204 – po / prognóstico reservado na uti

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VIII Congresso da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar
PO
PO - 204
PROGNÓSTICO RESERVADO NA UTI: A ESCUTA
PSICANALÍTICA E MÉDICA DIANTE DA FAMÍLIA
Ana Paula Brasiliano, Alice Cruz, Karina Neville,
Karine Sepúlveda,Sheyna Cruz Vasconcellos
Salvador, Hospital da Bahia (HBA)
INTRODUÇÃO: O adoecimento e hospitalização se configuram como um evento particular que acaba por
gerar crises e desestruturação para o sujeito e sua família. Esse processo pode levar ao questionamento
da morte e finitude, principalmente quando se trata de um prognóstico reservado. Desse modo, se
questiona até quando deve ser instituído o tratamento e como essa família se posiciona, visto que esta
se encontra desorganizada do ponto de vista psíquico. Essa problemática pode ser discutida através da
prática interdisciplinar, confrontando o discurso psicanalítico com o discurso médico e estabelecendo
as diferentes intervenções propostas pelos dois discursos. Essa pesquisa tem como objetivo estudar, a
partir de situações clínicas, os impasses do prognóstico reservado e a posição da família no contexto
da UTI. MATERIAL E MÉTODOS: Para o estudo foram utilizadas situações clínicas que contemplaram a
temática proposta neste estudo. Estas situações foram analisadas segundo os conceitos psicanalíticos
e as considerações da equipe multidisciplinar. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A partir das situações
clínicas e da posição das famílias diante da comunicação do prognóstico reservado, pôde-se refletir que
as questões fundamentais que circunscrevem tal dilema estão associadas à forma como são veiculadas
as informações, a qualidade afetiva do vínculo construído pelas famílias com as pacientes, e o manejo da
equipe multidisciplinar. As famílias apresentaram respostas subjetivas diferentes diante da possibilidade
de investimento terapêutico ou não no ente querido. A primeira família demonstrou sentimentos ambíguos
e desorganizados pela própria constituição da dinâmica familiar, persistindo assim na preservação da
vida da paciente a qualquer custo. Já a segunda família se organizou emocionalmente a partir de um
processo de luto antecipado associado à idéia de limite na intervenção médica e no sofrimento da paciente.
Diante disso, a permissão sobre a ordenação silenciosa do tema da morte, pôde incluir a autonomia dos
familiares, no sentido de apaziguação da angústia de morte. Isso somente foi possível a partir de um
espaço de escuta oferecido pelo psicanalista através da transferência e do lugar que ocupa nessa tríade.
CONCLUSÃO: Como a qualidade de vida vem ganhando destaque, mesmo com o avanço tecnológico
da Medicina, a inclusão da família na decisão das práticas terapêuticas a serem adotadas no caso de
um prognóstico reservado se configura indispensável nas UTIs. Contudo, se torna um dilema, pois se
faz necessário que seja discutida as diferentes perspectivas da ética sem ser atingida a autonomia das
famílias. Dessa forma, é importante que se faça distinção entre o discurso Médico e o da Psicanálise para
que se possa desenvolver intervenções precisas com a equipe e família. Entretanto, fica evidenciado que
nem a Medicina ou Psicanálise têm recursos suficientes que possam abarcar o dilema discutido.
Palavras-chave:Prognóstico Reservado, Escuta Psicanalítica, Família, UTI.
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