o entre substantivos e adjetivos e mesmo as possiveis

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Este trabalho pretende observar a distin~~o entre
substantivos e adjetivos e mesmo as possiveis subclasses dos
adjetivos, a partir das possibilidades de seu emprego
metaforico. N~o ha muita certeza sobre 0 que faz um adjetivo
ser um adjetivo, da mesma maneira que ainda ha bastante
celeuma sobre 0 que venha a ser uma metafora.
A argumenta~~o
que seguimos
construida sobre do is pontos:
1) 0 que distingue a metafora do LISO "corriqLleiro"das
palavras n.o e nada alem de um conjunto especifico de
condi~~es de uso. Ou seja, nem 0 significado de uma metafora
~ algo especial, nem 0 processo lingOistico por meio do qual
ela funciona ~ diferente daquele que subjaz ao use das
palavras normalmente.
2) Partindo de 1), 0 que valer para as metaforas,
valera para as situa~~es de uso n~o metaf~rico. Assim,
pensamos que a distin~~o entre substantivos e adjetivos para
manter-se deveria
manter-se
tambem
sob
0
processo
metaforico. Na impossibilidade de isto acontecer, 0 efeito
conseguido por meio da meta fora seria um indicador do que
acontece no uso normal das palavras. Trocando em miudos, se
o efeito da met.fora e suspender temporariamente 0 uso
vigente, ao observar como se da essa suspens~o, estaremos
descrevendo como e 0 uso vigente. Isto·posto, a distin;.o
entre substantivos e adjetivos seria uma ilus~o nocional
provocada pelas caracteristicas gramaticais
(sintaticas e
morfologicas) das linguas naturais. pela cultura em que ela
e usada.
As descrii~es gramaticais trabalham com categorias
(substantivo, adjetivo, verbo, etc.) as quais se fazem
corresponder clas.es
de palavras. Como toda descri;~o
gramatical reserva um espaio para 0 lexico onde estariam
armazenadas as palavras com as caracteristicas gramaticais e
semantica. proprias de cada uma delas, passa a fazer parte
da de.crii~o gramatical a necessidade de estipular a que
classe pertence
cada palavra,
sendo acionados tra~os
morfologico., sintaticos ou nocionais que justifiquem a
inclus~o ou n~o de uma dada palavra em uma clas.e. Dividir
as palavras em classes ~, assim, marcar no l~xicD a
categoria gramatical de uma palavra. Se tais categor~as s~o
nece.s~rias e se elas est~o marcadas no l~xicc, • preciso
garantir que cada palavra tenha uma anica classe, do
contr~rio a descri;~o oramatical n~o funciona.
Com rela;~o a substantivos e adletivos. ~ sabido oue,
seja acionando cada crit~rio isoladamente, seja acionandc-os
conJuntamente, n~e se consegue separar todas as palavra_ da
lingua, de modo a que perten;am a uma ou outra classe. Se
tal divis~o ~ t~o problem~tica, por que os "lingOistas
insisistem tanto nela? De um lado para satisfazer uma
intui;*o aparentemente forte para os lingOistas! de outro, a
distin;~o de categorias tem side bastante interessante para
inameros modeles de descri;~o gramatical que se tem tentado.
D que pretendemos neste trabalho poderia ser 0 abandono
da distin;~o substantive X adjetivo. Mas estamos tamb~m
imersos na LingOistica e compartilhamos a intuic~o sobre as
classes. 0 que pretendemos, por outro lado, n*o ~ um
refinamento no emprego dos crit~rios, a fim de permitir uma
categoriza;~o mais limpida~ 0 que deselamos ~, antes de
tudo, investigar qual a raz*o de ser de uma intui~~e t~o
forte, partindo do pressuposto de que ela se justifica, 0
que n~o
implica dizer
que aquilo que os lingOista.
intentaram se sustenta.
Como as categorias substantivo e adJetivo oarecem ser
(e acreditamos que sejam) entidades gramaticais estaveis
(pelo menos para aquelas linguas em que elas existem),
criou-se a ilus*o de que as palavras s~o est~veis (ou
deveriam ser) em rela;~o a elas. 0 que qu.lquer exame das
palavras mostra Q que a no;~o de uma classe ~ uma iILIS~O.A
nossa inten;~o e separar a no;~o de categoria gramatical da
no;~o de classe de palavras ( entendida aqui como conjunto
de
palavras
sujeitas
a
um
mesmo
paradigma
de
comportamentos). Isso implica recolocar a no;~o de categoria
em um outro lugar.
