relato de experiência de um bolsista do subprojeto pibid de ciências

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RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM BOLSISTA DO SUBPROJETO
PIBID DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE
CATÓLICA DO PARANÁ (VI)
DUBIASKI-SILVA, Janete1 - PUCPR
SANTOS, Jean Felipe 2 - PUCPR
Grupo de Trabalho – Práticas e Estágios nas Licenciaturas
Agência Financiadora: CAPES
Resumo
Esse texto é um relato de experiência de um bolsista do subprojeto de Ciências Biológicas do
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência desenvolvido pela Pontifícia
Universidade Católica do Paraná (PUCPR), entre os anos de 2011 e 2012. O objetivo é
compartilhar as principais dificuldades, obstáculos e também experiências bem sucedidas na
minha vivência inicial da realidade escolar. Destaco a importância do contato com realidades
escolares diferentes durante o processo, interagindo com colegas que tinham graus variados
de experiência docente e supervisores com estilos diferenciados de trabalho. Também saliento
a busca por uma docência menos tradicional buscando processos de ensino-aprendizagem
mais envolventes para os alunos do ensino médio, tentando aliar a teoria à prática, procurando
trabalhar em espaços diferentes da sala de aula tradicional, como no pátio da escola, bosques e
em visitações a museus e parques. Embora nenhuma das escolas tivesse, inicialmente, um
espaço para o laboratório que fosse adequado, foram desenvolvidos experimentos e estudos
de caso adaptando os espaços disponíveis, o que foi muito estimulante, tanto para nós,
bolsistas, quanto para os estudantes. A maior dificuldade encontrada foi no sentido de se
desenvolver atividades interdisciplinares, pela necessidade de se interagir com equipes do
PIBID de outras disciplinas, pelas dificuldades dos próprios supervisores neste processo e
pela nossa falta de experiência e de leitura sobre temas gerais que possibilitem as práticas
interdisciplinares. Todas estas vivências me tornaram mais seguro na busca de uma prática
docente menos tradicional e tendo como partida o respeito pelos alunos num diálogo e troca
de experiências constantes.
Palavras-chave: Docência. Relato pessoal. PIBID.
1
Professora Titular do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Pontifícia Universidade Católica do
Paraná (PUCPR). Coordenadora do subprojeto de Ciências Biológicas do PIBID – Programa Institucional de
Bolsas para Iniciação à Docência. e-mail: [email protected].
2
Graduando do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná
(PUCPR). Bolsista do subprojeto de Ciências Biológicas do PIBID – Programa Institucional de Bolsas para
Iniciação à Docência. e-mail: [email protected].
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Introdução
A realidade da educação no Brasil é historicamente marcada pela desvalorização e
despreparo dos educadores, superlotação de salas de aula, estrutura física e de equipamentos
precários, além da defasagem metodológica e didática, produzindo um descompasso entre
propostas que favoreçam aprendizagem significativa por meio de métodos inovadores e os
métodos de ensino utilizados na realidade escolar (BRITO; ALLAIN, 2012 p.1).
Agravando esta situação, os cursos de licenciatura em nosso país não vêm
apresentando uma mudança significativa com relação à preparação de seus alunos quanto aos
métodos de ensino a serem trabalhados em sala de aula. Assim, se faz necessária uma
reformulação na estrutura de formação docente, pois é preciso que os conteúdos sejam
abordados com atenção especial, não devendo ser apenas informativos e cognitivos, mas
procurando-se trabalhar, também, valores e atitudes que podem melhorar o desempenho do
aluno na escola. Neste sentido, já no final da década de 1990, diversos países vinham
buscando ações agressivas e varias outras políticas na área da educação para o cuidado com os
professores, pois eles são os principais disseminadores de conhecimento e cultura para a
sociedade (GATTI, 2000, p. 4).
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) foi criado com os
objetivos de incentivar a formação de docentes em nível superior para a educação básica;
contribuir para a valorização do magistério; elevar a qualidade da formação inicial de
docentes em cursos de licenciatura, com a integração entre educação superior e educação
básica. Também tem como finalidade inserir os licenciados no dia a dia das escolas da rede
pública de educação, oferecendo oportunidades de criação e participação em novas
experiências metodológicas, tecnológicas e práticas docentes de forma inovadora e
interdisciplinar que busquem a superação de problemas identificados no processo de ensinoaprendizagem. Além disso, busca incentivar escolas públicas de educação básica a mobilizar
seus professores como coformadores dos futuros docentes, tornando-os protagonistas nos
processos de formação inicial para o magistério. Como vários licenciados acabam não
exercendo o magistério, por vários motivos, dentre eles o salário não adequado e falta de
recursos, o projeto também tem um papel significativo, visando incentivar que os
profissionais recém-formados continuem as carreiras como docentes, pois é comprovada a
existência de uma evasão de professores nas últimas décadas no Brasil (BRASIL, 2013) .
