1 Benefícios da hidroterapia no ganho de funcionalidade do paciente pós AVE Thayanne Brandão Oliveira1 [email protected] Dayana Priscila Maia Mejia2 Pós-graduação em Fisioterapia Neurofuncional – Faculdade Ávila Resumo O cérebro é um órgão que necessita de oxigênio para estar em um bom funcionamento, este papel de levar oxigênio ao cérebro é do sangue. Se o fluxo sanguíneo no cérebro diminuir haverá déficit de oxigênio no mesmo ocorrendo assim danos, muita das vezes irreversíveis ao cérebro, fazendo com que haja também sequelas por todo o corpo ou apenas em um lado, dependendo de qual área cerebral foi mais atingida. O acidente vascular encefálico acomete tanto homens como mulheres a partir de 40 anos de idade, sendo que o número de mulheres com esta patologia vem crescendo a cada ano que passa, por causa das mudanças hábitos saudáveis pelo o etilismo e o tabagismo. As propriedades da água ajudam na diminuição da espasticidade dos pacientes com sequelas de AVE, pois a hidroterapia utiliza água aquecida para que haja efeitos fisiológicos mais adequados às condições dos pacientes neurológicos, sendo assim é um dos tratamentos recomendados para este tipo de patologia. O objetivo desta revisão bibliográfica é identificar os benefícios da hidroterapia no ganho de funcionalidade do paciente com acidente vascular encefálico. Este método é fundamental para que haja relaxamento muscular melhorando os movimentos, a marcha e até mesmo a função cardiorrespiratória. Palavras-chave: AVE; Hidroterapia; Ganho de funcionalidade. 1. Introdução Atualmente, no Brasil e no mundo, o acidente vascular encefálico (AVE) – tem sido uma das patologias que mais afetam a população. Estima-se que, anualmente, 20 milhões de novos casos de AVE ocorram no mundo (SANTOS et al, 2011). O acidente vascular encefálico acomete tanto homens como mulheres a partir de 40 anos de idade, sendo que o número de mulheres com esta patologia vem crescendo a cada ano que passa, por causa das mudanças hábitos saudáveis pelo o etilismo e o tabagismo. O contraceptivo e o sedentarismo, também são fatores que contribuem para que mais mulheres sejam acometidas pelo AVE, isso por causa das alterações hormonais que essa substância causa no organismo feminino que juntamente com o sedentarismo colabora para o mau funcionamento do corpo. O cérebro é um órgão que necessita de oxigênio para estar em um bom funcionamento, este papel de levar oxigênio ao cérebro é do sangue. Se o fluxo sanguíneo no cérebro diminuir haverá déficit de oxigênio no mesmo ocorrendo assim danos, muita das vezes irreversíveis ao cérebro, fazendo com que haja também sequelas por todo o corpo ou apenas em um lado, dependendo de qual área cerebral foi mais atingida. 1 2 Pós-graduando em Fisioterapia Neurofuncional. Orientadora: Fisioterapeuta, especialista em Metodologia do ensino superior, Mestranda em Bioética e Direito em saúde. 2 Esta interrupção do fluxo sanguíneo chama-se Acidente Vascular Encefálico (AVE), este por sua vez pode ser classificado em dois tipos: Isquêmico ou hemorrágico, sendo que entre estas duas a isquêmica é a mais comum. O AVE isquêmico é causado pela obstrução de vasos sanguíneos, deprimindo assim o fluxo sanguíneo no cérebro que causa degeneração tecidual. Já, o AVE hemorrágico é causado quando há uma ruptura nos vasos sanguíneos que irrigam o cérebro, este sangue que extravaza do vaso sanguíneo coagula e age pressionando as estruturas do tecido nervoso, degenerandoo. Além dessas duas classificações há também o AVE isquêmico transitório onde há uma isquemia passageira, ou seja, um entupimento do vaso sanguíneo que não lesiona o tecido e nem deixa sequelas, onde suas manifestações podem durar apenas alguns minutos ou até mesmo 24 horas. Apesar das evidências que indicam ser o AVE um dos maiores problemas de saúde pública mundial, ainda são escassos os fundos de pesquisa direcionados para esta área, quando comparados com as doenças cardíacas ou neoplásicas (ROTHWELL, 2001 apud PISSAROLI et al, 2011). A hidroterapia é um recurso fisioterapêutico que utiliza os efeitos físicos, fisiológicos e cinesiológicos, advindos da imersão do corpo em piscina aquecida, como recurso auxiliar da reabilitação, ou na prevenção de alterações funcionais (CANDELORO e CAROMANO, 