Vitamina D: necessidade de controle laboratorial Dr. Rafael Linden, PhD Vitamina D é o nome dado a um conjunto de substâncias lipossolúveis derivadas do colesterol. As duas principais formas desta vitamina são o colecalciferol (vitamina D3, presentes nos humanos e animais) e o ergocalciferol (vitamina D2, presente em plantas e fungos. A vitamina D3, que pode ser produzida na pele sob ação da radiação UV do sol, não é uma vitamina no sentido verdadeiro, mas sim um pró-hormônio que é metabolizado até sua forma metabolicamente ativa, o calcitriol. A vitamina D é essencial na regulação da homeostase do cálcio e do metabolismo ósseo. A deficiência dessa vitamina leva a diminuição dos níveis de cálcio e alterações na mineralização óssea. Os sintomas associados são raquitismo (crianças) e osteoporose (adultos) - com insuficiência de vitamina D, apenas 10 a 15% do cálcio da dieta é absorvido. Além disto, a deficiência de vitamina D está associada ao risco elevado de algumas doenças crônicas como doenças autoimunes, doenças musculoesqueléticas, diabetes e alguns tipos de câncer e está relacionada com a ocorrência de hipertensão, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca e renal. A dependência da exposição a luz solar explica o nítido comportamento sazonal das concentrações circulantes de vitamina D: no verão as concentrações de 25-OH-vitamina D3, principal produto de metabolismo desta vitamina e seu indicador de exposição, são muito mais elevadas que no inverno. Pela mesma razão, o tipo de pele influencia a biossíntese: indivíduos com pele escura (altos níveis de melanina) precisam cinco vezes mais tempo de exposição à luz solar em comparação aos de pele mais clara para produzir quantidades fisiologicamente suficientes de vitamina D. A principal fonte de vitamina D para crianças e adultos é a exposição a luz solar, uma vez que poucos alimentos contém quantidades significativas de vitamina D. O uso de protetores solares com FPS 30 reduz a síntese de vitamina D na pele em mais de 95%. Isto gera um dilema: a exposição à radiação solar necessária para uma síntese suficiente de vitamina D também pode ser suficiente para provocar lesões cutâneas e aumentar o risco de câncer de pele, especialmente com a crescente redução da camada de ozônio. Além disto, outros fatores como obesidade, alterações de função renal e uso de certos medicamentos também podem reduzir os níveis de vitamina D. Embora a síntese de vitamina D esteja associada à exposição solar, a deficiência desta vitamina é subdiagnosticada em países onde a radiação solar é considerada suficiente. De fato, um estudo recente realizado por pesquisadores da Universidade Feevale demonstrou que 100% dos idosos residentes em uma instituição de longa permanência do Vale do Rio do Sinos apresentavam deficiência de vitamina D (concentrações plasmáticas inferiores a 30 ng/mL). Estudos internacionais têm estimado que a frequência de indivíduos deficientes de vitamina D esteja entre 20 a 100% em diferentes populações. Estima-se que cerca de um bilhão de pessoas em todo o mundo apresentam concentrações insuficientes de vitamina D. Com base nestes dados, a Sociedade Americana de Endocrinologia recentemente recomendou a suplementação de vitamina D em diversos grupos de risco, especialmente em indivíduos com idade superior a 50 anos. Naturalmente que doses excessivas de vitamina D também podem ser perigosas, sendo necessário acompanhamento médico para o monitoramento das concentrações plasmáticas e para avaliar a necessidade e acompanhar os tratamentos de suplementação. Considerando a importância da vitamina D em diversos processos biológicos humanos, a demanda por dosagens de 25-OH-vitamina D3 tem crescido exponencialmente. Por outro lado, muitos métodos laboratoriais baseados em imunoensaios possuem limitações, especialmente devido a especificidade insuficiente. O método de referência, utilizado no estabelecimento dos valores de referência da Sociedade Americana de Endocrinologia, é a cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC). Este método, de elevada sensibilidade e especificidade, está disponível em poucos laboratórios brasileiros. Considerando a importância clínica da avaliação laboratorial da exposição a vitamina D, o QuantiLAB implementou esta metodologia de referência e está realizando localmente estes exames em sua sede, com a supervisão de equipe especializada.