UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL EDNA MARIA SILVA DE CASTRO FRANCISCA FRANSSINETE DE JESUS MEDEIROS SILVA GERANDO INFORMAÇÕES: uma proposta de intervenção junto às gestantes atendidas pelo projeto mulher ativa em natal - RN NATAL - RN 2008 EDNA MARIA SILVA DE CASTRO FRANCISCA FRANSSINETE DE JESUS MEDEIROS SILVA GERANDO INFORMAÇÕES: uma proposta de intervenção junto às gestantes atendidas pelo projeto mulher ativa em natal - RN Monografia apresentada à Universidade Potiguar – UnP como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social. Orientadora: Profª. Dra. Íris de Lima Souza NATAL - RN 2008 EDNA MARIA SILVA DE CASTRO FRANCISCA FRANSSINETE DE JESUS MEDEIROS SILVA GERANDO INFORMAÇÕES: UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO JUNTO ÀS GESTANTES ATENDIDAS PELO PROJETO MULHER ATIVA EM NATAL - RN Monografia apresentada à Universidade Potiguar – UnP como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social. Data de Aprovação: _____/_____/_____ BANCA EXAMINADORA _____________________________________________ Profª. Dra. Íris de Lima Souza Orientadora Universidade Potiguar - UnP _____________________________________________ Profª. Dra. Maria Célia Correia Nicolau Universidade Potiguar -UnP _____________________________________________ Profª. MSc. Vanusa Alves Resende Universidade Potiguar -UnP DEDICATÓRIA Dedico este trabalho aos meus filhos, Cássio Júnior e Cássia, razões do meu viver e eternos amores de minha vida. Edna Maria Silva de Castro Dedico este trabalho aos meus pais, Epitácio e Geralda (in memorian) pelo amor e cuidado a mim dispensado. Francisca Franssinete Medeiros Silva AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida e por ter Ele permitido que eu chegasse ao final do curso, sempre me dando forças e ânimo para superar cada dificuldade enfrentada. Um agradecimento especial ao meu esposo, Cássio, por ter-me proporcionado a oportunidade de passar por uma fase tão importante de minha vida; aos meus filhos Cássio e Cássia, razões da minha vida, por terem muitas vezes compreendido minha ausência, quando estava eu executando este trabalho e que, de uma forma ou de outra, incentivaram-me substancialmente para isso. Agradeço aos meus pais João e Maria que me incentivaram para o meu crescimento pessoal, estando sempre ao meu lado nos momentos em que mais precisei. Minha gratidão aos meus familiares, em especial às minhas irmãs Socorro e Tânia, que me apoiaram e ajudaram nas horas em que mais precisei. Meus sobrinhos Higna, Wedja e André que muito contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho. À docente Dra. Íris de Lima Souza meu agradecimento pelos conhecimentos dispensados e pela paciência na construção deste trabalho. À minha orientadora de campo, assistente social Danielly Rodrigues da Silva e ao pessoal da ATIVA por nos ajudarem a colocar em prática nosso projeto de intervenção, muito enriquecendo nossos conhecimentos teóricos e práticos. Agradeço à minha parceira de estágio, Franssinete, pela paciência e compreensão durante a elaboração do trabalho. Meu reconhecimento à docente Dra.Célia Nicolau, orientadora do curso de Serviço Social, por sua ajuda nesta caminhada. À Profª. Regina, meus sinceros agradecimentos pelo suporte incansável, demonstrando um compromisso inequívoco com a nossa missão. Por fim, expresso minha gratidão a todos os meus amigos da faculdade, em especial Érika e Jane que, direta e indiretamente, contribuíram para a concretização do meu sonho. Edna Maria Silva de Castro AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, criador do universo, que me conduz em todos os momentos, dando-me força e equilíbrio para superar as dificuldades da vida. A minha mãe (in memoriam) que de onde estiver, protege-me com suas orações e ao meu pai por investir durante os quatro anos de minha formação e proporcionar-me esta graduação. À docente Dra. Célia Nicolau, por ter sido a primeira orientadora de ensino, contribuindo para o meu aprendizado acadêmico durante o estágio curricular e a implementação do projeto de intervenção. À docente Dra. Íris de Lima Souza, orientadora deste trabalho monográfico, por sua dedicação e paciência. Às minhas amigas, pelo incentivo nos momentos difíceis. À Associação de Atividades de Valorização Social (ATIVA), instituição que me acolheu para que pudesse realizar meu estágio. À minha orientadora de campo, Assistente Social Danielly Rodrigues da Silva, pela dedicação estímulo. Às amigas conquistadas ao longo destes quatro anos na Universidade. Enfim, a todos aqueles que, durante a graduação, contribuíram de alguma forma para minha formação acadêmica em Serviço Social. Francisca Franssinete Medeiros Silva RESUMO Este trabalho é resultado das experiências no estágio curricular realizado no Projeto Mulher Ativa – eixo saúde e qualidade de vida -, o qual é parte do trabalho desenvolvido na Associação de Atividades de Valorização Social (ATIVA). O referido Projeto foi criado em janeiro de 2008 com o objetivo de contribuir para o fortalecimento das mulheres, através da promoção da geração de renda, da efetivação dos seus direitos enquanto cidadãs e da promoção de saúde e qualidade de vida. Durante a vivência na instituição, constatamos a necessidade de se fazer um trabalho junto ao grupo de gestantes atendidas pelo Projeto na Unidade de Saúde do bairro Nordeste, devido à ausência de um material informativo específico. Sendo assim, realizamos o Projeto de Intervenção “Gerando Informações: uma Proposta de Intervenção Junto ao Grupo de Gestantes do Bairro Nordeste”, tendo como principal instrumento a elaboração da Cartilha da Gestante. Para isso, abordamos questões pertinentes como DST/AIDS, como se engravida, escolha do método anticoncepcional, exame pré-natal, amamentação, leis que garantem os direitos da mulher e a prevenção do câncer de mama. Palavras-chave: Cartilha. Gestantes. Informação. Projeto Mulher Ativa. ABSTRACT This study is the result of the experience gained in the apprenticeship during the execution of the Mulher Ativa Project – concerning health and quality of life – which is part of the work developed in the Associação de Atividades de Valorização Social (ATIVA). The Project was started in January, 2008 aiming to contribute to strengthen women through the promotion of income generation, achievement of their rights as citizens and promotion of health and quality of life. During our experience in the institution, we realized that it was necessary to work next to the group of pregnant women assisted by the Project in the Health Care Unit of a neighborhood named Nordeste, due to the lack of a specific written informative material. Thus, we carried out the Intervention Project “Generating Information: An Intervention Proposal Close to the Group of Pregnant Women in the Neighborhood Named Nordeste”. As a result, the Pregnant Women’s Manual was elaborated which was the main tool that focused on relating directly to issues such as STD/AIDS, the way a woman gets pregnant, birth-control method choice, prenatal exam, breast-feeding, laws that guarantee woman's rights and prevention from breast cancer. Key Words: Mulher Ativa Project. Pregnant Women. Information. Manual. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Foto A Entrevista Social com gestante realizada por Franssinete........ 24 Foto B Entrevista Social com gestante realizada por Edna.................. Gráfico 1 Estado civil................................................................................. 25 Gráfico 2 Gráfico 3 Gráfico 4 Gráfico 5 Gráfico 6 Gráfico 7 Gráfico 8 Gráfico 9 Gráfico 10 Gráfico 11 Gráfico 12 Gráfico 13 Gráfico 14 Foto C Escolaridade.............................................................................. 26 Religião...................................................................................... 27 Tipo de residência..................................................................... 27 Quantidade de filhos.................................................................. 