Juros da dívida portuguesa começam ano a deslizar

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Com a devida vénia transcrevemos artigo publicado na edição do Jornal de Negócios
Juros da dívida portuguesa começam ano a deslizar
Diogo Cavaleiro | [email protected]
As rendibilidades pedidas pelos investidores para trocar obrigações nacionais seguem a
cair, a acompanhar o que acontece em relação à dívida dos países periféricos. O acordo
para evitar o precipício orçamental está a levar os investidores a apostarem em ativos
arriscados, afastando-se dos mais seguros, como a dívida alemã.
As taxas de juro implícitas associadas à dívida portuguesa começaram 2013 em queda, o que
significa que o preço das obrigações nacionais está a subir.
Com o acordo nos Estados Unidos para evitar os aumentos de impostos e os cortes na
despesa, que deveriam ter entrado ontem em vigor de forma automática a 1 de Janeiro, os
investidores afastaram-se de ativos mais seguros. Esses ativos serviriam como um refúgio para o
caso de o chamado precipício orçamental empurrar a economia norte-americana para a
recessão.
Como se evitou o precipício orçamental, os investidores ficaram mais otimistas e deixaram
esses ativos. Em contrapartida, olharam para os ativos mais arriscados.
No mercado secundário de dívida, esse movimento é visível. O preço das obrigações
portuguesas sobe, o que se vê pela descida das rendibilidades. Quando trocam títulos de dívida
nacional a dez anos, os investidores exigem uma taxa de 6,97%, abaixo dos 7% que sempre foi
visto como o nível a partir do qual era insustentável que Portugal cumprisse as suas obrigações
financeiras sem ajuda externa. O país acabou por pedir ajuda, as taxas subiram para valores
recorde mas têm vindo a descer, nomeadamente na segunda metade do ano passado.
Nas restantes maturidades de dívida nacional, o movimento das taxas de juro implícitas
(“yields”) é igualmente de queda. A três anos, a descida é de 21 pontos base para os 3,998%,
enquanto a quatro anos a “yield” recua 16,7 pontos base para os 4,604%.
Percecionados como países mais arriscados, os títulos de dívida de Espanha e de Itália
também seguem a recuar. No caso espanhol, as descidas das rendibilidades exigidas pelos
investidores nas transações de títulos de dívida são superiores a 10 pontos base na generalidade
dos prazos. A dois anos, a queda é de 18,4 pontos base para uma taxa de 2,8%.
Em sentimento inverso, as rendibilidades associadas à dívida germânica, considerada a
mais segura, estão a subir, o que indica que o preço das obrigações está a cair.
2013-01-02
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