O IBEU da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) Rejane de Oliveira Nazário1 Com o intuito de investigar a condição urbana de vida nas metrópoles brasileiras, a equipe de pesquisadores do Observatório das Metrópoles criou o Índice de Bem-Estar Urbano (IBEU), um instrumento de mensuração constituído por cinco dimensões concebidas por variáveis do Censo Demográfico de 2010, disponibilizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A primeira dimensão, a de mobilidade urbana (D1), refere-se ao indicador de deslocamento casa-trabalho, ou seja, à proporção de pessoas ocupadas que trabalham fora do domicílio e retornam para casa diariamente gastando até 1 hora nesse trajeto, tempo este considerado adequado. A segunda dimensão é a de condições ambientais urbanas (D2), concebida a partir de três indicadores relativos ao entorno dos domicílios2: o de arborização, que corresponde à proporção de pessoas que moram em domicílios cujo entorno possui essa característica; o de esgoto a céu aberto, que se equivale à proporção de pessoas que moram em domicílios cujo entorno não existe esgoto a céu aberto; e o indicador de lixo acumulado, que se refere à proporção de pessoas que moram em domicílios que não possuem lixo acumulado no entorno. A terceira dimensão é a de condições habitacionais urbanas (D3), compreendida por cinco indicadores: o indicador aglomerado subnormal corresponde à proporção de pessoas da área de ponderação que não mora em aglomerado subnormal3; o indicador de espécie do domicílio corresponde à proporção de pessoas em domicílios do tipo casa, casa de vila ou condomínio ou apartamento4; o indicador de densidade domiciliar representa a proporção de pessoas que estão 1 Mestre em Ciências Sociais (PPGCS/PUC Minas). Pesquisadora do Observatório das Metrópoles, bolsista do CNPq. 2 No indicador de arborização, o entorno abrange a face onde estão localizados os domicílios, a face confrontante e o canteiro central do logradouro; no caso dos indicadores de esgoto a céu aberto e de lixo acumulado, o entorno abrange a face onde se localizam os domicílios e a face confrontante. 3 Para construir esse indicador fez-se necessária a identificação dos setores censitários que correspondem ao aglomerado subnormal, conforme consta em base específica, divulgada pelo IBGE. Como essa base de aglomerados subnormais não capta situações de menos de 50 domicílios, utilizou-se outro indicador, que se refere à espécie do domicílio. 4 Esses tipos foram considerados adequados, já os domicílios classificados como habitação em casa de cômodo, cortiço ou cabeça de porco; tenda ou barraca; dentro de estabelecimento; e outro (vagão, trailer, gruta, etc.) foram considerados inadequados. 2 em domicílios cuja densidade é considerada adequada, isto é, de até 2 pessoas por dormitório; o indicador de densidade domiciliar morador/banheiro corresponde à proporção de pessoas que estão em domicílio de até 4 pessoas por banheiro, quantidade considerada adequada; e o indicador de material das paredes corresponde à proporção de pessoas que estão em domicílios cujas paredes externas são dos tipos considerados adequados, isto é, de alvenaria com revestimento ou madeira apropriada para construção (aparelhada). A dimensão seguinte é a de atendimento de serviços coletivos urbanos (D4), concebida a partir de quatro indicadores de atendimento adequado dos seguintes serviços: água, esgoto, energia e coleta de lixo. Considerando que a adequação está diretamente relacionada à existência de rede geral, tanto o indicador de atendimento adequado de água quanto o indicador de atendimento adequado de esgoto correspondem à proporção de pessoas que moram em domicílio com essa qualidade de atendimento. O atendimento adequado de energia é considerado quando há energia elétrica, portanto, o indicador relativo a esse serviço corresponde à proporção de pessoas que moram em domicílio com essa característica. O indicador de coleta de lixo corresponde à proporção de pessoas que moram em domicílio com coleta adequada de lixo, isto é, quando é coletado diretamente por serviço de limpeza ou colocado em caçamba em serviço de