CONHECIMENTO E AUTOEFICÁCIA DE MÃES DE CRIANÇAS

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CONHECIMENTO E AUTOEFICÁCIA DE MÃES DE CRIANÇAS SOBRE A
PREVENÇÃO DE DIARREIA INFANTIL
Rhaiany Kelly Lopes de Oliveira1, Brena Shellem Bessa de Oliveira2, Francisca Mayra de Sousa
Melo3, Jallyne Colares Bezerra4, Emanuella Silva Joventino5
Resumo: Considerando as mães como as protagonistas no cuidado diário de seus filhos,
reconhece-se sua influência na prevenção da diarreia infantil. Assim, objetivou-se investigar
os conhecimentos e a autoeficácia sobre a prevenção de diarreia infantil de mães de crianças
menores de cinco anos hospitalizadas. Estudo descritivo, exploratório, transversal com
abordagem quantitativa, realizado em um hospital localizado no município de Baturité-CE. A
coleta foi realizada entre janeiro e abril de 2016, por meio de entrevistas semi-estruturadas
com 238 mães.Os dados foram organizados e analisados através do IBM SPSS Statistics
(versão 20). Das mães entrevistadas, 33,8% relataram a ocorrência de diarreia anterior nas
crianças (N=81). Com relação à conduta materna, 75% (N=60) referiram que quando as
crianças apresentam diarreia, costumam buscar o serviço de saúde; 66,7% (N=12) ofereceram
receitas caseiras para filho a fim de tratar a diarreia. Das mães que já ofertaram soro caseiro
(N=56; 23,5%), apenas 15,9% (N=7) preparam corretamente. Sobre a prevenção da diarreia,
apenas 1,6% (N=4) das participantes conheciam a função da vacina contra o Rotavírus. De
acordo com as crenças sobre as causas de diarreia, a maioria das mães acredita que água
contaminada (N=235; 98,7%), alimentos gordurosos (N=229; 96,2%) e contaminação de
alimentos (227; 95,4%) podem causar diarreia, e apenas 61,3% (N=146) apontam o desmame
precoce. Com relação à autoeficácia para a prevenção da diarreia infantil, a maioria das mães
apresentou de baixa à moderada (N=120; 50,4%) e 49,6% (N=118) possuíram elevada
autoeficácia. O presente estudo mostrou que o conhecimento das mães para o manejo da
diarreia deve ser melhorado por meios de educação para saúde, principalmente por parte dos
enfermeiros, uma vez que estes possuem meios para atingir esta clientela. O projeto foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa via Plataforma Brasil, sob parecer 1.378.638.
Palavras-Chave: Diarreia infantil. Saúde da Criança. Enfermagem
1
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Ciências da Saúde, e-mail:
[email protected]
2
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Ciências da Saúde, e-mail:
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Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Instituto de Ciências da Saúde, email:[email protected]
INTRODUÇÃO
A diarreia infantil é uma das principais causas de morbimortalidade entre crianças
menores de 5 anos, com expressivo número de casos notificados, de hospitalizações e que
evoluíram para óbito(SANTOS et al.,2016). A prevalência desta encontra-se principalmente
relacionada com a ineficiência dos serviços de saneamento básico e com condições
sociodemográficas precárias nas quais a população infantil encontra-se inserida (CARNEIRO
et al., 2012).
De acordo com as notificações do Sistema de Informação da Atenção Básica –
SIAB, no município deBaturité-CE,em 2011 foram 339crianças menores de dois anos com
diarreia; em 2012, 310; em 2013, 328; em 2014 foram 255 e no ano de 2015 foram 164
crianças notificadas com diarreia (BRASIL, 2016).
Considerando as mães, principais protagonistas no cuidado diário de seus filhos, e
que estas, em algum momento da vida de suas crianças participam de processos de educação
em saúde, seja no hospital ou na atenção básica, faz-se necessário identificar os
conhecimentos que as mães possuem sobre a referida morbidade (REGO et al., 2014).
