atividade elétrica dos músculos eretores da espinha antes

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Universidade do Vale Do Paraíba
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento
PRISCILA HELENA DA FONSECA LIMA
ATIVIDADE ELÉTRICA DOS MÚSCULOS ERETORES DA ESPINHA ANTES E APÓS
TRATAMENTO PARA HÉRNIA DE DISCO LOMBAR NA PISCINA AQUECIDA E NO SOLO
São José dos Campos, SP
2013
Priscila Helena da Fonseca Lima
ATIVIDADE ELÉTRICA DOS MÚSCULOS ERETORES DA ESPINHA ANTES E APÓS
TRATAMENTO PARA HÉRNIA DE DISCO LOMBAR NA PISCINA AQUECIDA E NO SOLO
Dissertação de Mestrado apresentado no Programa de
Pós Graduação em Bioengenharia do Instituto de
Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do Vale do
Paraíba como complementação dos créditos necessários
à obtenção do título de Mestre em Bioengenharia
Orientadora: Profa. Dra. Fernanda Pupio Silva Lima
São José dos Campos- SP
2013
TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE DIVULGAÇÃO DA OBRA
Ficha catalografica
L71a
Lima, Priscila Helena da Fonseca
Atividade elétrica dos músculos eretores da espinha antes e após
tratamento para hérnia de disco lombar na piscina aquecida e no solo / Priscila
Helena da Fonseca Lima; Orientadora: Profa. Dra. Fernanda Pupio Silva Lima.
– São José dos Campos, 2013.
46 p., 1 disco laser: Color
Universidade do Vale do Paraíba, Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento.
Programa de Pós-Graduação Bioengenharia.
Inclui referências
1. Bioengenharia. 2. Cinesioterapia Neuro-Sensório-Motora. 3. Hidroterapia.
4. Eletromiografia. I. Lima, Fernanda Pupio Silva, orient. II. Universidade do Vale
do Paraíba, Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento. Programa de PósGraduação Bioengenharia. III. Título.
CDU: 615.8
Eu, Priscila Helena da Fonseca Lima, autora da obra acima referenciada:
Autorizo a divulgação total ou parcial da obra impressa, digital ou fixada em outro tipo de
mídia, bem como, a sua reprodução total ou parcial, devendo o usuário da reprodução
atribuir os créditos ao autor da obra, citando a fonte.
São José dos Campos, 26 de agosto de 2013
_________________________________
Autor da Obra
Data da defesa: _____/_________________/__________
PRISCILA HELENA DA FONSECA LIMA
ATIVIDADE ELÉTRICA DOS MÚSCULOS ERETORES DA ESPINHA ANTES E APÓS
TRATAMENTO PARA HÉRNIA DE DISCO LOMBAR NA PISCINA AQUECIDA E NO SOLO
Dissertação de Mestrado aprovada como requisito parcial à obtenção de grau
de Mestre em Bioengenharia, do Programa de Pós-Graduação em
Bioengenharia, do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do
Vale do Paraíba, São José dos Campos, SP, pela seguinte banca
examinadora:
Presidente: Marco Antonio de Oliveira, Prof. Dr.(Univap)______________________
Orientadora: Fernanda Pupio Silva Lima Profa. Dra.(Univap) ___________________
Membro Externo: Tatiana de Sousa da Cunha Uchiyama, Profa. Dra.(Unifesp)____________
Profa. Dra. Sandra Maria Fonseca da Costa
Diretora do IP&D – UNIVAP
São José dos Campos, 05 de julho de 2013.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha mãe Goretti e Darlane
Caldas, que sempre acreditaram em mim, me
ajudaram e me deram forças. Sem vocês não teria
conseguido. Obrigada por tudo! Amo vocês!
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus que me deu a oportunidade de chegar até aqui. Ele se
mostrou muito presente iluminando meu caminho, dando-me forças e capacidade
para enfrentar todas as situações. Agradeço a minha linda mãe Maria Goretti que
me apoiou durante todos esses anos, que nem um momento me deixou sozinha,
sempre me apoiou me dando amor, carinho, paciência e dedicação e toda força
necessária para seguir em frente. Te amo muito!! E ao meu pai Jubery Júnior pelo
apoio no início do curso.
Agradeço a minha amiga irmã Darlane que deu forças, apoio e incentivo
nos momentos de dificuldade que enfrentei.
Em especial à Dra. Fernanda Pupio mais que orientadora, uma amiga, que me
ensinou através da palavra e do exemplo que a busca do conhecimento deve ser
contínua. Minha imensa gratidão pelo carinho, dedicação e disponibilidade. Obrigada
por tudo!
A minha tia Dalva, Dona Graça Mesquita e Tia Almerita pelas suas orações,
carinho e amor.
As minhas amigas eternas, Isabella Mendes, Elizabeth, Cynthia Coutinho,
Maria Helena Mesquita, pelo carinho, pela amizade sincera e ajuda em todos os
momentos.
A minha amiga Ismênia por acreditar sempre em mim, por proporcionar essa
minha formação. Você é muito especial!
Enfim, a todos aqueles que sempre estiveram por perto, me apoiando e
torcendo por mim.
Uma longa viagem começa com um único passo
Lao-tsé
ATIVIDADE ELÉTRICA DOS MÚSCULOS ERETORES DA ESPINHA ANTES E APÓS
TRATAMENTO PARA HÉRNIA DE DISCO LOMBAR NA PISCINA AQUECIDA E NO SOLO
RESUMO
Introdução: A hérnia de disco provoca, na maioria dos casos, desordens músculo
esquelética. A cinesioterapia realizada no solo e na piscina aquecida é um dos
recursos comumente utilizados na prática clínica para promover o relaxamento
muscular, entre outros benefícios terapêuticos. Objetivos: Avaliar a atividade
elétrica dos músculos eretores da espinha, em indivíduos com hérnia de disco
lombar, antes e após exercícios terapêuticos realizados no solo e na piscina.
Método: Participaram do estudo, 18 indivíduos, com idade média de 49,7±17,6
anos, divididos em dois grupos: G1: composto por indivíduos com hérnia de disco
lombar; G2: grupo controle, composto por indivíduos sem acometimentos na coluna
vertebral, submetidos apenas à avaliação da atividade mioelétrica. Cada indivíduo
com hérnia de disco realizou um protocolo de exercícios cinesioterapêuticos no solo
e na piscina aquecida, visando o relaxamento muscular. Antes e após o
atendimento, foi realizada a eletromiografia dos eretores da espinha. Resultados:
Observou-se o aumento da atividade elétrica muscular dos voluntários com hérnia
de disco em comparação com o grupo controle, considerando o nível de
significância< 0,05. Não houve diferença significativa antes e após um atendimento
no solo e na piscina terapêutica. Conclusões: A atividade elétrica dos músculos
eretores da espinha foi mantida após a realização de exercícios terapêuticos
propostos, no solo e na piscina terapêutica, em um único atendimento. Verificou-se o
aumento da atividade elétrica muscular em indivíduos com hérnia de disco em
comparação com o grupo controle. A hidroterapia foi mais eficaz na redução do
quadro álgico em comparação com o tratamento no solo.
