Pesquisa inédita revela que portadores de DPOC podem levar + de

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Pesquisa inédita revela que portadores de DPOC podem levar + de 15 anos p/ diagnosticar a doença
É o que mostra a pesquisa Revelar, que traça o perfil do paciente com DPOC. Inédito, o estudo,
realizado em quatro capitais brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Porto Alegre), com o
apoio da Boehringer Ingelheim e da Pfizer, ouviu 229 pessoas com diagnóstico confirmado da
doença. O levantamento também revela que muitos pacientes nem sabiam que a doença existia,
antes de descobrir serem portadores dela.
A conclusão em relação à detecção tardia da doença foi feita após a análise mostrar que os pacientes
tiveram o diagnóstico aos 57 anos de idade, em média. Segundo o pneumologista da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp), responsável pelo tratamento de pacientes no Lar Escola São
Francisco, em São Paulo, e principal especialista envolvido no estudo, Dr. José Roberto Jardim, a
DPOC costuma se manifestar, em geral, a partir dos 40 anos.
“Sabendo disso e observando os números da pesquisa dá para calcular o tempo que muitas
pessoas levam para detectar a doença. É preciso reverter isso, uma vez que o diagnóstico
precoce é extremamente relevante para o sucesso do tratamento, sobretudo porque,
quanto mais avançado o estágio da doença, mais dependente e deprimido fica o paciente”,
ressalta.
“Chorava muito porque queria fumar, mas, por outro lado, queria viver também.”
(depoimento de paciente colhido na fase qualitativa)
A pesquisa Revelar aponta ainda que 70% dos entrevistados desconheciam a doença antes de terem
o diagnóstico. E, dos 30% restantes, 14% tinham casos de DPOC na família. “Normalmente, o
fumante acha que tosse, pigarro e falta de ar são manifestações comuns do tabagismo ou ainda que
fazem parte do processo natural do envelhecimento.
O que ele não sabe é que deve estar diante dos principais sintomas da DPOC, que pode ser
controlada, mas não tem cura”, alerta o Dr. Jardim. Segundo o especialista, outro problema comum é
a falta de informação pela própria classe médica e pronto-socorristas, que, muitas vezes, por não
terem conhecimento da DPOC e confundirem-na com outras doenças, pedem diversos exames que
não são capazes de diagnosticá-la.
Diante da dificuldade no reconhecimento da DPOC, o GOLD (Global Obstrutive Lung Disease
Organization) – programa mundial que atua com o objetivo de padronizar e orientar o diagnóstico e
o tratamento da doença – desenvolveu um questionário com cinco perguntas que podem auxiliar no
diagnóstico.
São elas:
1. Tem mais de 40 anos?
2. É fumante ou ex-fumante?
3. Apresenta tosse diária e constante?
4. Apresenta catarro pulmonar ou muco, na maioria dos dias?
5. Sente mais falta de ar que as pessoas da mesma idade?
Se o paciente responder “sim” às duas primeiras questões e a, pelo menos, uma das três últimas,
deve procurar um especialista para que a DPOC seja ou não confirmada.
Apesar de as perguntas esclarecerem e ajudarem na descoberta do diagnóstico, ele só pode ser
confirmado após a espirometria – exame que mede a função pulmonar. A pesquisa em questão
concluiu que 73% dos pacientes obtiveram o diagnóstico por meio do pneumologista – profissional já
familiarizado com o assunto.
Perfil dos entrevistados
Os homens são maioria entre os pacientes consultados: 62%, sendo 36% deles com idade entre 61 e
70 anos, mais da metade casados – 53% – e 92% com filhos. A maioria fumou por 37 anos, em média,
e teve o diagnóstico há sete anos. Muitos não possuem convênio médico e todos mantêm tratamento
farmacológico, além de terapias como a reabilitação pulmonar, já que são acompanhados e tratados
nos centros de referência. “A ala masculina é mais expressiva aqui, pois antigamente o homem
fumava muito mais do que a mulher. Provavelmente, se esse mesmo estudo for feito daqui a alguns
anos, veremos o aumento do número de mulheres com a doença, já que hoje a realidade é diferente”,
analisa o Dr. Jardim.
Conclui-se que são pessoas que fumaram na época em que o hábito não só era estimulado pela mídia,
como também não existiam programas e leis rígidas do governo que coibissem o fumo ou a apologia
criada em torno do cigarro.
