Tecnologia Farmacêutica II- Aulas Práticas II.3- Ciclodextrinas Ciclodextrinas (CDs) também chamadas dextrinas de Schardinger, ciclomaltooligossacáridos ou ciclooligoglucanos foram descobertas em 1891 por Villiers em virtude da digestão do amido por culturas de Bacillus amylobacter. Só mais tarde, em 1904, Schardinger isolou um novo microrganismo, Bacillus macerans, o qual produzia quantidades superiores de dextrinas. (Valle, 2004) Embora desde os anos 70 se tenha demonstrado a incontestável versatilidade destes compostos e aplicabilidade nos diferentes tipos de indústria, só face aos avanços biotecnológicos dos anos 80 foi possível a produção de CD de uma forma económica e competitiva. (Póvoa et al., 2001) As CDs são moléculas hidrossolúveis, cíclicas e oligossacáridos não redutores provenientes de 6, 7 ou 8 (ou mais) unidades de D-glucopiranose unidas por ligações glicosídicas -1,4, designando-se por alfa-, beta- e gama-CDs, respectivamente. Tabela 4 – Propriedades das ciclodextrinas. (adaptado de Szejtli et al., 1994) 6 972 7 1135 8 1297 14,5 1,85 23,2 150 0,5 4,7 – 5,3 7,9 0,1 14,6 0,4 174 162,5 0,5 6,0 – 6,5 7,9 0,1 15,4 0,4 262 Paralelogramas monoclinicos 177,4 0,5 7,5 – 8,3 7,9 0,1 17,5 0,4 427 Prismas quadráticos 119,0 166/-169 4,23 3,00 10,2 3,443 Negligenciável 5,8 12,332 117,7 169/-172 4,39 2,86 13,2-14,5 3,223 Reduzida 166 12,202 112,6 165/-169 4,48 2,81 8,13-17,7 3,000 Rápida 2300 12,081 7,2 0,4 -5,0 Ciclodextrina Nº unidades de glucose Peso Molecular Solubilidade em água (g/100 ml) à temperatura ambiente []25D Diâmetro da cavidade (Å) Altura do cone truncado (Å) Diâmetro exterior (Å) Volume aproximado da cavidade (Å3) Forma dos cristais hexagonais Parâmetros cristalográficos: Ângulo Cd1-----O4------C4 (º) 0 / 0 Distância O4- - - - O4`(Å) Distância O2- - - - O3`(Å) % massa de água de cristal Constante de difusão a 40ºC Hidrólise por -amilase A. Oryzae Vmáx. (min-1) pK a 25ºC Compressibilidade adiabática em soluções aquosas (ml mol-1 * 104) Tecnologia Farmacêutica II- Aulas Práticas O esqueleto central glucosídico forma a parte principal da CD e é responsável pelas propriedades hidrofóbicas da cavidade interior, sendo a face externa hidrofílica, o que torna esta molécula hidrossolúvel (Fig.2). (Cabral, Marques, 1994; Cabral, Marques, 1991; Sjejtli, 1990; Rosane, 2005). Fig. 2- Estrutura química da -ciclodextrina. A molécula tem forma cónica truncada com o hidrogénio primário (C6 hidroxilo) numa margem e os grupos hidroxilo secundários (C2 e C3 hidroxilos) na outra margem do cone. (Rosane, 2005) Em relação à toxicidade, todos os estudos de toxicidade oral demonstraram que as CD são praticamente atóxicas devido à sua baixa absorção e metabolização no tracto gastrointestinal. (Póvoa et al., 2001) As e -CD são conhecidas pela sua insegurança na administração por via parentérica devido ao fenómeno de nefrotoxicidade relacionado aparentemente com uma resposta adaptativa à excreção de agentes osmóticos em concentrações elevadas. A capacidade das CD causarem hemólise e irritação das membranas está relacionada com a extracção de componentes lipídicos das membranas celulares. (Stella et al., 1997; Baldrick, 2000) Por via tópica as e CD podem causar irritação cutânea quando usadas em elevadas concentrações, o mesmo não acontecendo com as -CD. (Póvoa et al., 2001) Os factores envolvidos na formação de complexos de inclusão são os seguintes: dimensão, estereoquímica, polaridade / efeitos electrónicos, pontos de ligação e podem ser influenciados pela temperatura, cossolventes e pH. Um dos factores mais importantes é a dimensão da molécula hóspede relativamente ao tamanho da cavidade da CD. Neste processo não se quebram nem se Tecnologia Farmacêutica II- Aulas Práticas formam ligações covalentes e a sua força motriz é a redução da entalpia aquando