A ado;~o de uma perspectiva como essa implica pensar a
teoria gramatical como um todo. N*o ~ 0 que se pretende
aqui, pelas prbprias limita;~es de espa;o e tempo.Trata-se
apenas de insistir em uma possivel mudan;a de foco. Talvez
as prbprias categorias n~o existam de fato, mas preferimos
trabalhar a partir delas. Poderiamos assim tentar definir
uma categoria gramatical como a entidade gramatical que se
realiza na sintaxe de uma lihgua, identificavel a partir de
rela;~es sintaticas
e processos
morfolOgicos, ~ qual
corresponde
um
"uso
nocional"
que
se
estabelaceu
culturalment ••
Se uma categoria Q uma entidade gramatical, ela precisa
s.r d.finida em t.rmos gramaticais. Se esta defini;~o n~o ~
possivel,
ent_o
n~o
temos
um.
categoria.
A
ela
corresponderia 0 que estamos chamando de uso noeional. Uso
nocional quereria dizer todas as dire;Oes de significa;~o
que podem ser apontada. a partir de uma dada categoria.
A.sim, a categoria adj.tivo (se • que elaexiste) implica um
uso adjetivo, 0 que poderia ser traduzido pelas formas
correntemente usadas I "expressa a qualidade dos seres",
etc. 0 que isto traz de novo? Isto tira das palavras a
respons.bilidade de serem um. coisa ou outra.
A primeira pergunta que emerge desta concep~~o el como
se explicaria 0 fato de que um grande numero de palavras e
sentido como pertencendo a uma ou outra classe (como c.s. e
confort.vel, p. ex.)? A nosso ver, isto decorre da vis~o de
mundo de nossa cultura. Ocorre que 05 usos nocionais das
categorias ( e no fim da linha, as prOprias categorias) s~o
nossa maneira de organizar 0 mundo. Assim e que determinadas
palavras se sedimentam em um dado uso, passando-se a vO-las
numa rela~~o de simbiose com os usos nocionais mais comuns
que delas se fazem. Mas por outro lado, ha processos
lingUisticos corriqueiros do dia a dia que permitem a
"mudan~a de classe", fenOmeno q~le incomoda ,iustamentepor
impedir uma separa~~o absoluta das palavras.
Assim, para funcionar, uma descri~~o gramatical calcada
na no~~o de classes precisa valer-se de alguns expedientes
para explicar senten~as comol
De ~Im lado-,velho nlilo
pode ser ambigua ,quOIn
to a classe,
do contrario, joga-se por terra a no~lIIo
de classe; de outro,
qualquer classe fixada para velho nlilo
se sustenta. Resta 0
recurso de pressupor 0 nueleo do sintagma eliptieo ( homens,
pesso.s, p. ex.) ou 0 recurso de dizer que ha doisitens
lexicais homOnimosl v.lho - substantivo e v.lho - adjetivo.
Esta ultima
sugestlllo, se levada a cabo, pode trazer
problemas relacionados a qual deva ser 0 limite entre a
mesma palavra
empregada diferentemente, ou dois itens
lexieais diferentes. De todo modo e um problema bastante
interessante, 010 qual voltaremos mais adiante.
Por outro lado, se se pensa que temos, na senten;a (1),
a cateporia substantivo, que a ela corresponde um uso
noeional (referir um ser) e que a palavra que ali estiver
precisa satisfazer este uso, pode-se abrir mlilo
dOlno~:lIo
de
elasse e dos problemas em elassificar velho. Velho, no easo,
esta.sUbstantivo, da mesma forma q~le em outras sentenc;;as
poderia estar adjetivo.
A forma como a proposta estA senda apresentada leva a
uma impress~c de que hA uma prevalencia dOlmorfologia e dOl
sintaxe sabre 0 aspecto semi!!tntico
do adjetivo. Nlilc
se trata
aqui de colocar os criterios sintAticos e morfolOgicos de
classifieac;;lIIo
como os unicos que podem definir as classes.
Por Dutro lado. n:lle
se trata tambem de celoear as categorias
- no sentido aue aqui fol estabelecido - como entidades
dadas por si 50s. A nossa vislilo
e a de que a rela;lIIo
das
palavras com as suas categorias e de eterna tens~o. Uma
r'elat;.lle
dini!!tmica sem come;o nem fim. Ocorre q~le ~Ima
descri;~o qramaticaJ para ser levada a cabo precisa fixar um
ponto, como jA frisamos no comet;o. No fundo, 0 que se est.
argumentando aaui e aue fixar 0 ponto na gramAtica e mais
produtivo. pcrque
conduz •
uma Quantidade
menor de
probl.m••• I.to n'o qu.r dizer que .quilo que vi.lumbramo.
como a lin;u•• ej. de.ta form.. No••o d•••jo * tamb*m
r.l.tivizar ••
c.t.;ori... A.
marc.. morfolo;ica.
