A DISLEXIA NAS ESCOLAS LOCALIZADAS NO CAMPO CHAMPOSKI, Angela Fatima de Lima1 PIANOVSKI, Regina Bonnat2 Resumo Esse estudo refere-se ao trabalho de conclusão do Curso de Especialização em Educação do Campo, promovido pela Universidade Tuiuti do Paraná em Tijucas do Sul. Como apresentado na Declaração de Salamanca (1994) o grande desafio da inclusão, consiste na necessidade de implementação de estratégias mais eficientes e programas dirigidos para assistir aos alunos com necessidades educacionais especiais. Desta forma, o objetivo geral deste trabalho foi analisar quais ações e intervenções pedagógicas podem ser usadas em sala de aula com alunos disléxicos, sabendo que Dislexia não é uma doença e sim implica em um funcionamento peculiar do cérebro para o processamento da linguagem. A pesquisa está sendo desenvolvida por meio de observação e coleta de dados. O trabalho está fundamentado na Educação do Campo segundo Souza (2010) e em relação à dislexia nos seguintes autores: Cafalange (2010), Moraes Candido (2007) Tabith Júnior, (2010), Mousinho(2004).Tais autores defendem que o aluno disléxico precisa de apoio familiar, fonoaudiológico, psicológico e escolar. Também afirmam que a dislexia é um distúrbio de aprendizagem relacionado à leitura que deve ser diagnosticado por uma equipe multidisciplinar. A grande polêmica acerca do tema Dislexia é que como envolve comprometimento neurológico o diagnóstico depende dos profissionais da área da saúde, mas é de grande importância a contribuição da equipe docente com relação ao reconhecimento precoce das características, bem como no processo de intervenção. Palavras-chave: Dislexia. Intervenção pedagógica. Educação do campo. 1 1 Champoski, Angela Fatima de lima, graduação em pedagogia UEPG 2013, Pós Graduação em Educação do Campo pela Universidade Tuiuti do Paraná- 2015 2 Pianovski, Regina Bonat. Pedagoga- Psicopedagoga- Psicomotricista, Mestre em Educação, Doutoranda em Educação, Pesquisadora do NUPECAMP - Núcleo de Pesquisa em Educação do Campo, Movimentos Sociais e Práticas Pedagógicas – UTP. [email protected] 1. INTRODUÇÃO Esta pesquisa discute como a dislexia é percebida e acompanhada pela professora do 3º Ano A da Escola Rural Municipal Emiliano Perneta. Teve por finalidade analisar e investigar intervenções pedagógicas, identificando sinais de dislexia, com o intuito de acompanhar os estudantes com o distúrbio, e intervir para que estes consigam o domínio da leitura e da escrita. Segundo Tabith Junior (2010, p.101), “a dislexia se insere na modalidade de ensino concernente a educação especial, cujo principio se baseia no respeito às habilidades ou déficits de cada educando”. Partindo desse principio, Moraes (2007) coloca que a escola deve ter um compromisso mais efetivo na sua prática cotidiana, de modo a favorecer a aprendizagem de seus alunos. A pesquisadora enfatiza que existem diferentes propostas pedagógicas que não reconhecem a educação como um sistema aberto, nem o ser humano em sua multidimensionalidade, enquanto um indivíduo dotado de múltiplas inteligências com diferentes estilos cognitivos. Dessa forma continuam oferecendo uma educação fechada, centralizada, estável, totalmente amorfa e que ignora as diferenças e as necessidades individuais (MORAES, 2007, p. 29). A dislexia descoberta em 1877, por Kussmaul que a chamou de “cegueira das palavras”, foi inicialmente estudada pela ciência médica. (SHAYWITZ, 2008, p. 24) A primeira descrição da dislexia foi feita em 1896, por um oftalmologista inglês: Pringle Morgan, que a chamou de “cegueira verbal cognitiva” e a atribui a uma deficiência de desenvolvimento do córtex cerebral. Hinschelwood, oftalmologista inglês, verificou e observou um menino de onze anos que com excelente memória e sabendo de cor todas as, tão inteligente quanto seus irmãos com quatro anos e meio na escola, não tinha conseguido aprender a ler. O médico preferiu chamar de dislexia essa capacidade. Desde então a dislexia vem sendo estudada por médicos, educadores e psicólogos. Alunos disléxicos