limpeza. Já a quinta dimensão, a de infraestrutura urbana (D5), é composta por sete indicadores: iluminação pública, pavimentação, calçada, meio-fio/guia, bueiro ou boca de lobo, rampa para cadeirantes e logradouros. Os indicadores correspondem, respectivamente, à proporção de pessoas que moram em domicílio: cujo entorno (a face onde se localizam os domicílios ou a face confrontante) possui iluminação pública; cujo logradouro possui pavimentação (asfalto, cimento, paralelepípedo etc.); que possui calçada na face do logradouro onde se localiza; que possui meiofio/guia na face do logradouro onde se localiza; cujo entorno (na face ou face confrontante) possui bueiro ou boca de lobo; que possui rampa de acesso a cadeira de rodas; e cujo logradouro possui identificação (OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES, 2013). Juntas, essas cinco dimensões compõe o índice (IBEU) que varia entre zero e um; quanto mais próximo de um, melhor é o índice e, portanto, mais bem-estar urbano. O índice se divide em três níveis, a partir dos seguintes intervalos: de 0 a 0,5 o resultado pode ser considerado como ruim ou péssimo; entre 0,5 e 0,8 o resultado ocupa posição intermediária e superior a 0,9 até 1,0 é considerado bom ou excelente. Para a sua elaboração, a equipe realizou uma análise comparativa entre os dados da população urbana dos 15 espaços considerados funcionalmente como 3 metrópoles, quais sejam: Belém, Belo Horizonte, Campinas, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Grande Vitória, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e RIDE-DF. Trata-se de uma análise relacional, denominada IBEU Global, que considera três tipos de escalas espaciais (as regiões metropolitanas, os municípios que integram essas regiões e as áreas de ponderação5 das metrópoles analisadas). Gráfico 1: Índice de Bem-Estar Urbano (IBEU) segundo as regiões metropolitanas do Brasil - 2010 Fonte: Censo Demográfico – IBGE, 2010. Elaborado pelo Observatório das Metrópoles. Na comparação entre as principais metrópoles brasileiras, excluindo Campinas, que se encontra em um nível superior, a RMBH ocupa a 6ª posição entre as que estão no nível intermediário. Por outro lado, está entre as três regiões metropolitanas que, mesmo com resultados acima, mais se aproximam da média alcançada pelo conjunto de metrópoles, conforme se verifica no gráfico acima. Além do IBEU Global, os pesquisadores criaram o IBEU Local, um índice que permite a comparação interna para cada região metropolitana analisada e até para as que não se configuram como metrópole, a partir das áreas de ponderação que as compõem. Portanto, neste texto analisamos a condição de vida urbana da RMBH, a 7ª melhor avaliada na comparação entre as 5 Áreas de ponderação são conjuntos de setores censitários que apresentam relativa homogeneidade demográfica e social, continuidade espacial e contiguidade municipal, isto é, não ultrapassam o limite administrativo do município (OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES, 2013). 4 principais metrópoles brasileiras, na escala intrametropolitana do IBEU Local, primeiro a partir das cinco dimensões do índice e, posteriormente, dos resultados gerais de bem-estar urbano. Análise intrametropolitana das cinco dimensões Na dimensão de mobilidade urbana (D1) a maioria das áreas de ponderação da RMBH encontra-se em situação, no mínimo, satisfatória. Contudo, parte considerável encontra-se em situação bastante precária visto que 46 áreas estão enquadradas no intervalo abaixo de 0,500, o equivalente a 24,4% da área urbana analisada. Mapa 1: Mobilidade urbana (D1 – Local) – RMBH/ 2010 Conforme é possível observar no mapa acima da mobilidade na região metropolitana, os melhores resultados se espalham entre o polo (Belo Horizonte) e vários pontos isolados, atingindo os municípios de Mateus Leme, Matozinhos, Nova Lima, Itaguara, Confins, Itatiaiuçu, Taquaraçu de Minas, Rio Manso e Florestal. Enquanto os piores se concentram em pontos 5 específicos da região metropolitana, sobretudo em áreas de conurbação entre Belo Horizonte e os municípios de Ribeirão das Neves, Esmeraldas, Vespasiano, Santa Luzia, além