Física

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Física
É desejável traquejo matemático, habilidade de
interpretação de texto e alguma experiência em laboratório
Ciência presente em diferentes campos do conhecimento e com uma enorme gama
de aplicações, a Física tem papel fundamental para a compreensão das leis do universo e do comportamento da matéria e da energia. Seu estudo exige dedicação e grande
interesse por tudo o que está ligado à natureza, e esse foi o ponto que motivou Marcelo Gleiser a se dedicar à Física e a desenvolver um trabalho para popularizar essa
ciência por meio de artigos em jornais e pela televisão, em que se vale de linguagem
coloquial e imagens de fácil entendimento e identificação. “Desde muito cedo, eu era
maravilhado pelas coisas do mundo, pela luz e pelo calor do Sol, pelas estrelas da noite. Ficava curioso para saber como tudo funcionava, que mistérios existiam por trás
das aparências”, conta Gleiser, que é professor de Física e Astronomia do Dartmouth
College, em Hanover, nos Estados Unidos, e doutor pelo King’s College, da Inglaterra,
além de escritor bem sucedido.
O desconhecimento do campo de estudo e de aplicação prática contribui para afastar
os estudantes da Física. “O jovem associa as deficiências do ensino dessa matéria no
ensino médio com a futura profissão, sem mesmo saber as diversas opções que a gra152 Escolha Certa! As profissões do século 21
duação oferece”, acredita a professora doutora Rosana Nunes dos Santos, coordenadora do curso de Física da Faculdade de Matemática, Física e Tecnologia da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Normalmente, quem procura o curso
tem certa atração pela área, gosta de ciências exatas e de temas ligados à Física. Com
o surgimento de cursos que também incluem tópicos como Computação e Biologia,
alunos que sentem atração por essas áreas têm procurado nossa faculdade, revela o
professor Valmor Roberto Mastelaro, presidente da Comissão de Graduação do Instituto de Física de São Carlos, da Universidade de São Paulo (USP), que mantém cursos
de Física Teórico-Experimental, Física Computacional, e Ciências Físicas e Biomoleculares. Uma prova do maior interesse: no vestibular de 2007, a proporção foi de seis
candidatos por vaga; em 2008, duplicou.
A fase atual de desenvolvimento científico e as demandas do mercado de trabalho exigem formação básica sólida para compreender a física em sua plenitude e empregá-la
como instrumento de domínio de novas tecnologias. Para o estudante não ter grandes
dificuldades iniciais no curso, é desejável traquejo matemático, habilidade de interpretação de textos e alguma experiência em laboratório de física, além de motivação
e desejo permanentes de integrar os conhecimentos que serão adquiridos de forma
sistemática e organizada.
As áreas mais promissoras para o físico são, principalmente, a pesquisa e o ensino em
universidades públicas ou privadas. Vale lembrar, ainda, que a rede de ensino médio
tem hoje uma grande carência de professores de física, tanto que alguns estados estão
até aceitando diplomados em outras formações para não deixar os alunos sem aulas
da matéria – portanto, aí está outro foco com potencial de oportunidades para novos
profissionais com diploma de licenciatura. Além disso, a expansão do número de
empresas de cunho tecnológico abre perspectivas de colocação na iniciativa privada.
Com a formação interdisciplinar em computação e biologia, surgirão possibilidades
na área de desenvolvimento de softwares, novos medicamentos etc. O físico pode,
ainda, enveredar por outros campos da ciência, como Física Nuclear Experimental e
Teórica, Geofísica, Astrofísica e Física Médica.
O atual desenvolvimento científico e as demandas do mercado
exigem uma formação básica sólida para compreender a física
em sua plenitude.
Para ter uma noção clara das perspectivas, o estudante deve pesquisar cuidadosamente os campos de atuação possíveis, incluindo os que exigem futuras especializações. E poderá ter boas surpresas, a começar pela descoberta de um cenário em con153
tínuo crescimento. Em que áreas as perspectivas são mais atraentes? Naquelas que
estão em forte processo de desenvolvimento, exigindo constante incorporação de
inovações: informática, microeletrônica, medicina, telecomunicações e várias outras
nas quais a presença do físico passa quase despercebida, apesar de sua importância.
Por exemplo, o bacharelado, com estágio em Física Médica em laboratório de Física
Radiológica, habilita para atuação no controle de qualidade em instituições que trabalham com radiações e em proteção e segurança. Hoje, instituições governamentais e privadas requerem a participação de físicos em setores ligados à utilização de
radiações ionizantes e não-ionizantes na saúde, à proteção radiológica e à pesquisa:
caso da segurança radiológica em hospitais, clínicas e laboratórios; análise e processamento de imagens obtidas por exames de alta precisão em que os pacientes recebem doses de substâncias radioativas. A mesma tendência se confirma na indústria,
com o uso de radiação para o controle de qualidade nos segmentos de alimentação
e de bebidas; análise não-destrutiva de defeitos em materiais; desenvolvimento de
equipamentos tecnológicos; e até produção de espetáculos, pois problemas com som
e luz podem ser resolvidos pelo físico.
Ser físico envolve gostar de estudar, ser curioso e não se decepcionar se o professor não corresponder às suas expectativas.
A carreira, como todas as outras, tem as suas dificuldades. “A Física exige grande
dedicação no que tange ao tempo de estudo”, destaca o professor Mastelaro. O físico
médico, por exemplo, após uma experiência no mercado de trabalho precisa ser
aprovado no exame da Associação Brasileira de Físicos Médicos e comprovar a realização de cerca de duas mil horas de estágio em instituições credenciadas. A existência de poucas universidades no país com cursos de graduação e/ou pós-graduação
em Física, bem como institutos de pesquisa, obriga o profissional a ter persistência,
elevado nível de conhecimento e um diferencial na postura, seja como pesquisador
ou professor, para alcançar sucesso no ambiente de trabalho.
O esforço vale a pena, garante Gleiser em seu recado ao jovem. “Se fosse fácil, não
teria graça. Ser físico envolve gostar de estudar, ser curioso e não se decepcionar
se o professor não corresponder às suas expectativas. É necessário independência
intelectual, querer aprender sozinho, não depender exclusivamente dos professores.” Como em muitas outras carreiras, é um investimento de muitos anos e pode
ser potencializado com a orientação de um físico experiente. “Dei sorte por ter tido
excelentes mentores”, confessa.
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