ESQUISTOSSOMOSE, UMA DOENÇA NO CONTEXTO DA SAÚDE PÚBLICA BRASILEIRA. Josiane Freitas* Juliana Carvalho* Luís Carlos* Márcia Alves* Silvania da Silva* Flávia Vanessa Lara** Vilmar de Carvalho Vilaça** Renata Mônica Amaral** RESUMO A esquistossomose é uma doença infecciosa causada por parasitos do gênero Schistosoma. Sua transmissão ocorre de forma ativa, em meio aquático. A doença pode ser assintomática inicialmente, apresentando posteriormente sintomas, que dependerão da carga parasitária e do local atingido pelo parasito. É uma doença endêmica, presente em 52 países, atingindo 19 Estados brasileiros, apresentando maior incidência nos estados do Alagoas, Pernambuco, Sergipe, Minas Gerais, Bahia, Paraíba e Espírito Santo. Sua difusão e ocorrência estão ligadas à precariedade e/ou ausência de saneamento básico. O diagnóstico, juntamente com as medidas profiláticas e o controle epidemiológico, são extremamente importantes para o tratamento desta parasitose. PALAVRAS-CHAVE: Esquistossomose; Epidemiologia; Diagnóstico; Tratamento ABSTRACT Schistosomiasis is an infectious disease caused by parasites of the genus Schistosoma. Its transmission occurs actively in the aquatic environment. In beginning, the disease can be asymptomatic, presenting symptoms later, that depend on the parasitic load and the hit place. It is an endemic disease, present in 52 countries, comprehending 19 Brazilian States, presenting greater incidence in the States of Alagoas, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Paraíba and Espírito Santo. Its distribution and occurrence are associated with precariousness and/or absence of essential sanitation. The diagnosis, jointly with prophylactic measures *Acadêmico do 3º período do curso de graduação de Farmácia da Nova Faculdade. **Professores do curso de farmácia da Nova Faculdade. 1 and epidemiological control, are extremely important to the treatment of this parasitosis. KEYWORDS: Schistosomiasi:, Epidemiolog;, Diagnostic; Treatment INTRODUÇÃO existência dos caramujos do gênero Atualmente no Brasil, cerca de 25 Biomphalaria, milhões de pessoas estão expostas ao hospedeiros intermediários, onde o risco de contrair a esquistossomose, verme desenvolve uma etapa de seu estimando-se que já existam 6 milhões ciclo. Existem no Brasil, três espécies de casos de indivíduos infectados. do caramujo: Biomphalaria glabrata, B. Como parasitose que afeta o homem, tenagophilae ocupa o segundo lugar em importância espécies variam de acordo com a e região do país. (MIN. DA SAÚDE, repercussão socioeconômica B. estes são straminea. os As 2005) (GENTILE, 2010). A pois esquistossomose mansônica é Além da existência deste molusco, é decorrente de uma infecção causada necessário pelo ambientais apropriadas para o seu Schistosoma espécie presente americano. A conhecida como mansoni, no doença única continente também barriga é d’água, que hajam desenvolvimento, condições como pH, temperatura e luminosidade hídrica. Encontrando essas condições xistosa ou xistose, esquistossomíase e favoráveis, o S. mansoni completa seu doença ciclo do caramujo (VRANJAC, em 80 dias, aproximadamente. (VRANJAC, 2007) 2007). O biológico agente esquistossomose etiológico da Como o caramujo Biomphalaria é um mansônica foi hospedeiro intermediário, o S. mansoni introduzido no Brasil na época do utiliza tráfico africanos, reservatórios. O homem é o principal estabelecendo-se aqui por encontrar reservatório, mas pode-se encontrá-lo seu hospedeiro intermediário ainda de escravos – o outros em mamíferos roedores como selvagens, molusco do gênero Biomphalaria, e ter primatas, marsupiais, camundongos e um clima favorável (SOUZA, 