•
.intatic•• , que
d.t.rminam •
natur.za d.. cat.;oria.
;ram.ticai.,
t.mb*m .inalizadore. que .e e.tabelec.m com
o t.mpo • t.m a fun~'o e.tabilizadora de fixar indices que
v'o tr.duzir determinado. u.o. nocionai •• A. palavr•• , por
.ua vez, t.m no ••u .i;nificado um f.ixe de propriedad•• que
v'o rec.ber u.o. nocionai. que v~o .edimentar a ilu••o de
cl......
C.rto. ~roce••o. lingUi.tico., como a. met'fora.,
e.t.o con.tantemente e.barrando n•• ta. ilu.~e., provocando
.f.ito. novo. d•• ignifica~~o ., por veze., fixando-.e. A
lin;u. muda, nova. rela~~.. .~o e.tab.l.cida., 0 jogo
continua.
.'0
Por que a met.fora e 0 que *7 Da me.ma forma que
••ntimo. como natural a di.tin~~o da. cla••es .ub.tantivo e
adj.tivo, t.mo. uma no~~o intuitiva de que a m.t.fora • algo
di.tinto do u.o corriqu.iro da. p.lavr... E.t. condi~~o
e.peci.l da metafor. tem levado aqu.l.. que .obr. .la.e
d.bru~am.
v.r.
m.tafora como um v.iculo de inform••~e•
••p.ciai. d. que o. f.l.nt••• e ••rvem. DAVIDSON (1992) ••
in.ur;. contra ••ta po.i~'o. 0 que 0 di.tingu. do. outro.
autor...
a in.i.t*ncia com que d.f.nd. que a metafora n~o
t.m n.nhum outro .i;nificado ••p.cial que 0 ••ntido lit.rall
o que di.tingu. um. met. for. n~o e 0 .ignific.do e
.im 0 u.o - • ni.ao .1..
como um. •••• r~~o, .ugerindo,
mentindo, prometendo ou criticando. E 0 u.o ••pecial ao qual
.ubm.t.mo..
linguag.m na met.for. n~o • - e n~o pod••• r Hdiz.r .1goH ••peci.l, n'o import. qu~o indir.t.ment••
Porqu.nto um. m.t.for. d1z .omente aquilo que mo.tra .m sua
f.c. - u.ualment. uma f.l.id.d. p.tent. ou um. v.rdade
.b.urd•• E •••• v.nd.d. cl.ra ou fal.id.d. n'o precis. de
p.r.fr••• - el•• dad. no .ignificado 11t.r.l da. pal.vra••
(DAVIDSON, 1992, p. 47)
o que di.tin;u. a m.tafor •• 0 u.o. Todo 0 .eu efeito
comunic.tivo e.ta ni••ol n•• condi~~e. em que. empr.g.mo.,
n~o no .i;nificado em que.
empregamo•• Aqui e importante
r•••• lt.r que D.vid.on ••ta jog.ndo com a no~~o de ••ntido
liter.l. 0 que. mai. importante • que, independentemente da
no.~o d•• ignificado que .e tome, 0 que faz.mo. em termos de
.ignificado com a m.tafor., .pod.mo. fazer com as palavra.
normalmente. A••im, qualqu.r no.~o de significado que vale
para e.ta. oltimas, valera tambem para a metafora.
David.on da um. pi.ta do que ~.r.cterizaria 0 u.o da
m.tafora. Para que uma m.tafora funcione, e preci.o que 0
ouvinte parta do principio de que a senten~a e falsa. E
.oment. a partir dai que 5e pode trabalhar 0 significado
metaforico. N~o e que a verdade
ou falsidade
da senten~a
seja algo relevante, mas e a chave, 0 sinal para que a forma
de interpreta~~o
seja outra.
(da mesma maneira
que na
ironia, indices
como a entona~~o e 0 papel do conhecimento
compartilhado ~onduzem • interpreta~~o especifica).
Isto posto,
podemos nos perguntar qual
e a opera~~o
lingUistica que se realiza quando se opera uma metafora. Em
termos bem simples, 0 que se pode dizer e que na metafora se
destacam algumas propriedades do nome original, em fun~~o do
use especifico
que se esta fazendo da palavra, religando-se
significa~~es de uma maneira nova para 0 uso c.onvencionado.
Contra-e*&mplos de natureza metaforica s~o normal mente
colocados em segundo plano nas analises
sobre classes
de
palavra,
por
n~o constituirem
empregos
literais
das
palavras.
