29-10-2015 Revista de Imprensa 29-10-2015 1. (PT) - Diário Económico, 29/10/2015, Novo ministro da Saúde exclui novas taxas sobre alimentos nocivos 1 2. (PT) - Diário de Notícias, 29/10/2015, Carne processada? Sim, mas com moderação e Made in Portugal 2 3. (PT) - Público, 29/10/2015, Consumo de peixe em Portugal prejudica o planeta 4 4. (PT) - Destak, 29/10/2015, Saúde do Porto em discussão 6 5. (PT) - Jornal de Notícias, 29/10/2015, Cancro - Peditório a partir de amanhã 8 6. (PT) - Jornal de Notícias, 29/10/2015, Blocos têm condições para operar mais 9 7. (PT) - Correio da Manhã, 29/10/2015, Mortalidade - Gripe e frio matam mais pessoas 10 8. (PT) - Correio da Manhã, 29/10/2015, Ministro inválido 12 9. (PT) - Jornal de Notícias, 29/10/2015, Portugal é de novo país de emigração com 110 mil saídas 13 10. (PT) - Diário de Notícias, 29/10/2015, Europa quer acelerar aprovação de novos antibióticos 14 11. (PT) - Diário de Notícias, 29/10/2015, Suspeita em Espanha deu negativo, África quase sem casos de ébola 15 12. (PT) - Visão, 29/10/2015, Um nada que faz alguma coisa 17 13. (PT) - Sábado, 29/10/2015, A semana negra da carne vermelha 18 14. (PT) - Visão, 29/10/2015, Podem as salsichas fazer tão mal como o tabaco? 21 15. (PT) - Sábado, 29/10/2015, O que vamos comer daqui a 10 anos 22 A1 ID: 61612113 29-10-2015 Tiragem: 13063 Pág: 33 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 26,00 x 23,72 cm² Âmbito: Economia, Negócios e. Corte: 1 de 1 Novo ministro da Saúde exclui novas taxas sobre alimentos nocivos Alimentação Alerta da OMS sobre riscos das carnes processadas reabriu a discussão sobre as taxar este tipo de alimentos. [email protected] O novo ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, afasta novas taxas sobre os produtos alimentares nocivos ou mesmo alguma espécie de discriminação positiva sobre os preços dos produtos saudáveis. Em declarações ao Diário Económico, o ainda secretário de Estado Adjunto da Saúde diz que “a acção sobre os preços, nomeadamente por via fiscal, é acessória e raramente a mais importante”. A discussão não é nova, mas o relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) tornado público esta semana, que coloca as carnes processadas na lista de substâncias cancerígenas, volta a pôr o assunto em cima da mesa. Leal da Costa foi um dos defensores da taxa sobre os produtos com excesso de sal e açúcar que acabou por não avançar. Em Julho, em entrevista ao Diário Económico, o secretário de Estado justificou que estas taxas sobre os produtos alimentares “funcionam mal em ambiente recessivo”, ou seja, “quando as pessoas já estão com falta de dinheiro já compram pouco, por isso o efeito para a saúde em termos da diminuição [do consumo] é limitado”. Contudo, “se e quando houver retoma económica, se alguma vez se pensar em baixar o IVA para determinados produtos, os produtos desta classe [nocivos], como os refrigerantes, as guloseimas, etc., dever-se-ão manter no IVA máximo”, considerou. Mas introduzir uma taxa adicional sobre os alimentos prejudicais à saúde “só será possível se isso de facto tiver o potencial de reduzir o consumo de forma significativa, em particular nas crianças”. “ Não há perigo da alimentação sob o ponto de vista da carne. A carne é importante porque nos traz proteína animal, ferro, zinco e vitamina B12. O que é importante é ter uma moderação de consumo e uma alimentação diversificada. Nuno Vieira de Brito Secretário de Estado da Alimentação Os novos dados [da OMS] servem sobretudo para os consumidores tomarem decisões informadas sobre a sua alimentação. Nuno Miranda Coordenador do Plano Nacional de Prevenção das Doenças Oncológicas Ontem, questionado pelo Diário Económico sobre se o novo Governo está a estudar alguma discriminação positiva, nomeadamente em sede fiscal, para os alimentos saudáveis, o novo ministro da Saúde afirmou que “manterá o seu empenhamento na promoção da saúde e na prevenção das doenças, sendo que as medidas de modelação de comportamento são de índole variada e a acção sobre os preços, nomeadamente por via fiscal, é acessória e raramente a mais importante”. Leal da Costa acrescentou que “em momento adequado, o próximo Governo apresentará o seu Programa e a proposta de Orçamento do Estado que contemplará a protecção da saúde dos mais vulneráveis em primeiro lugar.” Paulo Alexandre Coelho Catarina Duarte Fernando Leal da Costa diz que agir sobre os preços, nomeadamente por via fiscal é uma via “acessória e raramente a mais importante”. Consumo de carne não traz perigo desde de que seja com moderação O director clínico do Instituto Português de Oncologia (IPO), Nuno Miranda, vê com bons olhos “discriminações negativas” de nível fiscal sobre alimentos prejudiciais à saúde, nomeadamente ‘fast food’ e outros ‘snacks’, produtos que contribuem para a obesidade infantil. O médico, que é também o coordenador do Plano Nacional de Prevenção das Doenças Oncológicas, esteve ontem na reunião do Governo sobre a polémica das carnes processadas. Ao Diário Económico, Nuno Miranda lembrou que a relação entre o consumo de carnes processadas e a existência de cancro há muito que estava estudada. “Não há nada de muito novo naquilo que a Agência Internacional da Investigação do Cancro [o IARC, agência da OMS] veio agora dizer”, explicou. As novas informações servem sobretudo, defende Nuno Miranda, “para os consumidores tomarem decisões informadas sobre a sua alimentação”. O director clínico do IPO explicou que não se trata de uma “proibição”, mas sim um alerta de moderação ao consumo, na linha do que tem sido feito até agora: “Em Portugal tem havido um esforço de redução do consumo destes produtos, que caiu 10% nos últimos anos”. Ontem, no final da reunião extraordinária da Comissão de Segurança Alimentar, o secretário de Estado da Alimentação avisou que não há qualquer perigo no consumo de carne, embora sublinhe a necessidade de fazer uma alimentação moderada de carnes vermelhas ou processadas. “A grande mensagem é esta: de facto, não há perigo da alimentação sob o ponto de vista da carne, a carne é importante porque nos traz proteína animal, ferro, zinco e vitamina B12. O que é importante é ter uma moderação de consumo e uma alimentação diversificada”, afirmou Nuno Vieira e Brito. ■ Página 1 A2 ID: 61612327 29-10-2015 Tiragem: 28137 Pág: 10 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,50 x 30,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Carne processada? Sim, mas com moderação e Made in Portugal Saúde. Autoridades nacionais dizem que não há razões para alarme em relação ao estudo da OMS. A carne processada surge no mesmo grupo da luz solar no que respeita ao risco de cancro. Consumo só é perigoso acima de 50 gramas/dia JOANA CAPUCHO O consumo de carne vermelha e processada não é perigoso desde que seja moderado. Ésta foi a principal mensagem transmitida ontem pelo secretário de Estado da Alimentação Nuno Vieira e Brito, após uma reunião extraordinária da Comissão de Segurança Alimentar (CSA), que analisou o relatório divulgado pela Organização Mundial de Saúde sobre as carnes. Na sequência do encontro, as autoridades de saúde apelaram ao consumo de produtos nacionais, que respeitam elevados padrões de segurança alimentar. 'Analisámos com atenção o relatório e a evolução do consumo de carne em Portugal e constatámos que a grande mensagem é a moderação no consumo e a adoção de hábitos alimentares mais saudáveis que incluam hortícolas", disse ao DN Nuno Vieira e Brito, presidente da CSA, composta por representantes de 12 entidades, entre as quais o Ministério da Agricultura, a ASAE e a Direção-Geral da Saúde. A dieta mediterrânea, frisa o secretário de Estado, é um bom exemplo no que diz respeito ao equilíbrio e variedade. A reunião foi convocada pelo secretário de Estado da Alimentação após o estudo divulgado pelaAgência Internacional para a Investigação sobre o Cancro (organismo da OMS), segundo o qual existem "provas suficientes" para incluir as car- lienta-se que existe um número nes processadas-como as salsichas elevado de estudos científicos que e o bacon- no grupo das substân- valorizam a sua ingestão como cias cancerígena& Já a carne verme- fonte de proteínas de alto valor lha passou a fazer parte do grupo 2 biológico, vitaminas e minerais". Embora o que esteja em quesdevido à probabilidade de poder tão sejam "as características do causar cancro. "Este estudo, que já não é novo, próprio alimento" e não a seguleva-nos a estar mais atentos no rança alimentar, Nuno Vieira e Brique diz respeito à alimentação sau- to apela ao consumo de produtos nacionais de elevada dável", disse Nuno segurança alimentar Vieira e Brito. Segune à valorização dos do o responsável, esta Presidente da produtos frescos samudança de hábitos Sociedade de zonais, favorecendo já tem sido feita pelos portugueses. "Entre Oncologia critica os circuitos de abastecimento locais de ali2008 e 2014 houve alarmismos mentos. uma redução de 10% Relativamente à no consumo de carforma como o setor nes vermelhas, que foram sendo substituídas por car- português da carne encara as connes brancas e vegetais", lembrou o sequências deste estudo, Nuno secretário de Estado da Alimenta- Vieira e Brito referiu que os produtores dão a indicação de que os ção. Para a Comissão de Segurança consumidores perceberam as conAlimentar. não há razão para alar- clusões do organismo da OMS e mes. "Relativamente às carnes. sa- não houve, até ao momento. Vacas loucas criaram crise DOENÇA A epidemia de en', cefalopatia espongiforme bovina (BSE) surgiu no Reino Unido em meados dos anos 1980, atingindo o pico no início de 1993, e foi causada pelo uso na alimentação de bovinos de rações que continham farinha de carne e ossos de animais considerados inaptos para a alimentação humana. A doença implicou a proibição do uso destas farinhas (primeiro no Reino Unido e depois em quase todo o mundo), mas, ainda assim, surgiram alguns (raros) casos de contágio a humanos, que tinham ingerido miolos ou vísceras de vaca. O impacto económico da doença foi elevado, sobretudo para o Reino Unido, que era não só um grande exportador de animais para reprodução como de farinha de carne e ossos. A epidemia implicou a adoção de medidas muito cautelosas em relação a todos os outros países onde, desde então, surgiram doenças em animais para consumo. REDES SOCIAIS "grandes alterações de práticas de consumo". Internet pede Libertação do bacon Tão cancerígena como a luz solar O relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) equiparando o consumo de carnes processadas ao tabaco e à exposição ao amianto gerou grande agitação em todo o mundo. A maioria dos noticiários concentraram-se em reforçar a mensagem da OMS. Mas nas redes sociais houve quem defendesse o direito de os consumir.A hashtag (palavra destacada)" Free bacon" - libertem o bacon- foi uma das mais populares. A ponto de confundir alguns interflautas menos informados, que chegaram a perguntar se o ator Kevin Bacon tinha sido