2011). hamster, cães, gado, búfalo, porcos, Para que ocorra a transmissão da ovelhas e cabras. Atentando-se para esquistossomose, um fato importante de que o S. exige-se a pré- 2 mansoni desenvolve a doença apenas quase sempre resultam em óbito no homem (SOUZA, 2011). (VRANJAC, 2007). As manifestações da esquistossomose No caso da neuroesquistossomose, ou são graves, porém na maioria das esquistossomose vezes inicia-se assintomática. ocorrência é devida a uma migração A gravidade da doença depende da errônea dos ovos de S. mansoni, esta carga parasitária adquirida no contato é a forma mais grave e incapacitante com o ambiente hídrico contaminado. dessa infecção (VRANJAC, 2007). Podendo apresentar duas fases, a aguda e a crônica. (VRANJAC, 2007) medular Biologia A fase aguda apresenta-se de uma O forma mais leve com diarréia, febre, trematódeo cefaleia, Schistosomatidae, outros sudorese, sintomas. astenia E, às entre vezes, sua S. mansoni é um digenético, Schistosoma. platelminto da família do Tem gênero como principal manifestações de hipersensibilidade característica o dimorfismo sexual. como urticária, prurido generalizado, Possui várias formas e estágios de edema de face e placas eritematosas desenvolvimento – vermes adultos podem ocorrer. Já em quadros mais (macho e fêmea), ovos, miracídio, graves, pacientes podem desenvolver esporocisto, icterícia, coma e abdômen agudo – esquistossômulos. (NEVES, 2005) fase Os vermes adultos do S. mansoni, aguda toxêmica (VRANJAC, cercária e 2007). vivem no sistema porta hepático do Na fase crônica, o quadro clínico varia homem. Após a maturação, os vermes entre migram a ausência hemodinâmica de alterações até formas severas para hemorroidárias as vênulas superiores ramificações pulmonar, inferior. Os vermes podem ainda, ser cianótica, veia nas com hipertensão portal, hipertensão síndrome da e mesentérica glomerulopatias e a forma nervosa– a encontrados em neuroesquistossomose, de instalação importantes como rápida com paraplegia. A principal pâncreas e bexiga (NEVES, 2005). complicação Todas desta fase é a essas outros órgãos pulmão, possibilidades baço, de hipertensão portal, caracterizada por migração do verme pelo organismo hemorragia, ascite, humano, insuficiência hepática edema severa, e que por apresentar diferentes formas morfológicas e ainda possuir duas etapas distintas de evolução em migram para a corrente sanguínea e hospedeiros diferentes, tornam o ciclo logo depois se inicia a postura dos biológico ovos na submucosa dos vasos de do S. mansoni muito complexo. (SOUZA, 2011) menor calibre e veia mesentérica inferior. Cada fêmea em sua postura Ciclo Biológico põe No ciclo evolutivo, o parasito muda da fase assexuada para a fase sexuada, por isso a necessidade de mais de um hospedeiro (SOUZA, 2011). de vida livre aquática, que se alternam com a fase parasitária. Em condições favoráveis para sua evolução, o ciclo biológico é concluído em no máximo de 80 dias (SOUZA, 2011). A partir da penetração da cercária até o encontro dos ovos no meio ambiente decorre um período de 40 dias. No caramujo, o processo é idêntico ao do homem, levando 40 dias para retornar à vida aquática (NEVES, 2005). Os machos do S. mansoni possuem uma coloração esbranquiçada, medem cerca de 1 cm de comprimento, sua é foliácea, possuem média 400 ovos por dia(SOUZA, 2011). Os ovos apresentam uma espícula lateral característica, uma membrana dupla contendo em seu interior um Na fase larvária, existem duas formas forma em canal ginecóforo, onde a fêmea se acopla e ocorre a fecundação (SOUZA, 2011). As fêmeas do S. mansoni possuem uma coloração mais escura, medem cerca de 1,2 a 1,6 cm de comprimento, são