OS SENTIDOS DA LEITURA E OS GÊNEROS DISCURSIVOS: REFLEXÕES AO ENSINO DE EVOLUÇÃO BIOLÓGICA PALCHA, Leandro Siqueira – UFPR [email protected] Eixo Temático: Formação de Professores e Profissionalização Docente Agência Financiadora: MEC/REUNI Resumo Este estudo compõe parte de uma dissertação de Mestrado em que analisamos a relação entre a leitura de textos, de diferentes gêneros discursivos, relativos à Evolução Biológica e as formações discursivas em que se configuram esse conhecimento e a atividade pedagógica na formação docente. Por certo, a nossa concepção de leitura encontra-se firmada nos pressupostos teóricos da Análise de Discurso Francesa, tratando-se de um processo de circulação e legitimação de sentidos que se constituem sócio-historicamente e permitem aos sujeitos, entre outras coisas: interagir com textos variados, produzir discursos menos ou mais especializados, acessar certos domínios de conhecimento e, sobretudo, conviver em diferentes esferas cognitivas e sociais. Nessa linha, realizamos uma pesquisa - numa turma, com 30 licenciandos, do Curso de Ciências Biológicas - envolvendo: a leitura, a produção de textos de gêneros discursivos variados (isto é, Charges, História em Quadrinhos, Ilustrações etc) e propostas de ensino sobre o tema Evolução Biológica. Considerando o número de participantes da pesquisa, optamos neste estudo em analisar 7 dos textos produzidos, os quais incluem os gêneros: Carta, Diário, Conto, Texto Humorístico e de Divulgação Científica, por onde, discutiremos os sentidos da leitura e o papel dos gêneros discursivos na autoria de textos e estratégias ao ensino. Em suma, nossas reflexões confluem para a importância da história, concepção e prática de leitura dos futuros professores, a fim de mobilizar os sentidos e a autonomia sobre o conhecimento a ser mediado no Ensino de Ciências. Palavras-chave: Leitura. Gêneros Discursivos. Evolução Biológica. Ensino de Ciências. Introdução Este estudo é parte de uma dissertação de Mestrado em que analisamos a relação entre a leitura de textos, de diferentes gêneros discursivos, relativos à Evolução Biológica e as 5569 formações discursivas1 em que se configuram esse conhecimento e a atividade pedagógica na formação docente de Licenciandos em Biologia. Por certo, a nossa concepção de leitura encontra-se firmada nos pressupostos teóricos da Análise de Discurso Francesa (doravante AD), na qual a leitura na/da sociedade torna-se uma condição básica de participação dos sujeitos em questões políticas, culturais e sociais. Trata-se de um processo de circulação e legitimação de sentidos que se constituem sóciohistoricamente e permitem aos sujeitos, entre outras coisas: interagir com textos variados, produzir discursos menos ou mais especializados, acessar certos domínios de conhecimento e, sobretudo, conviver em diferentes esferas cognitivas e sociais. Além do mais, assumimos que a leitura não é apenas um compromisso do professor de língua portuguesa, mas um desafio atualmente de toda a sociedade, de diferentes docentes e diferentes áreas do saber. Assim, entendemos a leitura como uma possibilidade de analisar algumas questões, rediscuti-las e aprofundá-las, a fim de propormos avanços nas relações entre o ensino e o conhecimento. Com relação aos gêneros discursivos, ou gêneros textuais, buscamos compreender o funcionamento e reflexões sobre a prática da escrita e leitura de textos na área do ensino de ciências. Tendo em vista que estes moldam certos discursos através de uma determinada organização, domínio e predomínio de certas peculiaridades discursivas para abordar um problema e podem contribuir com múltiplos olhares ao conhecimento envolvido. Portanto, reportaremos nesse estudo a discutir os sentidos da leitura e dos gêneros discursivos na autoria de textos e estratégias para o ensino de Evolução Biológica e indicaremos algumas de nossas reflexões didáticas, envolvendo uma pesquisa realizada numa turma, com 30 Licenciandos, do Curso de Ciências Biológicas. Pressupostos Teóricos da Análise do Discurso Francesa (AD) Como afirmado anteriormente, partimos do princípio que na leitura os sentidos não são pré-determinados pelo texto, mas, vão além dele, são elaborados e re-elaborados constantemente num movimento dialógico, legitimados historicamente por vários fatores sócio-ideológicos e atravessados pela ação entre os sujeitos e o texto. Para AD, essa trama de 1 Designamos por formação discursiva a noção atribuída por Eni Orlandi e que pode ser definida, como: “aquilo que numa formação ideológica dada – ou seja, a partir de uma posição dada em uma conjuntura sócio-histórica dada – determina o que pode e deve ser dito.” (ORLANDI, 2003, p.43) 5570 sentidos não pode ser direta, nem automática, é uma relação complexa que exige ser trabalhada em conjunto com a historicidade do texto, ou seja, o seu modo de produzir sentidos, atravessado por diversas