. Coeficiente de EPD
O coeficiente de EPD é uma medida numérica da sensibilidade da demanda em relação
ao preço, sendo definido por:
EPD =
var iação percentual da quantidade demandada
var iação percentual do preço
(1)
∆Q
∆Q P ∆Q P
Q
EPD =
=
×
=
×
∆P
Q ∆P ∆P Q
P
Sabendo que
(2)
∆Q
∂Q
é a derivada de Q com relação a P, ou seja,
, a EPD, também pode
∆P
∂P
ser definida como:
EPD =
∂Q P
×
∂P Q
(3)
Assim, no exemplo anterior, tem-se:
Bem A:
EPD =
− 40%
= −2
20%
Bem B:
EPD =
− 5%
= −0,25
20%
Isso significa para o bem A que possui EPD = − 2, que o aumento de 1% no preço do
produto A, leva a uma redução de 2% na demanda desse produto.
No caso do bem B, a interpretação do coeficiente seria: o aumento de 1% no produto B,
leva a uma redução3 de 0,25% na demanda desse produto.
Dessa forma, tem-se que , se o valor absoluto4 de EPD for:
3
Sabe-se que o aumento de preço leva a uma redução na demanda, devido ao sinal negativo do coeficiente de EPD,
indicando a relação inversa entre preço e demanda.
15
UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS
a) > 1 [ demanda elástica quanto à preço;
b) < 1 [ demanda inelástica quanto à preço; e
c) = 1 [ demanda unitária quanto à preço.
2.5.2.2. Distribuição do coeficiente de EPD ao longo da curva de
demanda
Se, ao invés de uma tabela, tivermos uma função de demanda, também é possível
encontrar a EPD, utilizando a fórmula (3). Assim, consideremos a seguinte equação:
Qx = 600 – 5Px
Que graficamente seria:
R$
120
A
90
B
60
C
40
0
150
300
400
600
Q
Para encontrar a EPD, em cada um dos pontos A, B e C, basta aplicar a fórmula (3),
como veremos a seguir.
Ponto A : EPD =
90
450
∂Q P
=−
= − 3 ⇒ -3⇒ 3 [ EPD >1
× = − 5×
150
150
∂P Q
[ demanda elástica quanto à preço.
Ponto B : EPD =
60
300
∂Q P
=−
= − 1 ⇒ -1⇒ 1 [ EPD =1
× = − 5×
300
300
∂P Q
[ demanda unitária quanto à preço.
4
Para determinar qual a elasticidade de um determinado produto, deve-se usar o valor absoluto do coeficiente, ou
seja, o módulo dele. Dessa forma, o sinal negativo deve ser desconsiderado na hora de avaliar se o coeficiente é >, <
ou = a -1.
16
UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS
Ponto C : EPD =
40
200
∂Q P
=−
= − 0,5 ⇒ -0,5⇒ 0,5 [ EPD <1
× = − 5×
400
400
∂P Q
[ demanda inelástica quanto à preço.
A cada preço a EPD terá um valor diferente, sendo que à medida que o preço se eleva, a
EPD também aumenta.
Quando se diz que a elasticidade-preço da demanda é unitária, quer-se evidenciar que
uma mudança de 1% no preço desta mercadoria gera uma variação de sentido inverso e
magnitude igual na sua quantidade demandada. Se a demanda é inelástica, tem-se que, frente a
uma determinada variação nos preços, a quantidade demandada caminha em sentido contrário, e
o impacto se dá em menor proporção. Se a demanda é elástica, por sua vez, uma variação de 1%
no preço dessa mercadoria gera uma queda superior a esse percentual na sua quantidade
demandada.
P
EPD = ∞
EPD > 1
Ponto médio
EPD = 1
EPD < 1
EPD = 0
Q
2.5.2.3. Fatores que influenciam a EPD
1) Quanto maior o grau de utilidade do produto para o consumidor, menos elástica será
sua demanda.
Ex.: Inelástico [ arroz, leite, ração etc.
Elástico [ carne de 1ª, pizza, vinho etc.
2) Quanto menos substitutos tiver o bem, menos elástica será sua demanda.
Ex.: idem ao anterior.
3) Quanto menor o preço do bem x e, portanto, seu peso no orçamento do consumidor,
menos elástica será sua demanda.
Ex.: idem ao anterior.
17
UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS
4) Quanto maior o período de tempo em consideração mais elástico será o produto.
Assim, o produto será mais elástico no longo prazo do que no curto prazo, devido a
defasagens de respostas dos consumidores às variações de preço.
5) Quanto maior o grau de saturação do mercado de um produto maior a sua elasticidade.
Ex.: geladeira, fogão etc.
6) Quanto maior a proporção da renda gasta com o produto, maior a elasticidade.
2.5.2.4. Relação entre a EPD e a receita total (RT) do produtor.
A RT dos produtores corresponde ao seu faturamento, isto é, da multiplicação das
quantidades vendidas do bem x pelo seu preço de venda.
Vale lembrar que:
O valor da venda pelo produtor = valor da compra pelo consumidor
RT do produtor = dispêndio total (DT) do consumidor
a) Demanda elástica
Aumento no preço [ Redução da RT [ Redução do DT
Redução no preço [ Aumento da RT [ Aumento do DT
Exemplo:
PA
QA
RT = DT
10
100
10 × 100 = 1.000
12
60
12 × 60 = 720
(((12 − 10)/10)×100) = 20%
(((60 − 100)/100)×100) = 40%
Note que:
O preço aumenta em 20%, mas a quantidade diminui em 40%. Assim, a RT diminui de
1.000 para 720, ou seja, o produtor tem uma redução de 280 em sua RT, quando eleva o preço do
produto (elástico) em 20%.
b) Demanda inelástica
Aumento no preço [ Aumento da RT [ Aumento do DT
Redução no preço [ Redução da RT [ Redução do DT
18
UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS
Exemplo:
PB
QB
RT = DT
20
80
20 × 80 = 1.600
24
76
24 × 76 = 1.824
(((24 − 20)/20)×100) = 20%
(((76 − 80)/80)×100) = 5%
Note que:
O preço aumenta em 20%, mas a quantidade diminui em apenas 5%. Assim, a RT
aumenta de 1.600 para 1.824, ou seja, o produtor tem um aumento de 224 em sua RT, quando
eleva o preço do produto (inelástico) em 20%.
c) Demanda unitária
Com o aumento ou redução do preço, a RT e o DT, permanecem o mesmo. Sintetizando:
P aumenta
P diminui
Bem elástico
RT diminui
RT aumenta
Bem inelástico
RT aumenta
RT diminui
RT se mantém
RT se mantém
Bem com elasticidade constante
2.5.2.5. Casos especiais de demanda linear
P
P
D
D
P
Q
Q
Q
Demanda anelástica
Demanda infinitamente elástica
2.6. Elasticidade-renda da procura (ER)
A ER mede a sensibilidade da demanda do bem x em relação a variações na renda (R) do
consumidor.
ER =
var iação percentual da quantidade procurada
var iação percentual da renda do consumidor
19
UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS
∆Q
∆Q R
∆Q R
Q
ER =
=
×
=
×
∆R
Q ∆R ∆R Q
R
Sabendo que
∆Q
∂Q
é a derivada de Q com relação a R, ou seja,
, a ER, também pode
∆R
∂R
ser definida como:
ER =
∂Q R
×
∂R Q
Supondo:
Quantidade demandada
Bens
R = 1.000
R = 1.300
A
40
36
B
50
60
C
60
78
D
20
30
(36 − 40)
−4
− 0,1 − 10%
1
∆Q P
40
=
= − = 0,33
1) ER (Bem A) =
=
= 40 =
×
300
0,3
30%
3
Q ∆P 1300 − 1000
1000
1000
A quantidade do Bem A diminui quando a renda aumenta. Nesse caso tem-se um
bem inferior, que possui coeficiente de elasticidade negativo refletindo a relação inversa
ente quantidade e renda. Como o coeficiente ER é menor que um tem-se também um
produto inelástico a renda.
(60 − 50)
10
0,2 20%
∆Q P
50
2) ER (Bem B) =
=
= 50 =
=
= 0,67
×
300 0,3 30%
Q ∆P 1300 − 1000
1000
1000
O coeficiente de ER do bem B, é positivo, significando que esse é um bem
normal; e é também menor que um indicando que B tem demanda inelástica quanto à
renda.
20
UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS
(78 − 60)
18
0,3 30%
∆Q P
60
3) ER (Bem C) =
=
= 60 =
=
=1
×
300 0,3 30%
Q ∆P 1300 − 1000
1000
1000
O bem C apresenta ER unitária.
(30 − 20)
10
0,5 50%
∆Q P
20
4) ER (Bem D) =
=
= 20 =
=
= 1,67
×
300 0,3 30%
Q ∆P 1300 − 1000
1000
1000
Como a ER do bem D é maior que um, sua demanda é elástica em relação à variação da renda.
Tipo de bem
Valor relativo da ECP
Normal
>0
Inferior
<0
Valor absoluto da ECP
> 1 [ elástica
< 1 [ inelástica
= 1 [ unitária
2.7. Elasticidade-cruzada da procura (ECP)
A ECP mede a sensibilidade da demanda do bem x a variações nos preços de outros bens
(PZ). Assim, o coeficiente da ECP pode ser encontrado da seguinte forma:
ECP =
var iação percentual da quantidade procurada do bem x
var iação percentual do preço do bem z
∆Q
∆Q Pz
∆Q Pz
Q
ER =
=
×
=
×
∆R
Q ∆Pz ∆Pz Q
Pz
Sabendo que
∆Q
∂Q
é a derivada de Q com relação a Pz, ou seja,
, a ECP, também
∆Pz
∂Pz
pode ser definida como:
ECP =
∂Q Pz
×
∂Pz Q
21
UNIDADE 2 – DEMANDA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS
De acordo com o valor do coeficiente, tem-se que x e z, podem ser complementares,
substitutos ou independentes, conforme o quadro abaixo:
Relação entre x e z
Valor relativo da ECP
Valor absoluto da ECP
Substitutos
>0
> 1 [ elástica
< 1 [ inelástica
Complementares
<0
= 1 [ unitária
Consumo independente
=0
____________
2.8. Elasticidade-preço da oferta (EPO)
Mede a sensibilidade da oferta a variações no preço do bem x.
EPO =
var iação percentual da quantidade ofertada do bem x
var iação percentual do preço do bem x
∆Q
∆Q P ∆Q P
Q
EPO =
=
×
=
×
∆P
Q ∆P ∆P Q
P
Sabendo que
∆Q
∂Q
é a derivada de Q com relação a P, ou seja,
, a EPO, também pode
∆P
∂P
ser definida como:
EPO =
∂Q P
×
∂P Q
Assim, quando a oferta é linear, a elasticidade é constante ao longo da curva, como
abaixo:
P
EPO > 1
Dessa forma, tem-se que , se o valor absoluto
EPO = 1
da EPO for:
EPO < 1
a) > 1 [ oferta elástica quanto à preço;
b) < 1 [ oferta inelástica quanto à preço; e
c) = 1 [ oferta unitária quanto à preço.
Q
22
UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO
UNIDADE 3 – ESTRUTURAS DE MERCADO
3.1. Introdução
Nas aulas anteriores foi visto, quais variáveis afetam a demanda e a oferta de bens e
serviços, e como são determinados os preços. Supondo sem interferências, o mercado
automaticamente encontra seu equilíbrio. Implicitamente, estava sendo suposta uma estrutura
específica de mercado, qual seja, a de concorrência perfeita.
As estruturas de mercado são modelos que captam aspectos de como os mercados estão
organizados. Cada estrutura de mercado destaca aspectos essenciais da interação da oferta e da
demanda, baseando-se em características observadas em mercados existentes. Em todas as
estruturas clássicas os agentes são maximizadores de lucro. Assim sendo, as estruturas de
mercado dos bens e serviços, podem ser classificadas em:
1. Concorrência Pura ou Perfeita
2. Monopólio
3. Oligopólio
4. Concorrência monopolística
Já as estruturas de mercado dos fatores de produção são classificadas como:
1. Concorrência Perfeita
2. Monopsônio
3. Oligopsônio
3.2. Estruturas de mercado dos bens e serviços
3.2.1. Concorrência Pura ou Perfeita
Estrutura que tem por objetivo descrever o funcionamento equilibrado, ou ideal, servindo
com base para o estudo de outras estruturas. Apesar de ser teórico, o estudo da concorrência
perfeita é importante pelas inúmeras conseqüências derivadas de suas hipóteses, que
condicionam o comportamento dos agentes econômicos em diferentes mercados. As hipóteses do
modelo são:
a) Atomização: mercado com infinitos vendedores e compradores, de forma que um agente
isolado não tem condições de afetar o preço de mercado. Assim, o preço de mercado é um dado
fixado para empresas e consumidores. A expressão de cada um é insignificante.
b) Homogeneidade: todas as firmas oferecem um produto semelhante, homogêneo. Nenhuma
empresa pode diferenciar o produto. Os produtos são substitutos perfeitos.
23
UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO
c) Mobilidade: cada agente comprador e vendedor atua independente de todos os demais. A
mobilidade é livre e não há quaisquer acordos entre os que participam do no mercado.
d) Permeabilidade: não há quaisquer barreiras para entrada ou saída dos agentes que atuam ou
querem atuar no mercado. Barreiras técnicas, financeiras, legais, emocionais ou de qualquer
outra ordem não existem. Quando a rentabilidade de uma indústria está alta no curto prazo,
novas empresas ingressarão e o lucro assume o seu nível normal no longo prazo.
e) Preço limite: nenhum vendedor de produto pode praticar preços acima daquele que está
estabelecido no mercado, resultante da livre atuação das forças de oferta e procura. Em
contrapartida, nenhum comprador pode impor um preço abaixo do de equilíbrio, sendo que o
preço limite é dado pelo mercado.
f) Extra-preço: não há qualquer eficácia em formas de concorrência fundamentadas em
mecanismos extra-preço. A oferta de quaisquer vantagens adicionais, associáveis ao produto ou
fator, não faz qualquer sentido. Essa característica é subproduto da homogeneidade.
g) Transparência: por fim, o mercado é absolutamente transparente. Não há qualquer agente
que possua informações privilegiadas ou diferentes daquelas que todos detêm. As informações
que possam influenciar o mercado são perfeitamente acessíveis a todos.
3.2.2. Monopólio
O monopólio situa-se em outro extremo. O setor é constituído de uma única firma,
porque existe um único produtor que realiza toda a produção, isto é, situação em que uma
empresa domina sozinha a produção ou comércio de uma matéria-prima, produto ou serviço e
que, por isso, pode estabelecer o preço à vontade. Nessa estrutura de mercado há:
a) Unicidade: há apenas um vendedor, dominando inteiramente a oferta. Sob monopólio, os
conceitos de empresa e de atividade sobrepõem-se. A indústria monopolista é constituída por
uma única firma ou empresa.
b) Insubstituibilidade: o produto da empresa monopolista não tem substitutos próprios. A
necessidade a ser atendida não tem como ser igualmente satisfeita por qualquer similar ou
sucedâneo.
c) Barreira: a entrada de um novo concorrente no mercado monopolista é, no limite, impossível.
As barreiras podem ser:
c.1) Naturais: ocorre quando o mercado, por suas próprias características, exige a instalação
de grandes plantas industriais, exigindo um elevado montante de investimento. A empresa
monopolística já está estabelecida em grandes dimensões e tem condições de operar
normalmente com economias de escala e custos unitários bastantes baixos, possibilitando à
24
UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO
empresa cobrar preços baixos por seu produto, o que acaba praticamente inviabilizando a
entrada de novos concorrentes. Esse é denominado de monopólio puro ou natural
c.2) Patentes : Toda Patente é uma forma de Monopólio, enquanto a patente não cai em
domínio público, a empresa monopolista é a única que detém a tecnologia apropriada para
produzir aquele determinado bem.
c.3) Controle de matérias-primas chaves: Exemplo: o controle das minas de bauxita pelas
empresas produtoras de alumínio.
c.4) Monopólio estatal ou institucional: protegido pela legislação, normalmente em setores
estratégicos ou de infra-estrutura.
De uma maneira geral, a regulação é aplicada ao monopólio natural e a
desregulamentação
é
aplicada
em
monopólios
artificiais,
tornando-se
competitivo.
Diferentemente da concorrência perfeita, como existem barreiras à entrada de novas empresas,
os lucros extraordinários devem persistir também a longo prazo em mercados monopolizados.
d) Extra-preço: devido a seu pleno domínio sobre o mercado, os monopólios dificilmente
recorrem às formas convencionais de mecanismos extra-preço, para estimular ou desestimular
comportamentos de compradores.
e) Opacidade: os monopólios são, por definição, opacos. O acesso a informações sobre fontes
supridoras, processos de produção, níveis de oferta e resultados alcançados dificilmente são
abertos e transparentes. A empresa monopolista caracteriza-se por ser impenetrável.
f) Poder: a expressão poder de monopólio é empregada para caracterizar a situação privilegiada
em que se encontra o monopolista, quanto às duas importantes variáveis do mercado: preço e
quantidade.
A firma tem uma forte(total) influência sobre os preços do produto, sendo que nessa
estrutura, a curva de demanda da empresa é a própria curva de demanda do mercado como um
todo. O monopolista estabelece o preço de venda do produto sobre a curva de demanda (portanto
não há curva de oferta), sendo que, ele pode discriminar preços e usar o poder de monopólio.
Discriminar preços é cobrar preços diferentes de diferentes classes de compradores, por
um produto idêntico, ou então, cobrar o mesmo preço por produto que têm custos marginais
diferentes.
Poder de monopólio é quando um produtor, ao trabalhar com capacidade ociosa coloca
no mercado um volume menor de produção, cobrando preços superiores àqueles que seriam
praticados se o mercado fosse competitivo.
Quando a indústria se monopoliza, o preço de venda será maior que o preço de mercado
em concorrência perfeita, e o nível de produção inferior. Os consumidores sairão perdendo, pois
25
UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO
terão que pagar um preço superior para obter o produto, que será oferecido em quantidade
inferior. Nesse caso, ou os consumidores se submetem às condições impostas pelo vendedor, ou
simplesmente deixam de consumir o produto.
Muitas Legislações proíbem a existência de monopólio, permitindo apenas para aqueles
segmentos de mercado onde, para o perfeito funcionamento deveria existir apenas uma empresa,
são os chamados monopólios institucionais ou estatais considerados estratégicos ou de segurança
nacional (energia, comunicação, petróleo). Para detalhes sobre a legislação consultar CADE
(2006).
3.2.3. Oligopólio
Estrutura de mercado caracterizada pela existência de um reduzido número de empresas
dominando o mercado e produzindo produtos que são substitutos próximos entre si. Para
acontecer o oligopólio são necessários os seguintes elementos:
a) Número de firmas: pode caracterizar-se por haver um pequeno número de empresas
(indústria automobilística), ou então um grande número de empresas, mas poucas dominando o
mercado, (indústria de bebidas).
b) Grau de diferenciação do produto: o oligopólio pode oferecer produtos homogêneos
(indústria do cimento, aço), ou produtos diferenciados (indústria automobilística). Como ambos
os tipos de produtos, homogêneos e diferenciados, são substitutos próximos entre si, as firmas
oligopolistas concorrem com base na qualidade, design do produto, serviço ao cliente,
propaganda etc.
c) Barreiras: nessa estrutura há presença de barreira para entrada de novas firmas, que é
exercida com o controle de matérias-primas, registro de patentes, tradição, padrão tecnológico,
custo fixo elevado etc.
d) Poder: no oligopólio as firmas têm uma considerável influência sobre os preços dos produtos
no mercado. No entanto, as decisões sobre o preço e a produção de equilíbrio são
interdependentes, porque a decisão de um vendedor influi no comportamento econômico dos
outros vendedores, sendo essa uma das características básicas do oligopólio: a interdependência
mútua. Dado que as empresas determinam seus preços com base nas estimativas de suas funções
de demanda, levando em consideração a reação de seus rivais, o normal será uma elevada dose
de incerteza. Assim, as empresas podem agir da seguinte forma:
d.1.) Adivinhar as ações dos rivais;
d.2.) Competir somente na base da publicidade;
d.3.) Formar um cartel.
26
UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO
O cartel é um acordo entre empresas visando a fixação de preços e eventualmente, fatias
de mercado, anulando assim a evolução dos preços pela lei da oferta e procura. Dessa forma, em
vez de competir, as empresas podem buscar cooperar e repartir o mercado. Dois tipos de cartel
podem ser formados: o cartel perfeito e o cartel imperfeito.
d.3.1) Cartel perfeito: nada mais é do que oligopolistas, reconhecendo a interdependência
que têm entre si, procuram se unir e maximizar o lucro do cartel. A solução a que se chega é a de
monopólio puro. De maneira geral, os cartéis são instáveis. Considerando que em geral operam
com uma certa capacidade ociosa, o incentivo para que individualmente os membros tentem
burlar os demais é grande, sendo que cada membro do cartel tem, incentivos para abaixar os
preços e vender mais do que sua quota. O atrito entre os interesses coletivos do cartel e os
individuais de seus integrantes freqüentemente acaba em "guerra de preços", nas quais cada
empresa procura aumentar sua participação no mercado. Ex: empresas aéreas, OPEP etc.
d.3.2.) Cartel imperfeito: é uma coalizão imperfeita, onde as empresas de um setor
oligopolista decidem tacitamente (isto é, não é necessário um acordo formal) estabelecer o
mesmo preço, aceitando a liderança de uma empresa da indústria. A líder (empresa que fixa o
preço) pode tanto ser a firma de custo mais baixo, como também a maior firma do mercado. A
firma líder fixa o preço e é seguida pelas demais. Todas maximizam o lucro reconhecendo a
interdependência que têm entre si. Na hipótese da firma líder ser a de custo mais baixo, entra em
consideração a regulamentação anti-monopólio (ela é obrigada a descartar a possibilidade de
práticas predatórias de preço que levem seu concorrente à bancarrota).