cilíndricas e mais finas e longas que o macho. As fêmeas quando fecundadas ou acopladas ao macho embrião (NEVES, 2005). Quando estão no tecido levam em média 7 dias para se tornarem maduros e dentro de seu interior contém um miracídio. Da submucosa vênular chegam à luz intestinal, em aproximadamente 20 dias. Alguns fatores podem interferir para que os ovos possam passar pela membrana intestinal, tais como a reação inflamatória imunossuprimidos, acúmulo de em animais ocorrendo ovos nas o paredes intestinais; a pressão dos ovos sobre as paredes vasculares; as enzimas proteolíticas produzidas pelo miracídio, que lesam os tecidos; o adelgaçamento dos vasos, provocados pela presença do casal na luz do vaso; a perfuração do vaso vênular debilitada, causada pelos fatores já citados, causando a descamação epitelial com a passagem do bolo fecal (NEVES, 2005). Após essa migração, os ovos chegam ao meio ambiente, onde ao atingirem a água os enzimas estomacais quando chegarem miracídios são liberados. ao estômago, e as que penetrarem na O miracídio formado, presente na mucosa água, penetra o molusco do gênero normalmente (SOUZA, 2011). Biomphalaria, onde se desenvolverão. Depois da penetração pela pele do Esse processo ocorre em um tempo homem, a cercária sem a cauda, médio de 10 a 15 minutos. Quando o passa por uma nova transformação, miracídio penetra no molusco ele denominando-se perde seus cílios se transformando em que por um período de 24 horas se esporocisto primário. Este origina um adaptam às condições fisiológicas do esporocisto secundário, que migra meio interno e migram pelos tecidos, para do caindo se passando as glândulas molusco. Os reproduzem digestivas esporocistos por divisão binária, como bucal na se desenvolverão esquistossômulos, circulação por órgãos coração, sanguínea, importantes pulmões, sistema reprodução assexuada, que geram porta-hepático e veias mesentéricas várias larvas – as cercárias, elas inferiores onde finalmente alcançam as possuem ventosa oral e ventral e uma alças intestinais do sigmóide e reto cauda bifurcada. Um miracídio pode (SOUZA, 2011). gerar Quando entram no sistema porta mais de 100.000 cercárias (SOUZA, 2011). hepático, O molusco se rompe e libera as alimentam formas larvárias. Estas ao atingirem a unissexuadas - macho e fêmea. Isso água, acontece em temperatura quente e os esquistossômulos e desenvolvem 25 dias da transformando-se em penetração, cercárias, vermes adultos. (NEVES, 2005) possuem uma formas depois ambiente luminoso se transformam em que se sobrevida pequena em meio aquático. Os primeiros ovos serão vistos nas Ao penetrar na pele do homem, ficam fezes cerca de 40 dias após a infecção aderidas entre os folículos pilosos com do hospedeiro (SOUZA, 2011). o auxílio de suas duas ventosas e com seus movimentos ativos concluem a A esquistossomose é decorrente da penetração, perdendo a sua cauda. As cercárias que por ventura, forem ingeridas serão com água destruídas pela contaminada, ação Imunopatologia das resposta inflamatória granulomatosa que ocorre em torno dos ovos vivos do parasito. Os antígenos liberados pelos ovos induzem a resposta imunológica Quando os esquistossômulos passam humoral os pelos pulmões, causam focos de reação arteriolite, artrite e necrose, podendo e elementos celular, que que formam são a granulomatosa (SOUZA, 2011). também A patogênese depende da interação infiltração de neutrófilos, linfócitos e humano e helminto. Durante as etapas eosinófilos (SOUZA, 2011). do ciclo biológico do S. mansoni nos Na fase aguda, notam-se duas etapas diferentes evolutivas a pré-patente, antes da passam tecidos, por os diversas helmintos etapas de causar