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Na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) o subprojeto PIBID de
Ciências Biológicas se desenvolve desde 2011, justamente no ano em que ingressei no curso
de Licenciatura em Ciências Biológicas desta universidade. Assim, o presente trabalho tem
por objetivo mostrar um relato da minha experiência, enquanto discente do referido curso no
projeto PIBID desta instituição, entre os anos de 2011 e 2013.
Desenvolvimento
Após alguns meses de entrada na PUCPR, ingressei no projeto PIBID de meu curso,
sendo, portanto, um “calouro“ na época. O colégio no qual eu e minha equipe começamos a
desenvolver o trabalho situava-se na periferia da cidade de Curitiba. Primeiramente, foi
realizado um levantamento do espaço físico do colégio e da realidade da região onde ele se
situa, sendo também analisados o projeto político pedagógico e o regimento escolar para que
os cinco bolsistas pudessem conhecer melhor a realidade escolar. Este foi um momento de
muito aprendizado, pois pela primeira vez em minha vida não estava mais vendo a escola sob
o olhar de um estudante, mas na perspectiva de atuar ativamente no ambiente escolar e de
perceber sua realidade de uma forma mais madura.
A partir desse levantamento constatou-se que o espaço no qual deveria funcionar o
laboratório de Química, Física e Biologia estavam sendo utilizado como biblioteca do colégio.
Porém, apesar de não haver mais o espaço físico do laboratório, todo o material encontrava-se
guardado em um pequeno armário na sala dos professores. O microscópio óptico e a caixa
com a lâminas preparadas estavam guardados em um lugar especifico na biblioteca, pela falta
de espaço no armário da sala dos professores e para melhor segurança do equipamento,
segundo a professora de biologia, que os utilizava muito esporadicamente.
Concomitantemente a esta primeira fase de levantamento de dados, foram realizadas
observações das aulas de Biologia. As aulas eram expositivo-participativas, e a professora,
que era nossa supervisora no subprojeto, estimulava muito a participação dos alunos.
Contrariando uma expectativa inicial da equipe de que a indisciplina seria um fator rotineiro
naquela escola, notou-se que eram poucos os casos de indisciplina nas aulas de biologia do
ensino médio, pois a professora utilizava-se de um diálogo mais informal com os alunos e às
vezes até com algumas brincadeiras conseguia conter o excesso de empolgação dos mesmos,
mantendo o respeito necessário para dar continuidade às atividades. Trabalhos de pesquisa em
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grupos na sala de aula também eram realizados. Estas primeiras observações foram muito
proveitosas e foram fundamentais para o planejamento das futuras atividades.
A partir de então, passamos a planejar nossas futuras atividades docentes com o intuito
de desenvolver atividades diferenciadas, utilizando aulas práticas. Apesar de não haver um
espaço de laboratório adequado optou-se por desenvolverem-se atividades na própria sala de
aula, utilizando-se uma disposição diferente das carteiras para que os alunos pudessem
acompanhar aulas demonstrativas de experimentos e de observações em equipamentos
ópticos. Para isso, o número de alunos de bolsistas do PIBID foi fundamental, pois havia o
problema de deslocamento do material e de segurança do mesmo em sua utilização na sala de
aula. Realmente, para um único professor realizar todas estas tarefas, seria bem difícil e
cansativo.
No inicio, algumas dificuldades foram encontradas, como ministrar a primeira aula,
fazer os planos de aula e buscar novas formas de ensino, fugindo do formato de seminários e
palestras aos quais estávamos acostumados em nossas apresentações discentes na
universidade. Este foi um processo de tentativas, alguns erros e de conversas entre nós,
bolsistas, supervisão e coordenação. Porém, apesar das dificuldades, o grupo manteve-se
coeso, solidário e a orientação da supervisora que era muito presente e estava sempre muito
atenta às nossas dificuldades foi determinante nesta fase. Com o passar do tempo, a confiança
de lecionar aumentou e o número de atividades diferenciadas para os alunos foi se
diversificando, o que ocorreu após muita pesquisa e discussões durante as preparações das
aulas. Os planos de aula foram se tornando melhor elaborados, e a postura em sala de aula
também foi aprimorada.
