III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 BENECÍFICIOS DO MARKETING SOCIAL: UM ESTUDO DE CASO Mariângela Kretzer Martins (UNIVALI) - [email protected] Marlene Fernandes (UNIVALI) - [email protected] RESUMO A inserção do marketing Social na gestão da estratégia empresarial contribui para uma vantagem competitiva solidificando a marca e mantendo a participação das organizações em mercados cada vez mais concorrentes. Além de contribuir para uma transformação social, neste artigo será apresentada uma pesquisa exploratória em empresa pública do Estado de Santa Catarina (SC) permitindo demonstrar como o Projeto de Educação para uma Vida Saudável pode contribuir através de ações sociais para promoção da informação e apresentar como o Marketing Social dos Correios SC pode atuar no combate a AIDS. A pesquisa demonstrou a importância do projeto realizado pelos Correios e ficou evidenciado a necessidade de novas pesquisa para identificar a efetividade do programa. O presente estudo também permitiu o conhecimento de outros projetos que favorecem a atuação do Marketing Social. Palavras-Chaves: Marketing, Marketing Social, Responsabilidade Social ABSTRAT The insert of the Social marketing in the administration of the managerial strategy contributes to a competitive advantage solidifying the mark and maintaining the participantion of the organizations more in markets competive.organization more and more in markets competive. Besides contributing for a social transformation. In this article an exploratory research will be presented in public company of the State of Santa Catarina (SC) allowing to demostrate as the Project of Education for a Healthy Life can contribute through social action to promotion of the information and to present as Correios SC’S Social Marketing can act in the combat the AIDS. The research deminstarted the importanted of the project accomplished by the Correios an the need of new researches was evidenced to identify the effectiveness of the program. The present studies it also allowed the knowledge of other projects that you/they favor the performance of the Social Marketing. 2 III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 Word-Keys: Marketing, Social Marketing, Social Responsibility RELEVÂNCIA DO TEMA O tema estudado é de relevância para academia, pois busca apresentar na prática os conceitos de marketing social como um agente de mudança social, ampliando os benefícios pessoais para os consumidores refletindo na melhoria de satisfação dos empregados no ambiente organizacional. 1. INTRODUÇÃO Em setembro de 2000, na cúpula do Milênio, que foi a maior reunião de chefes de estado e de governo da História, foi elaborado a Declaração do Milênio e aprovado as metas de Desenvolvimento do Milênio, um compromisso concreto, trazido em ações do dia-a-dia. Compromisso este para ações de governos, instituições, organizações e cidadãos. As medidas estabelecidas pela ONU – Organização das Nações Unidas são oito a serem alcançadas até o ano de 2015. Dentre as metas estabelecidas, a sexta é combater a AIDS, a malária e outras doenças, pois as epidemias mortais vêm destruindo gerações e cerceando qualquer possibilidade de desenvolvimento. A AIDS é uma doença sem cura. No Brasil segundo Ministério da Saúde os aidéticos chegam a 540 mil e em SC mais de 8 mil pessoas . Apesar dos avanços dos possíveis e diferentes tratamentos, são rasos os casos de pessoas que conseguem se recuperar da doença e que sempre deixa seqüelas. SC possui 6.883 casos notificados até agosto passado, projetaria então 68.830 infecções (incluindo os doentes). Nos municípios de Itajaí, Balneário Camboriu e Florianópolis as infecções são de 12 a 15 para cada caso. Para reduzir a incidência dessas doenças é preciso que a população tenha acesso à informação, aos meios de prevenção e aos meios de tratamento e que sejam criadas condições ambientais e nutritivas que possam deter os ciclos de reprodução dessas doenças. Para vencer este desafio é necessário mudança de forma de estilos de vida, crenças e valores das pessoas. Diante desta problemática o marketing social tem papel fundamental, uma vez que é uma estratégia de mudança de comportamento (KOTLER, 1999). Vaz (1995, p. 280) diz que o Marketing Social tem por objetivo principal atenuar ou eliminar os problemas sociais, as carências da sociedade relacionadas às questões de higiene e saúde pública, de