hepatite aguda, oviposição e a pós-patente, após alterações morfológicas e bioquímicas oviposição (NEVES, 2005). o que atrapalha o sistema imunológico, -Forma pré-patente: são detectados do hospedeiro, impedindo a atuação níveis contra o helminto e ativando os fatores de necrose tumoral e de mecanismos interleucinas produzidos pelas células complexos e imunológicos (SOUZA, 2011). plasmáticos considerados mononucleares (NEVES, 2005). do -Forma pós-patente: há um predomínio organismo nas primeiras 12 horas na resposta imune do tipo Th1, sendo após a penetração das cercárias é substituída por Th2 (SOUZA, 2011). quando se observa uma inflamação A patogênese mais importante da dérmica e subdérmica, originando a esquistossomose é a formação de dermatite cercariana, onde se pode granuloma destruir um número significativo de hepática peri-portal. A superpopulação cercárias. Na passagem do helminto linfocitária pela derme e epiderme, ocorre uma inflamatória e fibrocítica em diversos reação de hipersensibilidade do tipo tipos de tecidos. imediato, com a ativação de vários Os antígenos solúveis induzem a componentes da resposta imune inata mobilização (SOUZA, 2011). eosinófilos, linfócitos e plasmócitos Em dois dias há a produção de sendo mediado por células CD4+, Th1, citocinas e no local da lesão de Th2 e linfócitos TCD8+ (SOUZA, 2011). quimiocinas. Depois de quatro dias, Os macrófagos se posicionam em pode-se torno dos ovos, formando massas A primeira linha observar de a defesa produção de linfócitos TCD4+ e interferon gama (SOUZA, 2011). sinciciais hepático induz dos e a a fibrose resposta macrófagos, multinucleadas, onde algumas dessas se transformam em - Presença de cercárias: apresentam fibroblastos (SOUZA, 2011). uma Um mecanismo fisiopatológico doença imunoinflamatória de conhecida como dermatite cercariana grande importância diz respeito à ou dermatite do nadador, ocorrendo reação antígeno/anticorpo, que podem quando as cercárias do S. mansoni atingir penetram elevados níveis de na pele do imunocomplexos circulantes, passíveis (TRANQUILLINI, de uma sensação de comichão, erupção deposição nos vasos renais 2011), homem causando (SOUZA, 2011). urticariforme e dentro de 24 horas O S. mansoni é considerado um causa helminto extremamente adaptável ao pápulas homem, onde se desenvolve e evolui Esquistossômulos: ao serem levados conseguindo dos para os pulmões, depois de duas (SOUZA, semanas são encontrados nos vasos mecanismos “escapar” de defesa 2011). eritema, e edema, dor pequenas (NEVES, 2005). do fígado e logo em seguida no sistema Patogenis porta hepático (NEVES, 2005). Nessa fase pode ocorrer febre, Está associada a vários fatores, como: aumento cepa do parasito, carga parasitária, pulmonares (SOUZA, 2011). idade, estado nutricional e resposta - Vermes Adultos: Os vermes vivos imunitária (NEVES, 2005). As formas não causam lesão no tecido, já os hepatoesplênicas vermes mortos podem causar lesões pulmonares e são as formas frequentes em no fígado, do baço onde os e sintomas vermes são população onde a incidência de ovos arrastados pela circulação porta. Os encontrado nas fezes é muito elevada. vermes adultos espoliam o hospedeiro As alterações cutâneas e hepáticas por possuírem um alto metabolismo são (NEVES, 2005). respostas imunológicas do paciente, quando em contato com os - Ovos: são elementos fundamentais esquistossômulos e os ovos (SOUZA, na patogenia da esquistossomose. Um 2011). número pequeno de ovos consegue ser atingir a luz intestinal e as lesões são observadas, dependendo da forma mínimas e podem ter reparações morfológica atuante, podendo causar rápidas (NEVES, 2005). Mas quando várias