Palavras-Chave: cinesioterapia, hidroterapia, eletromiografia.
ELECTRICAL ACTIVITY OF SPINE ERECTOR MUSCLES BEFORE AND AFTER
TREATMENT FOR LUMBAR DISK HERNIA IN HEATED POOL AND GROUNDO
ABSTRACT
Introduction: The disc herniation causes, in most cases, musculoskeletal disorders.
The kinesiotherapy performed on the ground and in heated pool is one of the
resources commonly used in clinical practice to promote muscle relaxation and other
therapeutic benefits. Objectives: Evaluate the electrical activity of the erector spinae
muscles of patients with lumbar disc herniation before and after therapeutic exercises
performed on the ground and in the pool. Methods: The study included 18
individuals with a mean age of 49,7±17,6 years, divided into two groups: G1:
composed of individuals with lumbar disc herniation; G2: a control group of
individuals with no vertebral spine injures involved, submitted only to the myoelectric
activity evaluation. Each individual with disc herniation performed a kinesiotherapic
exercise protocol on the ground and in the heated pool intended to muscle relaxation.
Before and after treatment, the erector spinae electromyography was performed.
Results: We observed an increase in muscle electrical activity of the volunteers with
disc herniated compared with the control group, considering the level of significance
< 0,05. There was no significant difference before and after an appointment done on
the ground and in the therapeutic pool. Conclusions: The electrical activity of the
erector spinae muscles was maintained after performing the therapeutic exercises
proposed on the ground and in therapeutic pool, in a single appointment. It was
found an increase in muscle electrical activity of patients with disc herniation
compared to the control group. Hydrotherapy was more effectivein reducing thepain
symptoms incomparison to treatmenton the ground.
Keywords: kinesiotherapy, hydrotherapy, electromyography.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Estruturas vertebrais ................................................................................ 17
Figura 2: Curvaturas da coluna vertebral ................................................................ 18
Figura 3: Hérnia de disco lombar............................................................................. 22
Figura 4: Trajeto da dor ciática ................................................................................ 23
Figura 5: Sinal eletromiográfico durante os movimentos de flexão e extensão do
tronco ....................................................................................................... 25
Figura 6: Eletromiógrafo .......................................................................................... 26
Figura 7: Setor de Hidroterapia ............................................................................... 28
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: Comparativo entre a atividade elétrica muscular do Grupo 1 (solo) antes
e depois e Grupo 2 (controle) durante o repouso. .................................. 31
Gráfico 2: Comparativo entre a atividade elétrica muscular do Grupo 1 (solo) antes
e depois e Grupo 2 (controle) durante o movimento de flexão e extensão
de tronco. ............................................................................................... 31
Gráfico 3: Comparativo entre a atividade elétrica muscular do Grupo 1
(hidroterapia) antes e depois e Grupo 2 (controle) durante o repouso. .. 32
Gráfico 4: Comparativo entre a atividade elétrica muscular do Grupo 1
(hidroterapia) antes e depois e Grupo 2 (controle) durante o movimento
de flexão e extensão do tronco. ............................................................. 32
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Características da amostra. ...................................................................... 30
Tabela 2: Escala Visual Analógica da dor (EVA). ..................................................... 30
Tabela 3: Comparação entre o Grupo 1 (solo) e Grupo 2 (controle). ....................... 31
Tabela 4: Comparação entre o G1 (piscina terapêutica) e G2.................................. 32
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14
2 OBJETIVO.............................................................................................................. 16
2.1Objetivo Geral .............................................................................................. 16
2.2Objetivos Específicos ................................................................................... 16
3 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 17
3.1Anatomia da Coluna Vertebral .................................................................... 17
3.1.1Discos intervertebrais ............................................................................... 18
3.1.2Músculo da coluna lombar ........................................................................ 19
4 HÉRNIA DE DISCO ............................................................................................... 21
4.1Tratamento................................................................................................... 23
4.2 Eletromiografia ............................................................................................ 24
5 MATERIAS E MÉTODO ......................................................................................... 26
5.1 Coleta de dados .......................................................................................... 27
5.2 Protocolo de tratamento .............................................................................. 28
5.3 Análises de dados....................................................................................... 29
6 RESULTADOS ....................................................................................................... 30
7 DISCUSSAO .......................................................................................................... 33
8 CONCLUSÃO......................................................................................................... 36
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 37
APÊNDICE A: VALORES DE RMS ........................................................................... 44
ANEXO A: COMITÊ DE ÉTICA ................................................................................. 45
14
1 INTRODUÇÃO
A hérnia de disco é uma doença incapacitante que, frequentemente,
promove quadro álgico e desordens musculoesqueléticas, incluindo o espasmo
muscular, que interfere negativamente na função sensório-motora e na qualidade de
vida (SINIKALLIO et al., 2010). Segundo Carvalho et al. (2010), a dor decorrente de
disfunções da coluna vertebral afeta o desempenho profissional do indivíduo,
limitando-o em suas atividades laborais.
Os músculos eretores da espinha têm uma importante função na
manutenção da postura ereta e na redução da sobrecarga sobre os discos
intervertebrais, ligamentos, cápsula articular e nervos (CARDOZO; GONÇALVES,
2003). Estudos realizados por Parkkola, Rytökoski e Kormano (1993), demonstraram
que os músculos eretores da espinha de pessoas com hérnia de disco apresentamse atrofiados. Observa-se que nos casos em que há presença de dor lombar, além
da atrofia, ocorre redução da força e resistência muscular, e consequentemente, o
comprometimento da capacidade funcional e da estabilização da coluna vertebral
(JOHANSON et al., 2011).
O aumento do tônus muscular é observado em regiões dolorosas (ROLAND,
1986). O espasmo muscular pode gerar dor por meio de um ciclo vicioso - dor e
espasmo (LUND et al., 1991; SIMONS; MENSE, 1998). JOHANSSON, SOJKA
(1991) acreditam que o espasmo muscular ocorre devido ao aumento da atividade
do reflexo de estiramento, por meio da excitação das fibras do motoneurônio gama.
Outras consequências da hérnia de disco são observadas: alterações posturais, em
decorrência do défict do equilibrio postural (KANG, WHEELER, PICKAR, 2001),
comprometimento doinput proprioceptivonas regiões da coluna vertebral e membros
inferiores (DEVOR, 2001), e assimetria de membros inferiores (KRAMER et al.,
2005).