No ano de 2012, o trabalho iniciado no segundo semestre de 2011 teve continuidade,
porém novas atividades práticas foram aplicadas, em função da realidade de novas turmas que
ingressavam no ensino médio e da realização de um novo diagnóstico, desta vez mais rápido.
Notamos uma interação cada vez maior dos alunos com os bolsistas, pois os alunos antigos já
comentavam com os novos as mudanças ocorridas no semestre anterior.
A relação entre bolsistas e alunos era muito amigável, sem que houvesse a perda do
foco das salas, tendo momentos de descontração, mas também de maior seriedade quando era
necessária uma maior concentração dos alunos. Como a região do colégio é de periferia,
pensamos em estratégias para aumentar a autoestima dos alunos. Assim, tomando como
exemplo uma atividade de citologia, após observações em microscópio de células da mucosa
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oral retiradas dos próprios adolescentes, e do estudo de organelas celulares, com o auxilio de
cartazes, lápis de cor e giz de cera os alunos ilustraram uma organela citoplasmática e ao lado
do desenho faziam um breve resumo sobre a função e importância da mesma. Esses trabalhos
ficavam expostos no colégio, e seus trabalhos eram vistos por seus colegas e professores de
outras disciplinas.
Também foram realizadas atividades de visitações ao laboratório e ao museu de
anatomia da PUCPR, visando que os alunos pudessem ter uma vivencia sobre o corpo
humano de uma forma mais concreta e fora do ambiente escolar. Ao final do semestre, o
supervisor concluiu que, com as atividades aplicadas pelos bolsistas, os alunos obtiveram um
melhor resultado em suas avaliações, comparando-se com a época anterior à inclusão do
subprojeto no colégio. De fato, para Ernst e Colthorpe (2007), da Universidade de
Queensland, na Austrália, as atividades complementares fazem com que ocorra uma
ampliação da exposição do conteúdo enfatizando determinados itens, beneficiando alunos
menos preparados, que em casos de aulas tradicionais apresentam uma maior dificuldade para
identificar os tópicos mais importantes dos temas abordados.
No segundo semestre de 2012, houve um remanejamento dos bolsistas e vários
mudaram de escola na qual iriam atuar. Com essa mudança novas dificuldades foram
detectadas, pois com essa nova divisão de grupos e mudança de ambiente, houve o ingresso
de bolsistas que assim como eu, anteriormente em 2011, estavam no primeiro ano de curso.
Com isso, o grupo no qual ingressei, em uma nova escola, passou a contar com apenas um
bolsista experiente, no caso eu, e mais quatro bolsistas iniciantes.
Desta forma, novamente, no primeiro mês de atividades foi novamente realizado um
levantamento do espaço físico escolar, revisão do projeto político pedagógico e do regimento
escolar e aplicação de questionários com alunos e professores do colégio, para sabermos sobre
a realidade escolar e como eram realizadas as aulas de Biologia. Com o levantamento
concluído, a equipe do PIBID resolveu começar as atividades com os alunos fora da escola,
para que os mesmos sentissem realmente que novas experiências seriam vivenciadas. Assim,
algumas visitas orientadas foram realizadas, sendo uma ao museu de anatomia da PUCPR
para o complemento das aulas sobre corpo humano e outra ao parque dos tropeiros para que
os alunos observassem na prática o que foi discutido em sala na aula de ecologia.
Por outro lado, no mesmo colégio, havia outro grupo do PIBID de Ciências
Biológicas, o qual resolveu paralelamente ao nosso trabalho fazer uma revitalização do
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laboratório, visto que após o levantamento da realidade escolar concluiu-se que,
diferentemente do colégio em que eu havia tido minhas experiências iniciais no PIBID, o
laboratório existia, mas nunca era usado e os materiais estavam encaixotados desde a sua
chegada ao colégio.
Ressalta-se que no inicio das atividades docentes, foi realizado um trabalho de
preparação para os novos bolsistas no sentido de aprenderem como realizar um plano de aula,
bem como se observarem as aulas ministradas por bolsistas mais experientes. Inicialmente, na
véspera dos novos bolsistas atuarem, algumas aulas eram simuladas em grupo, para se
desenvolver confiança na fala e no andamento do que foi planejado. Após um mês, todos os
bolsistas já estavam habituados ao colégio e às atividades realizadas.