preso. O diretor do Programa Nacional para as Doenças Oncológicas, também presente na reunião, considerou que as recomendações que a DGS tem feito sobre alimentação saudável já estão alinhadas com as conclusões deste estudo da OMS. Em relação à carne vermelha, Nuno Miranda sugere uma meta abaixo de 500 gramas por semana por cada português, um nível considerado "muito seguro". No que respeita às carnes processadas, só acima de 50 gramas por dia é considerado um nível não seguro. "São consumos relativamente altos e não muito frequentes no nosso país", explicou Nuno Miranda, citado pela Lusa, indicando que o consumo médio em Portugal andará em 25 gramas por dia de carne processada, metade do valor referido. A carne processada apare- ce, segundo o responsável, no mesmo grupo da luz solar: "Sabemos que tem um risco aumentado de cancro da pele em determinado nível, mas não vamos deixar de nos expor à luz solar." A presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia, Gabriela Sousa, também considera desnecessário "alarmismos ou a abolição do consumo de carnes vermelhas", mas defende uma alimentação equilibrada e sem exagero de carnes que possam potenciar o cancro. O artigo da OMS revelou que 12 em 18 estudos feitos em vários países encontraram uma relação positiva entre o cancro colorretal - o mais fatal em Portugal -e o consumo de carnes processas. A conclusão foi de que 50 gramas por dia aumentam em 18%o risco de contrair a doença. Quanto às carnes vermelhas, há uma relação provável entre a sua ingestão e as doenças oncológicas, nomeadamente como cancro do páncreas e da próstata. Página 2 ID: 61612327 OPINIÃO Risco de cancro e consumo de carne vermelha ANTÓNIO QUINTELA Oncologista médico da CUI especializado em cancro digestivo recente-ease O (26 outubro) da International Agency for Research on Cancer (IARC) da OMS tem por função principal alertar para o possível aumento de risco de desenvolvimento de cancro, nomeadamente do cólon e do reto, que o consumo de carne processada e acame vermelha podem provocar. Este alerta surge na sequência de uru trabalho de 22 peritos de dez países que se debruçaram sobre aevidêndadentffica que ao longo dos anos tem vindo a ser produzida sobre este assunto. A pesquisa sobre este assunto recorre a métodos diferentes (desde estudos epiderniológicos até investigação de natureza mais biológica) que geram dados nem sempre coincidentes mas que sugerem esse risco. O risco parece estar especialmente relacionado com o consumo de carne processada e menos com a carne vermelha. Saliente-se ainda que o risco parece relacionar-se também coma quantidade consumida deste tipo de alimentos. Em Portugal, este fator de risco -em particular as carnes processadas (enchidos e fumados) - tem sido considerado há Já vários anos, nomeadamente tendo em conta a elevada prevalênda de cancro gástrico e a sua potendal relação com este fator de risco. Curiosamente, neste trabalho da IARC, os fatores de risco agora referidos não parecem ter uma correlação tão forte com o cancro gástrico (embora não excluídos) como como cancro colorretal ou mesmo com o cancro do pâncreas e da próstata. Por outro lado, os mesmos peritos não deixam de referir o reconhecido valor nutridonal, nomeadamente da carne vermelha, pelo que a restrição ao consumo deste tipo de alimentos deverá ser enquadrado adequadamente e, principalmente, ser objeto de uma avaliação mais sistemática e prospetiva antes de se poderem fazer recomendações precisas sobre a restrição ao seu consumo, a desenvolver pelas autoridades regulamentares nacionais e internadonais. 29-10-2015 Tiragem: 28137 Pág: 11 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,50 x 30,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 COMO REDUZIR O RISCO CANCERÍGENO DOS ALIMENTOS Dicas. Se é verdade que a carne processada pode aumentar o risco de cancro, também é verdade que esse risco pode ser prevenido com comportamentos saudáveis. Por ANA BELA FERREIRA > Pão com fiambre só se comer uma laranja A carne processada, em que se inclui o fiambre, aumenta o risco de desenvolver cancro colorretal, mas isso não significa que tenhamos de deixar de consumir estes alimentos. O que é importante é encontrar um equilíbrio. Assim, "se comer pão com fiambre, não deve comer um iogurte a seguir. Deve optar por comer uma laranja, outra peça de fruta, ou um sumo natural", aponta o nutricionista Sérgio Cunha Velho. Desta forma equilibra-se o risco de doença causado pelas carnes processadas com os benefícios que a vitamina C e os antioxidantes têm na prevenção de cancro. Até porque, como lembra apireção-Geral da Saúde (DGS), o risco de cancro pode ser reduzido se adotarmos "comportamentos saudáveis de alimentação e atividade física". . Bife de novilho com salada ao lado Acame vermelha ainda está só na lista dos alimentos que "provavelmente" podem aumentar o risco de desenvolver cancro. Ainda assim, há muito que os especialistas recomendam que esta entre de forma moderada na nossa dieta, até porque também podem aumentar o risco de doenças cardiovasculares. "Os cálculos atuais e aceites entre os especialistas é de que cada um deve limitar o consumo de carne vermelha a 500 gramas por semana. E se fizer quatro refeições de carnes vermelhas, quatro de carnes brancas, quatro de peixe e duas de ovos, tem aí um esquema alimentar interessante", diz Sérgio Cunha Velho. Isto sem esquecer que no prato do bife deve estar uma quantidade generosa de legumes ou uma salada, de forma a prevenir que os carcinogéneos presentes na carne vermelha sejam ativados no nosso organismo, sublinha Conceição Calhau, professora da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. As verduras e a fruta - numa dose diária de pelo menos 400 gramas têm o papel de "inibir a ativação destes carcinogéneos presentes na carne de bovino, que é a que está aqui em causa. É que a ingestão destes agentes através destas carnes só se torna perigosa se eles forem ativados pelo nosso organismo, daí que a ingestão de certos alimentos ajude a travar essa ativação", acrescenta a especialista. Por outro lado, o consumo de carne vermelha não deve ser já descartado por completo. Pois esta tem "nutrientes importantes" para uma dieta equilibrada, recorda Sérgio Cunha Velho. O seu consumo deve apenas ser moderado. Bacon uma vez por mês *com exercício físico O bacon junta o risco da carne processada com o sal, cujo consumo também deve ser limitado. O primeiro passo deve ser reservar este alimento para ocasiões especiais ao longo do mês. E nesses dias, além de juntar na ementa os alimentos que têm efeitos contrários - ou seja, ajudam a reduzir o risco de desenvolver cancro - não se esqueça de que o exercício físico regular é uma excelente forma de ser mais saudável. Pelo menos "limite o tempo que passa sentado", aconselha a DGS no blogue Nutrimento, do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável. Como o que está em causa é "o conceito de probabilidade" e não existe uma relação automática de "causalidade", a melhor atitude é a preventiva, diz Miguel Rego. O nutricionista defende que "um alimento não provoca por si só um resultado. A alimentação é um padrão e aí podem construir-se equilíbrios". sociados ao consumo de álcool e quando estiver a comer alheira ou outro enchido optar por uma bebida sem álcool e sem gás? Um sumo natural ou água serão sempre boas escolhas. > Grelhados só se a carne for marinada Toda a vida ouvimos falar nos benefícios do peixe e da carne grelhados, mas afinal não é bem assim. Grelhados, por estarem sujeitos a altas temperaturas cujas fontes são carvão ou lenha, devem ser evitados. "É uma festa para fazer duas vezes por ano e não vem mal nenhum daí ao mundo", aconselha Sérgio Cunha Velho, que até costuma dizer que prefere um bom frito a um mau grelhado. Se fizer questão de repetir a festa mais vezes por ano, então opte por escolher grelhadores elétricos, com água por baixo, porque a fonte de calor não está em contacto direto com os alimentos e a água ajuda "a minorar os efeitos negativos". Outra forma de limitar os malefícios de um bife ou costeleta assados na brasa é fazer uma marinada antes. "Se a carne estiver temperada em vinho ou cerveja ajuda a que não seja tão mau", diz a nutricionista Conceição Calhau. Os churrascos ficam assim confinados aos dias muito especiais. Mesmo o peixe não deve ser grelhado desta forma: "Quando se recomenda peixe por causa das doenças cardiovasculares, as pessoas normalmente acabam a comer salmão grelhado. É um erro porque as risquinhas escuras que ficam no-peixe são carcinogéneos", alerta a médica. Alheira acompanhada de bebidas sem álcool Os enchidos, tal como o bacon, devem ser considerados uma extravagância alimentar, para degustar apenas em alguns dias no mês. As evidências científicas alertam para que 50 gramas de carne processada aumentem em 18% a risco de vir a desenvolver cancro. Logo, é preciso "estar alerta e minorar esse risco com alimentos que são positivos. Ingerir vitamina C e antioxidantes é uma boa opção", aponta Sérgio Cunha Velho. E, já agora, porque não reduzir os riscos de cancro as- Página 3 A4 ID: 61612020 29-10-2015 Tiragem: 33895 Pág: 11 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,70 x 29,88 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Consumo de peixe em Portugal é dos mais prejudiciais ao planeta Depois dos alertas da OMS sobre o perigo da ingestão das carnes transformadas, um relatório que é hoje divulgado avisa que o elevado consumo de peixe em Portugal também pode ser um problema ambiental A pegada ecológica do que comemos Hectares produtivos necessários para satisfazer o consumo de uma pessoa Em 2010 Peixe Portugal Malta Grécia Espanha Croácia Itália França Turquia Chipre Tunísia Marrocos Albânia Israel Egipto Eslovénia Média 15 Carne Lacticínios 0,67 0,25 0,39 0,39 0,36 0,14 0,32 0,04 0,11 0,10 0,04 0,11 0,11 0,05 0,01 0,01 0,06 0,02 0,12 0,22 0,37 0,26 0,22 0,14 0,30 0,08 0,15 0,24 0,16 0,05 0,14 0,17 Frutas e vegetais 0,06 0,06 0,05 0,05 0,11 0,05 0,06 0,11 0,07 0,01 0,15 0,08 0,04 0,06 0,06 0,18 0,13 0,20 0,20 0,17 0,16 0,17 0,24 0,13 0,14 0,17 0,18 0,20 0,11 0,16 0,17 Cereais Outros 0,07 0,28 0,15 0,16 0,13 0,31 0,33 0,04 0,09 0,16 0,18 0,12 0,12 0,16 0,19 0,27 0,25 0,44 0,36 0,10 0,12 0,04 0,10 0,09 0,33 0,01 0,20 0,10 0,16 0,18 0,15 0,22 Fonte: Global Footprint Network Alimentação Ricardo Garcia Portugal é o país mediterrânico cuja alimentação pior faz ao planeta. E, por irónico que pareça, a maior culpa é do elevado consumo de peixe — um alimento saudável. Esta conclusão surpreendente resulta de um estudo que é hoje publicado pela Global Footprint Network, a organização responsável pelos cálculos da “pegada ecológica”. Este indicador representa a área da Terra necessária para produzir o que cada pessoa consome ou necessita, dos alimentos a roupa, dos combustiveis a edifícios. Para Portugal, este valor é de 4,5 hectares por habitante. É o quarto país mediterrânico com a maior pegada