trabalho, educação, habitação, transporte e nutrição. Desta forma, as campanhas de mudança social podem alcançar objetivos de influir, determinar e mudar as idéias e as práticas de uma sociedade. Neste processo de mobilização social, as organizações têm um papel essencial: o 3 III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 de informar e seduzir para adotar um novo comportamento e de certa forma solidificar suas marcas. Uma organização não pode mais ficar apenas atendendo aos interesses comerciais necessita criar um diferencial competitivo, levando em conta sua responsabilidade social. Diante desta visão o presente estudo tem por objetivo contribuir para melhor o entendimento do conceito de marketing Social ilustrado por meio de um estudo de caso de uma empresa brasileira. Através deste artigo busca-se ressaltar a importância desta estratégia e dos benéficos que o marketing Social pode trazer para as empresas e para a sociedade. Diante da importância do tema o presente estudo se justifica. A apresentação deste estudo consiste em três partes. Primeiramente são apresentados os conceitos de marketing, marketing social, responsabilidade social. A segunda parte aborda a empresa estudada com descrição da abordagem utilizada quanto à responsabilidade social e a utilização do marketing social como estratégia corporativa. Na terceira e última parte são realizadas as considerações quanto à utilização do conceito de marketing social e responsabilidade social corporativa como estratégia. 2. EMBASAMENTO TEÓRICO 2.1. RESPONSABILIDADE SOCIAL Muito se fala em responsabilidade social e marketing social. Todavia, muitas empresas ainda não sabem como fazer essa diferenciação temática, e mais, não sabem como a responsabilidade social poderá representar uma oportunidade de negócio para sua empresa. Atualmente muito se fala da participação de empresas em atividade sociais, demonstrando que essas se preocupam não só em produzir bens e serviços, mas também em buscar o bem estar social através da preocupação com a valorização do homem, do meio ambiente e da cultura. Esses elementos são fatores determinantes do sucesso mercadológico. As empresas buscam vincular sua imagem á noção de responsabilidade social. “A nova postura da empresa cidadã baseada no resgate de princípios éticos e morais passou a ter natureza estratégica”. Pode-se dizer que a eficiência não é só “fazer as coisas bem”, mas “fazer as coisas boas”, segundo princípios éticos. Uma empresa socialmente responsável é aquela que, além de ser ética nos seus negócios, preocupa-se com questões tais como: a não utilização de mão de obra infantil, saúde de seus funcionários, não utilização de trabalhos forçados, segurança no trabalho, liberdade de associação e negociação coletiva, não discrimina seus funcionários nem a sociedade em geral, 4 III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 respeita o horário de trabalho para os trabalhadores, preocupação com questões ambientais e possuem um sistema de gestão coerente. A gestão empresarial não poderá estar preocupada apenas com os interesses dos acionistas.Hoje, o mercado e a sociedade requerem uma gestão centrada em interesses e contribuições a um conjunto de partes interessadas (clientes, fornecedores, comunidade, etc), que buscaram a excelência através da qualidade nas relações e a sustentabilidade econômica, social e ambiental.Os investimentos na própria empresa também são de suma importância para a sobrevivência no mundo atual. A empresa deve investir na educação e no progresso de seus funcionários, na saúde, na alimentação, enfim, através desses trabalhos, a empresa tende a colher mais em produtividade, compromisso e dedicação. Além disso, não se pode esquecer do meio ambiente e da comunidade. Empresa que cumpre seu papel social atrai mais consumidores e está investindo na sociedade e no próprio futuro. 2.2. MARKETING Primeiramente faz-se necessário definir marketing. Segundo Kotler & Armstrong (1998), marketing é um processo de criação e troca de produtos e valores pelo qual os indivíduos obtêm o que necessitam. Stanton et al., (2000, p. 04) denomina conjunto de atividades para gerar e facilitar as trocas que pretendem satisfazer as necessidades e os desejos humanos. Parafraseando Kotler (2000, p. 34) as trocas não envolvem apenas as transações de permuta, pois as transações comerciais, clássicas ou não, também se enquadram ao conceito de troca. Por exemplo, a troca de produto por dinheiro. O significado de marketing para American Marketing Association (AMA), apud Churchill (2000, p. 4), “é o processo de planejar e executar a concepção, estabelecimento de preços, promoção e distribuição de idéias, produtos e serviços a fim de criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais”. Conforme os conceitos dos autores citados a troca é a essência do marketing. Porém, estas trocas podem desenvolver lucros ou não (CHURCHILL, 2000. 