28 Renda familiar............................................................................ 28 Responsável pelo sustento da família....................................... 29 Importância do aleitamento materno......................................... 30 Realização do exame pré-natal................................................. 30 Complicação no parto................................................................ 31 Gravidez planejada.................................................................... 31 Realização do teste HIV............................................................ 32 Lei Maria da Penha.................................................................... 33 Proteção no ambiente de trabalho............................................ 33 Momento da palestra com as gestantes do bairro Nordeste..... 34 Estagiárias Foto D 24 com a professora Regina, facilitadora da atividade.................................................................................... 34 Apresentação da atividade pela coordenadora do eixo saúde Foto E e qualidade de vida (orientadora de campo)............................. 35 Foto F Apresentação da Cartilha da Gestante...................................... 35 Foto G Entrega do kit enxoval............................................................... 35 Foto H Entrega do brinde...................................................................... 36 Foto I Momento de confraternização................................................... 36 LISTA DE SIGLAS ATIVA – Associação de Atividades de Valorização Social BEMFAM – Bem-estar da Família CFESS – Conselho Federal de Serviço Social CNAS – Conferência Nacional de Assistência Social CNSS – Conselho Nacional de Serviço Social CODIMM – Coordenadoria dos Direitos da Mulher e das Minorias CRAS – Centro de Referência da Assistência Social LBA – Legião Brasileira de Assistência LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social MPAS – Ministério da Previdência e Assistência Social ONU – Organização das Nações Unidas PAG – Programa de Atenção à Gestante PAIF – Programa de Atenção Integral à Família PNAS – Política Nacional de Assistência Social PNM – Política Nacional para as Mulheres PSF – Programa de Saúde da Família SEMTAS – Secretaria Municipal do Trabalho e Assistência Social SUAS – Sistema Único de Assistência Social UnP – Universidade Potiguar SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11 2. A POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUAS) ........................................................................................................13 2.1 A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL ANTES E DEPOIS DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 ....................................................................................................................13 2.2 O SUAS COMO UMA PROPOSTA DE CONSOLIDAÇÃO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL ............................................................................................16 2.3 A MULHER E A ATIVA NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS .................18 3 PROJETO MULHER ATIVA: ESPAÇO DE INTERVENÇÃO DO ESTÁGIO NO SERVIÇO SOCIAL....................................................................................................22 3.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO VOLTADO PARA AS GESTANTES DO PROJETO MULHER ATIVA ......................................................................................22 3.2 O SERVIÇO SOCIAL NO PROJETO MULHER ATIVA.......................................35 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................38 APÊNDICES .............................................................................................................43 11 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho monográfico é resultado de nossa experiência de estágio curricular vivenciado no Projeto Mulher Ativa – eixo saúde e qualidade de vida – da Associação de Atividades de Valorização Social (ATIVA), no período de 14 de agosto de 2007 a 16 de junho de 2008. O Projeto Mulher Ativa se coloca com a proposta de contribuir para o fortalecimento das mulheres através da promoção de geração de renda, da efetivação dos direitos e da promoção de saúde e qualidade de vida, atuando em conformidade com a Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e a Política Nacional para as Mulheres (PNM). Entre as atividades do eixo saúde e qualidade de vida do Projeto Mulher Ativa está o trabalho desenvolvido com as mulheres gestantes atendidas nas Unidades de Saúde da Família no município de Natal, Estado do Rio Grande do Norte. A partir da observação e vivência nas atividades sócio-educativas com as gestantes, observamos a necessidade da elaboração de um material informativo para que pudessem ter acesso à informação sobre essa etapa da vida – gravidez, pré-natal, pós-natal – após o seu desligamento do Projeto. Sendo assim, foi realizado o Projeto de Intervenção voltado para a informação, denominado “Gerando Informações: uma Proposta de Intervenção Junto ao Grupo de Gestantes do Bairro Nordeste”, o qual será sistematizado neste trabalho monográfico, bem como todo o conhecimento acumulado no processo do estágio. O objetivo geral do nosso trabalho foi desenvolver uma intervenção junto ao grupo de gestantes atendidas pelo Projeto Mulher Ativa, buscando identificar o perfil socioeconômico dessas mulheres. A construção desse perfil favorece as atividades realizadas junto a esse público, bem como a ação do Assistente Social de uma forma mais apropriada a respeito de quem são as usuárias dos seus serviços. O presente trabalho está estruturado em quatro partes. Além desta Introdução, sistematizamos, na segunda parte, questões sobre a Política Nacional da Assistência Social (PNAS) - antes e depois da Constituição de 1988 -, o Sistema Único de Saúde (SUS), apresentado como uma proposta de consolidação da PNAS 12 e sobre a mulher brasileira no contexto das políticas sociais, ressaltando a Política Nacional para as Mulheres. Na terceira parte apresentaremos o Projeto Mulher Ativa na sua constituição, estrutura, organização e a população atendida, enfocando o eixo saúde e qualidade de vida e suas atividades voltadas para as mulheres gestantes. Em seguida, discorremos sobre a atuação do Serviço Social, ao enfatizar sua prática na ATIVA e ressaltar sua importância junto aos Programas, Projetos e Serviços desenvolvidos pela Associação. Como subsídios para a efetivação desta monografia, adotamos referenciais teóricos direcionados ao tema pesquisado, tais como a pesquisa documental baseada no Cenário Institucional produzido durante o estágio, a nossa vivência dentro do espaço institucional e a participação nas atividades junto às gestantes, especificamente, da Unidade de Saúde do bairro Nordeste. 13 2. A POLÍTICA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E O SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL (SUAS) 2.1 A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL ANTES E DEPOIS DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 A prática da assistência é antiga na humanidade. Em diferentes sociedades, sempre esteve presente a solidariedade dirigida aos pobres, aos doentes e aos incapazes. Tal assistência pautava-se na compreensão de que sempre existirão os mais frágeis, os dependentes e os que precisam de ajuda. Com a expansão do capital e a pauperização da força de trabalho, as práticas assistenciais de bondade foram sendo apropriadas pelo Estado, direcionando a solidariedade social para o meio da sociedade. No Brasil, até 1930, não havia uma compreensão da pobreza enquanto expressão da questão social e quando ela emergia para a sociedade, era tratada como “caso de polícia” e problematizada por intermédio de seus aparelhos repressivos, sendo tratada como disfunção individual. A assistência social, foi regulamentada no país através da instalação do Conselho Nacional de Serviço Social (CNSS), criado em 1938 e considerado a primeira forma de presença da assistência social na burocracia do Estado brasileiro, ainda que na função subsidiária de subvenção às organizações que prestavam amparo social. A Legião Brasileira de Assistência (LBA) foi a primeira grande instituição que teve sua gênese marcada pela presença das mulheres e pelo patriotismo que assegurava sua presidência às primeiras damas da República, marcando o primeirodamismo junto à assistência social, que prestava atendimento em situações de calamidades com ações pontuais, urgentes e fragmentadas. Durante sua atuação, a LBA buscou auxílio junto às escolas de serviço social, pois precisava de respaldo, pesquisas e trabalhos técnicos na área social, o que foi algo positivo para o serviço social, uma vez que estava se firmando e precisava legitimar-se enquanto profissão. Em 1969, a LBA foi transformada em fundação e vinculada ao Ministério do Trabalho e Previdência Social, tendo sua estrutura ampliada e passando a contar com novos projetos e programas. 