reações, tais como: em grande número, podem causar Outras alterações podem hemorragias, edema da submucosa, - entre outras lesões teciduais. Os ovos mucossanguinolenta, dor abdominal e que não conseguem atingir a luz tenesmo, quando mais grave pode intestinal ficam então nas paredes dos haver fibrose na alça retossigmóide tecidos dos diminuindo as ondas peristálticas e miracídios, e devido à pressão da constantes constipações. A maioria corrente sanguínea, são carregados dos casos crônicos são benignos, com da circulação mesentérica até o fígado predominância (SOUZA, 2011). Os ovos que atingem nodulares, sendo que os pacientes o fígado causam lesões nos tecidos sentem causando passagem dos ovos causa diarréia causando mais a morte doenças graves (SOUZA, 2011). Intestino: apresenta de dores diarréia granulomas abdominais. mucossanguinolenta, E a provocando hemorragias e edema (NEVES, 2005). - Esquistossomose aguda -Fase Pré-postural: é uma fase de sintomatologia variada, nesse período há pacientes assintomáticos, outros sentem mal-estar, febre, problemas pulmonares, dores desconforto abdominal musculares, e hepatite aguda (NEVES, 2005). - Fase aguda: ocorre em torno de 120 dias após a infecção, havendo uma disseminação dos ovos com deposição na parede intestinal, causando uma enterocolite aguda. E no fígado, causa formação de granulomas, como a evolução é lenta, pode evoluir para a esquistossomose crônica levando a morte (NEVES, 2005). Fígado: algumas alterações hepáticas iniciam-se na oviposição, que dependendo do número de ovos podem agravar o quadro evolutivo. O fígado, que no início se apresentava aumentado, com o avanço das lesões se mostra com volume menor e fibrótico. A hipertensão portal ocorre devido ao grande número de granulomas hepáticos, que causam endoflebite aguda e fibrose peri-portal, que provoca obstrução dos ramos intra-hepáticos (NEVES, 2005). -Esplenomegalia: ocorre uma hiperplasia no tecido reticular e do elemento do sistema fagocitário, provocada fenômeno imunoalérgico monocítico por um (NEVES, Esquistossomose crônica 2005). Pode apresentar grandes variações -Varizes: a obstrução da circulação clínicas: portal pode levar a formação de varizes esofagiana, que quando se esteanoses ou vegetações tumorais, rompem provocam hemorragias sendo as quais crescem à luz intestinal. fatal (NEVES, 2005). (SOUZA, 2011) -Ascite (Barriga D’água): é encontrado nas formas hepatoesplênicas mais graves decorrentes hemodinâmicas de e alterações hipertensão -Pulmões: são notadas duas formas distintas de acometimentos vasculares a hipertensiva e a cianótica. A hipertensiva se caracteriza por dispneia de esforço, palpitações, tosse seca com dor torácica, astenia ou fadiga extrema, emagrecimento rápido, anorexia e sinais de insuficiência cardíaca. Já a cianótica possui o pior prognóstico, apresentase com cianose geralmente discreta. -Rins: caracterizada pela nefropatia esquistossomática, que é comprometimento renal mais frequente na forma hepatoesplênica da doença. pode ser classificada como incipiante, síndrome edemigênica e síndrome acompanha ectópica mais frequente e mais grave. os nefrótica. vários Geralmente graus de insuficiência renal. (NEVES, 2005) ovos possam dos ovos através da rede arterial como consequência da presença de anastomoses arteriovenosas. O segundo mecanismo, diz respeito à migração de ovos, e o terceiro mecanismo é a oviposição após a migração anômala dos helmintos (PIMENTA, 2010). quadro clínico dependerá da localização dos ovos, frequentemente encontram-se sinais neurológicos comprometendo e sintomas a medula espinhal toracolombar com quadro de mielite transversa (SOUZA, 2012). A doença