de pontos de divisa municipal em Contagem, Ibirité e Sarzedo. Nesse sentido, Ribeirão das Neves aparece como município concentrador de precariedade e Belo Horizonte se desponta como município representante da desigualdade intraurbana, já que possui uma quantidade relativamente semelhante de áreas classificadas no melhor e no pior índice da dimensão mobilidade urbana do IBEU. A RMBH na dimensão de condições ambientais urbanas (D2) não possui nenhuma área com resultado abaixo de 0,500. Além disso, como a maior parte das áreas de ponderação localizam-se nos dois níveis superiores do índice, essa dimensão é a segunda a apresentar os melhores resultados, posição superada apenas pela dimensão de atendimentos coletivos urbanos. Mapa 2: Condições ambientais urbanas (D2 – Local) – RMBH/ 2010 Acima, o mapa das condições ambientais urbanas revela que os piores resultados estão nos municípios de Santa Luzia, Ribeirão das Neves, Esmeraldas, Contagem, Betim, Ibirité e 6 Sarzedo, sobretudo em áreas de limite municipal. No mesmo sentido, em Belo Horizonte, os piores resultados estão na divisa com os municípios de Nova Lima e Sabará, destoando completamente dos elevados resultados alcançados pelas demais áreas. Entre as áreas classificadas no patamar mais baixo do índice, a única que foge a essa regra é Itatiaiuçu, município mais distante do núcleo da RMBH. No outro extremo, os melhores resultados na dimensão se concentram em Belo Horizonte e se localizam também nos municípios de Contagem, Baldim e Pedro Leopoldo. Na dimensão de condições habitacionais urbanas (D3) a RMBH possui apenas 10 áreas de ponderação no nível mais baixo do índice, o que representa 5,3% da área urbana. Mas a maioria não ultrapassa a média das áreas de ponderação que é um índice de 0,703, permanecendo na segunda faixa mais baixa do IBEU. Além disso, a elevação do nível do índice é inversamente proporcional à quantidade de áreas de ponderação no intervalo. Mapa 3: Condições habitacionais urbanas (D3 – Local) – RMBH/ 2010 7 No mapa acima é possível visualizar a distribuição espacial dos resultados da dimensão e perceber que, em municípios como Vespasiano, Santa Luzia, Ribeirão das Neves, Contagem e Betim e Ibirité os espaços de centralidade apresentam resultados melhores, mas grande parte da área urbana manifesta a precariedade da situação habitacional. É possível perceber como a baixa condição habitacional se estende da periferia metropolitana até municípios mais distantes do núcleo da RMBH, como Mário Campos, São Joaquim de Bicas, Igarapé, Juatuba, Rio Acima e Jaboticatubas. Mais uma vez, a condição do município de Ribeirão das Neves se destaca, já que se evidencia uma concentração da deficiência. A situação do município de Nova Lima também se mostra bastante peculiar, já que as áreas urbanas polarizam-se em dois intervalos do índice, enquanto as áreas mais próximas a porção sul de Belo Horizonte apresentam índices elevados, a porção mais distante e fronteiriça situa-se no segundo intervalo mais baixo do índice. A desigualdade territorial ainda é mais flagrante no município de Belo Horizonte que, apesar de concentrar resultados bons e excelentes, possui extensas áreas de precariedade, principalmente as mais próximas aos municípios de Santa Luzia e Ibirité, e pontos isolados encravados na porção mais central e no sentido sul da cidade. No centro de Belo Horizonte, áreas faveladas e de precariedade convivem com uma vizinhança de índices elevados, o mesmo se observa na divisa da cidade com os municípios de Nova Lima e Sabará, cujas áreas apresentam elevada precariedade. Na dimensão de atendimento de serviços coletivos urbanos (D4), por intermédio da representação espacial dos resultados, conforme mapa abaixo, observa-se que a maioria dos núcleos urbanos dos municípios registraram elevados índices de atendimento de serviços coletivos enquanto outros apresentam índices, no mínimo intermediários. Além de não existir áreas no intervalo abaixo de 0,501, 107 áreas de ponderação possuem resultados entre 0,800 e 1,000, o que representa 56,6% da área urbana metropolitana. As exceções referem-se aos municípios de Rio Manso, Mário