Geralmente, os pacientes com hérnia de disco primeiramente realizam
tratamento conservador, associados ou não ao uso de anti-inflamatórios. Caso não
sejam obtidos resultados satisfatórios com o tratamento conservador, é necessária a
intervenção cirúrgica (VIALLE et al., 2010). Entretanto, mesmo após a cirurgia, a dor
lombar pode persistir ou até mesmo tornar-se pior (OZER et al., 2013).
O tratamento conservador inclui a fisioterapia, que propõe a utilização de
recursos terapêuticos, como o Ultra Som, Estimulação Elétrica Transcutânea (TENS)
15
(BLOODWORTH et al., 2004), calor (LEWIS et al., 2011), realização da
cinesioterapia no ambiente aquático ou no solo (WAJCHEMBERG et al., 2002),
dentre outros, principalmente com o objetivo de analgesia e relaxamento muscular
por meio de exercícios e alongamentos (KHADILKAR et al., 2010).
De acordo com Poyhonen et al. (2001), a terapia aquática é amplamente
utilizada nos pacientes em reabilitação, especialmente quando os exercícios
realizados sob a ação da gravidade tornam-se difíceis e dolorosos. Olson et al.
(2013) relatam que a hidroterapia é eficaz na redução do quadro álgico. Biasoli e
Machado (2006) relatam que a hidroterapia é um recurso que oferece algumas
vantagens em relação ao tratamento realizado no solo em virtude dos princípios
físicos presentes durante a imersão como efeito do calor, que favorece o
relaxamento muscular.
Monnerate Pereira (2010) verificaram a influência da mobilização neural
sobre a dor e a incapacidade funcional em indivíduos com hérnia de disco, por meio
da escala visual analógica da dor, e demonstrou que a técnica de mobilização neural
produziu uma melhora na dor e na capacidade funcional. Dacca e Sagrado (2000)
utilizaram a Reeducação Postural Global, técnica baseada nos princípios da
cinesioterapia, e verificaram a redução da dor, aumento da amplitude de movimento
e fortalecimento muscular de pacientes com hérnia de disco. Estudo foi realizado
para verificar a eficácia dos métodos Back School e Mckenzie, aplicados em
pacientes com dor lombar crônica não específica, considerando os seguintes
parâmetros: amplitude de movimento (ADM) de flexão de coluna, intensidade da dor
e desempenho funcional. Os resultados demonstraram o alívio da dor e melhora do
desempenho funcional. Não houve alteração da ADM após a realização do
tratamento (ALESSANDRA et al., 2011).
Segundo Oliveira, Blanco e Facci (2011), a cinesioterapia realizada no solo e
na água promoveu redução significativa da intensidade da dor, bem como houve
significativo aumento de capacidade funcional, flexibilidade e qualidade de vida de
pacientes com lombalgia crônica não específica. Waller, Lambeck e Daly (2009) e
Olson et al. (2013) não relataram diferenças significativas entre os exercícios
realizados nesses dois diferentes meios.
Para o estudo da atividade elétrica muscular, pode ser utilizado o
eletromiógrafo, que contribui e fornece subsídios para o planejamento de condutas
16
terapêuticas eficazes e seguras (KRAMER et al., 2005), também com aplicabilidade
na avaliação da fadiga muscular (BARBOSA; GONÇALVES, 2005).
17
2 OBJETIVO
2.1 Objetivo Geral
Avaliar a atividade elétrica muscular e a intensidade da dor lombar de
pacientes com o diagnóstico de hérnia de disco, antes e após a prática de exercícios
cinesioterapêuticos.
2.2 Objetivos Específicos
 Avaliar e comparar a atividade elétrica dos músculos eretores da espinha
de pacientes com o diagnóstico de hérnia de disco lombar com grupo
controle, constituído por indivíduos sem disfunções na coluna vertebral.
 Avaliara atividade elétrica dos músculos eretores da espinha e a
intensidade da dor lombar antes e após a aplicação de protocolo de
tratamento na piscina terapêutica e no solo.
 Comparar os resultados obtidos após aplicação dos protocolos de
tratamento no solo e na piscina terapêutica.
18
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 Anatomia da coluna vertebral
A coluna vertebral é constituída por um conjunto de 33 vértebras, dispostas
de forma linear, intercaladas entre si por estruturas cartilaginosas chamadas de
discos intervertebrais. As vertebras são divididas de acordo com a região funcional
da coluna vertebral, sendo 07 cervicais, 12 torácicas, 05 lombares e 04 coccígea. Os
discos intervertebrais, por serem flexíveis, apresentam a função de manutenção dos
movimentos do tronco (MOORE; DALLEY, 2007).
A vértebra é formada por um corpo vertebral, um arco posterior, canal
vertebral, por facetas articulares, pedículos e lâminas. Nas vértebras lombares,
devido à altura do corpo vertebral, ocorre a formação do orifício de conjugação, pois
o canal medular impede o disco de ter contato com a raiz nervosa (Figura 1)
(KNOPLICH, 2003).
Figura 1: Estruturas vertebrais
Fonte: Netter (2000)
No contexto da mobilidade existem dois tipos de articulações na coluna
vertebral: diartroses e anfiartroses. As diartroses são articulações verdadeiras, que
contém superfície cartilaginosa, líquido sinovial e cápsula articular, e permite
19
movimentação ampla; e as anfiartroses, consideradas como articulações não
verdadeiras, devido ao seu limitado grau de movimentação (KNOPLICH, 2003).
As curvaturas fisiológicas da coluna vertebral dispõem-se da seguinte forma:
cifose dorsal e sacrococcígea, lordose lombar e cervical (Figura 2). São essas
curvaturas que mantém a posição estática e dinâmica, protegendo assim os
elementos neurais contra pequenos impactos. Existem algumas alterações da
coluna vertebral, baseadas principalmente no alinhamento e na curvatura normal da
coluna, por exemplo, na coluna cervical o aumento de lordose e uma retificação, na
coluna dorsal uma retificação da cifose e a presença de escoliose e na região
lombar verifica-se a presença de hiperlordose (CARVALHO, 2010).
Figura 2: Curvaturas da coluna vertebral
Fonte: Netter (2000)
3.1.1 Discos intervertebrais
O disco intervertebral é formado por uma estrutura de anéis, compostos por
fibras de colágeno; as fibras internas são conectadas às placas cartilaginosas,
enquanto as fibras externas são conectadas à estrutura óssea vertebral
(RODRIGUES et al., 2011). Essa estrutura encontra-se dividida em duas partes,
uma central, o núcleo pulposo e uma periférica, o anel fibroso. O anel fibroso
constitui-se de um conjunto de fibras concêntricas e o núcleo pulposo é constituído
20
por substâncias gelatinosas. O núcleo pulposo é formado por uma camada interna,
elástica e macia. O núcleo e as fibras internas transmitem força de vértebra a
vértebra durante a compressão, causando uma deflexão das placas na vértebra.