da libertação de moléculas de água do interior da cavidade hidrofóbica. (Singh, 2002) A força impulsionadora da ligação molécula hóspede - CD pode ser explicada por diferentes interacções não covalentes fracas (forças de Van der Waal´s, ligações de hidrogénio) e interacções hidrofóbicas. A complexação é um processo de equilíbrio cinético e termodinâmico entre as moléculas hóspedes e as CDs livres e o complexo hóspede – CD (Fig. 3b). Há também uma relação de equilíbrio com os diferentes estados físicos e com os coeficientes de partilha das moléculas com o meio. (Cabral, Marques 1994; Cabral, Marques 1991; Valle, 2004) As CD formam complexos de inclusão com substâncias que possuam tamanho, polaridade e forma geométrica compatíveis com a dimensão da sua cavidade. A inclusão de fármacos na CD pode ser total ou parcial (Fig. 3). Fig. 3a) Principais tipos de complexos de inclusão: a) completa; b) parcial; c) axial; d) tipo sandwich; e) e f) complexos de estequiometria superior. (Rosane, 2005) Fig.3 b)- Representação esquemática da complexação com o retinol. (Folhetos Roquette, 2005) Tecnologia Farmacêutica II- Aulas Práticas As -CDs formam normalmente complexos de inclusão com hidrocarbonetos alifáticos e gases, as -CDs com pequenas moléculas aromáticas, como derivados do terpeno ou hidrocortisona e as -CDs conseguem aceitar moléculas maiores, incluindo a vitamina D2 ou outras grandes moléculas orgânicas cíclicas. As -CD são largamente utilizadas para aplicação farmacêutica devido não só ao tamanho adequado da sua cavidade, mas também à sua fácil obtenção. (Challa et al., 2005) Em relação à solubilidade dos complexos formados, existem essencialmente dois tipos de diagramas de solubilidade de fases (Fig.4): Tipo A (AP; AL; AN): formação de complexos solúveis em água. Tipo AL: há uma dependência linear da solubilidade total do substracto com a concentração de CD, obtendo-se complexos de 1ª ordem em relação à concentração de CD. Tipo Ap: apresenta um desvio positivo da linearidade a concentrações elevadas de CD e corresponde à formação de complexos de maior ordem molecular. Tipo AN: apresenta um desvio negativo da linearidade a concentrações elevadas de CD, sendo um dos sistemas menos frequentes, cuja ocorrência pode ser explicada devido a interacções complexas entre soluto-soluto e solutosolvente. Tipo B (BS; BI): formação de complexos pouco solúveis que depois se tornam insolúveis em água (ponto A: limite de solubilidade do complexo; ponto B: ponto em que todo o fármaco livre foi consumido) Tipo Bs: pode-se observar-se 3 fases: aumento linear da solubilidade com a formação do complexo, seguido de uma fase estacionária correspondente à máxima estabilidade e que finaliza quando o soluto no estado sólido é consumido e uma fase descendente correspondente à diminuição de todo o substrato não complexado em solução por formação de um complexo de inclusão insolúvel. Tipo Bi: é interpretado da mesma forma, com a diferença de que o complexo que se forma é tão insolúvel que o aumento inicial na solubilidade do substrato não é detectável. (Rosane, 2005) Tecnologia Farmacêutica II- Aulas Práticas Fig. 4 – Diagramas de solubilidade de fases: S concentração do fármaco ao fim do tempo t; So: solubilidade do fármaco na ausência de ciclodextrina (solubilidade aquosa); Sc: solubilidade limite do complexo pouco solúvel. (Valle, 2004; Higushi & Connors, 1965) O tipo de diagrama que aparece com mais frequência é o AL (1:1). Neste caso, a constante de equilíbrio (Ks) é determinada tendo em conta o declive da porção linear da curva obtida (tg α): Eq. 1: Ks = tg α / [S] (1-tg α) = declive / So (1- declive) O intervalo “ideal” de valores da constante de equilíbrio será aproximadamente entre 100 – 5 000 M-1 ou, num intervalo mais alargado, entre 100 – 20 000M-1. (Challa et