3.2.4. Concorrência monopolística
Embora apresente, como na concorrência perfeita, uma estrutura de mercado em que
existe um número elevado de empresas, a concorrência monopolística caracteriza-se pelo fato de
que as empresas produzem produtos diferenciados, embora substitutos próximos. Por exemplo,
diferentes marcas de sabonete, refrigerante, sabão em pó etc. Trata-se, assim, de uma estrutura
mais próxima da realidade que a concorrência perfeita.
A diferenciação de produtos pode dar-se por características físicas (composição química,
potência etc.), pela embalagem, ou pelo esquema de promoção de vendas (propaganda,
atendimento, brindes etc.);
Nesta estrutura, cada empresa tem certo poder sobre a fixação de preços, no entanto a
existência de substitutos próximos permite aos consumidores alternativas para fugirem de
aumentos de preços.
27
UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO
Da mesma forma que na concorrência perfeita, prevalece a suposição de que não existem
barreiras para a entrada de novas firmas no mercado. As principais características desta estrutura
de mercado são:
a) Competitividade: é elevado o numero de concorrentes, com capacidade de competição
relativamente próximas.
b) Diferenciação: o produto de cada concorrente apresenta particularidades capazes de distinguilo dos demais e de criar um mercado próprio para ele.
c) Substituibilidade: embora cada concorrente tenha um produto diferenciado os produtos de
todos os concorrentes substituem-se entre si. Obviamente, a substituição não é perfeita, mas é
possível, conhecida e de fácil acesso.
d) Preço-prêmio: a capacidade de cada concorrente controlar o preço depende do grau de
diferenciação percebido pelo comprador. A diferenciação quando percebida e aceita, pode dar
origem a um preço-prêmio, gerando resultados favoráveis e estimuladores.
e) Barreiras: as barreiras à entrada em mercados monopolisticamente competitivos tendem a ser
baixas. Há relativa facilidade para ingresso de novas empresas no mercado. Quando a
rentabilidade de uma indústria está alta no curto prazo, novas empresas ingressarão e o lucro
assume o seu nível normal no longo prazo.
f) Poder: cada empresa tem um certo poder sobre os preços, dado que os produtos são
diferenciados, e o consumidor tem opções de escolha, de acordo com sua preferência. No
entanto, a margem de manobra dos preços não é muito ampla, uma vez que existem produtos
substitutos no mercado.
RESUMO – Principais características das estruturas básicas de mercado
Característica
Concorrência Perfeita
1. Nº de empresas
Muito grande
2. Produto
Homogêneo
Não há possibilidade de
3. Preços
manobras pelas
empresas
4. Extra-preço
Não é possível, nem
seria eficaz.
Monopólio
Oligopólio
Concorrência
Monopolista
Só há uma empresa
Pequeno
Não há substitutos
Homogêneo ou
próximos
diferenciado
As empresas têm
Embora dificultado
Pouca margem de
grande poder para
pela interdependência
manobra, devido à
manter preços
entre as empresas, estas existência de
relativamente elevados
tendem a formar cartéis substitutos próximo.
A empresa geralmente
recorre a campanhas
institucionais
Grande
Diferenciado
É intensa, sobretudo
quando há
diferenciação do
É intensa
produto
28
UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO
5. Barreiras
Exemplos
Não há barreiras
Produtos agrícolas em
geral
Barreiras de acesso a
Barreiras de acesso a
novas empresas
novas empresas
Petróleo, Energia
Automóveis
Não há barreiras
Creme dental, shampoo
Fonte: ROSSETTI, 2000.
3.3. Estruturas de mercado dos fatores de produção
Até aqui identificamos as estruturas de mercados de bens e serviços. O mercado de
fatores de produção – mão de obra, capital, terra e tecnologia – também apresenta diferentes
estruturas, as quais são resumidas a seguir:
3.3.1. Concorrência Perfeita
Existe uma oferta abundante do fator de produção (ex.: mão-de-obra não especializada), o
que torna o preço desse fator constante. No caso da economia moçambicana onde há elevado
índice de desemprego os salários são pressionados para baixo acarretando sérias distorções
sociais.
3.3.2. Monopsônio
Estrutura de mercado caracterizada pela existência de um único comprador que domina o
mercado. É um a estrutura que pode prevalecer especialmente no mercado de trabalho. É o caso,
por exemplo, da empresa que se instala em uma determinada cidade do interior e, por ser única,
torna-se demandante exclusiva da mão-de-obra local e das cidades próximas, fixando os salários
em patamares baixos. Portanto, ou os trabalhadores empregam-se no monopsônio, ou precisam
trabalhar em outra localidade. Há também situações em que ocorre o monopólio bilateral.
Monopólio bilateral: ocorre quando um monopsonista, na compra do fator de produção,
defronta-se com um monopolista na venda desse fator. Nessa estrutura defrontam-se um
monopolista e um monopsonista. Tipicamente, o monopolista deseja vender uma certa
quantidade de produto por um preço, e o monopsonista pretende obter a mesma quantidade por
um preço diferente daquele oferecido pelo monopolista. Como ambas as posições são
conflitantes, somente a negociação recíproca permite a definição do preço.
Exemplo: A Bom-Bril compra um tipo de aço que apenas a Siderúrgica Belgo Mineira
produz. O preço de mercado dependerá do poder de barganha de cada uma. Outro exemplo é,
numa cidade relativamente isolada, existe apenas uma fábrica, que se defronta com um único
sindicato de trabalhadores.
29
UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO
3.3.3. Oligopsônio
Existem poucos compradores que dominam o mercado. Ex.: Indústria de laticínios.
Anexo da Unidade IV5 – Cartilha do CADE
ABUSOS DE MERCADO AÇÕES DO GOVERNO
Criado em 1962 pela Lei nº 4.137, o CADE – Conselho Administrativo de Direito Econômico, é
uma autarquia ligada ao Ministério da Justiça, que tem por objetivo julgar processos relativos a
abusos do poder econômico, bem como analisar fusões de empresas que podem criar situações
de monopólio. Quando se prova que a limitação da concorrência não propicia ganhos aos
consumidores em termos de menores preços ou produtos tecnologicamente mais avançados o
CADE manda desfazer o negócio entre as partes.
APRESENTAÇÃO
O objetivo deste trabalho é difundir e consolidar a cultura da defesa da concorrência no Brasil.
Para tanto é dirigido à empresários, instituições financeiras, trabalhadores, sindicatos
empresariais, aos cidadãos, e a sociedade como um todo. O Conselho Administrativo de Defesa
Econômica - CADE tem como função primordial promover a concorrência no mercado
brasileiro.
Assim, deve zelar pela aplicação dos princípios constitucionais e da Lei nº 8.884/94 que dispõe
sobre a prevenção e repressão às infrações à ordem econômica.
A IMPORTÂNCIA DA CONCORRÊNCIA
É essencial a presença da concorrência no contexto de uma economia de mercado, posto que a
mesma possibilita um aumento na variedade e na qualidade de produtos, e ainda corrobora para a
diminuição dos preços dos mesmos. É a concorrência, o fator determinante para que os preços
exprimam a relação de equilíbrio entre a oferta e a procura.
Para que se obtenha os benefícios derivados da concorrência, é necessário que as empresas
invistam em tecnologia, bem como realizem um estudo de mercado com o intuito de conhecer e
atender as expectativas e desejos dos consumidores.
5
CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA – CADE. Cartilha do CADE. Disponível em: <
http://www.cade.gov.br/publicacoes/cartilhaport.asp>. Acesso em: 23 set. 2006.
30
UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO
Poderíamos dizer que a concorrência é um instrumento existente em benefício dos cidadãos, vez
que são estes os consumidores finais dos produtos e que experimentam as melhorias decorrentes
das circunstâncias concorrenciais.
Além de conferir benefícios aos consumidores, a disputa entre as empresas ocasionada pelo
ambiente concorrencial propicia que a economia brasileira entre com uma melhor estrutura no
mercado externo.
A LEI DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA
A Lei 8.884/94 prevê a atuação do CADE - Conselho Administrativo de Defesa Econômica,
autarquia federal vinculada ao Ministério da Justiça; da SDE - Secretaria de Direito Econômico,
ligada ao Ministério da Justiça e da SEAE - Secretaria de Acompanhamento Econômico, ligada
ao Ministério da Fazenda, que no exercício de suas respectivas funções, respeitam o seguinte
trâmite:
As denúncias de práticas infrativas à ordem econômica, deverão ser encaminhadas à SDE, que
dará início as averiguações preliminares ou, se houver condições, a um procedimento
administrativo, procedimento este que tem por objetivo a produção de provas através da
obtenção de documentos, da realização de pesquisas e da descrição dos fatos narrados. Na
hipótese de se fazer necessário o estudo das implicações econômicas de tal denúncia, o processo
deverá ser remetido para a SEAE que emitirá seu parecer.
Finda toda a fase inquisitória acima exposta, cabe ao CADE, com base nos elementos apurados,
julgar a ocorrência sob análise, declarando a mesma abusiva ou não face aos princípios
constitucionais reguladores da ordem econômica, máxime insculpidos na Lei 8 .884/94, tomando
então as providências cabíveis para coibí-la ou repará-la na hipótese da mesma consistir numa
infração.
O CADE - CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA
O CADE foi criado em 1962, e até o fim do regime parlamentar, consistia em um órgão
vinculado à Presidência do Conselho de Ministros, passando, então, mais tarde, a ser vinculado
ao Ministério da Justiça.
Apesar da política brasileira de defesa da concorrência existir desde os anos 30, a atuação do
CADE, bem como dos demais órgãos que o auxiliavam nas suas funções, pouco era difundida e
conhecida, tendo em vista que a economia era fortemente monitorada e fechada, sofrendo rígido
controle de preços, fato este que não acarretava grande demanda de trabalho.
31
UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO
A partir dos anos 90, graças a estabilização da moeda, a privatização, a abertura da economia
nacional e o crescente fenômeno da globalização, tornou-se vital o desenvolvimento de uma
política de defesa da concorrência para atender a nova realidade do mercado.
O aprimoramento da aludida política se deu sobretudo com o surgimento da Lei 8.884/94, que
estabeleceu o CADE como uma autarquia federal, ampliou os seus poderes, definindo com maior
precisão, as práticas consideradas ofensivas à concorrência.
O CADE tem como atribuições essenciais assim, orientar, fiscalizar e estudar o abuso do poder
econômico, exercendo papel tutelador de apuração e repressão do mesmo quando verificado.
O conselho é composto por um presidente, seis conselheiros e um procurador-geral, que exercem
um mandato estabelecido em lei, fato este que garante autonomia para os exercício das funções.
O PAPEL DO CADE PARA O BRASIL NO CONTEXTO ATUAL
Poderíamos apontar como principais fatores que contribuíram para dar uma maior importância
ao CADE: a abertura da economia, a privatização e a desregulamentação, bem como a
estabilização dos preços.
Tais circunstâncias ensejaram uma atuação estatal menos preocupada em investir diretamente na
produção, mas por conseguinte, mais determinada em coordenar e estimular a economia de
mercado.
A globalização da economia também corrobora para um maior impulsionamento dos trabalhos
do CADE, pois ela exige grande competitividade e produtividade por parte das empresas
instaladas no Brasil.
Diante de tais fatos, imprescindível se revela a existência de um órgão com as atribuições
acumuladas pelo CADE, zelando a harmonia da ordem econômica no país.
O CADE tem a missão de agente modernizador e defensor da concorrência dentro de um Estado
regulador moderno, pró-mercado, de modo a influenciar no dia-a-dia do cidadão, a partir do
estímulo da concorrência no setor de serviços e produtos oferecidos à sociedade.
Resta claro assim, que inúmeros direitos do consumidor acabam, necessariamente, aliando-se as
metas a serem tuteladas pelo CADE.
PRÁTICAS QUE PODEM SER CONSIDERADAS ABUSIVAS
O QUE O ABUSO DO PODER ECONÔMICO?
O abuso do poder econômico ocorre toda a vez que uma empresa se aproveita de sua condição de
superioridade econômica para prejudicar a concorrência, inibir o funcionamento do mercado ou
32
UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO
ainda, aumentar arbitrariamente seus lucros. Em outras palavras, poderíamos dizer que o agente
abusivo faz mau uso ou o uso ilegítimo do poder que detém no mercado.
Este abuso não se dá a partir de práticas específicas, mas sim, quando o detentor de substancial
parcela do mercado age em desconformidade com os seus fins, desvirtuando, ultrapassando as
fronteiras da razoabilidade.
Por prejudicar a ordem econômica e os consumidores, o abuso não encontra qualquer amparo
legal, até porque é ato praticado com exercício irregular do direito de livre iniciativa e de
propriedade.
NO ÂMBITO DOS ACORDOS VERTICAIS OU HORIZONTAIS, PODEM SER
DESTACADAS AS SEGUINTES PRÁTICAS:
Formação de Cartel: As empresas nem sempre apreciam o jogo da livre concorrência. Elas
preferem, às vezes, cooperar entre si, combinando preços, restringindo a variedade de produtos e
dividindo os mercados para manter suas receitas sempre estáveis.
Para o consumidor e para outras empresas isto significa ter que pagar um preço muito maior se
comparado ao valor que o produto realmente custa e ainda ter o seu leque de opções de compra
diminuído.
Para a fiel configuração desta infração, se faz mister que haja efetivo acordo entre os agentes
envolvidos, pois pode ocorrer que diversas empresas, praticantes da mesma atividade econômica,
venham a utilizar-se de preços semelhantes sem que tenha ocorrido qualquer ajuste prévio,
cessando, assim, a idéia de abusividade.
Venda Casada: Consiste na prática de subordinar a venda de um bem ou serviço à aquisição de
outro.
O praticante da venda casada produz barreiras à entrada de concorrentes potenciais no mercado
ou empecilhos à expansão dos concorrentes já presentes.
A subordinação proporcionada pela venda casada, gera uma restrição de liberdade de comprar e
vender por pressão, por coação, sem que haja qualquer benefício para o consumidor na aquisição
vinculada.
Sistemas Seletivos de Distribuição: São restrições impostas, injustificadamente, pelo fabricante
ao distribuidor, utilizadas de forma a discriminar distribuidores, vendedores e consumidores, que
acabam por ser prejudiciais à livre concorrência.
33
UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO
As restrições apenas são justificáveis se apresentarem o escopo de manter um padrão eficiente de
distribuição, oferecerem serviços de manutenção e garantias ao consumidor.
A legislação antitruste reprimirá o agente sempre que o mesmo, sem motivação plausível,
impedir o acesso do consumidor a uma determinada mercadoria.
Preços Predatórios: Muitas vezes, as empresas se utilizam da estratégia de baixar
propositadamente os preços de seus produtos a valores inferiores ao seu preço de custo,
esperando, com isso, que os concorrentes desistam do mercado daquele setor.
No início, o consumidor pode até ficar satisfeito em poder adquirir o produto a preço baixo, mas,
posteriormente, se verá prejudicado pela falta de concorrência entre os fabricantes, fato este que
afastará os benefícios inerentes à concorrência já analisados neste trabalho.
Os exemplos de infrações supra elencadas, bem como outras, podem ser denunciadas por
qualquer pessoa ou empresa que se sinta prejudicada, aos órgãos do Sistema Brasileiro de Defesa
da Concorrência.
OS ATOS DE CONCENTRAÇÃO –
Fusões, aquisições, incorporações e joint ventures são típicos atos de concentração. Eles fazem
parte do processo natural do desenvolvimento de uma economia de mercado e em si não
configuram práticas abusivas.
Tais atos buscam geralmente, aumentar a eficiência de uma empresa através, por exemplo, da
diminuição de custos. Porém estas operações podem, ao mesmo tempo, resultar em restrições à
concorrência ensejando assim sua apreciação pelo CADE.
O CADE aprovará o ato se o mesmo proporcionar de fato, o aumento da produtividade, a
melhoria da qualidade de bens e serviços ou ainda o desenvolvimento tecnológico e econômico.
Na hipótese contrária, isto é, se o CADE apurar resultados lesivos à concorrência, o órgão
poderá aplicar multas ou obrigar as empresas envolvidas a desfazerem a operação.
Em suma, as principais razões que levam o Estado ao controle dos aludidos atos empresariais,
são as seguintes:
a) as concentrações tornam a estrutura do mercado menos competitiva, o que, por si só, tende a
desencorajar a entrada de novos concorrentes; além disso, as empresas, depois de se associarem,
se tiverem adquirido suficiente poder econômico, podem aumentar os preços no mercado;
34
UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO
b) as concentrações de empresas e a conseqüente concentração de poder econômico, aumentam
as oportunidades para um comportamento menos competitivo na medida em que a concentração
tende a diminuir o número de concorrentes no mercado;
c) as concentrações produzem eficiências desejáveis e indesejáveis, por isso é necessário saber
distinguir umas das outras, bem como quais são aquelas que surgem a curto, médio e a longo
prazo.
COMO PROCEDER EM CASOS DE ATOS DE CONCENTRAÇÃO –
De acordo com a Lei 8.884/94, as operações de fusão, aquisição ou joint venture deverão ser
impreterivelmente apreciadas pelo Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência quando uma
das empresas participantes detiver 20% ou mais de mercado relevante, ou que tenha obtido
(isoladamente ou o grupo ao qual pertença) faturamento igual ou superior à R$ 400 milhões
anuais.
As partes envolvidas nos atos de concentração, deverão apresentá-los para exame à SDE, que
tomará as providências cabíveis para conhecimento da SEAE e posterior julgamento do CADE.
Tal apresentação deverá ser realizada previamente, ou em até 15 dias úteis após o momento que
a operação passa a ter efeitos jurídicos no mundo fático, sob pena de multa pecuniária em valor
não inferior à 60 mil UFIR e não superior à 6 milhões de UFIR.
O TRÂMITE DOS PROCESSOS DE CONDUTA PELO CADE –
A SDE, anteriormente a instauração do processo administrativo, realiza averiguações
preliminares com o escopo de apurar a existência de infrações contra a ordem econômica, a
partir dos fatos apresentados na Representação.
Diante do resultado deste trabalho, a Secretaria decidirá pelo arquivamento do feito por falta de
indícios ensejadores de desrespeito à concorrência, hipótese em que, ainda assim, deverá recorrer
de ofício da sua decisão para o CADE, ou, em caso contrário , visualizando práticas infrativas,
dará início ao processo administrativo.
Quando o referido processo chega ao CADE, será sorteado o nome de um Conselheiro que
passará a ser o Relator da demanda. Este remeterá os autos à Procuradoria do órgão, que emitirá
o seu parecer sobre o assunto, devolvendo os autos ao Conselheiro-Relator, para elaboração de
um relatório e o voto.
Findo este procedimento, o processo entrará em pauta para julgamento a ser realizado por todos
os Conselheiros e o Presidente do órgão.
35
UNIDADE 3 –ESTRUTURAS DE MERCADO
Quanto a participação da SEAE durante o processo administrativo, este órgão é oficiado logo na
oportunidade da instauração do mesmo para que emita parecer sobre matéria de sua
especialidade, relacionada com o caso em questão.
36
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
UNIDADE 4 – TEORIA FIRMA: TEORIA DA PRODUÇÃO E TEORIA
DOS CUSTOS
4.1. Teoria da produção
A teoria da produção analisa a relação existente entre os recursos produtivos de uma
firma e a quantidade de bens e serviços que ela consegue produzir por período de tempo, para
dada tecnologia.
Essa relação pode ser representada por uma tabela, um gráfico ou uma função
matemática.
Matematicamente ela pode ser expressa através da seguinte equação:
Y = f (X1, X2, ..., Xn)
em que:
X1, X2, ..., Xn = representam as quantidades dos vários tipos de insumo utilizados
Y = representa a quantidade de produto obtida a partir desses insumos, por período de tempo.
As relações de insumo-produto dependem em parte das quantidades de recursos
empregados e, em parte, da forma pela qual esses insumos são combinados (tecnologia de
produção empregada pela firma).
Na abordagem inicial considerar-se-á apenas um insumo variável e seu efeito na
produção. Essa é a mais simples relação e recebe o nome de fator-produto. Pode-se
simplesmente, expressar essa função de produção como:
Y = f (X1)
Considere que a firma possui duas formas tecnologicamente factíveis de combinar os
insumos:
Produção (Q) (Unidades)
Insumo (Xa) (Unidades)
Tecnologia A
Tecnologia B
50
5.000
6.000
100
10.000
12.000
150
15.000
18.000
Uma firma pode alterar seu volume de produção variando:
{ a quantidade de insumos empregada;
{ a tecnologia de produção;
{ ambas as ações.
37
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
Assim, na fórmula matemática da função de produção:
Y = f (Xa, Xb, ..., Xn)
Y, deve ser interpretado como o maior valor possível que pode ser obtido a partir da
tecnologia empregada pela firma.
Uma função de produção com apenas um insumo variável é apresentada na Tabela 1:
Essa função hipotética descreve a resposta de ganho de peso de terneiro (1) face a diferentes
níveis de ração consumidas (2).