2006). As propriedades da água ajudam na diminuição da espasticidade dos pacientes com sequelas de AVE, pois a hidroterapia utiliza água aquecida para que haja efeitos fisiológicos mais adequados às condições dos pacientes neurológicos, sendo assim é um dos tratamentos recomendados para este tipo de patologia. ORSINI et al (2010), afirmam que a espasticidade deve ser tratada com técnicas que tenham movimentos suaves, leves e rítmicos pois o relaxamento muscular destes pacientes com AVE é muito difícil. Portanto a hidroterapia é fundamental para que haja relaxamento muscular, sendo assim, melhora os movimentos, a marcha e até mesmo a função cardiorrespiratória do paciente. O objetivo desta revisão bibliográfica é identificar os benefícios da hidroterapia no ganho de funcionalidade do paciente pós acidente vascular encefálico. 2. Acidente Vascular Encefálico O acidente vascular encefálico (AVE) é o surgimento agudo de uma disfunção neurológica devido a uma anormalidade na circulação cerebral, tendo como resultado sinais e sintomas que correspondem ao comprometimento de áreas focais do cérebro (O’SULLIVAN e SCHMITZ, 2004). Segundo Lopes et al (2009), o acidente vascular encefálico é a deficiência na irrigação sanguínea do cérebro que alteram o sistema motor, mental, perceptivo, cognitivo e na linguagem. Um acidente vascular cerebral (AVC) é caracterizado pelo início abrupto de sintomas neurológicos persistentes, como paralisia ou perda da sensibilidade, decorrentes da destruição de tecido encefálico. Causas comuns de AVC são a hemorragia intracerebral (por vaso sanguíneo na pia-máter ou no encéfalo), êmbolos (coágulos sanguíneos) e aterosclerose (formação de placas, contendo colesterol, que impedem o fluxo sanguíneo) das artérias cerebrais (TORTORA e GRABOWSKI, 2002:435) É a doença neurológica que mais afeta o sistema nervoso e é a principal causa de incapacidades físicas e mentais (KABUKI E SÁ, 2007). De acordo com Costa e Duarte (2002), O AVE é considerada uma doença primária do idoso 3 que causa morte entre pessoas de meia idade. Segundo Reis et al (2008), o AVE consiste de um quadro neurológico agudo, provocado pela obstrução vascular que determina isquemia em determinada área encefálica ou pelo rompimento de vasos sanguíneos que irrigam essa região, levando à hemorragia. O AVE pode decorrer de diversos episódios vasculares que interrompem a circulação cerebral e comprometem a função do cérebro: trombose, embolia ou hemorragia. O local e tamanho do processo isquêmico, a natureza e função das estruturas envolvidas, a disponibilidade de fluxo sanguíneo colateral e a eficiência de um tratamento médico emergencial precoce influem na sintomatologia que evolui. Para muitos pacientes, o AVE representa uma causa importante de deficiência, com problemas difusos que afetam grandes áreas de função. Sob o ponto de vista prático, os pacientes com AVE representam um tremendo desafio para os clínicos. A reabilitação eficiente deve tirar proveito da recuperação e a independência mediante estratégias de correção, compreensão e treino funcional, além de enfocar a prevenção de comprometimentos secundários. O emprego de estratégias eficientes de aprendizagem motora, enfocando ambientes reais, é fundamental para se alcançar bons resultados funcionais (O’SULLIVAN E SCHMITZ, 2004:564). Das categorias etiológicas segundo O’Sullivan e Schmitz (2004), a aterosclerose é a que mais contribui para que ocorram doenças cerebrovasculares, pois forma placas nos quais se acumulam fibrinas, lipídeos, carboidratos e cálcio nas paredes arteriais que fazem o estreitamento das mesmas, ocorrendo a obstrução arterial. Os autores também citam que existem locais onde as placas ficam acumuladas (Figura 1). Figura 1. Locais de acúmulo de placas ateroscleróticas Fonte: CAMBIER et al, 2005:210 4 O mecanismo embólico desempenha um papel importante na ocorrência dos acidentes isquêmicos cerebrais ligados à aterosclerose. As embolias fibrinoplaquetárias, de pequeno tamanho e fragmentares, parecem constituir o mecanismo principal dos acidentes isquêmicos transitórios. Contudo, também pode se tratar de embolias mais volumosas, provenientes de um verdadeiro trombo mural e originando infartos cerebrais (CAMBIER et al, 2005). De acordo com