são crianças tensas, ansiosas e parecem estar em um jogo sem reconhecer a regras. Vários autores afirmam que a anomalia é hereditária. (DEFRIES, ALARCON & OLSON, 1997 apud. GÜTSCHOW 2010 p. 01). Fato curioso, em todos os países, é que o número maior de crianças disléxicas é do sexo masculino do que do feminino. A maior incidência de problemas de leitura no sexo masculino deve-se ao processo do nascimento, mais difícil e demorado para meninos, devido ao maior tamanho da cabeça. Isso seria causa de anoxia (deficiência de oxigênio), em grande número de casos e consequentemente de alguma lesão cerebral. Se os professores sentem dificuldades em aceitar a dislexia, psicólogos e pesquisadores têm dificuldades em descobrir suas causas. (LANHES & NICO, 2002 apud. GÜTSCHOW 2010 p. 01) Buscou-se com o presente estudo compreender as dificuldades e investigar as intervenções pedagógicas realizadas na Escola Rural Municipal Emiliano Perneta com alunos disléxicos. A pesquisa foi feita através de um estudo bibliográfico com base em autores que tratam a respeito da Dislexia. Vale ressaltar que buscou-se alcançar sua finalidade de forma satisfatória e compreender as dificuldades e os significados que vão além do caráter prático da profissão do educador. A metodologia utilizada baseou-se na pesquisa qualitativa, abordando o estudo de caso em uma escola da região de Tijucas do Sul- PR, com observação direta com os alunos que apresentavam Laudo de Dislexia. 2. DISLEXIA: CARACTERÍSTICAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO Para Lyon (1995 apud NICO; SOUZA, 2009), “a dislexia é caracterizada por uma dificuldade de decodificação, leitura, escrita e soletração que tem origem neurológica” Segundo alguns autores como Lourenço Filho (1933 p. 17), é perfeitamente possível transformar soluções e estímulos e empregar técnicas multissensoriais como intervenções pedagógicas para alunos disléxicos. De acordo com Lanhez & Nico; Jardinie; Frank (2002 p. 35) são sintomas da Dislexia: • Dificuldade e demora na aquisição da leitura e da escrita; • Discrepância entre as realizações acadêmicas e seu potencial cognitivo; • Dificuldade com os sons das palavras, principalmente com rimas, aliterações e soletração; • Confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças sutis de grafia, ou grafias similares; • Inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras; • Substituições de palavras por outras de estrutura mais ou menos similar ou criação de palavras, porém com diferente significado; • Dificuldade na identificação e conversão fonema-grafema; • Dificuldade na escrita, com trocas, omissões, junções e aglutinações de fonemas; • Lentidão nas tarefas de leitura e escrita, mas não nas orais; • Dificuldade na organização sequencial, temporal e espacial; • Dificuldade na orientação direita-esquerda; • Dificuldade para nomear objetos, memorizar números, palavras e endereços; • Dificuldade com cálculos matemáticos; • Resistência ou relutância para escrever ou tomar notas; • Persistência nos erros, apesar da ajuda profissional; • Dificuldade com línguas estrangeiras; • Baixa auto-estima afetiva e intelectual. Portanto, segundo estes autores Lanhez & Nico ; Jardinie; Frank (2012), alunos disléxicos não precisam somente de intervenções pedagógicas apropriadas e sim encorajamento e apoio paralelo, uma vez que esse apoio é decisivo para o seu desenvolvimento. Sinais de impaciência e de desânimo da parte do professor, não ajudarão uma criança disléxica. Segundo Moura (2015 p.01) "não é elevando a autoestima do aluno que o leva à aprendizagem, mas "o aprender" que eleva sua autoestima", nesse sentido cabe ao professor ser paciente e estimular a autoestima do aluno disléxico, para criar assim uma atmosfera de baixa ansiedade que ajudará o aluno enfrentar riscos e não sentir necessidade de disfarçar sua dificuldade. Moura (2015 p.01) afirma que o "sentir-se bem" faz com que o aluno queria prosseguir, e que recebendo apoio, encorajamento e uma abordagem multissensorial, as crianças