Com excesso de compressão pode levar à fraturas das placas terminais, isso em
atividades que possam ter cargas rápidas e com fraqueza na placa vertebral
(RODRIGUES et al., 2011).
Os discos intervertebrais estão situados entre os corpos vertebrais, contendo
ao todo 23 discos em toda a coluna. Nas regiões cervicais, entre as vertebras C1 e
C2, e sacro-coccígea não há presença do anel fibroso e o platô vertebral é formado
de cartilagem hialina. O núcleo pulposo ocupa cerca de 40 a 60% do disco
localizado no centro do platô na parte mais externa do disco, composta 90% de água
e de fibras de colágeno tipo II. Quando os discos intervertebrais sofrem um impacto
severo, a água e as substâncias gelatinosas do núcleo pulposo saem por meio das
fendas situadas no platô vertebral, ocorrendo uma desidratação do núcleo, que pode
se recuperar após uma noite bem dormida, quando fisiologicamente os discos
intervertebrais atraem para si água e nutrientes dos corpos vertebrais voltando a sua
forma normal (BEGONHA, 2009; CARLOS, 2010).
De acordo com Oliveira, Blanco e Facci (2011), existe uma pressão exercida
sobre os discos intervertebrais, principalmente na região próxima do sacro. O núcleo
atua como distribuidor dessa pressão, em sentido horizontal sobre o anel, ele
suporta 75% dessa pressão e o anel apenas 25%. A flexibilidade da coluna é
perdida com o avanço da idade do ser humano, com isso diminui as capacidades
hidrófilas, a sua pressão interna diminui e desaparece o estado de pré-tensão.
Segundo Roh et al. (2005), o disco intervertebral é um componente principal
para estabilização e alinhamento normal da coluna vertebral. Sua estrutura e
composição do disco suporta a função do segmento, distribui cargas e promove
flexibilidade da coluna. Esse disco sofre cargas mecânicas repetitivas ao longo do
tempo, como micro ou macrotrauma, pode sofrer mudanças no metabolismo,
nutrição celular e acaba sofrendo degeneração bioquímica, essa desidratação leva
alterações na integridade do disco intervertebral, que pode apresentar condições
patológicas lombares.
21
3.1.2 Músculos da coluna lombar
Para a estabilidade da coluna vertebral é importante que ela seja constituída
pelas vértebras, ligamentos, discos intervertebrais, articulações, músculos e
tendões, que promovem suporte, estabilidade e rigidez. Além disso, promove a
postura adequada para as situações normais dos movimentos do dia-a-dia
(FRANÇA et al., 2008; CARNEIRO, SOUSA, MUNARO, 2005).
De acordo com Gouveia e Gouveia (2008), os músculos da coluna lombar
são divididos em músculos profundos e músculos superficiais, onde os músculos
abdominais e os paravertebrais são responsáveis pela manutenção da curvatura
lombar, fornecem sustentação e auxiliam na postura normal da pelve e da coluna
vertebral.
Os músculos eretores da espinha estão divididos em três segmentos:
íliocostal (flexão lateral e rotação da coluna), longo (extensão, flexão lateral e
rotação) e espinhal (extensão da coluna). Estes têm suas funções auxiliadas pelos
músculos interespinhais, intertransversos e rotadores, que impedem a rotação da
coluna vertebral quando há contração muscular (OLIVEIRA, BLANCO, FACCI,
2011). Com isso, esses músculos eretores da espinha, são responsáveis pela
integridade física e funcional da coluna, atuando de forma estática ou quase estática
durante a maior parte do dia, mesmo com a presença de dores musculares,
mantendo a sustentação da coluna vertebral. O sinergismo entre os grupos
musculares proporciona redução da compressão dos discos intervertebrais,
minimizando as dores lombares.
As lesões na coluna lombar têm adquirido importância nas últimas décadas,
por apresentar suas disfunções, invalidez e aspectos socioeconômicos, acometendo
principalmente pessoas em idade produtiva, frequentemente entre os 35 e 40 anos
(ORTIZ e ABREU, 2000).
22
4 HÉRNIA DE DISCO
A hérnia de disco é uma doença que acomete os discos intervertebrais da
coluna vertebral, com prevalência na região lombar, na qual agride e impede as
estruturas articulares, alterando o funcionamento biomecânico da região e das
propriedades naturais dos tecidos adjacentes (PIRES, 2008). A hérnia de disco pode
ser definida também como uma herniação do núcleo pulposo, que está localizada no
centro do disco onde ocorrerá seu deslocamento do centro para a periferia, que
pode ser protrusão, sem rompimento das fibras, extrusa, onde há um rompimento
das fibras, mas não extravasa o canal medular, e/ou sequestradas, ocorrendo o
rompimento das fibras com extravasamento do núcleo em direção ao canal medular,
constituindo-se uma das principais causas de dores na coluna vertebral (VIALLE et
al., 2010).
Suas causas ocorrem por diversos fatores entre eles, traumas, esforço
repetitivo, sobrecarga, fatores genéticos, má postura, senescências, tensão
prolongada, ou disfunções biomecânicas não corrigidas (SANTOS, 2003).
Determinados fatores de riscos são decisivos para uma degeneração do disco
dando início o processo de hérniação discal, comprometendo assim a qualidade de
vida do individuo acometido por essa doença. Quando uma herniação se desloca
para região póstero-lateral da coluna haverá uma compressão ou estiramento da
raiz nervosa que sai do forame intervertebral do disco (PIRES, 2008).
23
Figura 3: Hérnia de disco lombar
Fonte: Aprendendo anatomia (2009)
As manifestações clínicas da hérnia de disco lombar, sendo ou não irradiada
para o dermátomo correspondente, são precedidas de sinal de Lasegue e Tensão
do Ciático positiva, estando intimamente relacionadas com as alterações
fisiopatológicas dos nervos das regiões lombar e sacral. Clinicamente, pode
ocasionar dor e disfunção da raiz nervosa comprometida, sendo suas possíveis
manifestações: dor irradiada no trajeto nervoso acometido (Figura 4), disfunção
nervosa, alterações motoras, sensitivas e dos reflexos relacionados com a
respectiva raiz, perda de força. Há uma controvérsia entre alguns estudos em
relação à mudança de decúbito onde ocorre piora da dor quanto à posição sentada e
inclinada, melhorando ou não posição ortostática ou deitada (GRAVA et al., 2008).