al., 2005) Quando se obtém um valor superior, o complexo é demasiado estável e não se dissocia da SA, diminuindo significativamente a sua biodisponibilidade. No caso oposto, o complexo é demasiado instável. Deste modo, interessa a obtenção de complexos mediamente estáveis, gerando-se um equilíbrio entre o complexo e as formas livres de CD e SA. (Waleczek et al., 2003; Higuchi & Connors, 1965; Uekama et al., 1978) Em geral, as formas iónicas dos fármacos, presentes a um dado intervalo de pH, formam complexos mais instáveis do que as formas não iónicas correspondentes. Por outro lado, o aumento da temperatura tende geralmente a diminuir a constante de complexação. Quando adicionados em pequenas quantidades, polímeros hidrossolúveis, agentes iónicos e cosolventes podem aumentar a solubilização das CDs e aumentar assim a constante de complexação. (Challa et al., 2005) Tecnologia Farmacêutica II- Aulas Práticas Para ultrapassar várias limitações das CD ao nível da capacidade de inclusão, solubilidade e toxicidade têm sido produzidos diversos derivados. (Uekama et al., 1990) Existem diversos métodos de preparação e de caracterização dos complexos de inclusão, os quais serão posteriormente apresentados no capítulo dos métodos deste trabalho. Liofilização (freeze drying) Secagem por Aspersão (spray drying) Malaxagem (kneading) Pulverização (grinding method) Neutralização Co-precipitação Aquecimento em Recipiente Selado Passagem de Gás através de Líquido Fluidos supercríticos Caracterização dos complexos: Cromatografia em camada fina Polarografia Dispersão rotatória óptica ou Dicroismo circular Espectroscopia (electrónica; de Raman, de fluorescência) Espectrofotometria (UV- VIS; IV; Massa; RMN) Modeling program Difracção de raios x Calorimetria Tecnologia Farmacêutica II- Aulas Práticas A inclusão de um determinado fármaco numa CD apresenta inúmeras vantagens/ aplicações, principalmente tecnológicas. Assim, as aplicações das CDs na via tópica de fármacos complexados podem ser (Challa et al., 2005; Mosher et al., 2006; Cabral, Marques, 1994; Szejtli, 1997; Matsuda, 1999): aumento da libertação do fármaco e/ ou permeação estabilização do fármaco na formulação ou no local de absorção diminuição dos efeitos secundários, nomeadamente, da irritação cutânea devido à menor quantidade de fracção livre de fármaco e menor dose necessária para atingir o efeito terapêutico formulação de compostos incompatíveis fixação de compostos voláteis e melhoramento das propriedades organolépticas redução da quantidade ou ausência de agentes tensioactivos em emulsões. A actividade termodinâmica do fármaco no veículo da formulação, assim como o coeficiente de partilha pele/ veículo, podem afectar significativamente a alteração da permeabilidade cutânea do fármaco induzida pela CD. As CDs, ao aumentarem a solubilidade aparente do fármaco, aumentam também a sua actividade termodinâmica no veículo, promovendo assim a sua libertação do mesmo e, consequentemente, a sua actuação. Apesar do coeficiente de partilha, por exemplo de um fármaco lipofílico, poder diminuir com a complexação com CDs hidrofílicas, o aumento da solubilidade do fármaco e da sua actividade termodinâmica nos veículos pode levar ao aumento da permeabilidade. Por outro lado, a fracção livre de fármaco ao nível da pele depende da taxa de dissolução do fármaco; magnitude relativa da constante de complexação; presença de agentes competidores no local de absorção e da taxa de absorção do fármaco. Uma característica importante da utilização de -CDs para tratamento anti-acne deriva do facto destas incorporarem os ácidos gordos polinsaturados da gordura da pele, facilitando a absorção do fármaco e, por outro lado, conduzindo indirectamente à redução da incidência de infecções e inflamações cutâneas. (Challa et al., 