formações discursivas (ORLANDI, 2001a). Por tal razão, consideramos a leitura como um veículo de interação, por onde o sujeito-autor sugere sentidos para que o sujeito-leitor possa interpretar e compreender o texto, mediante um trabalho que requer ajustamentos interpretativos e compreensivos, dentro de uma conjuntura dada. De acordo com Orlandi (2001b, p.9) “a leitura não é um questão de tudo ou nada, é uma questão de natureza, de condições, de modos de relação, de trabalho, de produção de sentidos, em uma palavra: historicidade”. Por isso, consideramos que os sentidos têm a sua história e uma configuração em torno de suas condições de produção. Respeitada essa premissa, a prática de leitura se estabelece na sociedade por uma relação entre os sujeitos e os sentidos, no entremeio entre o imaginário e o real, em um espaço constituído entre o discurso e o texto, onde jogam diferentes gestos de interpretação. É essencial que o leitor não se balize apenas pelas marcas na superfície (evidências), mas compreenda criticamente a sua relação com o texto e deste com a exterioridade, ou seja, as condições por onde o texto foi produzido: trata-se do dito e o não dito. Por consequência, entendemos que a leitura de um texto carrega uma multiplicidade de sentidos, que não são diretivos, mas confluem constantemente para uma completude interminável através da transferência, da circulação e da formulação de sentidos entre os sujeitos e o texto. Deste modo, a leitura de um texto pode ser vista, como: Trabalho simbólico no espaço aberto de significação que aparece quando há textualização do discurso. Há pois muitas versões de leitura possíveis. São vários os efeitos-leitor produzidos a partir de um texto, são diferentes possibilidades de leitura que não se alternam, mas coexistem assim como coexistem diferentes possibilidades de formulação em um mesmo sítio de significação. É isso que deve ser trabalhado. Simbolicamente. (ORLANDI, 2001a, p. 71) Como observado em algumas pesquisas, inúmeros autores vêm estudando, particularmente a relação da Leitura com o Ensino de Ciências (ANDRADE e MARTINS, 2006; SOUZA e NASCIMENTO, 2006; ZIMMERMANN e SILVA, 2007; CASSIANI, LINSINGEN e GIRALDI, 2011; OLIVEIRA, 2011;) e nos trazendo elementos teóricos para possíveis re-significações ao processo de ensino aprendizado. Dentro desse contexto teórico, abordaremos o funcionamento da leitura de textos de diferentes gêneros discursivos, pois acreditamos que estes podem servir como uma importante ferramenta ao ensino. Tomando como referência a definição de Maingueneau: 5571 [...] a categoria de “gênero do discurso” (alguns preferem a expressão “gênero textual”) é baseada em critérios situacionais, tais como o papel dos participantes, o objetivo, o mídium2, a organização textual, o tempo e o lugar etc. Gêneros são considerados dispositivos de comunicação sócio-historicamente condicionados que estão sempre mudando e aos quais podem ser aplicadas facilmente as metáforas como “contrato”, “ritual” e “jogo”. (MAINGUENEAU, 2010, p.132) Temos que gêneros do discurso (ou discursivos) são dispositivos comunicativos definidos que, em suma, devem atender a certas configurações sócio-históricas e são condizentes a finalidades, organização, conteúdo e meio de circulação aos sujeitos envolvidos. Como a linguagem, presumimos que os gêneros discursivos são flexíveis e variáveis, uma vez que podem estar se adequando e se multiplicando a alterações que atendam a necessidade da comunicação e torne legítima a determinados contextos e práticas sociais. Por conta disso, com o propósito de elucidar questões envolvendo a leitura e a relação desta com os gêneros discursivos, nós elaboramos uma coletânea de textos, obedecendo a certas coerções comuns e sociais, a fim de obtermos algumas reflexões sobre o ensino da Evolução Biológica, que serão explicadas a seguir. Procedimentos Metodológicos O presente estudo foi realizado com 30 licenciandos, de uma turma do quarto ano noturno, do curso de Biologia em uma Universidade Pública Paranaense. Com a finalidade de estudar e analisar discursivamente o funcionamento da leitura e as estratégias de ensino, nós optamos pela disciplina de Metodologia do Ensino de Ciências e Biologia, cujo programa estabelecia a discussão sobre Leitura e Escrita em Aulas de Ciências, e poderia ser ajustado para o desenvolvimento dessa pesquisa. Nessa perspectiva, desenvolvemos um instrumento com perguntas gerais e específicas sobre a leitura e propusemos as seguintes atividades: 1) os licenciandos receberam uma coletânea com diferentes gêneros e tipos de discurso (jornalístico, científico, midiático, imagético, humorístico) sobre Evolução Biológica; 2) realizaram uma leitura dessa coletânea destacando as características e singularidades de cada texto; 3) realizaram uma releitura e produziram individualmente um novo texto, com o gênero discursivo a ser definido por eles; e 2 Segundo o autor “[...] midium não é um simples ‘meio’ de transmissão do discurso, mas ele imprime certo aspecto a seus conteúdos e comanda os usos que dele podemos dizer[...]”