14 Na década de 1970, sob o comando de Ernesto Geisel, durante a ditadura militar, foi criado o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS) que continha na sua estrutura a Secretaria de Assistência Social, órgão responsável na formulação de política de combate à pobreza. Nesse período, o processo de pauperização recrudesce, exigindo do Estado maior atenção em todos os níveis e requerendo a expansão de programas sociais foi quando a assistência social deixou de ser simplesmente filantrópica. Em 1975, surgem os novos movimentos sociais e, dentro da Igreja Católica, o movimento da Teologia da Libertação, que buscava romper com a dominação de que a população pauperizada e os setores excluídos eram vítimas. Em meio a essa efervescência e poder de pressão dos movimentos sociais, as políticas sociais encontram campo fértil para desenvolverem-se e auxiliarem a efetivação dos direitos sociais na Constituição de 1988. (LONARDONI, 2008). Dessa forma, os movimentos sociais exerceram grande influência, emergindo com todo o poder de pressão, conformando e norteando a configuração das políticas públicas e da Política de Assistência Social, contribuindo, assim, para a configuração das políticas sociais no Brasil. Com a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, foi introduzida a construção de uma nova concepção para as políticas sociais no Brasil, que consistia no marco legal para a compreensão das transformações e redefinições da assistência social, a qual, durante a sua trajetória, tem sido vista como uma ação paternalista e clientelista do poder público, associada às primeiras-damas como uma prática de “benesse”, transformando o usuário na condição de assistido ou favorecido e não como um cidadão com direitos, gerando na sociedade idéias distorcidas do que são direito e caridade. Faz-se necessário diferenciar os conceitos de assistência social1, pois, uma vez entendida como assistencialismo2, reforça a seletividade que incorpora nas 1 Assistência Social: É uma política de caráter ético que tem seu fundamento no padrão de dignidade humana de uma dada sociedade [...] é sempre uma política de eqüidade [...] se propõe a atender as heterogeneidades entre os cidadãos (SPOSATI, 1996, p.02). 2 Assistencialismo: É contraponto do direito, da previsão de assistência como proteção social ou seguridade social. É o acesso a um bem através de uma benesse, de doação [...] supõe sempre um doador e um receptor [...] tem sempre um sujeito [...] e um sujeitado. (SPOSATI, 1996, p.02). 15 demandas sociais um caráter eventual e fragmentado, ao contrário de caminhar na direção da consolidação de direitos. Com a Constituição de 1988, a assistência social recebe o status de política pública, passando a compor em conjunto com a política de saúde e a previdência social, o sistema de Seguridade Social, apontando para um caráter de política de proteção social articulada a outras políticas do mesmo campo e voltada para a garantia de direitos e de melhores condições de vida. A Carta Constitucional de 1988 trouxe uma ampliação do campo dos direitos sociais, sendo por isso reconhecida como a “Constituição cidadã”. A normatização desses direitos abre novas frentes de lutas no zelo pela sua efetivação, preservando o princípio de universalidade em sua abrangência a todos os cidadãos. (IAMAMOTO 2006, p. 64). A política pública de assistência social é um dever do Estado e direito do cidadão; é política não contributiva que assume a responsabilidade de garantir proteção social a quem dela necessitar, sendo o poder público competente para organizá-la, de acordo com os Incisos I ao VII, do Artigo 194, Parágrafo Único da Constituição de 1988. Como componente da Seguridade Social, a assistência social é medida legal e legítima que visa oferecer segurança social aos cidadãos não cobertos (ou precariamente cobertos) pelo lado contributivo da Seguridade Social. A assistência social visa livrar esses cidadãos, não só dos infortúnios do presente, mas também das incertezas do amanhã, protegendo-os das adversidades causadas por enfermidades, velhice, abandono, desemprego, desagregação familiar, exclusão social. (PAULO NETTO, 2005). Os artigos 203 e 204 da Constituição de 1988, regulamentados pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), Lei Federal nº 8.742 de 07 de dezembro de 1993, traçam diretrizes para o funcionamento da assistência social, possibilitando um novo tempo para o direito, trazendo uma perspectiva de romper com a prática do favor e do clientelismo, através de um conjunto de idéias e concepções na nova forma de discutir a questão da assistência. (Medeiros; Gomes 2006, p. 20 e 21) Para Sposati: 16 Com a aprovação da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, em 1993, a política de Assistência Social passou a integrar o sistema de proteção social (Saúde, Previdência e Assistência) e a ser concebida como Seguridade Social não contributiva, que deve prover um padrão básico de condições de vida através da garantia de mínimos sociais e dá cobertura às situações de vulnerabilidade e riscos sociais. (SPOSATI apud TIENE, 2004, p.101). Sendo assim, a LOAS estabelece que as ações de assistência social sejam organizadas em sistema descentralizado e participativo, dividindo as competências nas três esferas do governo, favorecendo a cidadania participativa através dos Conselhos de Assistência Social e o repasse de responsabilidades para os municípios na execução dos serviços, programas e projetos sociais. Como proposta de consolidação dessa Política de Assistência encontra-se o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), sobre o qual trataremos no próximo item. 2.2 O SUAS COMO UMA PROPOSTA DE CONSOLIDAÇÃO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Na busca de consolidar a política pública de assistência social, foi deliberada através da IV Conferência Nacional de Assistência Social (CNAS), 2003, a construção e implantação do Sistema Único de Assistência Social, o qual deve regular em todo o território nacional a política de assistência social, conforme Decreto Presidencial nº 5.074 de 11 de maio de 2004. (BRASIL, 2008). O SUAS parte da responsabilidade de garantir e concretizar os direitos sociais, a fim de tornar a sociedade brasileira mais justa, visando a normatização, organicidade e unificação da política de assistência social com o objetivo de assegurar a proteção social à população que se encontra em vulnerabilidade, risco e exclusão social. É válido considerar que o SUAS possibilita a realização da LOAS, da profissionalização, da assistência social, da construção de um sistema que exige e tem como princípio a ética e a civilidade. É uma perspectiva de formação da assistência social como política pública e dever do Estado. De acordo com Sposati (2006, p. 114), 17 A Construção do SUAS tem por fundamento a concepção de um Estado forte, que inclusive será pelo SUAS mais fortalecido.Não é tese liberal ou neoliberal que o sustenta. O SUAS não é uma proposta de fortalecimento de Estado mínimo. Isso supõe efetivar, na assistência social e no seu processo de gestão, os