disléxicas aprenderão a ler; e, também, saberão que tem valor e são cidadãos úteis. Um professor bem preparado é imprescindível para o sucesso de qualquer aluno, especialmente para os alunos com dislexia, cabe ao educador enquanto mediador do processo ensino aprendizagem efetivar a relação eficaz do aluno com o conhecimento. Assim, a identidade docente, por sua vez, é construída de maneira crescente e recursiva mediante processos de auto-reflexão e de autoorganização constante, onde o produto é, ao mesmo tempo, causa e causante daquilo que produz. Biologicamente falando, não dá para separar desenvolvimento humano do desenvolvimento profissional, já que o SER e o FAZER estão absolutamente co-implicados na corporeidade humana. Para tanto, é preciso desenvolver uma atitude constante de buscas e melhorias comprometidas com o seu trabalho e com suas experiências educativas. (MORAES, 2007 p. 33). Sendo a Dislexia uma dificuldade de origem neurológica, isto é, de causa orgânica, muitos podem pensar que não há como reverter o caso e, que o aluno “não tem salvação”, mas segundo (MENEZES, 2007 p. 17) existem formas de intervenção que podem minimizar este quadro, embora não haja cura para a Dislexia. Ao deparar-se, com alunos com dislexia, sem concentração, com dificuldade em ouvir o que o adulto fala, Menezes (2007 p. 20) destaca que o professor deverá buscar diferentes metodologias que auxiliem este aluno na aprendizagem da língua portuguesa. Como as crianças tem dificuldade em adquirir sozinhas as competências necessárias para efetivar a alfabetização, uma intervenção adequada por parte do professor, pode contribuir de maneira eficaz. Para um diagnóstico preciso da Dislexia um dos instrumentos utilizados, refere-se aos Testes ABC, para Verificação da Maturidade Necessária à Aprendizagem da Leitura e Escrita, de Lourenço Filho (1933). Este foi um importante estudioso no campo da educação e pode ser considerado o principal ao tratar-se da psicologia educacional no século XX. (GOMES, 2003 p.06). 3. A DISLEXIA NO CONTEXTO DA ESCOLA PESQUISADA O presente trabalho foi realizado na Escola Rural Municipal Emiliano Perneta, situada em Tijucas do Sul, município que faz parte da Região Metropolitana de Curitiba. Esta escola tem atualmente uma matrícula de aproximadamente 108 alunos, e dentre estes alunos destaca-se uma aluna com laudo neurológico de Dislexia.. A escola, em questão, abrange uma clientela bastante diversificada: o nível escolar dos pais dos alunos varia do ensino fundamental incompleto ao curso superior, os quais exercem as mais variadas profissões desde lavradores, comerciantes, chacareiros diaristas a profissionais liberais; a renda familiar é de aproximadamente três salários mínimos. O principal intuito desta pesquisa foi o de aumentar a capacidade do aluno de articular-se e efetivar a alfabetização. Sendo uma comunidade carente e sem acesso a suportes sociais diferentes de leitura fora da escola, o contato com o mundo letrado é restrito, tratam-se também de alunos com muita defasagem de aprendizagem nas mais diferente áreas do conhecimento, principalmente em língua portuguesa. O grande desafio deste trabalho consistiu em buscar alternativas para auxiliar na efetivação do letramento destes alunos, isto é, ensiná-los a utilizar-se da leitura e da escrita competentemente, com função social, não apenas decodificando o código das letras, mas compreendendo o que está intrínseco nos textos, nas músicas, nas obras de arte, em fim nos diversos suportes de informações. De acordo com o material de Pró Letramento distribuído pelo Governo Federal (2008 p. 08) alfabetização “é o aprendizado inicial da leitura e da escrita, da natureza e do funcionamento do sistema de escrita.” Enquanto letramento refere-se “aos usos (e as competências de uso) da língua escrita”. Tal afirmação vem de encontro com a temática deste trabalho, pois os alunos, sujeitos da pesquisa, conhecem o código escrito, mas não decodificam as palavras e os textos que lhe são propostos. Segundo o material destacado