. (MAINGUENEAU, 2010, p.132). 5572 4) solicitamos que elaborassem uma proposta de ensino (descrevendo os objetivos, os conteúdos, as estratégias etc), para o tema Evolução Biológica, que envolvesse o texto produzido por eles. Sendo que esta poderia ser enfocada tanto para o Ensino Fundamental quanto para o Ensino Médio (doravante designados por EF e EM, respectivamente). A coletânea entregue aos Licenciandos foi organizada em torno de textos que circulam socialmente e firmada em nosso referencial teórico da pesquisa para discutir a Evolução Biológica, como Freire-Maia (1988); Futuyma (2002; 1992) e Ridley (2006), por exemplo. Considerando que obtivemos 30 textos produzidos, de diferentes gêneros discursivos (Charge, Histórias em Quadrinho, Ilustrações etc.), optamos em tecer nossas considerações a respeito de apenas 7 deles, os quais englobam os gêneros: Carta, Texto Humorístico, Conto, e Texto de Divulgação Científica, consecutivamente. Dessa maneira, iniciaremos nossas discussões a partir de algumas questões que integram parte de nosso instrumento de pesquisa. Os Sentidos da Leitura na Formação dos Licenciandos Apresentaremos aqui algumas reflexões sobre a trajetória de leitura e os textos produzidos por esses futuros professores. Para isso, indicaremos os licenciandos pelas seguintes letras (A, B, C, D, E, F e G) para garantir anonimato e para que o leitor possa acompanhar a nossa discussão. Histórias e as Memórias de Leitura dos Licenciandos Em função de entendermos sobre a relação dos estudantes com a leitura, pedimos a eles que relatassem sobre as suas experiências e reflexões sobre a leitura ao decorrer da vida. Pois, de acordo com Orlandi, existe uma historicidade que orquestra a relação dos sujeitos com o texto e também uma história de leitura que afeta o texto. Assim, “o mesmo leitor não lê o mesmo texto da mesma maneira em diferentes momentos e em condições distintas de produção de leitura, e o mesmo texto é lido de maneiras diferentes em diferentes épocas, por diferentes leitores”. (ORLANDI 2001a, p.62). Perspectivados nisso, em um primeiro momento, questionamos se eles costumavam ler antes de entrar no curso de Ciências Biológicas e, se em caso afirmativo, nos indicassem algumas das referências de leitura. Nessa direção, acompanhe algumas das respostas: 5573 Costumava ler, mas não com muita frequência. Normalmente lia apenas os livros que eram exigidos pela Escola. Raramente lia livros além dos obrigatórios, apenas quando o título chamava muito minha atenção. (Licencianda - A) Sim, me preocupava muito em ler textos jornalísticos para estar bem informada. Mas, apesar do esforço não consegui fazer desta leitura um hábito. Por outro lado, sempre tive prazer em ler obras literárias, romances e livros de ficção e de crônicas também. (Licencianda - C) Os temas ligados à ciência eram lidos por mim nas revistas semanais como “Veja” e “Isto é”. Sempre procurei revistas mais “especializadas”, como a Superinteressante, como uma forma de obter um conhecimento maior. (Licenciando - D) Antes de entrar no curso de Biologia costumava ler muitos livros de literatura. O hábito da leitura começou através da leitura de histórias em quadrinhos, e conforme fui ficando mais velho passei a leitura de livros propriamente ditos, sendo que esses eram em sua maioria livros de literatura. Além de livros, lia revistas, mas apenas matérias pelas quais me interessava, sendo sua maioria reportagens sobre fatos biológicos. (Licenciando - F) O hábito de ler sempre esteve presente durante a época de colégio, o conteúdo era mais voltado para a literatura, mas a frequência da leitura não era significativa, era mais por necessidade para trabalhos do que por lazer. (Licencianda - G) Com base nesses relatos, percebemos que nem todos gostavam de ler ou detinham um hábito de leitura antes de ingressar no Ensino Superior. Entretanto para a maior parte desses estudantes a prática de leitura, de uma forma ou de outra, sempre esteve presente em suas vidas e com diferentes sentidos, isto é: necessidade, informação, prazer, entretenimento etc. Ainda, perspectivados em compreender o processo de leitura na formação desses licenciandos, nos reportamos a questioná-los acerca das referências de leitura atualmente. Contanto, observe alguns dos depoimentos: Atualmente minhas referências de leitura se resumem aos artigos e livros relacionados com Biologia (para minha formação acadêmica). (Licencianda - A) Atualmente, minha leitura são muito mais livros textos e técnicos requisitados para o curso de Biologia. Além desses, quando sobra tempo livre, leio livros variados de literatura - desde contos, a ficção e romance. (Licenciando – F) Leitura de livros