princípios republicanos e democráticos. O SUAS, através de ações e serviços continuados de diferentes complexidades, consiste na regulação e organização do atendimento às necessidades e divide-se em níveis de Proteção Social Básica e Especial, sendo esta última subdividida em média e alta complexidades. A Proteção Social Básica tem como objetivo prevenir situações de risco por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições como do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. No caso da Proteção Social Especial, priorizase a reestruturação dos serviços de abrigamento dos indivíduos que, devido a uma série de situações, não contam mais com a proteção e o cuidado de suas famílias. (Brasil; SUAS 2008). Tratando-se dos serviços de média complexidade, são oferecidos atendimentos às famílias e indivíduos com seus direitos violados, mas cujos vínculos não foram totalmente rompidos, enquanto que os de alta complexidade devem garantir proteção integral, tais como moradia, alimentação, higienização e trabalho protegido para as famílias e indivíduos que se encontram em situação de risco ou ameaça, necessitando ser retirado do seu núcleo familiar e/ou comunitário. Tanto a Proteção Social Básica, quanto a Proteção Social Especial devem ser executadas, prioritariamente, pelo Estado e, de forma complementar, pelas organizações da sociedade civil através de convênios que devem adotar em seu funcionamento as normas estatais de regulação da Política de Assistência. A presença do SUAS nos municípios é marcada pelo Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), também chamado de Casas das Famílias. Trata-se de uma unidade pública, estatal, localizada em áreas de maior vulnerabilidade social. A equipe do CRAS presta serviços de Proteção Social Básica e encaminha, quando necessário, para outros atendimentos e tem como objetivo prevenir o risco social, fortalecendo os vínculos familiares e comunitários e promovendo a inclusão das famílias e dos cidadãos nas políticas publicas, no mercado de trabalho e na vida em comunidade. 18 Dentre os serviços, está o Programa de Atenção Integral à Família (PAIF), principal ação do SUAS, no qual desenvolve atividades e serviços básicos continuados para famílias em situação de vulnerabilidade social, a fim de fortalecer os vínculos familiares e comunitários, garantindo o direito e a ampliação da proteção social básica e prevenindo situações de risco social. Assim, o SUAS se coloca como um grande desafio para uma construção coletiva na política de assistência social, visando garantir a proteção social de acordo com as necessidades sócio-assistenciais da população brasileira. 2.3 A MULHER E A ATIVA NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS A história da mulher brasileira é de luta contínua, pois, mesmo com a conquista de acesso à educação, o direito de votar e ser inserida no mercado de trabalho ainda não foi suficiente para sua visibilidade e seu empoderamento, uma vez que a questão do gênero continua marcante nas relações entre homens e mulheres. Sendo criada na sociedade por uma determinação cultural, ela está presente em todas as camadas da sociedade, apontando para atividades e comportamentos que homens e mulheres devem manter entre si. Visando enfrentar as desigualdades entre homens e mulheres no país, a Política Nacional para as Mulheres (PNM) apresenta-se por meio de elaboração de ações com o cunho de política pública, com o enfoque na efetivação dos direitos das mulheres, protegendo-as de ocorrências que as colocam em situação de risco e vulnerabilidade, sendo fruto das reivindicações dos movimentos de mulheres. (ATIVA, 2008, p. 05). Observando o plano da PNM, encontramos quatro linhas de atuação, quais sejam autonomia, igualdade no mundo do trabalho e cidadania; educação inclusiva e não sexista; saúde das mulheres, direitos sexuais e reprodutivos e enfrentamento à violência contra as mulheres. Ressaltando a luta pelos direitos, Oliveira (1998) reflete: No Brasil, a luta política pelos direitos das mulheres e pela igualdade nas relações de gênero impulsionou a adoção de políticas públicas e leis em campos como: saúde sexual e reprodutiva, trabalho, direitos políticos e civis, os direitos de cidadania das mulheres e as condições para seu 19 exercício são questões centrais da democracia, e não apenas questões das mulheres. No entanto, para atuar na efetivação dos direitos das mulheres, é preciso unir forças com políticas que envolvam esse público de forma geral ou particular, sendo as ações desenvolvidas não só por iniciativa governamental, mas também através da sociedade civil organizada. Na cidade do Natal, campo empírico de desenvolvimento desse trabalho monográfico, a Associação de Atividades de Valorização Social (ATIVA) – organização não-governamental, situada à Rua Açu, 418, Cidade Alta – tem assumido um papel relevante na assistência social, contribuindo através de projetos voltados à promoção social e tendo como missão institucional: Valorizar o homem através do desenvolvimento, coordenação e execução de estudos, pesquisas e programas no campo de assistência e promoção social às pessoas vulnerabilizadas, de forma ética, solidária e efetiva, em parceria com órgãos governamentais e não-governamentais contribuindo, deste modo, para a consolidação da cidadania plena. (CASTRO; SILVA, 2007). Atuando desde 1989, a ATIVA, uma instituição do Terceiro Setor, realiza trabalhos sociais junto às comunidades sociais e economicamente vulneráveis, sendo notória a expressiva participação das mulheres nos seus diversos ciclos de vida: adolescentes, adultas e idosas, inseridas nas atividades desenvolvidas pela instituição. Para Falconer (1999, p. 02), O terceiro setor surge como portador de uma nova e grande promessa: a renovação do espaço público, o resgate da solidariedade e da cidadania, a humanização do capitalismo e, se possível, a superação da pobreza. A ATIVA, ao longo da sua trajetória até o ano de 2007, desenvolvia nove programas sociais, atendendo às seguintes demandas: Crianças - Programa de Atenção à Criança (PAC); Programa Cidadão/Cozinha-Escola e Programa Cidadãos do Amanhã. Famílias - Programa Sopa Comunitária (PSC); Programa de Atenção ao Idoso (PAI); Programa Adolescentes Aprendizes em Serviços Bancários; Programa de Atenção à Pessoa com Deficiência; Programa de Atenção à Gestante (PAG); e Mulheres - Programa Sócio-educativo de Apoio aos Clubes de Mães e o Projeto de Reciclado (CASTRO; SILVA, 2007). 20 Como terceiro setor, a ATIVA conta com a parceria3 de outras organizações governamentais e não-governamentais para operacionalizar suas ações e projetos, sendo conveniada com a Prefeitura Municipal de Natal, que pode ser destacada como seu maior parceiro. No entanto, sendo a cidade do Natal, município de gestão plena4, a Prefeitura assumiu, através da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social (SEMTAS), os programas voltados para o atendimento às crianças, idosos, portadores de deficiência e gestantes. Dessa forma, a instituição continuou suas atividades a partir do ano de 2008 com o Projeto de Reciclagem e os Programas de Apoio aos Clubes de Mães e Adolescentes Aprendizes em Serviços Bancários, resultando em algumas reestruturações. O Projeto de Reciclagem tornou-se o Recicla Ativa, atuando não só com a coleta seletiva, mas com oficinas de artesanato a partir de material reciclável nas comunidades interessadas. O Programa de Adolescentes em Serviços Bancários não obteve nenhuma alteração, visto que o trabalho dos usuários se realiza totalmente nas agências do Banco do Brasil, continuando a ATIVA responsável pela inscrição, seleção e acompanhamento. No caso do Programa Sócio-educativo de Apoio aos Clubes de Mães5, houve uma ampliação através de um projeto denominado Mulher Ativa, tendo como objetivo contribuir para o fortalecimento das mulheres através da promoção de geração de renda, da efetivação dos seus direitos enquanto cidadãs e da promoção de saúde e qualidade de vida. A ATIVA, através desse projeto, incorporou como diretriz institucional no trabalho a proposta da PNM e reúne um leque de atividades voltadas para a mulher, 3 Secretarias Estadual e Municipal de Saúde, através do Programa de Saúde da Família (PSF), Secretaria Municipal do Trabalho e Assistência Social (SEMTAS), Coordenadoria dos Direitos da Mulher e das Minorias (CODIMM), Conselhos Estadual e Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Coordenadoria de Políticas para Mulheres do Estado do Rio Grande do Norte, Banco do Brasil, BEMFAM, entre outros. 