Cambier et al (2005) existem exames que possibilitam estudar as artérias servicais, sendo estes não invasivos, O efeito Doppler, a ecotomografia e a angiografia convencional, sendo este último o mais indicado, contudo, é um método invasivo e que possuem riscos que não são desprezados pelos médicos. Os dois outros 2 métodos citados não são invasivos. Os acidentes vasculares encefálicos podem ser classificados em: isquêmico e hemorrágico, sendo o isquêmico a forma mais comum no qual ocorre a obstrução de uma das artérias encefálicas, causando isquemia no encéfalo. Segundo O’Sullivan e Schmitz (2004) os acidentes vasculares isquêmicos são causados pro trombos, embolismos ou baixas pressões de perfusão sistêmica que causam a falta de oxigênio e glicose no cérebro, como resultado obtêm-se lesão e morte de tecidos. A ocorrência de um acidente isquêmico cerebral é consequência a uma redução crítica do débito sanguíneo, devido à oclusão parcial ou total de uma artéria cerebral. Distinguem-se esquematicamente duas variedades de acidentes isquêmicos cerebrais: os ataques isquêmicos transitórios, totalmente resolvidos em menos de 24 horas e os ataques isquêmicos duradouro, que correspondem à ocorrência de um infarto cerebral (CAMBIER et al, 2005). O AVE hemorrágico apesar de não ser tão comum, é considerado o mais severo, pois, atinge áreas mais profundas do cérebro. Umphred (2004) apud Segura (2008), afirma que o acidente hemorrágico é frequentemente mais grave sendo responsável por um conjunto maior de sequelas. Com o sangramento anormal – causado por aneurisma ou trauma – para dentro das áreas extra vasculares do cérebro. A hemorragia tem como resultado um aumento das pressões intracranianas, lesionando os tecidos cerebrais restringindo o fluxo sanguíneo distal (O’SULLIVAN E SCHMITZ, 2004). Apesar de sua relativa raridade, algumas causas devem ser consideradas, em especial em acidente isquêmico cerebral que acontece no jovem (CAMBIER et al, 2004), os mesmos autores ainda citam as causas que mais acometem os jovens - anticoncepcionais orais, dissecações das artérias cerebrais, displasia fibromuscular, angiites cerebrais, doença de Takayasu-Onishi, Moya-Moya, síndrome de Susac, Afecções hematológicas, afecções genéticas e angiopatia cerebral do pós parto. Os fatores de risco para o acidente vascular cerebral incluem hipertensão arterial sistólica ou diastólica, hipercolesterolemia, tabagismo, diabetes mellitus, consumo elevado de álcool, sedentarismo, stress e uso de anticoncepcionais orais. A hipertensão é o mais forte fator de risco para acidentes vasculares cerebrais, depois da idade (LEWIS, 2000 apud KABUKI, 2007) A disfunção motora é um dos problemas mais frequentemente encontrados após o AVE. O déficit motor é caracterizado por hemiplegia ou hemiparesia do lado oposto à lesão no hemisfério cerebral (SANTOS et al, 2011). A hemiparesia é a forma mais evidente de sequela de AVE, pois é caracterizada pela perda do controle motor do lado contralateral ao afetado do encéfalo. Segundo Gomes et al (2006), na hemiparesia, há uma perda da capacidade dos músculos controlarem o tronco, sendo assim, o indivíduo com esta sequela não tem controle do equilíbrio. Os indivíduos portadores de sequelas de AVC seguem, normalmente, uma rotina de intervenção e tratamento de acordo com o tipo e causa do acidente vascular cerebral. 5 Esta rotina varia desde a intervenção cirúrgica ao tratamento clínico, passando, posteriormente, para o tratamento fisioterápico. Este consiste, na medida do possível, em restabelecer funções e/ou minimizar as sequelas deixadas. No entanto, o quadro tende, com o tempo, a se estabilizar e o paciente apresenta, na maioria das vezes, uma hemiparesia ou uma hemiplegia, dependendo não somente da área cerebral afetada, como também da extensão deste acometimento. Isto faz com que a pessoa torne-se um eterno paciente da fisioterapia, desenvolvendo, NBA maioria das vezes, uma atividade relativa. Outra situação que ocorre habitualmente e que é ainda pior é quando o paciente retorna para casa e permanece no sedentarismo. Este sedentarismo, talvez, tenha sido uma das causas provocadoras do seu acidente vascular e agora poderá talvez ser a causa de um novo acidente (COSTA e DUARTE, 2002). Durante os