acadêmicos, geralmente, referenciados pelos professores das disciplinas. Também leio muitos artigos científicos da área da saúde devido ao estágio em laboratório de genética humana. Não tenho tempo para ler livros de literatura ou outros. No momento, estou lendo apenas o necessário para os trabalhos. (Licencianda - G) Como podemos analisar, ocorre um refinamento dos sentidos da leitura, quase que exclusivamente, direcionados e centrados para os textos técnico-científicos. O que de certa 5574 forma é, perfeitamente, compreensível visto que a grande maioria destes licenciandos está em formação inicial na docência e, paralelamente, seguem a formação no bacharelado. Gêneros Textuais e a Abordagem Pedagógica ao Ensino de Evolução Nesse momento, passaremos à análise dos textos produzidos pelos licenciandos. Inicialmente, a Licencianda - A optou por desenvolver uma Carta, escrita por uma estudante de Biologia, chamada Filó, e destinada a Charles Darwin. Nessa Carta, a personagem se mostra admirada pelo naturalista e busca informá-lo de como a Teoria repercutiu nas décadas seguintes, após a publicação. Desse modo, leia um trecho a seguir: Realmente ter percebido que as características dos organismos vão se adaptando às condições ambientais mudou a nossa visão de mundo. Organismos adaptando-se ao meio através da seleção natural devem ter abalado muito a sociedade de sua época, não é? As ideias de que o homem possui ancestrais comuns ao macaco e evolui constantemente até hoje não são aceitas totalmente pela minha sociedade também. (Licencianda - A) Note que quando a personagem comenta sobre as ideias de Darwin dizendo: “até hoje não são aceitas totalmente pela minha sociedade também” existe uma formação discursiva inscrita no sentido de integração do conhecimento científico à sociedade. Ou seja, uma preocupação da aceitação pelo campo social, desse conhecimento historicamente construído, que percorre todo o seu texto. Com relação ao plano de aulas, direcionado ao EM, essa licencianda destacou o objetivo de “compreender o funcionamento da teoria evolutiva de Darwin, bem como serem capazes de transpor o conhecimento adquirido para as suas realidades”, e novamente percebemos uma relação entre o conhecimento mediado e uma repercussão social. De forma que para alcançar esse objetivo, ela indica como estratégia de ensino uma aula pautada em discussões e projeção de um vídeo para que assim os alunos possam relacionar o conhecimento da Biologia Evolutiva à “realidade”. Observe: Propor a leitura da carta, seguida de discussões com os alunos (alerta para a neutralidade frente à questão religião e ciência, apenas expondo os temas, permitindo conclusões pessoais). Por final, propor um filme que mostre a grande diversidade de fauna e flora que existe atualmente no mundo, para que seja possível unir a teoria à “prática”. (Licencianda - A) O gênero textual Carta também se encontra no texto de outra Licencianda (B), mas, desta vez, endereçada ao quadro Lata Velha do programa de televisão da rede Globo, “Caldeirão do Huck”, apresentado por Luciano Huck. Nessa carta, a licencianda faz uma 5575 apresentação de um personagem narrando algumas aflições dele, ao longo da vida, que culminaram em pedir ajuda ao apresentador do programa. Analise um trecho dessa carta: Tudo começa com um tal de Darwin, sobre quem aprendi na escola, durante as aulas de Biologia. Ele disse, há muito tempo atrás, que existe uma Seleção Natural (grifos da autora), onde pequenas variações entre os indivíduos fazem uma diferença danada! Os mais “adaptados” a seu meio sobrevivem e conseguem garantir o seu sucesso reprodutivo. E eis a minha questão: o sucesso reprodutivo! Pensando sobre isso, comecei a relembrar a história da minha família. [...] Porém minha situação já é bem diferente. Nos tempos de hoje, um vozeirão e mãos grandes não são suficientes para ganhar a mulherada. Então parti para a luta e consegui comprar um carro! Mas, sabe Luciano, ele não é muito bem cuidado, foi o que deu para comprar com a minha mesada. Por isso estou te pedindo, humildemente, que dê uma ajudinha para a Seleção Natural, reformando meu carro, me deixando irresistível para as fêmeas e, claro, garantindo meu sucesso reprodutivo. (Licencianda - B) Além desse trecho, ao longo da Carta, a Licencianda faz o uso de metáforas3 (por exemplo, “ganhar a mulherada” sentido da “seleção sexual”) por onde ela buscou construir a história do personagem, relacionando um conhecimento ao outro, visando garantir a explicação sobre a Seleção Natural. Por conseguinte, no plano de ensino ao EM ela manifesta o objetivo de “entendimento e fixação do conteúdo de Evolução”, descrevendo sucintamente alguns procedimentos didáticos amparados por aulas expositivas. Assim, como estratégia, ela propõe: “leitura do texto e discussão sobre os aspectos abordados no texto comparando-os com os aprendidos em aula.” Nos demonstrando mais