“Na minha mocidade, eles incentivavam para que a gente fumasse... Naquela época, tinha
propaganda na TV com cavalos, com coisas bonitas.” (depoimento de paciente colhido na fase
qualitativa)
Em relação à gravidade da doença, 48% dizem estar no estágio moderado, 36% no grave, 10% no
leve e, ainda, 7% no estágio muito grave da DPOC. No grupo dos que acham que estão nos estágios
grave ou muito grave, a maioria é composta por pessoas mais velhas – 39% têm entre 51 e 60 anos –,
o que supõe que, como qualquer doença crônica, a DPOC piora com o passar do tempo.
Limitações
A falta de ar foi citada como o principal sintoma da doença por 90% dos participantes da pesquisa,
sendo que 79% acabaram procurando por um médico por causa dessa manifestação.
“Quando você não consegue respirar, complica, porque as coisas vão perdendo a graça.”
(depoimento de paciente colhido na fase qualitativa)
Cerca de 40% dos entrevistados disseram que sentem dificuldade em realizar alguma atividade
rotineira e 14% que perderam a independência, já que dependem da família para fazer atividades
simples do dia a dia, como trocar de roupa ou tomar banho.
“A gente ‘vegeta’ um pouco.” (depoimento de paciente colhido na fase qualitativa)
Além disso, andar em ritmo acelerado, carregar peso ou praticar esportes acaba sendo mais difícil
para os portadores da doença, que sofrem com a falta de ar. Dos pacientes consultados, 55%
disseram que não fazem exercícios físicos.
“A gente tinha um ritmo de vida ativo. Com o passar do tempo, você vai sentindo que perde
alguma coisa. Eu não subo mais escada.” (depoimento de paciente colhido na fase qualitativa)
A pesquisa Revelar ainda comprovou a reclusão comum por parte da doença, já que 90% dos
entrevistados disseram realizar atividades de lazer somente em casa.
“Meu dia a dia é ficar em casa, olhando o tempo, porque trabalhar não dá mais.”
(depoimento de paciente colhido na fase qualitativa)
Sobre a pesquisa Revelar
Conduzida pela Ipsos, a pesquisa foi realizada pelos laboratórios Boehringer Ingelheim e Pfizer, e
contou com a participação de 229 pacientes indicados por centros de referência no tratamento da
doença, localizados nas quatro capitais. O estudo foi feito com o objetivo de conhecer o perfil e as
necessidades do portador de DPOC e entender qual é o grau de conhecimento dos pacientes sobre a
doença. “A pesquisa traz dados importantes para conscientizar a população de que existe uma
doença, ainda desconhecida, que mata milhares de brasileiros, mas que poderia ser prevenida, já
que mais de 90% dos casos é resultado do cigarro”, finaliza o Dr. Jardim.
“A gente fica mais preocupada em ter o remédio para acalmar a falta de ar do que em
realmente saber o significado da doença a fundo.” (depoimento de paciente colhido na fase
qualitativa)
Principais evidências
Pesquisa Revelar
1. Diagnóstico
- Foi feito, em média, há sete anos.
- Os pacientes tinham, em média, 57 anos.
- Os pacientes demoraram cerca de um ano para iniciar o tratamento.
1. Pacientes
- 62% são do sexo masculino e 38% do sexo feminino.
- 36% dos entrevistados têm entre 61 e 70 anos; 28%, entre 51 e 60 anos; outros 28%, mais de 70
anos; e, ainda, 8%, entre 41 e 50 anos.
- 53% pertencem à classe C; 31%, à classe B; 15%, à classe D; somente 1% à classe A.
1. Doenças relacionadas
Além da DPOC:
- 44% dos pacientes disseram sofrer de hipertensão arterial;
- 17% têm problemas no coração;
- 13% disseram que têm depressão;
- 10% têm gastrite ou diabetes;
- 7% têm artrite;
- 4% têm problemas na coluna.
1. Percepção sobre gravidade da doença
- Quase metade (48%) considera que tem DPOC moderada; 36%, grave; 10%, leve e, ainda, 7%,
muito grave.
- Dos que consideram a doença grave (36%), metade pertence às classes A e B.
- 37% sentem dificuldade em realizar algumas atividades – 68% dos pacientes desse grupo
classificam o estágio de sua doença como leve.
“Vontade de voltar no tempo.” (depoimento de paciente colhido na fase qualitativa)
1. Trabalho
83% dos entrevistados não trabalham mais:
- 77% são aposentados;
- 15% trabalham em casa;
- 8% estão desempregados.
Dos 17% que ainda trabalham:
- 62% trabalham fora, em período integral;
-18% trabalham meio período;
- outros 18% trabalham em casa, para fora;
- apenas 3% trabalham e estudam.