primeiros estágios do AVE, a flacidez sem movimentos voluntários é comum. Geralmente, essa condição é substituída pelo desenvolvimento de espasticidade, hiper-reflexia e padrões de movimentos em massa, conhecidos como sinergismo (em massa). Com frequência, os músculos envolvidos nos padrões de sinergismo estão de tal maneira vinculados um ao outros que os movimentos isolados, fora dos padrões de sinergísticos de massa, não são possíveis. À medida que a recuperação evolui, a espasticidade e o sinergismo começam a decair, tornando possíveis os padrões avançados de movimento (O’SULLIVAN E SCHMITZ, 2004:531). A reabilitação pode começar assim que o paciente esteja medicamente estabilizado – normalmente dentro de 72 horas. Os pacientes podem ser internados em uma unidade específica para AVE ou em uma unidade neurológica com serviços, em termos de uma melhora significativa dos resultados da reabilitação, se comparados com os pacientes que não os recebem (O’SULLIVAN e SCHMITZ, 2004). 3. Hidroterapia De acordo com Hanson e Norm (1996) a água é um ótimo meio para exercitar-se, pois possui propriedades que influenciam nos exercícios, a água possui a densidade relativa que determina se um objeto vai flutuar, relacionada à esta propriedade está a flutuação, além disso a hidroterapia deve ser realizada em piscina aquecida para que haja mudanças significativas no sistema circulatório pois aumenta a temperatura corporal, sendo assim, mais eficiente para a recuperação de pacientes. Os objetivos específicos incluem: −Facilitar os exercícios de amplitude de movimento (ADM); −Iniciar o treinamento resistido; −Facilitar atividades com descarga de peso; −Favorecer a aplicação de técnicas manuais; −Prover acesso tridimensional ao paciente; −Facilitar os exercícios cardiovasculares; −Iniciar a simulação de atividades funcionais; −Minimizar o risco de lesão ou lesão recidivante durante a reabilitação; −Favorecer o relaxamento do paciente (KISNER E COLBY, 2005). Hanson e Norm (1998) citam as contra-indicações para a terapia em piscinas que são: Doenças transmissíveis, febre alta, insuficiência cardíaca, doença nos rins, desordens gastrointestinais, doenças infecciosas, feridas abertas, doenças da pele com erupções, tímpanos perfurados, incontinência de fezes e urina, epilepsia, entre outros. Kisner e Colby (2005) citam como propriedades físicas da água a flutuabilidade, a pressão hidrostática, a viscosidade e a tensão superficial, ainda citam a hidromecânica, a termodinâmica, e o centro de flutuação como propriedades da água, os quais devem ser bem compreendidos para que haja uma boa terapêutica. 6 A flutuação e a viscosidade sozinhas ou combinadas possibilitam o uso da água como facilitador, resistência ou suporte para o movimento corporal ou de determinado segmento, dependendo da postura do paciente, ou seja, está diretamente relacionada à posição do corpo na água (decúbito). A literatura referente ao assunto é bastante limitada, restringindo-se a capítulos de livros, que abordam o tema enfocando os fundamentos de hidrocinesioterapia, mas não discutindo de maneira simplista superficial a sua aplicabilidade na prática clínica (CANDELORO e CAROMANO, 2006). As propriedades mecânicas da água levam em consideração a densidade do corpo imerso, que é a relação da massa de um corpo com seu volume. Além da densidade, as substâncias dão definidas por sua gravidade específica, que considera a relação entre a densidade do corpo e a da água, que determina a capacidade de um objeto ou corpo flutuar (ORSINI et al., 2010). As propriedades singulares da água e os efeitos da imersão têm profundas implicações fisiológicas na administração de exercícios fisioterapêuticos. Para utilizar com eficiência o meio aquático, os profissionais precisam possuir uma compreensão básica da importância clínica das propriedades estáticas e dinâmicas da água na medida em que afetam a imersão humana e o exercício (KISNER e COLBY, 2005:258). Segundo Souza (2000) e Ekman (2004) apud Kabuki (2007) os exercícios terapêuticos em água aquecida estimulam e alteram fisiologicamente os sistemas cardíaco, respiratório, endócrino, muscular, entre outros. Segundo Kisner e Colby (2005) a temperatura da água é um fator importante para que os objetivos terapêuticos de