uma vez o sentido de comparação entre o conhecimento comum e o científico, através de um intercâmbio de palavras em seu texto. Prosseguindo, temos um Texto Humorístico produzido pela Licencianda - C. Elaborado de forma bastante engraçada, ela escreveu um diálogo sobre a chegada de Darwin ao paraíso e a recepção dele por Deus. Sem mais, vide um recorte desse texto: Um tempo depois, às 5h da tarde, Darwin e Deus estavam sentados em cadeiras divinas, no salão divino, tomando chá divino: – Este chá é muito melhor que o inglês! Meu Deus do céu! – Especialidade da casa! – Então, meu Senhor, gostaria de lhe dizer que em momento algum eu duvidei de sua existência. E não digo isso porque estou vendo o Senhor agora. – Compreendo, meu caro, eu ouvia suas preces. E pode me tratar por “você”. – Ah, sim. Além disso, quero pedir-lhe perdão se houve algum mal-entendido... essa coisa de origem da vida. – Não se preocupe, Darwin, não há nada de errado. 3 Na AD, entende-se por metáfora a tomada de uma palavra por outra (“transferência”), estabelecendo o modo como as palavras significam. (ORLANDI, 2003, p.44) 5576 – Mas, já que estamos aqui só nós dois, você pode me contar a verdade? – Você acertou bastante coisa, faltaram algumas justificativas, outras ideias. O que aconteceu é que me perguntavam tanto e eu sempre ocupado, que eu contei uma história simples, resumida em 7 dias. Mas, obviamente que eu não daria o ouro ao bandido, então eu ironizei. O problema foi que eles interpretaram ao pé da letra. – Sim, Sim! Eu entendia que era figurativo. Mas, o que eu gostaria de saber é como a vida surgiu e se desenvolveu. – Isso é segredo, meu caro. Agora, me de licença que vou tomar banho. (Licencianda - C) Examinamos nesse texto, na fala em que o naturalista diz “você pode me contar a verdade?”, haver um sentido de que para a ciência a verdade (ou o conhecimento) sobre a Origem da Vida não está completamente legitimado, mas provisoriamente estabelecido. Posteriormente em seu plano de ensino, voltado para o EF, a Licencianda além de enfocar novamente o sentido dinâmico do conhecimento científico, procura em parte do texto abordar a Evolução no sentido de integração dela ao ensino de ciências, como defendido pelas Diretrizes Curriculares do Curso de Biologia (BRASIL, 2001). Observe isso a seguir: Elaboraria um plano de ensino sobre Evolução Biológica que pudesse ser aplicado à maioria das aulas de ciências. O objetivo é que os alunos interpretem, através do conhecimento científico, o mundo em constante mutação. Isso pode ser reforçado nos diversos conteúdos da disciplina, desde o movimento dos corpos celestes, reações químicas, desenvolvimento dos seres vivos, até organização da célula, do corpo humano, leis da física. Em uma eventual aula sobre Darwin, após contar aos alunos a sua biografia, o texto pode ser utilizado como exercício reflexivo no qual o aluno imagina como poderia ser a conciliação do conflito Evolucionismo vs Criacionismo ou um encontro de Darwin e Deus. Quais seriam as dúvidas de Darwin? E as respostas de Deus? (Licencianda – C) Por sua vez, o Licenciando - D também produziu um Texto Humorístico. Em que, através de um diálogo, ele conta a história entre dois personagens, Carlos e Pedro, que discutem os seus conhecimentos mediante uma reportagem, de um programa de televisão, abordando aspectos da Evolução das baratas. No texto, intitulado “Cabeça de Barata”, enquanto o primeiro personagem retrata a Evolução em um tom científico, o segundo a aborda de forma mais espontânea, ligada ao senso comum. Como descrito no trecho, abaixo: Carlos: – A seleção natural fez com que as baratas e os homens mais aptos a viver no ambiente pudessem sobreviver. O que temos hoje são baratas das mais selecionadas da Terra, as mais adaptadas. Assim, aconteceu com os homens para que eles chegassem à forma como são hoje. Eles sofreram mudanças ao longo do tempo que as transformaram no que são hoje. Isso sim é evolução. Essas mudanças, essas transformações. Se a mudança ajudar o indivíduo, ele vai sobreviver na natureza, senão diminuí a quantidade de sua população e às vezes até some. 5577 Pedro: – Então quer dizer que as baratas mudaram tanto quanto a gente? Mas e aquela história de cortar a cabeça e ela sobreviver uma semana? Quer dizer que se eu cortar a minha cabeça eu também sobrevivo? Carlos: – Não né Pedro! Tanto a barata quanto o homem sofreram modificação ao longo da sua história, mas cada um teve, como disseram no programa, uma “história evolutiva” diferente, tornando-se aptos a viver no ambiente atual. Pedro: – Entendi. Então a cabeça da barata é mais evoluída? (Licenciando - D) Ao longo dessa história, o estudante continua explorando algumas verdades e mitos acerca da Evolução e sugere que esse material pode ser usado para “realizar um trabalho indicando as palavras utilizadas no texto e discutindo a conversa entre os protagonistas. O que faz Pedro adotar um determinado tipo de pensamento?”