PEREIRA KS; SANTOS CHB; NASCIMENTO WA; ARMOND C; SILVA F; CASA J. 2011. Crescimento de rabanete (Raphanus sativus L.) em resposta a adubação orgânica e biofertilizantes em ambiente protegido. Horticultura Brasileira 29: S4414-S4420 Crescimento de rabanete (Raphanus sativus L.) em resposta a adubação orgânica e biofertilizantes em ambiente protegido Kleber de Sousa Pereira1; Carlos Henrique Barbosa Santos1; Wallace de Aguiar Nascimento1; Cintia Armond1; Franceli da Silva; Jamille Casa1 1 UFRB – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Rua Rui Barbosa, 710, Centro, Cruz das Almas - BA, 44380000, [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] RESUMO O crescimento das espécies cultivadas permite colheita, aos 30 dias após a semeadura, planejar métodos racionais de cultivo, que obteve-se biomassa seca total, biomassa seca contribui na expressão do potencial de da parte aérea e biomassa seca das raízes e espécies vegetais e na construção de modelos área foliar. A partir da biomassa foram matemáticos descritores de crescimento. O determinados as seguintes variáveis: Razão de objetivo do trabalho foi avaliar em ensaio Área Foliar (RAF), Razão de Peso Foliar experimental o crescimento e o (RPF) e Área Foliar Específica (AFE). O rabanete, desde a tratamento com húmus de minhoca causou emergência até 30 dias do ciclo de vida em maior acúmulo de matéria seca total quando resposta a aplicações de diferentes adubos comparado aos demais tratamentos, bem orgânicos e biofertilizantes. O delineamento como experimental foi inteiramente casualizado, crescimento superiores para a cultura do com seis tratamentos e sete repetições. Os rabanete. tratamentos PALAVRAS-CHAVE: crescimento, adubos desenvolvimento de constaram de solo com proporcionou características de enriquecimento de adubos orgânicos: T1 – orgânicos, rabanete. Solo + húmus de minhoca (3:1/2), T2 – Solo ABSTRACT + esterco bovino (3:1), T3 – Solo + Agrobio Growth of radish (Raphanus sativus L.) in r PESAGRO RIO (4%), T4 – Solo + Agrobio esponse to organic fertilizers and PESAGRO biofertilizers in greenhouse RIO (8%), T5 – Solo + Microrganismos eficientes (EM (1%)). Os The growth of crop species allows the tratamentos Agrobio PESAGRO RIO 4 % planning of rational methods of cultivation, (concentração (concentração de de 40 80 mL.L-1), mL.L-1) e 8% which contributes to the expression of the EM potential of plant species and the construction (concentração de 10 mL.L-1 1%) recebiam 150 of mL de solução em aplicações semanais. descriptors. The objective was to evaluate the Foram coletados em intervalo de 7 dias, a experimental evidence of radish growth and altura das plantas, número de folhas e development, from emergence to 30 days of comprimento médio das folhas (cm). Na the life cycle in response to requests of mathematical Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 models of growth S4414 PEREIRA KS; SANTOS CHB; NASCIMENTO WA; ARMOND C; SILVA F; CASA J. 2011. Crescimento de rabanete (Raphanus sativus L.) em resposta a adubação orgânica e biofertilizantes em ambiente protegido. Horticultura Brasileira 29: S4414-S4420 different organic fertilizers and biofertilizers. intervals of 7 days, plant height, leaf number The experimental design was completely and leaf length (cm). At harvest, 30 days after randomized design with six treatments and sowing, we obtained a total biomass, dry seven replications. The treatments consisted biomass of shoot and root dry biomass and in enriching the soil with organic fertilizer: T1 leaf area. The biomass was determined the - + Solo humus (3:1 / 2), T2 - Soil + manure following variables: leaf area ratio (LAR), (3:1), T3 - Soil + Agrobio PESAGRO RIO weight ratio of leaves (LWR) and specific leaf (4%) T4 - Solo + Agrobio PESAGRO RIO area (SLA). Treatment with castings of (8%), T5 - Effective Microorganisms Solo + earthworms resulted in increased total dry (EM Agrobio matter accumulation compared with other treatments 4% (concentration of ml.l 40-1), treatments, provided that the excess growth 8% (concentration of ml.l 80-1) and MS (ml.l characteristics