um paciente sejam bem sucedidos. Normalmente utiliza-se água fria quando os exercícios dão de grande intensidade e quando estes são de relaxamento muscular e flexibilidade, devem ser com água morna, sendo que a escolha incorreta da temperatura da água pode vir a trazer desconforto ao paciente fazendo com o que o mesmo possa vir a não realizar os exercícios de forma correta e o mecanismo fisiológico deste não funcionará de forma adequada. Os exercícios em água aquecida é uma modalidade de tratamento para uma grande variedade de patologias. Estudos feitos em imersão com a cabeça fora da água consideram a água à 95°F (35°C) termo-neutra, ou seja, não traz efeito algum à temperatura central. Qualquer desvio mínimo na temperatura da água pode produzir mudanças significativas no sistema circulatório. Em vez de ficar nos membros, o sangue é redistribuído. Esta redistribuição causa o aumento do retorno venoso e é considerada a base para todas as modificações fisiológicas associadas à imersão (HANSON e NORM, 1998:6) A imersão aquática possui efeitos fisiológicos relevantes que se estendem sobre todos os sistemas e a homeostase. Estes efeitos podem ser tanto imediatos quanto tardios, permitindo assim, que a água seja utilizada para fins terapêuticos em uma grande variedade de problemas orgânicos. A terapia aquática parece ser benéfica no tratamento de pacientes com distúrbios musculoesqueléticos, neurológicos, cardiopulmonares, entre outros (BECKER E COLE, 2000 apud GIMENES, 2005). O exercício aquático incluindo o de flexibilidade, fortalecimento, treinamento de marcha e relaxamento pode ser feito em temperaturas entre 26°C e 33°C (KISNER e COLBY, 2005). Hanson e Norm (1998) citam como efeitos terapêuticos a promoção do relaxamento muscular, a redução da sensibilidade à dor, a redução dos espasmos musculares, o aumento da facilidade do movimento articular, o aumento da força e resistência muscular em casos de fraqueza excessiva, a redução da força gravitacional, o aumento da circulação periférica, a melhoria da musculatura respiratória, a melhoria da consciência corporal, equilíbrio e estabilidade do tronco e a melhoria moral e na autoconfiança do paciente. A fisioterapia aquática tem como objetivo promover o máximo de independência funcional possível ao paciente, minimizando as respostas anormais e potencializando os movimentos 7 apropriados, beneficiando-se dos princípios físicos e termodinâmicos da água. (MENEGHETTI et al, 2012). O exercício aquático terapêutico é a união dos exercícios aquáticos com a terapia física. É uma abordagem terapêutica abrangente que utiliza os exercícios aquáticos para ajudar na reabilitação de várias patologias (HANSON e NORM, 1998). De acordo com Ruoti et al (2000) apud Orsini et al (2010), o método Bad Ragaz (Figura 2) tem como objetivos reduzir o tônus muscular, proporcionar relaxamento, fortalecer a musculatura, melhora da resistência, entre outros. O método Halliwick (Figura 3) proporciona melhor equilíbrio e independência durante as atividades funcionais. Sacchelle et al (2007) afirma que os objetivos específicos do Bad Ragaz são0020relaxamento, fortalecimento, reeducação muscular, tração e alongamento da coluna vertebral, adequação, entre outros. A facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) estava em ascensão e também foi incorporada aos exercícios de Knupfer, que já estavam sendo utilizados em Bag Ragaz. Assim criou-se o método dos anéis do Bad Ragaz, no qual os exercícios são realizados na diagonal e com movimentos tridimensionais. Pode-se dizer que esta metodologia ainda está em evolução. Hoje é usada em todo o mundo na reabilitação em geral e utiliza as diversas propriedades da água para relaxamento, estabilização e execução de exercícios resistivos progressivos (SACCHELLI et al, 2007:78). Figura 2. Método dos anéis de Bad Ragaz Fonte: RUOTI et al, 2000:322, 330 8 Figura 3. Método Walliwick Fonte: SACCHELLI et al, 2007:71,72 O Watsu (Figura 4) utiliza técnicas de flutuação, em piscina com água aquecida, aplicando alongamento e movimentos do Zen Shiatsu. No Watsu, o paciente permanece flutuando e a partir dessa postura são realizados alongamentos e rotações do tronco, que auxiliam para o relaxamento profundo, vindo por meio de suporte da água