24
Figura 4: Trajeto da dor ciática
Fonte: Thomaz (2013)
Dessa forma, a hérnia discal é uma síndrome de dor neuropática, causada
pela inflamação da raiz nervosa. Em decorrência desta inflamação poderá ocorrer
uma isquemia no local herniado, que conduz informações sensitivas de dor à
membrana celular. No entanto, dependendo do tipo da herniação (extrusas ou não
extrusas) vai ocorrer uma diferença nos níveis inflamatórios. Para as hérnias
extrusas, acredita-se que a protrusão do ligamento longitudinal posterior expõe o
canal vascular do espaço epidural, e as células inflamatórias originadas desses
vasos podem ter um papel importante na irritação da raiz nervosa induzindo a dor.
Isso pode explicar por que hérnias extrusas têm maior comprometimento clínico e
maior frequência de reabsorção. Dessa forma pode-se afirmar que em pacientes
com hérnias contidas prevalece o efeito compressivo e em pacientes com hérnias
não contidas - extrusas - predomina o componente inflamatório (VIALLE et al.,
2010).
4.1. Tratamento
O tratamento de pacientes com diagnóstico de hérnia de disco geralmente é
conservador, por meio da fisioterapia associada ou não ao uso de anti-inflamatórios
(WAJCHEMBERG et al., 2002). Caso não sejam obtidos resultados satisfatórios com
o tratamento conservador, ou dependendo da gravidade do quadro clínico, é
necessária a intervenção cirúrgica. (NEGRELLI, 2001; VIALLE, et al., 2010;MILANI,
25
et al., 2009). Nesse caso, o tratamento fisioterapêutico pode ser realizado antes e
após o procedimento cirúrgico (WAJCHEMBERG et al., 2002).
A intervenção terapêutica tem o objetivo de promover a estabilidade da
coluna vertebral e evitar o reaparecimento dos sintomas (SANTOS, 2003;
WAJCHEMBERG et al., 2002).
Atualmente, entre os métodos mais utilizados no tratamento da hérnia de
disco lombar encontram-se a eletroterapia como Ultra Som, Estimulação Elétrica
Transcutânea–Tens (SOUZA, 2008; MONNERAT; PEREIRA, 2010; OLIVEIRA,
BLANCO, FACCI, 2011; BLOODWORTH et al., 2013), calor (LEWIS et al., 2011),
realização da cinesioterapia no ambiente aquático ou no solo (WAJCHEMBERG et
al., 2002). Algumas técnicas também tem sido utilizadas, como mobilização neural
(MONNERAT; PEREIRA, 2010); Reeducação Postural Global (DACCA, SAGRADO,
2000) e Terapia Manual (KAWANISHI et al., 2011).
Para realizar os movimentos sem dor faz-se necessária uma boa integridade
do corpo, requerendo assim flexibilidade ou extensibilidade dos tecidos moles que
cruzam ou cercam as articulações (músculos, tendões, fáscias, capsulas,
articulações e pele). Quando a mobilidade de uma articulação está comprometida,
ocorre o aumento do risco de lesão ou de recidivas (MORENO et al., 2007).
Um dos objetivos dos exercícios cinesioterapêuticos é aumentar a
mobilidade e flexibilidade de estruturas hipomóveis por meio de manobras de
relaxamento e alongamento muscular que promovam melhora da amplitude de
movimento da estrutura comprometida (SECCO, 2004; KISNER; COLBY, 2005).
Os exercícios de alongamento promovem benefícios importantes para
manutenção da flexibilidade dos músculos, por meio da redução do estresse e a
tensão muscular. Como resultado observa-se o relaxamento muscular e aumento do
fluxo sanguíneo, redução do quadro álgico. Um músculo bem alongado reduz a
sobrecarga na coluna vertebral, melhora a capacidade de sustentação de peso,
diminui o estresse físico, restabelece a amplitude dos movimentos (ADM) normal das
articulações e a mobilidade dos tecidos moles que as cercam, previnem contraturas
irreversíveis, além de corrigir alterações posturais (AYRES, BERTO, AIRES, 2011;
GODINHO, CORDEIRO, COIMBRA, 2012; SOUZA, 2008).
A hidroterapia vem sendo amplamente indicada para pacientes com hérnia
de disco por possuir propriedades físicas importantes que auxiliam no seu
tratamento proporcionando o alívio da dor, melhora da postura e mobilidade. A
26
reabilitação aquática é utilizada como tratamento conservador; se bem executada
pode-se evitar uma intervenção cirúrgica, e apresenta um índice de sucesso de
cerca 80% (FALAVIGNA et al., 2010).
Biasoli e Machado (2006) indicam que os efeitos fisiológicos da água
aquecida oferecem vários benefícios durante a imersão, que proporciona um melhor
relaxamento, a analgesia, redução do impacto nas articulações. Isso ocorre devido
às várias propriedades físicas da água como: densidade relativa, que promove
flutuação de um corpo ou um objeto; a força de empuxo, uma força que ocorre em
sentido oposto ao da gravidade; tensão superficial, que atua na resistência ao
músculo e pressão hidrostática, que exerce uma pressão no objeto em imersão.
Os exercícios aquáticos são utilizados em programas de reabilitação e
prevenção, por reduzir o estresse de impacto e minimiza o decréscimo ou do
desempenho durante a recuperação de uma lesão. (HANPENTHAL et al.,2010).
4.2.Eletromiografia
A eletromiografia é uma técnica de monitoramento de atividades bioelétricas
das membranas excitáveis, representando a medida dos potenciais de ação do
sarconema. O sinal eletromiográfico é a soma de todos os sinais emitidos pela
ativação das fibras musculares e detectados em certa área. Diversos fatores podem
influenciar na coleta do sinal eletromiográfico, como as propriedades musculares,
anatômicas e fisiológicas, assim como pelo controle do sistema nervoso periférico,
além da instrumentação utilizada para aquisição desses sinais (ENOKA, 2000).
O sinal eletromiográfico é adquirido por um eletromiógrafo, onde a informação
bioelétrica é captada e posteriormente transmitida a um computador. Certos
parâmetros como frequência de amostragem, componentes como eletrodo,
amplificadores, filtro, conversor analógico/digital, além do equipamento de
armazenagem dos dados, devem ser ajustados na aquisição dos dados
(MARCHETTI; DUARTE, 2006).
Existem vários tipos de eletrodos, para diferentes tipos de aquisição, tarefa,
natureza da pesquisa e músculo específico. Nos músculos profundos ou pequenos
podem ser utilizados eletrodos de fio ou de agulha, para análise das unidades
motoras específicas. Os eletrodos de superfície são aderidos à pele, que constitui
uma superfície para captar a corrente por interface pele-eletrodo. Os eletrodos
27
necessitam de um gel eletrolítico para aumentar contato com a pele (DE LUCA,
1997).