Além do conhecimento, deve-se atentar para a investigação no que diz respeito à
autoeficácia materna. Assim, alguns estudos têm investigado a autoeficácia materna para a
prevenção da diarreia infantil na atenção básica (JOVENTINO et al., 2013a; LOPES et al.,
2013).Tendo em vista que para que um indivíduo possa ter hábitos saudáveis, faz-se
necessário que além de ter conhecimentos tenha ainda autoeficácia para que possa mantê-los.
Os profissionais de enfermagem possuem um importante papel em promover
políticas de promoção da saúde, e ao averiguar as condições de saúde da população, os
conhecimentos dos pais ou responsáveis sobre como prevenir diarreia e seu agravamento, bem
como a autoeficácia materna, poderá planejar ações para que se evite esta doença e se
promova a saúde infantil. Dessa forma, os achados podem servir de parâmetros visando
futuras sugestões de estratégias que possam auxiliar os enfermeiros na prevenção desta
enfermidade e no esclarecimento das famílias acerca desta doença que tanto acomete crianças
do município de Baturité-CE.
Diante do exposto, o estudo teve como objetivo investigar os conhecimentos e a
autoeficácia de mães de crianças menores de cinco anos de Baturité.
METODOLOGIA
Estudo descritivo, exploratório, transversal com abordagem quantitativa, o qual
foi realizado em um hospital localizado no município de Baturité-CE. A coleta foi realizada
entre janeiro e abril de 2016, com 238 mães de crianças menores de cinco anos internadas na
unidade hospitalar, sendo a amostragem por conveniência.
Foram utilizados os seguintes critérios de inclusão: mãe com pelo menos um filho
(a) com idade inferior a 5 anos; e mães com filho internado na referida unidade hospitalar. Os
critérios de exclusão adotados: mães com restrições que as impossibilitassem de compreender
os instrumentos; mães cujos filhos estivessem com estado de saúde grave ou na emergência
do hospital.
A entrevista foi realizada por meio de um formulário sociodemográfico e
abordando conhecimentos das mães a respeito da prevenção e manejo da diarreia infantil, e da
Escala de Autoeficácia Materna para Prevenção da Diarreia Infantil (EADPI).
Os dados foram organizados e analisados através do IBM SPSS Statistics (versão
20), procedendo-se a análise estatística descritiva. O projeto foi aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa via Plataforma Brasil, conforme parecer 1.378.638.
RESULTADOS EDISCUSSÃO
A ocorrência de diarreia anterior nas crianças foi relatada por 33,8% (N=81) das
mães, tendo predominantemente, duração menor de 14 dias (N=73; 91,2%), ou seja,
caracterizando um episódio agudo.
Com relação à conduta materna, 75% (N=60) das entrevistadas referiram que
quando as crianças apresentam diarreia, costumam buscar o serviço de saúde; 66,7% (N=12)
ofereceram receita caseira para filho a fim de tratar a diarreia, sendo as principais condutas
realizadas a oferta de soro caseiro (N=30; 46,9%) e de água de coco (N=22; 34,4%). Em
contrapartida, estudo transversal realizado em Fortaleza-CEmostrou que dentre as receitas
caseiras mais realizadas para diarreia infantil estava o preparo de soro caseiro, sendo realizado
por 80% das mães (JOVENTINO et al., 2013b).
O uso de Soro de Reidratação Oral-SRO (sachê) (N=107; 45%) foi mais
prevalente comparado ao soro caseiro (N=56; 23,5%). Ressalta-se que das mães que
ofertaram soro caseiro, apenas 15,9% (N=7) realizavam o preparo corretamente, e das que
ofertaram o SRO, 93,5% (N=87) realizaram a diluição corretamente.
A Terapia de Reidratação Oral é eficaz em 95% dos casos de diarreia que cursam
com desidratação. Esta é utilizada desde os anos de 1970 e se apresenta como uma das
melhores e mais importantes forma de tratar a perda de água e eletrólitos em decorrência da
diarreia. No entanto, mesmo sua eficácia sendo conhecida, estudos demonstram que sua
disseminação mundialmente ainda é baixa chegando a menos de 30% (UNICEF, 2013).