Por que a co'ndi~~o de
"excepcionalidade"
da
metafora deve
constituir um problema
para as descri~~es
gramaticais? Queremos
incluir a metafora
no terreno
das
coisas possiveis, pelo menos por trOs raz~esl
1) Trata-se
de um uso que faz parte dos recursos de
comunica~~o das
linguas e que segue regras lingUisticas bem
estabelecidas.
2) 0 que e metafora hoje pode ser sentido
literal
amanh~. 0 que separa
uma coisa
da outra? a fato de ser um
processo por meio do qual se fixam usos e significados na
lingua leva a que seja interessante integrar a meta fora nas
regras de constru~~o de significado.
3) 0
processo
metaforico,
em virtude
da forma
e>lcepcional como lit percebido,
per'mite ver com mais clareza
como seda a rela~~o das palavras com as categorias.
Oois tipos de empregos v~o nos interessarl 0 primeiro,
em que no processo metaforico est. envolvida uma mUdan~a no
uso categorial
corriqueiro das palavrasl substantivos
•• 0
empregados como
adjetivos, 0 segundo, em que n~o ha uma
mudan~a como a anterior, embora possa ser considerado haver
uma mudan~a de subclasse, se se trabalha com subclasses.
significando
adjetivo,
Em (2), bossa-nova esta como
o emprego e sentido como
alguma coisa
como
"moderno".
metaforico.
A primeira
observa~~o a fazer " que se estivermos
estanques,
lit
mais
operando
com um sistema
de classes
132
complicado dar conta do .f.ito m.tafOrico. Alem da suspens~o
de algu~
coisa no significado de bossa-nova, a met.fora
operaria uma suspens~o na prOpria cat.goria intrinseca da
palavra. P.la forma como estamos tentando ver a. coisas, 0
u.o adjetivo
da palavra e que estabelece 0 processo
metafOrico. A palavra que ocupa a posi~~o de bo••a-nova tem
que ter um uso adJetivo, 0 que implica descrever 0 n~cleo do
sintagma, qualific.-lo,
etc. acorre
que 0
feixe de
propriedades contido em bo••a-nova tem como estabelecido um
uso .ubstantivo, para denotar um determinado movimento
musical, que se caracterizou pela inova~~o, modernidade,
etc. Assim, 0 termo bo••a-nova n~o e sO 0 nome de um
movimento musical, mas todo 0 feixe de propriedade. a
associadas (basta perguntar a um masico 0 que caracteriza a
bossa-nova e
inameros tra~os ser~o lembrados). a uso
adJetivo do termo faz cessar esta rela~~o pre-estabelecida,
abrindo caminho a uma nova leitura da palavra. a proces.o
metafOrico consiste justamente em suspender um uso anterior,
e seu efeito comunicativo reside na inova~~o que foi feita.
a car.ter excepcional e interessante porque permite perceber
com mais clareza 0 uso de uma palavra acontecendo, e sua
estranheza n.o deve, assim, ser motivo para que se exclua a
met.fora das discussOes sobre 0 adjetivo.
.1.
Num outro caso que pode ser elencado como "mudan~a de
classe" a pista morfossint.tica e fornecida pelo processo de
int.nsifica~.o. a contexto da intensifica~~o e um contexto.
tipicamente adjetivol
0 intensificador
age sobre uma
propriedade vaga, no sentido de ser uma propriedade que se
aplica aosobJeto~ sempre relativa a um dado contexto.
o efeito
do ~nusitado
• obtido
por
meio
do
preenchimento da p6si~~0 adjetiva muito ••• com uma palavra
que tem 0 seu use normal substantivo. Alguma propriedade de
lingUista est' mais em foco ( ou mais de uma, visto que 0
falante pode
ver como defeitos em Paulo tudo 0 que
caracteriza
0
lingUista,
embora
ele
n~o
precise
necessariamente ser de fato um lingUista). A intensifica~~o
resulta da
rela~~o que
0 falante estabelece com as
propriedades contidas. em lingUista I 0 que e absoluto e
encarado como relativo.
Pode-se discutir ate que ponto qualquer palavra cabe no
contexto. VeJamos 4),
Aqui, 0 leque de propriedades relacionados com casa ~
acionado pelo uso adJetivo que se faz da palavra. A inovac~o
consiste em tomar a palavra ca.a n~o no seu uso ma1S
corriqueiro, que • 0 substantivD, ou seja, denotando um
objeto, mas tomar os sentidos da palavra em uma Dutra
direc~o= oualificar, descrever, etc. 0 crau de estranheza
que 4) produz .st~ relacionado ao inusitado da nova r.la;~o
.st.b.l.cida, n~o do processo ling6istico em si. V.ja-se,
por eKemplo ~),
A sent.n.a • corriqueira. Podemos no. perguntar at. que
ponto temos uma m.t~fora "g.nuina". Do ponto de vista
ling~istico, 0 proc••so.