05). As trocas que desenvolvem lucros são facilmente identificáveis e as que não visam receitas não são facilmente identificadas. 5 III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 2.3. MARKETING SOCIAL A expressão Marketing Social surgiu nos Estados Unidos em 1971 quando Kotler e Zaltman estudavam aplicações do marketing que pudessem contribuir para a busca e o encaminhamento das questões sociais. Definem marketing social como sendo o processo de “criação, implementação e controle de programas implementados para influenciar a aceitabilidade das idéias sociais e envolvendo considerações relativas ao planejamento de produto, preço, comunicação, distribuição e pesquisa de mercado”. Kotler & Armstrong (1998) marketing social é definido como “O projeto, implementação e controle de programas que procuram aumentar a aceitação de uma idéia, causa ou prática social entre o grupo-alvo”. Deste modo, o marketing social visa proporcionar a eficácia dos agentes sociais da mudança, uma vez que promove as transformações sociais esperadas, utilizando ferramentas mercadológicas e técnicas de marketing para incorporar a estratégia da empresa, no ambiente mercadológico. Porém, uma abordagem social não pode se restringir à mera transposição dos métodos e técnicas do comercial para a área social. O marketing social é uma tecnologia de gestão de processo de transformação social e sua definição deve ser distinta entre todos os marketings, e o elemento que o distingue é a necessidade de influenciar atitudes no sentido de uma causa ou idéia. Geralmente o marketing social define as satisfações que as organizações esperam oferecer em troca da reação desejada dos clientes. Cada vez mais o marketing social encontra seus espaços, à medida que as empresa vão se conscientizando de sua enorme importância. Com ações que se revertem em algum bem para a comunidade, as empresas estão aprendendo a fazer o bom uso do marketing social, onde o lucro é de todos e que não só incrementa visivelmente o conceito da marca como representa vantagens para a comunidade onde é aplicado. O marketing social deve começar dentro da empresa e ser focado em problemas que afetem diretamente as pessoas sendo essencial o envolvimento dos funcionários, pois se eles não acreditarem nas ações propostas, elas irão falhar. Quando se comercializa a marca, é importante também levar em conta os problemas locais da comunidade. Empresa boa e bem posicionada não abre mão dos fatores ideais como o uso da honestidade com todos os seus públicos, ser cuidadosa com o meio ambiente, lidar bem com reclamações, ser verdadeira em seus anúncios, prestar serviços bons e consistentes e ser aberta e transparente. (SCHIAVO & FONTES,1997). 6 III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 Atender a este anseio da população não é uma “ jogada de marketing” como diriam aqueles que te uma compreensão superficial sobre a matéria, mas levar a efeito a finalidade básica do marketing por Richers (2000) simplesmente como entender e atender o mercado. Relacionando as práticas de marketing com as novas posturas sociais exigidas das empresas o marketing social aparece com significados diferentes por vezes contraditórios. O marketing para causas sociais, se realizado com a devida ética e respeito aos princípios verdadeiros de solidariedade é capaz de apresentar respostas positivas à associação de valores que buscam os consumidores. Se as organizações imaginam apenas estar executando um plano tático para ampliar suas vendas, aproveitando da miséria humana para tal, certamente serão descobertas pelos consumidores. As atitudes éticas e preocupação com aspectos sociais assumem para as empresas, um caráter estratégico e não mais tático. O marketing social é adequado, sobretudo para as organizações do terceiro setor, que buscam o lucro social, aquele em que a sociedade como um todo é beneficiado, e não apenas o que