2005) Tecnologia Farmacêutica II- Aulas Práticas IV.1.1- Ensaios de solubilidade de fase Nestes ensaios doseou-se a tretinoína por espectroscopia de UV-VIS no comprimento de onda de 355 nm (após o respectivo varrimento do comprimento de onda), tendo-se obtido a recta representada na Fig. 5. As CDs podem influenciar no doseamento por espectroscopia UV-VIS através de efeitos designados por: efeitos hipercrómicos e hipocrómicos (desvios da radiação UV para maior e menor intensidade, respectivamente) e efeitos ipsocrómicos e batocrómicos (desvios da radiação UV para maior e menor comprimento de onda, respectivamente). No entanto, não se observou nenhuma interferência das CDs na radiação UV-VIS na gama de concentrações usada e, por outro lado, a sua estrutura permite que continue a haver absorção por parte da molécula incorporada. 0,8 Absorvência 0,7 Y = 0,0426 + 31,215 X 0,6 0,5 r2 =98,8% 0,4 r =0,994016 0,3 0,2 0,1 0 0 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 Conc. SA (mM) Fig. 5- Recta de calibração tratada estatisticamente da solução de tretinoína em isopropanol: água desionizada (70:30) no intervalo de concentração 0,005-0,02 mM a pH 5 (p < 0,0001). Resumidamente, as três curvas de calibração foram construídas numa gama linear de concentrações da tretinoína (0,005-0,02 mM). A exactidão do método foi avaliada através do cálculo do erro relativo que foi sempre menor que 1. A precisão foi avaliada através do cálculo do coeficiente de variação e foi menor que 1. A reprodutibilidade do método foi avaliada através da análise de covariância (ANCOVA). A quantificação do método revelou uma boa reprodutibilidade, uma vez que não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre as três curvas de calibração, ou seja, conclui-se que eram coincidentes (F4, 115 = 2,38; p= 0,056). Tecnologia Farmacêutica II- Aulas Práticas Seguidamente, realizaram-se os ensaios de solubilidade de fase de acordo com o descrito nos métodos. 0,6 y = 0,0142x - 0,0273 R2 = 0,9856 conc. SA * 10^(-3) (M) 0,5 0,4 1ª colheita: 52h 0,3 2ª colheita: 100h 3ª colheita: 168h 0,2 4ª colheita: 194h 0,1 Linear (4ª colheita: 194h) 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 -0,1 conc. CD * 10 ^(-3) (M) Fig. 6 a)- Estudos de solubilidade de fase da tretinoína com a dimetil-beta-ciclodextrina (pH 5) (desvio padrão ≤ 0,015). Através da observação do gráfico obtêm-se os seguintes dados: - o complexo é solúvel, isto é, a concentração de SA doseada é directamente proporcional à quantidade de CD adicionada, uma vez que a complexação vai aumentar a solubilidade do fármaco em água e permitir assim o seu doseamento espectrofotométrico. Um complexo solúvel dá origem ao gráfico tipo AL correspondente à estequiometria de 1: 1 (SA:CD) nas várias colheitas, embora possa haver mistura das estequiometrias de 1:1 e 1:2 (Fig. 6 b).- rever este capítulo no artigo publicado As moléculas de água que envolviam a cavidade da CD foram substituídas por moléculas da SA que, por ser uma molécula menos polar, ao complexar com a CD, origina a formação de um sistema energeticamente mais estável. (Higuchi & Connors, 1965; Szjetli, 1998) a) b) Tecnologia Farmacêutica II- Aulas Práticas R² = 0.9855 St vs Lt a) c) Fig. 6 b) Estudos de solubilidade de fase da 0.6 tretinoína com a dimetil-beta-ciclodextrina 0.5 considerando St (mM) 0.4 estequiometria 0.3 2 0.2 diferentes de estequiometrias: 1:1; b) mistura a) das estequiometrias de 1:1 e 1:2; c) mistura das 0.1 0 0 10 20 30 40 50 -0.1 estequiometrias de 1:1 predominância de 1.1; e 1:2, d) mas com mistura das Lt (mM) estequiometrias de 1:1 e 1:2, mas com predominância de 1:2. - o tempo de complexação prolonga-se para um máximo de complexação por, aproximadamente, 8 dias; - a constante de equilíbrio de complexação é relativamente elevada, o que sugere que o