4 Nível onde o município tem a gestão total das ações de assistência social sejam elas financiadas pelo Fundo Nacional de Assistência Social mediante repasse fundo a fundo, ou que cheguem diretamente aos usuários, ou, ainda, as que sejam provenientes de isenção de tributos em razão do Certificado de Entidades Beneficentes de Assistência Social – CEAS. O gestor, ao assumir a responsabilidade de organizar a proteção social básica e especial em seu município, deve prevenir situações de risco, por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, além de proteger as situações de violação de direitos existentes em seu município. 5 O objetivo desse programa é contribuir junto às sócias dos 96 clubes de mães cadastradas com a geração de renda, através de cursos nas áreas de serviços (manicure, pedicure, cabeleireiro e escovista) e artesanato, beneficiando cerca de setecentas mulheres por ano. 21 divididas em três eixos: geração de renda, saúde e qualidade de vida e direito e cidadania, permitindo que centenas de mulheres resgatem, ao menos parcialmente, sua auto-estima e cidadania. E isso se dá com a integração do trabalho desenvolvido em consonância com a PNM, visando atender e prestar serviços que contribuam para sua autonomia, fortalecimento e efetivação de seus direitos. O projeto conta com uma equipe de dois assistentes sociais, sendo um responsável pela coordenação do eixo Saúde e qualidade de vida e o outro pelo eixo Direito e Cidadania e um nutricionista que coordena o eixo Geração de renda, seis instrutores de artesanato6, dois instrutores na área de serviços, um instrutor de dança, um instrutor de dinâmicas e integração social e dois auxiliares administrativos. Salienta-se que o trabalho do assistente social não é uma ação individualizada, mas coletiva. Como esboça Iamamoto (2003, p. 64), Importa ressaltar que o assistente social não realiza o seu trabalho isoladamente, mas como parte de um trabalho combinado ou de um trabalhador coletivo que forma uma grande equipe de trabalho. Sua inserção na esfera do trabalho é parte de um conjunto de especialidades que são acionadas conjuntamente para a realização dos fins das instituições empregadoras, sejam empresas ou instituições governamentais. Sendo assim, no próximo tópico trataremos do Projeto de Intervenção realizado na ATIVA, relatando nossa experiência como Estagiárias Curriculares do Curso de Serviço Social. Em seguida situaremos como é desenvolvido o trabalho do Serviço Social junto à ATIVA e no Projeto Mulher Ativa - saúde e qualidade de vida. 6 Os instrutores são responsáveis pelos cursos de pintura em tecido (mão livre e molde vazado), decoupage, crochê, bordados (vagonite e ponto-cruz) e embalagem. 22 3 PROJETO MULHER ATIVA: ESPAÇO DE INTERVENÇÃO DO ESTÁGIO NO SERVIÇO SOCIAL 3.1 PROJETO DE INTERVENÇÃO VOLTADO PARA AS GESTANTES DO PROJETO MULHER ATIVA Em 1992 foi criado na ATIVA o Programa de Atenção à Gestante (PAG) estruturado em dois focos: ações educativas através de atividades de orientação social a mulher gestante e o de suporte material através do fornecimento de um kit enxoval para o bebê. A partir de 2008, com a elaboração do Projeto Mulher Ativa, o programa passou a fazer parte do eixo de saúde e qualidade de vida. O eixo de trabalho denominado saúde e qualidade de vida do Projeto Mulher Ativa apresenta como objetivos desenvolver trabalho de orientação social com vista a facilitar o acesso das usuárias à rede de proteção social; informar quanto aos seus direitos sexuais e reprodutivos e desenvolver atividades que fortaleçam a auto-estima e a qualidade de vida das mulheres (Associação de Atividades de Valorização Social, 2008, p. 06). Sob a coordenação de uma Assistente Social, o projeto conta ainda com um instrutor de dança e corporeidade e um instrutor de atividades de dinâmica e integração social. Dentre as suas atividades7, destacamos o trabalho realizado com gestantes, desenvolvido em conformidade com o quarto e quinto objetivos do milênio proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU), desde o ano de 2000 que visa à redução da mortalidade infantil e o melhoramento da saúde das gestantes, respectivamente. Conforme a ONU no Brasil, a mortalidade infantil no primeiro ano de vida é de 27,8 % para cada 1.000, tendo como sugestões de ações as vacinas, a higiene e a nutrição do bebê. No caso das gestantes, as causas de morte são inúmeras, tais como a assistência médica inadequada ou até mesmo a falta dela e também o despreparo das mães durante a gestação, chegando a 2,6% para cada 1.000. Para isso, propõem-se a melhoria da saúde materna através do planejamento familiar, a prevenção do câncer de mama, do colo do útero e da gravidez de risco, o exame 7 O eixo saúde e qualidade de vida também desenvolve atividades de teatro com adolescentes dos bairros de Cidade da Esperança e Cidade Nova e oficinas de auto-estima, integração social, dança e corporeidade nos clubes de mães dos bairros de Mirassol, Neópolis e Nova Parnamirim. 23 pré-natal, e a boa nutrição da mãe como também o aleitamento materno. (REDE BRASIL VOLUNTÁRIOS, 2008). O trabalho do eixo saúde e qualidade de vida é desenvolvido nos espaços das Unidades de Saúde da Família8 com grupos de gestantes atendidas pela própria Unidade por meio de atividades sócio-educativas através de álbuns seriados, filmes educativos e palestras, abordando assuntos propostos pelo eixo, tais como saúde da mulher e do bebê, exame pré-natal, planejamento familiar, aleitamento materno, nutrição, prevenção, DST/AIDS, cuidados com o bebê, higienização, nutrição e direitos da mulher (Associação de Atividades de Valorização Social, 2008, p. 08). Cada grupo conta com uma média de vinte gestantes que se encontram uma vez na semana, durante dois meses, totalizando oito reuniões e, ao término, cada usuária recebe um kit enxoval para bebê e um certificado comprovando sua participação9. As atividades são realizadas pela equipe do eixo em parceria com os profissionais da Unidade, composta de técnicos de enfermagem, enfermeiro, assistente social, dentista e médicos. Durante o andamento das atividades, são realizadas pela coordenação do eixo visitas periódicas, registro fotográfico e entrevista social, a fim de traçar o perfil socioeconômico das usuárias, bem como avaliar a satisfação do trabalho desenvolvido. A partir da socialização e vivência no espaço institucional nos grupos de gestantes, percebemos a ausência de um material informativo que pudesse orientálas após o término da sua participação nas atividades, devido à falta de acompanhamento pós-parto. Assim, surgiu a idéia de sistematizar informações numa cartilha educativa referente ao dia-a-dia da usuária enquanto mãe, mulher e cidadã, tendo em vista que as informações nela organizadas orientam as usuárias, tarefa que se constitui em parte do fazer profissional do Assistente Social. Para isso, foi necessário um cronograma de atividades para o levantamento de referencial bibliográfico sobre assuntos que facilitariam o material idealizado e as atividades propostas para a efetivação do Projeto de Intervenção 8 Em 2008 o eixo atendeu 04 (quatro) grupos de gestantes, sendo 02 (dois) na Unidade de Saúde da Família do bairro Nordeste, 01 (um) no bairro Parque das Dunas IV e 01 (um) na Unidade de Saúde Básica de Bela Vista em Igapó. 9 Se, no decorrer das atividades, a usuária estiver com a data marcada para o parto, o recebimento do kit enxoval é imediato ou feito através do agente de saúde. 