manifesta-se com uma tríade: dor lombar, alteração da força e/ou sensibilidade e Forma Pseudoneuplásica (SOUZA, 2011) Forma tumoral ou pseudoneoplásica é Diagnóstico como tipos únicos ou múltiplos de no mecanismo refere-se à embolização inferiores bastante rara. Podem apresentar-se localizar-se sistema nervoso central. O primeiro O (NEVES, 2005) Ela A neuroesquistossomose é a forma Existindo três mecanismos pelos quais (NEVES, 2005). pulmonares, Formas Ectópicas dos membros distúrbios urinários. Para o diagnóstico clínico deve-se complexidade observar 2005). a fase da doença, a (NEVES, - origem, hábitos e contato com água, Indireta: mas porém há demora nos resultados, por exame laboratorial é de exame anamnese detalhada do paciente, sua o Reação do possui Imunofluorescência boa sensibilidade, responsável pelo diagnóstico final. isso essa técnica é pouco utilizada. Podem - Método Imunoenzimático ou ELISA: é ser empregados diversos exames e métodos: um dos métodos imunológicos de -Exame de fezes: é o exame de melhor diagnóstico para as doenças primeira escolha, no método de Kato- infecciosas e parasitárias (REY, 2010). Katz, que permite avaliar a carga - Ultrassom Convencional ou Doppler: parasitária é utilizado para a avaliação ecográfica no paciente. (FARIAS, 2011) do fígado, baço e sistema vascular, - Biópsia: é um método que causa além fornecer aspectos da circulação desconforto ao paciente, não sendo portal. (AZEREDO, 2010) recomendada para diagnóstico exclusivo da esquistossomose, só é realizada para pesquisa de ovos nos tecidos hepáticos (SOUZA, 2012). - Métodos Imunológicos Indiretos: medem a resposta imunológica do Tratamento O tratamento farmacológico da esquistossomose se dá por meio dos fármacos Oxamniquina e Praziquantel. (VITORINO, 2012) paciente, frente aos antígenos do OXAMNIQUINA parasito. Esse método pode liberar um A Oxamniquina é um derivado da exame falso-positivo, devido a reações tetrahidroquinolina que apresenta o cruzadas (CIMERMAN, 2008). grupo - Reação Intradérmica: teste alérgico, sendo que o mecanismo de ação se para hipersensibilidade do tipo I, que é baseia no efeito anticolinérgico, o qual baseado na pápula formada na derme aumenta a motilidade do parasito, após a inoculação intradérmica do como também a inibição de sínteses antígeno. de ácidos nucléicos. - Reação de Fixação do Complemento: tem alta sensibilidade, porém esta técnica não é utilizada devido à químico aminoalquiltolueno, Fórmula química: C14H21N3O3 Fórmula Estrutural: Posologia: -Uso em Adultos: A posologia recomendada é de 15 mg/kg de peso corporal, administrados em dose oral Fórmula Estrutural da Oxamniquina. Google image, 2012 única, após a refeição (VITORINO, 2012). O número recomendado de Nome do Composto: cápsulas é a seguinte: Até 33 quilos, {2-[(isopropilamino) metil] 7-nitro-1, 2, 3, 4-tetrahidro-5-quinolinil} metanol. tomar 2 cápsulas; de 34 a 50 quilos, tomar 3 cápsulas; 51 a 66 tomar 4 Formas farmacêuticas e cápsulas; 67 a 83 quilos, tomar 5 apresentações: cápsulas e entre 84 a 100, tomar 6 -Oxamniquina cápsulas: em cápsulas (ANVISA, 2012). embalagem contendo 6 cápsulas de -Uso 250 mg. recomendada para crianças abaixo de -Oxamniquina suspensão oral: em em Crianças: A posologia 12 anos é de 20 mg/kg de peso embalagem contendo 1 frasco com 12 corporal, mL com conta-gotas. doses de 10 mg/kg em um único dia, em duas com intervalo de 4 horas entre as Composição: -Cápsulas: administrados Cada cápsula de doses (VITORINO, 2012). Oxamniquina contém o equivalente a Propriedades Farmacocinéticas 250 mg de oxamniquina. Excipientes: A oxamniquina é bem absorvida após lactose monoidratada, amido de milho, administração