Imprimir () 29/02/2016 ­ 05:00 Histórias que passam longe da crise Por Dauro Veras Da esq.: Marcos Oliveira, Luiz Felipe e Fernando Oliveira, da Neoprospecta Em 2010, três doutorandos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) decidiram montar um negócio juntos. O biólogo Luiz Felipe de Oliveira, o farmacêutico Marcos de Carvalho e o economista Luiz Fernando de Oliveira criaram a Neoprospecta, uma startup de biotecnologia que logo despertou a atenção dos investidores. Instalada em Florianópolis, a empresa cresceu 300% em 2015 e deve passar dos 500% este ano. Em maio, lança um teste que detecta, numa única amostra genética, os vírus causadores de três doenças: zika, dengue e chikungunya. "Nossa empresa é a primeira do Hemisfério Sul com tecnologia para análise microbiológica molecular em larga escala, baseada no sequenciamento genético", diz o CEO Luiz Felipe. A identificação exata do vírus permite dar mais agilidade e precisão ao tratamento. A startup atua nas áreas de biologia molecular, genômica e bioinformática. Seus principais clientes são hospitais e indústrias de alimentos que buscam prevenir, identificar e combater contaminações. Em 2014, a Neoprospecta recebeu aporte de R$ 4 milhões do fundo Cventures Primus, criado pela Fundação Certi. O fundo tem R$ 83 milhões para investir em negócios inovadores, dos quais R$ 26 milhões já estão aprovados até o primeiro semestre. Cada startup apoiada recebe entre R$ 1 milhão e R$ 10 milhões por uma participação que gira em torno dos 30%. "Auxiliamos nos processos de gestão e nos contatos com clientes, mas nunca ficamos com o controle das empresas", diz o diretor de investimentos Leopoldo Lima. Outra gaúcha que começou como spin­off de projetos de pesquisa da UFRGS é a i9Access, que atua com telemedicina. Ela faz telediagnóstico de exames cardiológicos em tempo real e oferece o serviço de sala cirúrgica multimídia, que permite o acompanhamento de cirurgias a distância por estudantes e profissionais da área. "Nossa intenção é dobrar o faturamento este ano, ganhar escala de clientes e começar algo no mercado internacional", diz um dos fundadores, Alexandro Bordignon. Consultoria de saúde sob demanda para organizações é o negócio da paulista AzimuteMed, criada em 2010 por três profissionais oriundos de grandes empresas da área. "Nossa abordagem é focada na prevenção e na mitigação dos riscos das doenças", diz uma das fundadoras, a enfermeira Luciana Lauretti. A empresa usa diversas tecnologias no atendimento personalizado aos pacientes e na mensuração dos resultados para seus clientes ­ a maioria, operadoras de saúde e indústrias farmacêuticas. Em 2015 o faturamento cresceu 30% na comparação com o ano anterior e a expectativa dos sócios é chegar a 15% este ano. A Agroinova foi fundada há sete anos em Pirassununga (SP) pelos zootecnistas Dalton Sales e Adriano Romero, que desenvolveram um sistema de gestão para piscicultura. Em 2012, a startup recebeu participação da TechTrends. Hoje a empresa também fornece sistemas de gestão para pecuária de corte e leite. Das dez maiores pisciculturas do Brasil, seis são seus clientes. Um aplicativo gratuito que ajuda o veterinário a tomar decisões é o carro­chefe da Vet Smart, startup criada em 2012 no ABC paulista por cinco sócios. A empresa passou pela aceleradora 21212 e hoje tem 54 mil usuários ativos de seus dois programas: um para cães e gatos e outro para bovinos e equinos. "Conseguimos crescer sem depender de investidores e agora estamos buscando novas formas de financiamento", conta um dos fundadores, Bruno Ducatti.