ecológica, depois de França, Eslovénia e Itália. Mas, na alimentação, o país lidera o ranking. Cerca de 1,5 hectares de terra ou mar são necessários para garantir o almoço, o lanche e o jantar dos portugueses. Ninguém necessita de tanto espaço produtivo para matar a fome entre os países do Mediterrâneo, região sobre a PÚBLICO qual incide o estudo. A seguir vêm Malta (1,25 hectares por pessoa), Grécia (1,22) e Espanha (1,15). Dois factores contribuem para este resultado. O primeiro é simples: em Portugal, come-se muito. A FAO — a agência das Nações Unidas para a alimentação e a agricultura — recomenda como saudável uma dieta diária de 2500 quilocalorias por pessoa. Em Portugal, consomem-se 3500 — 40% a mais. “Isto não é exclusivo de Portugal. Encontramos valores similares noutros países, como Espanha, Grécia e Itália”, afirma Alessandro Galli, director da Global Footprint Network para a área do Mediterrâneo. O segundo factor encerra uma grande ironia. Portugal é um dos países com maior consumo per capita de peixe no mundo — um dado positivo pelo lado da saúde. Mas o apetite nacional dirige-se muito para espécies de topo, como o bacalhau e o atum, que requerem mais recursos para se desenvolver. O atum, explica Alessandro Galli, alimenta-se de sardinhas, que por sua vez se alimentam de plâncton, os minúsculos organismos em suspensão na água. Na prática, é preciso uma área muito maior da plataforma continental para produzir o plâncton necessário para um peixe num elo superior da cadeia alimentar. “O impacto do consumo de um quilo de atum equivale ao de dez quilos de sardinhas”, explica Alessandro Galli. A importação também pesa. Em 2014, 481 mil toneladas de pescado vieram de fora, contra 283 mil toneladas da exportação, segundo dados oficiais. Dizer que comer peixe faz mal à Terra é mais uma má notícia para a mesa nacional. Na segunda-feira, a Agência Internacional de Investigação do Cancro da Organização Mundial de Saúde anunciou ter classificado as carnes transformadas — como chouriços, presuntos e bacon — como produtos cancerígenos. As autoridades nacionais de saúde apressaram-se a esclarecer que o importante é garantir uma dieta equilibrada. No caso do pescado, Alessandro Galli diz que não está em causa deixar de os comer, mas sim escolher melhor. “A minha recomendação é comer peixe, mas diversificar, preferir peixes em posição mais baixa “A minha recomendação é comer peixe, mas diversificar, preferir peixes em posição mais baixa na cadeia alimentar, como as sardinhas” diz Alessandro Galli, director da Global Footprint Network para a área do Mediterrâneo na cadeia alimentar, como as sardinhas”, diz. Porém, neste momento, a maré também não está para as sardinhas. O stock ibérico desta espécie nunca esteve tão baixo e os cientistas dizem que no próximo ano não se deve capturar mais do que 1600 toneladas nos mares de Portugal e Espanha — apenas 10% da quota de 2015. Mas outras espécies, como o carapau e a cavala, são hoje mais abundantes. Os dados agora divulgados são uma nódoa na imagem positiva dos hábitos alimentares do Mediterrâneo. Alessandro Galli argumenta, porém, que a verdadeira dieta mediterrânica é composta sobretudo de produtos como legumes, verduras, cereais e azeite, com consumo moderado de carne ou peixe. “O meu argumento é o de que a dieta mediterrânica é boa para o ambiente, mas acabámos por nos afastar um pouco dela”, afirma. Com o peso da alimentação, Portugal vai muito além da sua capacidade biológica de satisfazer o consumo dos seus habitantes. A pegada ecológica é de 4,5 hectares por pessoa, mas o país só tem 1,3 hectares produtivos per capita. A meta não é ser auto-suficiente, algo que seria impossível para a generalidade dos países. Mas, para a Global Footprint Network, cada nação deveria ter como guia a biocapacidade global para sustentar o consumo dos seus habitantes, que é de 1,8 hectares por pessoa. Página 4 ID: 61612020 29-10-2015 Tiragem: 33895 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,05 x 4,13 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 Consumo de peixe em Portugal prejudica o planeta Somos o país mediterrânico cuja alimentação mais prejudica o planeta, diz a Global Footprint Network p11 Página 5 A6 ID: 61612359 29-10-2015 Tiragem: 68889 Pág: 2 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 16,28 x 20,02 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 JOÃO FERRÃO Em termos de faixa etária dos utentes portuenses, verifica-se «uma população idosa significativa», diz o documento Saúde do Porto em discussão Proposta para melhorar cuidados de saúde primários no Porto está em discussão pública até 19 de dezembro. RAQUEL MADUREIRA [email protected] A proposta de Carta de Equipamentos de Cuidados de Saúde Primários do Porto, que visa orientar os investimentos futuros nesta área, está aberta a um período de discussão pública, até 19 de dezembro, informou ontem a autarquia portuense. Segundo um comunicado da autarquia, enviado ao Destak, o documento foi «elaborado por uma Comissão em que participaram elementos designados pelaCâmaraMunicipaldo Porto e pelaAdministraçãoRegionaldeSaúde do Norte» e pode ser consultada em www.cm-porto.pt/discussao-publica, podendo os contributos ser enviados [email protected]. ACartadeEquipamentosdeCuidados de Saúde «resulta de um protocolo assinado em janeiro de 2014 entre a Câmara do Porto e a Administração RegionaldeSaúdedoNorteparaarealização do documento, identificando alternativas e prioridades do setor». Utentes inscritos, profissionais de saúde existentes e unidades disponíveis referidas na proposta DeacordocomosCensos2011,oconcelho do Porto dispõe de dois AgrupamentosdeCentrosdesaúdequeenglobam oito centros de saúde, incluindo 35 unidades funcionais prestadoras de cuidados de saúde, distribuídas por 23 edifícios, dando resposta a 300.547 utentes, ou seja, a uma população cerca de 26% superior aos habitantes da cidade Invicta. Página 6 ID: 61612359 29-10-2015 Tiragem: 68889 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 5,39 x 10,43 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 CIDADES • 02 JOÃO FERRÃO PROPOSTA PARA MELHORAR SAÚDE NO PORTO EM DISCUSSÃO Página 7 A8 ID: 61612759 29-10-2015 Tiragem: 76966 Pág: 12 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 4,74 x 5,37 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Cancro Peditório a partir de amanhã • A partir de amanhã e até segunda-feira, a Liga Portuguesa contra o Cancro fará um peditório em todo o pais. A organização reuniu perto de 30 mil voluntários, que sairão à rua identificados com o colete e o cofre da liga. Esta é uma das mais importantes ações de angariação de fundos da Liga. Página 8 A9 ID: 61612295 29-10-2015 Tiragem: 76966 Pág: 7 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 10,82 x 7,19 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Blocos têm condições para operar mais RELATÓRIO Há blocos operatórios cuja capacidade não está a ser completamente aproveitada. Esta é uma das conclusões do relatório "Avaliação da Situação Nacional dos Blocos Operatórios", que analisa o desempenho das unidades hospitalares a nivel da disponibilidade de salas e de cirurgiões e anestesiologistas afetos aos blocos. No Hospital de Cascais, por exemplo. "parece haver potencial para aumentar disponibilidade de sala, de tempo de anestesiologista e de tempo de cirurgiões, pois estão em cerca de 50% e estão ajustados entre si". Ou seja, só estão a ser utilizados pela metade. O relatório revela ainda que a capacidade nacional de blocos é de 5,66 salas por cem mil habitantes, nos hospitais públicos, e que existem 170 blocos que contêm 569 salas de operações. KG. Página 9 A10 ID: 61612837 29-10-2015 Tiragem: 164213 Pág: 17 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 21,55 x 14,27 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 MORTALIDADE ■ ANÁLISE DO INSTITUTO NACIONAL DE SAÚDE DOUTOR RICARDO JORGE Gripe e frio matam mais em Portugal ■No inverno houve 5591 mortes acima do esperado, um dos valores mais altos na Europa 1 BERNARDO ESTEVES ortugal foi um dos países europeus com mais excesso de mortalidade no último inverno, segundo uma análise efetuada pelo Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA). Esta análise ba- p seou- se nos dados reportados pelos países que participam na rede EuroMOMO, que controla o excesso de mortalidade. "Os países mais atingidos foram Inglaterra, França, Portugal, Espanha e Suíça", revela o INSA em comunicado, sublinhando que os "excessos de mortalidade observados nestes países ocorreram em simultâneo com a epidemia de gripe sazonal e um período de vagas de frio extremo': Nesta análise não é avançado o número de mortos. Mas no início de outubro o INSA tinha re - Portugal foi um dos países com mais excesso de mortalidade velado que no inverno houve em Portugal 5591 mortes acima do esperado devido à gripe e ao tempo frio. O estudo agora divulgado pelo INSA refere também que houve "excessos de mortalidade, na população com 65 ou mais anos, em todos os países europeus que participam nesta rede EuroMO MO, apenas com exceção da Estónia e da Finlândia':■ Página 10 ID: 61612837 29-10-2015 Tiragem: 164213 Pág: 1 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 2,87 x 3,47 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 Gripe e frio matam mais pessoas PÁG.17 Página 11 A12 ID: 61612826 29-10-2015 Tiragem: 164213 Pág: 16 País: Portugal Cores: Preto e Branco Period.: Diária Área: 6,02 x 29,18 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 CORREIO DA SAÚ JOSÉ CARLOS MARTINS PRESIDENTE DO SINDICATO DOS ENFERMEIROS PORTUGUESES Ministro Inválido á legislação para a proteção de situações de invalidez causada por doenças de rápida evolução e precocemente invalidantes, geradoras de incapacidade permanente para o trabalho (doenças do foro oncológico, Alzheimer, etc.). Há um regime especial de proteção para estas situações. Agora, o Governo alterou a legislação. O acesso à proteção especial na invalidez passa a depender da verificação das condições causadoras de incapacidade permanente para o trabalho fixadas na H Há ministros que seriam mais úteis a apanhar azeitona lei. E, entre outras condições, passa a ser exigível a certificação de que a doença, clinicamente, se preveja evoluir para uma situação de dependência ou morte num período de três anos. Portanto, se os médicos não atestarem que estas pessoas, no prazo de 3 anos, ficam numa situação de dependência ou morrem, elas não terão acesso ao referido regime de proteção social. Uma VERGONHA. Nesta altura do ano, há ministros que seriam mais úteis às pessoas e ao país se, em vez de promover estas leis, andassem a 'varejar azeitona' no lugar de Pegas em Tapéus! Página 12 A13 ID: 61612320 29-10-2015 Tiragem: 76966 Pág: 9 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 15,77 x 21,43 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 1,mp rego Reino Unido é o pais que recebe a maior proporção de qualificados: um