Baixar este arquivo PDF

Propaganda
GRUPO DE MOVIMENTO TERAPÊUTICO, O EXERCÍCIO FÍSICO COMO
ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO NA SAÚDE MENTAL(1)
Raquel Cristina Braun da Silva(2), Tatiane Motta Costa e Silva(3), Franciele Machado
dos Santos(3), Stephanie Jesien(3), Rodrigo de Souza Balk(4)
(1)
Trabalho executado com recursos do Edital EDITAL N.º 28/2015, da Pró-Reitoria de Pós Graduação.
Fisioterapeuta Residente em Saúde Mental Coletiva; Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana, Rio Grande do
Sul; E-mail: [email protected];
(3)
Professora de Educação Física Residente em Saúde Mental Coletiva, Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana,
Rio Grande do Sul; E-mail: [email protected];
(3)
Assistente Social Residente em Saúde Mental Coletiva, Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana, Rio Grande do
Sul; E-mail: [email protected];
(3)
Fisioterapeuta especialista em Dependência Química, Preceptora de Núcleo, Universidade Federal do Pampa;
Uruguaiana, Rio Grande do Sul; E-mail:[email protected];
(4)
Docente do curso de Fisioterapia (Orientador), Universidade Federal do Pampa, Uruguaiana, Rio grande do Sul; Email: [email protected].
(2)
RESUMO: Transtornos mentais podem causar incapacidade física, como redução de equilíbrio e motricidade, fraqueza
muscular, alterações posturais de e marcha. Exercícios físicos devem ser uma abordagem terapêutica praticada pelo
fisioterapeuta visando melhorar o quadro funcional do usuário de Saúde Mental. O estudo tem por objetivo relatar a
experiência de um grupo terapêutico, realizado com usuários de um CAPS II. A intervenção consistiu em conversas,
alongamentos musculares, exercícios respiratórios e relaxamento. Participaram do grupo em média 10 usuários, a
maioria mulheres com mais de 45 anos. As queixas mais frequentes foram de mioalgias, má postura, dificuldades de
equilíbrio e deambulação. Ao final de cada dia os relatos foram de sensação de bem estar, melhora no humor e
socialização, redução de algias e maior capacidade funcional. Atividade física na saúde mental produz efeitos positivos
como bem-estar físico, emocional e psíquico, há várias explicações, tanto psíquicas quanto motoras, para estes efeitos.
Exercícios em usuários de Saúde Mental tem apresentado bons resultados, por este motivo faz-se necessário o
empoderamento dos fisioterapeutas quanto a práticas nessa área.
Palavras-Chave: Fisioterapia, Saúde Mental, Exercício Físico.
INTRODUÇÃO
Indivíduos com transtornos mentais possuem o direito de serem assistidos em um sistema
comunitário de Saúde Mental que tenha como foco desinstitucionalização, reabilitação psicossocial e
reinserção social (BARBOSA; SILVA, 2013), direitos estes assegurados pelo Sistema Único de Saúde. O
cuidado deve ser realizado Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que oferecem acolhimento diurno e/ou
noturno, dependendo de sua especificidade. Um CAPS II deve atender pessoas com transtornos mentais
graves e persistentes, podendo também atender pessoas com necessidades decorrentes do uso de crack,
álcool e outras drogas, conforme a organização da rede de saúde local (PORTARIA 336).
A fisioterapia estuda o movimento humano em todas as suas formas de expressão e potencialidades,
tanto nas suas alterações patológicas, quanto nas suas repercussões psíquicas e orgânicas, com objetivos
de preservar, manter, desenvolver ou restaurar a integridade de órgão, sistema ou função (ROEDER, 1999).
Dessa forma, segundo o COFFITO, exercícios físicos constituem uma abordagem terapêutica praticada pelo
fisioterapeuta dentro de objetivos específicos, para melhorar o quadro funcional do usuário de Saúde
Mental, embora o fisioterapeuta não seja um profissional comumente visto nesses serviços.
O objetivo deste trabalho é relatar a experiência de um fisioterapeuta na saúde mental através de um
grupo terapêutico baseado em exercícios físicos e também relatar seus possíveis efeitos nos usuários.
METODOLOGIA
Trata-se de um relato de experiência de um grupo terapêutico aberto, denominado Grupo de
Movimento Terapêutico, realizado entre maio e agosto de 2015, com usuários de um CAPS II. Participam
deste grupo uma fisioterapeuta residente, uma professora de educação física residente e um profissional do
serviço.
Os critérios utilizados para a escolha dos usuários foram: a-) apresentar alguma queixa relacionada a
alteração física; b-) ter interesse em praticar exercício físico; c-) apresentar compreensão e capacidade de
realizar os exercícios propostos; d-) não apresentar nenhuma contra indicação.
Inicialmente os usuários foram avaliados individualmente, através de uma ficha de avaliação
elaborada pelas residentes, onde constava: queixa principal, história da doença atual e pregressa,
medicamentos utilizados, nível de atividade física, amplitude de movimento ativo e passiva, força muscular
Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
(grupos musculares), testes de coordenação motora (index-naso, calcâneo-joelho e pinças), equilíbrio (sinal
de Romberg), ausculta pulmonar, pressão arterial e avaliações específicas de acordo com a queixa do
usuário.