24 “Gerando informações: uma Proposta de Intervenção Junto ao Grupo de Gestantes do Bairro Nordeste”. De acordo com a experiência vivida no eixo saúde e qualidade de vida do Projeto Mulher Ativa, descreveremos como ocorreu a implementação do Projeto de Intervenção através das atividades desenvolvidas, os objetivos alcançados e as dificuldades encontradas. O primeiro contato com as gestantes ocorreu no segundo semestre de 2007, quando o trabalho era desenvolvido através do PAG. Visitamos os grupos nas comunidades de Felipe Camarão, Nazaré e bairro Nordeste10, sendo este o grupo escolhido para a efetivação do projeto de intervenção, contando com dezessete gestantes. A fim de conhecer situações relacionadas ao cotidiano das gestantes, elaboramos, juntamente com a orientadora de campo e ensino, uma entrevista social11 com questões abertas e fechadas, realizada nos dias 14 de abril, 05 e 19 de maio, totalizando a participação de dezessete gestantes entre 17 e 38 anos de idade. Abaixo, podemos ver as fotos das entrevistas realizadas com as gestantes: Foto A: Entrevista social com gestante realizada por Franssinete 10 Foto B: Entrevista social com gestante realizada por Edna O grupo da Unidade de Saúde do bairro Nordeste estava iniciando as atividades, enquanto os grupos de Felipe Camarão e Nazaré estavam concluindo, motivo pelo qual aquele foi escolhido para a implementação do Projeto de Intervenção. 11 Ver apêndice A. 25 A entrevista social objetivou conhecer o perfil socioeconômico e familiar do grupo de gestantes, a qual abordou questões relacionadas ao estado civil, escolaridade, religião, moradia, renda familiar, responsável pelo sustento, número de filhos, aleitamento materno, exame pré-natal, complicação no parto, gravidez planejada, teste HIV e conhecimento das leis voltadas para mulheres. Após a entrevista, construímos os gráficos indicadores das respostas coletadas, os quais são demonstrados a seguir. Conforme o gráfico 1, percebemos que um número considerável das entrevistadas não tem um relacionamento conjugal oficializado civilmente: 94,11% das mulheres se colocaram como solteiras. Essa condição é uma realidade de muitas mulheres na atualidade que irão ser responsáveis sozinhas por sua prole, seja por opção, pelo fato de o companheiro não querer assumir a paternidade por não ter sido uma gravidez planejada. Por outro lado, são mulheres que se consideram solteiras por não terem um casamento oficializado. 6% SOLTEIRA CASADA 94% Gráfico 1 – Estado Civil Fonte: Entrevista Social, 2008 De acordo com o gráfico 2, em relação à escolaridade, 40% das mulheres entrevistadas revelaram ter conseguido concluir o ensino médio e consideram ter tido um bom acesso à educação. Entretanto, é notório que muitas delas, sobretudo 26 as adolescentes, desistem dos estudos após uma gravidez, principalmente se não foi planejada, desejada e têm que cuidar sozinhas da criança. ENSINO FUNDAMENTAL I COMPLETO 6% 24% 40% ENSINO FUNDAMENTAL I INCOMPLETO ENSINO FUNDAMENTAL II INCOMPLETO 12% 18% ENSINO MÉDIO INCOMPLETO ENSINO MÉDIO COMPLETO Gráfico 2 – Escolaridade Fonte: Entrevista Social, 2008 O gráfico 3 apresenta o tipo de religião praticada pelas mulheres, sendo revelado que 53% praticam a religião católica, seguido de 41% ligadas à religião protestante/evangélica. Podemos refletir que a religião, a crença em uma força espiritual, é uma saída, em alguns casos, para os problemas, dificuldades, ameaças que surgem na vida e não se sabe de imediato como superá-las. 27 6% CATÓLICA EVANGÉLICA 53% 41% NÃO TEM RELIGIÃO Gráfico 3 – Religião Fonte: Entrevista Social, 2008 O gráfico 4 revela o tipo de moradia em que residem as mulheres, sendo 54% vivendo em casa própria, o que é considerado um ponto positivo, haja vista as despesas financeiras que provêm após o nascimento do filho. 8% PRÓPRIA 38% 54% Gráfico 4 – Tipo de residência Fonte: Entrevista Social, 2008 ALUGADA CEDIDA 28 Em relação à quantidade de filhos (gráfico 5), 40% revelam ter 5 filhos, um número alto, se considerarmos sua situação financeira, ou seja, 41% sobrevivem com um salário mínimo, conforme o gráfico 6. É possível perceber como mulheres de baixo poder aquisitivo, ainda engravidam com mais freqüência e têm mais filhos, provavelmente por não se prevenirem nas relações sexuais, não fazerem um planejamento familiar e ser o filho – futuramente – mais um membro para ajudar nas despesas da família. 27% 40% 1 FILHO 2 FILHOS 3 FILHOS 5 FILHOS 20% 13% Gráfico 5 – Quantidade de Filhos Fonte: Entrevista Social 6% 29% 24% MENOS DE 1 SALÁRIO UM SALÁRIO DOIS SALÁRIOS MAIS DE TRÊS SALÁRIOS 41% Gráfico 6 – Renda familiar Fonte: Entrevista Social, 2008 29 Apesar das entrevistadas se considerarem solteiras por não estarem em um relacionamento oficializado, o gráfico 7 demonstra que o companheiro ainda é o principal responsável pelo sustento da família, mesmo que não esteja residindo na mesma casa. 6% COMPANHEIRO 18% MÃE DE GESTANTE 6% PAIS DE GESTANTE 70% USUÁRIA Gráfico 7 - Responsável pelo sustento da Família Fonte: Entrevista Social Vejamos nos gráficos 8 e 9, respectivamente, o resultado do nível de conhecimento das entrevistadas, no que diz respeito à importância do aleitamento materno e à realização do exame pré-natal. Fica explícito que 94,11% têm conhecimento sobre a importância do aleitamento, o que nos faz pensar que as informações veiculadas na mídia, nos programas e instituições de atenção à mulher estão chegando a esse público, do qual 100% participam assiduamente das consultas do exame pré-natal. 30 6% TEM CONHECIMENTO NÃO TEM CONHECIMENTO 94% Gráfico 8 – Importância do aleitamento materno Fonte: Entrevista Social, 2008 REALIZAM O EXAME PRÉNATAL SATISFATORIAM ENTE 100% Gráfico 9 - Realização do exame pré-natal Fonte: Entrevista Social O resultado do gráfico 10 mostra que a maioria das entrevistadas, durante outras gestações, não apresentaram complicações no parto. 31 12% TIVERAM COMPLICAÇÕES NÃO TIVERAM COMPLICAÇÕES 88% Gráfico 10 – Complicação no parto Fonte: Entrevista Social Conforme o gráfico 11, observamos que a gravidez não planejada está mais evidente, 71%. Entretanto, um número considerável 58%, disseram ter engravidado devido a uma decisão planejada, o que nos faz pensar que são mulheres que talvez tenham um maior esclarecimento sobre a importância, dificuldades e cuidados antes e após uma gravidez. NÃO PLANEJARAM A GRAVIDEZ 45% 55% PLANEJARAM A GRAVIDEZ Gráfico 11: Gráfico Planejada Fonte: Entrevista Social 32 O gráfico 12, revela o resultado da realização do teste HIV. Constatando que 82% fizeram o teste, que é necessário quando a mulher descobre que está grávida. 12% NÃO FIZERAM TESTE FIZERAM TESTE DE HIV 88% Gráfico 12- Realização do teste HIV Fonte: Entrevista Social Os gráficos 13 e 14, respectivamente, apontam os resultados do nível de conhecimento acerca da Lei Maria da Penha e da proteção para a mulher gestante no ambiente de trabalho. O conhecimento sobre a Lei é maior (82%), diante do que conhecem sobre os seus direitos no ambiente de trabalho na fase e após a gravidez. Salientamos que o conhecimento sobre a proteção no trabalho se faz importante, se considerarmos que muitas mulheres são desligadas quando retornam da licença maternidade ou mesmo ao revelarem que estão grávidas. 33 18% TEM CONHECIMENTO NÃO TEM CONHECIMENTO 82% Gráfico 13- Sobre a Lei Maria da Penha Fonte: Entrevista Social, 2008 41% 59% TEM CONHECIMENTO NÃO TEM CONHECIMENTO Gráfico 14- Proteção no ambiente de trabalho Fonte: Entrevista Social Portanto, após essa primeira etapa de revelação do perfil dessas mulheres, partimos para uma segunda etapa do projeto de realização de uma atividade sócio-educativa, no dia 09 de junho, sobre a “violência doméstica, sua tipologia, ciclo da violência, Lei Maria da Penha e a rede de atendimento para 34 mulheres vítimas de violência doméstica e familiar”, tendo como facilitadora a Professora Regina da Universidade Potiguar (UnP). A atividade contou com a participação de cinco gestantes e, mesmo com um número reduzido, houve uma boa interação, não só com as usuárias, mas também com a equipe da Unidade de Saúde e da Coordenação do eixo saúde e qualidade de vida. Abaixo destacamos algumas fotos do momento. Foto C: Momento da palestra com as gestantes do bairro Nordeste Foto D: Estagiárias com a profª Regina, facilitadora da atividade Durante o andamento do projeto, vimos a necessidade da construção de uma cartilha informativa (como já sinalizamos), a qual foi produzida e avaliada pelas orientadoras de campo e ensino. E, no dia 16 de junho, encerramos a intervenção com a participação de nove gestantes. Na ocasião, foi apresentada a Cartilha da Gestante12, contendo as seguintes informações: como se engravida; DST/AIDS; a escolha do método anticoncepcional; exame pré-natal; amamentação; leis que garantem os direitos da mulher e a prevenção do câncer de mama. Abaixo fotos da finalização do projeto junto às gestantes. 