acima, alfabetização e letramento se completam, um não funciona sem o outro, não é possível letrar os alunos, ensiná-los a ver além do texto, a perceber o mundo através da leitura, sem que eles saibam decifrar o código; porém, não é possível apenas ensinar a decodificar, por que desta forma o professor estará privando o aluno da capacidade de ler o mundo, conforme afirma Paulo Freire (FREIRE, 1996 p. 98). O professor ao deparar-se com um aluno com Dislexia, de acordo com Moura (2015 p.02) deve procurar avaliar suas necessidades educativas para estabelecer um ambiente e desenvolver atividades que permitam uma relação natural com os demais alunos da classe. Em sala de aula é o adulto o responsável por uma boa integração entre o grupo e a criança, não fazendo com que sua dificuldade prevaleça, mas que todos o vejam como uma criança capaz de aprender e se socializar normalmente. É sempre é importante ressaltar que a Dislexia é uma característica da criança, mas não define quem ela é, o respeito e a aceitação devem permear as relações em sala de aula, pois são essenciais para o sucesso do processo ensino/aprendizagem. O professor, portanto desempenha papel fundamental no desenvolvimento da relação do aluno com o conhecimento, neste sentido Sabemos que todo processo de formação docente depende do tipo de experiências vivenciadas nos ambientes de aprendizagem. Portanto, é um saber docente que depende da qualidade das vivências ocorridas em sua trajetória profissional, como também de uma realidade que, além de educacional, A formação do educador a partir da complexidade e da transdisciplinaridade é também de natureza biológica, psicológica, cultural, política e social no seu sentido mais amplo. Isto indica que o saber docente depende, prioritariamente, do sabor das experiências desenvolvidas nos ambientes educacionais e que acontece pelo simples fato de se ter um corpo dotado de diversas capacidades sensório-motoras ativadas a partir de ações no contexto em que atua. (MORAES 2007 p. 34) Nos dias de hoje muito se fala em inclusão, mas a presença de uma criança com necessidades especiais na sala de aula não significa que um processo de inclusão está acontecendo é importante que se faça com todos os atores da comunidade escolar um trabalho de conscientização da importância do convívio com a diversidade, conforme aponta Mantoan, (2007 p.02) “O sucesso da inclusão de alunos com deficiência na escola regular decorre, portanto, das possibilidades de se conseguir progressos significativos desses alunos na escolaridade, por meio da adequação das práticas pedagógicas à diversidade dos aprendizes” No que se diz respeito à dislexia o professor deve buscar metodologias adequadas que atinjam eficazmente o educando, auxiliando-o na aquisição do processo de alfabetização, para possibilitar o desenvolvimento integral deste e de todos os outros educandos. Ele deve estar preparado para deparar-se com alunos que não aprendem no mesmo ritmo dos demais, e apresentam dificuldades de aprendizagem que são desafios encontrará em toda sua carreira. Segundo Mantoan, (2007 p.13) “a inclusão não implica em que se desenvolva um ensino individualizado para os alunos que apresentam déficits intelectuais, problemas de aprendizagem e outros, relacionados ao desempenho escolar”, a criança com dislexia não deve ser considerada inferior aos colegas da sala, mas a que necessita de uma metodologia adequada às suas peculiaridades, e este ritmo, esta maneira única de aprender deve sempre ser respeitada. 