terço dos enfermeiros licenciados em 2013 foi para lá trabalhar Portugal é de novo país de emigração com 110 mil saídas Enfermeiros sio dos profissionais qualificados que mais emigram ► Cerca de 110 mil portugueses emigraram em 2014, tal como no ano anterior, revela o Relatório da Emigração elaborado pelo Governo, segundo o qual Portugal é "sobretudo, de novo, um pais de emigração". A enfermagem é uma das áreas com maior êxodo: um terço dos licenciados em 2013 foi trabalhar para o Reino Unido, atualmente o principal pais de destino dos emigrantes nacionais. "Hoje Portugal é, sobretudo, de novo, um país de emigração", à semelhança do que se verificou entre 1974 e o início do século XXI, reconhece o documento da autoria do gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário. O efeito da austeridade no aumento do fenómeno é assumido no relatório, que refere que "desde 2010, com a natureza assimétrica da chamada crise das dívidas soberanas e os efeitos recessivos das políticas de austeridade, a emigração passou a crescer mais do que antes da crise, estabilizando entre 2013 e 2014 na casa das 110 mil saldas/ano". No essencial, a emigração por- tuguesa realiza-se no interior da Europa: dos 21 países para onde mais portugueses se dirigem, 14 são europeus. Reino Unido, Suíça, França e Alemanha têm recebido, "nos últimos tempos", mais de dez mil emigrantes nacionais por ano. O fluxo migratório para o Reino Unido tem "características novas", sendo o pais de destino em que "é maior* a proporção de portugueses qualificados", lê-se no relatório. Os enfermeiros constituem um caso particular: Portugal forma entre 3000 a 3500 enfermeiros por ano, segundo a Ordem dos Enfermeiros, e "cerca de um terço deste número, 1211 enfermeiros portugueses, começou a trabalhar em 2013 no Reino Unido, segundo a Nursing and Midwifery Council". A emigração permitiu, "na maioria dos casos, percursos de mobilidade profissional", refere o relatório: "Se antes de emigrarem metade dos inquiridos procurava o seu primeiro emprego e 16% tinham perdido o emprego, depois da emigração para o Reino Unido todos estavam empregados". No total, estima-se que haja cerca de 2,3 milhões de portugueses emigrados, mantendo-se em França o maior número (mais de 592 mil em 2011). Página 13 A14 ID: 61612347 29-10-2015 Tiragem: 28137 Pág: 12 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,50 x 17,70 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 1 Europa quer acelerar aprovação de novos antibióticos Infeções. União Europeia está a publicar documentos para cortar o tempo de investigação dos antibióticos, que pode superar dez anos. Em cerca de 50 anos apenas surgiram dois novos DIANA MENDES A União Europeia quer reduzir o tempo de investigação de novos antibióticos, que atualmente supera uma década. O objetivo é encontrar alternativas, já que os medicamentos mais antigos têm perdido eficácia e não existem novas moléculas no mercado. Recentemente, a UE publicou um documento que pretende encurtar o tempo de investigação, encontrando as doses adequadas e eficazes no tratamento. As infeções com bactérias resistentes a antibióticos matam 50 mil pessoas por ano. Em Portugal as infeções hospitalares afetam um em cada dez doentes. Só em Gaia uma bactéria multirresistente matou três pessoas e infetou outras dezenas recentemente. "NI como aconteceu nos Estados Unidos, a Agência Europeia do Medicamento (EMA) tem tentado adequar a legislação na área dos antibióticos, proteger e aumentar o tempo das patentes e acelerar a investigação, produzindo doctunen tos para a indústria. Agora, o orga- nismo responsável pela avaliação de medicamentos a nível da UE colocou mais um no debate público. José Artur Paiva, °diretor do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aAntimicrobianos, diz que é "cada vez mais difícil tratar uma infeção, com o atual aumento das resistências a antibióticos; por outro lado, há menos medicamentos. Arriscamo-nos a viver num mundo sem antibióticos", alerta. Nos próximos tempos, "não está prevista a saída de novas moléculas, é por essa razão que é preciso tentar acelerar a investigação e criar mecanismos que a promovam". A guidelineque está em discussão pública até março de 2016 tem como objetivo criar balizas e regras para a candidatura de novas molécula, que "cortem o tempo dessa avaliação, estudando a relação entre a quantidade de fármaco e os resultados a nível da atividade das bactérias", lê-se no guia. Pretende-se "garantir o melhor uso dos antibióticos. Escolher bem o medicamento, saber por quanto tempo se deve usar e qual a dose. Desta for- ma, é possível aumentar a capacidade dos antibióticos". O documento dedica-se ao papel da fannacocinética e da fannacodinâmica. A primeira é a forma como uma droga é absorvida pelo organismo, distribuída e excretada. A segunda estuda o efeito de uma determinada dose da substância na capacidade de matar ou travar o crescimento das bactérias. Tendo em conta estes princípios, é possível evitar ou encurtar no tempo os estudos de dosagem durante os ensaios clínicos, exemplifica a guideline. Além de se acelerar a investigação, estas análises permitem identificar doses mais adequadas, mais seguras e com menor risco de se desenvolverem resistências. António Vaz Carneiro, diretor do Centro de Estudos de Medicina Baseada em Evidência e da Cochrane Portugal, calcula que, em média, o tempo de aprovação "seja de 7 a 12 anos". No entanto, tem dúvidas de que estas análises "tenham impacto significativo na redução dos tempos de investigação". Nesta área, refere inúmeras dificuldades na investigação, como as PANORAMA HOSPITAIS > 10,7% é a taxa de Infeção hospitalar em Portugal, que é quase o dobro da registada na UE e que ronda os 6%. O programa nacional e as medidas de controlo nos hospitais já permitiram reduzir a taxa, que neste ano terá caído. MORTALIDADE > 11 357 mortes em 2011 estiveram associadas a infeções hospitalares, embora nuns casos enquanto causa direta e noutros em que apenas foi detetada a infeção. RESISTÊNCIAS > 270 bactérias apenas reagiam a um antibiótico em 2013, o que aumenta as preocupações quanto às resistências e à falta de alternativas no mercado. Portugal regista altas taxas de resistência em algumas bactérias, chegando aos 50%. A bactéria de Gaia (Klebsiella pneumoniae) tornou-se a mais resistente (38,7%). dificuldades técnicas, "toxicidade de moléculas que podem ser usadas, no desenho de ensaios clínicos ou o modesto retomo do investimento". José Artur Paiva recorda que a nível europeti"tem havido várias tentativas para acelerar a aprovação destes fármacos, que na maioria das vezes são apenas modificações de moléculas anteriores. Há apenas duas novas classes atualmente em investigação". Entre as medidas, destaca-se "a criação de uma moldura legal que incentiva a indústria, oacesso a consultoria em termos de legislação, investigação e comercialização ou o aumento do tempo das patentes". Além disso, pretende-se "facilitar a entrada de medicamentos que sejam verdadeiramente inovadores e úteis com maior rapidez". Na semana passada, peritos de todo o mundo e representantes da Comissão Europeia e do departamento de Saúde dos Estados Unidos reuniram-se para definir estratégias para os próximos cinco anos para travar as resistências. Quimioterapia e cirurgia em risco Um estudo do The Lancet calcula que só nos EUA possa haver mais seis mil mortes por ano devido a uma quebra de 30% na eficácia dos antibióticos. Os peritos calculam que atam de resistência aos antibióticos seja de 39%a 51% nas bactérias associadas às cirurgias e que, na sequência de quimioterapia, essa taxa seja de quase 27%, o que levanta elevados receios quanto à perda de eficácia dos medicamentos atuais. Se os antibióticos que são dados antes da cirurgia e da quimioterapia perderem 30%de eficácia haverá no mínimo mais 120 mil infeções por ano. Página 14 A15 ID: 61612591 29-10-2015 Tiragem: 28137 Pág: 24 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 25,50 x 30,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 Jovem guineense foi transferido ontem do Complexo Hospitalar Universitário da Corunha para o Hospital Meixoeiro, em Vigo, a unidade de referência na Galiza para estes casos. Análise deu negativa Suspeita em Espanha deu negativo. África quase sem casos de ébola Saúde. Espera-se que seja o fim da epidemia que infetou mais de 28 mil pessoas e matou 11 mil. Só Guiné Conacri registou seis doentes ANA MAIA cenário, acredito que o objetivo da OMS de acabar como surto até ao final do ano vai ser conseguido", diz ao DN Jaime Nina, do Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT). Confiança porque o número de casos novos é baixo. Cedo porque ainda há pessoas a ser seguidas que podem resultar em casos positivos, a maioria na Guiné Conacri. A OMS fala de 364 casos em seguimento, dos quais 141 são de alto risco, e ainda de 233 que não estão localizados. No dia 7 de novembro, a Serra Leoa vai ser declarada livre de ébola, depois de seis semanas sem casos e se nenhum for registado até lá. A Libéria foi considerada livre de transmissão a3 de setembro. AGuiné Conacri não registou, durante duas semanas, qualquer caso, o que foi inédito. O último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado ontem, regista seis novos casos positivos nas duas últimas semanas na Guiné Conacri, que estão Resposta digo& ligados a uma cadeia de infeção co- Charlotte Oliveira, enfermeira e nhecida. Ontem, Espanha confir- doutoranda no IHMT, foi uma das mou que ocaso suspeito de um gui- voluntárias dos Médicos sem Fronneense, de 24 anos, era negativo e teiras (MSF). Esteve primeiro no que estava afinal infetado com ma- Congo, depois na Serra Leoa no filária O surto de ébola infetou 28 539 nal de 2014 e início de 2015, onde pessoas e matou 11298. deu medicamentos antimaláricos, O jovem esteve cinpara reduzir° risco de co meses na Guiné malária que o ébola Conacri a visitar a fafez disparar, e a tratar Uma das vacinas mília e regressou a Esde doentes. "No Conpanha para vera mudisponíveis go acho que estava lher e o filho recémpreparada, foi num mostrou ser -nascido. Aterrou no surto mais pequeno 100% eficaz domingo em Lisboa, de 60 pessoas. Na Sersem apresentar sintora Leoa tínhamos de mas, e apanhou um estar protegidos da autocarro para a Covinha. Na ter- cabeça aos pés, ter muito cuidado ça-feira deu entrada no hospital es- nos locais públicos se alguém nos panhol com diarreia, febre e vómi- tocava para ver se tinha um ar tos. Ontem de manhã foi transferi- adoentado. Para isso não estava do para o Hospital Meixoeiro, em preparada", conta. Vigo, unidade de referência para O cuidar dos doentes foi muito suspeitas de ébola. As autoridades diferente do que está habituada. espanholas contactaram a Direção- "Era preciso humanizar ao máximo. -Geral da Saúde, seguindo o proto- Dizer o nome, ir com alguém que já colo estabelecido. À tarde, a primei- conheciam, mostrar para que estára análise deu negativo