A avaliação eletromiográfica é uma ferramenta importante na área clínica por
fornecer informações relevantes na ativação muscular quanto a intensidade de
ativação e variabilidade de ciclo a ciclo (MARCHETTI; DUARTE, 2006), que contribui
para o planejamento do tratamento e acompanhamento da evolução dos pacientes
(BALBINOT, GARBINO, RIBEIRO, 2010).
Figura 5: Sinal eletromiográfico durante os movimentos de flexão e extensão do tronco
28
5 MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada nos setores de Hidroterapia e Ortopedia da Faculdade
de Ciências da Saúde da Universidade do Vale do Paraíba – Univap, após
aprovação do projeto pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) sob o número CAAE
06680312.6.0000.0077, e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido
pelos voluntários.
Por meio de um único atendimento, participaram do estudo 18 voluntários, de
ambos os gêneros, com idade média de 49,7±17,6 anos, divididos em dois grupos:
- G1 (grupo experimental): composto por 9 indivíduos com diagnóstico médico
de hérnia de disco lombar;
- G2 (grupo controle):composto por 9 indivíduos sem disfunções na coluna
vertebral , submetidos somente a avaliação da atividade eletromiográfica.
Foram considerados os seguintes critérios de inclusão: indivíduos com o
diagnóstico médico de hérnia de disco na região lombar. Foram excluídos do estudo
indivíduos que apresentavam doenças neuro degenerativas e/ou doenças
progressivas, cirurgia na coluna vertebral e contra indicações absolutas para entrada
na piscina como lesões no tecido tegumentar; infecção urinária, febre, insuficiência
respiratória ou renal grave e pressão arterial sistêmica não controlada.
Os voluntários do G1 participaram de um mesmo protocolo de exercícios
aplicado em dois ambientes distintos, na piscina terapêutica e no solo, no qual a
ordem foi de forma aleatória. Todos os participantes do estudo foram orientados a
não realizar atividade física no dia da coleta.
Para obtenção do sinal mioelétrico, foi utilizado um eletromiógrafo de oito
canais (Figura 6), composto por um conversor analógico-digital de 12 bits de
resolução, acoplada ao computador e calibrada com 2000 Hz de frequência de
amostragem. Para avaliação da intensidade da dor, foi utilizada a Escala Analógica
da Dor (EVA). Ambos os métodos de avaliação foram realizados antes e logo após
os atendimentos realizados no solo e na piscina terapêutica.
29
Figura 6: Eletromiógrafo
Fonte: Acervo do autor
5.1 Coletas de dados
Inicialmente, foi aplicada a Escala Visual Analógica da Dor (EVA), que
consiste em uma escala semelhante a uma régua, numerada de 0 a 10, sendo 0:
analgesia, 1-3: dor leve, 4-6: dor moderada, 7-9: dor intensa, 10: dor insuportável
(LA PAZ, LORENZO, ARIAS, 2007; CARAVIELLO, WASSERTEIN, MASIERO,
2005).
Para aquisição dos sinais foram utilizados eletrodos de superfície de
Ag/AgCl (prata/cloreto de prata) em forma de disco, bipolares ativos (préamplificado) com tamanho de 10 milímetros e distância entre eles e do centro do
eletrodo foi de 20 milímetros. Estes foram aderidos à pele com eletrodos de fixação
e fita adesiva, após higienização com algodão umedecido de álcool a 70% no local
de fixação e tricotomia da área.
Os eletrodos de superfície foram untados com gel condutor e colocados aos
pares sobre o ponto motor do músculo eretor da espinha direito e esquerdo,
conforme o protocolo Surface-EMG for the Non Invasive Assessmentof Muscle
(SENIAM), acompanhando o sentido longitudinal das fibras musculares. O eletrodo
de referência do tipo pregador foi posicionado sobre a proeminência óssea do punho
direito do individuo. A coleta foi realizada com o indivíduo em repouso e durante a
realização de movimentos ativos de flexão e extensão de tronco durante 20
30
segundos, antes e após a realização do tratamento de aproximadamente 20 minutos
nos dois ambientes estudados.
5.2 Protocolo de tratamento
O protocolo de tratamento fisioterapêutico consistiu em exercícios de
relaxamento e alongamento, descritos a seguir:
- Em primeiro momento individuo permanecia em repouso por 10 minutos
em sedestação antes da coleta da atividade elétrica através do eletromiografo. Em
seguida os alongamentos ativos dos músculos da coluna vertebral por 30 segundos
de duração para cada exercício em cada membro:
a) Elevação do joelho unilateral (posição ortostática): elevar o joelho com
auxílio das duas mãos, na direção do peito, mantendo a perna oposta
estendida;
b) Elevação do joelho bilateral (decúbito dorsal): elevar os joelhos com
auxílio das duas mãos, na direção do peito;
c) Em pé, mantendo os pés alinhados em relação a distancia dos ombros,
com ligeira flexão de joelhos. O individuo foi orientado a realizar
inclinação lateral de tronco.
- Depois dos exercícios, repouso de 10 minutos em sedestação, em seguida
novamente a coleta da atividade elétrica dos músculos na região lombar.
 Piscina aquecida: foram seguidos os mesmos procedimentos do protocolo
anterior, porém adaptados para a realização em piscina aquecida a 34°C. A
profundidade durante a realização dos exercícios foi ajustada à altura do processo
xifóide de cada indivíduo, por meio de uma plataforma móvel presente na piscina.
Foi utilizado o suporte de flutuadores, durante o alongamento em decúbito dorsal.
31
Figura 7: Setor de Hidroterapia da Faculdade UNIVAP
Fonte: Acervo do autor
5.3 Análise de dados
Para análise dos dados de eletromiografia de superfície, considerou-se o valor
de RMS (Root Mean Square), a partir do processamento dos sinais no software
EMG WorkAnalysis®, utilizando filtro bandpass de 4ª ordem Butterworth, ajustado
para frequência de corte de 20Hz a 400Hz para eliminar ruído residual.
Os dados foram tabulados e organizados no Microsoft Excel®, e desta forma foi
realizado o Test t de Student por meio do software BioEstat® versão 5.0,
considerando nível de significância < 0,05
32
6 RESULTADOS
A caracterização da amostra foi constituída por variáveis, como sexo, faixa
etária, nível de acometimento e lado da hérnia de disco, representadas na tabela 1.
Tabela 1: Características da amostra.