oral. As concentrações estearato de magnésio, laurilsulfato de plasmáticas em humanos alcançam o sódio. pico -Suspensão oral: suspensão oral Cada de mL da Oxamniquina após 1 administração, à 1,5 com horas da meia-vida plasmática de 1 a 2,5 horas. É contém o equivalente a 50 mg de amplamente oxamniquina. ágar, metabólitos ácidos inativos, que são sacarose, glicerol, solução de sorbitol excretados abundantemente na urina 70%, sacarina sódica, cloreto de sódio, (ANVISA, 2012). essência Excipientes: creme de caramelo, polissorbato 80, essência de banana, essência de cola e água purificada. transformada em PRAZIQUANTEL O Praziquantel é um fármaco antihelmíntico antiparasitário que atua contra o gênero do Schistosoma. dose única de 60mg/kg, fracionada em Pertence duas tomadas. ao grupo isoquinolino-pirazino químico (VITORINO, 2012). Excipientes: amido de milho, celulose, estearato de magnésio, laurilsulfato de sódio e polividona. Fórmula química: C19H24N2O2 Propriedades Farmacocinéticas O Praziquantel é bem absorvido após administração oral e quando ingerido com as refeições. Seu pico plasmático é alcançado de 1 a 3 horas após sua administração. Sua meia vida plasmática oscila entre 1 e 1,5 horas, Fórmula estrutural: sendo que a maior parte é eliminada pela urina em 24 horas (P.R. VADEMÉCUM, 2005). Atuação: O fármaco atua nas formas jovens do parasito, interferindo principalmente em seu tegumento, lesando-o e expondo assim antígenos alvos da resposta imune. A droga atua ainda, aumentando a permeabilidade Fórmula Estrutural do Praziquantel. Google image, 2012 da membrana ao cálcio, o que causa contração e paralisia da musculatura Nome do composto: desses parasitos (VITORINO, 2012). 2(ciclohexilcarbonil)-1, 2, 3, 6, 7 H b- Os efeitos neuromusculares levam a hexaidro-4H-pirazino[2,1-a]isoquinolin- uma 4-ona. espasmódica, Formas Farmacêuticas de apresentação: maior motilidade e causando paralisia o desprendimento e desintegração dos parasitos no intestino. - 12 comprimidos de 150 mg CONCLUSÃO - 50 comprimidos de 500 mg. Diante de tantos dados e informações Posologia: pré-existentes Dose oral diária de 50 mg/Kg por três esquistossomose, é possível perceber dias consecutivos. E, para crianças a importância dessa parasitose e a sobre a grande preocupação da Saúde Pública em buscar meios para a sua Mas esse esforço deve ser eliminação. generalizado, com o empenho de Podemos perceber essa preocupação municípios na criação de programas pública por meio de novos projetos e de controle à doença, integrando a investimentos comunidade, que estão sendo gerando mobilização realizados para combater as doenças coletiva. (OTENIO, 2010) negligenciadas, dentre as quais a Contudo, esquistossomose está incluída. buscarão respostas sobre métodos O governo está aumentando a o futuro combinados das de pesquisas controle das produção de medicamentos, fazendo transmissões (ANDRADE, 2002). Pois novas esse é o ideal a ser alcançado, por parcerias com laboratórios públicos e privados para dar uma interromper melhor assistência aos pacientes com parasito. Mas até ser atingido esse estas doenças. ideal, não podemos esquecermo-nos Além dos investimentos em pesquisas, da enorme contribuição fornecida pelo o governo desenvolve ações para a diagnóstico preciso e o tratamento eliminação esquistossomose, disponível e adequado nessa busca do implantando medidas de prevenção, controle da endemia e morbidade da controle e acesso a medicamentos. esquistossomose. (COSTA, 2011) da Articulando com essas ações um trabalho de conscientização e o ciclo evolutivo do REFERÊNCIAS: (...) educação da população de baixa renda e áreas endêmicas, e ANDRADE, Zilton