deflagra o processo de conscientização. Campanhas para reduzir o consumo de cigarros, mensagens para preservação do ambiente, mudanças de comportamento no transito, são exemplos claros de marketing social. O marketing para causas sociais subentende uma ação concreta, que auxilia e proporciona o bem estar, preferencialmente dirigida a grupos específicos, tendo a associação de imagens entre empresa/marca com a causa adotada, como uma conseqüência de um valor impregnado na cultura organizacional, originando benefícios mútuos para clientes, empregados a comunidade. O denominado marketing comercial de cunho social, utilizado para classificar as empresas que aproveitam de uma situação de deformidade social para auferir vantagem e lucros em curto prazo, caracterizando um oportunismo vil da miséria humana. Segundo Kotler (ano, p. 288) marketing social e marketing de negócios apresentam três diferenças principais conforme tabela 1. Tabela 1 – Diferenças Marketing Social e Marketing de Negócios Marketing Social Marketing de Negócios Os especialistas tentam modificar as atitudes Os especialistas procuram ou comportamento dos mercados-alvo. necessidades e desejos identificados Procura servir interesses do mercado alvo sem alvos. lucro pessoal. Alvo principal obter lucro, Levam as idéias ao mercado em lugar de interesses do mercado-alvo. produtos e serviços Levam ao mercado produtos intermédio de veículos de idéias. Fonte: Adaptado de Kotler e Zaltman preencher as dos mercados servindo aos e serviços por 7 III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 Wiebe (1992, p.291) descobriu que as campanhas sociais eram bem sucedidas quando assemelhava aquelas de uma campanha de produtos. Na figura 2 a relativa eficácia dessas campanhas em termo da experiência dos membros da audiência em relação a cinco fatores: Figura 2 – Eficácia das Campanhas EFICÁCIA DAS CAMPANHAS 1- Força – intensidade da motivação 2- Direção – direção da motivação 3- Mecanismo – agência para motivação 4- Adequação e compatibilidade – eficácia e habilidade da agência na realização de propósito 5- Distância – estimativa do membro da audiência quanto à energia e custo Fonte: Adaptado de Kotler e Zaltaman O Marketing social visa produzir plano para proporcionar uma mudança social desejada. Porém, a mudança-alvo será atingida dependendo de sua facilidade. 3. METODOLOGIA Como método de pesquisa usou-se o estudo de caso exploratório, qualitativo e não probabilístico por meio de itinerário de entrevista aplicada a Gerência de Recursos Humanos dos Correios de Santa Catarina. É um procedimento de amostragem não aleatório e sim de caráter proposital por razões estabelecidas a seguir. Como estratégia de pesquisa, o estudo de caso foi a opção, uma vez permite descrever e analisar a entidade em termos qualitativos (MERRIAM, 1998). Como observa Yin (1984), o estudo de caso é uma forma apropriada, para situações nas quais é impossível separar as variáveis do fenômeno do seu contexto. Para identificar a população e definição amostra foi da seguinte forma, primeiramente, identificou-se as empresas e órgãos em Santa Catarina que realizam ações sociais voltadas para o atendimento da causa, ou seja, combate à AIDS através de campanhas de prevenção. Este levantamento permitiu identificar empresas sem fins lucrativos, secretarias de saúde estadual e municipal, GAPA, Correios entre outras. 8 III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 A Empresa Brasileira de Correios e Telegráficos selecionada para estudo por sua atuação pela causa a mais de 10 anos, pela abrangência de atuação no estado e principalmente pelas campanhas de prevenção a AIDS não estar completada em seu ramo de atuação. A área da empresa responsável pela execução de tais campanhas e ações é a Gerencia de Recursos. Desta forma, o gerente foi a pessoa mais adequada para responder o roteiro de entrevista semi-estruturado. Merriam (1998) enfatiza que na pesquisa qualitativa é indicado o uso de amostra não probabilística, da qual destaca-se a amostra intencional. A amostra intencional proposta reside na seleção da informação rica e profunda. Quanto à coleta de dados, conforme Cooper e Schhinder (1995) a pesquisa classificase como método interrogativo de comunicação, pois se objetivou conhecer e questionar a respeito do tema de estudo, através de coleta de dados e informações, mediante análise de documentos apresentados pela