“Fico em casa e não faço muita coisa, porque nem o serviço de casa eu consigo fazer
muito.” (depoimento de paciente colhido na fase qualitativa)
1. Relação com o tabagismo
- Dos pacientes consultados na pesquisa, 99% eram fumantes, em média, há 37 anos.
- Apenas 9% não deixaram o vício após saberem que eram portadores da doença. Fumam,
aproximadamente, 11 cigarros por dia.
- Desses 9%, 91% já tentaram parar de fumar, principalmente devido à falta de ar (55%).
- 1/3 dos respondentes fumam há mais de 40 anos.
- 87% dos que pararam de fumar nunca procuraram um médico para acabar com o vício.
“Se eu tiver dinheiro para comer ou para comprar cigarro, eu compro cigarro. Sem o
cigarro eu não consigo, sem comer eu fico.”
“Eu me considero um imbecil, fumei 53 anos, três maços de cigarro por dia.”
“Você está meio pensativo, acende um cigarrinho e ele te faz companhia.”
(depoimentos de pacientes colhidos na fase qualitativa)
6. Conhecimento sobre a doença
- 70% nunca tinham ouvido falar da doença até receberem o diagnóstico.
- Dos 30% que a conheciam, 14% tinham casos de DPOC na família.
- A busca dos pacientes por informações sobre DPOC chega somente a 27%.
“O que eu fiz comigo?!” (depoimento de paciente colhido na fase qualitativa)
7. Sintomas
Quando estimulados a citar ao menos cinco dos sintomas apresentados, os pacientes disseram que:
- têm crises de falta de ar (90%);
- sentem cansaço ao realizar as atividades diárias (80%);
- têm limitações quando precisam fazer esforços (74%);
- têm tosse (76%);
- têm limitações para as atividades diárias (53%);
- têm produção de catarro (67%);
- sofrem com dores no corpo (47%);
- têm tosse com expectoração (41%);
- têm inchaço nos pés e nas pernas (35%);
- sentem dificuldade para se abaixar (45%);
- têm facilidade para contrair doenças respiratórias (40%);
- sentem dificuldade para levantar os braços (25%).
“Não conseguia respirar, um aperto no peito, parecia infarto, achei que ia morrer.”
(depoimento de paciente colhido na fase qualitativa)
8.Tratamento
- Os pacientes tratam da DPOC há aproximadamente seis anos.
- 79% procuraram ajuda médica pelas crises de falta de ar.
- 54% retornam ao médico a cada três meses para tratar a doença.
- 24% fizeram uso de tratamento não farmacológico – 89% buscaram medicamentos naturais e/ou
terapias alternativas.
- Todos os pacientes fazem uso de medicamentos para controlar a doença.
9. Atendimento
- 72% não possuem convênio médico.
10. Crises
- 41% dos entrevistados resumem a crise à falta de ar.
- 55% disseram que, em algumas ocasiões, há aumento da tosse, do catarro e da falta de ar, durante
dois dias seguidos ou mais.
“Foram diversas crises. Um dia que a gente foi ao hospital e ficou cerca de quatro horas,
ele [estava] no oxigênio. Aí ele falou que não ia mais tomar aquilo, tirou e saiu. Acendeu o
cigarro e veio embora.” (depoimento de esposa de paciente colhido na fase qualitativa)
“Na hora da crise, eu queria ter um 38 na minha mão para acabar com a sensação,
colocava na boca e atirava. Você puxa o ar e ele não vem.” (depoimento de paciente colhido na
fase qualitativa)
11. Apoio da família
- Mais de 60% dos entrevistados precisam de ajuda para realizar as tarefas do dia a dia.
- 61% dos que ajudam os pacientes são cônjuges.
12. Realização de atividades
Dos 94% que disseram que a vida mudou depois de descobrirem a doença:
- 81% dizem que têm falta de ar, quando caminham mais rápido em lugar plano ou em ladeira;
- 77% sentem dificuldade para carregar peso;
- 64% andam mais devagar que pessoas de sua idade devido à falta de ar;
- 56% não conseguem trabalhar;
- 55% têm falta de ar somente com exercícios intensos;
- 55% dos entrevistados não praticam exercícios físicos;
- 90% têm atividades de lazer somente em casa.
“Ela teve de mudar muita coisa, tem festa que ela quer ir e eu não posso, emprego ela teve
de reduzir.” (depoimento de cônjuge de paciente colhido na fase qualitativa)
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