0 me.mo
d. (3) e (4), a. a
m.t~fora j. • corriqu.ira" Aqui, 0 uso adjetivo d. crian;a
ja .st. incorporado .s rela;~es s.dimentad.~ na palavra.
Um dos tra.os caracteristicos da. classes dos adj.tivos
que tem side apontado (cf. KAMP, 197~).
a vagueza. E a
vagueza que tornaria po.siv.l a intensifica;~o, analisado na
•••~o anterior. Ocorre que h. adj.tivos que apar.ntemente
n~o sao vagos, uma vez que pelo menos uma propriedade
denotada por .les n~o permitiria graus, ou • ou n~o e. Tal •
o caso de quadrup.de, por eKemplo." A.sim, palavra. como
quadrupede, da classe do. adjetivo., nao pod.riam ••tar sob
int.nsifica;ao, porque
a intensifica.~o
pre••up~e uma
propriedade vaga, 0 que n~o .eria 0 caso de quadrupede. A
.enten;a 6) sO .eria admitida metaforicam.nte,
N~o vem
ao caso
Paulo
t.r quatro patas. H.
propriedades a.sociada. a quadrupede que vOm • tona mediante
o recurso da intensifica;ao que nao pode s.r aplicado •
propriedade de ter quatro patas, mas a posi.ao da palavra,
sob 0 intensificador.
uma pi.ta para uma interpreta;ao
possivel. Logo, as palavras tOm a propriedad. d•• ignificar
mais ampla do que sup~e 0 ••u uso corriqueiro. Ne.te caso,
se trabalh~ss.mos com subclas.es de adjetivos, teriamos um
probl.ma ( que poderia n~o haver, se eKcluissemo. a met. fora
como eKemplo). Da mesma forma que com substantivos e
adjetivos, podemos pen.ar que a. possiveis subclasses dos
adjetivos constituem usos diferenciados. Ocorre que a lingua
portuguesa n.o marca, morfologica ou sintaticamente, tals
usos diferenciados, da mesma forma como marca os usos
substantivos e adJetivos.
*
o que propomos
essencialmente uma mudan~a na forma
de raciocinar, evitando-se trabalhar com a no~~o de classes.
Ao pensar em uses e n~o em classes, os problemas s~o
menores, uma vez que exce~~es n~o precisam ser explicadas a
fim de
que se
garantam as
classes.
EVidentemente,
substantivos e adjetivos s~o, do ponto de vista gramatical,
percebidos como categorias com comportamentos mais ou menos
bem definidos,
porque 0
portuguOs privilegia
marcas
morfologicas e sintaticas que garantem, com algum grau de
precis~o, a existencia das duas categorias. 0 que se diz da
sem*ntica de adjetivos e substantivos esta intimamente
relacionado a esta marcat;:~oque 0 port~lg~lesfaz. Linguas holl
que n~o possuem paradigmas morfologicos e sintaticos que
garantam a existOncia de adjetivos na gramatica da lingua. E
um use que a lingua n_o especializou. Fazer a semantica de
"adjetivos", nestes casos,
fazer a semantica de "verbos"
ou "substantivos".
Caberia, ent~o, tentar organizar uma gramollticaem que
se pudesse
trabalhar
com
uma
no~~o
de
categoria
relativizada. Ha todo um jogo de tens~es entre marcas
morfologicas e sintaticas, de um lado, e significados de
outros que v~o definir, em maior ou menor grau, usos
especializados, mas pontos de indefinit;:*os~o inevitollveis.A
gramatica de uma lingua como um processo dinamico e um
projeto muito dificil de alcan~ar. Ha sempre a necessidade
de fixar um ponto. Vemos, ent~o, que fixar esse ponto n*o
nas palavras enquanto classes, mas nas categorias da sintaxe
pode trazer resul~ados mais interessantes e na dire~~o de
uma gram.tica din.mica.
*
DAVIDSON, D. (1992) 0 que as metollforassignificam, in SACKS,
S. (org.) Da Met.fora, Pontes, S*o Paulo (trad.)
KAMP, J.A.W. (1975) Two theories about adjectives, in E.L.
KEENAN (org.)
Formal
Semantic.
of natural language.,
Cambridge University Pr.ss, London.
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