starting up

Propaganda
MANUAIS SETORIAIS
STARTING UP
Um Novo Negócio de Oferta de Alojamento
Turístico
Índice
Introdução………………………………………………………………………………. 4
1. Conceitos e Metodologias…………………………………………………………. 6
1.1 – Da ideia ao modelo de negócio (Starting Lean)…………………….. 6
1.2 – Constituir a empresa…………………………………………………… 11
1.3 – Financiar o projeto……………………………………………………… 12
2. Enquadramento Competitivo…………………………………………….………… 14
2.1 – Envolvente Competitiva………………………………………………... 14
2.2 – Fatores Críticos de Sucesso…………………………………………... 20
3. Modelo de Negócio………………………………………………………………….. 21
3.1 – A Proposta de Valor………………………………………………………21
3.2 – O Desenho do Modelo………………………………...………………… 24
3.3 – O Marketing e os Processos Funcionais……………………………… 25
4. Considerações Finais………………………………………………………………... 28
5. Referências Bibliográficas…………………………………………………………… 29
2
Índice de Figuras
Figura 1: Tela do modelo de negócio (Business Model Canvas) segundo Alexander
Osterwalder………………………………………………………………………………7
Figura 2: Componentes gerais de uma proposta de valor Fonte com base em Kotler,
“Marketing para o Século XXI”…………………………………………………………9
Figura 3: Vertentes Gerais de uma Proposta de Valor para a Atividade Fonte…. 23
Figura 4: Turismo de Habitação ……………………………………………………… 25
Índice de Tabelas
Tabela 1: Impactes Gerais ……………………………………………………………. 14
Tabela 2: Movimento de Empresas (2012/2013) …………………………………... 18
Tabela 3: Estrutura por localização, Número de Empresas e Volume de Negócios (2013)
……………………………………………………………………………………………. 19
Tabela 4: Maturidades e Volume de Negócios (2013) …………………………….. 19
Tabela 5: Indicadores de Síntese (Média) ………………………………………….. 20
Tabela 6: Fatores Críticos de Sucesso ……………………………………………... 20
Tabela 7: Exemplo de Identificação Geral da Proposta de Valor para Turismo .. 24
Índice de Gráficos
Gráfico 1: Hóspedes em Estabelecimentos Hoteleiros, Aldeamentos, Apartamentos
Turísticos e Outros, por País de Origem …………………………………………… 15
Gráfico 2: Hóspedes em Estabelecimentos Hoteleiros, Aldeamentos, Apartamentos
Turísticos e Outros, Total por Origem Nacional/Internacional……………………. 16
Gráfico 3: Hóspedes em Estabelecimentos Hoteleiros, Aldeamentos, Apartamentos
Turísticos e Outros, por Tipologia de Estabelecimento…………………………… 17
Gráfico 4: Proveitos por Aposento em Estabelecimentos Hoteleiros, Aldeamentos e
Apartamentos Turísticos e Outros (€)………………………………………………. 18
3
Introdução
Vivemos
tempos
desafiantes,
porque
marcados pela mudança e pela incerteza,
mas, plenos de oportunidades. Para quem
quer iniciar um negócio, é fundamental efetuar
uma rigorosa análise da aderência do seu
projeto ao mercado, procurando sempre
ajustar as suas capacidades à inconstância
da procura.
A TER EM CONTA
 Clarificar a ideia
 Conhecer o Mercado
 Identificar a tipologia de
clientes
 Amadurecer o modelo de
O Programa ANJE Startup1 Accelerator
(ASA), uma iniciativa promovida pela ANJE
(Associação
Nacional
de
Jovens
Empresários) no âmbito do Projeto Inovação
Portugal (PIP)2, visa capacitar a entrada de
novos
empreendedores
em
áreas
consideradas
estratégicas
para
o
desenvolvimento
económico
nacional,
alicerçados em projetos de base tecnológica.
O programa iniciou-se com 300 promotores,
dos quais foram selecionados 30 para
participarem no processo de aceleração, após
o que foram escolhidos os 10 finalistas para
incubação.
negócio
 Desenvolver um protótipo
 Estabelecer objetivos
 Estruturar um plano de
negócio
 Testar a viabilidade
 Captar financiamento
 Constituir a empresa
Esses 10 projetos estão integrados em 10 sub-setores de atividade económica para os
quais foram elaborados 10 Manuais que visam contribuir para a reflexão em torno da
criação de uma Startup em cada um desses sub-setores, apontando um caminho crítico
e algumas condições a ter em conta.
Foram assim identificados os seguintes subsetores:
 Acessórios para bicicletas;
 Comercialização de equipamentos de apoio à mobilidade;
 Criação de lojas virtuais;
 Design e comercialização de jóias;
1 Empresas que vão iniciar atividade, explorando produtos, soluções e áreas de atuação inovadoras no
mercado
2 Programa de empreendedorismo cofinanciado pelo QREN, Compete - Programa Operacional Fatores de
Competitividade.
4






Minilaboratório de fotografia;
Mobiliário para atividades lúdicas e eventos;
Oferta de alojamento turístico;
Plataforma logística virtual;
Produção e comercialização de equipamento de diagnóstico médico;
Pronto-a-vestir para crianças.
Uma nova atividade em qualquer destes domínios, propondo valor diferencial,
pressupõe um modelo de negócio coerente e estruturado, elaborado de acordo com os
instrumentos e metodologias adequados.
Por esse motivo, impõe-se uma introdução metodológica a um conjunto de ferramentas
que vão permitir aos empreendedores percorrer o caminho que vai do surgimento da
ideia até ao estabelecimento do negócio, testando e validando hipóteses, de forma a
mitigar o risco inerente a qualquer startup.
É objetivo deste Manual deixar pistas claras e objetivas para o desenvolvimento de um
projeto, sob a forma de um guia de ação direto e focado no essencial, mas também
indicar ferramentas, com referências metodológicas sobre a sua utilização, para serem
utilizadas durante o percurso que os promotores devem empreender para montar o seu
negócio.
Optou-se por incluir em todos os Manuais, para além desta Introdução necessariamente
idêntica, um Primeiro Capítulo explicativo, genérico e adaptável a qualquer tipo de
negócio, que serve de início para quem pretende montar uma startup em qualquer
atividade e que, por esse motivo, tem a mesma redação em todos os Manuais.
Procurou-se ainda, apesar das limitações de informação existentes, nomeadamente
quantitativa, dos sub-setores ou áreas escolhidas, proporcionar elementos
caracterizadores do mercado, que permitam um melhor conhecimento do mesmo.
É importante salientar que nenhum dos exemplos referidos nestes Manuais são
inspirados ou têm alguma relação com os projetos apoiados pelo Programa ANJE
Startup Accelerator (ASA).
5
1. Conceitos e Metodologias
1.1 - Da ideia ao modelo de negócio (Starting Lean)
1.1.1 - Recursos, atividades e parcerias-chave
Para transformar a ideia num negócio é essencial estruturar um modelo de negócio.
Mas, o que é um Modelo de Negócio?
De uma forma simples, podemos dizer que um Modelo de Negócio é um esqueleto
estratégico e operacional do negócio, é uma explicação de como a startup vai ganhar
dinheiro e assegurar assim a sua sustentabilidade.
O quê? Como? Para quem? São perguntas essenciais cujas respostas estão na base
da estruturação de qualquer negócio.
Para estabelecer um Modelo de Negócio, podemos usar a metodologia do Business
Model Generation3, baseada numa Tela (Canvas) onde se dispõem os nove elementos
nucleares de um modelo de negócio, de forma a torná-los mais facilmente
percecionáveis. Temos assim:









Segmentos de Clientes – os consumidores alvo da oferta da empresa, os clientes
pretendidos pela empresa;
Propostas de Valor – explicitação dos argumentos porque é que os
consumidores devem escolher a oferta da empresa em prejuízo da concorrência;
Canais – quais os canais de comunicação e de entrega da proposta de valor;
Relacionamento com Clientes – de que forma a empresa se vai relacionar com
os seus clientes;
Fluxos de Rendimento – quais as fontes de rendimento da empresa;
Recursos-Chave – quais os recursos necessários para construir a proposta de
valor, comunicá-la e entregá-la aos segmentos de clientes;
Atividades-Chave – Quais as atividades que são necessárias para construir a
proposta de valor;
Parcerias-Chave – Quais as parcerias que é necessário estabelecer para
assegurar a construção de uma proposta de valor valorizada e uma entrega
eficaz ao mercado;
Estrutura de Custos – quais os custos necessários para construir e entregar a
proposta de valor ao mercados.
3 Alexander Osterwalder, Yves Pigneur, “Business Model Generation: A Handbook for visionaries, game
changers, and challengers striving to defy outmoded business models and design tomorrow's enterprises”.
Published by John Wiley and Sons, Inc. Hoboken, New Jersey.
6
Figura 1: Tela do modelo de negócio (Business Model Canvas) segundo Alexander
Osterwalder
Como pensar, então o Modelo de Negócio de uma Startup?
Para responder a essa pergunta temos de começar por detalhar os respetivos
elementos constituintes, clarificando o entendimento sobre cada um deles e
assegurando uma organização e interligação de forma consequente e integrada.
Como contributo para essa tarefa, deverão ser respondidas algumas perguntas,
relativas a diversas naturezas e fatores, nomeadamente:


Produto/serviço - Quais são as caraterísticas pretendidas? Qual o principal
benefício que trazem? Qual o agendamento do desenvolvimento esperado? Há
custos indiretos da adoção do produto? É autossuficiente ou precisa de outros
meios complementares? A Propriedade Intelectual é importante para proteção
da inovação que se pretende implementar?
Cliente - Qual é o perfil do público-alvo? Quais as caraterísticas principais do(s)
segmento(s)? Tem clientes pioneiros (early-adopters)? Quanto representam?
Quem decide, quem compra, quem influencia e quem usa o produto/serviço,
individualmente ou empresarialmente? Qual é o problema/necessidade a que o
produto/serviço pretende dar resposta? O que esperam os clientes? Quais as
caraterísticas mínimas que o produto/serviço deve ter para responder à
necessidade? Qual a dimensão do mercado/segmento que queremos explorar?
7