of radish culture concentration of 10-1 1%) received weekly Keywords: growth, organic fertilizers, radish. (1%)). RIO PESAGRO 150 ml of solution . They were collected at INTRODUÇÃO O crescimento das espécies cultivadas permite planejar métodos racionais de cultivo, que contribui na expressão do potencial de espécies vegetais e construção de modelos matemáticos descritores do crescimento. Os princípios e práticas de análise de crescimento têm como objetivo descrever e interpretar o desempenho das espécies produzidas em ambiente natural ou controlado (Cairo, Oliveira e Mesquita, 2008). Esta técnica fundamenta-se na medida seqüencial do acúmulo de matéria orgânica pela planta, determinada normalmente pela mensuração da massa seca da planta e/ou, de suas partes. A expressão “crescimento” de plantas caracteriza aumento de tamanho e/ou peso, registrado ao longo do seu ciclo de vida, e tem caráter quantitativo (Cairo, Oliveira e Mesquita, 2008). Já o termo “desenvolvimento” é mais abrangente e envolve todas as mudanças qualitativas (diferenciação) experimentadas pela planta. Atualmente são exigidos produtos isentos do uso de insumos sintéticos e defensivos químicos na garantia de qualidade de vida aos produtores e consumidores, agredindo menos o meio ambiente e o ser humano. Portanto, a utilização de insumos naturais, como os estercos bovinos e biofertilizantes, deve ser estimulada tanto na pulverização das plantas com diretamente aplicados nos solos (Maia Filho et al., 2010) possibilitando menor dependência dos mercados e dessa forma um meio mais correto de exploração dos recursos naturais e proporcionando uma melhor qualidade de vida (VITÓRIA et al., 2003). Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S4415 PEREIRA KS; SANTOS CHB; NASCIMENTO WA; ARMOND C; SILVA F; CASA J. 2011. Crescimento de rabanete (Raphanus sativus L.) em resposta a adubação orgânica e biofertilizantes em ambiente protegido. Horticultura Brasileira 29: S4414-S4420 Rabanete (Raphanus sativus L.) cultura de ciclo curto, pertencente à família Brassicaceae, dentre as hortaliças é exigente quanto ao tipo de solo e em matéria orgânica. O desenvolvimento da planta e o tamanho da raiz do rabanete depende, dentre outros fatores, da fertilidade do solo (FILGUEIRA, 2003). O objetivo do trabalho foi avaliar em ensaio experimental o crescimento e o desenvolvimento de rabanete, desde a emergência até 30 dias do ciclo de vida, em resposta a aplicações de diferentes adubos orgânicos e biofertilizantes. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Campus da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas-BA, entre os meses de março e abril de 2011 em ambiente protegido com 50% de luminosidade. Utilizou-se solo oriundo de área degradada e de baixa atividade microbiana no Campus UFRB – Cruz das Almas – BA. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com seis tratamentos e sete repetições. Os tratamentos constaram de solo com enriquecimento de adubos orgânicos: T1 – Solo + húmus de minhoca (3:1/2), T2 – Solo + esterco bovino (3:1), T3 – Solo + Agrobio PESAGRO RIO (4%), T4 – Solo + Agrobio PESAGRO RIO (8%), T5 – Solo + Microrganismos eficientes (EM (1%)) retirado da área degradada no campus da UFRB e o controle solo sem adubação. O plantio do rabanete foi feito por semente, a qual foi semeadas 4 sementes por vaso de polietileno com capacidade de 3,5 litros, e após 7 dias foi feito o desbaste deixando 1 planta por vaso. Os tratamentos Agrobio 4 % PESAGRO RIO (concentração de 40 mL.L-1), 8% (concentração de 80 mL.L-1) e EM (concentração de 10 mL.L-1 1%) recebiam 150 mL de solução em aplicações semanais. Os demais tratamentos apenas água com volume igual ao das soluções. As regas se davam quando necessário. A obtenção do EM capturado do próprio solo em estudo seguindo a metodologia de Pegorer et, al. (1995). A partir da emergência e emissão do primeiro par de folhas verdadeiras, considerando intervalos de 7 dias para cada tratamento, 14, 21, 30 perfazendo um total de 3 avaliações foram coletados altura da planta (cm), número de folhas e comprimento médio das folhas (cm). Na colheita, aos 30 dias após a semeadura, obteve-se biomassa seca total, biomassa seca da parte aérea e biomassa seca das raízes. A área foliar estabeleceu-se pelo método medidor de área foliar. A biomassa seca da parte aérea e biomassa seca de raízes foram obtidas após a secagem em estufa com ventilação de ar forçado no período de 72 horas a 65ºC, e pesadas em balança semi analítica. A partir da biomassa foram determinados as seguintes variáveis: Razão de Área Foliar (RAF), Razão de Peso Foliar (RPF) e Área Foliar Específica (AFE), calculada de acordo com as seguintes fórmulas: Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S4416 PEREIRA KS; SANTOS CHB; NASCIMENTO WA; ARMOND C; SILVA F; CASA J. 2011. Crescimento de rabanete (Raphanus sativus L.) em resposta a adubação orgânica e biofertilizantes em ambiente protegido. Horticultura Brasileira 29: S4414-S4420 Razão de Área Foliar (RAF): RAF = AF / P; em cm². g-1, onde (AF) é a área foliar (cm²) e (P) o peso seco total da planta. Razão de Peso Foliar (RPF): RPF = Pf/Pt onde (Pf) é a fitomassa seca da parte aérea das folhas e Pt o peso de biomassa seca total (g), sendo um valor adimensional. A Área Foliar Específica (AFE) foi calculada a partir da seguinte fórmula: AFE = Af/Pf; em cm². g-1, onde Af é a área foliar em cm², Pf é o peso de biomassa seca da parte aérea das folhas (g). As análises de variância para as características avaliadas foram realizadas através do Programa Computacional de Sistema – SISVAR e teste de médias, Teste de Tukey a 1% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Em relação às variáveis: altura das plantas, número de folhas, comprimento das folhas e área foliar, o tratamento com incorporação de húmus de minhoca diferiu estatisticamente nas condições deste trabalho a todas as variáveis analisadas, causando maior crescimento e desenvolvimento quando comparada aos demais tratamentos (Tabela 1).Nas variáveis número de folhas, comprimento das folhas e área foliar, o tratamento com húmus de minhoca obteve melhor resposta, seguido do tratamento com esterco bovino, que diferiu do tratamento com Agrobio PESAGRO RIO (4 e 8%), que não diferiu dos demais tratamentos (Tabela 1). Para altura das plantas, houve diferença estatística entre os tratamentos, onde o tratamento com húmus de minhoca foi superior com percentual de 34,5% comparado ao tratamento com Agrobio PESAGRO RIO (8%) e este não diferiu dos demais tratamentos. Foi observado no comportamento da altura em dias após semeadura (DAS) que o tratamento com húmus de minhoca acentuou seu crescimento a partir dos 21 dias com comportamento linear (na quarta coleta de dados) até o ciclo do cultivo (30 dias) (Figura 1). Quanto ao comprimento e número de folhas (Figura 1, B e C) o tratamento com húmus de minhoca destacou-se durante o crescimento e desenvolvimento do ciclo produtivo (30 dias), obtendo maior crescimento no comprimento e número de folhas, no sétimo dia após semeadura (DAS), crescendo de forma mais lenta após o décimo quarto dia. O tratamento com esterco, segundo melhor tratamento observado foi observado acentuado crescimento no comprimento e número de folhas, no início das avaliações e no sétimo dia após semeadura (DAS), reduzindo aos 14 dias e aumentando novamente aos 21 dias, no comprimento da folha foi observado maior crescimento linear após o 14º dia para o número de folhas. Os demais tratamentos causaram menor crescimento no comprimento e número de folhas. No que concerne a razão da área foliar, é expressa pela razão entre a área foliar e a matéria seca total, isto é, representa a área foliar disponível no ocorrer à fotossíntese. O tratamento com esterco bovino atingiu a maior RAF (174,59 cm² g-¹) (Figura 1, E), seguido do tratamento com húmus de minhoca (123, 73 cm² g-¹), corroborando com o melhor desenvolvimento observado. Quanto a AFE Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S4417 PEREIRA KS; SANTOS CHB; NASCIMENTO WA; ARMOND C; SILVA F; CASA J. 2011. Crescimento de rabanete (Raphanus sativus L.) em resposta a adubação orgânica e biofertilizantes em ambiente protegido. Horticultura