Parasitologia (Nutrição) – Aula 9 (03/10) – Schistosoma mansoni – Profa. Adriana Pittella Sudré FAMÍLIA SCHISTOSOMATIDAE Evidente dimorfismo sexual, com espécies que parasitam humanos e animais. GÊNERO Schistosoma ESPÉCIE: Schistosoma mansoni MORFOLOGIA: Vermes delgados. Na extremidade anterior traz uma ventosa oral afunilada e próxima a esta uma segunda ventosa, pedunculada (o acetábulo). O macho apresenta um sulco chamado de canal ginecóforo, pois nele costuma ficar alojada uma fêmea. A fêmea tem um corpo cilíndrico, mais longo e mais fino que o macho. Ovo de casca fina, dupla e apresentando um espinho lateral. Por dentro dela desenvolvese o embrião (miracídio). HOSPEDEIRO DEFINITIVO: Homem e animais silvestres HOSPEDEIRO INTERMEDIÁRIO: Caramujo aquático (Gên. Biomphalaria ) HABITAT: vênulas do intestino grosso, da parede do reto e sigmóide (plexo hemorroidário superior) e ramificações mais finas das veias mesentéricas. Podem ser encontrados em partes do sistema porta, inclusive na luz da veia porta. Existem localizações ectópicas em humanos, como exemplo nos pulmões. CICLO EVOLUTIVO Adaptado de: CDC - http://www.dpd.cdc.gov/dpdx/HTML/ImageLibrary/Schistosomiasis_il.htm 1 Parasitologia (Nutrição) – Aula 9 (03/10) – Schistosoma mansoni – Profa. Adriana Pittella Sudré PATOGENIA E MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Formas larvares Penetração das cercárias dermatite cercariana. Esquistossômulos migração pelos pulmões tosse ou hemoptise. Parasitos adultos Presença do parasito adulto agressão traumática e espoliativa Deposição dos ovos reação inflamatória formação de abscesso granuloma. Fase aguda (entre 50 e 120 dias da infecção) Disseminação dos ovos, principalmente na parede do intestino necrose colite aguda (sintomas: cólica, diarréia com sangue, perda de apetite e dispepsia, desconforto abdominal, sensação de plenitude gástrica, flatulência). Formação de granulomas (intestino e fígado) Forma Toxêmica da Esquistossomose febre, eosinofilia, linfadenopatia, esplenomegalia e urticária. Admite-se ser uma forma de reação imunológica, provocada por imunocomplexos. Hipertrofia ganglionar generalizada e aumento de células imunocompetentes acompanham o quadro toxêmico. Hepatite – maturação dos parasitas infiltração eosinofílica abundante hepatomegalia Fase crônica A lesão típica e elemento anatomopatológico básico é o granuloma (tubérculo) que se forma ao redor dos ovos. Intestino: diarréia mucosanguinolenta, dor abdominal, diminuição do peristaltismo e constipação constante. Fígado: Muitos ovos podem ser arrastados pela corrente sangüínea e ficam retidos nos capilares dos espaços porta do fígado. Os granulomas se acumulam, levando ao desenvolvimento de uma fibrose periportal (fibrose em haste de cachimbo) obstrução de vasos do sistema porta hipertensão porta. Esplenomegalia – Hiperplasia do tecido reticular e dos elementos do SFM. 2 Parasitologia (Nutrição) – Aula 9 (03/10) – Schistosoma mansoni – Profa. Adriana Pittella Sudré Varizes – desenvolvimento de circulação colateral anormal intra hepática e anastomoses. Ascite (Barriga d’água) – decorre da hepatoesplenomegalia – alterações hemodinâmicas, principalmente a hipertensão. Forma cardiopulmonar Localizações ectópicas ovos, larvas e vermes e podem levar ao desenvolvimento de granulomas periovulares grandes, necrótico-exsudativos. O envolvimento neurológico é facilitado por anastomoses entre veias mesentéricas, pélvicas e espinhais, meios pelos quais vermes e ovos podem chegar ao SNC. CONFIRMAÇÃO DO DIAGNÓSTICO EPF para pesquisa de ovos, com métodos de sedimentação (Hoffman, Pons & Janer – Lutz) ou Kato-katz (semiquantitativo). Eclosão de miracídios Biópsia ou raspagem retal só é usada em situações especiais Exame Físico Métodos imunológicos EPIDEMIOLOGIA O Brasil apresenta uma situação paradoxal com redução da prevalência com a instituição da quimioterapia em larga escala mas ainda encontra-se em franca expansão geográfica, com surgimento de novas áreas endêmicas (em SC e sul de MG). A sobrevida do parasita no homem ao que parece pode chegar a mais de 30 anos. A distribuição geográfica mostra uma estreita relação entre a presença de áreas de média e alta endemicidade e a presença do caramujo. Roedores, marsupiais, carnívoros, primatas e bovinos já foram encontrados com infecção natural. O problema central da presença de focos de transmissão se relaciona com a contaminação fecal humana das coleções aquáticas. O clima apropriado e as condições sócio-econômicas precárias permitem a manutenção da endemia nas áreas onde foi implantada. 3 Parasitologia (Nutrição) – Aula 9 (03/10) – Schistosoma mansoni – Profa. Adriana Pittella Sudré PROFILAXIA Educação Sanitária pré-requisito de todas as medidas de controle; Combate ao caramujo; Destinação apropriada de fezes; Evitar águas infestadas por caramujos Possível??? Uso da niclosamida na forma de loção 1% à pele antes do contato com águas infestadas por caramujos evita a penetração de cercarias; Programas de tratamento em massa de seres humanos e saneamento básico. 4