Preço e canais - Como é o processo de compra, de modo direto ou através de
intermediários? Quais são os custos diretos e indiretos esperados para cada
canal? Quais são os benefícios esperados para os intermediários? Se há algum
produto/serviço semelhante no mercado, quanto custa? Se não há, como é que
os potenciais clientes resolvem hoje o problema/necessidade e quanto lhes
custa? Qual o custo de cada canal?
Comunicação de produto/serviço - Como vão os potenciais clientes saber do
produto/serviço? Publicidade? Passa-a-palavra? Parceiros? Qual deve ser o
principal canal? Quem são as pessoas ou empresas mais influentes para o
público-alvo? Qual a mensagem e os conteúdos, via Inbound Marketing4 ? Como
gerar leads5 ?
Tipo de Mercado – É um novo mercado ou é uma nova segmentação, por preço
ou nicho, de um mercado existente? Para mercados existentes, qual é o
posicionamento único proposto? Para mercados segmentados, qual é o público
que ainda não consome o produto/serviço? Qual é a curva de adoção esperada?
A Startup tem condições financeiras para suportar o período de tempo que leva
a obter o retorno necessário à compensação dos investimentos efetuados?
Concorrência - Quem são os concorrentes diretos? Caso não haja
produtos/serviços similares, quem são os concorrentes indiretos? Em que é que
o produto/serviço difere? Há barreiras à entrada no mercado?
1.1.2 – A proposta de valor
Os dois pilares chave de qualquer modelo de negócio são a proposta de valor (o que a
empresa tem para oferecer e que os clientes mais valorizam) e os segmentos de clientes
(grupos de potenciais clientes com características idênticas que constituem o mercado
alvo da empresa).
O arranque da estruturação de um modelo de negócio começa por um ou outro destes
pilares, a partir dos quais serão definidos os restantes.
A ideia tem de ser formatada numa proposta de valor, construída a partir de um conjunto
de recursos, estruturados em atividades e suportados por parcerias, que são depois
disponibilizadas ao mercado através de canais e assegurando um relacionamento
adequado. A proposta de valor tem de ser ajustada ao mercado, correspondendo a
necessidades ou permitindo resolver problemas. Tem de assegurar um fluxo de
rendimentos que cubra a estrutura de custos e a remuneração dos investidores, de
forma a garantir a viabilidade do negócio.
4 Inbound marketing/marketing de atração é uma forma de divulgação e comunicação online através de
blogs, podcasts, vídeo, eBooks, newsletters e outras formas de marketing de conteúdo.
5 Leads - Em termos de marketing e vendas significa novos contactos
8
Quando no mercado é identificada uma necessidade não satisfeita ou deficientemente
satisfeita, ou um problema que não está a ser resolvido, temos o ponto de partida para
a construção de uma proposta de valor que vá ao encontro dessa necessidade ou da
resolução desse problema, de uma forma que os segmentos de clientes alvo valorizem
e que, portanto, a escolham em detrimento de qualquer outra da concorrência.
O valor gerado para o cliente resulta do ajustamento contínuo dos processos de suporte
da proposta de valor, os quais, dependem, por seu turno, do desempenho da equipa,
da cultura e da organização, ao nível de competências e saberes, do relacionamento
com a infraestrutura tecnológica e outros ativos tangíveis.
Toda esta “cadeia” de variáveis, e a sua interligação, é que determinam a permanente
adequação da proposta de valor de uma Startup ao mercado, satisfazendo os
segmentos de clientes de forma a garantir vendas, assegurando sustentabilidade para
a empresa e valor financeiro para o(s) investidor(es) e para o(s) promotor(es).
Uma base para a reflexão técnica de suporte à fixação da Proposta de Valor, deve
atender aos seguintes parâmetros:
Figura 2: Componentes gerais de uma proposta de valor
Fonte: Elaboração Própria, com base em Kotler, “Marketing para o Século XXI”
A perceção do valor, por parte dos segmentos de clientes, implica sempre uma
combinação de atributos físicos, relativos ao produto e/ou serviço, com aspetos
relacionais, concernentes à qualidade do serviço, e com aspetos intangíveis, ligados à
imagem e reputação da empresa e/ou da marca.
9
1.1.3 – A empresa lean
Uma nova empresa que pensa a sua entrada no mercado privilegiando a rapidez dos
seus movimentos e a velocidade da resposta do(s) seu(s) produto(s) e/ou serviço(s)
ao(s) segmento(s) de clientes, em detrimento da perfeição do modelo organizacional e
da carteira de produtos e serviços, é uma Lean Startup6.
Isto sem prejuízo de que o negócio, atendendo às suas necessidades de financiamento,
tem que garantir tangibilidade, eficiência, objetividade e influxos de tesouraria imediatos.
Atuando na linha da frente em vez de ficar nos bastidores a “aperfeiçoar” o produto, a
empresa Lean modela uma proposta mínima, valida-a com o cliente, descartando
hipóteses e avançando no mercado, de modo a aumentar as probabilidades de sucesso
imediato. Frequentemente, este modo de atuação resulta em significativas mudanças
ao nível da ideia/conceito/piloto/protótipo original – o pivô7 - e processos de suporte,
nomeadamente tecnológicos.
Pensar Lean é organizar o negócio de acordo com uma matriz estrutural assente em
três pólos:



Desenvolvimento de cliente (customer development), para testar e validar
iterativamente todas as hipóteses relativas a clientes, produto e/ou serviço e
mercado;
Desenvolvimento ágil, aplicando metodologias para reduzir o tempo de
desenvolvimento, através da resposta efetiva dos clientes/utilizadores;
Plataformas tecnológicas, como base de apoio para garantir eficiência com baixo
custo e grande rapidez (ou como instrumento de desenvolvimento, no caso da
construção de um grande número de produtos de base tecnológica, tanto de
software como de hardware).
Em suma, a Lean Startup usa um processo iterativo, com base numa ideia, para ir
ajustando uma Solução (produto e/ou serviço) a um Problema (necessidade do cliente),
aglutinando o desenvolvimento do produto e/ou serviço com as designadas atividades
de Desenvolvimento de Cliente - investigação qualitativa (entrevistas, testes de
usabilidade, etc.) ou experimentação quantitativa (produto e/ou serviço em
uso/funcionamento em sede de cliente). Este Desenvolvimento de Cliente pode ser
dividido em duas etapas8 - Identificação do Cliente (Customer Discovery) e Validação
do Cliente (Customer Validation).
6 Eric Ries. “The Lean Startup”, 2011. Crown Business, Nova Iorque
7 Eric Ries. “The Lean Startup”, 2011. Crown Business, Nova Iorque
8 Steve Blank, “The Four Steps to the Epiphany”, 2006, Printed by Lulu.com
10
No centro de todo este processo de maturidade sequencial está o conceito de Produto
Mínimo Viável (PMV) ou Minimum Viable Product (MVP)9, ou seja, uma versão do
produto e/ou serviço, com as características essenciais da oferta final, que permite aos
promotores obter e validar factos, de modo rápido e com o mínimo de esforço, naquilo
que, na prática, corresponde ao processo científico da experimentação. Sob forma
esquemática, temos os seguintes passos:




Identificar a hipótese principal a ser testada;
Definir e construir o Produto Mínimo Viável;
Efetuar os testes qualitativos e quantitativos (entrevistas, A/B testing10,
campanhas Adwords11, experiências de utilização, etc.);
Retirar conclusões e rever hipóteses.
Avaliar recursos, atividades e selecionar parceiros são, a par com o desenvolvimento
de produto e/ou serviço e de cliente, a base estratégica e operacional do modelo de
negócio.
1.2 – Constituir a Empresa
Esta é uma importante etapa a completar, na
medida em que a credibilidade e a
operacionalidade do negócio dependem da
existência de uma entidade jurídica para poder
operar formalmente no mercado e contratar
com terceiros.
Constituir a empresa significa pensar em dois
níveis de assuntos:


Legais;
Comerciais.
No primeiro caso, de modo muito sucinto,
existe a possibilidade de, através de “Empresa
na Hora”12 e de “Empresa Online”13, se
constituir uma sociedade unipessoal, por
quotas ou anónima, no momento e num só
balcão.
Do website “Empresa na Hora”:
Não necessita prévio certificado
admissibilidade nem escritura
pública;
Comunicação código de acesso ao
cartão eletrónico, número de
identificação da Segurança Social,
pacto social e Código de Acesso
Certidão Permanente e registo de
domínio na Internet. pt;
Registo do contrato em
"http://publicacoes.mj.pt/".
9 Idem, anterior e Eric Ries. “The Lean Startup”, 2011. Crown Business, Nova Iorque.
10 Testes comparativos
11 Serviço de publicidade da Google
12 http://www.empresanahora.pt/ENH/sections/PT_inicio
13 https://bde.portaldocidadao.pt/evo/landingpage.aspx
11
O custo do serviço é menor para empresas cujo objetivo seja o desenvolvimento
tecnológico ou a investigação e as Startup podem beneficiar de isenção de taxas e
emolumentos.
Na opção por qualquer das formas jurídicas de sociedade deve ter-se em conta o
património a afetar, a responsabilidade a assumir e se o exercício da atividade é feito
como único detentor da totalidade do capital ou com outros sócios/acionistas.
Deverão ser ainda ponderados os aspetos relacionados com o registo de patentes,
certificações ou outros conexos, que salvaguardem ideias, processos, protótipos e
produtos.
Em segundo lugar, há que definir eventuais conceitos e modos de intervenção
comercial, que podem conduzir à criação de marcas – institucionais ou de produto – e
de uma imagem e comunicação específicas, para construir uma identidade comercial
própria.
1.3 – Financiar o projeto
Qualquer negócio necessita de financiamento. E, numa primeira fase, é necessário
decidir e calcular qual a parte de capitais próprios que o promotor irá investir no projeto.
É muito importante determinar as necessidades financeiras, em desenvolvimento de
produto, infraestruturas, equipamentos e em fundo de maneio, para que a exploração
do negócio possa ser levada a cabo, nos primeiros tempos, sem ruturas de tesouraria
ou comprometimento da execução do plano de ação. Se houver que desenvolver pilotos
e efetuar testes de mercado, há que garantir o respetivo financiamento. As licenças,
patentes e outros registos têm um custo que pode ter expressão importante, sobretudo,
se a Startup tiver como objetivo outros mercados além do nacional.
Os capitais necessários para fazer face às despesas de arranque do projeto poderão
ser de origem própria ou alheia. Os capitais próprios (que devem assegurar o
funcionamento das empresas com uma margem de segurança) são, normalmente, o
capital social, as outras prestações de capital, o autofinanciamento, os subsídios ao
investimento ou à criação de postos de trabalho e o capital de risco (garantidos por
FFF14, Business Angels e Fundos vocacionados para apoiar startups, entre outros).
Necessitando recorrer a capitais alheios, a respetiva proveniência pode resultar de
créditos diversos - fornecedores, empréstimos bancários, empréstimos de
sócios/acionistas ou locação financeira, mobiliária e imobiliária.
14 Friends Fools and family, referência aos amigos, aos “loucos” e à família, ou seja, aqueles que investem
no negócio atendendo ao promotor e não ao projeto em si mesmo.
12
Existem diversas fontes de financiamento inicial para o projeto de uma Startup, que vão
desde os apoios comunitários – candidaturas diretas ao Horizon 2020, ao Portugal 2020
e a outros programas de entidades intermédias, como o IEFP, a garantia mútua, os
Business Angels e outros apoios geridos por Associações empresariais.
Mitigar o risco é muito importante para qualquer potencial empreendedor. Milhares de
decisões têm de ser tomadas todos os dias e uma delas poderá comprometer o futuro
da empresa. Um investimento mal calculado, um fornecimento com crédito mal parado
ou uma rutura de tesouraria inesperada são acontecimentos que podem fazer ruir um
negócio de um dia para o outro.
O projeto de uma startup deve garantir sustentabilidade e obedecer a um plano
económico e financeiro prévio, que contemple:







Projeções da atividade económica, com apuramento de resultados (vendas e
prestações de serviços, custo da mercadoria vendida e das matérias
consumidas, fornecimentos e serviços externos, subcontratos, comissões,
gastos com o pessoal, impostos e outros);
Cálculo do valor do investimento;
Cálculo das necessidades em fundo de maneio;
Cálculo das necessidades de financiamento total;
Apuramento do cash-flow de investimento e da exploração;
Cálculo da viabilidade do projeto (VAL15 , TIR16 , Payback17 , ROI18 );
Elaboração das demonstrações económicas e financeiras previsionais e de um
quadro de indicadores fundamentais, de natureza diversa.
15 Valor Atual Líquido, conceito utilizado para determinar a viabilidade de um investimento sendo que, para
um projeto ser viável o VAL tem de ter valor positivo.
16 Taxa Interna de rentabilidade, determina a taxa de rentabilidade do projeto. Trata-se de um importante
valor indicativo mas que não deve ser utilizado sozinho como fator de escolha, pois apresenta alguns
inconvenientes.
17 Payback é o período de retorno do capital investido.
18 Return On Investment taxa de rentabilidade do capital investido.
13
2. Enquadramento Competitivo
2.1 – Envolvente Competitiva
2.1.1 - Fatores Gerais com Influência a Curto e a Médio Prazo
Todas as áreas de atividade sofrem, direta ou indiretamente, a influência de fatores que
escapam ao controlo dos empresários e gestores de Startup e, no geral, das pequenas
e médias empresas (PME), mas que importa ter em atenção por poderem traduzir-se
em oportunidades a aproveitar ou em ameaças a vigiar. Numa abordagem geral,
validando todas as hipóteses de origens de fluxos turísticos, tradicional e recentemente
presentes em Portugal, temos:
Tabela 1: Impactes Gerais
Fonte: Elaboração própria
Impacte Provável nas Atividades Turísticas
Fatores e Tendências
Tipo
Envelhecimento e alteração
comportamental da
população, nacional e
Oportunidade
europeia
Fragilidade do crescimento
económico – Portugal e
Europa – e problemas de
Ameaça
coesão UE
Curto Prazo
Médio/Longo Prazo
 Aumento de short-breaks
 Exigência qualidade
de serviço
 Reestruturação modelo de
oferta turística
 Aumento estada e
gasto médios
 Acréscimo de
disponibilidade/rendimento
para turismo/lazer
 Reforço “compra
direcionada”
 Ponderação de preço –
enfoque gastos e margem
 Aumento da apetência
por viagens low-cost
 Procura muito direcionada
e ponderada
 Impacte nas margens
e estrutura de gastos;
 Inovação e “customize”,
com cross-selling
 Alteração na origem
dos clientes.
 Manutenção de
novidade/diferença
 Redução orçamental para
viagens e férias
Níveis de desemprego
Ameaça
 Contração/reorientação da
procura
 Perda potencial de receita
turística
 Aumento das viagens com
destino mais próximo
Clima de desconfiança
internacional, em relação a
alguns destinos turísticos tradicionais e emergentes –
por instabilidade diversa
Oportunidade
 Procura de Portugal
(enfoque em Lisboa, Porto
e Algarve)
 Aumento do turismo
interno
 Reforço do crossselling
 Alteração da estrutura
dos negócios
 Flutuação de destinos
e de preço
 Crescimento de redes
14
Portugal no seu todo e, sobretudo, algumas regiões como o Algarve e cidades, como
Porto e Lisboa, estão a registar elevadas taxas de procura, com origem interna e
externa.
As duas naturezas principais de fatores, que configuram espaços de oportunidade a
explorar:



Transferência de fluxos de destinos concorrentes, por registarem elevados
índices de conflitualidade, política ou religiosa, e clima de crescente
insegurança, com casos de violência sobre estrangeiros;
Resultado da contínua divulgação de caraterísticas/qualidades intrínsecas
distintivas, ao nível do ambiente, acolhimento, facilidade de circulação e
transporte, dinâmica cultural e de entretenimento;
Dinâmica e maturidade do setor nacional, com oferta atrativa, diversa, adequada
ao público-alvo e, por este, valorizada.
2.1.2 – Mercado e Tendências
No caso vertente, importa analisar o mercado das unidades que oferecem alojamento,
ainda que as tipologias sejam bastante diversas, entrando em linha de conta com a
proveniência dos clientes internos e externos, tomando nota dos fluxos por país de
origem. Em termos gerais, trata-se da amostra total da procura possível para a natureza
de oferta em análise (Total Available Market – TAM)19. Com reporte aos dados
acumulados, em Abril de 2015, temos:
a) Origem internacional
Gráfico 1: Hóspedes em Estabelecimentos Hoteleiros, Aldeamentos, Apartamentos Turísticos e
Outros, por País de Origem (Acumulado em Abril de 2015, milhares)
Fonte: INE, via Turismo de Portugal
Total Estrangeiros
Outros
Reino Unido
Itália
Irlanda
Holanda
França
EUA
Espanha
Escandinávia
Brasil
Alemanha
0,00
500,00
1000,00
2015
1500,00
2000,00
2500,00
2014
19 Steve Blank, “The Four Steps to the Epiphany”, 2006, Printed by Lulu.com e Eric Ries. “The Lean
Startup”, 2011. Crown Business, Nova Iorque.
15
O Reino Unido, a Espanha, a Alemanha e a França são as principais origens dos
hóspedes recebidos em 2014 e até Abril de 2015, evidenciando uma tendência que não
é recente, ainda que haja alteração favorável no volume da procura. O mercado britânico
(cerca de 21,1% do total) registou crescimento, mas, que se traduz numa desaceleração
do ritmo de 2014. As dormidas de hóspedes da Alemanha (mais de 15% do total)
também apresentam aumento.
b) Origem nacional
Se efetuarmos o cotejo, com a procura de origem nacional, observamos o seguinte:
Gráfico 2: Hóspedes em Estabelecimentos Hoteleiros, Aldeamentos, Apartamentos Turísticos e
Outros, Total por Origem Nacional/Internacional (Acumulado em Abril de 2015, milhares)
Fonte: INE, via Turismo de Portugal
2664,03
1917,36
1933,20
1773,09
2148,37
2323,55
2014
2015
Total Estrangeiros
Total Portugal
Total Global
c) Tipologia de destino
Neste caso, podemos observar um forte crescimento de 2014 para 2015, sobretudo ao
nível da hotelaria (mais 70%):
16
Gráfico 3: Hóspedes em Estabelecimentos Hoteleiros, Aldeamentos, Apartamentos Turísticos e
Outros, por Tipologia de Estabelecimento (Acumulado em Abril de 2015, unidade)
Fonte: INE, via Turismo de Portugal
Total Global
Outros
Apartamentos Turísticos
Aldeamentos Turísticos
Pousadas
Hotéis-Apartamentos
2* e 1*
3*
4*
5*
Hotéis
2015
2014
Observando a figura acima, extrai-se a conclusão de que é a hotelaria e os hotéisapartamentos que atraem o maior número de hóspedes, e estes têm vindo a aumentar
substancialmente. Nenhuma tipologia perde volume, comparando 2014 com 2015
Contudo, as restantes tipologias, muito menos representativas, mostram, em 2015,
volumes semelhantes aos registados em 2014, prenunciando não serem alvo
privilegiado da generalidade dos hóspedes.
A caraterização mais fina obriga a uma análise mais detalhada, que não cabe no âmbito
deste manual. Todavia e com base em elementos recolhidos num estudo efetuado pelo
Turismo de Portugal20, 51% do total de clientes que procuram as empresas de animação
turística e operadores marítimo-turísticos, encontra-se na faixa etária entre os 25 e os
44 anos. Trata-se de clientes individuais e de grupos de interesse - empresas, escolas
ou colónias de férias. Esta tendência mantém-se inalterada por regiões, com exceção
do Algarve onde os clientes individuais e as agências de viagens e turismo são os
principais elementos da procura.
O segmento de mercado a abranger, ou disponível (Serviceable Available Market –
SAM)21 tem dimensões e limites diversos, conforme a natureza específica, os objetivos
e a escala do negócio. O consumo das utilidades geradas por um negócio de Alojamento
e Atividades de Animação Turística tem vindo a aumentar, o que podemos constatar
pela evolução das receitas por aposento nas diferentes tipologias.
20 Turismo de Portugal, “Animação do Turismo em Portugal, 2013”. Dezembro de 2014
21 Steve Blank, “The Four Steps to the Epiphany”, 2006, Printed by Lulu.com e Eric Ries. “The Lean
Startup”, 2011. Crown Business, Nova Iorque.
17
Gráfico 4: Proveitos por Aposento em Estabelecimentos Hoteleiros, Aldeamentos e Apartamentos
Turísticos e Outros (€)
Fonte: INE, via Turismo de Portugal
Total Global
Outros
Apartamentos Turísticos
Aldeamentos Turísticos
Pousadas
Hotéis-Apartamentos
2* e 1*
3*
4*
5*
Hotéis
0
100.000.000
2015
200.000.000
300.000.000
400.000.000
2014
Quando refletimos sobre os valores em causa, continua a evidenciar-se a tendência de
forte crescimento de 2014 para 2015, com a hotelaria e os hotéis-apartamentos a
liderar, e os restantes mantendo valores semelhantes nos dois anos.
2.1.3 – O Setor e a Dinâmica Concorrencial
A dinâmica empresarial é muito forte e tem vindo a crescer nos últimos anos, o que se
reflete, nomeadamente no número de empresas e respetivos movimentos. De acordo
com os últimos dados, constantes dos Quadros Setoriais da Central de Balanços do
Banco de Portugal, observou-se o expresso nas tabelas seguintes, entre 2012 e 2013:
Tabela 2: Movimento de Empresas (2012/2013)
Fonte: QS do Banco de Portugal, 2015
Número de empresas
2012
2013
613
733
Entrada de empresas
189
Saída de empresas
69
Um acréscimo líquido de cerca de 20% no número de entrantes no setor demonstra
alguma atratividade deste. A maioria das empresas dispersa-se pelo País (53%),
gerando uma parte substancial do volume de negócios. Temos alguma concentração na
região de Lisboa (25%).
18
Tabela 3: Estrutura por localização, Número de Empresas e Volume de Negócios (2013)
Fonte: QS do Banco de Portugal, 2015
Distrito de localização
Número de empresas
Volume de negócios
Lisboa
25%
21%
Faro
12%
15%
Funchal
10%
5%
Outras Localizações
53%
59%
Analisando o tempo de permanência no mercado, conclui-se que as empresas
maioritárias são novas, pois, entraram há menos de cinco anos no mercado, ainda que
as com permanência superior a uma década sejam as que representam mais de 50%
do volume de negócios, evidenciando domínio de canais, notoriedade e economias de
escala.
Tabela 4: Maturidades e Volume de Negócios (2013)
Fonte: QS do Banco de Portugal, 2015
Maturidade
Número de empresas
Volume de negócios
Até 5 anos
81%
32%
De 6 a 10 anos
9%
14%
Mais de 10 anos
10%
54%
Os ativos e os capitais próprios médios do agregado decrescem ligeiramente no último
ano (2013), sendo que se observa algum aumento médio no volume de negócios e nas
vendas e serviços prestados ao exterior. O número médio de pessoas ao serviço é muito
pequeno, dando uma noção da dimensão e da estrutura de gastos das empresas do
agregado.
19
Tabela 5: Indicadores de Síntese (Média)
Fonte: QS do Banco de Portugal, 2015
2012
2013
Ativo (em euros)
194 175
189 065
Capital próprio (em euros)
62 567
53 720
Volume de negócios (em euros)
65 659
70 833
Vendas e serviços prestados ao exterior (em euros)
3 804
6 839
Compras de bens e serviços ao exterior (em euros)
1 514
1 144
Número médio de pessoas ao serviço
2
2
2.2 – Fatores Críticos de Sucesso
Enquadrado o negócio no ambiente onde se movem as forças competitivas e após a
análise da respetiva influência, é curial tentar enumerar os fatores cruciais para a Startup
sobreviver nessa envolvente, o que se evidencia, ainda que de uma forma muito
abrangente, na seguinte tabela:
Tabela 6: Fatores Críticos de Sucesso
Fonte: Elaboração própria
Fatores Críticos de Sucesso
Efeitos
Diversidade da Oferta (experiências)
Necessidade de parcerias diversificadas
Imagem/credibilidade/confiança
Inovação
Comunicação, ligação em rede e follow-up do serviço.
Qualidade do acolhimento e do ambiente de alojamento
Investigação e desenvolvimento contínuo e melhoria de
processos
Presença nos canais tradicionais e sociais e
Proximidade
estabelecimento de comunicação biunívoca, com forte
participação do cliente
Os principais Fatores ambientais aqui indicados ponderaram aspectos inerentes ao
setor de atividade, a evolução da conjuntura e ainda determinantes de atuação neste
negócio específico, onde a inovação de produtos e de processo é crucial para a
sustentabilidade e a sobrevivência.
20
3. Modelo de Negócio
QUESTÕES PRÉVIAS:
 Há uma definição clara da ideia?
 Foi detetada uma necessidade ou um problema não resolvido?
 Há uma solução inovadora?
 É possível chegar ao mercado? Sozinho? Em parceria?
 Qual é o fator diferenciador da nossa proposta?
3.1 – A Proposta de Valor
3.1.1 – O Produto Mínimo Viável e o Mercado
Um modelo de negócio bem estruturado é fundamental para assegurar que a proposta
de valor está adequada ao mercado, e nomeadamente aos segmentos alvo que foram
selecionados, mas também que é distintiva e que é percecionada pelos seus potenciais
clientes como inovadora, apresentando vantagens em relação à concorrência, que
existe sempre e que deve ser tomada em consideração.
Para evitar surpresas desagradáveis que se traduzem em custos elevados e em
impactos pessoais negativos, é fundamental validar o conceito que está na origem da
Startup de forma a assegurar que o produto ou serviço a disponibilizar corresponde às
expetativas e/ou às necessidades dos segmentos alvo.
Para esse efeito, desenvolver um produto mínimo viável, idealmente um protótipo, já
com as especificações técnicas do produto final e capaz de demonstrar a sua
capacidade para responder a necessidades ou solucionar problemas, a um preço
competitivo e aceite pelo mercado, é essencial para validar o conceito e o modelo de
negócio, permitindo percecionar o potencial do mercado e ajustar o produto ou serviço,
tanto em termos de caraterísticas, como na forma como é comunicado e entregue e
mesmo do preço a que será proposto.
21
3.1.2 – Targets, Bases de Relacionamento e Proposta
Num mercado tão fragmentado como o do alojamento turístico, não se pode falar
propriamente de quota do mercado disponível a atingir por cada unidade. Na realidade,
os principais objetivos a atingir medem-se pela taxa de ocupação e pelo rendimento de
cada alojamento, sendo o indicador mais utilizado o chamado REVPAR (Revenue Per
Available Room) que nos dá a receita por quarto, ou alojamento, disponível.
É fundamental ter uma ideia bem clara e objetivada do mercado alvo a atingir, pois isso
vai condicionar a estruturação do modelo de negócio sendo certo que, neste negócio,
existe uma grande dependência da infraestrutura de base e dos recursos financeiros
disponíveis, devido aos elevados investimentos que são necessários para se iniciar um
negócio neste setor.
Devido às características próprias deste setor, é crítico que o realismo impere em
qualquer decisão relacionada com uma Startup neste setor, em particular pelos
elevados investimentos que implica, como já foi referido acima. Por exemplo, a opção
por um turismo de habitação ou turismo rural estará frequentemente ligada à existência
de casas de família que proporcionem essa oportunidade. No entanto há que ter em
consideração que só a existência da infraestrutura física de base não é suficiente para
garantir a viabilidade do projeto.
A localização, a envolvente e os acessos são, entre outras, variáveis a ter em conta e
que condicionam, positiva ou negativamente, as opções a tomar, tanto a nível dos
segmentos de clientes a atingir, como das infraestruturas operacionais que incluem as
atividades, os recursos e as parcerias chave e que são, elas próprias, também em
função dos potenciais clientes escolhidos.
Como em qualquer outro setor, também aqui é fundamental conhecer os clientes, os
seus gostos, as suas motivações e o porquê da sua opção. Só isso vai permitir estruturar
uma proposta de valor adequada e que seja eficazmente comunicada, tendo em
particular consideração meios alternativos, fortemente potenciados pelas novas
tecnologias e, também eles, por novos modelos de negócio.
Para assegurar que a proposta de valor tenha uma vantagem competitiva, é essencial
que a oferta a disponibilizar disponha de fatores de diferenciação que, em contraponto
com os fatores críticos de sucesso deste mercado, lhe assegurem essa vantagem
competitiva, a ser idealmente suportada em:






Originalidade;
Integração em Produtos Turísticos;
Beleza natural ou patrimonial;
Alternativas de ocupação;
Facilidade de acesso;
Preço competitivo.
22
Com base nestes elementos, uma Proposta de Valor ajustada deverá contemplar o
seguinte:
Atributos do
Serviço
Adequabilidade
ao target e
inovação
Envolvimento
cliente
+
Relacionamento
com Clientes
Tempo
resposta
solicitações
Diálogo/recolha
de opinião
+
Imagem e
reputação
Confiança e
rigor
Persuasão e
reconhecimento
Preço,
Funcionalidade,
imagem
Participação no
processo
Fiabilidade,
assistência,
escalabilidade
Proposta de Valor para o Cliente que Encomenda uma Loja Virtual
Figura 3: Vertentes Gerais de uma Proposta de Valor para a Atividade
Fonte: Elaboração própria
Naturalmente que, tendo em consideração a grande variedade de oferta neste setor, a
análise deve ser efetuada caso a caso e sugere-se a utilização de uma matriz de síntese,
para facilitar a visualização de todos os seus componentes.
Para a construção da proposta de valor temos também de assegurar uma articulação
da mensagem com os veículos e os suportes, pelo que se sugere a criação de uma
matriz dinâmica que permita evidenciar:



os fatores de valor, ou seja, os elementos de base da proposta;
os vetores ou meios a utilizar na comunicação da proposta de valor aos
segmentos de clientes;
a mensagem a comunicar, para garantir um adequado posicionamento de
marketing.
Ficarão assim evidenciados, para cada segmento de clientes, os elementos essenciais
da proposta de valor.
Para esse efeito pode utilizar-se uma matriz com estrutura idêntica à da tabela inscrita
abaixo, em que é dado um exemplo de trabalho efetuado para o estabelecimento de
uma proposta de valor para um negocio de motociclos, atendendo a:



Destinatários – retalho profissional e utilizadores finais;
Fatores subjacentes à adesão de cada um destes segmentos;
Vetores e suportes mais adequados para a comunicação da proposta.
23
Tabela 7: Exemplo de Identificação Geral da Proposta de Valor para Turismo
Fonte: Elaboração própria
Destinatário
Retalho
Comunicação
Fatores de valor

Aspetos técnicos

Manutenção

Preço

Apoio
Vetor
 Especificações
Base Mensagem
 Logótipo/marca
 Logística de
 Catálogo
reservas/entregas
 Equipa/prazos de apoio
 Online para reserva e apoio
 Marketing direto
 Margens competitivas
 Logótipo/marca

Imagem e
ergonomia

Utilizador
Facilidade
montagem

Preço

Manutenção/apoio
 Cor
 Conforto e moda
 Assinatura
 Preço proporcional valor
 Comunicação online /
motociclo
biunívoca / blog / website
 Manutenção rápida
 Podcasts e outros
 Apoio direto e no momento
 Prescritores
 Eventos
3.2 – O Desenho do Modelo
Uma vez assumida com clareza a proposta de valor e identificados os segmentos alvo,
definem-se as fontes de rendimento e o modo de comunicação e de relacionamento
com cada um deles e ainda, noutra vertente, há que identificar e fixar as atividades, os
recursos necessários e as parcerias chave, donde retiramos a estrutura de custos e as
diversas margens de contribuição, bem como o break-even do negócio.
Para facilitar a compreensão da metodologia de estruturação de um modelo de
negócios, baseada na Tela do Modelo de Negócios, apresentamos de seguida uma Tela
para uma possível Startup na área do Turismo de habitação.
Estamos a considerar uma empresa que vai entrar no Turismo de Habitação, assumindo
que a propriedade pertence à família de um dos promotores. A Instalação dispõe de
quartos no edifício principal e pequenos bungalows dispersos na propriedade. Dirige-se
fundamentalmente a casais citadinos e a pessoas que procuram experiências
diferentes.A comunicação será efetuada através de canais tradicionais, como as
agências de viagem, e não tradicionais, com uma forte aposta na web. O preço terá de
ser competitivo, impondo muito controle na gestão das infraestruturas de suporte,
nomeadamente nas atividades, recursos e parcerias chave.
Os custos são necessários para suportar a infraestrutura de apoio, mas também as
despesas de marketing onde será necessário uma aposta para dar a conhecer a casa.
Os fluxos de rendimento provêm do aluguer de quartos e bungalows e de comissões
24
negociadas com entidades a serem referenciadas, como por exemplo, restaurantes e
lojas.
Figura 4: Turismo de Habitação
Fonte: Elaboração própria
3.3 – O Marketing e os Processos Funcionais
A operacionalização da estratégia efetua-se, sobretudo, por via das políticas de
marketing, entendido como dimensão integradora de todas as vertentes que suportam
a proposta de valor para o cliente/mercado e consequentemente a proposta de valor
para o acionista/detentor do capital.
No caso de um negócio de Alojamento e Atividades de Animação Turística, o marketing
estrutura-se com base num Mix22 de variáveis, cuja correta definição é crucial para a
viabilidade prática do negócio. Este Mix deverá, neste caso concreto, contemplar os
seguintes vetores de raciocínio:
i. Produto / Serviço
Combina as subvariáveis que concorrem para os produtos/serviços oferecidos pela
operação de alojamento/hospitalidade – elementos tangíveis e intangíveis.
22 Conceito de Neil Borden, significando uma lista (mistura/composto) de elementos importantes ou
"ingredientes" que permitem desenvolver a estratégia de marketing da empresa.
25
Deve ter-se presente que nesta atividade uma parte sensível do produto/serviço para o
cliente é de natureza intangível. Deve atender-se a:








Denominação – fácil, identificável, memorizável;
Imagem – direta, atrativa, memorizável, identificável;
Envolvente – ambiente e facilidades de acesso;
Serviços complementares, obrigatórios e diversos – experiências diversas, em
parceria (passeios e visitas, atividades de rio e de mar, degustação de produtos
regionais, gastronomia, provas de vinhos, viagens de helicóptero, desportos,
etc.);
Correspondência do serviço prestado com o percebido pelo cliente –
conformidade com necessidade e expetativas;
Correspondência do produto/serviço com a proposta de valor;
Inovação;
Diversidade de soluções, com PMV e acréscimo por desenho “caso-a-caso”
(one-to-one).
ii. Instalações e ambiente
Sendo a base da oferta e do MPV, merece especial atenção no concernente aos
aspetos:




Localização;
Arquitetura;
Design e decoração do ambiente;
Conforto (sossego, salubridade, ergonomia).
iii. Preço
Variável muito ligada à perceção de valor pelo cliente, deve ponderar:




Benchmarking23 da concorrência;
Ajustamento ao target (evitar concorrência só com base no preço, contemplar
valor percecionado e níveis de rendimento disponíveis);
Break-even24 e margens do negócio;
Viabilidade e sustentabilidade.
iv. Canais
O acesso ao cliente efetua-se de modo diverso, usando diferentes vias (diretas e com
intermediários), com reconhecido impacte nesta tipologia de negócio. Então, convém
trabalhar com:
23 Processo de análise das melhores práticas num determinado setor, que conduzem a um desempenho
superior
24 Ponto crítico
26









Canal direto via website do negócio;
Portais de turismo;
Agências de viagens e operadores turísticos;
Comercializadores de pacotes de “turismo de experiências”, maioritariamente
presentes no canal internet;
Empresas organizadoras de eventos;
Grandes marcas e grupos de outros setores que desenvolvem ações frequentes
de marketing de experiências, promoção de produtos e serviços e patrocínio de
atividades diversas;
Clubes e empresas que organizam eventos desportivos;
Embaixadas;
Outros, com impacte na realização de ações para o target definido.
25 Comunicação regular e periódica enviada aos clientes (atuais e potenciais), informando sobre atividades,
produtos, serviços, destaque de prémios e de posição no mercado, etc. Pode oferecer produto e serviço.
26 Contração do termo inglês web log, "diário da rede", é um sítio cuja estrutura permite a atualização rápida
de conteúdos, por via de (posts) publicações, sob a forma de artigos.
27
4. Considerações Finais
O projeto de uma Startup para operar no domínio da Oferta de Alojamento Turístico
necessita de um claro enfoque inicial nos mercados com capacidade de resposta mais
rápida, de garantir um bom desempenho operacional e uma presença mais forte nos
canais. Um adequado posicionamento na cadeia de valor é, assim, um fator crucial para
o sucesso. A inovação deve centrar-se na oferta de uma grande variedade de serviços
adicionais – experiências – que permitam ao cliente ajustar o usufruto do alojamento e
preferir a empresa a outras concorrentes, que mais nada acrescentam ao serviço
mínimo. A segmentação é outro fator determinante para adequar e orientar os “pacotes”
da oferta, que ultrapassam o mero alojamento.
Se necessitar de garantir um quadro de apoio com recurso a financiamento por terceiros
deverá demonstrar um conjunto de aspetos, vitais para a adesão de qualquer entidade
parceira:
i.
Necessidade detetada e resposta dada pelo produto/solução;
ii.
Domínio do produto, no que respeita à respetiva caraterização,
desenvolvimento e propriedade intelectual;
iii.
Realização de testes de funcionamento e de adesão, já com resultados
positivos (pilotos);
iv.
Definição clara dos mercados-alvo e respetiva quantificação – vendas
iniciais, vendas potenciais e margens;
v.
Quantificação das primeiras fases de escalabilidade do projeto;
vi.
Boa definição de canais e garantia de acesso (contacto/compromisso/
contrato) a redes de distribuição, nacionais e internacionais, por fases;
vii.
Equipa, estratégia e parcerias estabelecidas e a estabelecer.
Com o Turismo na ordem do dia e Portugal a registar crescente procura internacional,
o setor, apesar da forte concorrência, configura oportunidades de negócio, para
propostas diferenciadas e integradoras de diversas vertentes de oferta.
28
5. Referências Bibliográficas
Alexander Osterwalder, Yves Pigneur, “Business Model Generation: A Handbook for
visionaries, game changers, and challengers striving to defy outmoded business models
and design tomorrow's enterprises”. Published by John Wiley and Sons, Inc. Hoboken,
New Jersey
Berry, Michael e Linoff, Gordon (2000), Mastering Data Mining: the art and science of
customer relationship management, John Willey & Sons.
Drucker, Peter – A Organização do Futuro, Europa-América
Eric Ries. “The Lean Startup”, 2011. Crown Business, Nova Iorque
Kaplan, Robert S., Norton, David P., Organização Orientada para a Estratégia. Editora
Campus
Kotler, Philip (2000), Marketing para o Século XXI, Lisboa, Editorial Presença
Porter, Michael E.: Estratégia Competitiva Técnicas para Análise de Indústrias e da
Concorrência (2.ª edição)
Steve Blank, “The Four Steps to the Epiphany”, 2006, Printed by Lulu.com
Turismo de Portugal, “Animação do Turismo em Portugal, 2013”. Dezembro de 2014
http://www.anje.pt/
http://www.ecf.com
http://www.empresanahora.pt/ENH/sections/PT_inicio
http://www.inovaportugal.com/asa/
http://www.portugalglobal.pt
https://bde.portaldocidadao.pt/evo/landingpage.aspx
29
Download