e dos movimentos rítmicos. O Watsu pode ser útil especialmente no início de uma sessão de tratamento por promover o alongamento (BALLANTYNE, 1991 apud ORDINI et al, 2010). Figura 4. Método Watsu Fonte: RUOTI et al, 2000:374, 380 9 4. Metodologia Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica de coleta de dados qualitativa, realizado no período de março de 2011 a janeiro de 2013, pesquisada no banco de dados Pub Med, Google acadêmico, Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências de saúde (LILACS), provenientes da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), através dos descritores Acidente Vascular Encefálico, Hidroterapia; Ganho de funcionalidade. Foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: artigos publicados no idioma português, com limite humano e texto completo disponível online no período de 2002 a 2012. Os critérios de exclusão foram textos que não se referem ao tema em estudo, através da leitura de títulos e dos resumos. Após a pesquisa bibliográfica foi feito uma seleção de materiais de interesse da mesma, através de uma leitura interpretativa, que serviu de base para a formação e desenvolvimento do trabalho. 5. Resultados e Discussões Meneghetti et al (2012), realizaram um estudo de caso com uma indivíduo do sexo feminino, 36 anos com diagnóstico de hemiparesia à esquerda desproporcional com predomínio crural, no qual foi realizado uma avaliação do equilíbrio utilizando a Escala de Equilíbrio Funcional de Berg (EEFB), composto por 14 questões que variam de 0 a 4 pontos. Foram realizadas 24 sessões de 50 minutos cada, duas vezes por semana, durante 3 meses. Antes da intervenção da fisioterapia aquática a pontuação do indivíduo pela EEFB foi de 15 pontos, após a intervenção a pontuação da EEFB foi de 40 pontos. Foi concluído neste estudo que a participante com AVC apresentou melhora no equilíbrio e na realização das atividades funcionais. Jakaitis et al (2012), atenderam regularmente 13 pacientes com 2 sessões de hidroterapia semanal em pacientes portadores de AVC, estes foram submetidos a avaliação de condicionamento físico, mensurando o esforço através da escala de Borg que foi coletada somente na primeira terapia mensal, totalizando 31 testes em um período de 12 meses. No segundo trimestre de terapia, observaram que a frequência cardíaca e Borg diminuíram após 6 meses de tratamento e no final do tratamento houve a melhora do condicionamento físico dos pacientes. No programa de hidroterapia de Nicolini et al (2010) foi demostrado que houve a melhora do movimento de dorsiflexão do tornozelo de indivíduos hemiparéticos espásticos, no qual demonstrou melhora da marcha, este estudo foi feito com indivíduos que apresentavam AVE e foram avaliados através de goniometria, neurofuncionalmente e filmagem da marcha por biofotogametria computadorizada. Após esta avaliação os indivíduos foram submetidos a 15 sessões de hidroterapia onde os profissionais utilizaram técnicas específicas como o método Halliwick e o método de anéis de Bad Ragaz. Segundo Lopes et al (2010) confirmaram a hipótese das propriedades da água no qual o paciente fortalece a musculatura, promove relaxamento, alongamento muscular, entre outros, nos quais foram fundamentais para o bom equilíbrio e marcha adequada dando ao paciente independência funcional. Kabuki e Sá (2007) selecionaram 2 pacientes acometidos por acidente vascular encefálico, um do sexo feminino e o outro do masculino, iniciaram as sessões de hidroterapia onde no início e no fim de cada sessão era aferida a pressão arterial dos 2 indivíduos, os exercícios na água eram os de alongamento de membros inferiores que a cada sessão eram dificultados com caneleira e braçadeiras, também foram realizados exercícios cardiorrespiratórios através de imersão da face na água, como resultados obtidos após cada sessão, a aferição da pressão 10 arterial, observou-se que tanto a pressão arterial sistólica quanto a diastólica diminuíram prevenindo assim complicações cardiovasculares. Portando a hidroterapia é eficaz para que haja diminuição da pressão arterial. Em seu estudo Orsini et al (2004) chegaram a conclusão de que ainda faltam evidências para a eficácia da hidroterapia na prática pois na literatura já existem evidências suficientes