Campos, São Joaquim de Bicas, Juatuba, Confins, Capim Branco e Jaboticatubas, cuja situação se mostra mais deficitária. Os municípios de Santa Luzia, Ribeirão das Neves e Betim, a despeito das centralidades de índices elevados, possuem áreas extensas de elevada deficiência nesta dimensão, tanto que algumas áreas desses municípios se incluem entre as 6 classificadas no nível mais inferior, entre 0,000 e 0,500. Entre as áreas com os piores resultados, o caso de Esmeraldas se destaca sobremaneira já que as duas áreas de ponderação nessa condição se equivale a 100% de área urbana municipal. A condição do 8 município de Belo Horizonte se destaca pela predominância de altos resultados no atendimento de serviços coletivos. Embora se estenda por áreas metropolitanas mais imediatas, essa condição na dimensão se contrapõe de maneira acentuada à situação dos demais municípios da RMBH. Mapa 4: Atendimento de serviços coletivos urbanas (D4 – Local) – RMBH/ 2010 Na RMBH, a dimensão de infraestrutura urbana (D5) que é composta por sete indicadores: iluminação pública, pavimentação, calçada, meio-fio/guia, bueiro ou boca de lobo, rampa para cadeirantes e logradouros, diferente das outras dimensões é a que apresenta comparativamente maior precariedade. E esta se distribui por toda a RMBH, visto que 43 áreas de ponderação no nível compreendido entre 0,000 e 0,500, o que equivale a 22,7% de toda a área urbana da região e, na segunda faixa mais baixa, compreendida entre 0,500 e 0,700 existem 85 espaços urbanos, 45% do total de áreas da RMBH. No nível mais baixo destaca-se a situação dos municípios de Baldim, Capim Branco, Esmeraldas, Jaboticatubas, Juatuba, Mário Campos, Mateus Leme, Nova União, Rio Manso, São Joaquim de Bicas, Taquaraçu de Minas, Ribeirão das Neves, Brumadinho, Ibirité, Igarapé, Vespasiano, Sabará e Santa Luzia. Ainda que todos 9 esses municípios estejam em condição semelhante, os resultados de algumas áreas de ponderação são alarmantes, pois estão abaixo ou bem abaixo de 0,400, como é o caso da área de Baldim (0,388), São Joaquim de Bicas (0,313), Jaboticatubas (0,271) e as de Esmeraldas (uma área com 0,205 e outra com 0,185). No outro extremo, o nível máximo, compreendido entre 0,901 e 1,000 é alcançado por apenas 3 áreas (1,6%), todas na região do centro ou da zona sul de Belo Horizonte. No segundo nível mais alto da dimensão de infraestrutura urbana encontram-se 10 áreas de ponderação, 9 de Belo Horizonte e 1 de Betim, que somam 5,3%. Mapa 5: Infraestrutura urbana (D5 – Local) – RMBH/ 2010 No mapa acima da dimensão, é possível perceber como as áreas mais precárias da dimensão se expandem à medida que se distancia do núcleo da metrópole, concentrando-se principalmente nas direções norte, oeste e sudoeste. Observa-se, além disso, que apenas uma parte de Pedro Leopoldo, Nova Lima, Betim e Contagem registrou resultados melhores. Sendo assim, é possível afirmar que a maior parte da área urbana é atingida pela precariedade de 10 infraestrutura, mas, por outro lado, prevalece uma condição extremamente desigual em áreas de alguns municípios. Os níveis de bem-estar urbano (IBEU) das áreas urbanas da RMBH As 189 áreas de ponderação da RMBH estão distribuídas da seguinte maneira entre os níveis do IBEU: no nível entre 0,000 a 0,500 encontram-se 7 áreas (3,7% da área urbana); no segundo nível mais baixo, existem 55 áreas (29,1%); no nível entre 0,701 e 0,800 concentram-se 70 áreas (37%), no segundo nível mais elevado, entre 0,801 e 0,900 estão 43 áreas (22,8%) e no nível mais elevado existem 14 áreas (7,4%). Ainda que a maioria das áreas de ponderação da RMBH (67,2%) apresente resultados, considerados, no mínimo, satisfatórios, parte expressiva delas (32,8%) registra níveis ruins ou muito ruins, revelando a disparidade interna existente. Essa distribuição dos índices do IBEU pelo território metropolitano pode ser visualizada no mapa 6. Mapa 6: Índice de Bem-Estar Urbano (IBEU - Local) – RMBH/ 2010 11 Os índices mais baixos do IBEU se concentram nos municípios de Esmeraldas, Ribeirão das Neves, Ibirité, Santa Luzia, Vespasiano e Sabará. Também estão localizados em municípios menores e