Tabela 1 – Resposta do ganho de peso de terneiro a diferentes níveis de ração consumida
X1 – Consumo de ração (kg)
(1)
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Y – Ganho de peso de terneiro (kg)
(2)
0
29
70
117
164
205
234
245
232
189
Como dito, uma função de produção pode também ser descrita em termos de uma função
matemática. A equação (1) expressa matematicamente, a função de produção apresentada na
Tabela 1:
Y = 21X + 9 X 2 − X 3
(1)
em que Y é o peso total de terneiro (kg); e X1 é a quantidade de ração consumida (Kg).
A equação (1) estimada possui algumas vantagens em reação a função tabular visualizada
na Tabela 1, em que os dados apresentados são discretos, enquanto que na equação (1) tem-se
uma função contínua.
Por ser uma função contínua, a resposta do ganho de peso de terneiro a dado nível de
ração é facilmente obtida a partir da equação (1). Se a quantidade de ração a ser utilizada é 3,0
Kg, um valor não presente na Tabela 1, então o ganho de peso de terneiro é 117 g.
Utilizando-se, entretanto, a Tabela 1 essa mesma informação poderia ser obtida pela
interpolação dos valores conhecidos. Se 3,5 Kg de ração produz 140,88 g de terneiro e 4,5 Kg de
ração produz 185,63 g de terneiro, 3,0 Kg de ração irá produzir (140,88 + 185,63)/2 = 163,26 g
38
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
de terneiro. Os valores obtidos por meio da interpolação não são necessariamente iguais àqueles
estimados a partir da equação (1).
Produtividade dos fatores
Do produto físico total (PFT), que vem a ser produção (Y), duas importantes relações
podem ser derivadas, o produto físico médio (PFMe) e o produto físico marginal (PFMg).
O produto físico médio do insumo variável é apresentado na coluna (6) da Tabela 2, e é
obtido dividindo-se a quantidade de bens produzida pela quantidade de insumo variável
empregada:
PMevar =
PFT
Y
=
X var X var
Portanto, se Y = 21 X + 9 X 2 − X 3 , em que X representa o número de unidades do insumo
variável, a expressão para PMevar torna-se:
PMe var =
21X + 9X 2 − X 3
⇒ PMe var = 21 + 9X − X 2
X
De forma similar, o produto médio do insumo fixo6 [apresentado na coluna (7) da Tabela
2] é definido como a quantidade de produto dividida pelo número de unidades disponíveis de
insumo fixo:
PMe fixo =
PFT
Y
=
X fixo X fixo
2
3
Dado que Y = 21 X + 9 X − X e que existem 2 unidades de insumos fixos, PMefixo
pode ser calculado da seguinte forma:
PMe fixo
21X + 9X 2 − X 3
=
2
A variação exata na quantidade produzida, associada ao uso de uma ou mais unidades
adicionais de insumo fixo, é conhecido como produto marginal (PMg) do insumo variável.
A variação na quantidade produzida por período de tempo resultante da variação de 1
unidade na quantidade do insumo utilizada por período de tempo é definida como produto
marginal discreto. No exemplo, da Tabela 2, os valores do produto marginal discreto são
mostrados na coluna (4); verifique que os números da coluna (4) são derivados subtraindo-se
6
O PFMefixo é menos calculado. Quando for dito PFMe, esse estará se referindo ao PFMe do insumo variável.
39
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
cada par sucessivo de números da coluna (3). Alternativamente, o produto marginal pode ser
calculado a partir da primeira derivada da equação que expressa a relação matemática entre o
fluxo de produção e o fluxo de insumos variáveis. Portanto, se a relação entre a quantidade
produzida (Y) e a quantidade utilizada do insumo variável (X) for dada pela seguinte equação:
Y = 21X + 9 X 2 − X 3
então o produto marginal do insumo variável é dado pela seguinte equação:
PMg =
∆PFT
∆Y
∂Y
=
=
∆X 1
∆X 1 ∂X 1
PMg = 21 + 18X − 3X 2
Este conceito de produto marginal é denominado produto marginal contínuo para se
distinguir do produto marginal discreto. O produto marginal contínuo representa a taxa de
variação na produção total resultante da variação na utilização do insumo variável por período de
tempo, e pode ser calculado substituindo-se a variável X pelos números 0, 1, 2, 3, ..., 9 na
equação apresentada na coluna (5) da Tabela 2. Em termos matemáticos, o produto marginal só
faz sentido para aqueles insumos cuja quantidade pode ser variada; portanto, não existe algo
como produto marginal dos insumos fixos, uma vez que os insumos fixos, por definição, não
podem variar no curto prazo.
40
Tabela 2 – Dados de uma hipotética função de produção de curto prazo
1
Insumo
fixo
2
Insumo
variável
3
4
Quantidade
produzida (Y)
PMg discreto
(var.)
Y = 21X + 9 X 2 − X 3
PMg n =
5
Yn − Yn −1
X n − X n −1
PMg contínuo (var.)
PMg =
∂Y
∂X
PMg = 21 + 18 X − 3 X
6
PMe (var.)
Y
PMe =
X var
7
PMe (fixo)
PMe =
2
PMe var = 21 + 9X − X 2
PMe fixo =
Y
X
fixo
21 X + 9 X 2 − X 3
2
2
2
2
2
2
2
2
0,00
1,50
2,50
3,50
4,50
5,50
6,50
0,00
48,38
93,13
140,88
185,63
221,38
242,13
32,25
44,75
47,75
44,75
35,75
20,75
41,25
47,25
47,25
41,25
29,25
11,25
32,25
37,25
40,25
41,25
40,25
37,25
24,19
46,56
70,44
92,81
110,69
121,06
2
2
2
2
7,50
8,50
9,50
10,50
241,88
214,63
154,38
55,13
-0,25
-27,25
-60,25
-99,25
-12,75
-42,75
-78,75
-120,75
32,25
25,25
16,25
5,25
120,94
107,31
77,19
27,56
Fonte: THOMPSON JR. e FORMBY, 2003.
41
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
Lei dos rendimentos decrescentes
Observa-se pela Tabela 1, que doses progressivamente maiores de insumo são
combinados com uma dada quantidade de insumos fixos, então a quantidade produzida
inicialmente aumenta muito rápido, depois aumenta mais devagar, alcançando um ponto
máximo, e começa a declinar.
A forma da curvatura da função de produção neoclássica demonstra a lei dos rendimentos
decrescentes. Essa lei estabelece que, à medida que se empregam mais quantidades de um
insumo variável, enquanto a de outros insumos permanece constante, a produção total aumenta,
em princípio, a taxas crescentes, depois a taxa constante, em seguida a taxas decrescentes, atinge
um máximo e finalmente decresce. A função de produção exibindo os retornos, crescentes,
constantes e decrescentes é ilustrada na Tabela 1. Essa tabela apresenta a resposta do ganho de
peso do terneiro a diferentes níveis de ração.
Retornos crescentes ocorrem quando o acréscimo na produção, resultante da adição do
fator variável, é maior do que o provocado pelo emprego da unidade anterior, conforme a seguir:
Y
X1
Figura 1 – Retornos crescentes
Os retornos constantes ocorrem quando cada unidade adicional do fator variável
aplicada aos fatores fixos aumenta a produção em iguais quantidades.
Y
X1
Figura 2 – Retornos constantes
42
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
Os retornos decrescentes ocorrem quando cada unidade adicional do fator variável
aumenta menos a produção total do que a unidade anterior.
Y
X1
Figura 3 – Retornos decrescentes
A lei dos rendimentos pode também ser descrita em termos do produto físico marginal,
dado que esse é a taxa de crescimento do PFT. O PFMg cresce, atinge um máximo,
posteriormente decresce, anula-se, e, finalmente, torna-se negativo, conforme pode ser
visualizado na Figura 4.
PFT
PFT
I
II
III
X1
PFMe
PFMg
PFMe
PFMg
X1
Figura 4 – Função de produção, PFMe e PFMg.
43
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
Do produto físico total, produto físico médio e produto físico marginal, pode-se definir os
três estágios de produção, os quais estão demonstrados na Figura 4.
O 1 ° estágio de produção corresponde àquele em que o PFMe é sempre crescente. Neste
estágio, o PFMg é sempre maior que o PFMe e ambos são positivos. O PFT também apresentase crescente. Esse estágio é denominado estágio irracional da produção, porque os insumos são
alocados ineficientemente. Um produtor racional jamais operaria nesse estágio de produção,
porque ele estaria limitando o uso do insumo variável, dado que maior produtividade média
poderia ser obtida pelo maior uso desse insumo.
O limite entre o 1 ° e o 2° estágio ocorre no ponto onde o produto físico médio atinge o
máximo. Nesse ponto, o PFMe máximo iguala-se ao PFMg.
O 3 ° estágio é caracterizado por apresentar um produto PFT decrescente, PFMg negativo
e PFMe também decrescente. Esse estágio é denominado irracional da produção, visto que o
emprego de unidades adicionais do insumo variável resultaria na redução do PFT. Tais
acréscimos contribuem para o crescimento do custo e redução da receita.
No 2° estágio de produção, o PFMe é decrescente, assim como o PFMg, mas o PFMg
ainda é positivo. O PFMe apresenta-se sempre maior que o PFMg. O 2° estágio é o racional da
produção.
O limite entre o 2° e o 3° estágio ocorre no ponto onde o PFT é máximo e.
conseqüentemente, a PFMg é igual a zero.
Na Tabela 2, o limite entre o 1 ° e o 2° estágio de produção encontra-se em 4,5 Kg de
ração. Já o limite entre o 2° e o 3° estágio está entre 6,5 e 7,5 Kg de ração. Nesse intervalo, no
nível de ração que a produtividade marginal da ração é de zero, tem-se a máxima produção
física.
4.2. Maximização do lucro – a partir da função de produção
A pressuposição básica é que o objetivo econômico da firma é a maximização do lucro ou
da receita líquida.
Na determinação do nível de insumo variável que maximiza lucro, o uso da análise
marginal é o mais apropriado. Essa análise é utilizada para comparar o custo do insumo variável
com a receita do produto.
Um insumo variável deve ser adicionado ao processo produtivo até o ponto onde a
mudança na renda, devido ao uso da última unidade do insumo, for maior ou igual à mudança no
custo resultante da última unidade empregada desse insumo. Se a última unidade do insumo
empregada aumentar mais a receita do que o custo, mais insumo deve ser utilizado. Entretanto,
44
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
se a última unidade de insumo usado aumentar mais o custo do que a receita, menor quantidade
desse insumo deve ser utilizada. Resumindo, um insumo variável deve ser empregado até o
ponto onde o valor adicional do produto for maior ou igual ao total adicional do custo do
insumo, isto é, no ponto onde o PFMg do insumo vezes o preço do produto for maior ou igual ao
preço do insumo. De outra forma, desde que o valor do produto marginal (VPMg) do insumo
variável for maior ou igual ao preço do insumo.
A derivação matemática dessa regra de decisão é apresentada a seguir:
MAX π = RT – CT
Lucro (π) é dado pela diferença entre a receita total (RT) e o custo total (CT). Na
determinação do lucro é necessário, portanto, conhecer a receita e o custo. Os preços dos
insumos de produção e a tecnologia constituem-se os determinantes básicos do custo. Uma vez
estabelecida a tecnologia, o total de cada insumo necessário para produzir qualquer nível de
produto pode ser determinado.
O custo total é dado pela soma dos custos variável e fixo.
CT = X 1 × PX 1 + K
Em que:
X1 – é a quantidade do insumo variável usado na produção;
PX1 – o preço do insumo;
K – custo dos insumos fixos.
A receita total é obtida pelo produto da quantidade total vendida e preço de venda.
RT = Y × PY
em que:
Y – quantidade vendida do produto; e
PY – preço de venda.
Para maximizar lucro (a partir da função de produção) tem-se que diferenciá-lo com
relação ao insumo variável X1 e igualar a zero. Assumindo que os preços do produto (PY) e
insumo (PXl) sejam constantes, obtém-se:
∂π = 0 _
π = Y × PY − ( X 1 × PX 1 + K )
∂PX 1
∂π
∂P
∂Y
∂X
∂K
= Y ×Y +
× PY −
× X 1 − 1 × PX 1 −
=0
∂X 1 ∂X 1
∂X 1
∂X 1
∂X 1
∂X 1
Assumindo PXl, PY e K constantes, tem-se que:
45
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
∂PX 1
∂PY
,
∂X 1
∂X 1
e
∂K
=0
∂X 1
então:
∂π
∂Y
∂X
=
× PY − 1 × PX 1 = 0
∂X 1 ∂X 1
∂X 1
∂π
∂Y
=
× PY − PX 1 = 0
∂X 1 ∂X 1
como
∂Y
= PMg X 1
∂X 1
PMg X 1 × PY − PX 1 = 0
_
∂Y
× PY − PX 1 = 0
∂X 1
então:
_
PMg X 1 × PY = PX 1
Sendo _
VPMg X 1 = PMg X 1 × PY
Então _
VPMg X 1 = PX 1
Em que VPMgX1 é o valor do produto marginal de X1, e corresponde a multiplicação do
PMg pelo preço de Y (PY).
Dos dados contidos na Tabela 2, é possível determinar o peso ótimo de abate de terneiro.
Para tanto, é necessário introduzir o preço do terneiro e o preço da ração. Com a ração custando
R$2,00 por kg e o terneiro R$15,00 por kg, o peso ótimo de abate de terneiro seria de 245,0 kg, e
a quantidade de ração consumida seria de 6,99 kg.
A quantidade ótima econômica de ração a ser consumida é determinada pela expressão:
VPMgX1= PXl
ou
PY × PMgX1= PX.
Na tabela 3, o VPMg correspondente ao uso de ração, 6,99 é igual ao preço do fator,
R$2,00. Por conseguinte, pode-se definir que o consumo ótimo de ração é de 6,99 kg.
Utilizando a função de produção (1), que representa a resposta do ganho de peso de
terneiro a diferentes níveis de ração, com base no preço do terneiro (R$15,00/kg) e da ração
(R$2,00/kg), pode-se calcular o nível exato de ração que maximiza o lucro.
Y = 21 X 1 + 9 X 12 − X 13
PY ×
∂Y
= PX 1
∂X 1
PMg X1 =
∂Y
= 21 + 18 X 1 − 3 X 12
∂X 1
15,0 × ( 21 + 18 X − 3 X 2 ) = 2 ,00
313 − 270 X 1 + 45 X 12 = 0
46
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
X1 = 6,99 _ nível de ração que maximiza o lucro.
Tabela 3 – Ganho de peso, consumo de ração, produto físico marginal, preço do terneiro, valor
do produto marginal e preço do fator. Y = 21 X 1 + 9 X 12 − X 13
Insumo
variável
(kg ração)
Quantidade
produzida
(kg terneiro)
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
5,00
5,50
6,00
6,50
6,99
7,00
7,50
8,00
PMg
contínuo
29,00
48,38
70,00
93,13
117,00
140,88
164,00
185,63
205,00
221,38
234,00
242,13
245,00
245,00
241,88
232,00
36,00
41,25
45,00
47,25
48,00
47,25
45,00
41,25
36,00
29,25
21,00
11,25
0,13
0,00
-12,75
-27,00
PY
15,00
15,00
15,00
15,00
15,00
15,00
15,00
15,00
15,00
15,00
15,00
15,00
15,00
15,00
15,00
15,00
PX
2,00
2,00
2,00
2,00
2,00
2,00
2,00
2,00
2,00
2,00
2,00
2,00
2,00
2,00
2,00
2,00
VPMg
540,00
618,75
675,00
708,75
720,00
708,75
675,00
618,75
540,00
438,75
315,00
168,75
2,00
0,00
-191,25
-405,00
RT
435,00
725,63
1.050,00
1.396,88
1.755,00
2.113,13
2.460,00
2.784,38
3.075,00
3.320,63
3.510,00
3.631,88
3.674,99
3.675,00
3.628,13
3.480,00
CT
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
8,00
9,00
10,00
11,00
12,00
13,00
13,99
14,00
15,00
16,00
Lucro
433,00
722,63
1.046,00
1.391,88
1.749,00
2.106,13
2.452,00
2.775,38
3.065,00
3.309,63
3.498,00
3.618,88
3.661,01
3.661,00
3.613,13
3.464,00
O nível de ração que maximiza a produção física é dado pela expressão:
PMg X1 =
∂Y
=0
∂X 1
∂Y
= 21 + 18 X 1 − 3 X 12 = 0
∂X 1
X1 = 7,00 _ nível de ração que maximiza a produção física.
Quando se utilizam insumos não-livres, isto é, que possuem preços, o nível de insumo
que maximiza lucro é sempre menor que o nível de insumo que maximiza a produção física.
Assim, pode-se também definir a função de produção da firma em termos de quantidade
mínima de insumos que deve ser utilizada para produzir determinado nível de produção.
Qualquer que seja a abordagem, a função de produção de uma firma define os limites das
possibilidades técnicas de produção à sua disposição.
Enquanto a firma estiver utilizando a tecnologia de produção mais eficiente à disposição
no mercado, a quantidade de bens que ela consegue produzir depende:
47
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
a) das quantidades dos diversos recursos produtivos empregados no processo de
produção;
b) da eficiência com a qual se utilizam esses recursos produtivos.
4.3. Teoria dos custos
Existem três conceitos importantes para a análise da estrutura de custo de curto prazo da
firma: o custo fixo total, o custo variável total e o custo total.
Os insumos fixos de uma firma dão origem aos custos fixos, uma quantia que depende da
quantidade de cada um dos vários insumos fixos, e dos respectivos preços pagos por eles. O
custo fixo é constante, pois eles continuam sendo incorridos mesmo que a produção seja nula.
Da mesma forma, os insumos variáveis correspondem aos custos variáveis. Como no
curto prazo uma firma pode modificar a quantidade produzida comprando mais ou menos
unidades de insumos variáveis, os custos variáveis dependem e variam com a quantidade de
produto e os preços pagos por cada fator variável.
O custo total de uma quantidade produzida (no curto prazo) é a soma do custo fixo total
com o custo variável total:
CT = CFT + CVT
Com o nível de produto 0, o custo variável total é zero, e o custo total é igual ao custo
fixo total. Logo que o produto aumenta acima de zero no curto prazo, alguns insumos variáveis
precisam ser usados, custos variáveis são incorridos, e o custo total é a soma dos gastos fixos e
variáveis.
Assim, conforme observado na Figura 5 tem-se que:
{ O CFT é paralelo ao eixo X porque independe do nível de produção;
{ O CVT depende do nível de produção, cresce com o aumento da quantidade
produzida.
{ O CT é paralelo à curva de CVT, e são separados por uma distância equivalente ao
CFT.
48
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
Custos (R$/ano)
500
400
300
200
100
0
0
1
2
3
4
5
CT
6
CF
7
CV
8
9
10
11
Produto (Ud/ano)
Figura 5 – Função de custos total (CT), fixo (CF) e variável (CV).
Existem quatro conceitos principais derivados dos custos discutidos anteriormente: custo
fixo médio (CFMe), custo variável médio (CVMe), custo total médio (CTMe) e custo marginal
(CMg).
O custo fixo médio é definido como o custo fixo total dividido pelas unidades de produto:
CFMe =
CFT
Y
O custo variável médio é o custo variável total dividido pelo número correspondente de
unidades do produto:
CVMe =
CVT
Y
O custo total médio é definido como o custo total dividido pelas unidades de produto
correspondentes:
CTMe =
CT CFT + CVT CFT CVT
=
=
+
= CFMe + CVMe
Y
Y
Y
Y
Por fim, o custo marginal é a variação no custo total associada à variação na quantidade
de produto por unidade de tempo. De acordo com os conceitos marginais precedentes, faz-se a
distinção entre o custo marginal discreto e o custo marginal contínuo. O custo marginal discreto
é a variação no custo total atribuída à variação de 1 unidade na quantidade de produto. Por
exemplo, o custo marginal da 500º unidade de produto pode ser calculado achando a diferença
entre o custo total de 499 unidades de produto e o custo total de 500 unidades de produto. Assim,
o aumento no custo total de produção de uma unidade adicional do produto é igual ao custo
marginal de cada unidade. Assim:
49
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
CMg n =
∆CT CTn − CTn −1
=
Yn − Yn −1
∆Y
O custo marginal contínuo é a taxa de variação no custo total à medida que varia a
quantidade de produto, e pode ser calculado a partir da primeira derivada da função de custo
total. Logo,
CMg =
∂CT
∂Y
Entretanto, como todas as variações no custo total relacionadas ao produto são atribuíveis
unicamente a variações no custo variável total, o custo marginal contínuo pode ser calculado da
primeira derivada da função CVT:
CMg =
∂CVT
∂Y
E, o custo marginal discreto é dado por:
CMg n =
∆CVT CVTn − CVTn −1
=
∆Y
Yn − Yn −1
Um exemplo da função de custos pode ser visualizado na Tabela 4.
50
Tabela 4 – Dados de uma hipotética função de custos de curto prazo
(1)
(2)
(3)
Quantidade
Custo
Custo fixo
produzida
variável
Y
CF
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
1500
1500
1500
1500
1500
1500
1500
1500
1500
1500
CV
0
40
130
270
460
700
990
1330
1720
2160
(4)
(5)
(6)
(7)
(8)
(9)
Custo Total
CMg discreto
CMg
contínuo
CTMe
CFMe
CVMe
CT = 1500 + 3Y+ Y2 CMg n =
1500
1540
1630
1770
1960
2200
2490
2830
3220
3660
CT n − CTn −1
Y n − Y n −1
8
18
28
38
48
58
68
78
88
2
CMg = 3+2Y CTMe = 1500 + 3Y + Y
Y
3
13
23
33
43
53
63
73
83
308
163
118
98
88
83
81
81
81
CFMe =
1500
Y
300
150
100
75
60
50
43
38
33
CVMe =
3Y + Y 2
Y
0
8
13
18
23
28
33
38
43
48
1
5
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
A Figura 6, apresenta as curvas de custo fixo médio, custo variável médio, custo total
médio e custo marginal.
