01/04/2011 Ácidos - Química - UOL Educação QUÍMICA Ácidos Características e propriedades Erivanildo Lopes da Silva* Jacques A ntonio de Miranda** Este texto apresenta algumas contribuições para o estudo dos ácidos, des tacando características, propriedades e algumas reações químicas. Ao buscarmos uma definição preliminar s obre o termo ácido, recorrendo para isto a um dicionário, podemos nos deparar com uma ampla lista de terminologias e definições paralelas. Tal análise preliminar deixaria, sem dúvida, qualquer estudante confuso e perplexo com a gama de informações. Entretanto, o caráter experimental da química permite-nos conhecer melhor as características dessas substâncias analis ando conceitos e definições a respeito do assunto. A palavra "ácido" é originária do termo em latim acidu, que significa "azedo". Es ta talvez s eja uma das características mais facilmente encontrada nas soluções de ácidos. A evolução do termo tem nos permitido elaborar conceitos mais amplos e úteis . Teorias Três teorias se destacaram para a definição destes compos tos. Em 1887, o químico sueco Svante Arrhenius propôs o conceito de dissociação. De acordo com ele, um ácido é uma substância que, dis sociado em água, libera íons de hidrogênio (por outro lado, apenas explorando a propos ição de Arrhenius, uma base s eria uma substância capaz de liberar íons hidroxila quando em s olução). Por exemplo: (Esquem a 1) Íons hidrogênio reagem com a água para formar íons hidrônio: Embora esta seja a representação mais correta da presença de íons hidrogênio em água, para simplificar, us aremos o termo H+ nes te texto. Em 1923, Bronsted, na Dinamarca, e Lowry, na Inglaterra, agindo independentemente, s ugeriram uma definição bastante interessante. Na definição de Bronsted-Lowry, ácido é uma espécie que tende a dar um próton, enquanto uma base s eria uma espécie capaz de receber o próton. Esta definição permite entender, por exemplo, a atuação da água na reação abaixo: …uol.com.br/…/acidos-caracteristicas-e-p… 1/6 01/04/2011 Ácidos - Química - UOL Educação (Esquem a 2) No mesmo ano em que Bronsted e Lowry apresentavam seus trabalhos, o químico norte-americano G. N. Lewis fez sua proposição. De acordo com Lewis , ácido é uma espécie com um orbital vazio capaz de receber um par de elétrons , enquanto uma bas e s eria uma espécie capaz de doar um par de elétrons para formar uma ligação covalente coordenada. Assim, o ácido seria um receptor de par de elétrons . Propriedades Tais definições nos ajudarão a entender uma série de propriedades dos ácidos . Note que na dissociação apresentada no Es quema 1 s ão fornecidos íons à solução. Sempre que uma espécie química apresenta tal comportamento, definimos tais solutos como eletrólitos. Vale lembrar que uma solução de um eletrólito conduzirá melhor a eletricidade que o solvente puro. É importante realizarmos tal comentário, deixando claro que somente quando os íons provenientes do ácido estiverem pres entes é que temos uma s olução condutora. O exemplo citado acima deixa claro que apes ar de o HCl s er um composto molecular, trata-se de um eletrólito. (Sugestão: ler o texto Soluções aquosas - Estudo qualitativo e quantitativo das concentrações.) Para o caso dos ácidos, poderíamos afirmar que quando o ácido está presente somente como íons em solução (completamente dis sociado, por exemplo, HCl), tem-se um eletrólito forte. Quando a solução é constituída por íons e moléculas não-dissociadas (por exemplo, HF) trata-se de um eletrólito fraco. Vale ress altar que esta noss a aproximação foi construída considerando-se soluções não muito concentradas . A seguir, enumeramos alguns ácidos comuns. Tabela 1 - Ácidos