4. METODOLOGIA Para a presente pesquisa optou-se por uma metodologia qualitativa desenvolvida por meio do acompanhamento da aquisição da leitura e escrita dos alunos através da observação de suas produções e atividades no decorrer do trabalho. A metodologia qualitativa consiste na heterodoxia no momento da análise dos dados e na variedade de material obtido qualitativamente exige do pesquisador uma capacidade integrativa e analítica que, por sua vez, depende do desenvolvimento de uma capacidade criadora e intuitiva A maior dificuldade da disciplina de métodos e técnicas de pesquisa está na dificuldade de ensinar como se analisa os dados — isto é, como se atribui a eles significados — sendo mais fácil ensinar a coletá- los ou a realizar trabalho de campo. A intuição aqui mencionada não é um dom, mas uma resultante da formação teórica e dos exercícios prá- ticos do pesquisador. Já no desenvolvimento do emprego de metodologias quantitativas, o que se procura é justamente o contrário, isto é, controlar o exercício da intuição e da imaginação, mediante a adoção de procedimentos bem delimitados que permitam restringir a ingerência e a expressão da subjetividade do pesquisador.(MARTINS 2004). Os procedimentos utilizados na pesquisa, forma primordialmente de observação e interação com os alunos para conclusões que resultaram nos dados coletados, auxiliaram também as atividades direcionadas aos próprios alunos. Adotou-se também entrevistas com todos os agentes envolvidos no processo ensino aprendizagem que trouxeram informações valiosas para o desenvolvimento do estudo. Pode –se perceber que a classe possui uma aluna disléxica que tem 11 anos incompletos, vive com sua mãe e seu padrasto, filha única, o nível sócio econômico da família é de classe media baixa .O relacionamento familiar da aluna é muito bom, principalmente pela parte da mãe na qual faz de tudo pelo progresso da filha. Comparando a aluna acima com um quadro de dislexia, observou-se que aprende a ler lentamente e é visível a confusão de símbolos, a variação de silabas, inversões e omissões, também a dificuldade em compreender o que lê, há troca de letras, segue a leitura com o dedo e são incapazes de ler sem essa orientação. A caligrafia é desorganizada, descordenada, com movimentos incompletos e desiguais, e apresenta alguma dificuldade em seguir a linha do caderno, também apresenta dificuldades em seguir indicações de caminhos e em executar sequências de tarefas completas. Constatou-se segundo os autores estudados, que o aluno disléxico aprende melhor com o método Fônico deve-se também treinar a memória imediata a percepção visual e auditiva. É sugerido que se adote o método multissensorial, cumulativo e sistemático, ou seja, deve-se utilizar ao máximo todos os sentidos. Um exemplo básico é poder ler e ouvir enquanto se escreve. O disléxico assimila muito bem tudo o que é vivenciado concretamente. Requer um tratamento que envolve um processo lento, laborioso, sujeito a recaídas e fundamentalmente, um trabalho com a família e a escola. Percebeu-se que a família de alunos com dislexia , ficam perdidos sem saber o que fazer, neste caso foi apresentado aos pais da aluna o livro João Preste Atenção, da autora Patricia Secco , com isso percebeu-se um melhor entendimento do caso, pois no livro é relatado a historia de um menino disléxico que precisou da ajuda, familiar e escolar para superar as dificuldades de aprendizagem, fazendo assim escola e família caminharem juntas. Frequentemente é importante para o disléxico saber o porquê de suas dificuldades. Constatou-se ainda que os professores necessitam de ajuda para usar estratégias especiais para os disléxicos sem que isso implique "favorecimento” de qualquer ordem, na maioria das vezes falta entendimento sobre o assunto. Os alunos com dislexia na maioria das vezes têm sua auto-estima baixa e tem dificuldades de relacionamento entre colegas; frustra-se facilmente com a escola, perde-se facilmente no espaço,sempre perde e esquece seus pertences e é comum apresentar lateralidade cruzada . Ao contrário dos que muitos pensam o disléxico sempre contorna suas dificuldades. Ele responde muito bem a tudo que passa para o concreto. Crianças com essa dificuldade além do já citado ainda enfrentam os colegas que os rotulam de bobo ou descuidado aumentando ainda mais a dificuldade; conduzindo-o a agressividade. A criança disléxica tem dificuldade na leitura sabe que dificilmente entenderá o que esta lendo, com ela percebe que não acompanha os demais colegas no desenvolvimento