. Vale ressaltar que o seu personagem vinculado ao senso comum, Pedro, acaba entendendo o seu amigo, entretanto, continua fazendo novas perguntas, as quais demonstram que o assunto não está por encerrado: “Entendi. Então, a cabeça da barata é mais evoluída?”, até que Carlos optou por finalizá-la deste modo: “Pedro, esquece! Do jeito que tá era mais fácil uma barata sem cabeça entender o que eu tô falando do que essa sua cabecinha entender alguma coisa!”. Isto mostra que para esse licenciando é possível explicar o conhecimento da ciência, mesmo assim para ele o conhecimento do senso comum ainda parece permanecer cristalizado. Além disso, no plano de ensino para o EF, ele destacou como objetivo principal “abordar os conceitos básicos de Evolução”, quase sempre propondo questões, através dos seguintes procedimentos: – Mostrar que os seres vivos são diferentes entre si: Como as pessoas pensavam sobre as diferenças entre os seres vivos? – Fazer com que o aluno identifique, se: As formas de pensar antigamente respondem as perguntas de hoje? – Mostrar que apesar das diferenças, os seres vivos têm coisas em comum. Fazer com que o aluno as identifique. – Inserir a ideia de que o homem é parte da natureza e também mudou ao longo de sua historia, assim como todos os animais; – Diferenciar progresso e evolução: Ser melhor significa ser mais evoluído? (Licenciando - D) No texto da Licencianda - E, encontramos um gênero textual caracterizado como Diário e que segundo a estudante pertence a Darwin. Acompanhe a transcrição de um trecho: Estou confuso quanto às minhas investigações, assumo uma teoria que vai contra aos pensamentos da sociedade atual, estou contradizendo a minha própria família, porém acredito nas premissas que consistem essa minha hipótese. Estou formulando a teoria da Evolução, a qual consiste na ideia de que a partir de ancestrais comuns, diferentes linhagens foram produzidas, porém com diferentes modificações fixadas nos indivíduos. Essas modificações foram fixadas pelo tempo e natureza, garantindo assim descendentes mais aptos. [...] 5578 Acredito que essas variações nas características dos indivíduos ocorram por mutação aleatória do DNA e pela própria recombinação genética, mas ainda preciso concluir meus estudos. (Licencianda - E) O que nos chama atenção nesse diário, é que Darwin (segundo a Licencianda) acredita que as “variações nas características dos indivíduos ocorram por mutação aleatória do DNA e pela própria recombinação genética”; o que nos reflete uma grande incoerência histórica. Tendo em conta que o conhecimento da genética historicamente surgiu após a Teoria de Darwin e até onde sabemos o naturalista desconhecia precisamente esses termos. Em relação a sua proposta de ensino, a estudante salientou que “o texto poderia ser utilizado para leitura uma vez que tem uma linguagem mais habitual e rotineira e com certeza atingiria de uma maneira mais fácil os alunos”. E, prosseguindo, ela descreve como o seu objetivo: Expor aos alunos a teoria da evolução proposta por Charles Darwin, assim como seus elementos principais seleção natural, deriva genética, mutação e migração. Deixar claro que as aulas fazem uma exposição ao tema, e de maneira alguma vem criticar e contrapor as ideias religiosas, como o criacionismo. O propósito é expor as conturbações geradas na época, e como esta teoria é sustentada atualmente. (Licencianda - E) É possível notar que a Licencianda, mais uma vez, denota a incoerência história, ao relacionar a Teoria de Darwin a fatores (como: a deriva genérica) incorporados pela Teoria Sintética da Evolução. No entanto, repare que ao empregar o verbo “expor”, a estudante se coloca na posição de professora-expositora do conhecimento, indicando um sentido de “reproduzir”, assim sendo, sem apontar abertura de espaço para o “construir” conhecimento, cujo qual foi historicizado e intercalado por contrapontos, existentes até os dias de hoje. Por conseguinte, o Licenciando - F nos propõe um conto, apresentando uma intertextualidade (isto é, a relação de um texto com outro) com a história infantil “O Patinho Feio”. Nomeando o seu texto de “A Evolução do Ovo” esse estudante narra à trajetória de um filhote abandonado, que pretende encontrar a sua mãe. Este, abrigando-se dentro de seu ovo, enfrenta algumas adversidades ambientais que refletem ilusoriamente uma história evolutiva. Como pode ser visto no trecho a seguir: Conforme ele continuou caminhando debaixo de chuva novas mudanças e adaptações começaram a surgir. Uma camada protetora começou a surgir em todo o seu corpo, uma coisa branca e estranha que ele não sabia explicar o que era, mas o deixava aquecido e o melhor de tudo: era impermeável, assim como os pés. Agora protegido totalmente da chuva, nosso amigo podia finalmente continuar a sua jornada sem preocupação alguma, e assim ele fez. Caminhou por dias e dias, subindo morros, contornando montanhas e modificando-se a cada momento. [...] 