complexo formado seja estável: Ks 13 600 M-1 (correspondente à 4ª colheita e considerando-se So = 0,00106 x 10 (-3) M, valor médio da solubilidade aquosa da SA na ausência de CD). Não se usou Sintercepção pois corresponde a um valor negativo e teoricamente não existe Ks negativo. O valor negativo da Sintercepção pode justificar-se pelo facto da tretinoína ser um fármaco muito pouco solúvel e/ ou pela presença de impurezas presentes no próprio fármaco e pela interacção entre monómeros do fármaco (SA-SA), o que teria como consequência a diminuição da fracção livre de SA para se combinar com a CD. Assim, segundo este autor o perfil obtido corresponde ao do tipo AL – (Sintercepção < So). Há casos em que pode suceder exactamente o contrário obtendose o perfil do tipo Al + ( Sintercepção > So). (Loftsson et al. 2005). Quando Ks > 10 000 M-1, aproximadamente, a CD diminui a biodisponibilidade da SA, pois diminui a fracção livre de SA disponível para se ligar aos receptores d) Tecnologia Farmacêutica II- Aulas Práticas correspondentes e exercer assim a sua actividade terapêutica. (Waleczek et al., 2003; Higuchi & Connors, 1965; Uekama et al., 1978) No entanto, serão necessários mais dados relativos ao complexo obtido (apresentados seguidamente) e também de ensaios de difusão para se inferir acerca da necessidade de uma possível variação metodológica, nomeadamente: o uso de um agente competidor na fórmula, mudança de CD (por exemplo, a hidroxipropil--CD, também muito usada em formulações tópicas) ou escolha de um determinado método de complexação (em que se demonstre haver alguma percentagem de SA livre). Caso o trabalho experimental pudesse prolongar-se por mais tempo seria interessante ter prosseguido com mais métodos de determinação da constante de solubilidade. De acordo com o método de Uekama et al. (1978) recorrer-se - ia à cromatografia (HPLC), adicionando-se a CD à fase móvel. A CD vai atrasar o tempo de retenção da SA, conforme a constante de equilíbrio. Este método apresenta diversas vantagens: rapidez; reprodutibilidade; sensibilidade e é adequado para analisar compostos instáveis, o que é o caso. Existem ainda outros métodos referenciados na literatura: potenciométricos (T. Miyaji et al., 1976); espectrofotométricos (F. Cramer et al., 1972); polarográficos (Ono, 1999); electroforéticos; permeação de membrana; modelação molecular (Cirri et al., 2004), entre outros. Teoricamente não existe um método considerado ideal, devendo-se escolher o que mais se adapta ao tipo de complexo. Por exemplo, o método de permeação de membrana é relativamente simples e rápido, permitindo obter simultaneamente os dados de permeação, mas requer uma elevada concentração de CD na fase dadora. A electroforese de afinidade capilar é um método selectivo e rápido, requerendo uma quantidade de amostra reduzida, mas é apenas aplicável se o fármaco se encontrar na forma ionizada. A modelação molecular dá apenas um valor de previsão através do modelo teórico e, por isso, deve ser complementado com determinações experimentais. Geralmente os valores da constante de complexação obtidos pelas diferentes técnicas para o mesmo complexo diferem entre si devido às condições experimentais distintas que podem influenciar o processo de complexação. Loftsson et al. (2005) apontam também limitações à obtenção desta constante pelo método de Higuchi & Connors (1965), sendo o erro tanto maior quanto menor a solubilidade do fármaco (So < 1 mg/ml). Ainda segundo este autor, a constante de Tecnologia Farmacêutica II- Aulas Práticas complexação corresponderá a uma combinação de várias constantes que descrevem vários mecanismos de solubilização que coexistem num sistema não ideal. No entanto, optou-se pelo método de Higuchi & Connors (1965) por ser ainda o método mais referenciado na literatura.