da leitura tende a anular-se. Nesse caso a desatenção e a dispersão é uma forma de demonstrar aos colegas que sabe por que não esta interessada em aprender. Isola-se para não precisar enfrentar o erro Com estas informações pode-se concluir que alunos disléxicos aprendem mais na interação com os outros alunos de através do jogo, da brincadeira, sobre os objetos que a cercam, sobre as pessoas e sobre si mesma. Também vai aprender quais as regras que regulam as relações entre as pessoas de seu grupo e o papel que cada uma desempenha o que é ou não permitido na sua cultura. Para entender essas regras, como as pessoas se relacionam, como expressam suas emoções, como resolvem conflitos, a criança usa sua imaginação através dos jogos de faz de conta. E quando brinca de faz de conta pode utilizar objetos imaginários, construídos, ou elementos da natureza. Pode utilizar brinquedos industrializados ou construídos por elas próprias. CONSIDERAÇÕES FINAIS Uma criança com Dislexia deve ter respeitadas suas limitações e o trabalho deve acontecer sempre partindo de suas potencialidades, isso é fundamental para que o processo ensino aprendizagem aconteça de forma eficaz. Para que o disléxico crie uma relação saudável com o conhecimento é preciso que o professor ofereça a ela condições de tornar-se um ser humano pleno, em desenvolvimento que necessita de respeito para garantir a sua cidadania. Nos dias de hoje fala-se muito na inclusão nos sistemas de ensino, mas esta inclusão não significa apenas a presença física de um aluno portador de necessidades especiais na sala de aula, deve haver respeito e condições de aprendizagem, e a escola seja ela do campo ou não, precisa cumprir seu papel de ensinar para a vida não apenas para as crianças ditas “normais”; todos tem direito de aprender e cabe aos educadores através de uma metodologia adequada, formar cidadãos críticos e conscientes capazes de transformar a si mesmos e a realidade que os cerca. É essencial que o diagnóstico das dificuldades de aprendizagem e dos problemas que acarretam tenha lugar o mais precocemente possível. Se o professor não tiver conhecimento dos fatos se não apoiar o aluno, este se sentirá cada vez mais frustrado e perturbado pelo seu recorrente insucesso. As crianças cujos problemas são detectados precocemente e que, por essa razão, são submetidas a intervenções adequadas, podem desenvolver estratégias que compensem as suas dificuldades e que lhes permitam ter sucesso em qualquer aspecto da vida. Na escola onde foi desenvolvido o trabalho constatou-se que professores e direção estão preocupados em ajudar alunos com dificuldades de aprendizagem e disléxicos. Entretanto a escola que conhecemos certamente não foi feita para o disléxico, objetivos, conteúdos, metodologias, organização funcionamento e avaliação nada estão adequados. Neste contexto, o educador deve estar aberto para lidar com as diferenças. Para que isto ocorra, deve transformar a sala de aula em uma oficina preparada para exercitar o raciocínio do aluno. Portanto, conclui-se a partir da observação da aluna com laudo de Dislexia, a qual em seu dia a dia vem lutando para superar suas dificuldades e ao mesmo tempo inserir-se no grupo de estudantes daquela classe, que uma mediação adequada, aliada a um olhar atento e carinhoso para reduz em muito seus problemas de aprendizagem. Constatou-se que é um fardo grande colocar sobre os ombros do professor a responsabilidade sobre o fracasso e o sucesso do aluno, mas quando há uma relação professor/aluno adequada a relação da criança com o conhecimento torna-se muito mais fácil. BIBLIOGRAFIA BRASIL. Pró-Letramento: Programa de Formação Continuada de Professores dos Anos/Séries Iniciais do Ensino Fundamental: alfabetização e linguagem. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2008. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa, 28ª ed., São Paulo: Paz e Terra, 1996 (Coleção Leitura) GOMES. W. B. Pesquisa e Prática em Psicologia no Brasil. 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