5579 Quando ele finalmente encontrou a sua mãe ele descobriu quem ele era: Um belo Cisne. Ele descobriu que seus pés eram mesmo adaptados para a água, seus braços eram asas feitas para voar e a cobertura do seu corpo eram penas, feitas para aquecê-lo, protegê-lo da umidade e auxiliar no voo. Mas uma coisa sua mãe não sabia explicar: sua coloração negra. Ele era o primeiro cisne negro da história, e tudo porque antes dele nenhum cisne havia voado tão perto do sol, e essa proximidade com raios UV causou uma mutação em suas células que passaram a produzir penas negras e não brancas. Isso o deixou extremamente triste e cabisbaixo, ele se sentia o próprio patinho feio. Mas não foi exatamente isso que aconteceu. (Licenciando - F). Analisando o texto, constatamos que esse estudante tratou basicamente de explorar algumas das adaptações explicadas pela Seleção Natural. Note-se que os erros incorporados, propositalmente, na trama, tais como: “adaptações começaram a surgir”, “modificando-se a cada momento”, estão relacionadas a concepções alternativas em torno da Biologia Evolutiva. No plano de ensino para o EF, ele informou os seguintes objetivos e estratégias para as aulas: – Após levantar as informações sobre o que os alunos pensam sobre o tema solicitar a leitura em duplas ou em trios do texto A EVOLUÇÃO DO OVO, solicitando que destaquem no texto pontos que façam menção a Evolução. – Após a leitura verificar quais os pontos sobre evolução os alunos elencaram. Anotar no quadro-negro. – Para cada série adequar o aprofundamento dos conteúdos conforme a idade e os conhecimentos prévios dos alunos. – Refazer a leitura do texto, mas agora evidenciando os possíveis pontos/conceitos/ menções sobre evolução que ficaram fora da primeira lista (Seleção Sexual, Cruzamentos e Tópicos da Genética...). – Solicitar que identifiquem os erros presentes na história lida (Evolução rápida? Seleção direcional? Erros biológicos?). – Discussão sobre os erros apontados (informar/questionar sobre os erros ou mesmo pontos sobre a evolução que os alunos possam ter deixado passar). – Exercício de fixação para resolução em casa – solicitar que os alunos reescrevam as partes do texto que apresentam erros adequando-os as teorias e o conteúdo correto da evolução. (Licenciando - F) Por último, comentaremos um Texto de Divulgação Científica, chamado “A Evolução”, produzido pela Licencianda - G. Nesse texto, ela faz uma abordagem de termos, por meio de uma linguagem científica simples e objetiva. Como observado nesse recorte: A Evolução, no âmbito da ciência, pode ser definida como um processo de mudanças das características hereditárias nos seres vivos ao longo das gerações. Essas transformações decorrem de um continuo processo de adaptação dos organismos ao ambiente e a coexistência com os demais seres vivos, podendo resultar em diferenças profundas a ponto de distinguir espécies (especiação). A Teoria da Evolução Biológica pode ser considerada como a chave para compreender o processo de diversificação dos seres vivos. Notar que os indivíduos possuem semelhanças e diferenças entre si, é o inicio de uma investigação que até hoje intriga a ciência. O fato de possuir características similares nos remete a existência de uma história em comum, com um ancestral comum que, ao longo dos anos e através de uma série de implicações herdadas e adquiridas (ambiente), deu 5580 origem a espécies diferentes. A representação para essas relações evolutivas existentes entre as espécies é feita através de árvores filogenéticas (filogenia). (Licencianda - G) Percebemos que, através de seu texto, a Licencianda propõe o sentido da Evolução articulado ao processo da Diversidade Biológica (Biodiversidade) e fundamentado-o em explicações científicas básicas para compreensão da biologia evolutiva. E propõe no plano de ensino para EM, os seguintes objetivos: Compreender os processos de diversificação dos seres vivos por meio da transmissão de conceitos para formar o embasamento teórico dos alunos e de atividades práticas que promovam a fixação do conteúdo. Auxiliar a formação critica do aluno frente às possíveis problemáticas existentes em meio ao tema através de questionamentos para a turma. Incentivar a participação dos alunos com um debate entre eles. (Licencianda - G) Tendo em conta essa descrição, podemos dizer que a leitura do texto para ela é vista como uma possibilidade de auxiliar a formação e o embasamento teórico dos seus estudantes. Note que em sua concepção de leitura encontra-se arraigada a participação dos alunos a fim de explorar os sentidos que ali estão envolvidos. Ademais, em outro ponto de seu plano (não transcrita para esse estudo), ela indica os procedimentos pelos quais pretende promover a leitura e o debate com os alunos objetivando discutir e comparar