empresa. A procedência de dados primários, no caso do levantamento de campo e dados secundários, da revisão da pesquisa dos dados documentais foram realizados na empresa. O instrumento de pesquisa utilizado neste estudo foi a entrevista, a qual foi agendado por telefone com o Gerente de Recursos Humanos dos Correios da Diretoria Regional de Santa Catarina e realizada no local de trabalho, após terem sido explicados o objetivo do presente estudo. A entrevista buscou conhecer as ações desenvolvidas pela empresa e suas dimensões e de que forma são planejadas. As análises de dados, obtidas da entrevista, observações e documentos escritos foram derivados dos processos de análise de dados qualitativos (Strauss, Corbin, 1990). A ênfase no processo de análise foi realizada com base na entrevista e nas questões desenvolvidas pela empresa. 5. CARACTERIZAÇÃO EMPRESA A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos conta com 107.836 empregados, sendo 85% trabalham em atividade operacionais. Os empregados têm até 35 anos de idade (41%), possuem o segundo grau completo (75%). Os homens integram a maior parte do quadro funcional (78%), os carteiros representam 52 mil pessoas. O efetivo responde por 30% dos cargos de gerência e 10% das diretorias. Os negros e pardos representam 34% da força de trabalho. 9 III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 5.1. INVESTIMENTOS Em 2004, 115 ações de prevenção foram realizadas na Administração Central e Diretorias Regionais, com temas saúde da mulher, tabagismo, tuberculose, saúde ocular, diabetes, câncer, doenças do coração, dengue. Também foi realizada a Feira de Qualidade de Vida, em conjunto com a Jornada da Saúde, que contou com 42 mil pessoas. Os investimentos na capacitação e desenvolvimento dos profissionais foram mais de 1 milhão de participações. Além do investimento em cursos de formação técnica, um dos destaques foi a intensificar a concessão de bolsas de estudo para cursos de idiomas, graduação e pós-graduação, visando o autodesenvolvimento e ao crescimento cultural dos empregados.O incentivo à conclusão do ensino médio teve continuidade com o programa Progressão de Incentivo Escolar (PIE). Em 1996, quando o PIE foi lançado aproximadamente 30 mil empregados não tinham o ensino médio completo, o que representava 37% do efetivo total da ECT. Ao final de 2004, esse número passou para 12 mil pessoas, o que significava apenas 11% do efetivo. A ECT conta com ação corporativa Nova etapa de Vida, com investimento de R$ 684 mil, que busca incentivar a reflexão sobre a fase de aposentadoria e sobre alternativas de trabalho pós-carreira. Além de enviar material educativo-preventivo para a residência dos empregados, são promovidos palestras, seminários e encontros. Mais de 2,3 mil pessoas participaram dessas ações, promovidas ma Administração Central e nas Diretorias Regionais. O projeto Gestão do Orçamento Familiar vem consolidando-se como referência para outras instituições. A iniciativa caracteriza-se pelo desenvolvimento de ações com empregados e seus dependentes que visam à melhoria na gestão e ampliação da renda familiar, favorecendo a adoção de atitudes com foco no empreendedorismo. A participação dos empregados é reforçada pelo envio de folhetos educativos para suas residências. Em 2004, mais de 20 mil pessoas participam dessas ações. Os Correios promoveram, em 2004, com investimentos de R$ 2,9 milhões, diversas atividades esportivas para seus empregados e familiares, entre elas o Campeonato de Natação dos Correios, Incentivo à Prática de Corrida de Rua, jogos Internos (Olimpíadas), participação de empregados nos Jogos do SESI, Circuito Nacional de Corrida dos Carteiros, Campeonato de Futsal dos Correios, Futebol de Campo, futebol Society, dentre outras modalidades esportivas. 10 III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 5.2. DESCRIÇÃO BÁSICA DA REGIONAL SC A Diretoria Regional de Santa Catarina tem por finalidade explorar os serviços postais, correspondência agrupada, temáticos, encomendas, filatelia e outros, e está constantemente aperfeiçoando o seu modelo de gestão para que possa tornar-se mais competitiva e habilitada a disputar o mercado com a iniciativa privada, dentro da autonomia estabelecida pela ECT. Para desempenho de suas atividades a DR/SC conta com 2.846 empregados na sua força de trabalho. 