sobre as propriedades da água mas a falta de artigos sobre a aplicabilidade em pacientes com espasticidade. No entanto os artigos existentes demonstram a eficácia da hidroterapia. Gimenes et al (2005) selecionaram 6 artigos de 207 e concluíram que são fracas as evidências quanto aos benefícios da hidroterapia quando a mesma é aplicada à pacientes com comprometimento motor causado por doenças neurológicas. Santos et al (2011) avaliaram 17 pacientes portadores de acidente vascular encefálico nos quais realizaram hidroterapia, destes foram excluídos 7. Os 10 restantes fizeram 12 sessões de hidroterapia e após estas sessões foram avaliados e obteve-se resultados benéficos pois tiveram melhora na performance da mobilidade funcional. No modelo de reabilitação de Pissaroli et al (2011), foi feito um levantamento bibliográfico e selecionados 92 artigos que tinham como critério o acidente vascular encefálico, para que se pudesse definir a forma de tratamento mais adequado para esta patologia e um dos recursos que foi encontrado é a hidroterapia e dentre estas propostas de tratamento, deve-se analisar qual a melhor técnica para se utilizar em cada paciente. Jakaitis et al (2008), realizaram um estudo epidemiológico da fisioterapia aquática e analisaram que 97 casos (54,18%) eram de pacientes com acidente vascular encefálico e viram que como o predomínio de pacientes com AVE é grande deve-se ter uma atenção especial, mostrando aos leitores que a hidroterapia se faz necessária para estes indivíduos acometidos por esta patologia. 6. Conclusão Os estudos demonstram que a hidroterapia, como recurso fisioterapeutico, para o tratamento de pacientes pós AVE é eficaz pois em todos eles os resultados foram satisfatórios, mostrando que através das propriedades da água, a hidroterapia e suas técnicas de relaxamento, fortalecimento e ganho de amplitude de movimento foi benéfica aos pacientes com tal patologia. O que foi observado é que em cada estudo houve uma mensuração diferente de dados, pois, o AVE é uma patologia na qual provoca sequelas nas quais cada autor estipulou uma abordagem para distintos acometimentos dessa patologia, pode-se citar como exemplo a marcha, a pressão arterial e a melhora do condicionamento físico. Apesar de serem estudos que demonstram diferentes sequelas e os métodos utilizados que também foram diferenciáveis, as conclusões foram positivas para esta técnica, que ajuda a relaxar o paciente, melhorando sua estima, renovando o aspecto social e aumentando a independência do mesmo. Contudo o tratamento com este recurso aquático é apenas um complemento à reabilitação convencional feita através de condutas fisioterapeuticas ambulatorias, não podendo esquecer que a melhor maneira de se tratar um paciente, seja qual for a patologia é fazendo uma boa avaliação, para que sejam feitas as devidas condutas. Portanto, se fazem necessários mais estudos sobre a hidroterapia para pacientes com AVE para que sejam feitas condutas apropriadas a cada indivíduo pois a teoria é muito rica e cheia de informações para que esse tratamento seja bem sucedido mas há a necessidade de se realizarem mais estudos de caso para realmente comprovar o que se propõe na teoria. Em frente à deficiência em encontrar artigos válidos para esta revisão bibliográfica, foi evidênciado que os recursos aquáticos são benéficos para os indivíduos que são acometidos 11 por acidente vascular encefálico, sendo assim um tratamento eficaz e que pode ser utilizado juntamente com as condutas de fisioterapia convencional. Referências CANDELORO, J. M., CAROMANO, F. A. Discussão crítica sobre o uso da água como facilitação, resistência ou suporte na hidrocinesioterapia. Acta. Fisiatr. 2006; 13(1):7-11. CAMBIER, J.; MASSON, M.; DEHEN, H. Neurologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. COSTA, A. M.; DUARTE, E. Atividade física e a relação com a qualidade de vida, de pessoas com sequelas de acidente vascular cerebral isquêmico (AVCI). Rev. Bras. Ciên. E Mov., v. 10, n. 1, p. 47-54, janeiro, 2002. GIMENES, R. O., FONTES, S. V., FUKUJIMA, M. M., MATAS, S. L. A., PRADO, G. F. Análise crítica de ensaios clínicos aleatórios sobre fisioterapia aquática para pacientes neurológicos. 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