Brasileira 29: S4414-S4420 (Figura 1, F), que significa a disponibilidade de área foliar em cada grama de folha os maiores incrementos novamente atingiram valor máximo no tratamento com húmus de minhoca (287,88 cm² g-¹). Para a RPF (Figura 1, G), que representa a fração de matéria seca produzida pela fotossíntese, não utilizada na respiração, nem exportadas nas outras partes da planta, o menor valor obtido foi 0,43 no tratamento com húmus de minhoca, reafirmando que neste tratamento o mínimo de matéria seca não era utilizado pela planta, ou seja, causou maior eficiência no acúmulo de matéria seca. O tratamento com húmus de minhoca causou maior acúmulo de matéria seca total quando comparado aos demais tratamentos, bem como proporcionou características de crescimento superiores na cultura do rabanete. REFERÊNCIAS CAIRO, P. A. R; OLIVEIRA, L. E. M; MESQUITA, A. C. Análise de crescimento de plantas. Vitória da Conquista: Edições UESB, 2008. FILGUEIRA, F. A. R. 2003. Novo manual de olericultura: Agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa-MG: UFV, p. 289-290. MAIA FILHO. F. das C.F.; MESQUITA, E. F. de; MELO, D. da S.; SOUSA, P. M.; Lima, A. S.; CAVALCANTE, S. N.; DUTRA, K. O. G.; SANTOS, J. G. R. ; Desenvolvimento fisiológico do gergelim brs seda sob cultivo orgânico. CONGRESSO BRASILEIRO DE MAMONA, 4 & SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE OLEAGINOSAS ENERGÉTICAS, 1, 2010, João Pessoa. Inclusão Social e Energia: Anais... Campina grande: Embrapa Algodão, 2010. p. 616-621. PEGORER, A.P. R.; FRANCH, C.M.C., FRANCH,J.L.; SIQUEIRA, M. F. B.; MOTTA, S. D. Informações sobre o uso do EM (Microrganismos Eficientes) apostila. Agricultura Natural Messiânica. Fundação Mokiti Okada - Rio de Janeiro, 1995.14p. VITÓRIA, D.; KROLOW, I.; FILHO, L. O.; MORSELLI, T. Resposta do rabanete a diferentes adubações orgânicas em ambiente protegido. In: I Congresso Brasileiro de Agroecologia, IV Seminário Internacional sobre Agroecologia, V Seminário Estadual sobre Agroecologia. Resumos. Porto Alegre, 2003. CD-ROM. Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S4418 PEREIRA KS; SANTOS CHB; NASCIMENTO WA; ARMOND C; SILVA F; CASA J. 2011. Crescimento de rabanete (Raphanus sativus L.) em resposta a adubação orgânica e biofertilizantes em ambiente protegido. Horticultura Brasileira 29: S4414-S4420 Tabela 1. Crescimento do rabanete em função da aplicação de diferentes adubos orgânicos e biofertilizantes. [Growth of radish in function of the application of differents organic manures and biofertilizers]. UFRB, Wallace Nascimento, BA, 20111. TRATAMENTOS 1 – Solo + Húmus (3:1/2) 2 – Solo + Esterco (3:1) 3 – Solo + Agrobio (4%) 4 – Solo + Agrobio (8%) 5 – Solo + EM(1%) 6 – Testemunha CV (%) Altura plantas 30 dias (cm) Nº Folhas 30 dias Comp. Folha 30 dias (cm) Biomassa fresca parte aérea (g) Biomassa seca parte aérea (g) Biomassa fresca raiz (g) Bitomassa seca raiz (g) Área Foliar (cm²) 4,14a 7,43a 21,80a 21,40ª 1,48a 31,48a 1,94a 423,86a 2,00b 5,57b 12,86b 8,12b 0,55b 5,03b 0,38b 162,82b 2,00b 2,42c 4,91c 1,91c 0,15c 0,06c 0,02c 17,80c 2,71b 2,86c 4,90c 1,68c 0,14c 0,05c 0,01c 21,79c 2,04b 2,85c 5,32c 2,17c 0,25c 0,56c 0,05c 27,39c 2,00b 2,29c 3,57c 1,26c 0,10c 0,05c 0,01c 7,53c 33,47 23,22 35,19 36,52 42,91 40,78 30,73 44,30 1 Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem entre si, pelo teste de Tukey, a 1% de probabilidade (Means followed by the same letter in the column do not differ significantly, according to Tukey test p<0.01). Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S4419 PEREIRA KS; SANTOS CHB; NASCIMENTO WA; ARMOND C; SILVA F; CASA J. 2011. Crescimento de rabanete (Raphanus sativus L.) em resposta a adubação orgânica e biofertilizantes em ambiente protegido. Horticultura Brasileira 29: S4414-S4420 Figura 1: Avaliação do crescimento de rabanete ao longo de 30 dias. A – Altura da planta (cm), B – Número de folhas, C – Comprimento de folhas (cm), D – Área foliar (cm²), E – Razão de Área Foliar (cm² g-¹), Área Foliar Específica (cm² g-¹), Razão de Peso Foliar. Hortic. bras., v.29, n. 2 (Suplemento - CD ROM), julho 2011 S4420