para ébola e vamos ali. Com as crianças era ainconfirmou malária. Hoje deverá da mais complicado." Isso remeterealizar uma segunda análise para -a de imediato para um caso caricaconfirmar que não se trata de um to de um menino de 4 anos, instalafalso negativo. do na tenda de casos suspeitos. Na África Ocidental, os casos são "Nunca tinha visto uma pessoa cada vez menos. "Aparentemente branca. Quando nós estávamos estamos a assistir ao final do surto com os fatos não tinha medo de nós, de ébola. Mas ainda é cedo para di- mas quando nos via sem eles pela zer que já acabou. Ao olhar para este janela fugia com medo." Sobre o que correu mal, Charlotte fala de países impreparados para uma situação de catástrofe, de sistemas de saúde que colapsaram, de falta de medicamentos e médicos formados. "Depois temos a parte internacional, da OMS e das agências humanitárias. A resposta foi descoordenada, cada agência ia para o seu lado, houve sobreposição de intervenção. Se tivesse havido uma organização forte ter-se-iam direcionado as ações", diz, referindo que "o isolamento de doentes e a comunidade reconhecera doença e saber° que fazèr foram fundamentais para travara epidemia". Jaime Nina refere que "as relações difíceis entre os três países, o clima de desconfiança, a má comunicação com as famílias e a prática dos serviços de saúde atrasaram a resposta. Em agosto a espera para internamento depois do diagnóstico era de três dias. As pessoas voltavam para casa e infetavam outros". Do lado da OMS faltou apjlidade e rapidez para reagir como era preciso, o que levou a demissões dentro do organismo e a alguns países a pedirem a criação de um organismo autónomo para responder a epidemias. "Ultrapassaram a situação e as coisas encaminharam-se em agosto. Mas a eficácia da resposta teve mais que ver com a mobilização dos Médicos sem Fronteiras e das muitas centenas de voluntários que se colocaram no terreno", diz. Vacinas: uma ama Coma chegada ao terreno de organizações e material, a instalação de centros de isolamento e a formação RECOMENDAÇÕES Cuidado nas viagens a países infetados Apesar da redução do número casos de ébola, a Direção-Geral da Saúde mantém as recomendações. A primeira é que realizem apenas as viagens que são obrigatórias. Uma vez no país, deve evitar contacto com doentes, cadáveres, superfícies que possam estar contaminadas e animais, vivos ou mortos, que possam ser portadores do vírus. Aconselham igualmente que se evitem zonas que possam estar povoados com morcegos, animal que se suspeita ser o portador. Deve lavar regularmente as mãos com sabão ou antisséticos e evitar deslocações desnecessárias a hospitais, onde o risco de contágio é maior. aos médicos locais e informação à população começou a quebrar-se a cadeia de transmissão. Mas as vacinas, afirma o médico infeciologista, têm um papel fundamental: "A eficiência no combate ao ébola, o surgimento de novos casos tem que ver com a vacinação." Há duas vacinas. Uma preparada pelos militares norte-americanos e ensaiada pela GlaxoSmithlGine, que optaram por uma abordagem muito grande nos ensaios e que foram obrigados a reduzir os números. A outra foi feita pelo Canadá e adquirida pela Merck Sharp & Dohme (MSD) e a NewLink Genetics Corp, com a vacinação, na Guiné Conacri, de 4000 pessoas que estiveram em contacto com doentes. Foi declarada 100% eficaz. Os ensaios clínicos continuam, também nos Estados Unidos e em Espanha. No Hospital de La Paz, 40 voluntários saudáveis estão a fazer a vacinação. " Em Portugal, a MSD não tem em curso qualquer ensaio clinico com a vacina do ébola. Estes ensaios clínicos decorrem nos EUA e em Espanha", adiantou Rita Amieiro, responsável de comunicação da MSD Portugal. Mas ainda há muito por descobrir em relação ao vírus. Muitos doentes estão a sofrer de problemas posteriores, caso da enfermeira inglesa que está novamente interna- Página 15 ID: 61612591 29-10-2015 Tiragem: 28137 Pág: 25 País: Portugal Cores: Cor Period.: Diária Área: 16,48 x 30,00 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 ENTREVISTA: ANA LEMOS Coordenadora de comunicação nos Médicos sem Fronteiras Responsável pela comunicação internacional e nacional passava a mensagem das recomendações. Ana Lemos fala do que encontrou na Libéria durante o pico da epidemia "Encontrei um cenário triste, caótico. O ébola é uma praga, é a peste" Esteve na Libéria em setembro de ela. Está a angariar dinheiro para os ajudar nos estudos. Foi a primeira vez que estive em O que falhou na resposta ao surto? contacto com ébola. Encontrei um Falhou muita coisa. Mais do que cenário triste, caótico, que descrevo tudo, a resposta rápida ecedo da cocomo Ensaio Sobre a Cegueirade Jo- munidade internacional, da Orgasé Saramago. O ébola é uma praga, nização Mundial da Saúde. Depois é a peste. Era um cenário de pânico, de milhares de casos tudo é caótico. com lojas e escolas fechadas, mor- O sítio onde acontece também ajutos na tua. Uma mãe perde um filho da a que a resposta não seja rápida. e ninguém lhe pode dar um abraço. Os meios não eram suficientes e Tentava-se o máximo de proximi- precisávamos de ajuda. Não podíadade, apesar dos fatos de astronau- mos ser só nós a dar resposta ao surta e da distância de dois metros. As to. Os Médicos sem Fronteiras estapessoas estavam sozinhas e isso foi vam na Guiné Conacri quando o vítraumatizante. Todos os que traba- rus surgiu em março de 2014. lharam lá tiveram pesadelos. Mui- Dissemos que se tratava de epidetos médicos tiveram de ir embora mia sem precedentes. A Organizaantes porque não aguentavam ção Mundial da Saúde disse que esmais.A morte erauma távamos a exagerar. constante. Na Libéria O que se seguiu foram os corpos eram incimeses de pânico. Denerados. Isso foi um mos formação a mitrauma imenso porlhares de pessoas e a que lá, tal como em centenas de organizaPortugal, há um ritual ções humanitárias. de enterro, de ver o Como é que tem sido corpo. a vida para os sobreFalou de pesadelos. viventes? Que memória a marSofrem de um imenso cou mais? estigma e de conseToda a gente chorou. quências físicas e As equipas de emer- Ana Lemos conta como mentais resultantes da gência, eu também, já os efeitos da doença infeção. Perdem a autínhamos estado em continuam a marcar a dição, a visão, têm docenários de guerra. vida dos sobreviventes res nos ossos. A mãe Mas aquilo foi uma de uma criança de coisa extrema. Uma das memórias 6 anos, sobrevivente, dizia-nos que é a de uma mãe que perdeu o filho, ela tinha mudado totalmente de um bebé de 3 anos. Estava no cen- comportamento, que depois da tro de tratamento, na zona de alto infeção não ligava nada ao que ela risco, e tentava sentar o bebé numa dizia. Viemos a descobrir que tinha cadeira, mas ele estava quase mor- ficado surdo. Há uma enorme disto. Depois vieram os médicos e le- criminação para com os sobrevivaram-no para o ajudar a ter uma ventes. E como se estivessem para morte mais digna. A mãe gritava e sempre infetados. Os Médicos sem ninguém sabia o que fazer. Sabía- Fronteiras continuam a trabalhar mos que das mulheres que chegas- com os sobreviventes. Abrimos vásem grávidas, 99% iam morrer. rias clínicas pediátricas e de suporO crematório, que o govemo teve de te aos sobreviventes. Quando sencriar... saber que o bebé que vimos tiam sintomas posteriores e iam aos no dia antes e o marido da minha centros de saúde ninguém os atenamiga sobrevivente tinham ido dia com medo. para lá. Estes países serão capazes de resMantém contacto com amigos ponder a num novo surto de que ainda lá estão? ébola? De vez em quando troco sms com Como nunca aconteceu um surto algumas pessoas, sobretudo cole- como este, é um pouco adivinhar o gas. Alguns são pessoal médico e so- futuro. Na zona oeste de África, um breviventes. Dizem que a vida é surto como este penso que não uma luta. Uma enfermeira liberia- voltará a acontecer. Havia uma auna, dos Médicos sem Fronteiras, sência de resposta, agora os meios montou um orfanato em homena- são maiores e há um novo trunfo gem a uns colegas nossos que mor- que é a vacina que pode impedir a reram. Tem 25 crianças a viver com transmissão. 2014.0 que encontrou? da em estado grave. Um estudo recente mostrou a presença de fragmentos do vírus no esperma de alguns doentes nove meses depois do início de sintomas. "O recorde de isolamento do vírus no esperma capaz de multiplicação foi de 88 dias. O caso de infeções nos olhos, nas articulações, na pele e perda de audição era algo que não se sabia. Parece ser transitório. No caso da enfermeira inglesa, suspeita-se de poliartrite, que é uma infeção autoimune. Na Guiné e na Serra Leoa foi usado do soro de convalescentes que tinha anticorpos de ébola e funcionou como medicamento. Por vezes os anticorpos atacam o corpo e geram reações autoimunes. Pode ter sido isso que aconteceu." Poderá um surto como este voltar a acontecer? "E difícil voltar a ter um surto desta dimensão. As autoridades de saúde e os governos não estavam à espera. Mas surtos haverá com certeza. O morcego portador do vírus vive nas florestas desde o Sul da Guiné-Bissau até à África Oriental, zona do Uganda, e zona Norte de Angola. Agora há ferramentas para agir", refere Jaime Nina. Charlotte Oliveira lembra que "entrou muito dinheiro nos países e conhecimento também. Se terão capacidade no futuro para agir, só o tempo dirá". Página 16 A17 ID: 61612857 29-10-2015 Tiragem: 82150 Pág: 38 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 9,59 x 13,35 cm² Âmbito: Interesse Geral Corte: 1 de 1 SAÚDE Um nada que faz alguma coisa Se uma pessoa estiver convencida de que um determinado tratamento resulta, é meio caminho andado para a cura. Sobretudo quando o problema tem a ver com dor, fadiga, depressão ou náusea. Este fenómeno é conhecido como "efeito placebo" e é tão relevante que qualquer novo medicamento tem de mostrar, em ensaios clínicos, que é bem mais eficaz do que o placebo – um produto igual no aspeto, mas sem princípio ativo, tomado por um grupo de doentes. O que se tem vindo a notar é que o efeito placebo é cada vez mais acentuado, sobretudo (e com uma grande diferença) nos EUA. O epidemiologista da Universidade da Pensilvânia, John Farrar, que analisou o assunto focando-se em ensaios a medicamentos para a dor, avança algumas explicações: do outro lado do Atlântico é permitido fazer publicidade a medicamentos, ao contrário do que acontece na Europa, e a expetativa positiva divulgada pelos anúncios condicionará os resultados. Outras razões para este enviesamento pode ser a prática de contratar empresas para coordenar os ensaios clínicos, que selecionarão doentes fora dos requisitos ou prestam mais atenção e cuidado aos doentes selecionados. Ensaios clínicos a medicamentos para a dor sugerem que o efeito placebo está a aumentar – sobretudo nos EUA Análises fora dos Estados Unidos Análises nos Estados Unidos Redução da dor 40 % 30 20 10 0 1990 1994 1998 2002 2006 FONTE The Journal of the Internacional Association for the Study of Pain 2010 2014 