O trabalho aos poucos foi ganhando corpo e o grupo foi se entrosando cada vez mais,
juntamente com o bom trabalho do supervisor que dava autonomia para o grupo, com relação
ao preparo de atividades, e não criava obstáculos para que as aulas fossem realizadas em
outros ambientes, como salas de vídeo, biblioteca e em algumas ocasiões no pátio do colégio.
Uma característica marcante deste novo supervisor era a confiança e liberdade que ele nos
dava, sem paternalismo, incentivando nossa autonomia, mas sempre nos alertando das nossas
responsabilidades.
Após as visitas orientadas e aulas práticas, questões eram aplicadas para saber qual era
o aproveitamento dos alunos após essas atividades. Observou-se que o aproveitamento dos
mesmos era muito maior após as visitas e aulas práticas, comprovando assim, a eficácia do
ensino diferenciado no colégio. No final do semestre, foi plantada uma muda de árvore nativa
no jardim do colégio e cada aluno presente recebeu uma muda para que fosse plantada em sua
casa ou em outro local que o aluno preferisse.
Com base nesses resultados, foi possível perceber que nesse período, os bolsistas,
juntamente com o supervisor, alcançaram uma boa parte dos objetivos propostos pelo projeto
inicial do PIBID, que buscava novas técnicas de ensino e motivação para os docentes que
estão no começo de sua formação profissional.
No final do ano de 2012, no IV SEMINÁRIO INSTITUCIONAL PIBID/PUCPR,
foram apresentadas as atividades de todos os subprojetos das diferentes licenciaturas. Após
reuniões e discussões, chegou-se à conclusão que era necessário trabalhar com maior ênfase a
interdisciplinaridade. Assim, uma das metas para os trabalhos a serem realizados em 2013
passou a ser o desenvolvimento de um projeto interdisciplinar nas escolas e, no caso
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específico do subprojeto de Ciências Biológicas, também decidimos elaborar um blog
interativo.
No início de 2013 nossas primeiras atividades foram alimentar o blog, juntamente com
as outras três equipes do subprojeto de Ciências Biológicas com temáticas da biologia e, no
momento, ele está sendo revisado para que possamos ativá-lo até o final do semestre, uma vez
que o desenvolvimento do projeto interdisciplinar passou a ser mais emergencial.
Com relação a esse projeto, o tema escolhido foi “Direitos humanos, justiça e
sociedade” e, em função das observações da realidade da escola, que tem apresentado um
grande número de adolescentes grávidas, o subtema de consenso foi: “Aborto, gravidez na
adolescência, DSTs”. Assim, surgiram para o grupo nova dificuldade e desafios, visto que
nenhum dos bolsistas tinha feito nada parecido anteriormente. A nossa supervisora e os
demais supervisores dos subprojetos de Letras-Português e Filosofia da PUCPR,
desenvolvidos na mesma escola, também não tinham experiência com um projeto destes, e
no início houve muitas incertezas e ansiedade. Na verdade, durante este processo todos os
integrantes do projeto tiveram que sair de suas “zonas de conforto” pessoais para
desenvolverem diálogo e troca de ideias.
Após várias reuniões com supervisores, coordenadores e as demais equipes, o projeto
foi preparado e, num primeiro momento foi realizado um grupo focal com os alunos, o qual
abordou os temas de direitos humanos, justiça e cidadania relacionados com aborto, métodos
contraceptivos e DSTs. A partir dos dados obtidos do questionário aplicado no grupo focal, o
projeto foi elaborado. Aos poucos, os bolsistas foram se adaptando a trabalhar os temas, sem
perder o foco das outras atividades que estavam previstas para o decorrer do semestre.
Atualmente, o projeto está em andamento e considero que estamos vencendo o desafio que
nos foi proposto. A vivência com os bolsistas e professores das demais disciplinas foi muito
enriquecedora, mas também desafiante, e tivemos que pesquisar intensivamente o tema de
direitos humanos, o qual não faz parte de nossa realidade rotineira das disciplinas do curso de
Ciências Biológicas, o que nos mostrou a importância da leitura de temáticas gerais que vão
além de nossas áreas específicas de formação.
