Universidade Estadual de Feira de Santana Licenciatura em

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Universidade Estadual de Feira de Santana
Licenciatura em Ciências Biológicas
Disciplina Docência em ciências: saber científico/saber escolar I
Docente: Claudia Sepulveda
ATIVIDADE EM GRUPO: “Avaliação de projeto de pesquisa”
A seguir, é apresentado, de forma resumida, o texto de apresentação de um projeto
de pesquisa, constando seus objetivos, o problema de pesquisa, um quadro teórico,
a metodologia, e os resultados esperados. O exercício que estamos propondo ao
grupo é o de que vocês se coloquem no lugar de consultores que devem emitir um
parecer sobre o projeto, se posicionando como favoráveis ou desfavoráveis à
concessão de financiamento por órgão público de financiamento á pesquisa.
RETRATO MOLECULAR DO BRASIL: FILOGEOGRAFIA DA POPULAÇÃO BRASILEIRA À
LUZ DA GENÉTICA MOLECULAR
INTRODUÇÃO
As origens do povo brasileiro já foram analisadas pela pesquisa histórica, sociológica e
antropológica, mas ainda não se buscou realizar uma reconstituição das nossas origens a partir das
ferramentas da genética molecular e da genética de populações. O objetivo desta pesquisa é,
portanto, mapear na população branca do Brasil atual as distribuições espaciais das linhagens
genealógicas ameríndias, europeias e africanas em um contexto histórico. Acredita-se que os
resultados possam levar a sociedade brasileira a valorizar mais a sua diversidade genética,
culminando em mais justiça e harmonia social.
QUADRO TEÓRICO
Esta pesquisa tem como base teórica a filogeografia – o campo de estudo dos princípios e
processos que governam a distribuição de linhagens genealógicas dentro de espécies, com ênfase
em fatores históricos. Contudo, além da análise fundamentada na história do Brasil e do Mundo,
este projeto integrará conhecimentos de demografia, geografia histórica e, principalmente,
conceitos da filogenética, da genética molecular e da genética de populações.
A genética molecular permite estudar populações atuais para fazer inferências históricas sobre
elas. Isso é possível através do estudo dos polimorfismos de DNA dessas populações, uma técnica
científica que tem se mostrado bastante confiável. Uma pesquisa de genealogia utilizando
polimorfismos é realizada através do estudo do segmento exclusivo do cromossomo Y e do DNA
mitocondrial, pois esses dois tipos de DNA possuem duas características que permitem uma
análise genealógica: ambos são herdados de apenas um dos pais; e ambos não trocam genes com
outros segmentos genômicos (não se recombinam). As mutações ocorridas durante a evolução
humana geraram variações (polimorfismos) dos haplótipos – blocos de genes do DNA mitocondrial
e do cromossomo Y transmitidos ás gerações - que servem como marcadores de linhagens.
Os estudos filogenéticos usando o cromossomo Y se baseiam no pressuposto de que todos os
haplótipos de cromossomos Y existentes hoje derivam de um haplótipo ancestral que estaria
presente entre os primeiros Homo sapiens. O conjunto inicial de genes foi sendo alterado por
mutações, o que gerou novos haplótipos, cada um comportando-se como uma linhagem evolutiva
diferente. Haplótipos intimamente relacionados formam os haplogrupos, que em geral têm
distribuição geográfica restrita. A classificação por DNA mitocondrial é bem mais complexa e as
linhagens de DNA mitocondrial se dividem em apenas três super-haplogrupos, com subdivisões.
O estudo das linhagens genealógicas na filogeografia não deve ser confundido com o estudo de
raças. Nesta pesquisa consideramos que raça é mais uma construção social e cultural do que
biológica. Apesar das diferenças físicas entre grupos étnicos, não houve diversificação suficiente
entre esses grupos para caracterizar raças no sentido biológico (Templeton, 1999). Contudo, o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ainda utiliza a classificação por raças da
população brasileira, usando o critério da cor da pele, por autoclassificação e os dados desse
órgão serão utilizados na realização desta pesquisa.
MÉTODO
Serão recolhidas amostras de DNA de 200 indivíduos da população das regiões Norte, Nordeste,
Sudeste e Sul do Brasil (50 indivíduos de cada região). Para evitar que essa escolha, em cada
região, afetasse os resultados, restringimos nossa amostra à população branca, majoritária no
Brasil (51,6%) – já que existem várias análises sobre a proporção de genes europeus em negros
brasileiros (SALZANO e FREIRE-MAIA, 1970), mas nenhum bom estudo da presença de linhagens
ameríndeas e africanas na população brasileira. As amostras de DNA serão obtidas de indivíduos
não aparentados, autoclassificados como brancos, escolhidos ao acaso entre universitários e
pacientes que se submeteram a estudos de determinação de paternidade.
Dois marcadores moleculares serão usados para estudar as linhagens genealógicas: o cromossomo
Y para as patrilinhagens e o DNA mitocondrial para as matrilinhagens. Comparações com estudos
realizados em populações de outros países permitirão estabelecer a origem geográfica da grande
maioria dessas linhagens genealógicas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
SALZANO F.M.; FREIRE-MAIA N. Problems in Human Biology. A Study of Brazilian Populations.
Wayne State University Press, Detroit. 1970
TEMPLETON, A.R. Human races: a genetic and evolutionary perspectives. American Antropologists,
v. 100, p. 632, 1999.
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