INFOGRAFIA VISÃO Página 17 A18 ID: 61613091 29-10-2015 Tiragem: 100000 Pág: 58 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 18,00 x 25,30 cm² Âmbito: Interesse Geral Corte: 1 de 3 Destaque SAÚDE. CONSUMIDORES ASSUSTADOS EXIGEM ESCLARECIMENTOS ASI-11MANAIKGRA DACARNIHVERMELHA A Organização Mundial de Saúde lançou esta semana um alma contra as carnes vermelhas e processadas, anunciando que aumentam o risco de cancro. Isso implica deixar de as comer em absoluto? Por Angela Marques Os conselhos da DGS Depois do alerta da OMS, o sue da Direcção-Geral de Saúde publicou um texto sobre Alimentação e Cancro, no qual pede calma • A carne continua a ser considerada um alimento importante para ser incluido moderadamente na dieta humana e numa alimentação diversificada pelo seu elevado valor proteico, vitaminico e mineral. Se gostar de carne, não prescinda dela. consuma-a moderadamente. • Reduza. por precaução, o consumo de carne vermelha (vaca, porco, cabrito. etc.) para valores até 500 g por semana. Contudo, a dose acima da qual existe risco comprovado ainda não està totalmente definida. • Substitua, ocasionalmente, a carne por refeições com fontes de proteína vegetal, como o feijão. as lentilhas ou o grão. • Rejeite carnes carbonizadas na grelha. na chapa ou no churrasco. • Reduza o consumo de carne processada (enchidos. carne de fumeiro. chouriços, salsichas, carne enlatada...) para momentos ocasionais ao longo do mês. • Consuma diariamente alimentos protectores para reduzir o risco de cancro do cólon associado ao consumo de carne processada. Os protectores são fruta e hortícolas em quantidade de pelo menos 400 g diários, ou seja duas sopas de hortícolas e 3 peças de fruta, além do consumo de cereais integrais. Página 18 ID: 61613091 29-10-2015 Tiragem: 100000 Pág: 60 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 18,00 x 25,30 cm² Âmbito: Interesse Geral Corte: 2 de 3 Os riscos de cancro nas várias carnes O para terror de milhões de consumidores que não imaginam a sua vida sem bifes nem bacon. um relatório da agência internacional da OMS que se dedica ao estudo do cancro. veio esta semana afirmar que o consumo de carne vermelha é "provavelmente carcinogéneo para humanos" e o consumo de carne processada é "carcinogéneo para humanos". Adeus, hambúrgueres artesanais e carne maturada? O estudo, feito com o contributo de 22 especialistas de 10 países e publicado na revista cientifica The Lancer, já foi objecto de desprezo. Primeiro, por todos aqueles que há muito viram a roda dos alimentos transformar-se numa pirâmide e sabem que o equilíbrio no consumo de carnes vermelhas é altamente aconselhado; depois. por aqueles. como os industriais da carne, que tudo farão para impedir que a carne vermelha e a carne processada selam diabolizadas. Os dados, no entanto. são claros: segundo a OMS. há anualmente 34 mil mortes no mundo que podem ser associadas ao alto consumo de carne processada. Na verdade, diz a organização, o consumo diário de 50 gramas desta carne (que se entende como processada a partir do momento em que tenha passado por processos de salmoura, secagem. fermentação ou defumação) eleva em 18% o risco de desenvolvimento de um cancro colorrectal (ou do intestino). No caso da carne vermelha. o estudo fala no consumo de 100 gramas diários para o aumento do risco em 17%. Em Portugal. num comentário enviado à agência Alguns estudos apontam uma relação entre o consumo elevado de carnes processadas e o risco de cancro. As carnes vermelhas (de vaca, porco ou borrego) apresentam algum perigo. E as de aves são as mais saudáveis /4" Potencialmente carcinogéneo Vários estudos Indicam que o consumo elevado pode aumentar a probabilidade de tumores no cólon A incidência Defesa A Associação Portuguesa de Industriais de Carne considerou "inapropriadó atribuir a um só factor o risco aumentado de cancro Polulçào 200.000 Tabaco 1.000.000 Alimentação 50.000 r Álcool 600.000 100 gramas por O consumo de 50 dia de carne vermelha fazem aumentar o risco de cancro no cólon em._ gramas de carne processada por dia aumentaria o risco de cancro no cólon em... Fonte SABAD0 F.R. N classificáveis como carcInogéneos Carne de aves Fonte SÁBADO Mortes anuais de cancro associado a Provavelmente carcinogéneo "SOMOS UM DOS MAIO RES CONSUMIDORES DE PEIXE. TE MOS TAMBÉM DUAS DIETAS IM PORTANTES" Alguns estudos científicos associam o seu consumo a tumores no cólon, pâncreas e próstata Estudos não provaram a existéncla de uma relação entre o consumo e o aumento de risco de cancro R.S. Lusa poucas horas depois da divulgação do estudo, a Associação Portuguesa dos Industriais de Carnes disse considerar "inapropriado atribuir a um único factor um risco aumentado de cancro", uma vez que este se trata de um "assunto multo complexo que pode ser dependente de uma combinação de muitos factores, tais como: idade, genética. dieta, ambiente e estilo de vida". Com tranquilidade, o director-geral da Associação de Hotelaria. Restauração e Similares de Portugal (AHRESP). josé Manuel Esteves. fez também um comentário: "Vamos todos, cada um por si como consumidor. estar atentos, mas sem pânico. O relatório é positivo. É bom que a população esteja sensibilizada." E lembrou: "Somos um dos maiores consumidores de peixe. temos também duas dietas importantes (a mediterrânica e a atlântica) e somos líderes europeus nas boas práticas de higiene e segurança alimentar." Seja qual for a matéria, percebe-se hoje que um caso é sério quando ele chega ao Twitter. O relatório da OMS da última semana não precisou de 24 horas para irromper nesta e noutras redes sociais. Em sede de TwItter. foi de imediato criado o hashrag O Página 19 ID: 61613091 29-10-2015 O consumo Carne de sebo Pág: 62 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 18,00 x 25,30 cm² Âmbito: Interesse Geral Corte: 3 de 3 is 2010 2011 II 2012 El 2013 ■ 2014 Como se tem modificado o consumo de carne em Portugal (valores em toneladas) Carne de bovino Tiragem: 100000 Carne de ovino e caprino Outras aniles Carnes de capoeira 0 O Miudezas 'T4'K 392 203 In 8 Gd ea as a 49 I. N32 111;. 2611:11:il 11111111111 Total de carnes e miudezas 02 1.2 : 2010 F.R. Fonte SÁBADO O wurstgate. Nada mais natural. se se pensar que o povo alemão tem como prato típico a salsicha. O tom foi de gozo e o alarme não chegou a alastrar, embora Angela Merkel não se tenha livrado de surgir em fotografia de cachorro nas mãos. Noutros pontos do mundo, amantes de bacon tiveram um dia duro. Um em particular terá tido, segundo o Washington Post, um dos piores dias da sua vida. Conceda-se: quem quereria ser CEO de um site chamado Bacon Freak no dia em que a OMS põe o bacon na sua lista negra? Em declarações ao Washington Post. Rocco Loosbrock disse o que podia: "Estamos sa a tentar ficar de cabeça erguida hoje." É que embora garanta que acredita num consumo moderado de bacon. é ele que tem à venda no seu stte (www baconfreak.com) T-shIrts com a frase "0 bacon salvou o nosso casamento" e canecas com o escrito "Qualquer hora é hora de bacon". Acusação A PETA anundou que vai oferecer um kit de iniciante com receitas e pianos alimentares a quem quiser tornar-se vegan QUEM QUERERIA SER CEO DE UM SITECHAMADO BACON Um Natal antecipado? FREAKNO DIA EM QUE A OMS PÕE O Do outro lado da barricada, diz o jornal, as associações de direitos dos animais terão tido um Natal an- LISTA NEGRA? BACON NA tecipado. "As nossas vidas podem depender da escolha entre um hambúrguer vegetariano em vez de uma salsicha alemã". terá dito, em comunicado e em resposta ao estudo. Ingrid Newkirk, a presidente da PETA. que aproveitou também para anunciar que irá oferecer um kit de iniciante (com receitas e planos alimentares) a quem se quiser tornar vegan. Entre versões e papões, os consumidores de carne de todo o mundo (com excepção. talvez, daqueles que se pronunciam já defendendo que este é um problema de primeiro mundo. de quem pode dar-se ao luxo de comer carne processada diariamente) estão confusos: e agora, podemos continuar a comer carne? O facto é que quando questionada directamente sobre a necessidade de se parar de consumir carne. a OMS responde: "Comer carne tem benefícios para a saúde. Muitas recomendações são já feitas no sentido de limitar o consumo de carne processada e vermelha. que está ligada ao aumento do risco de morte por complicações cardíacas, diabetes e outras doenças." O Página 20 A21 ID: 61612830 29-10-2015 Tiragem: 82150 Pág: 34 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 10,03 x 17,50 cm² Âmbito: Interesse Geral Corte: 1 de 1 PODEM AS SALSICHAS FAZER TÃO MAL COMO O TABACO? Na segunda-feira, 26, a lista da Organização Mundial de Saúde (OMS) com os compostos cancerígenos ganhou mais uma entrada: as carnes processadas. Nesta categoria incluem-se salsichas, bacon, fiambre, chouriços e linguiças (juntando-se assim ao amianto, às bebidas alcoólicas, à poluição atmosférica e à radiação solar). Ao mesmo tempo, carnes vermelhas, como vaca, borrego e porco, entraram no grupo dos "provavelmente cancerígenos". Há, no entanto, diferenças notáveis. Enquanto no caso das processadas se conseguiu estabelecer uma relação direta entre o consumo e o aumento do cancro do cólon, no que toca às carnes vermelhas as provas ainda são limitadas, embora já haja alguma evidência científica nos cancros do intestino, pâncreas e próstata. Mas atenção: comer salsichas não equivale a fumar. A ingestão de 50 gramas diárias de carne processada aumenta o risco em 18% – ou seja, soma apenas um ponto percentual à taxa de incidência (extrapolando os números dos EUA, passaria de 5 para 6% a probabilidade de se ter cancro do cólon, ao longo da vida). Já os cigarros aumentam o risco de cancro do pulmão em mais de 1200% (de 1,3% para 17,2%). Isto significa que, se uma dieta pobre em carnes processadas fosse a norma, se reduziriam 34 mil mortes por ano; se todos deixassem de fumar, salvar-se-iam um milhão de vidas. L.O. CANCROS CAUSADOS POR TABACO 19% de todos os cancros 86% dos cancros de pulmão MORTES DE CANCRO QUE SE PODIAM EVITAR CARNE PROCESSADA POR ANO, NO MUNDO E CARNE VERMELHA 3% 34 000 de todos os cancros se ninguém comesse carnes processadas 21% se ninguém bebesse bebidas alcoólicas dos cancros intestinais 600 000 1 000 000 INFOGRAFIA VISÃO FONTE Cancer Research UK INFOGRAFIA VISÃO se ninguém fumasse Página 21 A22 ID: 61613076 29-10-2015 Tiragem: 100000 Pág: 40 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 17,74 x 25,30 cm² Âmbito: Interesse Geral Corte: 1 de 13 Destaque ALIMENTACÃO. OMS LANÇOU ALERTA CONTRA CARNE VERMELHA E PROCESSADA O QUE VAMOS COMER ATÉ Batatas e maçãs que não oxidam, novas gomas para as pastilhas elásticas, sumos de noni, fruta tropical desconhecida, õleo de sementes de coentros. Na semana em que a OMS alertou para os perigos da carne vermelha e processada, a SÁBADO revela-lhe os novos produtos já autorizados pela Comissão Europeia. E dá-lhe uma lista de outros alimentos que chegarão em breve à sua mesa Era capaz