12 Ver apêndice B. 35 Foto E: Apresentação da atividade pela orientadora de campo Foto F: Apresentação da Cartilha da Gestante Após a palestra realizamos a entrega dos kits para as gestantes que concluíram a sua participação nas reuniões - como parte do trabalho do eixo saúde e qualidade de vida. Foto G: Entrega do kit Em seguida, fizemos um sorteio de brindes e servimos um lanche para que todos pudessem se confraternizar. 36 Foto H: Entrega do brinde Foto I: Momento de confraternização 3.2 O SERVIÇO SOCIAL NO PROJETO MULHER ATIVA O Serviço Social no Projeto Mulher Ativa assume um papel fundamental, contribuindo para a efetivação da Política Nacional de Assistência Social, contando com uma assistente social cuja ação é voltada para o atendimento, orientação, visita de campo e participação nas atividades dos três eixos do projeto. A profissional dispõe de um Diário de Campo13, o qual permite o registro, diariamente, da ação profissional nos diferentes momentos do trabalho, priorizando o sigilo profissional como prevê o Código de Ética Profissional – Resolução CFESS (Conselho Federal de Serviço Social) nº 273/93 de 13 de Março de 1993 em seu Capítulo V. Outro instrumento utilizado pelo profissional é a entrevista social, realizada durante as atividades com as mulheres atendidas pelo projeto, sendo 94% provenientes dos Clubes de Mães14, as quais são beneficiadas com cursos nas 13 Instrumento utilizado pelo assistente social para registrar atendimentos, encaminhamentos, planejamentos e atividades desenvolvidas durante a sua prática profissional no espaço institucional. 14 O Projeto Mulher Ativa atende a 96 (noventa e seis) Clubes de Mães nas quatro regiões administrativas da cidade do Natal-RN. 37 áreas de artesanato e serviços (manicure, pedicure, cabeleireiro e escovista) e 6% de mulheres gestantes15. A partir desse instrumento, é possível traçar o perfil socioeconômico das usuárias, levantar dados quantitativos dos atendimentos e realizar encaminhamentos para a rede de apoio socioassistencial. Podemos destacar também que o assistente social do projeto tem uma dimensão pedagógica, tendo em vista o seu caráter educativo e informativo, pois realiza periodicamente atividades sobre “violência doméstica e a Lei Maria da Penha” e “Estatuto da Criança e do Adolescente” nas comunidades, clubes de mães e instituições parceiras, dada a importância de socializar os direitos como forma de exercício da cidadania. De acordo com Abreu (2004, p. 66), A dimensão pedagógica do Serviço Social remete à sua função primeira, essencial na sociedade, isto é, diz respeito aos efeitos da ação profissional na maneira de pensar e agir dos sujeitos envolvidos nesse processo, contribuindo para a formação de subjetividades e padrões de conduta individuais e coletivas (...). Deste modo, reafirma-se o entendimento de que o Serviço Social, como profissão eminentemente de cunho educativo, inscreve-se no campo das atividades que incidem na formação da cultura, como um elemento constitutivo das relações de hegemonia”. (ABREU, 2004, p. 66). Para isso, exige-se do assistente social conhecer e operacionalizar a Política Nacional de Assistência Social como também desenvolver práticas burocráticas utilizadas no cotidiano de todos os profissionais como, por exemplo, elaboração de Ofícios, Memorandos, Requisição de Serviços, Encaminhamentos, conhecimento em informática, entre outras. Assim sendo, destacamos que o Serviço Social exerce seu papel com responsabilidade e esforça-se para o bom andamento do projeto, atuando de forma dinâmica com o objetivo de prestar atendimento de qualidade e executar um trabalho satisfatório. 15 Em 2008, o Projeto Mulher Ativa, através do eixo saúde e qualidade de vida, além do bairro Nordeste, atendeu mulheres gestantes das Unidades de Saúde dos bairros Parque das Dunas e Bela Vista (Igapó). 38 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Analisamos o Projeto Mulher Ativa como uma proposta promissora às mulheres atendidas pela ATIVA, da cidade do Natal/RN, que busca viabilizar e contribuir com o desenvolvimento da Política Nacional da Assistência Social (PNAS), com o Sistema Único da Assistência Social (SUAS) e a Política Nacional para as Mulheres (PNM). Com a realização da proposta do Projeto de Intervenção em três eixos de trabalho - saúde e qualidade de vida, geração de renda e direito e cidadania - foi possível ampliar as atividades, formar parcerias e incorporar um caráter educativo e informativo nas ações desenvolvidas na ATIVA, e pelo Serviço Social, durante todo o ano de 2008. No trabalho realizado com as mulheres gestantes, desenvolvido pelo eixo saúde e qualidade de vida – campo do nosso Estágio Curricular – observamos o cuidado na elaboração das atividades, na escolha das temáticas a serem discutidas junto às usuárias, ressaltando o bom relacionamento com os profissionais da Unidade de Saúde. Destacamos que o profissional de Serviço Social, inserido no Projeto através da coordenação nos eixos, se apresenta com extrema importância para o bom andamento deste, sendo as Assistentes Sociais bem qualificadas, atuando de forma dinâmica, com a finalidade de prestar um atendimento de qualidade e executar um bom trabalho. Sendo assim, podemos afirmar que a experiência de estágio no Projeto Mulher Ativa teve um papel relevante para a nossa formação profissional, cujo convívio com o Serviço Social proporcionou um conhecimento da Política de Assistência Social, do SUAS, da PNM, como também, a instrumentalidade da profissão, contribuindo para a relação teoria x prática. Consideramos o nosso estágio positivo para a instituição pela importância do projeto desenvolvido, esperando ter contribuído para a informação de maneira educativa junto às gestantes na Unidade de Saúde do bairro Nordeste, atendidas pela ATIVA. 39 REFERÊNCIAS ABREU, Marina Maciel. A dimensão pedagógica do Serviço Social: bases históricoconceituais e expressões particulares na sociedade brasileira. Serviço Social e Sociedade, 79, ano XXV. São Paulo: Cortez, 2004, p. 43-69. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL. 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São Paulo: Cortez, 2006. 43 APÊNDICE(S) 44 APÊNDICE A Associação de Atividades de Valorização Social PROJETO MULHER ATIVA Entrevista Social I - DADOS GERAIS Nome: ____________________________________________________________________ Data de Nascimento: ___/___/______ Endereço:___________________________________________________________nº_____ Bairro:_____________________ Complemento: ___________________________________ Ponto de Referência: ________________________________________________________ Telefone para Contato: _______________________________________________________ Estado Civil: ( ) casado ( ) solteiro ( ) separado ( ) mora com companheiro Religião:____________________. Com que freqüência participa dos encontros religiosos ( ) 1 vez por semana ( ) mais de uma vez por semana ( ) 1 vez por mês ( ) raramente. 