120
Produto (Ud/ano)
100
80
60
40
20
0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Custo (R$/ano)
CMg
CTMe
CVMe
CFMe
Figura 6 – Curvas de custos médios e custo marginal
A curva de custo fixo médio inclina-se para baixo e para a direita em toda a sua extensão
não interceptando o eixo horizontal ou o vertical. É uma hipérbole retangular.
A curva de custo variável médio, geralmente tem a forma de “U”. Inicialmente, apresenta
uma inclinação descendente e depois passa a ter uma inclinação ascendente. O mesmo formato é
observado nas curvas de custo total médio e, vale ressaltar, tal forma depende da eficiência com
que ambos os recursos, fixos e variáveis, são utilizados.
Geralmente, a curva de custo marginal também apresenta uma forma “U”, conseqüência
do formato da curva de custo total.
As formas das curvas de custo marginal e custo variável médio estão estritamente
relacionadas com a função de produção. A inter-relação das curvas de custo marginal e produto
físico marginal, custo variável médio e produto físico médio é mostrada na Figura 7.
Matematicamente, as relações entre as curvas explicitadas anteriormente são:
CVMe =
sendo
X 1 × Px1 X 1
=
× Px1
Y
Y
X
Y
1
= PFMe ⇒ 1 =
então,
X1
Y
PFMe
CVMe =
1
× Px1
PFMe
52
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
Analogamente, para o custo marginal:
CMg =
∆CT ∆X 1 × Px1 ∆X 1
=
=
× Px1
∆Y
∆Y
∆Y
sendo
∆X 1
∆Y
1
= PMg ⇒
=
então,
∆X 1
∆Y
PMg
CMg =
1
× Px1
PMg
Deve-se notar que o produto físico médio se eleva a um máximo e depois diminui, e que
o custo variável médio reduz a um mínimo e depois se eleva; o produto marginal eleva-se para
um máximo, e continua a decrescer, enquanto o custo marginal baixa, atinge um mínimo, depois
sobe, interceptando o custo variável médio em seu ponto de mínimo, continuando a crescer
depois.
PFMe 60
PFMa 50
40
30
20
10
0
-10
0
29
70
117
164
205
234
245
232
-20
-30
-40
X1/X2,...,Xn
PFMe
CMa
CMe
PFMa
0,50
0,45
0,40
0,35
0,30
0,25
0,20
0,15
0,10
0,05
0
29
70
117
164
CMa
205
234
CMe
245
232
X1/X2,...,Xn
Figura 7 – Relação entre as curvas PFMe e CVMe, e PFMa e CMa7.
7
Alguns autores, abreviam custo marginal como CMa, e outros como CMg.
53
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
4.4. Maximização do lucro – a partir da função de custos
Uma vez que o lucro corresponde à diferença entre receita total e custo total, para que
possamos descobrir o nível de produção capaz de maximizar lucros de uma empresa, devemos
analisar sua receita. Essa receita é igual ao preço do produto, P, multiplicado pelo número de
unidades vendidas:
R=P×q
O custo da produção, C, também depende do nível de produção. O lucro da empresa é a
diferença entre receita e custo:
π (q) = R (q) – C (q)
R(q)
Custo,
Receita,
Lucro
(R$/ano)
A
C(q)
B)
q0
q*
π(q)
Produção (unidades/ano)
Figura 8 – Maximização de lucros a curto prazo
Fonte: PINDYCK e RUBINFELD.
Para poder maximizar lucros, a empresa opta pelo nível de produção para o qual a
diferença entre receita e custo seja máxima..
De acordo com esse princípio, ilustrado na Figura 8, uma empresa escolhe o nível de
produção q*, de forma que maximize o lucro (π), que corresponde à diferença AB entre a receita,
R, e o custo, C. Nesse nível de produção, a receita marginal (a inclinação da curva de receita) é
igual ao custo marginal (a inclinação da curva de custo).
A curva da receita, R(q), é uma linha curva, que reflete o fato de que a empresa só
consegue vender um nível maior de produto reduzindo o preço. A inclinação dessa curva é a
54
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
receita marginal (RMg), a qual mostra em quanto varia a receita quando o nível produção
aumenta em uma unidade.
Também é mostrada aí a curva de custo total, C(q). A inclinação dessa curva, que mede o
custo adicional da produção de uma unidade a mais de produto, é o custo marginal (CMg) da
empresa. Notemos que o custo total, C(q), é positivo quando o produto é zero, porque há custos
fixos no curto prazo.
Para a empresa ilustrada na Figura 8, o lucro é negativo em níveis baixos de produção,
pois a receita é insuficiente para cobrir os custos fixos e variáveis. À medida que o nível de
produção aumenta, a receita aumenta mais rapidamente do que o custo e o lucro inevitavelmente
se torna positivo. O lucro continua a crescer até que o nível de produção chegue a q* unidades.
Nesse ponto, a receita marginal e o custo marginal são iguais, e a distância vertical entre a receita
e o custo, AB, atinge seu comprimento máximo. O produto q* é o nível que torna o lucro
máximo. Notemos que para níveis de produto acima de q* o custo cresce mais rapidamente do
que a receita, isto é, a receita marginal torna-se menor do que o custo marginal. Assim, o lucro
torna-se menor do que o máximo possível quando o produto cresce além de q*.
A regra de que o lucro é maximizado quando a receita marginal é igual ao custo marginal
é válida para todas as empresas, sejam competitivas ou não. Essa importante regra pode também
ser deduzida algebricamente. O lucro, {π = R – C}, é maximizado no ponto em que um
incremento adicional no nível de produção mantém o lucro inalterado, isto é, {Δπ/Δq = 0}.
∆π
=0
∆q
Dessa forma
se
∆π ∆R ∆C
=
−
∆q ∆q ∆q
então
∆R ∆C
−
=0
∆q ∆q
∆R ∆C
=
∆q ∆q
ΔR/Δq é a receita marginal, RMg, e ΔC/Δq é o custo marginal, CMg. Dessa forma
podemos concluir que o lucro é maximizado quando:
RMg(q) = CMg(q)
Demanda e receita marginal para empresas competitivas
Devido ao fato de cada empresa de um setor competitivo vender apenas uma pequena
fração das vendas ocorridas no setor, a quantidade que a empresa decidir vender não terá
impacto sobre o preço de mercado do produto. O preço de mercado é determinado pelas curvas
da demanda e da oferta do setor. Portanto, a empresa competitiva é uma aceitadora de preços.
Lembremo-nos aqui de que a aceitação de preços é uma suposição fundamental da competição
total. A empresa que aceita preços sabe que sua decisão de produção não terá impacto sobre o
preço do produto. Por exemplo, quando um fazendeiro está decidindo em quantos hectares
55
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
plantará milho em um determinado ano, ele segue o preço de mercado do milho – por exemplo,
$18 por saca. Tal preço não será afetado por sua decisão sobre a quantidade de hectares em que
plantará.
Freqüentemente estaremos interessados em fazer distinção entre as curvas da demanda de
mercado e as curvas da demanda com as quais uma determinada empresa se defronta. Neste
capítulo indicaremos a produção e a demanda do mercado letras maiúsculas (Q e D), sendo que a
produção e a demanda da empresa serão indicadas por letras minúsculas (q e d).
Como aceita preços, a curva da demanda, d, com que se defronta uma determinada
empresa competitiva é representada por uma linha horizontal. Na Figura 9 (a), a curva demanda
do fazendeiro corresponde a um preço de $18 por saca de milho. O eixo horizontal mede a
quantidade de milho que o fazendeiro pode vender; o eixo vertical mede o preço.
Preço
($ por saca)
Preço
($ por saca)
d
18
18
D
100
200
EMPRESA (a)
Produção (saca)
100
200
SETOR (b)
Produção
(milhões de sacas)
Figura 9 – Curva da demanda com a qual se defronta uma empresa competitiva.
Uma empresa competitiva fornece apenas uma pequena parte da produção total de todas
as empresas de um setor. Portanto, para a empresa, o preço do produto é dado pelo mercado, e
ela escolhe seu nível de produção assumindo que o preço de mercado não será afetado por sua
escolha. Em (a), a curva da demanda com a qual a empresa se defronta é perfeitamente elástica,
mesmo que a curva da demanda de mercado em (b) apresente inclinação descendente.
Compare a curva da demanda com a qual se defronta a empresa (neste caso, o
fazendeiro), na Figura 9 (a), com a curva da demanda do mercado D, na Figura 9 (b). A curva da
demanda de mercado mostra a quantidade de milho que todos os consumidores adquirirão a cada
possível preço. A curva da demanda tem inclinação descendente, pois os consumidores adquirem
mais milho quando os preços são menores. A curva da demanda com a qual a empresa se
56
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
defronta, entretanto, é horizontal, porque as vendas da empresa não têm nenhum impacto sobre o
preço de mercado. Suponhamos que a empresa tenha elevado suas vendas de 100 para 200 sacas
de milho. Isso não teria praticamente nenhum impacto no mercado, pois a produção do setor é de
100 milhões de sacas. O preço é determinado pela interação entre todas as empresas e todos os
consumidores do mercado, e não pela decisão de produção de uma única empresa.
Quando uma determinada empresa se defronta com uma curva da demanda horizontal, ela
pode vender uma unidade adicional de produto sem que o preço sofra redução.
Conseqüentemente, a receita total aumenta em uma quantidade igual ao preço: uma saca de
milho vendida por $18 gera uma receita adicional de $18. Assim, a receita -marginal é constante
em $18. Ao mesmo tempo, a receita média recebida pela empresa é também de $18, pois cada
saca de milho produzida será vendida por $18. Portanto, a curva de demanda, d, com que se
defronta uma determinada empresa em um mercado competitivo é, ao mesmo tempo, suas curvas
de receita média e da receita marginal. Ao longo dessa curva da demanda, a receita marginal e o
preço são iguais.
Maximização de lucros por empresas competitivas
Como a curva da demanda com a qual uma empresa competitiva se defronta vem a ser
horizontal, de tal modo que RMg = P , a regra geral para maximização de lucros pode ser
simplificada. A abordagem marginal para o lucro define que uma firma deve tomar qualquer
ação que adicione mais à sua receita que ao seu custo. Assim, a empresa competitiva deve
escolher seu nível de produção de tal forma que seu custo marginal seja igual ao preço:
CMg (q) = RMg = P
Observe que essa é uma regra para a determinação do nível de produção, não do preço,
pois as empresas competitivas seguem o preço fixado pelo mercado.
Escolha do nível da produção a curto prazo
Quanto uma empresa deve produzir a curto prazo quando o tamanho de sua fábrica
permanece inalterado? Nesta seção, mostraremos de que maneira uma empresa pode utilizar
informações sobre a receita e o custo para decidir sobre o nível de produção capaz de maximizar
seus lucros.
Maximização de lucros a curto prazo por uma empresa competitiva
A curto prazo, uma empresa opera com uma quantidade fixa de capital e deve escolher os
níveis de seus insumos variáveis (trabalho e matéria-prima) para poder maximiza seus lucros. A
57
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
Figura 10 apresenta a decisão da empresa a curto prazo. As curvas da receita média e da receita
marginal são desenhadas como linhas horizontais no nível de preço igual a $40. Nessa figura,
desenhamos a curva de custo total médio (CTMe), a curva de custo variável médio, CVMe, e a
curva de custo marginal, CMg, para que possamos visualizar mais facilmente o lucro da
empresa.
CMg
Preço
($ por 60
unidade)
50
40
Lucro perdido devido a
q2 > q*
Lucro perdido devido a
q1 < q*
A
D
RMe = RMg = P
CTMe
C
B
30
CVMe
20
10
0
1
q0
2
3
4
5
6
7
q1
8
q*
9 10 11
q2 Produção
Figura 10 – Uma empresa competitiva que gera lucro positivo.
A Figura 10 demonstra que no curto prazo, a empresa maximiza seus lucros por meio da
escolha de um nível de produção q*, no qual seu custo marginal, CMg, é igual ao preço, P (ou
receita marginal, RMg), do produto. O lucro da empresa é medido pelo retângulo ABCD.
Qualquer nível de produção inferior, q1, ou qualquer nível superior, q2, resultará em lucro menor.
O lucro é maximizado no ponto A, correspondendo ao nível de produção q* = 8 e preço
de $40, pois a receita marginal é igual ao custo marginal nesse ponto. Para melhor entender, note
que, em um nível de produção mais baixo, digamos q1 = 7, a receita marginal é maior do que o
custo marginal, portanto o lucro poderia ser aumentado por meio de uma elevação da produção.
A área sombreada entre q1 = 7 e q* mostra o lucro perdido associado ao nível de produção q1.
Em um nível de produção mais elevado, digamos q2, o custo marginal é maior do que a receita
marginal; sendo assim, uma redução no nível de produção poupa um custo que exceda a redução
na receita. A área sombreada entre q* e q2 = 9 mostra o lucro perdido associado ao nível de
produção q2.
58
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
As curvas RMg e CMg cruzam-se nos níveis de produção q0 e q*. Entretanto, no ponto q0
o lucro claramente não é maximizado. Um aumento na produção além de q0 resulta em um
aumento no lucro, pois o custo marginal está muito abaixo da receita marginal. Podemos
estabelecer a condição de maximização de lucro da seguinte forma: a receita marginal deve ser
igual ao custo marginal em um ponto no qual a curva de custo marginal esteja subindo. Essa
conclusão é muito importante porque se aplica às decisões de produção das empresas em
mercados totalmente competitivos ou não. Podemos reescrevê-la da seguinte forma:
Regra do Produto: se uma empresa está produzindo, ela deve fazê-lo em um nível em
que a receita marginal seja igual ao custo marginal.
Lucratividade a curto prazo da empresa competitiva
A Figura 11 também apresenta o lucro de uma empresa competitiva a curto prazo. A
distância AB é a diferença entre preço e custo médio no nível de produção q*, que é o lucro
médio por unidade de produto. O segmento BC mede o número total de unidades produzidas. Por
conseguinte, o retângulo ABCD representa o lucro total da empresa.
Preço
($ por
unidade de
produção)
C
D
CMg
CTMe
B
P = RMg
A
CVMe
F
E
q*
Produção
FIGURA 11 – Uma empresa competitiva que tem prejuízos
Uma empresa nem sempre necessita obter lucros a curto prazo, como mostra a Figura 11.
A principal diferença entre essa ilustração e a Figura 10 é o custo fixo mais elevado da produção.
Isso ocasiona uma elevação no custo total médio, porém não modifica as curvas de custo
variável médio e de custo marginal. No nível de produção q*, que maximiza lucros, o preço, P, é
inferior ao custo médio, de tal forma que o segmento AB mede o prejuízo médio associado a
59
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
esse nível de produção. Da mesma forma, o retângulo ABCD agora mede o prejuízo total da
empresa.
Uma pergunta: por que uma empresa que sofre prejuízos não abandona totalmente o
setor? A empresa pode operar com prejuízos no curto prazo, pois espera ter lucros no futuro,
quando o preço de seu produto aumentar ou então quando seus custos de produção caírem. De
fato, a empresa tem duas escolhas no curto prazo: ela pode produzir somente algumas unidades
de produto ou pode interromper totalmente sua produção por um certo tempo. Ela deve comparar
a lucratividade das duas alternativas, escolhendo a mais lucrativa (ou a que apresentar menores
prejuízos).
Outra pergunta: uma firma deve produzir e sofrer uma perda? a resposta é sim, se a firma
perdesse ainda mais ao parar de produzir e fechar sua operação. Lembre-se de que, no curto
prazo, uma firma deve continuar a pagar seu custo fixo total (CFT), independentemente de qual
nível de produto ela produz – mesmo que não produza. Se a firma fechar, ela terá, portanto, uma
perda igual ao seu CFT, já que não obterá nenhuma receita. Mas se produzindo alguma
mercadoria a firma puder reduzir sua perda para alguma coisa menor que o CFT, ela deve ficar
aberta e continuar produzindo.
Suponhamos, então, que o preço seja menor do que o custo médio total, tal como ocorre
na Figura 11. Se continuar a produzir, a empresa minimizará suas perdas no nível de produção
q*. Notemos que na Figura 11 em face da presença de custos fixos, o custo variável médio é
menor do que o custo total médio.
Assim, uma empresa competitiva deve fechar se o preço de mercado é menor do que o
custo total médio, CTMe, caso não possua custos irreversíveis8 que amortize e trate como fixos.
Se considerarmos que todos os custos fixos são também irreversíveis, ela deve produzir no curto
prazo, desde que o preço seja maior do que o custo variável médio. Quando não há custos
irreversíveis, o custo total médio da empresa é igual a seu custo médio. Nesse caso, a empresa
deve fechar quando o preço de venda de seu produto é menor do que o custo total médio no nível
de produção que maximiza seu lucro.
Suponhamos, em vez disso, que a empresa tenha um custo irreversível significativo que
ela esteja tratando como um custo fixo corrente e amortizando. Nesse caso, o retângulo CBEF na
Figura 11 representa um componente do custo total que não pode ser evitado mesmo que a
empresa venha a fechar (notemos que, nesse caso, o investimento de capital não terá valor
8
os custos irreversíveis são os gastos feitos e que não podem ser facilmente recuperados. Um exemplo seria uma
benfeitoria ou uma máquina específica para certa atividade.
60
UNIDADE 4 –TEORIA DA FIRMA
algum). Nessas condições, o custo variável médio da empresa é agora a medida apropriada do
custo econômico de produção médio. Portanto, a empresa deve permanecer no negócio enquanto
o preço de seu produto for maior do que o custo variável médio no nível de produção que
maximiza seu lucro. Notemos que, em ambos os casos, se a empresa tem ou não custos
irreversíveis, há uma única regra a ser aplicada:
Para entender mais claramente a decisão de fechar, vamos pensar nos custos variáveis
totais (CVT) da firma. Os gerentes das firmas geralmente chamam o CVT de custo operacional
efetivo da firma, já que esta paga esses custos variáveis quando continua a operar. Se uma firma,
ao ficar aberta, consegue obter receita mais que suficiente para cobrir seus custos operacionais
efetivos, ela está fazendo um lucro operacional (RT > CVT). Ela não deve fechar, pois seu lucro
operacional pode ser utilizado para ajudar a pagar seus custos fixos. Se a firma, porém, não pode
nem mesmo cobrir seu custo operacional ao ficar aberta, isto é, se ela sofre uma perda
operacional (RT < CVT), ela deve, definitivamente, fechar. Continuar a operar apenas adiciona
mais perda à firma, aumentando acima dos custos fixos a perda total. Isso sugere a seguinte
diretriz – chamada regra do fechamento – para uma firma com perda:
Regra de Fechamento: no curto prazo, a firma deve continuar a produzir se a RT
exceder o total dos custos variáveis; caso contrário, deve fechar.
Assim, considerando Q* o nível de produção no qual RMg = CMg, no curto prazo:
Se RT > CVT em Q*, a firma deve continuar produzindo
Se RT < CVT em Q*, a firma deve fechar,
Se RT = CVT em Q*, a firma deve ser indiferente entre fechar e continuar produzindo.
61
UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA
UNIDADE 5 – TÓPICOS DE MACROECONOMIA
5.1. Microeconomia e macroeconomia
Antes de se falar de avaliação macroeconômica, é necessário, naturalmente, ter uma
compreensão do significado da macroeconomia e em que, essencialmente, ela difere da
microeconomia. Quanto às diferenças dos objetos de estudo entre ambas, pode-se dizer
sucintamente que, enquanto a primeira se ocupa do funcionamento do sistema econômico como
um todo, a segunda se ocupa do comportamento de suas partes constitutivas. Nesse sentido,
microeconomia é o ramo da Ciência Econômica que visa: 1) explicar o comportamento das
unidades que compõem o sistema econômico, a saber, os indivíduos e, ou, famílias e firmas; e 2)
explicar como que da interação do comportamento dessas unidades determinam-se variáveis
como os níveis de produção, oferta e preços dos bens e serviços que são transacionados nos
diversos mercados do sistema econômico. Assim, a microeconomia é, ao mesmo tempo, uma
teoria do comportamento individual, ou seja, uma teoria que visa explicar como consumidores ou
firmas se comportam visando tirar o máximo proveito de recursos escassos para atingir objetivos
ilimitados, num contexto de liberdade de escolha, e, ao mesmo tempo, uma teoria do mercado,
ou seja, uma teoria que visa explicar porque a oferta de determinados bens são maiores do que
outros, porque uns bens “valem” mais do que outros, porque umas indústrias são mais
concentradas do que outras e assim por diante.
A Macroeconomia, em contraste, ocupa-se do comportamento do sistema econômico
como um todo. Um sistema econômico pode ser delimitado de diferentes maneiras, conforme se
considere distintas fronteiras geo-políticas, como um município, uma microrregião, um estado
etc., sendo que, usualmente considera-se o espaço delimitado pelas fronteiras nacionais como o
foco mais relevante para o estudo macroeconômico. Por isso, o estudo da macroeconomia
costuma referir-se ao comportamento do sistema econômico nacional. Nesse sentido, seus
grandes objetivos envolvem investigar os fatores determinantes do desempenho econômico das
nações, ou dos grandes agregados, como os que, no jargão dos economistas, costumam ser
chamados o PIB, o PNB, a renda nacional, o consumo nacional, o valor das exportações e
importações etc., bem como investigar relações de causa e efeito entre esses grandes agregados e
outras variáveis que são índices representativos do comportamento geral dos preços de bens e
serviços, emprego, salários, preços de ativos nacionais e estrangeiros, taxas de juros etc. Por
enfocar essas variáveis que têm mais a ver com o bem estar geral dos habitantes e as condições
gerais dos negócios, as questões macroeconômicas costumam despertar maior interesse público,
estando assim mais próxima do que se costuma chamar de uma disciplina de economia política,
62
UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA
do que a microeconomia, que é principalmente uma disciplina técnica.