de beber um caldo de grilos? A SÁBADO foi, em Bruxelas. Por tais Sibmitre e Md Vasco (fotos) Página 22 ID: 61613076 29-10-2015 Tiragem: 100000 Pág: 41 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 17,55 x 21,14 cm² Âmbito: Interesse Geral Corte: 2 de 13 A biotecnologia pode criar produtos naturais que não oxidam (as totos de Rui Vasco são inspiradas num trabalho publicado na revista Popular Science) Página 23 ID: 61613076 29-10-2015 Tiragem: 100000 Pág: 42 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 18,00 x 25,30 cm² Âmbito: Interesse Geral Corte: 3 de 13 o Novos aromas podem ser adicionados artificialmente a alimentos tradicionais como a alface N a bancada da cozinha estão pequenas taças com granulado de pólen. salicornia, algas-kombu, wakame e alface-do-mar. Não se trata de uma aula de ciências mas parte da lista de ingredientes que o chef Freddy Guerreiro começa a preparar na cozinha experimental cla Electrolux. em Paço de Arcos. para incluir nas receitas de migas com bacalhau e queijo gratinado. "Os consumidores estão cada vez mais atentos às novidades. A grande diferença é que agora muitos pratos vanguardistas com ingredientes inovadores, que antes só se encontravam em restaurantes de topo. já podem ser feitos em casa", explica a SÁBADO. A SALICÓRNIA, QUE CRESCE NAS SALINAS, É CADA VEZ MAIS USADA NA ALIMENTAÇÃO HUMANA A preparação das migas é feita seguindo os passos básicos do guião cia cozinha alentejana. com o pão ensopado. temperado com alho ralado e moldado em forma de pequenos bolinhos que vão a alourar numa frigideira. A diferença é que nessa massa são incorporadas tiras de algas cortadas em juliana. O sabor tradicional é assim enriquecido com aromas de mar e o prato final é decorado com as folhas de salicórnia. uma planta com seiva salgada. que cresce nas salinas e começa a ser cada vez mais usada na alimentação humana, sobretudo para temperar saladas como substituto do sal. Este é apenas um exemplo do novo leque de produtos que começam a chegar aos supermercados e O Página 24 ID: 61613076 29-10-2015 Imprima a sua própria comida fá existem impressoras 3D que permitem criar alimentos As marcas de electrodomésticos Foodini e Chefiei Pro. 3D Systems lançaram recentemente impressoras de comida que fazem massas, bolachas e até hambúrgueres personalizados, com caprichosas formas tridimensionais. Se "os olhos também comem', então os alimentos que saem destes aparelhos prometem Impressionar o consumidor gourmet mais exigente. Outra forma de criar modelos de alimentos tridimensionais foi desenvolvida pela empresa Dovetailed e baseia-se na técnica de esferificação, um método criado na chamada cozinha molecular, que permite criar pequenas esferas gelatinosas a partir de sumos de fruta e outros líquidos alimentares. Neste caso, a Impressora faz réplicas de amoras e framboesas. o Além de formas geométricas. há Impressoras que podem fazer réplicas de amoras e framboesas 88 por cento dos oeit,5tas afirmam ser seguro consumir alimentos geneticamente modificados. mas só 37% do público concorda A UNIÃO EUROPEIA ESTA A CRIAR LEGISLAÇÃO PARA RESPONDER À CHEGADA DE NOVOS ALIMENTOS Tiragem: 100000 Pág: 44 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 18,00 x 25,30 cm² Âmbito: Interesse Geral Corte: 4 de 13 0 a mudar os hábitos dos consumidores. "Muitos destes novos alimentos já se encontram em diversas lojas e mercados de produtos biológicos. A alfacedo-mar é uma das algas mais comuns na costa portuguesa". sublinha Freddy Guerreiro. Mais do que uma moda, esta mudança de rotinas e a introdução de novos Ingredientes promete alterar a alimentação do futuro. Produtos como estes são já consumidos noutros países. sobretudo por comunidades remotas, mas só agora começaram a ser introduzidos nos paladares ocidentais. Cereais como a quinoa ou as sementes de chia, as bagas de góji ou as folhas de stevia já se encontram com regularidade nas lojas de produtos naturais e dietéticos ou até mesmo nos supermercados convencionais. Mas outras novidades estão a caminho, como explica à SÁBADO Chantal Bruetschy, directora do Departamento de Inovação da Direcção de Saúde e Alimentação da Comissão Europeia. "A União Europeia está neste momento a elaborar legislação e regulamentos de segurança alimentar para responder à introdução de novos tipos de alimentos no mercado", explica. A lista de novidades recentemente autorizadas pelas autoridades comunitárias inclui cremes vegetais para barrar o pão enriquecidos com fitosteróls. substáncias natura►s que ajudam a controlar o colesterol, novas gomas para pastilhas elásticas, sumo de noni (um fruto tropical) pasteurizado. óleo de sementes de coentros, proteína de colza. levedura tratada com ultravioleta e vitamina K2 sintética. só para apontar alguns exemplos. Larva ao preço de caviar Jorge Rueda de Sousa. adido comercial e perito em agricultura da Embaixada do México em Bruxelas sublinha que várias organizações de produtores mexicanos aguardam a nova legislação para começar a exportar algumas das iguarias do seu país para a Europa. Quer sejam frutos exóticos ou outras especialidades menos comuns na culinária ocidental. "Muitas comunidades rurais do México costumam consumir larvas ou ovas de insectos, são consideradas verdadeiras iguarias e algumas são mais caras do que o caviar", conta. A mais conhecida é a larva de gusano, uma espécie de borboleta que se encontra nas garrafas de mescal, uma das bebidas alcoólicas mais populares do pais. Além de ser usada para aromatizar esta bebida, também pode ser consumida noutros pratos tradicionais, como as tortilhas ou as tostadas (espécie de tostas finas de cereais que se servem com patè ou outra pasta cremosa). "Este tipo de comida já é consumida pelas comunidades rurais há centenas de anos, o que prova que é segura e só é necessário ultrapassar algumas questões culturais para ser apreciada também pelos consumidores europeus", sublinha Rueda de Sousa . Foi a pensar nesta nova realidade que o Parlamento Europeu organizou. em Bruxelas, a 29 e 30 O Página 25 ID: 61613076 29-10-2015 ».•-••• . Tiragem: 100000 Pág: 46 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 18,00 x 25,30 cm² Âmbito: Interesse Geral Corte: 5 de 13 P) • o O gigante agropecuário Simplot pós a venda, este ano. batatas para fritar geneticamente modificadas O de Setembro passado. o seminário Novel Foods O que vamos comer em 2025?. Um dos pontos altos do evento foi o workshop do cozinheiro italiano Roberto Flore. chef principal do Nordic Food Lab, labo ratório culinário criado por René Redzepi, chef do Noma, nomeado como melhor restaurante do mundo em 2010 e 2011. Frente a uma plateia repleta de jornalistas e eurodeputados. Roberto Flore mandou servir a entrada e os empregados de sala, trajados a ri gor com fato escuro e luvas brancas. começaram fazer circular bandejas com colheres cheias de formi gas coladas a goticulas de mel. Não foi nenhum erro, nem era motivo para alarme das autoridades sanitárias. O prato era mesmo feito com formigas. "Provem. Não tenham medo. E digam-me ao que sabe", desafiou o chef Alguns resistiram, mas a maioria dos presentes levou as colheres à boca e trincou os insectos. com uma textura crocante e forte aroma cítrico. se- PELA SALA COMEÇARAM A CIRCULAR BANDEIAS COM COLHERES CHEIAS DE FORMIGAS COLA DAS A GOTICULAS DE MEL melhante a limão. "Como vêem, é um sabor muito familiar. parece citronela. uma planta aromática que se usa para temperar vários pratos", explicou Roberto Flore. Depois de ultrapassar a primeira prova. seguiu-se nova receita: tostada com pasta de larvas de abelha e caldo de grilos. Para fechar a refeição, foi servido um gtn gourmet. também feito com formigas. uma produção limitada de apenas 100 garrafas em que o preço de cada unidade chega aos 275 euros. Se hoje a inclusão de insectos na dieta ocidental ainda causa alguma estranheza ou mesmo repugnância, no futuro esse tipo de ingredientes poderá torna-se banal, como defendeu Afton Halloran. investigadora da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca. "Os insectos são uma excelente fonte de proteínas e ao nivel nutricional são muito mais equilibrados do que a carne de vaca. por exemplo. Além disso, O Página 26 ID: 61613076 29-10-2015 Tiragem: 100000 Pág: 48 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 18,00 x 25,30 cm² Âmbito: Interesse Geral Corte: 6 de 13 Destaque O constituem um alimento muito rico e mais fácil de produzir, com bem menos impacto ambiental", acrescentou. A especialista diz que podem perfeitamente ser incorporados na indústria alimentar, sob a forma de farinhas ou concentrados de forma a ultrapassar a relutância que muitos consumidores ocidentais têm em relação a eles. "Em muitos países orientais é comum o consumo deste tipo de comida sem preconceito. Mesmo as Nações Unidas apresentaram vários estudos em que é expressamente indicado que os insectos serão uma das alternativas mais racionais para a alimentação humana no futuro", conclui. Batatas que nunca oxidam As preocupações ecológicas são um dos factores-chave que irão moldar a alimentação mundial, como defende Morgaine Gaye. que se apresenta como "futurologista da comida" e é investigadora de novas tendências alimentares nas universidades de Nottingham Trem. no Reino Unido, e de Lund, na Suécia, além de colaborar regularmente em documentários de culinária da BBC. "A produção de carne vermelha tem um Impacto ambiental muito grande e tudo indica que uma das alternativas será a produção de carne artificial em laboratório". defende. Além de colaborar regularmente em programas de televisão. é consultora especializada de empresas alimentares sobre os novos aromas e as modas que podem seduzir os consumidores. Imogen Foubert é uma das investigadoras da universidade de Leuven. na Bélgica, que está a desenvolver novos tipos de alimentos para consumo humano. "O nosso trabalho consiste na criação de algas em laboratório capazes de produzir gorduras saudáveis, como os ácidos gordos ómega 3, muito importantes na prevenção de doenças cardiovasculares". explica a cientista à SÁBADO. A especialista acrescenta que o mesmo tipo de tecnologia pode ser usado para produzir alimentos vegetais com maior teor de proteínas. que poderão. por exemplo, ser usados por vegetarianos para substituir a carne. Alguns dos mais recentes avanços científicos ainda não são consensuais entre peritos e consumidores. O uso de organismos geneticamente modificados (conhecidos pela sigla OGM) na agricultura continua a ser polémico, mas várias empresas de biotecnologia argumentam que os seus produtos são seguros para a saúde e para o ambiente e que podem até evitar algumas doenças associadas à alimentação. Uma das novidades mais recentes é a criação de batatas que não oxidam, ou seja. que não ficam escuras depois de serem cortadas. O trabalho foi desenvolvido pela empresa norte-americana Simplot (uma companhia conhecida por ter lançado as primeiras batatas pré -fritas congeladas e os flocos