CATEQUÉTICA 5ª Lição Pe. João Kindra A SAGRADA ESCRITURA

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CATEQUÉTICA
5ª Lição
Pe. João Kindra
A SAGRADA ESCRITURA
Os livros da Sagrada Escritura foram escritos em tempos diversos: uns antes da vinda
do Salvador Jesus Cristo à terra, outros depois disto. Os livros escritos antes de Cristo,
constituem o Antigo Testamento, e os livros escritos depois da Sua vinda – constituem o
Novo Testamento. A palavra Testamento significa aliança ou associação de Deus com os
homens.
Em que consiste o Antigo Testamento?
No fato que Deus prometeu aos homens um Salvador e os preparava para O
receberem. Essa preparação era conduzida pelo Senhor através de Suas revelações
paulatinas, através das profecias e de “figuras”. Os livros do Antigo Testamento narram
como os homens aguardavam a vinda do Salvador, quais as leis que Deus estabelecia para
manter as pessoas na verdadeira fé, quais os milagres que Deus operava, como concedia a
força para vencerem o mal.
Em que consiste o Novo Testamento?
O Novo Testamento consiste no fato que o Senhor enviou para os homens o
prometido Salvador – Seu Filho Unigênito, nosso Senhor Jesus Cristo. Nos livros do Novo
Testamento conta-se sobre a vinda do Salvador à terra, sobre seus ensinamentos, sobre os
milagres que Ele realizou para dar aos homens a certeza que era exatamente Ele o enviado
de Deus, sobre os sofrimentos de Cristo, sua morte, ressurreição e ascensão ao céu. Isto é
contado nos quatro Evangelhos. Nos outros livros (Atos dos Apóstolos e suas Epístolas)
conta-se como se propagava o ensinamento de Cristo entre os povos, como eram fundadas
as Igrejas.
A Bíblia – um livro sagrado
Os livros do Antigo e do Novo Testamento foram reunidos em um só livro, que se
chama Bíblia (literalmente, esta palavra significa livros). Eles foram escritos não como
fruto da sabedoria humana, mas sob inspiração do Espírito Santo. Eles foram escritos por
pessoas santificadas por Deus – profetas e apóstolos. A Bíblia – é um livro sagrado,
superior a todos os livros da terra.
A Sagrada Escritura foi instituída para que as revelações de Deus se conservassem o
mais fielmente possível e sem mudanças. Na Sagrada Escritura nós lemos as palavras dos
profetas e dos apóstolos de tal maneira, como se estivéssemos vivendo com eles e os
ouvindo, mesmo que os livros sagrados tenham sido escritos há milhares de anos.
Como devemos ler a Sagrada Escritura?
A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus. Nela estão guardadas as grandiosas
verdades de Deus. Por isto não podemos ler os livros da Sagrada Escritura como se lêem
os livros humanos comuns. É necessário ler a Bíblia com grande reverência, como palavras
do próprio Deus, e em oração, para que o Senhor conceda a sabedoria para entendermos
exatamente o que foi escrito. A Sagrada Escritura não pode ser interpretada por cada um
de acordo com o seu próprio entendimento. Nela há muitos segredos de Deus, que não
podem ser entendidos com a leitura de apenas um versículo ou um capítulo. Por isto, para
não incorrer em erro, é preciso se manter fiel às explicações da Santa Igreja Universal,
proferidas pelos santos Padres e Mestres da Igreja e também pelos Concílios Ecumênicos.
Quais são as provas que a Sagrada Escritura tem procedência divina?
A própria Sagrada Escritura contém elementos que testificam que os seus
ensinamentos constituem a Palavra de Deus. Esses elementos são:
1. O nível desse ensinamento, que poderia vir apenas de Deus, pois a inteligência
humana não seria capaz de criá-lo.
2. A pureza desse ensinamento, que só poderia ter saído da puríssima Inteligência
Divina.
3. As profecias que já se realizaram, o que deixa claro que elas não foram inventadas
pelos homens.
4. Os milagres realizados pelo Senhor na presença de testemunhas e que são
narrados nesses livros.
5. A influência desse ensinamento no coração das pessoas, possível apenas para a
força de Deus. Por exemplo, através desse ensinamento simples pescadores, os apóstolos,
conquistaram o mundo todo para Cristo.
“Toda a Escritura divinamente inspirada é útil para ensinar, para repreender, para
corrigir, para formar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, apto para toda
a boa obra.” (2Tim 3:16-17.)
O fato de que em certas partes da Bíblia são citadas atitudes terríveis de certas
pessoas – não prejudica a santidade da Bíblia?