Finalmente, vou relatar uma última experiência pessoal, fora do PIBID, mas
relacionada com a vivência que tive com ele:
Dentro dos cursos de Licenciatura da PUCPR, todos os alunos realizam a disciplina de
Estagio Supervisionado Obrigatório em uma escola escolhida pelo próprio aluno. Assim, em
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2013 comecei o estagio em um colégio estadual, realizando primeiramente observações para
posteriormente desenvolver aulas de ciências para o nono ano do ensino fundamental, sob a
orientação do professor do colégio que irá acompanhar e avaliar minhas aulas. Durante o
período de observações das aulas deste professor foi flagrante seu posicionamento autoritário
e de falta de diálogo para com os alunos. Ao começar minhas atividades docentes, logo no
início, fui repreendido pelo mesmo, pelo fato de minhas aulas serem mais democráticas e
abertas para com os alunos, pois sempre priorizo um diálogo com os mesmos quando ocorre
alguma dispersão do foco da aula. O orientador pediu que eu aumentasse o rigor com os
estudantes, pois considera que com o tempo não conseguirei mais manter a disciplina em sala
de aula. Porém, com minha experiência no projeto PIBID, convenci-me que o diálogo e o
estabelecimento de um relacionamento mais fraterno, ouvindo o que os alunos têm a dizer,
partindo de sua realidade, numa relação franca e de confiança mútua, são a melhor maneira de
desenvolver o processo de ensino-aprendizagem. Sem a experiência do PIBID, certamente
não teria a segurança que hoje tenho sobre minhas práticas em sala de aula ou fora dela e,
talvez considerasse que a postura do professor que conheci no estágio supervisionado fosse a
melhor, em função de seu evidente “domínio de turma”.
Adicionalmente, a partir de todo esse processo, considero que para que as aulas
práticas se tornem interessantes do ponto de vista dos discentes, fica clara a participação do
professor como mediador principal das atividades, propondo métodos diversificados, sempre
visando um melhor entendimento do aluno sobre os temas trabalhados e, desta forma, a
utilização de novos recursos e tecnologias são essenciais.
Considerações finais
O projeto PIBID, certamente é uma oportunidade muito positiva para que os
acadêmicos de licenciatura, pois oferece inúmeras possibilidades para que o graduando
aprenda e reflita sobre a realidade escolar, com todas as dificuldades presentes no dia a dia do
professor. Assim, ao terminar a graduação a experiência docente dos alunos que fazem o
PIBID é um diferencial, levando a uma maior confiança na prática docente inovadora.
Fazendo uma breve reflexão, coloco em destaque minha evolução na formação
docente, em relação ao conhecimento da realidade escolar, no convívio com os outros
bolsistas, na valorização do trabalho em equipe sob a perspectiva de intensa troca de ideias e
diálogo, além da valorização de uma relação professor-aluno mais democrática. Considero
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que a troca de escola e de colegas que compuseram as equipes ao longo do tempo foi muito
positiva, no sentido de vivenciar diferentes realidades escolares e estilos de trabalho por parte
dos supervisores.
Penso que o desenvolvimento do projeto de interdisciplinaridade é uma forma
inovadora de trabalhar temas emergentes em nossa sociedade e de mostrar como as
disciplinas se interconectam, fazendo com que os docentes e discentes possam aprender e
vivenciar mais do que os conteúdos estanques trabalhados em suas realidades específicas,
contudo, entendo hoje a dificuldade deste tipo de trabalho acontecer nas escolas que não
tenham projetos de PIBID acontecendo.
Hoje me sinto mais confiante na docência e na busca constante de uma relação mais
dialogada com os alunos. Vejo também a importância de valorizá-los e do papel-chave do
professor no sentido de melhorar sua autoestima. Também acredito que as práticas
tradicionais podem ser mudadas, mas que este é um processo desafiante e complexo, que não
depende apenas do professor mas de toda a equipe escolar.
Finalmente, uma sugestão para a melhoria do projeto seria que, ao longo do
desenvolvimento do mesmo os bolsistas realizassem uma vivencia com projetos de outras
cidades, para conhecer os desafios e realidades de outras regiões, assim como realizar o
intercambio de ideias e de novas metodologias.
REFERÊNCIAS
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PIBID. Disponível em http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid. Acesso em:
10.mai.2013.
BRITO, Tássia Pereira; ALLAIN, Luciana Resende. Ensino da Biologia para alunos do
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2012. Disponível em: <http://www.unifal-mg.edu.br /sspibid /sites /default /files /file
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ERNST Hardy, COLTHORPE Kay. 2007. The efficacy of interactive lecturing for students
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<http://advan.physiology.org/content/31/1/41.full#ref-list-1>. Acesso em: 09 mai. 2013.
GATTI, Bernadette. Formação de professores e carreira: problemas e movimentos de
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23663
SILVA, João Miguel de Almeida et al. Quiz: um questionário eletrônico para autoavaliação e
aprendizagem em genética e biologia molecular. Rev. bras. educ. med. [online]. 2010,
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