Pacientes
Sexo
1
2
3
4
5
6
7
8
9
F
F
M
F
F
F
F
M
F
Faixa
etária
70
58
34
21
70
66
52
41
36
Nível acometido pela
hérnia discal
L4-L5 e L5-S1
L4-L5
L4-L5 e L5-S1
L3-L4 e L4-L5
L4-L5 e L5-S1
L3-L4 e L4-L5
L3-L4/L4-L5 e L5-S1
L4-L5 e L5-S1
L4-L5 e L5-S1
Lado da hérnia discal
Hérnia de disco/direito
Hérnia de disco/direito
Hérnia de disco/esquerdo
Hérnia de disco/direito
Hérnia de disco/ambos
Hérnia de disco/direito
Hérnia de disco/esquerdo
Hérnia de disco/esquerdo
Hérnia de disco/esquerdo
Na tabela 2, são demonstrados os valores referentes àintensidade da dor
dos pacientes do Grupo 1, coletados por meio da EVA.
Tabela 2: Resultado da Escala Visual Analógica da dor (EVA)
Pacientes
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Antes
0
0
08
04
04
04
0
01
0
Solo
Após
0
0
→07
04
04
04
0
01
0
Antes
0
0
08
04
08
08
0
01
0
Hidroterapia
Após
0
0
08
→03
→04
→05
0
01
0
Na tabela 3 são apresentados os valores obtidos da atividade elétrica
referentes à comparação entre G1 (solo)e G2. Foi possível observar aumento
significativo da atividade mioelétrica em repouso e durante movimentos ativos de
flexão e extensão de tronco em indivíduos que apresentam hérnia de disco em
comparação com o grupo controle. Não houve diferença significativa da atividade
elétrica muscular ao comparar antes e após tratamento realizado no solo.
33
Tabela 3: Comparação da atividade elétrica entre o Grupo 1 (solo) e Grupo 2 (controle).
Solo
Grupos
Direito Esquerdo
G2 repouso + G1 repouso antes
<0,001*
<0,001*
G2 repouso + G1 repouso depois
0,001*
0,005*
G1 repouso antes + G1 repouso depois
0,233
0,447
G2flexoextensão + G1flexoextensão antes
<0,001*
<0,001*
G2flexoextensão + G1flexoextensão depois
<0,001*
<0,001*
G1flexoextensão antes + G1flexoextensão depois
0,609
0,424
*Test t amostras relacionadas, com nível de significância p < 0,05
Gráfico 1: Comparativo entre a atividade elétrica muscular do Grupo 1 (solo) antes e depois e Grupo
2 (controle) durante o repouso.
Gráfico 2: Comparativo entre a atividade elétrica muscular do Grupo 1 (solo) antes e depois do
tratamento e Grupo 2 (controle) durante o movimento de flexão e extensão de tronco.
Na tabela 4 são apresentados os valores obtidos referentes à comparação
entre G1 e G2 na piscina terapêutica, evidenciando o aumento da atividade
34
mioelétrica de indivíduos com hérnia de disco quando comparados ao grupo
controle. No entanto, não houve diferença significativa ao comparar da atividade
elétrica muscular antes e após tratamento realizado na piscina.
Tabela 4: Comparação entre o G1 (piscina terapêutica) e G2.
Grupos
G2 repouso + G1 repouso antes
G2 repouso + G1 repouso depois
G1 repouso antes + G1 repouso depois
G2flexoextensão + G1flexoextensão antes
G2flexoextensão + G1flexoextensão depois
G1flexoextensão antes + G1flexoextensão depois
*Test t amostras relacionadas, com nível de significância ≤ 0,05
Direito
<0,001*
0,006*
0,975
0,002*
0,008*
0,216
Hidro
Esquerdo
<0,001*
0,008*
0,337
0,065
<0,001*
0,629
Gráfico 3: Comparativo entre a atividade elétrica do músculo eretor da espinha do Grupo 1
(hidroterapia) antes e depois do tratamento e Grupo 2 (controle) durante o repouso.
Gráfico 4: Comparativo entre a atividade elétrica muscular do Grupo 1 (hidroterapia) antes e depois
do tratamento e Grupo 2 (controle) durante o movimento de flexão e extensão do tronco.
35
7 DISCUSSÃO
A pesquisa realizada demonstrou que os pacientes com diagnóstico de
hérnia de disco, em estudo, apresentaram aumento significativo da atividade elétrica
dos músculos eretores da espinha em comparação com o grupo controle, composto
por voluntários sem disfunções na região lombar.
Willigenburg, Kingma e Van Dieën (2013) relataram, após pesquisa com
pacientes que apresentam dor lombar, o aumento da assimetria do movimento de
rotação lombo-pélvica em comparação com o grupo controle. De acordo com os
autores, essa diferença pode ser resultante de desequilíbrio das propriedades
músculo-tendíneas dos eretores da espinha. Para a realização adequada dos
movimentos, é necessária a ação conjunta e sinergismo entre os grupos musculares
(RESENDE et al., 2012). Segundo Kramer et al., (2005) os músculos do tronco em
indivíduos com dor lombar crônica são menos fatigáveis do que no grupo controle,
devido às alterações morfológicas em decorrência da dor e redução do
condicionamento muscular.
Os dados obtidos neste estudo, não demonstraram correlação entre o lado
da herniação com o local de maior atividade elétrica muscular. De acordo com Grava
et al. (2008), o espasmo geralmente é unilateral e ocorre no lado contralateral à
hérnia. Os limiares de dor à pressão e a intensidade da dor foram avaliados na
região lombar de 52 pacientes com diferentes disfunções da coluna vertebral, dentre
elas a hérnia de disco. Foi constatado nesse estudo que tanto os mecanismos
periféricos como a hiperexcitabilidade do centro do sistema nervoso podem
contribuir para a redução dos limiares de dor à pressão na região lombar do lado da
herniação (HIRAYAMA et al., 2006).
Observa-se que 1 dos pacientes que participaram do estudo, apresentou
redução do quadro álgico após tratamento no solo, e 3 dos 9 pacientes em estudo
apresentaram redução do quadro álgico após tratamento na piscina terapêutica. A
imersão na água aquecida é considerada eficaz na redução do quadro álgico, além
de promover o relaxamento muscular e redução dos espasmos (BRECHER,
CYMET, 2001; REILLY, BIRD, 2001).
Estudo realizado por Chevutschi et al. (2007) constatou que a caminhada na
água em velocidade confortável, ao nível de imersão na altura do umbigo promove
36
aumento da atividade elétrica do músculo eretor da espinha em comparação com o
solo. Bobbert, Hollandere Huijing (1986) não detectaram aumentos no sinal
eletromiográfico (EMG) em repouso, no local da dor muscular. De acordo com os
autores, a presença de alterações na atividade eletromiográfica em repouso
representaria a ocorrência de espasmos na musculatura que foi exercitada.