A grande maioria das mães (N=217; 91,2%) relatou não saber a finalidade da
vacina contra o rotavíruse apenas 1,6% (N=4) das participantes mencionaram que esta serve
para evitar diarreia. O rotavírus é importante agente etiológico associado à diarreia. A
implementação da vacina antirotavírus reduziu substancialmente os índices de internamentos
de crianças com diarreia, nos Estados Unidos (EYAL et al., 2014).
Sobre crenças de risco e causas de diarreia, 98,7% (N=235) das mães acreditam
que esta pode ser causada pela contaminação da água, 96,2% (N=229) através de alimentos
gordurosos e 95,4% (N=227) contaminação de alimentos.
O fator mais preocupante refere-se a uma pequena quantidade de mães que
acreditam que o desmame precoce (N=146; 61,3%) pode representar fator de risco para a
diarreia, esse resultado sugere um baixo conhecimento das mães sobre a diarreia infantil, uma
vez que muitos autores apresentam o aleitamento materno como fator de proteção para
diversas doenças, dentre elas, destaca-se a diarreia (SANTOS et al.,2016).
Em relação ao conhecimento das mães sobre as condutas realizadas para a
prevenção da diarreia, os principais cuidados mencionados pelas entrevistadas foram: higiene
dos alimentos (N=71; 29,8%), alimentação de qualidade (N=66; 27,7), higiene dos utensílios
(N=58; 24,4%), lavagem das mãos (N=8; 19,7%) e higiene da casa (N=34; 14,3%).
Os cuidados de higiene e limpeza domiciliar são descritos na literatura como
condutas que previnem a diarreia infantil, podendo ser citados os cuidados diários das mães
com seus filhos, através do banho, a lavagem das mãos e asseio das unhas (REGO et al.,
2014).
Os dados mostraram que a maioria das mães apresentou autoeficácia para a
prevenção da diarreia infantil de baixa à moderada (N=120; 50,4%) e 49,6% (N=118)
possuíram autoeficáciaelevada.A importância da autoeficácia revela-se na medida em que
consiste confiar em si mesmo frente a um determinado evento ou situação. Este conceito está
diretamente relacionado à segurança que a pessoa possui ao executar determinada atividade,
ou seja, em se sentir capaz de realizar uma tarefa com base em seus conhecimentos e
habilidades (BIZERRA et al., 2015).
CONCLUSÃO
Com o presente estudo é possível identificar as potencialidade e fragilidades do
conhecimento materno sobre o manejo e prevenção da diarreia em crianças menores de cinco
hospitalizadas. Percebe-se que as potencialidades sobre o manejo da diarreia devido à busca
pelo serviço de saúde, à oferta do soro caseiro e do Soro de Reidratação Oral para evitar
desidratação. Com relação às possíveis causas de diarreia, as mães apontaram práticas
inadequadas de higiene da água e dos alimentos, além do consumo de alimentos gordurosos.
Entretanto, destacam-se as fragilidades sobre o manejo, pois apesar da oferta de
soro caseiro, a grande maioria não preparava a solução corretamente. Outro fator importante
foi com relação às crenças sobre as causas da diarreia, pois uma minoria respondeu o
desmame precoce como fator de risco e a vacina contra o Rotavírus como fator protetor.
Diante desse cenário o profissional de enfermagem, ao conhecer as fragilidades do
conhecimento e da autoeficácia materna sobre diarreia, poderá intervir de forma direcionada
que seja mais efetiva, uma vez que a educação é uma importante ferramenta para proteção e
promoção da saúde.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao CNPq, à Unilab, à minha orientadora Profª Dra. Emanuella Silva
Joventino, e à direção e à coordenação do Hospital de Baturité José Pinto do Carmo.
REFERÊNCIAS
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BRASIL, DATASUS. Ministério da Saúde. Sistema de Informação da Atenção Básica
(SIAB).
Situação
de
saúde.
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