88,59% distribuídos nas atividades finalísticas e 12,01% nas de apoio. Além dos profissionais do seu quadro efetivo, conta com apoio de colaboradores vinculados a programas alternativos, cujo quadro é composto por adolescentes assistidos, deficientes físicos, estagiários, empregados temporários e prestadores de serviço terceirizados. Figura 3 – Composição do Quadro de Pessoal COMPOSIÇÃO DO QUADRO DE PESSOAL Colaboradores com vínculo direto 3600 Estagiário (níveis médio e superior) 90 Deficientes físicos 69 Adolescentes assistidos 14 Empregados temporários 49 Terceirizados - área médica 14 Terceirizados - limpeza e vigilância 169 Terceirizados - transporte 53 TOTAL 4058 Fonte: Relatório de Gestão/ECT( 2004) Figura 4 – Nível de Escolaridade Nível de Escolaridade 4ª Série 10 1º Grau Incompleto 55 1º Grau Completo 313 2º Grau Incompleto 109 2º Grau Completo 2720 Superior Incompleto 123 Superior Completo 270 TOTAL 3600 Fonte: Relatório de Gestão/ECT (2004) 11 III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 Com relação a escolaridade percebe-se um número relativamente baixo de empregado na faixa de escolaridade abaixo do segundo grau. Pode-se acrescentar que empresa oportuniza a conclusão do segundo grau aos que pretender estudar. O número de casos existente refere-se aos empregados não tem interesse por completar o segundo grau. Esclarecemos que os empregados que completam 2º grau são contemplados com 5% de aumento que corresponde à elevação da referencia salarial para o nível superior. 6. ANÁLISE DE DADOS E RESULTADOS Após a coleta de dados verificou-se a diversidade de projetos desenvolvidos na área social. Constatou-se que os projetos e programas sociais são planejados e estabelecidos metas e indicadores de desempenho para que possam ser avaliados. A partir dos dados apresentados pelo entrevistado, buscou-se verificar as evidências dos dados em relatórios da empresa para confiabilidade das informações. Para coleta de dados a consulta ao Plano de Trabalho Regional (PTR) foi de suam importância. O Plano de Trabalho é definido pela Diretoria Regional baseado em metas estabelecidas pela Administração Central. O PTR segue modelo Balance Score Card. Na perspectiva responsabilidade social e pessoas estão registradas as metas referentes aos projetos e ações sociais. Ressaltamos que os dados apresentados referem-se ao ano de 2004, uma vez que os dados relativos a 2005 estarão disponibilizados apenas em 2006. Como resultado da coleta de dados obtivemos as seguintes ações desenvolvidas no ano de 2004 conforme programação do Plano de Trabalho Regional. Figura 5 - Projetos Sociais Corporativos PROJETOS SOCIAIS META CORPORATIVOS Carteiro Amigo Treinar 400 carteiros Cidadania em Ação Realizar três encontros anuais Educação para uma Vida Saudável Atingir 50% do efetivo Gestão do Orçamento Familiar Atingir 20% do efetivo Nova Etapa de Vida Atingir 5% dos aposentáveis Voluntariado e Cidadania Formar 6 comitês Fonte: Relatório Anual Serviço Social/ECT (2004) 12 III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 6.1. PROJETO CARTEIRO AMIGO O projeto Carteiro Amigo consiste na distribuição de folders e informativos pelos carteiros para a população, mais especificamente às gestantes e mães que estão amamentando com o intuito de incentivar o aleitamento materno. Os carteiros são treinados pelos técnicos da Secretaria da Saúde para conscientização de seu trabalho na luta pela manutenção da amamentação das crianças até 6 meses com objetivo de reduzir a mortalidade infantil. Em 2004 419 carteiros foram treinados e 09 unidades do estado foram contempladas com palestras e oficinas. Ao final da campanha 9.925 folders foram entregues a população pelos carteiros treinados pelos enfermeiros da Secretaria da Saúde. Figura 6 – Unidades Treinadas Unidades da Municípi N.º de folders ECT os distribuídos CDD-Velha Blumenau 1100 CDD-Centro Blumenau 988 CDD-Norte Blumenau 1000 CDD-Vorstad Blumenau 1110 NDD-Gaspar Blumenau 802 CDD-Tubarão Tubarão 1200 CDD-Criciúm Criciúma 1400 CDD-Joinville Joinville 1325 CDD-Chapecó Chapecó 1000 TOTAL 09 9925 Fonte: Relatório Anual Serviço Social/ECT ( 2004) 6.2. CIDADANIA EM AÇÃO Cidadania em Ação é um programa “Correios Educar parta o Futuro” contempla 13 adolescentes inseridos no programa. O objetivo o programa é promover encontro sócioeducativos bimestralmente para orientar os jovens participantes. Durante o ano de 2004 foram realizados cinco encontros com temas definidos para cada encontro para promover a formação dos adolescentes que fazem parte do programa. Além de adquirir experiência profissional os jovens participam de encontros educativos. 13 III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 Figura 7 – Encontros Realizados 2004 Mês Tema Fevereiro Escolha profissional Abril Amor, Vida, Viva – prevenção DST/HIV/AIDS Junho Seja mais feliz aprendendo a amar os seus pais Agosto Auto-estima em dia Outubro Orçamento Familiar Fonte: Relatório Anual Serviço Social/ECT( 2004) 6.3. EDUCAÇÃO PARA UMA VIDA SAUDÁVEL O projeto para uma vida saudável promove ações voltadas para a prevenção AIDS/DST, prevenção da dependência química e álcool. Neste projeto também são incluídos o projeto Feira de Qualidade de Vida/Jornada da Saúde e Gestão do orçamento Familiar. 6.4. AIDS/DST O projeto tem o objetivo de desencadear campanhas educativas em datas como carnaval, dia dos namorados, dia de luta contra AIDS com o intuito de promover a prevenção da doença. As campanhas realizadas conforme proposta: 6.5. CARNAVAl Carnaval: Foram distribuídos 4.000 panfletos, 5.000 preservativos masculinos e 50 cartazes em parceria com a Secretaria Municipal de saúde municipal e Estadual de Saúde, atingiu 255 unidades, totalizando uma média de 3594 funcionários. 6.6. DIA DOS NAMORADOS Dia dos Namorados: Aconteceu no período de 01/06/04 à 02/07/04 campanha educativa com ações presenciais sobre o tema “Amar é...” em 177 unidades operacionais, atingindo 1206 funcionários. 14 III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 6.7. DIA MUNDIAL DE LUTA CONTRA AIDS/DST Dia mundial de Luta Contra AIDS: Foi desenvolvida ação presencial através de palestra, atingindo 800 funcionários. As avaliações das campanhas foram realizadas mediante questionário após cada evento. 6.8. PROJETO SELE O VERDE COM SAÚDE Projeto de prevenção ao uso de drogas e álcool que utilizada a metáfora dos sinais; vermelho, amarelo e verde, o qual a empresa busca a prevenção apara que os empregados mantenham-se no sinal verde, uma vez que ao atingirem o sinal vermelho a recuperação torna-se difícil. Atuam dois comitês formados por empregados que promovem as ações que serão desencadeadas no decorrer do ano. Em 2004 foram realizados os seguintes eventos: 1- Encontro de Pais, sob o enfoque “Despertar para uma nova relação, amando com qualidade” realizou-se 12 encontros, atingindo 240 famílias. Os participantes avaliariam em 90% de satisfação classificando os encontros no grau muito bom a ótimo. 2- Multiplicadores da Prevenção: Formou-se em nova gestão o comitê coordenador na capital, envolvendo a participação de 12 funcionários. A formação foi realizada em quatro módulos. A avaliação dos participantes quanto ao treinamento foi de 98% ‘muito bom a excelente. 3- Grupo de prevenção Mirim: Formação de grupo teatral mirim, envolvendo a participação de 12 crianças de 05 a 12 anos. Atualmente denominados exércitos da saúde do mundo verde, realizaram uma apresentação teatral em uma das unidades operacionais (CDDPalhoça), onde apresentaram o mundo verde para os empregados chamando-os para a busca de um estilo de vida saudável. O teatro atingiu 45 funcionários e uma avaliação de 95,2% com ótimo. Em 2004 o marco pode ser considerado os trabalhos de prevenção com a formação de multiplicadores nas unidades operacionais, principalmente a atuação dos mesmos em suas unidades através do teatro educativo. 15 III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 6.9. FEIRA DE QUALIDADE VIDA A Feira de Qualidade de Vida foi realizada juntamente com a Jornada da Saúde no espaço do VI JICOSC - Jogos de Integração dos Correios de Santa Catarina em Joaçaba, tendo como foco estimular aspectos relativos a auto-estima e autodesenvolvimento integral do ser humano, primando pela qualidade de vida. O evento contemplou também exposições artísticas de funcionários e seus familiares, incluídos no projeto “Gestão do Orçamento Familiar”, como forma de estar estimulando a produção e o aumento da renda familiar. Figura 8- Feira de Qualidade de vida – Participantes Atividades Participantes Orientação Odontológica Oficina Senso Visual 52 156 Aferição Pressão arterial Teste de Glicemia Higienização e corte Carteiro amigo Educação para a vida saudável (3 oficinas) Gincana “A arte de viver selando o verde com saúde” Fonte: Relatório anual Serviço/ECT ( 2004) Atividades Participantes 218 Orientação alimentar Medição Dobras cutâneas Fisioterapia 150 98 Avaliação Capilar Massoterapia 60 30 80 Voluntariado e Cidadania Gestão do orçamento familiar TOTAL 120 265 88 220 118 56 198 1909 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os estudos discutidos neste artigo sobre as ações sociais ressaltam algumas considerações importantes que merecem ser destacada: Primeiro, analisando o número de pessoas atingidas pelo Programa de Educação para uma Vida Saudável, verificou-se uma atuação da empresa com intuito de disponibilizar informações a seus diferentes stakeholders e de forma certa forma provocar uma mudança de comportamento. Objetivo este que propõe o marketing social. Segundo identificou-se que além de serem estabelecidas metas é disponibilizado orçamento para realização dos projetos, muito embora este orçamento tenha dotação limitada, uma vez que segue todos os tramites de uma empresa pública. 16 III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 Terceiro, o objetivo do estudo foi identificar as ações desenvolvidas para prevenção da AIDS, o que através dos dados ficou registrado as diversas ações que vem sendo desenvolvidas nesta área. A partir a entrevista com o Gerente de Recursos Humanos identificacamos os diversos projetos que a empresa vem atuando. Embora não fosse o foco do trabalho foi apresentado pela sua relevância e estar imbuídas do conceito do Marketing Social, que por sua vez requerer um estudo mais detalhado destes projetos apresentados. Cabe esclarecer também que a pesquisa qualitativa permitiu esta flexibilidade com relação aos fenômenos que vão surgindo e integrando ao estudo. Quarto, este estudo demonstrou que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos de Santa Catarina aplica o Marketing Social, uma vez que buscar influenciar o comportamento de seus colaboradores, conforme proposto por Kotler & Armstrong (1998) o marketing Social visa proporcionar a eficácia dos agentes sociais de mudança. Quinto, evidenciou-se através dos dados apresentados que as informações atingiram a totalidade de seus empregados, além de estagiários, mão-de-obra terceirizada e dependente de funcionários. Verificou-se também que a comunidade é atingida com estas ações, pois promove ações externas abertas a comunidade como foi o caso da Feira de Qualidade de Vida. A participação de seminários e campanhas em parceria com diversos órgãos a fim de promover a amplitude de suas ações. Os resultados apresentados corroboram para a promoção do combate a AIDS e doenças transmissíveis, conforme proposta da ONU – Organizações das Nações Unidas estabelecendo as oito meta do Milênio. O marketing Social é uma ferramenta que beneficia o bem estar das pessoas e promove a transformação social conforme pregado por diversos autores. Portanto, o Marketing Social é uma ferramenta que pode alavanca transformações sociais, mas são insuficientes para promover transformações profundas, a ponto de alterar o status quo. Políticas públicas consistentes, redução das desigualdades e o fortalecimento da cidadania são necessárias para uma transformação mais efetiva. Diante destas questões que são abrangentes, o presente estudo também apresenta algumas limitações. Uma delas são que os dados apresentados refletem apenas a percepção da empresa, não houve uma verificação direta com os envolvidos, o que caberia futuras pesquisas. Analisar a efetividade das ações desenvolvidas e até que ponto provocou ou influenciaram na mudança de comportamento também é indicada. Entretanto, a disseminação da informação foi promovida o que é o primeiro passo neste processo de mudança social e promoção da cidadania. 17 III CNEG – Niterói, RJ, Brasil, 17, 18 e 19 de agosto de 2006 8. REFERÊNCIAS CHUCHILL, G. A.; Marketing: criando valor para o cliente. São Paulo: Saraiva, 2000. COOPER, D.R.; SCHINDLER. P. S., Métodos de pesquisa em Administração. Trad: Rocha, L., O. 7º ed. Porto Alegre: Bookman, 2003. Disponível em: <www.comunicaçãoempresarial.com.br>. Acessado em: 27. out. 2005 Disponível em: <www.psi.org/resources/pubs/what_ismPR.html>. Acessado em: 22. out. 2005. KOTLER, P.; ZALTMAN, G.; Social marketing: an approach to planned social change. Journal of marketing. 35, Julho de 1971, p. 3-12. KOTLER, P. Marketing Social, São Paulo, Atlas, 1999. KOTLER, P., ARMSTRONG., G,; Princípios de Markenting 7. ed.. Rio de Janeiro, 1998. 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