5.2. A medida do produto
A avaliação do desempenho produtivo de um sistema econômico complexo requer uma
medida do produto agregado que possa ser comparada de um período a outro. Dois são os
indicadores mais utilizados para medir o produto, quais sejam:
PIB – Produto Interno Bruto − refere-se ao valor agregado de todos os bens e serviços
finais produzidos dentro do território econômico de um país, independentemente da
nacionalidade dos proprietários das unidades produtivas desses bens e serviços. Exclui as
transações intermediárias, para que não exista dupla contagem do valo total do PIB.
PNB – Produto Nacional Bruto − é o valor agregado de todos bens e serviços resultante
da mobilização de recursos nacionais (pertencentes a residentes no país, independente do
território econômico em que estes recursos foram produzidos). Os rendimentos recebidos em
decorrência de investimentos no exterior são agregados ao PNB.
Uma vez que o produto é constituído de uma enorme coleção de bens e serviços
heterogêneos, cujas quantidades não podem ser simplesmente somadas para chegar-se a um total
representativo, o processo de agregação deve ser algo mais sutil do que a simples adição
aritmética. Obviamente, listar as quantidades de todos os bens e serviços produzidos num
determinado ano e comparar com outra lista das quantidades produzidas num outro ano qualquer
não parece um procedimento razoável, uma vez que por esse meio seria muito difícil avaliar em
que ano o desempenho produtivo foi maior, ou seria mesmo impossível, caso as produções
específicas não tivessem evoluído de maneira uniforme.
Fica claro, portanto, que o processo de agregação necessariamente requer algum
denominador comum para os diversos bens e serviços envolvidos. Em economia, tal
denominador comum pode ser obtido usando-se o valor de cada bem ou serviço como fator de
ponderação.
Na economia moderna, o dinheiro funciona como meio de troca conveniente e
numerário do sistema de preços, exercendo o papel de uma espécie de “régua” para medir
valores. Dessa forma, pode-se dizer que o produto agregado do sistema econômico englobando n
bens e serviços produzidos num determinado período, avaliados monetariamente, resultará num
número Y, tal que:
n
Y = p1q1 + p 2 q 2 + ⋅ ⋅ ⋅ + p n q n = ∑ p jq j
(1)
j=1
63
UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA
em que pj e qj designam, respectivamente, os preços monetários e as quantidades produzidas de
cada bem ou serviço. Como exemplo, suponha que na economia haja a produção de apenas
quatro maças e três laranjas.
Pmaçã= R$ 0,50 e Plaranja = R$ 1,00
PIB = Pmaçã X Qmaçã + Plaranja X Qlaranja
PIB = (0,50 X 4) + (1,00 X 3) _ PIB = R$ 5,00
A equação (1) parece indicar que o procedimento para avaliar o produto agregado de um
sistema econômico é muito simples. Entretanto, pelo menos três considerações devem ser feitas
para mostrar que não é bem assim:
1) Todos os bens e serviços que passam pelo mercado estão, de fato, sujeitos à
mensuração em valor monetário, já que são comprados e vendidos em dinheiro. Dessa forma, o
produto agregado pode ser computado pelo total das vendas realizadas em dinheiro ou, da
mesma forma, pelo total das compras, já que, num mesmo período, os totais devem ser,
necessariamente, iguais. Entretanto, o total das vendas ou das compras realizadas não pode ser
aferido com precisão, porque muitas atividades não são registradas, como as que envolvem
produção de subsistência e aquelas que são proibidas, como a prostituição e o narcotráfico, por
exemplo.
2) A avaliação, por meio do cômputo indiscriminado de compras ou vendas, pode levar
a uma séria superestimativa do valor do produto agregado, que será tanto maior quanto mais
desconcentrado verticalmente for o sistema produtivo. Com efeito, quando existem empresas que
produzem e vendem matérias-primas ou bens intermediários, como peças e componentes para
outras empresas, estas vendas intermediárias devem ser descontadas, caso contrário darão
margem a um erro do tipo dupla contagem. Por exemplo, no total da venda de automóveis já está
incluída a venda de pneus da indústria pneumática para a indústria automobilística. Dessa forma,
a soma da venda total de automóveis e da venda total de pneus redundará em dupla contagem.
Uma maneira de evitar esse problema consiste em considerar apenas o valor das vendas de bens
finais e desconsiderar as vendas intermediárias.
Mesmo que as indústrias fossem plenamente integradas verticalmente, tal que a
indústria automobilística, por exemplo, como todas as demais que vendem seu produto aos
usuários finais, fosse auto-suficiente a ponto de produzir todos os componentes do automóvel,
sem comprar nada de outras indústrias, o problema da dupla contagem subsistiria em decorrência
das inevitáveis relações intersetoriais básicas, isto é, relações entre os três chamados setores
produtivos básicos da economia: agricultura (setor primário), indústria (setor secundário) e
64
UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA
comércio e prestação de serviços (setor terciário).
Assim, buscando evitar a dupla contagem (que uma mesma mercadoria seja incluída
mais de uma vez no cálculo), o cálculo do produto deve ser feito utilizando-se apenas o valor
adicionado, o qual é obtido descontando-se do total da produção em cada atividade o valor
correspondente às matérias-primas utilizadas no processo produtivo. Um exemplo é dado a
seguir, em que o produto é de R$10,00.
Setor produtor de trigo
Valor das vendas .....................................................
R$2,00
Custo dos produtos intermediários .......................... R$0,00
Valor adicionado .....................................................
R$2,00
Setor produtor de farinha de trigo
Valor das vendas .....................................................
R$4,00
Custo dos produtos intermediários .......................... R$2,00
Valor adicionado .....................................................
R$2,00
Venda de Pão no atacado
Valor das vendas .....................................................
R$8,00
Custo dos produtos intermediários .......................... R$4,00
Valor adicionado .....................................................
R$4,00
Venda de Pão no varejo
Valor das vendas ..................................................... R$10,00
Custo dos produtos intermediários .......................... R$8,00
Valor adicionado .....................................................
R$2,00
3) A medida monetária não é confiável. Com a inflação, qualquer que seja sua causa, os
preços, em geral, crescem artificialmente, isto é, independentes de quaisquer mudanças na
qualidade dos bens e serviços cujos valores eles representam. Assim, na presença de um
processo inflacionário, medir o produto monetariamente é como medir o comprimento físico de
um objeto qualquer com uma régua que estica nas mãos, não permitindo certeza de sua real
dimensão. Portanto, para obter medidas mais fidedignas da evolução real do desempenho
produtivo de dado sistema econômico, entre intervalos distintos de tempo, deve-se usar algum
procedimento que, de alguma forma, elimine o viés inflacionário. O meio mais simples de fazer
isso é avaliar as quantidades de bens e serviços produzidos em diferentes períodos, usando o
mesmo conjunto de preços. Assim, o cálculo do PIB real, ou seja, a avaliação do produto a
preços constantes, pode ser realizado usando-se índices de preços apropriados, conforme será
indicado mais à frente.
65
UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA
5.3. Noções do crescimento e desenvolvimento econômico
O tema desenvolvimento econômico emergiu somente no século XX, pois até então o
objetivo daqueles que governavam era aumentar o poder econômico e militar do país. Raramente
havia a preocupação com a melhoria das condições de vida do povo, apesar do analfabetismo
generalizado, dos surtos de fome e dos altos níveis de mortalidade, muitas vezes causados por
epidemias provocadas por falta de higiene.
Não existe, entretanto, uma definição universalmente aceita de desenvolvimento. Uma
primeira corrente de economistas, de inspiração mais teórica, considera crescimento como
sinônimo de desenvolvimento. Para esses economistas, o crescimento econômico é distribuído
entre os proprietários dos fatores de produção, promovendo automaticamente a melhoria dos
padrões de vida e o desenvolvimento econômico. Já uma segunda corrente, voltada para a
realidade empírica, entende que o crescimento é condição indispensável para o desenvolvimento,
mas não é condição suficiente.
A partir dos anos de 1930, quando a questão do desenvolvimento ficou mais evidente,
os países pobres passaram a ser caracterizados como subdesenvolvidos por apresentarem
crescimento econômico insuficiente e instável, alto grau de analfabetismo, elevadas taxas de
natalidade e de mortalidade infantil, predominância da agricultura como atividade principal,
insuficiência de capital e de certos recursos naturais, diminuto mercado interno, baixa
produtividade, instabilidade política etc.
Dessa forma, enquanto para alguns economistas, um país é subdesenvolvido porque
cresce menos do que os desenvolvidos − embora apresente recursos ociosos, como terra e mãode-obra − a experiência tem demonstrado que o desenvolvimento econômico não pode ser
confundido com crescimento, porque os frutos dessa expansão nem sempre beneficiam a
economia como um todo e o conjunto da população. Mesmo que a economia cresça a taxas
relativamente elevadas, o desemprego pode não estar diminuindo na rapidez necessária, tendo
em vista a tendência contemporânea de robotização e de informatização do processo produtivo.
Além disso, o que se verifica é que existe uma tendência de formação de oligopólio, ou
seja, um mercado formado por poucas empresas ofertando um dado produto no mercado, e essa
estrutura tende a tornar a renda mais concentrada nas mão dos donos do capital, ao invés de uma
distribuição mais equilibrada entre empresários e a massa operária. Assim, o crescimento
econômico, ou seja, o acréscimo de renda gerado na economia seria distribuído de forma
desigual, aumentando a concentração de renda, o que é um conceito contrário ao de
desenvolvimento.
Assim, de forma sucinta, pode-se definir crescimento e desenvolvimento econômico
66
UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA
como a seguir:
Crescimento econômico – compreende a expansão do produto real da economia, durante
certo período de tempo, sem implicar em mudanças estruturais e em distribuição de renda.
Desenvolvimento econômico – é um conceito mais amplo, pois implica em aumento do
produto real per capita, com mudanças de estrutura, com crescimento da participação do produto
industrial no produto total, e melhoria dos indicadores sociais e da distribuição de renda (redução
da mortalidade infantil, do analfabetismo, queda no número de pobres na população total etc).
Uma definição completa de desenvolvimento envolve, além da melhoria de indicadores
econômicos e sociais, a questão da preservação do meio ambiente. Com o tempo, o crescimento
econômico tende a esgotar os recursos produtivos escassos, através de sua utilização
indiscriminada. Por exemplo, o crescimento econômico acelerado pode provocar o
desmantelamento de florestas, a exaustão de reservas minerais e a extinção de certas espécies de
peixes. A atividade agrícola tende a ocupar vastas áreas de terras onde haviam florestas. A
urbanização explosiva resultante tem provocado o esgotamento das fontes de água potável. A
atividade produtiva pode também poluir os mananciais de água, infestar o ar atmosférico,
interferindo no próprio clima e no regime de chuvas, o que afeta a saúde da população. Em
outras palavras deve ocorrer também o desenvolvimento sustentável, através da preservação do
meio ambiente, sobretudo dos recursos naturais não-renováveis.
Nesse sentido, desenvolvimento caracteriza-se pela transformação de uma economia
arcaica em uma economia moderna, eficiente, juntamente com a melhoria do nível de vida do
conjunto da população.
O Desenvolvimento econômico define-se também pela existência de um crescimento
econômico contínuo, em ritmo superior ao crescimento demográfico, envolvendo mudanças
estruturais e melhorias de indicadores econômicos e sociais. Compreende um fenômeno de longo
prazo, implicando o fortalecimento da economia nacional e a elevação da produtividade. No
entanto, o crescimento econômico precisa ser superior ao crescimento demográfico para garantir
o nível de emprego e arrecadação pública, a fim de permitir ao governo realizar gastos sociais e
atender prioritariamente às pessoas carentes.
Um indicador de desenvolvimento é a renda per capita. Entretanto, esta por si só, não
indica desenvolvimento, seja porque pode estar havendo uma concentração de renda no topo da
pirâmide social, ou porque os demais indicadores de desenvolvimento não sofreram alteração
positiva. Assim, a questão é saber como a renda se distribui entre as pessoas e se as razões de seu
crescimento se devem à construção de habitações populares, ou de equipamentos militares, ao
aumento do número de horas de trabalho ou à maior produtividade.
67
UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA
A importância da produtividade enquanto fator de desenvolvimento, é que, com maior
produtividade as empresas podem tornar-se mais eficientes, aumentando seus lucros, o que
permite o pagamento de maiores salários aos trabalhadores.
Em relação à população o simples aumento da renda não indica, necessariamente, se ela
se encontra melhor ou pior em termos de saúde, educação, segurança e conforto.
Um bom exemplo disso é o que ocorre hoje no Brasil. A imprensa apresenta,
constantemente, que vem ocorrendo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, do
valor agregado de todos os bens e serviços finais produzidos dentro do território nacional.
Entretanto, o crescimento do PIB oculta a destruição da natureza – base da economia e da
própria vida humana – escondendo ainda uma crise na estrutura social do país. Com isso, podese dizer que o crescimento pode conter em seu bojo sintomas de problemas sociais. Do PIB,
fazem parte, o faturamento da indústria de proteção e segurança, conseqüência da criminalidade;
o faturamento das companhias de seguro, conseqüência dos assaltos. Quanto aos recursos
naturais, quanto mais degradados eles forem, maior será o PIB. Dessa forma, por trás do
crescimento econômico da economia podem estar ocorrendo outros efeitos perversos, tais como:
a) Transferência do excedente de renda para outros países, reduzindo a capacidade de importar e
de realizar investimentos. Isto pode ocorrer através da remessa de lucros ao exterior, para os
acionistas das empresas de capital estrangeiro instaladas no Brasil;
b) Apropriação de parcela crescente desses excedentes por poucas pessoas no próprio país,
aumentando a concentração de renda e de riqueza. Os lucros concentrados nas mão de uma
elite dominante, e que apoiada por uma estrutura de mercado muitas vezes oligopolizada,
retém para si um lucro maior do que o considerado justo;
c) Salários básicos extremamente baixos limitando o crescimento dos setores que produzem
alimentos e outros bens de consumo mais popular;
d) Empresas tradicionais não conseguem desenvolver-se pelo pouco dinamismo do setor no
mercado interno; e
e) Dificuldades para a implantação de atividades interligadas às empresas que mais crescem,
exportadoras ou de mercado interno.
O subdesenvolvimento ocorre justamente quando ocorre uma insuficiência do
crescimento econômico em relação ao crescimento demográfico, por sua intermitência (nãocontinuidade) e pela concentração de renda e riqueza.
O subdesenvolvimento caracteriza-se, em geral, por:
a) crescimento econômico sistematicamente inferior ao crescimento demográfico;
b) empobrecimento da população, instabilidade e dependência dos países desenvolvidos;
68
UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA
c) Baixo consumo de calorias per capita;
d) Baixa produção de alimentos per capita;
e) Baixa esperança de vida ao nascer;
f) Alta taxa de natalidade e de mortalidade infantil;
g) Elevado analfabetismo, criminalidade e desemprego; e
h) Lento crescimento do emprego.
Este último, gera uma ampla economia informal, formada por vendedores ambulantes e
biscateiros, que praticamente não pagam impostos e não contribuem para a previdência social.
Por conseguinte, gera-se um círculo vicioso com gastos públicos insuficiente na área social, o
que piora os indicadores sociais, implicando em limitações para o desenvolvimento do país.
5.4. Desemprego
Um importante aspecto do desempenho do sistema econômico tem a ver com a geração
de empregos. Naturalmente, essa capacidade é um dos principais objetos de interesse público e,
por extensão, dos responsáveis pela formulação das políticas econômicas.
A cada mês estatísticas de desemprego são elaboradas e divulgadas por diferentes
agências. Os métodos de apuração podem variar de agência para agência, mas o fato é que, a
parte das diferenças metodológicas, o objetivo é o mesmo, qual seja, fornecer estimativas da taxa
de desemprego, o indicador geral do grau de ocupação da força de trabalho.
A força de trabalho é definida pela soma dos trabalhadores empregados e não
empregados, e a taxa de desemprego é, por definição, a porcentagem da força de trabalho que
está desempregada.
O que, no sentido macroeconômico, costuma-se definir como pleno emprego da força de
trabalho, não deve ser entendido como uma situação na qual toda a força de trabalho está cem
por cento empregada. Na realidade, haverá sempre uma taxa de desemprego positiva mesmo
quando as condições de emprego forem excepcionalmente favoráveis. O que define uma situação
de equilíbrio desejável no mercado de trabalho, na verdade, é uma situação na qual a procura de
emprego é igual a oferta de vagas. Entretanto, mesmo que isso esteja ocorrendo, a apuração
estatística sempre indicará um certo contingente de pessoas que estarão desempregadas
temporariamente, como os jovens recém ingressos na força de trabalho, os trabalhadores que
foram recentemente demitidos de seus empregos anteriores e ainda não tiveram tempo de
encontrar outra colocação e, enfim, todos aqueles que estão em transição entre um emprego e
outro.
Uma das razões para o desemprego é o tempo que se leva para ajustar trabalhadores e
69
UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA
empregos. O modelo de equilíbrio do mercado de trabalho agregado supõe que todos os
trabalhadores e todos os empregos são iguais e, portanto, que todos os trabalhadores são
igualmente aptos para todos os empregos. Se isso fosse verdade e o mercado de trabalho
estivesse em equilíbrio, a perda de um emprego não causaria desemprego – um trabalhador
demitido encontraria imediatamente um emprego ao salário de mercado.
Contudo, os trabalhadores têm diferentes preferências e habilidades e os empregos têm
atributos diferenciados. É necessário considerar, ainda, que o fluxo de informações relativas a
vagas e a candidatos é imperfeito, e que a mobilidade geográfica dos trabalhadores não é
instantânea. A busca de um emprego adequado exige tempo e esforço. De fato, como os
diferentes postos de trabalho exigem qualificações diferentes, e pagam salários diferentes, os
desempregados nem sempre aceitam a primeira oportunidade oferecida. O desemprego gerado
pelo intervalo necessário à compatibilização de trabalhadores e empregos é chamado
desemprego friccional.
A existência de desemprego friccional é também agravada por políticas públicas de
amparo ao trabalhador, que garantem àquele que perde seu emprego, uma remuneração por
determinado período de tempo, que é o caso do seguro desemprego.
Ao reduzir as dificuldades econômicas do desempregado, o seguro-desemprego aumenta
o desemprego friccional e a taxa natural de desemprego.
O seguro-desemprego pode ainda tornar os empregadores menos relutantes em dispensar
mão-de-obra.
5.5. Inflação e nível geral de preços
A inflação é definida como sendo uma alta persistente e generalizada dos preços da
economia.
A alta de preços deve ser persistente. Assim, uma economia que apresente num
determinado semestre um crescimento de preços da ordem de 4% e que, no semestre seguinte,
apresente uma queda de preços (deflação) da ordem de 2% não pode ser caracterizada como uma
economia inflacionária.
A alta de preços deve ser generalizada, ou seja, todos os produtos da economia devem
sofrer acréscimo em seus preços. Se apenas alguns dos bens e serviços produzidos na economia
apresentam elevações de preços, enquanto outros apresentam redução, este fenômeno pode
decorrer simplesmente do mecanismo de ajuste dos respectivos mercados em virtude de
alterações da demanda ou da oferta.
Como o nível geral de preços (P) reflete as flutuações de todos os bens e serviços
70
UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA
produzidos pela economia, a inflação também pode ser definida como sendo uma elevação
persistente do nível geral de preços ao longo do tempo.
A inflação é o crescimento dos preços. A taxa de inflação mede o ritmo desse
crescimento. Assim, considere o exemplo da tabela a seguir:
Meses
Nível geral de preços (Jan = 100)
Taxa de inflação
Jan
100
-
Fev
102
2,0%
Mar
105
2,9%
Abr
110
4,8%
Maio
114
3,6%
Jun
116
1,8%
Jul
115
- 1,0%
A taxa de inflação foi crescente de fevereiro a abril (2% em fevereiro; 2,9% em março;
4,8% em abril) e decrescente em maio e junho (3,6% e 1,8%, respectivamente). Em julho, a taxa
foi negativa (- 1%).
Note que, em maio e junho, houve inflação, pois os preços da economia aumentaram.
Entretanto, o ritmo de crescimento dos preços foi decrescente. Quando a taxa de inflação é
decrescente, diz-se que está ocorrendo uma desinflação.
Em junho, os preços diminuíram. Nesse caso, diz-se que ocorreu deflação. A deflação é
uma queda do nível geral de preços da economia. De forma mais completa tem-se:
DEFLAÇÃO. Queda persistente do nível geral de preços, o oposto da inflação. Caracteriza-se
pela baixa oferta de moeda em relação à oferta de bens e serviços ou pela queda na demanda
agregada (associada, por exemplo, a um maior índice de poupança). Esse excesso de oferta de
bens − ou carência de demanda − aumenta o índice de capacidade ociosa na economia e causa
um acirramento da concorrência entre os produtos, que disputam os poucos consumidores
disponíveis, o que leva a uma rápida queda nos preços. Cai o investimento e, conseqüentemente,
há queda no produto real e aumento no desemprego. A deflação, assim, pode acabar provocando
depressão (como a que ocorreu em 1929-1933 nos Estados Unidos). Normalmente, combate-se a
deflação por meio de um aumento nos gastos públicos e um maior grau de endividamento
público, como forma de aumentar a demanda agregada.
71
UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA
DESINFLAÇÃO. Remoção de pressões inflacionárias da economia, visando manter o valor da
unidade monetária. A desinflação é obtida por meio da restrição direta da expansão do consumo,
pelo controle das vendas a prazo, pelo superávit orçamentário, pela elevação da taxa de juros,
pela restrição do crédito e por outras medidas que exerçam controle sobre os gastos custeados
por empréstimos. Essas medidas não pretendem reverter o processo inflacionário provocando
súbitas baixas de preços, fazendo perder quem se beneficiava com a inflação e ganhar quem
perdia com ela. Visam simplesmente corrigir e limitar os aspectos prejudiciais da inflação em
termos macroeconômicos. Existem pelo menos duas dificuldades operacionais para a
implantação de políticas desinflacionárias: durante determinado tempo, essas medidas tendem a
reduzir a quantidade de empregos a um nível muito abaixo do politicamente aceitável; além
disso, quando as medidas desinflacionárias adotadas pelo governo são muito violentas, podem
provocar a deflação. A necessidade de medidas desinflacionarias pode ser atenuada, sob o ângulo
da oferta, na proporção em que a produtividade da economia aumenta. Por outro lado, a redução
da procura monetária total é conseqüência do aumento nas poupanças privadas, do aumento
relativo da tributação em comparação com os gastos governamentais, de medidas específicas
visando a reduzir os gastos em consumo e em investimento, e da redução das despesas
governamentais para que se situem em nível abaixo ao da arrecadação.
Os governos contemporâneos colocam a redução da taxa de inflação entre as principais
metas de sua política econômica. Isto ocorre porque a inflação provoca um grande aumento de
distorções na economia de mercado, que são expostas a seguir:
5.5.1. Perda do poder aquisitivo dos salários e outras rendas fixas
Os assalariados que não sofrem reajustes nominais em seus vencimentos perderão com a
inflação, pois a elevação continuada dos preços reduzirá paulatinamente seu salário real, ou seja,
a quantidade de bens e serviços que eles podem adquirir com seus salários.
No caso dos empresários, que podem reajustar os preços de venda de seus produtos e,
conseqüentemente, seus lucros, têm melhores condições de se proteger deste efeito danoso da
inflação.
5.5.2. Desorganização do mercado de capitais e aumento da procura
por ativos reais
O mercado de capitais é formado por toda a rede de Bolsas de Valores e instituições
financeiras (bancos, companhias de investimento e de seguro) que operam com a compra e venda
de papéis (ações e títulos da dívida em geral) a longo prazo. Tem a função de canalizar as
72
UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA
poupanças da sociedade para o comércio, a indústria, para outras atividades econômicas e para o
próprio governo. Distingui-se do mercado monetário, que movimenta recursos a curto prazo,
embora tenham muitas instituições em comum. Os países capitalistas mais desenvolvidos
possuem mercados de capitais fortes e dinâmicos. A fraqueza desses mercados nos países
subdesenvolvidos dificulta a formação de poupança, constitui um sério obstáculo ao
desenvolvimento e obriga esses países a recorrer a mercados de capitais internacionais, sediados
nas potências centrais.
O mercado de intermediação financeira fica seriamente abalado com inflações
prolongadas, devido à profunda diferença que passa a existir entre as taxas nominais e reais de
juros, fato que inclusive pode comprometer a restituição do principal emprestado.
Suponhamos, por exemplo, que uma determinada pessoa empreste a outra, no prazo de
um ano, a importância de R$ 10.000,00 cobrando uma taxa de juros de 10% a.a. Isto implica
dizer que, no final do ano, o credor receberá do devedor R$ 11.000,00, correspondentes a R$
10.000,00 de restituição do principal, mais os juros de R$ 1.000,00. Ocorrendo, entretanto, uma
inflação de mais de 10% ao ano, o credor não conseguirá nem reaver o principal emprestado. Por
exemplo, se a inflação for de 15%, o valor do principal, corrigido em termos de poder aquisitivo
da moeda, que deveria ser entregue ao credor seria de:
R$ 10.000,00 + 15% x R$ 10.000,00 = R$ 15.000,00
que é superior aos R$ 11.000,00 que ele efetivamente receberá a título de amortização do
empréstimo e de juros.
A existência da inflação, como é fácil de perceber, torna muito difícil a operação do
mercado de capitais, uma vez que praticamente inviabiliza financiamentos de médio e longo
prazos. Isto reduz drasticamente o valor dos investimentos privados e compromete o crescimento
de longo prazo da economia.
Por outro lado, a tendência dos poupadores é a de fazerem aplicações em ativos reais
(ativos tangíveis com valor intrínseco), tais como ouro e imóveis, na tentativa de proteger o seu
patrimônio contra a desvalorização da moeda.
5.5.3. Dificuldades para o financiamento do setor público
O Setor Público da economia tem receitas tributárias como principal fonte de
financiamento de seus gastos. Normalmente, como existe um intervalo de tempo entre a
ocorrência do fato gerador do imposto e o seu recolhimento ao Poder Público pelo contribuinte, a
receita dos tributos diminui bastante em termos reais. Esta erosão da receita tributária é
denominada de Efeito Tanzi (em homenagem ao economista Vito Tanzi, que foi o primeiro a
73
UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA
chamar a atenção para esse fenômeno) e contribui para que surjam déficits orçamentários quando
a inflação é crônica.
Ao mesmo tempo, o Governo tem dificuldades de obter financiamento para seu déficit,
uma vez que os poupadores não comprarão títulos da dívida pública em virtude do juro nominal
desses papéis ser inferior à taxa de inflação do período, conforme analisado no subitem 3.3.1.2.
Isto faz com que o Governo tenha que recorrer à emissão de papel-moeda para financiar seu
déficit, o que realimenta a inflação.
Por outro lado, a inflação permite ao Governo a arrecadação do chamado imposto
inflacionário, que será tratado em um tópico subseqüente.
5.5.4. A indexação
Em economias com altas taxas de inflação que tendem a permanecer no tempo (inflação
crônica), a desorganização total da economia é impedida pela adoção da indexação das rendas e
dos ativos da economia.
A indexação consiste em se corrigir as rendas recebidas pelos agentes econômicos e o
valor dos ativos de sua propriedade com base na variação de um índice de preços que reflita a
taxa de inflação no período de tempo entre os reajustes.
Desse modo, os salários dos trabalhadores, os aluguéis de imóveis, a taxa de câmbio da
economia, o capital emprestado pelo poupador, os títulos da dívida pública emitidos pelo
governo, entre outros, são reajustados periodicamente com base na inflação passada.
A indexação atenua bastante as distorções da inflação sobre o sistema econômico, porém,
apresenta a desvantagem de perpetuá-la, pois os agentes econômicos sempre tenderão a reajustar
os rendimentos pela inflação passada, impedindo que a taxa de inflação venha a cair no futuro.
5.6. Índices de preços
Em um mercado onde há a ocorrência de inflação, a moeda se desvaloriza ocorrendo uma
perda do poder aquisitivo. Devido a isso, é necessária a conversão de valores correntes (ou
nominais) em valores constantes (valor real). Esse processo, denominado de deflação consiste
em eliminar o efeito da variação dos preços nos valores correntes e nominais, isto é, em corrigir
o efeito dessa perda de valor do dinheiro ao longo do tempo. De modo geral, os valores reais são
obtidos deflacionando os valores da produção a preços correntes, por meio de um índice geral de
preços.
Para melhor entender a importância dos índices de preços, serão analisados alguns
conceitos importantes:
74
UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA
Valor nominal − valor de face ou “extrínseco” de uma moeda, ou o valor de uma mercadoria
expressa no valor de face de uma moeda cujo valor se altera pela inflação. Valor de emissão de
um título, em geral inscrito no próprio título.
Valor real. É o valor de um produto, descontada a inflação existente durante determinado
período. Ou seja, é o valor deflacionado de um produto.
Deflacionar. Ato de comparar um preço corrente específico com a inflação média existente
numa economia em determinado período, mediante um índice de inflação (IGP; IPC etc.)
denominado deflator. Por exemplo, para calcular a evolução do salário real, é necessário
deflacionar o salário nominal por meio de um deflator que reflita a evolução dos preços dos
produtos adquiridos pelos assalariados de forma habitual, como é o INPC (IBGE). Assim,
considerando que, entre julho de 1994 e julho de 1997, o salário mínimo nominal cresceu 71,4%,
enquanto o INPC (IBGE) aumentou 57,2%, o que resultou num aumento de 9,3% no salário
mínimo real entre as duas datas.
Correção monetária. Mecanismo financeiro criado em 1964 pelo governo Castelo Branco.
Consiste na aplicação de um índice oficial para o reajustamento periódico do valor nominal de
títulos de dívida pública (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional) e privados (letras de
câmbio, depósitos a prazo fixo e depósitos de poupança), ativos financeiros institucionais
(FGTS, PIS, Pasep), créditos fiscais e ativos patrimoniais das empresas. Os índices de correção
monetária são calculados de acordo com a taxa oficial de inflação, tendo por objetivo compensar
a desvalorização da moeda.
Deflator. Índice de correção das flutuações monetárias utilizado para determinar o preço real dos
produtos. O deflator é calculado a partir do valor do volume de bens e serviços, a preços
constantes produzidos durante um período (um mês, um ano): essa é a referência inalterável,
utilizada então como divisor para o valor do volume de bens e serviços produzidos em qualquer
outro período. O quociente da divisão será o deflator, que mostrará a variação do poder
aquisitivo da moeda. Os preços corrigidos por esse deflator crescerão em valor absoluto, mas
permanecerão com valores reais comparáveis.
Juro nominal − é o juro correspondente a um empréstimo ou financiamento, incluindo a
correção monetária do montante emprestado. Quando a inflação é zero, inexistindo correção
monetária, o juro nominal é equivalente ao juro real.
Juro real − é o juro cobrado sobre um empréstimo ou financiamento, sem contar a correção
monetária do montante emprestado.
75
UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA
5.6.1. Índice de preços ao consumidor (IPC)
O índice de preços é a medida dos preços de uma cesta de produtos e serviços pagos por
um consumidor padrão. Se o custo de vida sobe, uma família gasta mais dinheiro para manter o
mesmo padrão de vida. Assim, o IPC é utilizado para medir o aumento do custo de vida em um
determinado período comparando-o com o custo de vida em diferentes épocas.
O índice de preços é uma medida do nível de preços, sendo utilizado para:
{ Traçar mudanças no custo de vida do consumidor;
{ Ajustar contratos;
{ Permitir a comparação de preços ao longo do tempo.
Apesar de os índices de preços darem uma boa estimativa da inflação, eles sobrestimam a
inflação devido alguns fatores:
{ Viés de substituição [ o IPC usa pesos fixos e portanto não reflete a habilidade
dos consumidores de substituir os bens mais caros relativamente.
{ Introdução de novos bens [ a introdução de novos bens torna o consumidor
melhor e aumenta o valor real despendido. Mas isto pode não reduzir o IPC, por
ele usar pesos fixos.
{ Mudanças não-medidas na qualidade [ aumento na qualidade dos bens aumenta
o poder aquisitivo e o bem-estar e não é mensurado.
Os seguintes fatores devem ser considerados no cálculo do índice de preços:
a) Variação de preços no período:
{ Escolha do período no qual os preços devem ser coletados
{ Escolha dos produtos que devem constar da amostra
b) Peso de cada bem:
{ Classes de renda a serem abrangidas
{ Época de pesquisa básica do padrão de consumo.
De modo resumido, o cálculo de um índice de preços se dá da seguinte forma:
{ Fixar uma cesta de produtos e serviços;
{ Pesquisar os preços dos itens da cesta;
{ Calcular o custo da cesta em cada período;
{ Escolher um ano-base, e calcular o índice;
{ Calcular a inflação − ou deflação − do período.
Um índice de preços é obtido dividindo-se o valor monetário de um conjunto de bens e
serviços em um período de tempo, por seu valor monetário em um determinado período base,
multiplicando, ao final, o resultado por cem.
76
UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA
IPC =
Custo do produto no período X
×100
Custo do produto no ano − base
Exemplo 1:
Ano
Valor da cesta (R$)
2000 ............................. 119,60
1999 ............................... 96,47
IPC =
119,60
× 100 [ IPC = 123,98
96,47
Dessa forma, obteve-se o IPC para o ano de 2000 com base em 1999, no valor de 123,98.
Exemplo 2: Se um indivíduo em 2000 quer calcular sua renda por hora trabalhada em R$
constantes de 1999, dividirá a renda nominal pelo IPC correspondente a 2000 (base: 1999 =
100).
Renda em 2000 = $40,00
IPC 2000,1999 = 123,98
Valor Real a preços de 1999 =
40
×100 = R$32,26
123,98
Isso quer dizer que R$40,00 a preços de 1999 são R$32,26, ou seja, esse é o valor descontada a
inflação.
5.6.2. Mudança de base
Muitas vezes para fins de comparação, é necessário mudar o período-base. Para isso, o
método aproximado mais simples consiste em dividir todos os números-índices correspondentes
ao período-base antigo pelo número índice correspondente à nova base, conforme exemplo
abaixo:
Ano
1985
1986
1987
1988
Produção
Ano-base 1985 Ano-base 1986
100
83
120
100
90
75
125
104
Para passar o ano-base para 1986, usa-se a seguinte regra:
índice anterior ×100
índice do ano que será a nova base
100 × 100
= 83
120
120 × 100
= 100
120
90 × 100
= 75
120
125 × 100
= 104
120
77
UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA
5.7. Tópicos sobre inflação
A teoria distingue basicamente dois tipos de inflação: a inflação de demanda e a inflação
de custos.
Para entendermos a diferença entre os dois tipos de inflação, recorreremos aos gráficos
abaixo, onde estão demonstradas as funções da demanda e da oferta agregadas:
P
DA
Y
A função de Demanda Agregada9 (DA) representa a relação inversa que existe entre Y, o
nível do Produto Real, e P, o nível geral de preços da economia. Esta função é obtida a partir das
equações do modelo keynesiano generalizado, relaxando-se a hipótese de que o nível geral de
preços da economia seja constante.
P
OA
Y
A função de Oferta Agregada (OA) representa a relação direta existente entre P e Y. Ela é
traçada a partir da suposição, utilizada na teoria da produção, de que o custo marginal da
produção é crescente. Quando a economia atinge o produto de pleno-emprego (YPE), a Oferta
Agregada torna-se absolutamente inelástica em relação aos preços, em função da impossibilidade
física de se aumentar a produção.
A economia estará em equilíbrio na intersecção entre as curvas de demanda e oferta
agregadas. No gráfico abaixo, representaremos o equilíbrio correspondente ao nível de renda de
pleno emprego (YPE):
9
Composição da DA – DA = Consumo + Investimento + Gasto do governo + Exportações - Importações
78
UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA
P
OA
P
DA
YPE
Y
Dentro das suposições do modelo keynesiano, o equilíbrio também poderá se dar em um
nível de renda abaixo do pleno emprego:
P
OA
P
DA
YE
YPE
Y
5.7.1. Inflação de demanda
A inflação de demanda é causada por um aumento da Demanda Agregada, que é
representada no gráfico por um deslocamento desta função para a direita de sua posição original:
P
OA
P4
P3
P2
P1
DA4
DA3
DA2
DA1
Y1 Y2 Y3 = YPE
Y
Se partirmos da posição original de equilíbrio representada pela intersecção de DA1 com
AO (PE = P1 e YE = Y1), verificamos que deslocamentos sucessivos da Demanda Agregada para
DA2, DA3 e DA4 implicam na elevação do nível geral de preços de P1 para P2, P3 e P4.
Note que até Y3, o aumento da Demanda Agregada provoca aumentos simultâneos de P e
Y. A partir do equilíbrio de peno emprego (YPE = YE), o deslocamento de DA provoca apenas
elevação em P.
79
UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA
5.7.1.1. Causas do aumento da demanda agregada
A demanda agregada se eleva, caeteris paribus, em função de:
a) aumento dos investimentos;
b) aumento dos gastos do governo;
c) aumento das exportações;
d) redução dos tributos;
e) redução das importações; e
f) aumento da oferta de moeda.
Todos estes fatores concorrem para o deslocamento da curva de Demanda Agregada para
a direita de sua posição original.
5.7.1.2. Meios de se combater a inflação de demanda
A inflação de demanda deve ser combatida por políticas monetária e fiscal restritivas, que
venham a reduzir a demanda agregada.
Os economistas monetaristas julgam mais adequado utilizar a política monetária para
diminuir a Demanda Agregada.
Os economistas keynesianos preferem enfatizar a utilização da política fiscal.
O que são as políticas fiscais?
Estas dizem respeito ao manejo dos orçamentos do governo, tanto do lado dos dispêndios
quanto do lado as receitas.
Do lado dos dispêndios tem-se:
a) os dispêndios do governo, de consumo e de investimento, são dois importantes
componentes da procura agregada;
b) os dispêndios com transferências incorporam-se à renda disponível das unidades
familiares, aumentando sua capacidade efetiva de dispêndio, ou de poupança; e
c) os subsídios modificam os preços de produtos finais, interferindo indiretamente nos
níveis efetivos de dispêndio dos agentes privados.
Do lado das receitas tem-se:
a) Tributos diretos, que incidem diretamente sobre a riqueza ou renda do contribuinte,
tais como IPVA, IR e ITR; e
b) Tributos indiretos, decorrentes da produção e comercialização (geralmente incidem
sobre vendas, importação e produção).
O que são as políticas monetárias?
80
UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA
O instrumento básico é o controle da oferta de moeda, que define a liquidez da economia
como um todo, atuando sobre a taxa de juros. O controle da moeda é complementado pelo
contingenciamento das operações de crédito, que também exerce efeito sobre a liquidez e os
juros.
São assim os instrumentos monetários:
–
O controle de moeda
a) composição da base monetária, a qual seria composta da moeda em circulação, dos
depósitos à vista junto à autoridade monetária (depósito compulsório mais o depósito
do público no Banco do Brasil). Esta é a base monetária restrita. No caso da base
monetária ampliada, acrescenta-se às componentes citadas, os títulos do Banco
Central e do Tesouro Nacional; e
b) regulação da liquidez real.
–
O controle do crédito
a) destinado ao consumo;
b) destinado ao investimento;
c) destinado às transações externas; e
d) redução dos prazos de pagamento dos empréstimos.
Anexo da Unidade VI10 – A ilusão do crescimento
Os jornais noticiam com destaque a previsão do ministro Kandir segundo a qual a taxa de
crescimento do PIB do Brasil deve alcançar 5% em 1997. Espanta o grau de mistificação usado
pelos formuladores da política econômica, ao induzir a população a acreditar na solução de seus
problemas, a partir de um indicador estatístico manipulado. Questionamos as premissas desse
indicador e postulamos que os principais indicadores que instruem a política econômica são
obsoletos, exigindo uma redefinição urgente. A doutrina convencional afirma que o crescimento
da taxa do PIB (Produto Interno Bruto) seria sinônimo de progresso e bem estar. A realidade
contradiz o discurso otimista do governo e da academia. O PIB reflete somente uma parcela da
realidade, distorcida pelos economistas – a parte envolvida em transações monetárias. Funções
econômicas desenvolvidas nos lares e atividades de voluntários acabam sendo ignoradas e
excluídas da contabilidade. Em conseqüência, a taxa do PIB não somente oculta a crise da
10
RATTNER, Henrique. Folha de São Paulo, abril de 1997.
Henrique Rattner, 72, é professor da Faculdade de Economia e Administração da USP e diretor do Programa Lead
(Liderança para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento Sustentável).
81
UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA
estrutura social, mas também a destruição do habitat natural – base da economia e da própria
vida humana. Paradoxalmente, efeitos desastrosos são contabilizados como ganhos econômicos.
Crescimento pode conter em seu bojo os sintomas de anemia social.
A onda de crimes nas áreas metropolitanas impulsiona uma próspera indústria de
proteção e segurança, que fatura bilhões. Seqüestros e assaltos a bancos atuam como poderosos
estimulantes dos negócios das companhias de seguros, aumentando o PIB. Algo semelhante
ocorre com o ecossistema natural. Quanto mais degradados são os recursos naturais, maior o
crescimento do PIB, contrariando princípios básicos da contabilidade, ao considerar o produto da
depredação como renda corrente. O caso da poluição ilustra ainda melhor essa contradição,
aparecendo duas vezes como ganho: primeiro, quando produzida pelas siderúrgicas ou
petroquímicas e, novamente, quando se gasta fortunas para limpar os dejetos tóxicos. Outros
custos da degradação ambiental, como gastos com médicos e medicamentos, também aparecem
como crescimento do PIB. A contabilidade do PIB ignora a distribuição de renda, ao apresentar
os lucros enormes auferidos no topo da pirâmide social como ganhos coletivos. Tempo de lazer e
de convívio com a família são considerados como a água e o ar, sem valor monetário. O excesso
de consumo de alimentos e os tratamentos por dietas, cirurgias plásticas, cardiovasculares etc.
são outros exemplos da contabilidade no mínimo bizarra, sem falar dos bilhões gastos com
tranqüilizantes e tratamento psicológicos. Seria demais exigir do governo que explicite melhor a
qualidade do crescimento, seus custos e retornos, ou seja, “crescimento de quê e para quem?”...
O mito do PIB melhor pode ser observado nos países em desenvolvimento, assim definidos com
base no próprio PIB. A industrialização do “milagre” brasileiro desarticulou as economias rural e
doméstica, resultando em migrações, empobrecimento e sofrimentos de vários contingentes
populacionais. Estudo do World Resource Institute, de Washington, sobre o crescimento
“milagroso” da Indonésia, revelou seu caráter ilusório e depredador. Devastando florestas,
exaurindo solos e riquezas minerais não-renováveis, alimentou o “boom” de crescimento,
gerando fortunas bilionárias e miséria de milhões, simultaneamente. Os cálculos do instituto
demonstram, considerando-se as perdas irreversíveis de recursos naturais, taxas de crescimento
bem inferiores às oficiais. Outro paradoxo decorrente da globalização embaralha ainda mais o
indicador do PIB. Antes, os ganhos das corporações transnacionais eram contabilizados pelo
país-sede da empresa, para onde os lucros iam retornar. Na contabilidade atual, os lucros são
atribuídos ao país da localização das minas ou fábricas, embora não permaneçam lá. Oculta-se,
assim, um fato básico: as empresas dos países ricos exploram e expatriam os recursos dos
pobres, chamando isto de “desenvolvimento”. Como medir ou avaliar o “progresso” de uma
sociedade? Até organizações multilaterais (BM, BID, Unesco) passaram, nos últimos anos, a
82
UNIDADE 5 –TÓPICOS DE MACROECONOMIA
introduzir critérios sociais e qualitativos para avaliar os avanços em direção à sustentabilidade.
Seria demais esperar de nossos ministros que considerem a economia como meio apenas para
objetivos e valores mais substantivos?
Ao avaliar o estado da nação, devemos considerar a economia, além da produção e
consumo de bens e serviços, como atividade destinada a resgatar o sentido do trabalho e da vida,
refletindo o grau de cooperação e solidariedade alcançado pelos membros da sociedade. Nesse
sentido, muito mais do que números abstratos e manipulados, os cuidados e o desvelo com que o
coletivo se dedica aos mais fracos, aos deserdados e discriminados – eis os verdadeiros
indicadores do progresso humano rumo à sociedade sustentável.
83
UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
UNIDADE 6: AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
6.1. Perfil do setor rural
À produção rural se apóiam outras atividades como:
•
Transporte
•
Limpeza
•
Industrialização
•
Armazenamento
•
Beneficiamento
•
Comércio
•
Conservação
•
Pasteurização
•
Etc.
Dentro os bens produzidos destacam-se:
• Alimentos
• Fibras
• Cera
• Fumo
• Combustível
• Bebidas
• Têxteis
• Papel
• Tinta
• Condimentos
• Madeira
• Couro
• Borracha
• Remédio
• Perfumes etc.
6.1.1. Conceito, composição e medida
Produzir significa, em termo econômicos, transformar bens e serviços em produtos finais.
Assim, a produção rural é a transformação de bens e serviços em produtos de origem animal ou
vegetal.
A produção animal abrange desde a criação de abelhas, rãs, camarões, bicho-da-seda até
a criação de gado.
Já a produção vegetal abrange três segmentos básicos: extrativismo vegetal, silvicultura e
agricultura.
Carnaúba, babaçu, juta, seringueira e outras compõem o extrativismo vegetal. Já
eucalipto, pinheiro e outras árvores compõem a silvicultura. Contudo, esses dois segmentos
dependem se a planta é nativa ou cultivada, o que confere, para fins de classificação, a sua
denominação.
A agricultura é no caso do Brasil o segmento mais importante dentro da produção
vegetal, estando nela incluídas culturas permanentes e temporárias.
Para se mensurar a produção rural, utilizam-se termos relativos a quantidades físicas
como toneladas, sacas, arrobas, litros, caixas, dúzias etc. Cruzando-se esses dados com outros
como área e recursos utilizados é possível calcular a produtividade de cada tipo de exploração.
Se além disso for necessário examinar o setor rural como um todo, isto é, todas as
atividades será necessário uniformizar essas quantidades heterogêneas numa unidade comum,
multiplicando-as por seus respectivos preços.
A análise dos dados referentes a atividades do setor rural, deve, entretanto, ser cuidadosa,
84
UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
pois diferentemente de outros setores, o ciclo de produção ocorre de forma diferenciada entre os
produtos.
Alguns produtos como os hortigranjeiros, embora sejam obtidos praticamente todos os
meses, a intensidade de produção é variável sendo reduzida na entressafra. Além disso, o ciclo
de produção desses bens é variável variando de semanas – caso de algumas hortaliças – a anos –
caso de carne bovina.
As lavouras temporárias ou anuais, são plantadas e colhidas apenas uma vez durante o
ano. Esse ano, denominado de ano agrícola, qual varia entre culturas e regiões, e, embora seja
um intervalo de doze meses, raramente coincide com o ano civil. Assim, um ano agrícola deve
incluir as fases de preparo do solo, plantio, tratos culturais, colheita e comercialização. Os
períodos fora da época da colheita são chamados de período de entressafra, no qual a oferta do
produto diminui acentuadamente.
Destaca-se que culturas que, como o feijão, possuem duas safras – o das águas e o das
secas, conforme época de plantio – são tratadas como duas culturas diferentes uma vez que são
plantadas e colhidas uma única vez durante o ano-agrícola correspondente.
As lavouras perenes ou permanentes, também possuem períodos de safra e entressafra. A
diferença é que essas, antes de começar a produzir passam por um estágio de crescimento de
alguns anos, período no qual a produção é nula. No entanto, a partir do momento em que a
produção inicia, essa ocorre por várias safras – anos – sem a necessidade de replantio, até que a
produtividade atinja níveis economicamente baixos sendo necessário seu replantio.
6.1.2. Determinantes da produção rural
A produção agropecuária depende de três meios: ar, água e solo. Sendo assim, o clima, a
umidade relativa do ar, os ventos, a temperatura, a intensidade e a duração dos raios solares são
fundamentais para uma produção bem sucedida. Esses são fatores que devem ser providos da
natureza, pois quando supridos artificialmente possuem custo elevado.
Já a adubação química, os tratos culturais, as sementes melhoradas, os pesticidas
químicos, dentro outros podem ser produzidos e, ou, adquiridos pelo homem com um custo mais
baixo.
Além desses, outros fatores são de extrema importância na produção como o capital e a
mão-de-obra, sem os quais não é possível produzir de forma eficiente.
85
UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
6.1.3. Peculiaridades do setor rural e suas conseqüências econômicas
Embora alguns fatores biológicos e químicos naturais possam ser compensados por
outros artificiais, as adversidades de relevo e clima conferem características ao setor rural que o
distingue dos demais setores econômicos.
Assim, ao tomar suas decisões, o produtor leva em conta todas essas peculiaridades, de
forma a incorrer no menor risco possível.
6.1.3.1. Dispersão do espaço rural
A atividade rural se apresenta geograficamente dispersa, devido a desigual qualidade das
terras, do relevo e do clima, e a distância dos centros consumidores e processadores. Devido a
essa dispersão o produtor pode vir a enfrentar alguns problemas como:
•
Aquisição de bens e fatores de produção dificultada
•
Custos de transporte elevado
•
Dificuldade de acesso ao crédito
•
Falta de opções para vender excedentes
•
Redução da margem de lucro
•
Maior poder de monopólio dos setores a montante e a jusante
À medida que a atividade rural se afasta de centros urbanos, as opções para vender
excedentes e o número de intermediários diminuem, sendo que os poucos agentes existentes se
posicionam como monopolistas ou monopsonistas, tendo o produtor menor poder de barganha.
Esses são no entanto o elo entre o produtor e os centros urbanos tendo o produtor somente eles
para negociar.
Um outro fator relacionado à localização, está no fato de muitos produtos serem
volumosos e necessitarem viajar longas distâncias até atingirem o mercado consumidor ou de
processamento. Como para produtos agrícolas idênticos o preço é único quanto maior a distância
a ser percorrida menores serão os ganhos efetivos do produtor, devido ao custo de transporte.
6.1.3.2. Descontinuidade do fluxo de produção
Outra característica da produção rural é a sazonalidade ou estacionalidade, de forma que
as atividades rurais tornam-se descontínuas e concentradas em certas épocas do ano. Devido a
isso, os produtores necessitam quase ao mesmo tempo adquirir insumos e contratar
trabalhadores, o que eleva o custo de produção. Já a descontinuidade do fluxo de produção leva à
ociosidade temporárias de terras e capital tornando a recuperação do capital empatado mais
lenta.
86
UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
A sazonalidade também torna a época de colheita desfavorável à venda de produtos. Se
for considerado que a demanda por produtos rurais é geralmente inelástica com relação a preços,
os produtores que não têm condições de armazenar seus excedentes ou necessitam vendê-los
para saldar dívidas no período de colheita, em que o preço é baixo podem ter dificuldades se
considerar que a receita obtida deve ser mantida até a safra seguinte.
6.1.3.3. Duração do ciclo produtivo
Devido à especificidade biológica do setor rural, a duração do ciclo produtivo é bastante
rígida, sendo que, o ciclo pode ser retardado ou acelerado dentre de limites muito estreitos, não
podendo jamais ser interrompido e reiniciado posteriormente.
Esse fator dificulta o rápido ajustamento da oferta às alterações de mercado, além do mais
quanto maior for o ciclo produtivo, maior será o custo dos recursos empregados e mais longo o
tempo para que eles possam ser recuperados.
Somando-se a isso, tem-se que culturas como as perenes que tem alto investimento
inicial, não produzem normalmente no primeiro ano e têm produção por vários anos, envolvem
grandes riscos, pois a decisão de plantio tem reflexos a longo prazo podendo ser
economicamente inviável alterá-la, mesmo que o mercado indique outra cultura como mais
vantajosa.
6.1.3.4. Perecibilidade dos produtos
Os produtos agrícolas possuem sua produção concentrada em curto espaço de tempo e o
consumo é distribuído de modo mais ou menos uniforme ao longo do ano havendo necessidade
de armazenamento por vários meses.
O produtor encontra aí um paradoxo pois se é necessário armazenar o produto para
esperar preço melhores, quanto maior o tempo de armazenamento, maiores os riscos de
deterioração e maiores os custos de conservação.
Assim, o produtor deve saber o que é mais viável em termos econômicos para aquele
produto e naquele momento, se a venda ou o armazenamento.
6.1.3.5. Especificidade biotecnológica
Outro traço do setor rural é a especificidade de certa cultura, a qual somente pode ser
produzida com o mesmo retorno em regiões que possuírem condições semelhantes àquelas para
as quais uma variedade, por exemplo, foi criada.
Devido a isso o progresso agrícola é muitas vezes dificultado devido pela impossibilidade
87
UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
de um país ou região se beneficiar de tecnologias desenvolvidas em lugares com condições
diferentes das suas.
6.1.3.6. Risco bioclimático
Embora alguns métodos modernos – a irrigação é um exemplo – possam reduzir a
possibilidade de fatores adversos de baixo risco e de certo modo previsíveis, sobre o setor rural,
não conseguem neutralizar os grandes riscos decorrentes dos possíveis efeitos de estiagem
prolongada, chuva excessiva ou ataque de pragas.
Esses e outros fenômenos aleatórios fogem à previsão e ao controle do homem podendo
comprometer, de forma irreversível, o esforço e o investimento de meses.
Esse risco acaba por ser um desestímulo à utilização de técnicas mais aprimoradas e
dispendiosas, frente às incertezas de uma colheita que pode ser baixa ou não ocorrer.
6.1.4. Como conviver com baixo retorno e alto risco
As peculiaridades inerentes à agricultura tendem a reduzir o retorno econômico das
atividades rurais pois contribuem para reduzir preços de vendas e as receitas, para elevar os
custos e para tornar mais demorada a recuperação dos investimentos feitos.
Dessa forma, devido aos fatores bioclimáticos pode-se concluir que a atividade rural
tende a propiciar baixo retorno e elevado risco comparativamente a outras atividades. Assim, se
o baixo retorno impede o produtor de adotar tecnologias mais avançadas, o risco elevado
desestimula-o de colocá-las em prática.
Diante desse cenário vem a seguinte questão: se do ponto vista econômico uma atividade
só é atrativa se maiores riscos forem compensados com maior rentabilidade, porque o setor rural
não é abandonado? Uma das respostas é que a baixa rentabilidade não ocorre de forma
generalizada, havendo situações em que as peculiaridades discutidas anteriormente ocorrem com
menor intensidade ou são atenuadas através de maior controle e organização do setor produtivo.
Assim, a compra de insumos e a venda de produtos através de cooperativas tornam a
comercialização mais regular e eficiente propiciando maiores ganhos aos produtores atendidos.
O emprego de irrigação e a utilização de variedades precoces ou tardias, melhor
adaptadas à região de cultivo reduzem os pequenos riscos de produção.
A diversificação de lavouras e criações e o plantio de culturas em períodos diferenciados
reduzem a ociosidade da terra, capital e mão-de-obra, encurtando o período de recuperação dos
investimentos e reduzindo a sazonalidade do emprego da mão-de-obra.
Muitos produtores, no entanto, permanecem no campo, pois não possuem alternativas de
vida fora do setor rural, sendo a necessidade de prover os sustento da família e o apego à terra
88
UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
maiores que a busca do lucro.
Somando-se a isso o fato de o produtor ser dono da terra utilizada e utilizar mão-de-obra
familiar dificulta a distinção entre lucro e receita, pois o não desembolso de recursos para a
contratação de trabalhadores e compra de insumos tornam as receitas auferidas como se fossem
lucros.
6.2. Teorias de desenvolvimento agrícola
Apesar de o crescimento agrícola ser um passo fundamental para a industrialização e o
crescimento econômico de um país, ele foi por muito tempo ignorado pela maioria dos
economistas de desenvolvimento.
A idéia de que a agricultura, em sociedades pré-modernas ou tradicionais seja estática,
precisa ser abandonada. O problema do desenvolvimento agrícola está em acelerar a taxa de
crescimento da produção e produtividade agrícolas, de modo a acompanhar o crescimento de
outros setores de uma economia em desenvolvimento.
Várias foram as teorias que tentaram explicar a dinâmica do crescimento agrícola. Todos
os modelos concordavam que o problema de desenvolvimento agrícola seria solucionado
aumentando a taxa de crescimento da produção e produtividade agrícolas. Cada modelo mostrou
a solução para o problema. Cada modelo evoluía, alguns desprezando modelos anteriores, outros
concordando com quase todos.
Todos os modelos possuíam falhas e, todo modelo seguinte tentava resolver a falha do
modelo anterior. Assim tentava-se chegar a uma teoria que tentasse resolver todos os problemas
e que não deixasse nenhuma dúvida sem ser respondida. Nesta seção, serão vistas cinco
abordagens gerais sobre o desenvolvimento agrícola.
6.2.1. Modelos de exploração de recursos
Esta primeira busca mostrar que a expansão nas áreas de lavoura ou pastagem representa
a principal fonte de crescimento agrícola.
O segundo conjunto de trabalhos, denominado excedente exportável foi desenvolvido por
Hla Myint, um economista da Birmânia, cujos objetivos era explicar o rápido crescimento da
produção e das exportações dos camponeses de arroz na Birmânia e na Tailândia, durante a
segunda metade do século XIX. Seus resultados mostraram que os excedente de terra e a
capacidade de trabalho permitiam aos camponeses expandir a produção rapidamente estimulados
por novos mercados abertos, devido aos baixos custo de transporte provocados pela abertura do
canal de Suez e pelo desenvolvimento da navegação a vapor.
89
UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Apesar de no passado, os modelos das matérias-primas e excedente exportável terem sido
uma importante fonte de desenvolvimento agrícola e econômico, restam hoje poucas áreas no
mundo, onde o desenvolvimento através do modelo de exploração de recursos, continuará sendo
uma eficiente fonte de crescimento.
Os cientistas articuladores das teorias sobre matéria-prima e excedente exportável se
preocupavam em como conseguir aproveitar recursos naturais subutilizados para gerar
crescimento na produção agrícola, sempre se defrontando com os limites de crescimento
apontados pelo modelo clássico de desenvolvimento econômico.
Para um crescimento a longo prazo são necessários maiores investimentos no
desenvolvimento de infra-estrutura da terra e da água, na capacidade da indústria produtora de
insumos modernos e no capital humano e pesquisa tecnológico.
6.2.2. Modelo de conservação
O modelo de conservação do desenvolvimento agrícola evoluiu através dos progressos
nas técnicas de lavoura e zootecnia, associados à revolução agrícola inglesa e aos conceitos de
esgotamento do solo. Essa teoria foi reforçada pelo conceito de retornos decrescentes para mãode-obra e capital aplicados à terra, na escola clássica.
O sistema de rotação de culturas de Norfolk envolve o uso mais intensivo de novas
culturas forrageiras e de adubação verde e um aumento na utilização de adubos de origem
animal. Os progressos tecnológicos foram acompanhados pela consolidação e fechamento das
propriedades com cercas e investimentos no desenvolvimento das terras. O efeito foi um
aumento na produção agrícola total e por hectare.
Várias teorias foram desenvolvidas como a doutrina sobre o esgotamento do solo que diz
que todo sistema permanente deve restituir os minerais ao solo que foram retirados pela cultura.
Essa doutrina foi ampliada por Justus von Liebig que inclui a conservação do conteúdo mineral
do solo.
Os clássicos e mesmo os seus críticos concordavam de que a agricultura é um sistema
fechado, de modo que o fornecimento de insumos para produção agrícola vem do próprio setor.
Na metade dos anos 50 foi possível testar a doutrina da escassez de recursos com mais
rigor, denominadas por versão forte e fraca. O teste de escassez forte baseia-se na noção clássica
de que, à medida que a qualidade da terra produtiva diminui, são necessárias doses cada vez
maiores de trabalho e de capital para produzir um unidade de produção extrativa. O teste de
escassez fraca considera que um aumento (declínio) no preço do produto extrativo em relação ao
nível geral do preço indica aumento (diminuição) na escassez.
90
UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
6.2.3. Modelo de localização
O modelo de localização objetivava explicar variações geográficas na localização e na
intensidade da produção agrícola, numa economia a caminho da industrialização
Johann Heinrich von Thünen mostrou como a urbanização determina a localização da
produção agrícola e influencia as técnicas e a intensidade de exploração.
Theodore W. Schultz, formulou a “hipótese do impacto urbano-industrial”. Essa teoria
dizia que os mercados de fatores e de produtos funcionam mais eficientemente em áreas de
desenvolvimento urbano-industrial rápido, do que onde o setor urbano ainda não se
industrializou.
Katzman realizou estudos em Goiás e encontrou em seus resultados que os municípios
localizados mais perto do mercado caracterizam-se por preços de produtos, valores de terras e
taxas de utilização de terras mais elevados.
Políticas de desenvolvimento, baseadas no modelo do impacto urbano-industrial são mais
significativas em países desenvolvidos do que em países pobres menos desenvolvidos.
6.2.4. Modelo de difusão
Uma das principais fontes de crescimento da produtividade na agricultura tem sido a
difusão de melhores práticas de exploração e de melhores variedades de culturas e de raças de
animais.
Uma abordagem dizia que o desenvolvimento agrícola viria com a descoberta de
variedades mais produtivas. Outra abordagem mostrava que o caminho para o desenvolvimento
agrícola, realizava-se através da difusão de técnicas e de uma maior constância de produção entre
os produtores individuais e entre regiões.
Pesquisadores ficaram impressionados com o número de inovações feitas pelos
fazendeiros e viram que suas experiências forneciam melhores resultados do que as das
pesquisas feitas nas estações experimentais. Acredita-se que mesmo em nações agrícolas mais
desenvolvidas, a contribuição dos experimentos feitos pelos fazendeiros foi mais significativo
dos que as pesquisas realizadas pelas estações experimentais (pelo menos até a metade deste
século). Isto levou a dar uma maior atenção à análise econômica das inovações dos agricultores.
As limitações do modelo de difusão se deram porque os programas de assistência técnica
e de desenvolvimento comunitário foram incapazes de modernizar fazendas tradicionais ou
acelerar as taxas de crescimento do produto agrícola.
91
UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
6.2.5. Modelo de insumos modernos
Nos anos 60, analisou-se o modelo de difusão tomando-se consciência de que a
tecnologia é específica quanto ao local e que não são na maioria das vezes transferíveis de países
desenvolvidos para países menos desenvolvidos. Evidenciou-se também que os ganhos em
produtividade, devidos à realocação de recursos são limitados.
O modelo de insumos modernos baseia-se na opinião de Schultz, que diz que a chave
para transformar um setor agrícola tradicional numa fonte produtiva de crescimento econômico é
o investimento, para tornar os insumos modernos disponíveis aos agricultores em países pobres.
A aceitação desse modelo deve-se ao sucesso do desenvolvimento de variedades de cereais de
alta produtividade que respondiam à aplicação de insumos industriais e ao uso mais eficiente do
solo e água. Assim a difusão entre os agricultores foi rápida e o impacto na produção foi
excelente a ponto de ser chamado de “revolução verde”. Entretanto esse modelo ainda continua
incompleto como teoria de desenvolvimento agrícola.
6.3. O papel da agricultura no desenvolvimento econômico
Devido a alguns fatores ocorreu um certo desprezo pela agricultura. A ideologia dizia que
um país tinha que se industrializar para obter independência.
O modelo de desenvolvimento, segundo Raul Prebisch, era o de industrialização por
substituição das importações. A agricultura foi – e ainda é– para o processo de desenvolvimento
econômico, uma importante fonte de recursos, sendo que ela exerceu cinco papéis específicos.
6.3.1. Fornecimento de alimentos
O primeiro papel, fornecer alimentos à população, é a principal tarefa a contribuir com o
setor industrial.
Os alimentos desempenham um importante papel como bem salarial. Em baixos níveis de
renda de 50 a 60% dos gastos são com alimentação, assim, se os alimentos são baratos, os
salários podem ser mantidos baixos e dessa forma a expansão do setor não-agrícola será mais
fácil. De outra forma, se os preços dos alimentos sobem, os salários tenderão a subir e a
expansão do setor não-agrícola será freada.
Se a demanda sobrepujar a oferta, haverá um aumento nos preços dos alimentos e
conseqüentemente um incremento nos distúrbios urbanos sendo necessário um aumento nas
taxas salariais o que seria um impasse à expansão do setor não-agrícola.
Se a demanda e a oferta expandem-se em taxas iguais, a tendência dos preços será
constante. Apesar de essa ser uma condição mínima para o desenvolvimento, a agricultura ainda
92
UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
não estará contribuindo com o seu papel.
Caso a oferta sobrepuje a demanda, o preço dos alimentos estará caindo. Dessa forma,
mesmo que os salários nominais se mantenham constantes, o trabalhador obterá um acréscimo
em seu salário real e, mesmo que seus salários nominais fossem reduzidos, ainda assim seu
salário real poderia aumentar, caso a queda do preço dos alimentos seja grande. Assim a
expansão industrial não será freada devido ao setor assalariado e sua expansão será mais fácil.
A elasticidade-renda dos produtos agrícolas é maior nos países em desenvolvimento,
visto que a maioria da população gasta uma maior parte de sua renda com alimentos. Entretanto
na época em que os países agora desenvolvidos se encontravam em crescimento a demanda de
alimentos era muito menor que agora, devido ao crescimento demográfico que vem ocorrendo
(3% ou mais em muitos países). Entretanto as rendas per capita estão crescendo e, a estes
acréscimos estão inclusos os 3% de crescimento demográfico, exigindo acréscimos de 4 a 5%
por ano para a produção de alimentos.
Uma grande vantagem de desenvolver o setor agrícola é que os frutos de
desenvolvimento são distribuídos a favor dos pobres e não dos ricos. Se o salário nominal
permanece constante e os preços dos alimentos caem, então tem-se um aumento na renda real.
Como os pobres gastam maior parte de sua renda em alimentos em relação aos ricos, então os
pobres são proporcionalmente mais beneficiados que os ricos.
6.3.2. Transferência de capital
Um outro papel desempenhado pelo setor agrícola e que ocorreu em quase todos os
países, com exceção daqueles com grandes jazidas minerais, foi o financiamento do
desenvolvimento para implantação da infra-estrutura básica do setor não-agrícola através do
mecanismo de transferência de capital do setor agrícola para o industrial.
No Brasil uma boa parte do capital veio do setor cafeeiro, o qual foi conseguido através
de confisco, taxa cambial e política comercial (externa). O Brasil aplicou impostos explícitos
sobre a agricultura, taxas cambiais múltiplas e restrições sobre exportações agrícolas e para o
setor industrial aplicou tarifas protetoras. Essas medidas desfavoreceram as relações de troca a
favor da indústria e em desfavor do setor agrícola. Também houve transferência de capital
privado através do sistema bancário e de investimentos feitos pelos agricultores no setor nãoagrícola, o que foi muito importante no caso dos produtores de café. Outros países, como Japão,
aplicaram ainda o imposto territorial que era empregado na industrialização.
93
UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
6.3.3. Liberação da mão-de-obra
O terceiro papel, não menos importante que o anterior, seria como fornecedor de trabalho
para o setor industrial.
À medida que o setor não-agrícola se expande, a agricultura de subsistência torna-se
muito pouco importante dando lugar para os ganhos em produtividade, visto que um grande
número de pessoas que trabalhavam no campo são transferidas para o setor não-agrícola.
Considerando-se que o país não promoveu nenhuma política de imigração, toda a mãode-obra para o setor não-agrícola veio da agricultura. Dessa forma a produtividade do setor
agrícola teve que ser cada vez maior, pois um pequeno número de pessoas que permaneceram no
campo tiveram que alimentar um número de pessoas cada vez maior do setor não-agrícola. Esse
aumento da produtividade se deu com a utilização de máquinas e equipamentos poupadores de
mão-de-obra.
Em uma época a agricultura possuía excedentes de população e trabalho e a
industrialização daria a essa gente empregos mais produtivos. No entanto, o que ocorreu é que a
mecanização agrícola foi – e ainda é – muita intensa, liberando um número excessivo de
trabalhadores, os quais por sua vez com baixo nível educacional, dificilmente capazes de serem
adequadamente treinados e aproveitados no setor industrial.
O que se vê agora é que a expansão da indústria não foi suficiente para toda essa gente –
grande parte mão-de-obra pouco qualificada – e que o desemprego é problema em muitos países
em desenvolvimento.
6.3.4. Geração de divisas
A maioria dos países necessitam recorrer às importações para suprir-se de produtos que
não são produzidos suficientemente internamente. Como as importações exigem disponibilidade
de moedas aceitas internacionalmente – denominadas divisas estrangeiras ou reservas cambiais –
o país deve obtê-las via exportações ou endividamento externo.
Assim, como quarto papel tem-se que, em muitos países, a agricultura é a principal fonte
de receita cambial (o que não se restringe apenas a países de baixa renda) e, em muitos a
vantagem comparativa está na agricultura, visto que eles não têm a possibilidade de competir
com outros setores.
Sendo assim, a exportação de reduzido número de produtos agrícolas, pode tornar a
economia e a geração de divisas muito vulneráveis às flutuações nos preços internacionais.
Devido a isso, a diversificação das exportações em novos produtos e mercados pode contribuir
para atenuar esse risco.
94
UNIDADE 6 –AGRICULTURA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
6.3.5. Demanda de produtos industrializados
E finalmente o quinto papel seria um mercado de produtos para o setor não-agrícola.
O Brasil se voltou ao fortalecimento da agricultura visto sua tamanha importância graças
ao grande número de pessoas trabalhando em seu meio, sendo assim um potencial mercado de
bens do setor industrial e, se fosse desenvolvido um mercado interno adequado, seria possível
obter economia de escala em alguns setores da indústria, o que seria muito interessante.
O setor rural contribui para a expansão do mercado interno consumindo produtos finas e
serviços do setor industrial; utilizando tratores, fertilizantes e defensivos gerados pelos setor
industrial; e produzindo alimentos e matéria-prima a preços baixos para atender à demanda dos
consumidores urbanos.
O que não pode ser explicado facilmente é o conflito entre o papel da agricultura como
mercado para o setor não-agrícola e o seu papel como fornecedor de capital. Se todo o excedente
agrícola é retirado para o setor não-agrícola não resta muito para um mercado potencial.
95
UNIDADE 7 –INTRODUÇÃO AOS MERCADOS FUTUROS E DE OPÇÕES
UNIDADE 7 – INTRODUÇÃO AOS MERCADOS DE FUTUROS E DE OPÕES
7.1. Introdução
São características da produção agrícola os riscos e as incertezas inerentes à produção e à
comercialização. Nessa última, um dos fatores que mais pesa é o preço de mercado. Isso ocorre
devido ao grande número de produtores, à homogeneidade dos produtos transacionados, e à
susceptibilidade aos fatores climáticos. Devido a isso, produtores rurais, empresas processadoras
e intermediários têm necessidade de buscar mecanismos que visem evitar preços indesejáveis.
Uma das opções é a comercialização nos mercados futuros, os quais vêm se destacando como
mecanismo de segurança quanto à oscilações de preços dos produtos comercializados.
Essa alternativa, tem, no entanto, sido pouco utilizada pelo setor agrícola brasileiro
devido ao pouco conhecimento dos empresários agrícolas, principalmente os pequenos. Nesse
sentido, esse material visa contribuir para o entendimento dos princípios e da operacionalização
do mercado futuro, para que possa despertar no leitor a necessidade de maior conhecimento e a
possibilidade de utilização desse como mecanismos de comercialização.
A comercialização em mercados futuros trata-se, essencialmente, da comercialização de
contratos, os quais podem ser contratos futuros, a termo, de opções ou de swaps. Os três
primeiros serão aqui abordados por serem os mais utilizados no agronegócio, sendo
caracterizados no capítulo um; o segundo capítulo irá abordar as diferentes formas de contratos
de compra e venda; o terceiro capítulo irá apresentar as características das bolsas; o capítulo
quatro irá descrever as funções e objetivos dos diversos tipos de participantes do mercado futuro;
e por último, o capítulo cinco irá tratar do hedge e as operações por ele feitas.
7.2. Tipos de contrato
Nas bolsas de mercadorias, não são os produtos em si que são comercializados. Vendemse e compram-se contratos de entrega desses produtos. Os principais tipos de contratos utilizados
nas negociações, seja a futuro ou não, são: à vista, a termo, de opções e à futuro. Esses contratos
são explicitados à seguir.
7.2.1. Contrato à vista
{ Mercados de pronta entrega
{ Entrega e pagamento _ imediatamente após a negociação
{ Não tem a ver com as negociações a futuro
96
UNIDADE 7 –INTRODUÇÃO AOS MERCADOS FUTUROS E DE OPÇÕES
7.2.2. Contrato a termo
{ Preço, espécie e quantidade _ definidos na celebração do contrato
{ Entrega _ momento no futuro
{ Garantia _ pagamento antecipado de parte do preço (comprador)
{ Depósito do bem ou evidência de sua propriedade (vendedor)
{ Quantidade e época de entrega _ definidas em comum acordo
{ Podem ocorrer tanto em bolsa como em balcão
{ São liquidados por entrega da mercadoria
7.2.3. Contratos de opções
{ Opção de venda e opção de compra
{ Cumprimento obrigatório para o lançador
{ Facultativo para o comprador
{ Para exercer sua posição _ necessidade de pagamento de prêmio ao lançador
{ Opção de venda _ direito de vender ao lançador
{ Opção de compra _ direito de vender ao lançador
{ Não precisam desembolsar margens de garantia nem ajustes diários
{ 4 tipos de participantes:
ü Compradores de opções de compra
ü Vendedores de opções de compra
ü Compradores de opções de venda
ü Vendedores de opções de venda
Exemplo:
{ Um agricultor _ lança contratos de opção de compra de soja, para novembro por US$
12/saca
{ Uma agroindústria _ compra esses contratos podendo exercer sua posição: comprar soja
| Uma agroindústria _ lança contratos de opção de venda de soja, para outubro por US$
10/saca
| Um agricultor _ compra esses contratos podendo exercer sua posição: vender soja
ü Comprador de contratos _ pode ampliar seu ganho _ deixando de exercer a opção
ü Vendedor de contratos _ alternativa de financiamento _ prêmio recebido
97
UNIDADE 7 –INTRODUÇÃO AOS MERCADOS FUTUROS E DE OPÇÕES
7.2.4. Contratos futuros
{ Mais padronizados _ padronização do produto a ser comercializado
{ Mais facilmente transferíveis
{ Objetivo _ estabelecer todas as condições da transação menos sua cotação
{ Vendedor e comprador _ obrigação de cumprir o contrato ou sair por diferença
{ Cotações _ determinadas por livre negociação entre compradores e vendedores
{ Dependem da oferta e da demanda de contratos
{ Decorrem das expectativas quanto às condições de oferta e demanda na época de entrega
do produto
{ Estão sujeitas a: previsões de safras, boatos acerca de problemas climáticos, incertezas
políticas, etc.
{ Tudo o que afeta os preços no mercado físico também deve afetar as cotações no mercado
futuro.
7.2.4.1. Liquidação do contrato:
Forma de
Procedimento
Liquidação
Entrega física
Diferença
Financeira
Entregar quantidade especificada, do produto definido, na data e
em um dos pontos especificados no contrato.
Comprar mesma quantidade dos mesmos contratos (mesmo
vencimento) que vendeu, e vice-versa.
Pagar (se vendeu) ou receber (se comprou) contratos com base na
média do índice nos últimos dias antes da entrega.
Exemplo de liquidação por diferença
{ Pecuarista vende em maio 100 contratos de boi gordo para entrega em setembro
{ Em julho vende seus bois no mercado físico
{ Para sair _ compra 100 contratos para entrega de bois em setembro
7.3. Bolsas
{ Locais onde são centralizadas as operações de troca entre vendedor e comprador
{ Facilitar encontro dos vendedores e compradores
{ Associações privadas sem fins lucrativos
{ Formadas por membros (corretoras)
98
UNIDADE 7 –INTRODUÇÃO AOS MERCADOS FUTUROS E DE OPÇÕES
{ Não vendem e nem compram nada
{ Estabelecem regras a serem seguidas pelos participantes – cláusulas dos contratos
{ Divulgar os resultados de cada operação
{ Garantir o cumprimento dos contratos
{ Disciplinar o quadro de corretores
7.4. Participantes
{ Qualquer indivíduo ou empresa, desde que previamente cadastrado
{ Podem ser _ hedgers ou especuladores, além dos corretores
7.4.1. Corretor
{ Intermedia as operações de compra e venda
7.4.2. Hedger
{ Utiliza a bolsa como forma de obter garantia para suas operações no mercado físico
{ Pode liquidar por entrega ou diferença
{ Tendem a participar dos mercados dos produtos por eles comercializados a físico
{ Buscam proteção contra o risco
7.4.3. Especulador
{ Participa visando apenas o lucro
{ Nunca liqüida sua posição por entrega
{ Tendem a operar em uma maior gama de mercados, escolhendo-os conforme o lucro
esperado.
{ São responsáveis pela liquidez do mercado
{ Assumem o risco evitado pelos hedgers
{ Tipos de especuladores:
ü Day traders (ou scalpers)
ü Tomadores de posição
ü Spreaders
ü Arbitradores
i) Day traders
{ Comercializam com freqüência bastante elevada
{ Buscam ganhos com pequenas variações de preços durante o pregão
ii) Tomadores de posição
{ Comercializam menos freqüentemente
{ Suas decisões se baseiam em experiências de longo prazo
99
UNIDADE 7 –INTRODUÇÃO AOS MERCADOS FUTUROS E DE OPÇÕES
iii) Spreader
{ Busca ganhos quando a margem entre contratos de vencimentos distintos é
excessivamente alta ou reduzida
{ Compra contratos com vencimento em um período
{ Vende contratos com vencimento em outro período
iv) Arbitrador
{ Explora distorções nas diferentes bolsas
{ Vende contratos em uma bolsa enquanto compra em outras
7.5. Aspectos operacionais
{ Pagar comissões de corretagem
{ Depósitos de garantia _ aproximadamente 10 a 20% do valor total dos contratos
{ Alavancagem _ é possível negociar utilizando apenas pequena fração do volume
negociado
{ Ajuste diário _ débitos e créditos a cada dia após o fechamento da bolsa
ü Não afetam o resultado final
ü Objetivo _ não deixar um valor muito elevado de ajuste para o dia em que o agente
sair do mercado
EXEMPLO 1 – Cotação à vista para entrega em julho de 1991 de fios de algodão na Bolsa de
Nova Iorque e exemplo de operações
Ajuste Total
Cotação
Ajuste Diário
(cents/lb)
(cents/lb)
17/05
91,67
–
–
20/05
93,50
–1,83
–183
21/05
93,85
–0,35
–35
22/05
92,63
1,22
122
23/05
90,13
2,50
250
24/05
89,30
0,83
83
Data
(US$/10
contratos)
Operação
(Contratos de 1.000 lb)
Vendeu 10 contratos
Comprou 10 contratos e
saiu do mercado
Fonte: MARQUES e AGUIAR (1993).
100
UNIDADE 7 –INTRODUÇÃO AOS MERCADOS FUTUROS E DE OPÇÕES
Cálculos:
10.000 x 0,9167 = 9.167,00
10.000 x 0,8930 = 8.930,00
Lucro _ 9.167 – 8.930 = 237,00
Ajuste: –183 – 35 + 122 + 250 + 83 = 237,00
{ Posição em aberto _ quando um agente liqüida sua posição por diferença _ sai do
mercado _ deixa de fazer parte das posições em aberto
{ Volume de comércio _ mede o número total de transações ocorridas durante um período
de tempo
EXEMPLO:
Dia
Operação
Volume do dia
Posições em aberto
1
A vende 5 para B
5
5
15
20
5
15
2
3
C vende 10 para D
E vende 5 para F
F vende 5 para A
7.6. Hedge
{ Proteção
{ Executar um hedge _ utilizar simultaneamente os mercados físico e futuro
{ Fazer operações opostas nos mercados físico e futuro – comprar em um mercado e vender
no outro
{ Princípio _ preços no mercado físico futuro tendem a seguir no mesmo sentido
{ A perda em um mercado pode ser compensada com o ganho no outro
Exemplo:
{ Geada na Flórida _ ò produção de laranja
{ ñcotação do suco concentrado congelado de laranja na Bolsa de Nova Iorque
{ ñpreço de laranja no mercado físico americano e brasileiro
7.6.1. Hedge de compra
{ Proteção contra aumento de preço
{ Feito por quem não tem o produto mas deseja adquiri-lo no futuro
{ Feito por exportadores, indústrias processadoras, atacadistas
{ Inicialmente _ Compra-se contratos para entrega futura
101
UNIDADE 7 –INTRODUÇÃO AOS MERCADOS FUTUROS E DE OPÇÕES
Vende-se (se for o caso) produto no mercado físico
{ Encerramento _ Vende-se contratos no mercado futuro
Compra-se produto no mercado físico.
ü
Decisão quanto ao hedge depende principalmente de: Base e Custo de
carregamento.
7.6.2. Hedge de venda
{ Proteção contra queda de preço
{ Comumente feito por produtores e armazenadores
{ Inicialmente _ Vende-se contratos futuros
Compra-se produto (ou produzi-lo) no mercado físico
{ Encerramento _ Compra-se contratos futuros
Vende-se no mercado físico
Exemplo:
O produtor de petróleo negociou com a refinaria para vender 1 milhão de barris _ Preço (spot)
de 15 de agosto
Vendeu 1.000 contratos futuros de petróleo para agosto _ preço de $18,75/barril
SITUAÇÃO 1 –- Preço de $17,50
Recebe $17,50 no mercado físico _ perde (18,75 – 17,50) 1,25
Compra (paga) $17,50 no mercado futuro _ ganha (17,50 – 18,75) 1,25
SITUAÇÃO 2 –- Preço de $19,50
Recebe $19,50 no mercado físico _ ganha (19,50 – 18,75) 0,75
Compra (paga) $19,50 no mercado futuro _ perde (19,50 – 18,75) 0,75
Fazendo o hedge ele garante o preço de $18,75
102
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACCARINI, JOSÉ HONÓRIO. Economia rural e desenvolvimento: reflexões sobre o caso
brasileiro. Rio de Janeiro: Vozes, 1987. 224p.
ANTONIK, L.R.; VEIGA, D.R.C. Taxas de inflação e índices de preços, uma abordagem
prática.
Disponível
em:
http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/IIseminario/iniciacaoCientífica/iniciacao_10.pdf>.
<
Acesso
em: 05 abr. 2007.
CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA – CADE. Cartilha do CADE.
Disponível em: < http://www.cade.gov.br/publicacoes/cartilhaport.asp>. Acesso em: 23 set.
2006.
GOMES, M.F.M.; SILVA, J.M.A. da.
Economia aplicada ao agronegócio. Viçosa:
Universidade Federal de Viçosa, 2003. 174 p. (MBA – Gestão do Agronegócio).
GREMAUD, A. P. et al. Introdução à economia. São Paulo: Atlas, 2007.
HALL, R.E.; LIEBERMAN, M. Microeconomia: princípios e aplicações. São Paulo, Pioneira
Thomsom Learnig, 2003. 603p.
HAYAMI, YUJIRO; RUTTAN, VERNON W. Desenvolvimento agrícola: teoria e experiências
internacionais. Brasília: Embrapa, 1988. 583 p.
HULL, J. C. Introdução aos mercados futuros e de opções. 2 ed. São Paulo: Bolsa de
Mercadorias & Futuros, 1996.
MANKIW, N. G. Introdução à economia. São Paulo: Cengage Learning, 2009.
MANKIW, N.G. Macroeconomia. Rio de Janeiro: LTC, 1995. 356 p.
NEVES, S.; VICECONTI, P.E.V. Introdução à economia. 6 ed. São Paulo: Frases Editora,
2003.
PASSOS, C. R. M. ; NOGAMI, O.
Princípios de economia. 5. ed. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2005.
103
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PINDYCK, ROBERT S.; RUBINFELD, DANIEL L.
Microeconomia.
São Paulo: Makron
Books, 1994. 968p.
ROSSETTI, J.P. Introdução à Economia: 18ed. São Paulo: Atlas, 2000. 922p.
SANDRONI, P. Novíssimo dicionário de economia. 10.ed. São Paulo: Editora Best Seller,
2002. 649p.
SOUZA, N. J. Desenvolvimento econômico. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 313p.
SOUZA, NALI DE JESUS. Desenvolvimento econômico. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 313p.
Texto retirado na íntegra de: RIBEIRO DO VALE, S. M. L.; SILVA JR., A. G.; COSTA, F. A.;
AGUIAR, D. R. ERU 430 – ADMINISTRAÇÃO RURAL. Viçosa, MG: Universidade Federal
de Viçosa, 2001 (Notas de aula).
TROSTER, R.L.; MORCILLO, F.M. Introdução à economia. São Paulo: Pearson Makron
Books, 2002. 404p.
VANCONCELLOS, M.A.S.; GARCIA, M.E. Fundamentos de Economia. São Paulo, Saraiva,
1998.
VASCONCELLOS, M.A.S. Economia: micro e macro. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 441 p.
VICECONTI, P.E.V.; NEVES,S. Introdução à economia. 6 ed. São Paulo: Frase Editora,
2003. 578p
104
Download