comuns Ácido forte (eletrólito forte) Ácido fraco (eletrólito fraco) HCl Ácido clorídrico H3PO4 Ácido fosfórico HBr Ácido bromídrico H2CO3 Ácido carbônico HI Ácido iodídrico CH3CO2H Ácido acético HNO3 Ácido nítrico H2C2O4 Ácido oxálico HClO4 Ácido perclórico C4H6O6 Ácido tartárico H2SO4 Ácido sulfúrico C6H8O7 Ácido cítrico C9H8O4 Aspirina Fonte: KOTZ; TREICHEL Jr., 2006. Classificações Dos exemplos citados na tabela, des tacaremos alguns para introduzir algumas classificações. É fácil perceber que o átomo de hidrogênio é comum a todas as espécies citadas acima. Contudo, a presença do átomo de oxigênio não é geral. Ácidos que apresentam o átomo de oxigênio na fórmula são class ificados como ácidos oxigenados, enquanto que aqueles que não apresentam o oxigênio são chamados de ácidos não-oxigenados ou hidrácidos. …uol.com.br/…/acidos-caracteristicas-e-p… 2/6 01/04/2011 Ácidos - Química - UOL Educação Talvez a propriedade mais conhecida dos ácidos esteja ass ociada à s ua reação com hidróxidos metálicos, formando sal e água. Alguns exemplos são apresentados a s eguir: (Esquem a 3) Tais reações são conhecidas como reações de neutralização. Além destes exemplos, é poss ível estender tais reações para o campo da química orgânica, analisando a reação entre ácidos e alguns corantes orgânicos . Alguns corantes podem sofrer protonação (receptor de H+) ou desprotonação (doador de H+) de grupos funcionais específicos, geralmente s em que ocorra (mas não neces sariamente) a des truição da molécula. Trata-se de um princípio químico, que permite acompanhar a mudança de cor do corante, dependendo das características ácidas ou básicas do meio. Ess es compostos s ão conhecidos como indicadores , bastante utilizados em procedimentos analíticos de titulação. Por exemplo, a fenolftaleína é um composto que apresenta características dis tintas quando na presença de soluções de ácidos ou bases. Quando em meio básico, esse composto apresenta-se na coloração ros a, enquanto que em meio ácido torna-s e incolor. Talvez a compreensão fique mais clara se analisarmos o comportamento dos indicadores por meio da escala de pH. Nes te texto, a escala será apenas apresentada, s em discussões sobre sua cons trução e potencialidades de anális e: 0 1 2 4 3 5 Ácido 6 7 8 9 10 neutro 12 11 13 14 Básico Esquem a 4: Escala sim plificada de P H Um dos indicadores mais comuns para os ácidos é o tornass ol. O tornass ol azul muda para vermelho em presença de um ácido. Outros indicadores podem ser citados, mas vale ressaltar que suas caracterís ticas serão dependentes do pH de viragem, ou s eja, a s imples mudança de cor não será suficiente para clas sificar a es pécie como ácida. Tabela 2 - Alguns indicadores ácido-base Indicador Transição de cor pH de viragem Violeta de metila Amarelo - azul 0 - 1,6 Azul de bromofenol Amarelo - azul 3,0 - 4,6 Alaranjado de metila Vermelho - amarelo 3,1 - 4,4 Azul de bromotimol Amarelo - azul 6,0 - 7,6 Timolftaleína Incolor - azul 9,4 - 10,6 Amarelo de alizarina Amarelo - vermelho 10,1 - 12,0 Fonte: BACAN et.al., 1979. Ácidos e metais …uol.com.br/…/acidos-caracteristicas-e-p… 3/6 01/04/2011 Ácidos - Química - UOL Educação Para encerrar as discus sões propostas nes te texto, finalizamos com a reação dos ácidos com metais. A série de atividade dos metais (Tabela 3) apresenta os metais em ordem decrescente de atividade. O hidrogênio foi propositalmente incluído na s érie, para que possamos compreender a reação dos ácidos com metais . Qualquer metal acima do hidrogênio nessa série deslocará o hidrogênio de um ácido (SACKHEIM; LEHMAN, 2001). Os metais superiores s eriam aqueles que promoveriam tal reação com maior facilidade: Tabela 3 - Série de atividade dos metais K Potássio Ca Cálcio Na Sódio Mg Magnésio Al Alumínio Zn Zinco Fe Ferro Sn Estanho Pb Chumbo H Hidrogênio Cu Cobre Hg Mercúrio Ag Prata Au Ouro Para qualquer metal acima do hidrogênio, teríamos reação com ácidos, produzindo um s al e hidrogênio gasos o. Por exemplo: (Esquem a 5) Note porque os ácidos não podem ser armazenados em recipientes des ses metais ativos. Materiais cirúrgicos ou dentários, geralmente de aço inoxidável, não podem ser deixados na presença de ácidos , uma vez que estes materiais contêm ferro. Já os metais abaixo do hidrogênio na Tabela 3, não são capazes de subs tituir o hidrogênio no ácido. Ou seja, podemos es perar que a mis tura de cobre com ácido clorídrico não produza hidrogênio, e is so realmente ocorre: (Esquem a 6) É importante ressaltar que o fato de o cobre não reagir com ácido clorídrico não generaliza seu comportamento frente ao ataque ácido. Embora não liberem hidrogênio, eles reagem com ácidos oxidantes para formar produtos de redução dos ácidos …uol.com.br/…/acidos-caracteristicas-e-p… 4/6 01/04/2011 Ácidos - Química - UOL Educação oxidantes, os sais do respectivo metal e água: (Esquem a 7) A reatividade (espontânea) de certo metal com ácido (H+) oxidante para liberar H é determinada pela pos ição do metal na série eletromotriz. Quanto mais eletropositivo e combinado com condições extremas, que combinem temperatura, superfície de contato, concentração do ácido, dentre outras, podemos interferir na velocidade da reação entre as es pécies, como destacamos a s eguir: (Esquem a 8) Curiosidades Ácidos fortes atacam as roupas e a pele. Fibras vegetais (algodão, linho), animais (seda, lã) e sintéticas são rapidamente des truídas por ácidos fortes. O amarelamento da pele em contato com ácido nítrico é um teste específico para proteínas. Áreas da pele atacadas por ácido devem ser lavadas com água em abundância. Em s eguida, devem ser tratadas com bicarbonato de sódio, para neutralização de qualquer porção de ácido remanescente. Já ácidos diluídos e/ou fracos, podem ser até utilizados no interior do corpo. A abs orção de um medicamento está bas tante ass ociada ao seu caráter eletrolítico. Em geral, os medicamentos são mais bem absorvidos através do trato gastrointestinal quando se apresentam na forma não-ionizada. As sim, medicamentos fracamente ácidos s erão mantidos, na forma não-ionizada, no estômago, fracas ao s eu pH ácido, facilitando s ua absorção. Já um medicamento fracamente bás ico s erá bas tante ionizado no es tômago e, portanto, pouco absorvido. Um exemplo s eria a aspirina (ácido acetilsalicílico). Quando em s olução ácida, como no estômago, ela se apresenta mais de 90% na forma não ionizada; enquanto que em solução neutra, apenas 1%. As sim, podemos concluir que ela seria facilmente absorvida no es tômago (pH próximo de 2) e mais lentamente no intestino delgado, onde o pH é superior a 7. Bibliografia BACAN, N. et al. Química analítica quantitativa elementar. 2ª ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1979. KOTZ, J. C.; TREICHEL Jr, P. M. Química geral e reações químicas. 5ª ed. São Paulo: Thomson Learning, 2006. RUSSEL, J. B. Química geral. 2ª ed. São Paulo: Makron Books, 1994. V.1. SACKHEIM, G. I.; LEHMAN, D. D. Química e b ioquímica para ciências biomédicas. 8ª ed. São Paulo: Manole, 2001. *Erivanildo Lopes é professor assiste nte da Universidade Fe deral da Bahia . **Jacques A ntonio de Miranda é pro fesso r a djunto da Universidade Federal da Bahia. …uol.com.br/…/acidos-caracteristicas-e-p… 5/6 01/04/2011 Ácidos - Química - UOL Educação C opyright UO L. 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