1. Renda Familiar: ( ) Menos de 01 salário ( ( ) mais de três salários ) um salário ( 2. Grau de Escolaridade: ( ( ( ( ( ( ( ( ) Ensino Fundamental I Completo; ) Ensino Fundamental I Incompleto; ) Ensino Fundamental II Completo; ) Ensino Fundamental II Incompleto; ) Ensino Médio Completo; ) Ensino Médio Incompleto; ) Ensino Superior Incompleto ) Ensino Superior Completo II – CONDIÇÕES DE MORADIA Tipo de residência: ( ) alugada ( ) própria ( ) cedida Quantidade de cômodos na casa: 1( ) 2( ) 3( ) Existe algum risco de desabamento? Sim ( ) Não ( ) Existe sistema de esgoto? Sim ( ) Não ( ) 4( ) ) dois salários 45 Em sua casa tem Unidade Sanitária (banheiro)? Sim ( ) Não ( ) O sanitário tem descarga? Sim ( ) Não ( ) Responsável pelo sustento da família: ( ) Usuária ( ) Companheiro ( ) Avós ( ) Pais da gestante. Ocupação do responsável pelo sustento da família: _____________________. Você conhece os direitos das mulheres? ( ( ( ( ) Violência Contra a Mulher (Lei Maria da Penha) ) Proteção no ambiente de trabalho durante a gestação (CLT) ) Relação estável e Concessão de alimentos (Código Civil) ) Outros:Especificar: ________________________. III – CARACTERÍSTICAS DA VIDA SEXUAL DA USUÁRIA 1ª Parte Tem relação sexual? Há quantos anos? :_________________ Sim ( ) Não ( ) Já esteve grávida? Sim ( ) Não ( ) Quantos filhos já teve?:___________________________ Houve alguma perda de feto ou aborto? Sim ( ) Não ( ) Teve algum aborto? Espontâneo ( ) Provocado ( ) Usava algum método contraceptivo? Sim ( ) Não ( ) Qual? ( ) camisinha ( ) anticoncepcional ( ) outro:____________________ Seu esposo ou companheiro aceita o uso dos métodos contraceptivos? Sim ( ) Não ( ). Quais: ( ) Camisinha ( ) Pílula ( ) Outros. Especificar: _______________ 46 Idade gestacional: ( ) menos de 03 meses ( ) 04 meses ( ( ) 07 meses ( ) 08 meses ( ) 09 meses ( ) Nutriz. ) 05 meses ( ) 06 meses Por quantas gestações a usuária já passou? ( ) 1ª gravidez ( ) 2ª gravidez ( ) outra: ______________________________________________________ Pré-natal, onde está sendo realizado: ( ) Unidade de saúde mais próxima ( ) Unidade de saúde com difícil acesso . Quais exames foram solicitados no Pré-natal? Citomegalovírus ( ) Rubéola VDRL (Sífilis) ( ) ( ) HIV ( ) Toxoplasmose ( ) As vacinas indicadas pelo seu médico foram tomadas? ( ) Sim ( ) Não. Quais: __________________________________________________________ Você já fez o teste anti-HIV? ( ( ) Sim ( ) Não. ) Sim ( ) Não. E seu companheiro já fez? 2ª Parte Quais as dificuldades enfrentadas para fazer o pré-natal? __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Você conhece alguma doença infecto-contagiosa? Sim ( ) Não ( ) Quais?:___________________________________________________________________ Sabe os exames necessários para fazer o pré-natal? Sim ( ) Não ( ) Quais?:___________________________________________________________________ _________________________________________________________________________ Quantas consultas já foram realizadas 1( ) 2( ) 3( ) 4( ) 5( ) 6( A gravidez foi planejada? Sim ( ) Não ( ) Sabe a importância do alimento materno? Sim ( ) Não ( ) Suas mamas foram examinadas durante o pré-natal? Sim ( ) Não ( ) ) 47 Houve alguma complicação nos partos? Sim ( ) Não ( ) Qual: ________________________ Entrevistador (a) ______________________ Data da Entrevista: ____/____/______. 48 APÊNDICE B Capa e contra-capa CARTILHA DA GESTANTE Rua Açu, nº 418 – Tirol www.ativa.org.br 48 Apresentação Esta Cartilha integra uma série de informações que se destinam Sumário as gestantes, e tem o objetivo de oferecer I. informações sobre a gravidez, doenças II. Como se engravida.............. 02 sexualmente transmissíveis, como escolher o método anticoncepcional, prénatal e amamentação e leis que garantem os direitos da mulher. Ela é produto da aprendizagem do estágio da formação profissional que foi Apresentação...................... 01 III. Doenças sexualmente Transmissíveis (HIV/AIDS)........ 03 IV. Como escolher o Método Anticoncepcional........................ 04 V. Pré-natal.............................. 06 desenvolvido na Associação de Atividades VI. Amamentação. .................... 07 de Valorização Social (ATIVA) por alunas VII. Leis que garantem os direitos da Mulher........................................ 08 da UnP da Graduação de Serviço Social. 49 Como se engravida? Doenças sexualmente transmissíveis (HIV/AIDS) Na relação sexual, após a ejaculação, o esperma masculino é depositado na vagina da mulher. O esperma contém os espermatozóides, que reprodutoras são células masculinas. Os espermatozóides rapidamente penetram movimentam-se pelo no útero e trompas uterinas. espermatozóide canal da vagina, dirigem-se Se, na trompa, encontra-se com as o um óvulo que é a célula reprodutora feminina, ocorre a fecundação e o óvulo fecundado dirige-se ao útero, dando início à gravidez. A cada ciclo menstrual, prepara-se para fecundado. Quando receber não o útero o óvulo acontece a fecundação, a camada interna do útero, o endométrio, desprende-se, ocorrendo a menstruação. Por isso, um dos sinais de gravidez é a falta de menstruação. O que são DSTS? Significa doenças sexualmente transmissíveis, que são passadas nas relações com pessoas que estejam com essas doenças. São as DST’s, a gonorréia, a sífilis, a clamídia, o herpes genital, hepatite B, o condiloma, a tricomoníase, HIV/AIDS, entre outras. O que é HIV? É um vírus causador da AIDS, doença que compromete o sistema de defesa do organismo, provocando a perda da proteção contra as doenças. Por essa razão as pessoas podem desenvolver vários tipos de infecção. Lembre-se de que não dá para saber quem está contaminada com HIV/AIDS ou com DST´s apenas olhando para a pessoa ou porque a conhece há muito tempo. Por isso, é importante prevenir sempre, usando camisinha masculina ou feminina em todas as relações sexuais. 50 Dispositivo Intra-uterino: É um Como escolher o método anticoncepcional pequeno objeto de plástico que pode ser recoberto de cobre ou conter hormônio A escolha deve ser livre e informada. É importante procurar um serviço de saúde para receber informações sobre os métodos anticoncepcionais disponíveis para obter o método escolhido. Pílulas anticoncepcionais: Agem impedindo a ovulação, dificultando a passagem dos espermatozóides para o interior do útero. Injeção: Existem dois tipos de injeção: a aplicada uma vez por mês, que é mensal e a trimestral aplicada de três em três meses. Camisinha masculina: É uma capa fina de borracha, cobrindo o pênis e impedindo o contato com a vagina, ânus ou a boca durante a relação sexual. Camisinha feminina: É um tubo feito de plástico macio, fino e resistente que já vem lubrificado e que é colocado dentro da vagina para impedir o contato do pênis com a mesma. colocado no interior do útero para evitar a gravidez. 51 Pré- natal Amamentação O pré-natal é composto por vários exames e acompanhamento médico. É o melhor para garantir uma gestação segura e um parto satisfatório. O trabalho do prénatal deve ser iniciado logo que a gestação seja detectada. A gestante deve voltar uma vez a cada mês até o sétimo mês de gestação. A partir daí, as visitas ao médico devem-se tornar mais freqüentes, uma visita a cada duas semanas. A amamentação deve ser exclusiva até o sexto mês de vida do bebê. O primeiro leite, que é amarelo e transparente (colostro), é muito rico e protege o bebê de várias doenças. É a primeira vacina que seu filho recebe. • Não existe hora certa para amamentar; • O bebê deve mamar quantas vezes quiser; • Não permita que outra mulher amamente seu filho proteja-o contra AIDS. • Para ter mais leite é preciso esvaziar o leite em cada mamada. • Não compre mamadeiras chupetas seu bebê prefere você. nem 52 Leis que garantem os direitos da mulher • Lei Maria da Penha: 11.340/06 dia 07/08/2006 Coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. • No trabalho: CLT – Consolidação das Leis do Trabalho: Art: 391ª 401 Acompanhamento da Gravidez Faltas justificadas em caso de consultas para o acompanhamento da gravidez. Mudança de Função: Mudanças de função, caso a atividade desenvolvida seja comprovada através de atestado médico que põe em risco a gravidez e a saúde da mãe e do bebê. Amamentação: A mulher tem o direito a ser dispensada do trabalho por dois períodos de trinta minutos para amamentar o bebê até que este complete 06 meses de idade.