Verificou-se em estudos realizados por Enomoto et al. (2012), que há uma
atividade elétrica constante dos músculos paravertebrais e da susceptibilidade à
fadiga muscular em pacientes com cifose lombar em ortostatismo do que pacientes
com o diagnóstico de estenose do canal vertebral lombar. Segundo os autores, a
quantificação da atividade muscular por meio da eletromiografia de superfície ser um
indicador potencialmente útil para o direcionamento da conduta terapêutica.
O protocolo de tratamento proposto neste trabalho promoveu a manutenção
do quadro clínico do paciente, ou seja, não houve alteração significativa da atividade
elétrica muscular após tratamento aplicado no solo e na piscina aquecida,
considerando a avaliação eletromiográfica em repouso e durante os movimentos de
flexo-extensão. Podemos considerar esse resultado como sendo positivo, tratandose de uma pesquisa na qual foi realizada um único atendimento envolvendo um
protocolo de tratamento elaborado com enfoque no relaxamento dos músculos
paravertebrais.
Diversos outros estudos comparando a eficácia da realização dos exercícios
terapêuticos em ambientes distintos corroboram com os resultados obtidos nessa
pesquisa.
Olson et al. (2013) relatam que não está claro o tipo de exercício que
demonstra resultados superiores no tratamento de disfunções lombares. Estudo
realizado pelos autores demonstrou a eficácia terapia aquática, entretanto, não foi
possível afirmar se é ou não superior à outras intervenções. Waller e colaboradores
(2009) afirmam a necessidade da realização de estudos com o propósito de
fundamentar a aplicação de exercícios no ambiente aquático e no solo. De acordo
com Oliveira, Blanco e Facci (2011), exercícios de cinesioterapia realizados na
piscina e no solo por pacientes com lombalgia crônica não específica, promoveram
melhora significativa na redução da dor, melhora da capacidade funcional e da
flexibilidade. Não foram encontrados dados significativos entre os exercícios
realizados no meio aquático e no solo.
37
Estudo foi realizado com o objetivo de comparar os efeitos da
hidrocinesioterapia com exercícios executados no solo por 63 pacientes com
lombalgia crônica não específica. Foram realizadas avaliações qualitativas dos
seguintes parâmetros: à intensidade da dor, capacidade funcional, flexibilidade e
qualidade de vida. O tratamento foi baseado em aquecimento, alongamento,
estabilização de coluna, terapia manual e relaxamento.
Ambos os recursos
promoveram redução de todos os aspectos analisados, no entanto, não houve
diferenças significativas entre os recursos utilizados (OLIVEIRA, BLANCO, FACCI,
2011).
Na maioria dos casos de pacientes com diagnóstico de hérnia de disco,
observa-se que determinados movimentos realizados pela coluna vertebral
promovem o quadro álgico e espasmo muscular, quando há uma sobrecarga
articular e muscular. Na pesquisa realizada, verificou-se que o protocolo de
tratamento proposto não proporcionou resultados significativos, entretanto, esse fato
pode ser considerado um aspecto positivo tendo em vista que a presença de
alterações na atividade eletromiográfica em repouso representaria a ocorrência de
espasmos nos músculos exercitados (BOBBERT; HOLLANDER; HUIJING, 1986).
Portanto, o tratamento utilizado neste estudo, pode ser utilizado na prática clínica,
principalmente no início do processo de reabilitação, considerando a presença de
exercícios de alongamento e relaxamento muscular. Posteriormente, com a
evolução do quadro clínico, outros exercícios poderão ser acrescentados com a
finalidade de promover o aumento do grau de intensidade e resistência muscular.
Estudos futuros poderão ser realizados com um número maior de pacientes
e de atendimentos clínicos.
38
8 CONCLUSÃO
A atividade elétrica dos músculos eretores da espinha foi mantida após a
realização de exercícios terapêuticos, com ênfase no relaxamento muscular, no solo
e na piscina terapêutica, em um único atendimento. Verificou-se o aumento da
atividade elétrica muscular em indivíduos com hérnia de disco em comparação com
o grupo controle, durante a análise eletromiográfica em repouso, flexão e extensão
ativa do tronco. A hidroterapia foi mais eficaz na redução do quadro álgico em
comparação com o grupo controle.
39
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44
APÊNDICE A: VALORES RMS
Valores de RMS – Solo
PACIENTE
Analia
Gerson
Hilda
Maria
Aparecida
Hildamar
Vera
Reinaldo
Liliane
Ronaldo
Paciente
Analia
Gerson
Hilda
Maria
Aparecida
Hildamar
Vera
Reinaldo
Liliane
Ronaldo
Antes tratamento solo flexo
Após tratamento solo flexo
Após tratamento solo repouso
extensão
extensão
Canal 2
Canal 3
Canal 2
Canal 3
Canal 2
Canal 3
Canal 2
Canal 3
18552570
5858560
37457085
16483210
17289740
6286850
27420001,89
34830159,75
5343829
5446728
36095883,33
27548465
3229703
4331067
42794983,33
28098533,33
10087390
6650589
11285275
11941266,67
7378322
8274418
13388494
14117110
Antes tratamento solo repouso
7802261
6267615
11641360
16385740
5829726
7505426
8375582
2519223
12274470
5523369
5652038
6255784
24082415
14883322,5
9960745,6
23344838
8542849,5
25379502,5
21792290
13529602,5
13128673,4
23422042
8367459,833
14521712,5
28076630
12779320
19373430
19480630
4261755
6460888
24163990
2446563
8164550
8969354
3579689
6137628
29124333,33
15653137,5
13674678,8
26493137,5
6230692,833
24222470
15957406,67
13646690
13001533,4
27037770
6104618,667
14915235
Antes tratamento hidro flexo
Após tratamento hidro flexo
Após tratamento hidro repouso
extensão
extensão
Canal 2 - D
Canal 3 - E
Canal 2
Canal 3
Canal 2
Canal 3
Canal 2
Canal 3
11572430
21673750
48953897,5
65164865
8122467
19367520
38109620
18055550
7341602
6287653
14972952,13
21091713,43
4888203
5994055
13921117,5
18664622,17
5531503
5527272
11042062,2
10679126,6
7376891
8342816
12937786
13741820
Antes tratamento hidro repouso
7418231
6243918
12373070
9166218
7341602
15479810
8042150
6534850
12395440
12512710
6287653
9089645
23491812,5
12967736
10156956,8
24307071,25
5906228,111
15365960,93
16612222
12234380,4
13527162
37081993,75
6561263,889
17203404,41
27709450
5131065
4670633
15298150
4888203
5235472
Valores de RMS – Piscina
23788490
4180547
5411701
11565320
5994055
40326090
46447293,33
13360974,6
21465875
29192775
6590510,875
22753244,04
31758487,5
13694132
22571611,67
26647583,33
7184006
20733400,95
45
ANEXO A: PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA
46
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