de puré de batata desidratados) - neste caso. o método consistiu na introdução de genes específicos de batatas selvagens em variedades comerciais de forma a bloquear a produção de acrilamida. uma das substâncias canceríge- O Página 27 ID: 61613076 29-10-2015 Tiragem: 100000 Pág: 49 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 18,00 x 25,30 cm² Âmbito: Interesse Geral Corte: 7 de 13 o A aquacultura em sistemas fechados Pode dispensar o uso de mit IbuSacos Para criar, por exemplo, camarões Página 28 ID: 61613076 29-10-2015 Comida para quem não gosta de comer É uma nova moda e polémica as refeições liquidas estão a expandir-se A moda começou a surgir entre os informáticos e engenheiros de Silicon Valley. nos Estados Unidos. Muitos deles passam horas intermináveis no trabalho e consideram uma perda de tempo parar de trabalhar para fazer as refeições. Há dois anos foi lançado Soylent. uma refeição liquida com os nutrientes essenciais, vendida em garrafas em que tem uma textura semelhante ao leite, mas que é feita sobretudo á base de soja e de algas. O sucesso do produto foi enorme e desde então já surgiram no mercado norte-americano produtos similares. como a Ambronite, à base de aveia. ou a DIY Soylent, com vários sabores ou adaptados a necessidades específicas, para quem pratica exercício físico ou quem quer emagrecer. Apesar de os fabricantes garantirem que este tipo de produtos fornece os nutrientes essenciais, muitos especialistas avisam que a moda pode ser prejudicial. pois o organismo precisa de fibras (presentes na fruta e nos vegetais) para fazer bem a digestão. o Os Insectos aparecem em todas as listas de alimentos que serão consumidos no futuro Tiragem: 100000 Pág: 50 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 18,00 x 25,30 cm² Âmbito: Interesse Geral Corte: 8 de 13 O nas libertadas pela fritura. lá começaram a ser comercializadas no Verão em alguns restaurantes. mas os grandes gigantes das cadeias de fasr food. principais fornecedores de batatas fritas. ainda não adoptaram o produto por receio da reacção dos consumidores. o Alguns chels ja trabalham, por exemplo. com formigas - e empregam-nas em tudo. de tostas a gin EM LABORATÓRIO TESTA-SE O CULTIVO DE LEGUMES COM CADA VEZ MENOS ÁGUA Brócolos, alface e tomate sem pesticidas No inicio deste ano, as autoridades sanitárias norte-americanas também aprovaram a produção das "maçãs árcticas". assim designadas pela empresa de biotecnologia Okanagan Frults porque não oxidam nem escurecem depois de cortadas. Para lá estão a ser produzidas as variedades de Golden e Granny Delicious. mas a companhia já anunciou que pretende alargar o mesmo conceito a outro tipo de frutos. Alguns produtores agrícolas evitam a utilização de alimentos geneticamente modificados mas recorrem a métodos que parecem saídos da ficção científica. Uma das experiências pioneiras consiste em evitar o cultivo ao ar livre. recorrendo a estufas totalmente fechadas para evitar as pragas e. por conseguinte. o uso de pesticidas tóxicos, fornecendo ao mesmo tempo as condições da água e de luz ideais, de forma que as plantas produzam várias colheitas por ano. Esta pesquisa radical começou a ser desenvolvida no Massachusetts institute of Technology (MIT). em Boston. nos Estados Unidos. por Caleb Harper. aluno do departamento de informática. no célebre Media Lab. um dos centros de inovação de software mais conceituados do mundo. O seu passatempo é a agricultura e Harper decidiu começar a criar brócolos. alface e tomate dentro dos laboratórios e socorrer-se de sensores que reduzem o consumo de água O Página 29 ID: 61613076 29-10-2015 Tiragem: 100000 Pág: 52 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 18,00 x 25,30 cm² Âmbito: Interesse Geral Corte: 9 de 13 Destaque 4 o Cereais modificados reduzirão significativamente o risco de perda de colheitas O e maximizam a produção de vitaminas e outros nutrientes. Em Setembro passado. Harper lançou a Open Agriculture Initiative. plataforma digital para troca de in formações agrícolas. semelhante à Wikipédia, onde os utilizadores podem partilhar métodos inovadores na produção de alimentos. "Há uma empresa na Holanda, a PlantLab, que está a produzir legumes em velhos armazéns. onde instala incubadoras com diferentes microclimas. dando origem a frutos ou vegetais com aromas, formas e sabores completamente distintos. Toda a produção é controlada por sensores electrónicos que regulam a quantidade de dióxido de HÁ CULTURAS EM ESPAÇOS FECHADOS EM QUE OS VEGETAIS RECEBEM LUZ 22 HORAS POR DIA carbono ou a intensidade das luzes LED. que iluminam o espaço", explicou à revista Popular Science. "Esse tipo de informação é precioso, e não se espera que partilhem todos os seus segredos, mas se parte dessa informação for disponibilizada ao público. podem surgir enormes avanços na produção agrícola mundial", sublinha. Harper defende que será possível, por exemplo, poupar mais de 90% de água na produção de vários tipos de alimentos. A Green Sense. sediada nos Estados Unidos, é uma das empresas mais vanguardistas na produção de vegetais. Alface, manjericão e ervas aromáticas são cultivados em espaços fechados, em estantes iluminadas 22 horas O Página 30 ID: 61613076 29-10-2015 Tiragem: 100000 Pág: 54 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 18,00 x 25,30 cm² Âmbito: Interesse Geral Corte: 10 de 13 Leite de sola E o mais difundido nas cadeias comerciais; rico em proteínas, cálcio potássio e magnésio Leite de cevada Este cereal possui mais proteínas que o trigo e contém Inositol, substancia que regula a produção de gorduras Leites há muitos. Novas alternativas vegetais ao tradicional leite de vaca começam a surgir no mercado Leite de anoz Adequado para doentes celíacos, tem poucas calorias e ajuda a regular a digestão O por dia e com as raizes mergulhadas em pequenos contentores com o fluxo de água e nutrientes controlados por computador. Até as luzes foram concebidas para maximizar o crescimento das plantas. através de uma parceda com a Philips. de forma a produzir luz com o comprimento definido entre o vermelho e o azul. "Não esta mos sujeitos a inundações ou a secas. Aqui dentro o clima é sempre perfeito e. em algumas espécies. até é possivel fazer várias colheitas por mês". explicou ã Popular Science Robert Colangelo. o CEO da empresa. Plantas a crescerem para os lados 1.:ste npo de estratégia taz com que as plantas não gastem energia desnecessariamente - em vez de crescerem para cima em busca da luminosidade solar, crescem mais para os lados. pois são banhadas por luz ideal constante, o que rentabiliza mais a produção. Também as explorações de pecuária e aquacultura procuram reduzir o impacto ecológico e evitar a introdução de produtos químicos artificiais na cadeia alimentar humana. É o caso da RDM Aquaculture. que produz camarões em aquários fechados com sistemas de circulação de água. para evitar doenças e dispensar antibióticos. Este tipo de tecnologia vai ao encontro de uma das tendências mais fortes dos últimos anos e que deverá aumentar ainda mais daqui para a frente. "As pessoas das grandes cidades querem controlar cada vez mais o que consomem e optam por cultivar os seus próprios alimentos". explica Morgaine Gaye. A especialista diz que também surgem mais consumidores que pretendem tratar eles mesmos dos processos de transformação da comida, por exemplo preparando alimentos desidratados caseiros. com prazos de validade mais alargados. ou comida fermentada (um processo usado no pão ou no queijo, por exemplo) para acentuar os sabores 0 Leite de amandoa Controla o colesterol e a osteoporose. contém magnésio. ferro. cálcio e vitamina E No Japão, numa antiga fábrica de semi• condutores da Sony, cientistas são capazes de produzir 10 mil alfaces por dia COM LUZ IDEAL CONSTANTE. AS PLANTAS NÃO TEM DE CRESCER PARA CIMA: CRESCEM PARA OS LADOS Leite de avelã E rko em gorduras saudáveis e arginina, urna substancia benéfica nos processos de cicatrização Leite de avela Multo rico em hidratos de carbono: contém alto teor de antioxidantes e fibras que ajudam a digestão Página 31 ID: 61613076 29-10-2015 Tiragem: 100000 Pág: 56 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 18,00 x 25,30 cm² Âmbito: Interesse Geral Corte: 11 de 13 • 2 •.••• • • "' -› • • r".••• ;&:--,;,/ • "•"" "• "'•••• • • ' 1:• •." nr. • o A iluminação pode ser adequada ás necessidades de cada planta. acelerando os ciclos de crescimento O Até a forma de cozinhar está a mudar, como subli nha Freddy Guerreiro: "Hoje as pessoas cozinham mais a longo prazo. Podem preparar a comida em sacos em balados a vácuo que, além de preservarem melhor o sabor, permitem guardar as refeições para a semana." Mesmo os novos electrodomésticos, como fornos e fogões. vém equipados com funções para cozinhar com o método da slow food: os pratos ficam a cozinhar mais tempo a baixas temperaturas. a 60 °C, por exemplo. "Um dos novos fornos que lançamos este ano na feira de electrónica IFA, em Berlim, permite fazer a ligação com o iPad. para programar as receitas através deste dispositivo electrónico". explica Marisa Pires, directora de marketIng da Electrolux. Afton Halloran acrescenta que a tecnologia também poderá permitir o acesso a alimentos pouco habituais. "Muitas raízes, plantas e ALÉM DE NOVOS ALIMENTOS, A COZINHA A BAIXAS TEMPERATURAS VAI TORNAR-SE CORRENTE bagas selvagens são excelentes fontes de nutrientes. Uma das grandes inovações do restaurante Noma foi levar os cozinheiros para os bosques e para as praias. onde puderam colher plantas para as receitas." E adianta que muitos desses alimentos poderão ser conservados de forma mais eficiente, desidratados de forma caseira, para manter mais eficazmente as propriedades. A especialista sublinha ainda que o conceito de "comestível" está a mudar e que as florestas e os campos naturais são "despensas de alimentos" muito mais bem fornecidas do que hoje se imagina. Se estes são os grandes movimentos da culinária moderna, é possível concluir que teremos cada vez mais alimentos-proveta. Mas. por outro lado, existirá um certo regresso á recolha de ingredientes no meio selvagem. O Página 32 ID: 61613076 29-10-2015 Tiragem: 100000 Pág: 3 País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 4,52 x 6,72 cm² Âmbito: Interesse Geral Corte: 12 de 13 Destaque O QUE VAI CHEGAR À NOSSA MESA Conheça os novos alimentos que estão a ser criados - agora que a carne está sob alerta Página 33 ID: 61613076 29-10-2015 M s twro ater ,,,, _ • • Int e eic r 4' ao -4?',s• e 4e7Gr Irta, la País: Portugal Cores: Cor Period.: Semanal Área: 18,00 x 19,35 cm² Âmbito: Interesse Geral Corte: 13 de 13 .r. a , ! eirfrk i lPf tP - r . r ft e •A'S lwr: t ei,: fr o• Pág: 1 c ,..... r•-;•5 - „ f: pire g f. ;Joe. fa,„•• e Tiragem: 100000 Adr#P4C.4.Sr ra...., 1 01,.... 1F-4. h It. #7 " a 0•1 , ..: -} 41 1 ts> • e. - I ; ;3 t: ' : . Prii. rC 1 # ;,,if ;1940:74 er i y, ., , ..., es; < z; •L! r ã . 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