A Bíblia descreve as pessoas assim como elas eram, isto é, com a sua tendência
pecaminosa, própria da natureza humana corrompida pelo pecado; mostra como o Senhor
ajudava aqueles que se arrependiam, e como castigava duramente os pecadores não
arrependidos. A Sagrada Escritura, lembrando as más ações dos homens, as condena; mas
de uma maneira especial exalta os justos, que por causa da sua vida correta receberam a
“condescendência” e a bênção de Deus.
OS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO
O assunto principal dos livros do Antigo Testamento é: a criação do mundo e do
homem, a queda do primeiro casal humano no pecado, a promessa a eles de um Salvador,
e a preparação dos homens para recebê-lo.
Jesus Cristo seguidamente se refere à Sagrada Escritura:
“Examinai as Escrituras... elas são as que dão testemunho de mim” (Jo 5:39).
“Então abriu-lhes o entendimento, para compreenderem as Escrituras” (Lc 24:45).
“E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se
encontrava dito em todas as Escrituras” (Lc 24:27).
Os apóstolos também confirmavam a sua pregação com a Sagrada Escritura. Pois “a
profecia nunca foi dada pela vontade dos homens, mas os homens santos de Deus falaram
inspirados pelo Espírito Santo” (2Pdr 1:21).
Quantos são os livros do Antigo Testamento?
Na verdade, eles são 46. Mas São Cirilo, patriarca de Jerusalém, São Atanásio o
Grande e São João Damasceno contam 22, assim como os hebreus contavam antes da vinda
de Cristo. Esta diferença de número reside no fato de que alguns livros eram considerados
um só, enquanto outros livros, por algum motivo, não faziam parte do cânone (da lista).
Este número também é aceito pelos ortodoxos, porque foi aos hebreus que a Palavra de
Deus foi confiada (Rom 3:2), e foi deles que a Igreja cristã do Novo Testamento recebeu
os livros do Antigo Testamento.
Livros do Antigo Testamento de acordo com a lista aceita pela Igreja Ortodoxa:
1.
2.
3.
4.
5.
Gênesis
Êxodo
Levítico
Números
Deuteronômio
Estes primeiros cinco livros do Antigo Testamento são chamados de Livros (Lei) de
Moisés.
6. Josué
7. Juízes (com o livro de Rute)
8. 1 e 2 Reis (= 1 e 2 Samuel)
9. 3 e 4 Reis (= 1 e 2 Reis)
10.1 e 2 Paralipomenon (1 e 2 Crônicas)
11.1 e 2 Esdras (= Esdras e Neemias)
12.Ester
13.Jó
14.Salmos
15.Provérbios
16.Eclesiastes
17.Cânticos
18.Profeta Isaías
19.Profeta Jeremias (incluindo Lamentações de Jeremias e Baruc)
20.Profeta Ezequiel
21.Profeta Daniel
22.12 pequenos profetas (Oséias, Joel, Amós, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum,
Habacuc, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias)
Nesta lista não entraram os livros de: Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria de
Salomão, Josué filho de Sirácida (= Eclesiástico). Não entraram unicamente porque não
fazem parte da lista hebraica, e por isto também não são aceitos pelos evangélicos. Mas
para nós, católicos-ortodoxos, estes livros também são sagrados e, como sublinha Santo
Atanásio, são recomendados pelos Santos Padres, principalmente para aqueles que
ingressam na Igreja, além de serem muito instrutivos para todos os fiéis.
Divisão dos livros do Antigo Testamento
Os livros do Antigo Testamento dividem-se em: legislativos, históricos, instrutivos e
proféticos.
Os legislativos (a Lei) são os cinco livros de Moisés (o Pentateuco): Gênesis, Êxodo,
Levítico, Números e Deuteronômio.
Históricos: Josué, Juízes, Rute, Reis, Paralipomenon (= Crônicas), Esdras, Neemias,
Tobias, Judite, Ester e Macabeus.
Didáticos, instrutivos ou poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos
Cânticos Sabedoria (de Salomão), Eclesiástico (= Sabedoria de Jesus filho de Sirac).
Proféticos: Isaías, Jeremias, Lamentações, Baruc, Ezequiel, Daniel, e dos 12 profetas
menores.
Nota: Sobre os Salmos é preciso ressaltar que este é um livro grandemente inspirado
por Deus, cheio de elevação espiritual, da mais elevada e santa poesia. Este livro é
igualmente instrutivo, pois inspira uma grande piedade; é histórico, porque mostra a
história dessa piedade; e também é profético, porque contém muitas profecias sobre o
nosso Salvador Jesus Cristo. Os Salmos nos conduzem à oração; e, na oração e
glorificação de Deus, elevam o nosso espírito ao mais alto grau. É por isto que o livro dos
Salmos sempre é usado nos ofícios litúrgicos. O livro dos Salmos é um livro de cabeceira
de todos os cristãos piedosos. Eles diariamente lêem uma ou mais “kathismas” depois das
orações matinais.
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