os pontos da Teoria, denotando a sua inquietação na formação de estudantes críticos e reflexivos ao assunto. Algumas Considerações Como vimos, nesses textos, existem diferentes olhares para o ensino de Evolução Biológica, provavelmente, explicados pelo fato destes licenciandos apresentarem diferentes histórias de vida sendo estabelecidos, sócio-historicamente, por um processo contínuo que conserva os múltiplos vestígios de experiências desses sujeitos/sentidos com a leitura. Conforme Orlandi (2001b) a leitura e os sentidos se constituem simultaneamente num processo que se configura de formas diferentes, em momentos diferentes, desencadeado pela interação dos sujeitos com a leitura, e que deve levar em conta as histórias de leitura que abrangem o texto e o leitor, conjuntamente. O que, dependendo, pode colocar ênfase tanto na multiplicidade de sentidos quanto no sentido dominante. Nessa direção, também identificamos que há uma restrição dos sentidos da leitura, em determinado momento da trajetória acadêmica, desses licenciandos em função dos estudos. 5581 Dessa maneira, propormos que os cursos de formação docente reflitam constantemente sobre essa questão, visto que os sentidos configuram e dirigem a compreensão dos sujeitos sobre o conhecimento. Da mesma forma, que julgamos ser de suma importância à concepção/prática de leitura do professor, pois está permeará as suas atividades e possivelmente será a leitura que os seus alunos poderão assimilar durante o processo de apropriação do conhecimento. Além do mais, nesse estudo, consideramos haver uma preocupação dos licenciandos com o ensino de Evolução, consubstanciada nos textos em gestos, tais como: 1) procurar diferenciar o conceito de evolução e a ideia e progresso; 2) evidenciar a discursividade e textualização com o discurso religioso; 3) indicar a leitura como um momento de interação e discussão de sentidos; e 4) explicitar através de outros gêneros do discurso alguns sentidos deles (como: cômicos, cotidianos, culturais, literários, científicos, entre outros) ligados à subjetivação e que não poderiam ser evidenciados em discursos mais fechados sobre a Evolução como, por exemplo, na interpelação do sujeito pelo discurso científico. Por enquanto, dada à riqueza de informações, este estudo nos indicou algumas reflexões, possibilidades e a relevância, em que temos em nossa pesquisa, ao trabalhar com a leitura na formação de professores e ao estudar as formações discursivas que atravessam a autoria, a heterogeneidade e os gêneros sobre o mesmo discurso: Evolução. Todavia, desde já, ponderamos que os sentidos da leitura e a produção de textos em diferentes gêneros discursivos assumem um valor capital na autoria de textos e produção de conhecimento, na perspectiva de formar um professor-autor. Pois, como foi possível examinar, muitos licenciandos produziram significativos textos e propostas (identificando os seus sentidos / outros olhares possíveis) ao ensino que contribuem para que o futuro professor consiga desvincular-se da autoridade que é instituída, por vezes e apenas, pelo livro didático. E assim assuma uma postura mais reflexiva, crítica e autônoma ao seu modo de ensinar. REFERÊNCIAS ANDRADE, I.B. e MARTINS, I. Discursos de professores de Ciências sobre leitura. Investigações em ensino de Ciências, v. 11, p. 121-155, 2006. BRASIL. MEC. Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Ciências Biológicas. Diário Oficial da República federativa do Brasil. Brasília. DF, 07 DEZ. 2001. CASSIANI, S; LINSINGEN, I. V. e GIRALDI, P. M. Histórias de leituras: produzindo sentidos sobre ciência e tecnologia. Pro-Posições [online]. vol.22, n.1, pp. 59-70, 2011. 5582 FREIRE-MAIA. N. Teoria da Evolução: De Darwin à Teoria Sintética. São Paulo: EDUSP, 1988. FUTUYMA D. J. Evolução, Ciência e Sociedade: 48º Congresso Nacional de Genética. Ed. Exclusiva. São Paulo: SBG, 2002. ______________Biologia Evolutiva. 2ed. Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de Genética/ CNPq, 1992. MAINGUENEAU, D. Doze conceitos em Análise do Discurso. São Paulo: Parábola Editorial, 2010. OLIVEIRA, Odisséa Boaventura de. Em defesa da leitura de textos históricos na formação de professores de ciências. Pro-Posições [online]. 2011, vol.22, n.1, pp. 71-82. , 2011. ORLANDI, E. Análise do Discurso: princípios e procedimentos. Campinas: Pontes, 2003. ___________. Discurso e Texto: formação e circulação dos sentidos. Campinas: Pontes, 2001a. ___________. Discurso e leitura. 6ª Ed. São Paulo: Cortez, 2001b. RIDLEY, M. Evolução. Porto Alegre: Artmed, 2006. SOUZA, S.C. e NASCIMENTO, T.G. Um diálogo com as histórias de leituras de futuros professores de Ciências. Pro-posições, v. 17, p. 105-116, 2006. ZIMMERMANN, N. ; SILVA, H. C. . Os diferentes modos de leitura no ensino de ciências. In: 16 Congresso de Leitura do Brasil, 2007. Anais do 16 Congresso de Leitura do Brasil. Campinas: 2007.