mais distantes do núcleo da RMBH, como Jaboticatubas, Juatuba, Mário Campos, Mateus Leme, São Joaquim de Bicas e Igarapé. Por outro lado, percebe-se uma concentração dos melhores resultados do IBEU, sendo Belo Horizonte o único município da RMBH que possui áreas com resultados altíssimos. No nível abaixo, com resultados altos destaca-se os municípios de Florestal e Itaguara, cuja área urbana, na totalidade, é classificada nesse patamar. No mapa acima nota-se como a precariedade das condições de vida urbana está instalada nos municípios mais próximos de Belo Horizonte, no sentido norte, e como esta atinge porções de municípios nas direções oeste e sudoeste. Além disso, nos sentidos norte e leste, a fragilidade se manifesta de maneira bastante isolada, em apenas dois municípios: Jaboticatubas e Sabará. No extremo oposto, verifica-se a concentração de excelentes condições de vida urbana em áreas do polo e a expansão de boas condições no sentido sul até a divisa com o município de Nova Lima. Conclusões principais Ainda que, em recente pesquisa do Observatório, a RMBH figure entre as 7 metrópoles brasileiras melhor avaliadas no que se refere à condição urbana de vida, esta análise preliminar do IBEU-Local aponta grande desigualdade nas condições de vida entre os espaços urbanos que constituem essa metrópole. Se, de um lado há 57 áreas que apresentam níveis bom (0,801 a 0,900) ou muito bom (0,901 a 1,000) de bem-estar urbano e que agregam 36,2 % da população urbana da RMBH; do outro, há 62 áreas que apresentam níveis ruins (0,501 a 0,700) ou muito ruins (0,001 a 0,500), representando 27,4% da população. Quadro 1: Distribuição das áreas de ponderação da RMBH por níveis de bem-estar urbano segundo as dimensões do IBEU Local Níveis D1 D2 D3 D4 D5 Muito bom/ Bom 55 127 39 144 13 Médio 39 42 64 17 48 Muito ruim/ Ruim 95 20 86 28 128 Fonte: Censo Demográfico – IBGE, 2010. Elaborado pelo Observatório das Metrópoles. 12 Ao considerar, de maneira isolada, os índices alcançados pelos espaços urbanos da RMBH nas cinco dimensões que integram o IBEU, conforme quadro acima, percebe-se que a fragilidade é maior nas dimensões relativas à infraestrutura, à mobilidade e às condições habitacionais urbanas. Por outro lado, as dimensões referentes às condições ambientais e de atendimento de serviços coletivos aparecem como mais avançadas, ou seja, com maior capacidade de gerar qualidade de vida urbana. Ao longo da análise, percebe-se também que os espaços melhor posicionados localizam, principalmente, em Belo Horizonte (o polo da RMBH) e em municípios mais distantes do núcleo de expansão metropolitana como Florestal, Itaguara e Raposos. Por outro lado, os espaços que registram os piores resultados se localizam em municípios que fazem divisa com Belo Horizonte, entre eles Ibirité, Esmeraldas, Santa Luzia, Vespasiano e Ribeirão das Neves, estes últimos ainda se destacam pela concentração deficitária. Sendo assim, essa distribuição espacial dos resultados do IBEU denuncia a manutenção de um padrão desigual de recursos pela cidade, sendo o polo altamente dotado de recursos e as periferias metropolitanas, com evidente sobreposição de carências, sobretudo em áreas conurbadas com Belo Horizonte e caracterizadas como locais de moradia da população mais pobre. No caso das disparidades internas aos municípios, as mais evidentes e extremadas são registradas em Belo Horizonte, território que detém áreas extremamente precárias em diversas dimensões do IBEU muito próximas a áreas de elevada qualidade de vida urbana. Referências INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Demográfico – 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2012. OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES. Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia. IBEU Índice de Bem-Estar Urbano. RIBEIRO, Luiz César de Queiros; RIBEIRO, Marcelo Gomes (Org.). Rio de Janeiro: Letra Capital, 2013, 264 p. OBSERVATÓRIO das Metrópoles. Análise das Regiões Metropolitanas do Brasil. Relatório da Atividade 1: identificação dos espaços metropolitanos e construção de tipologias. Rio de Janeiro, Observatório das Metrópoles, 2005.