À “DERIVA” COM A TECTÓNICA DE PLACAS No início do século XX (1910), o meteorologista alemão Alfred Wegener, apresentou a toda a comunidade científica uma explicação para a formação do relevo dos continentes. Trata-se da hipótese da Deriva Continental que defendia que os continentes atuais já teriam estado unidos numa grande massa continental, a Pangea. A deriva continental é uma perspetiva Figura 1. Alfred Wegener (1880 – 1930) Fonte: Wikimedia commons mobilista que permite interpretar de forma coerente Figura 1. Alfred Wegener um conjunto de observações que, aparentemente, não tinham recolheu qualquer dados de relação origens entre si. Wegener distintas, reunindo (1880 – 1930) Fonte: Wikimedia commons argumentos que apoiam esta hipótese. Que tipo de argumentos foram recolhidos por Wegener? Morfológicos Argumentos Argumentos Paleontológicos Argumentos Paleoclimáticos A análise dos limites de cada continente mostrou que eles encaixavam como as peças de um puzzle, ser possível supondo-se que outrora os continentes tenham estado unidos. Muitos fósseis de épocas semelhantes foram encontrados em continentes que hoje se encontram separados, indiciando a possibilidade da existência de um supercontinente. Vários indícios climáticos, como rochas de origem glaciar, foram também encontrados em locais que atualmente apresentam um clima completamente distinto. 1 Argumentos Geológicos As semelhanças entre formações rochosas localizadas nas bordaduras de continentes afastados mostraram haver uma litológica. continuidade Argumentos Geofísicos Argumentos Geodésicos Admitiu-se a existência de movimentos horizontais dos continentes que, explicavam a formação de grandes relevos, como as cadeias montanhosas. Através de medições realizadas com transmissões de rádio, foi possível comprovar a movimentação dos continentes. Aparentemente, esta hipótese dava resposta a muitas questões e era a melhor explicação para a movimentação dos continentes, principalmente porque se apoiava em argumentos provenientes de áreas científicas distintas. No entanto, foi-lhe apontada uma crítica que ela não conseguiu ultrapassar: Que forças são responsáveis pela movimentação das massas continentais? Durante muitos anos discutiram-se as ideias de Wegener e os seus argumentos. Contudo, a sua hipótese não foi bem aceite pela comunidade científica, por não conseguir dar resposta a esta questão. Em 1929, um geólogo escocês, Arthur Holmes, descobriu que o “motor” da deriva eram as correntes de convecção que distribuem o calor proveniente do interior da terra, sendo responsáveis pela movimentação das massas rochosas. Estas correntes são semelhantes aos movimentos gerados aquando do aquecimento de um líquido. 2 Figura 2. Correntes de convecção. Só entre 1963 e 1968 foram apresentadas evidências decisivas para a formulação da teoria sobre a mobilidade dos continentes. Além das correntes de convecção outros contributos foram dados por várias áreas científicas. Oceanografia Paleomagnetismo A elaboração de cartas topográficas dos fundos oceânicos mostrou a existência de cordilheiras oceânicas. A formação de bandas com a mesma polaridade de ambos os lados da dorsal médiooceânica permitiu concluir que havia movimentação da crosta. Atualmente, a Tectónica de Placas é a teoria aceite para explicar a movimentação das placas tectónicas e outros fenómenos que ocorrem na Natureza, como os sismos, os terremotos e a formação de cadeias montanhosas. Ao longo dos anos, muitas questões foram levantadas e várias críticas apontadas à teoria, no entanto, os seus argumentos conseguiram dar resposta a todas as questões, resistindo a todas as críticas, sendo aceite até hoje como o dogma da Geologia. Autor: Sara Moutinho (*) Ilustração: Sofia Abrunheiro (*) Sara Moutinho é aluna de doutoramento em Ensino e Divulgação das Ciências, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e realizou este trabalho no âmbito da cadeira de Divulgação Científica. 3