A partir daí foi traçado um protocolo de exercícios benéficos a todos os usuários do grupo, levando
em consideração as limitações e potencialidades individuais. Contando com alongamentos musculares,
exercícios respiratórios, exercícios ativo livres, resistidos e isométricos para membros superiores e
inferiores, exercícios para musculatura abdominal, paravertebrais e períneo, treinamento de equilíbrio e
coordenação motora e relaxamento.
Ao final de cada dia, os usuários foram questionados sobre como a participação neste grupo impactou
nas suas atividades de vida diária e condição física, além das sensações percebidas durante e após a
realização do mesmo. Após seis meses de participação ativa no grupo, os usuários serão reavalidados com
o intuito de verificar se houve melhora física e quantificá-la.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participaram do grupo em média 10 usuários, a maioria mulheres com mais de 45 anos. Depressão
foi o diagnóstico mais prevalente, embora transtorno obsessivo compulsivo, transtornos de ansiedade e
esquizofrenia também estivessem presentes. De acordo com Pelisoli e Moreira (2005) nos sujeitos do sexo
masculino os diagnósticos predominantes são de transtornos do desenvolvimento psicológico, emocionais e
de comportamento, enquanto que nos sujeitos do sexo feminino, os maiores índices são de transtornos de
ansiedade e de humor.
As queixas mais frequentes foram de mioalgias, má postura, dificuldades de equilíbrio, dispnéia a
médios esforços e dificuldades para deambulação. Segundo Reuter et al., (2007) o sedentarismo em
usuários de saúde mental pode causar aumento dos níveis de ansiedade, depressão, fadiga muscular e
diminuição do afeto positivo, que pode ser agravado pelo uso de antipsicóticos atípicos, que podem
provocar efeitos colaterais neurológicos, cardiovasculares, endócrinos e musculoesqueléticos, afetando
diretamente a capacidade funcional do indivíduo (SOUZA et al. 2008).
“Vencendo Limites” foi o nome fantasia dado ao grupo pelos usuários, foi escolhido pois
representava suas expectativas e objetivos, o que denota a vontade de superarem suas próprias limitações.
Ao final de cada dia os relatos foram de sensação de bem estar, melhora no humor e socialização, redução
de algias, melhora na consciência corporal e respiratória resultando em maior capacidade funcional, efeitos
estes já encontrados por Oliveira et al. (2011). Peluso et al. (2005), usa algumas teorias para explicar estes
efeitos, como teoria da autoeficácia e da interação social.
CONCLUSÕES
Exercícios físicos são importantes no tratamento de transtornos mentais, desde que bem orientados e
direcionados a necessidade do usuário, o que evidencia a importância da inserção do fisioterapeuta na
equipe de cuidado em saúde mental.
REFERÊNCIAS
1- BARBOSA, E. G.; SILVA, E. A. M. Fisioterapia na Saúde Mental: Uma Revisão de Literatura. Revista Saúde
Física & Mental- UNIABEU 3, 12-30, 2013.
2- BRASIL. Portaria/GM nº 336, de 19 de Fevereiro de 2002. Define e estabelece diretrizes para o
345678-
funcionamento dos Centros de Atenção Psicossocial. Estes serviços passam a ser categorizados por
porte e clientela, recebendo as denominações de CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPSi e CAPSad.
Documento fundamental para gestores e trabalhadores em saúde mental. Brasília, DF, 2002. Disponível em: <
http://www.maringa.pr.gov.br/cisam/portaria336.pdf >. Acesso em 09 de set. 2015.
COFFITO: Resolução Nº 259 do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. [Acessado em 9 set.
2015] Disponível em: <http://www.coffito.org.br>.
OLIVEIRA, E. N., AGUIAR, R. C., ALMEIDA, M. T. O.; ELOIA, S. C., LIRA, T. Q. Benefícios da Atividade Física
para Saúde Mental. Saúde Coletiva, 8, 126-130, 2011.
PELISOLI, C. L., MOREIRA, A. K. Caracterização epidemiológica dos usuários do Centro de Atenção
Psicossocial Casa Aberta. Revista de Psiquiatria, 27, 270-277, 2005.
PELUSO, M. A. M.; ANDRADE, L. H. S. G. Physical activity and mental health: the association between
exercise and mood. CLINICS,60, 61-70, 2005.
REUTER, D. S., MOURA, F. P., BARBOSA, E. G. Os Efeitos da atividade física sobre os transtornos
depressivos e ansiedade. [Artigo de pesquisa apresentado ao Curso de Fisioterapia da UNIVALE, como
requisito parcial para aprovação na disciplina Monografia].
ROEDER, M.A. Benefícios da atividade física em pessoas com transtornos mentais. Rev. Atividade física em
saúde, 4, 62-76, 1999.
Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
Download