A. A investimentos no saneamento básico. Esquistossomose no Brasil após Desde 2011, o governo comprometeu- Quase um Século de Pesquisas. se da Revista da Sociedade Brasileira de Assembleia Medicina Tropical 35(5): 509-513, set- onde out, 2002. com a eliminação esquistossomose, Mundial da na Saúde, foi classificada como essencial que as metas internacionais estejam alinhadas com o esforço do Brasil para enfrentar essa realidade. (BARBOSA, 2011) ANVISA. Bulário Eletrônico. Acesso em 09 de junho de 2012. http://www4.anvisa.gov.br/BularioEletr onico/default.asp?txtPrincipioAtivo=&tx tMedicamento=&txtEmpresa=&HidLetr a=O&HidTipo=&vOrdem=&tp_bula=&v CIMERMAN, Benjamin; CIMERMAN, class=&txtDtAprovacaoIni=&txtDtAprov Sérgio. acaoFim=&cmbDtAprovacaoAno=&pa Seus Fundamentos Gerais. 2. ed. gina=2. São Paulo: Atheneu, 2008. 390 p. AZEREDO, Leticia Martins. [et Parasitologia COSTA, Marilda al].Aspectos Ultrassonográficos e Rocha, Hemodinâmicos Programa da Esquistossomose Avaliação Doppler Mansônica: pela em Ultrassonografia Áreas Endêmicas. Radiol Bras. 2010 Mar/Abr; 43(2): 69– 76. Roberta Humana Honória Dias de e Duarte. Rodrigues. Controle Da Esquistossomose no Distrito de Antunes/MG: análise de dados registrados e avaliação das medidas adotadas. 2011. FARIAS, Leila Maria Mattos de. [et al]. BRASIL. Ministério da Saúde. OS Limites e Possibilidades do Secretaria de Vigilância em Saúde. Sistema Guia de Vigilância Epidemiológica. Esquistossomose (Sispce) Para A 6. ed.. Brasília. 2005. Vigilância E Ações De Controle.Cad. BRASIL. Portal da Saúde. Combate às Doenças Negligenciadas é de Informação da Saúde Pública, Rio de Janeiro, 27(10): 2055-2062, out, 2011. Reforçado. GENTILE, R. [et al]. Uma Revisão http://portalsaude.saude.gov.br/portals Sobre aude/noticia/4180/162/combate-as- D’água doencas-negligenciadas-e- Dinâmica reforcado.html. Acesso em 08 de junho Esquistossomose Mansônica: Um de 2012 às 22:48 horas. Estudo Multidisciplinar de Longo BRASIL. Portal da Saúde. Eliminação da Esquistossomose Desafio da é o Novo OMS. a Participação Nectomys de Prazo em uma do Rato Squamipesna Transmissão Área Endêmica. Oecol. Aust., 14(3): 711-725, 2010. NEVES, David Pereira. http://portalsaude.saude.gov.br/portals Parasitologia humana. 11 ed. São aude/noticia/5373/785/eliminacao-da- Paulo: Atheneu, 2005. 494p. esquistossomose-e-o-novo-desafio-daoms.html. Acesso em 08 de junho de 2012 às 22:24 horas. da OTENIO, Marcelo Henrique. [et al]. O Conhecimento da Esquistossomose para Pacientes Positivos. Juiz de Diagnóstico, Fora. 2010. Epidemiologia, Profilaxia e Controle. PIMENTA, Katiuscia Santos. do Socorro [et al]. Tratamento, Rev. Bras. Clin. Med. São Paulo, 2012 jan-fev; 10(1): 39-45. Neuroesquistossomose: estudo do VRANJAC, perfil clínico-patológico e critérios Epidemiológica diagnósticos.Revista Esquistossomose. Interdisciplinar Alexandre. e Vigilância Controle da Centro de de Estudos Experimentais, v. 2, n. 4, p. Vigilância Epidemiológica. São Paulo. 120 - 125, 2010. 2007. REY, Luís. Bases da Parasitologia Médica. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. viii, [18 p.], 391 p. SILVA, Paula Carolina Valença. Lúcia Coutinho. Domingues, Ana Aspectos Epidemiológicos da Esquistossomose Hepatoesplênica no Estado de Brasil.Epidemiol. Pernambuco, Serv. Saúde. Brasília, 20(3): 327-336, jul-set 2011. SOUZA, Felipe Pereira Carlos de. [et al]. Esquistossomose mansônica: aspectos gerais, imunologia, patogênese e história natural. Rev Bras Clin Med. São Paulo, 2011 julago; 9(4): 300-7. TRANQUILLINI, Gabriela. Esquistossomose [et al]. Cutânea Ectópica: Relato de Caso. 2011. VITORINO, Rodrigo Roger. [et al]. Esquistossomose Mansônica: